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Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo
Ângelo/RS
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS
26 a 29 de abril de 2006
EXPOSIÇÃO DOS COLETORES DE LIXO DOMICILIAR A
RISCOS AMBIENTAIS DE UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DAS
MISSÕES/RS
Lisa Helena Smidt
URI / Santo Ângelo – lisasmidt@yahoo.com.br
Giana Bernardi Brum Vendruscolo
URI / Santo Ângelo – giana@urisan.tche.br
Palavras-chave: Lixo, Coletores de Lixo, Riscos Ambientais.
O regulamento do Ministério do Trabalho classifica o trabalho em contato permanente
com o lixo urbano (coleta e industrialização) como atividade insalubre, em grau
máximo. Embora possamos ver ou observar a atividade do coletor de lixo, o chamado
gari ou “lixeiro”, ignoramos que temos importante papel neste contexto, pois afinal todo
cidadão é, de certa forma, produtor de lixo. Pode-se verificar que esta é uma atividade
realizada normalmente em condições precárias de segurança e às mais variadas
situações de risco ambiental, como físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de
acidentes. O estudo foi desenvolvido através do curso de Pós-Graduação em Engenharia
de Segurança do Trabalho, da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das
Missões – URI, Campus de Santo Ângelo/RS, tendo como objetivo geral identificar os
possíveis riscos ambientais presentes aos coletores de lixo, no processo de coleta de lixo
domiciliar. A metodologia utilizada pautou-se numa pesquisa quantitativa, onde todos
os trabalhadores ligados diretamente com a coleta do lixo domiciliar responderam a um
questionário com perguntas fechadas. Os dados coletados tiveram os seguintes
resultados: 100% dos trabalhadores são do sexo masculino; 75% deles encontram-se na
faixa etária entre 15 e 25 anos de idade; quanto à escolaridade, a maioria, 56%, possui o
ensino médio incompleto; 87% dos coletores afirmaram utilizar os EPI’s fornecidos
pela empresa; 69% dos trabalhadores entrevistados acham que o trabalho mexe com a
saúde de seu corpo; somente 50% dos trabalhadores afirmaram ter pleno conhecimento
dos riscos a que possam estar expostos na convivência diária com o lixo; 87% dos
coletores assumiram ter sofrido algum tipo de corte com vidros, latas ou outro objeto
cortante qualquer; já em acidente com objeto perfurante, 100% dos trabalhadores nunca
sofreram tal acidente; por esforço excessivo, 31% dos coletores já sofreram algum tipo
de acidente de trabalho; 19% dos coletores de lixo afirmaram já ter sofrido alguma
queda do veículo coletor; 6% dos coletores de lixo afirmaram já ter sofrido
atropelamentos; 19% já sofreram algum tipo de ataque de animais; 100% dos coletores
afirmaram que nunca foram afastados do trabalho por nenhum motivo acidental; 19%
dos trabalhadores afirmaram sofrer de dor em alguma parte do corpo; 75% afirmaram
que o cheiro provocado pelo lixo não lhes causa nenhum tipo de incômodo; 44% dos
trabalhadores se incomodam com o ruído provocado pelo trânsito; 38% dos
trabalhadores da empresa em estudo afirmaram ter tido contato direto com matéria
orgânica em decomposição; a maioria dos coletores, 68%, também não sentem nenhum
incômodo devido ao gás (monóxido de carbono) que sai do escapamento do veículo
coletor; e finalizando a pesquisa foi perguntado aos trabalhadores se já estiveram
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Ângelo/RS
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26 a 29 de abril de 2006
descontentes com seu trabalho, onde a grande maioria, 56%, afirmou nunca ter estado
descontente. Concluindo a pesquisa, e considerando os riscos reconhecidamente
inerentes à atividade dos coletores de lixo, foi possível constatar a necessidade de se
adotar medidas de segurança que visem o bem estar dos trabalhadores envolvidos nesta
atividade.

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  • 1. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS 26 a 29 de abril de 2006 EXPOSIÇÃO DOS COLETORES DE LIXO DOMICILIAR A RISCOS AMBIENTAIS DE UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DAS MISSÕES/RS Lisa Helena Smidt URI / Santo Ângelo – lisasmidt@yahoo.com.br Giana Bernardi Brum Vendruscolo URI / Santo Ângelo – giana@urisan.tche.br Palavras-chave: Lixo, Coletores de Lixo, Riscos Ambientais. O regulamento do Ministério do Trabalho classifica o trabalho em contato permanente com o lixo urbano (coleta e industrialização) como atividade insalubre, em grau máximo. Embora possamos ver ou observar a atividade do coletor de lixo, o chamado gari ou “lixeiro”, ignoramos que temos importante papel neste contexto, pois afinal todo cidadão é, de certa forma, produtor de lixo. Pode-se verificar que esta é uma atividade realizada normalmente em condições precárias de segurança e às mais variadas situações de risco ambiental, como físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. O estudo foi desenvolvido através do curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, Campus de Santo Ângelo/RS, tendo como objetivo geral identificar os possíveis riscos ambientais presentes aos coletores de lixo, no processo de coleta de lixo domiciliar. A metodologia utilizada pautou-se numa pesquisa quantitativa, onde todos os trabalhadores ligados diretamente com a coleta do lixo domiciliar responderam a um questionário com perguntas fechadas. Os dados coletados tiveram os seguintes resultados: 100% dos trabalhadores são do sexo masculino; 75% deles encontram-se na faixa etária entre 15 e 25 anos de idade; quanto à escolaridade, a maioria, 56%, possui o ensino médio incompleto; 87% dos coletores afirmaram utilizar os EPI’s fornecidos pela empresa; 69% dos trabalhadores entrevistados acham que o trabalho mexe com a saúde de seu corpo; somente 50% dos trabalhadores afirmaram ter pleno conhecimento dos riscos a que possam estar expostos na convivência diária com o lixo; 87% dos coletores assumiram ter sofrido algum tipo de corte com vidros, latas ou outro objeto cortante qualquer; já em acidente com objeto perfurante, 100% dos trabalhadores nunca sofreram tal acidente; por esforço excessivo, 31% dos coletores já sofreram algum tipo de acidente de trabalho; 19% dos coletores de lixo afirmaram já ter sofrido alguma queda do veículo coletor; 6% dos coletores de lixo afirmaram já ter sofrido atropelamentos; 19% já sofreram algum tipo de ataque de animais; 100% dos coletores afirmaram que nunca foram afastados do trabalho por nenhum motivo acidental; 19% dos trabalhadores afirmaram sofrer de dor em alguma parte do corpo; 75% afirmaram que o cheiro provocado pelo lixo não lhes causa nenhum tipo de incômodo; 44% dos trabalhadores se incomodam com o ruído provocado pelo trânsito; 38% dos trabalhadores da empresa em estudo afirmaram ter tido contato direto com matéria orgânica em decomposição; a maioria dos coletores, 68%, também não sentem nenhum incômodo devido ao gás (monóxido de carbono) que sai do escapamento do veículo coletor; e finalizando a pesquisa foi perguntado aos trabalhadores se já estiveram
  • 2. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS 26 a 29 de abril de 2006 descontentes com seu trabalho, onde a grande maioria, 56%, afirmou nunca ter estado descontente. Concluindo a pesquisa, e considerando os riscos reconhecidamente inerentes à atividade dos coletores de lixo, foi possível constatar a necessidade de se adotar medidas de segurança que visem o bem estar dos trabalhadores envolvidos nesta atividade.