O documento propõe afundar plásticos descartados nas fossas oceânicas através de um processo de pelotização para dar peso aos plásticos e impedir que ameacem a vida marinha. O processo envolveria adaptar plataformas de petróleo desativadas para triturar plásticos, misturá-los com sedimentos e fundi-los em pelotas, que seriam descartadas nas fossas para serem levadas ao manto da Terra. A proposta visa fornecer uma solução rápida e definitiva para o problema crescent
Pelotezando plástico descartado nos oceanos para afunda-lo em fossas marinhas
1. by Roberto Boca
Afundando plásticos
descartados nos oceanos
através da pelotização
com sólidos para lhes dar peso
e impedir que se dissolvam e
ameaçem a vida marinha.
2. O plástico veio pra mudar e facilitar a vida de toda a humanidade. Desde sua introdução
uma enorme variedade de aplicações foram surgindo à medida que as pesquisas e as
novas tecnologias vieram modificando as suas propriedades. A utilização do plástico
hoje é tão ampla, tão gigantesca, que já se tornou impossível arrumar-lhe um substituto.
Os processos de fabricação de produtos à base de plástico os tornaram tão baratos e de
ciclo de vida tão curto, que junto introduziu também o produto descartável. A aquisição
de um novo produto similar é menos dispendiosa que consertar o danificado. Em muitos
dos casos a recuperação do produto avariado nem é possível.
Afundando plásticos descartados nos oceanos através
da pelotização com sólidos para lhes proporcionar peso e
impedir que se dissolvam comprometendo a vida marinha.
3. O descarte de embalagens e sacos plásticos se tornaram um problema gravíssimos para o planeta.
Embora tenha facilitado a vida das pessoas, a natureza não o decompõe com a mesma rapidez
com que é fabricado. O plástico é um produto sintético produzido a partir do petróleo. A extração
do petróleo está trazendo de volta para a superfície do planeta tudo aquilo que foi aprisionado
no subsolo e decomposto em um processo que levou milhares de anos. A abundância de carbono
na natureza asfixiava o planeta no passado remoto, tornando-o inóspito. A medida que foi sendo
suprimido da superfície e aprisionado no subsolo, a biosfera foi sendo moldada para se tornar o
que é. Hoje ela abriga toda a vida do planeta e levou bilhões de anos para que isso fosse possível.
Mas a cada momento os sinais de seu comprometimento estão surgindo.
Mas o grande volume de plásticos descartados são as embalagens que os acompanham.
A embalagem plástica descartável tornou muito prático e barato o envasamento e utilização de todos
os tipos de produtos, principalmente os da indústria alimentícia que detém a sua maior utilização.
4. Quando se fala em danos à natureza, a tendência das pessoas é pensar naquilo que está
diretamente ao alcance de suas vistas, como árvores, florestas, solo, atmosfera, vida selvagem.
O dano maior está longe de suas vistas, ameaçando toda a vida do planeta, os oceanos, que
representam 70% de toda a sua superfície.
Os oceanos acolhem em proporção esmagadora grande parte dos ecosistemas do planeta.
A maior parte dos organismos vivos que habita nosso planeta se encontra lá. São eles que
de maneira determinante, também influenciam o clima de todos os continentes.
Transformado em uma gama enorme de tipos de combustíveis e outros derivados sintéticos,
a utilização do combustível fóssil vem asfixiando todo o planeta. Mas sobretudo o plástico e
principalmente as embalagens descartáveis vêm causando danos ainda maiores e mais duradouros
à biosfera. A displicência e a falta de conhecimento sobre o descarte correto estão proporcionando
danos irreparáveis. Pela rapidez com que acontece torna-se bem mais prático a criação de soluções
que minimizem seus impactos ao meio ambiente do educar e disciplinar o seu uso.
5. Os oceanos estão se enchendo de plástico. Existem lugares que a quantidade é tanta
que formam verdadeiras ilhas artificiais, dado ao acúmulo de plástico descartado
que nelas vão se juntando. As ilhas de plástico flutuantes são a parte visível do
problema, detectadas até pelos satélites que monitoram os oceanos. Mas o dano
maior e crescente não se encontra na superfície. Os peixes e outros organismos da
vida marinha estão sendo mortos por esse plástico descartado. Atraídos por sua
cor e movimento, os plásticos são confundidos com outros seres da cadeia alimentar
e vão acabar nas entranhas desse animais marinhos.
Mas como esse veneno chega até ali? Os rios que cortam
as cidades levam todo o descarte recolhidos em seu curso
até os oceanos. São milhares e milhares de toneladas.
Propostas para impedir que estes resíduos plásticos
cheguem ao mar e também soluções para sua remoção
já foram feitas, mas todas elas resolveriam apenas uma
parte dessa equação. A grande pergunta que se faz é:
o que fazer com todo o plástico removido dos oceanos?
6. Afundando plástico descartado nas fossas oceânicas através
da pelotização com sólidos para lhe proporcionar peso.
A maioria dos organismos vivos que habitam o nosso planeta se encontra nos oceanos,
mas eles estão encarando agora uma ameaça provocada pela a nossa espécie.
Este projeto foi elaborado para apresentar uma solução definitiva para esta questão.
7. As fossas marinhas geralmente ocorrem nas regiões onde duas placas tectônicas que compõem a crosta
terrestre se encontram uma com a outra e se sobrepõem. A placa tectônica mais pesada é tragada para baixo
de encontro ao magma da terra onde também é derretida se juntando a ele. Nas regiões submersas, onde
ocorre este fenômeno, se encontram as mais profundas “fossas marinhas” dos oceanos. Abaixo delas estão as
“zonas de subduccão”, responsáveis pela renovação da crosta do planeta. Segundo James Lovelock, cientista
inglês, pai da hipótese de Gaia, todo planeta “vivo” tem o ciclo de rocha ativo, esse é o caso de nosso planeta.
A renovação da crosta terrestre pode levar milhares ou bilhões de anos, mas a terra está viva.
Mapeamentos realizados em toda a litosfera (a porção rochosa do planeta) já identificaram as regiões
onde as fossas marinhas estão presentes. Elas se espalham por todo o planeta. A proposta é utilizá-las para
o depósito definitivo do plástico atribuindo-lhe “peso” por pelotização com os sólidos do próprio oceano.
Manto de magma
Continente
Placa tectônica
oceânica em subducção
Fossa
Oceanica
Oceano
Placa tectônica continental
Como fazer o plástico chegar a tais profundezas?
8. O plástico é leve e não afunda sozinho. As tecnologias e
logística para retirá-lo do oceano e ser reprocessado resultaria
em uma operação que elevaria em muito os custos da sua
reutilização. Afundá-lo no oceano surge como solução mais
imediata, mas somente isso ele continuaria
a representar uma ameaça para a vida marinha.
A ideia se completa com a trituração e pelotização do plástico
em mistura com material mais pobre, retirado do fundo do
próprio oceano. A água e lama sedimentar necessários para o
processo de pelotização nunca estariam em falta.
Plataformas marítimas flutuantes,
utilizadas na extração de petróleo e já
desativadas poderiam ser adaptadas
para a realização dessa tarefa.
Após as adaptações, as plataformas
poderiam ser ancoradas sobre
essas fossas marinhas realizando,
simultaneamente, a pelotização
e o descarte em direção a elas.
Bomba
para trabalho
submarino
Dragagem
do solo de
sedmentos
Fossa Submarina
Painéis Solares
Plástico
pelotizado
sendo submerso
Plataforma de petróleo
desativada e adaptada para
a pelotização e submersão
do plástico descartado
Lama sedimentar
bombeada
para a plataforma
de pelotização
Plataforma de pelotização e
descarte definitivo de plásticos por
imersão em fossas submarinas
9. Ainda que permaneçam por
milhares de anos até serem tragadas
e levadas para o manto derretido
da terra, a permanência dessas
“pelotas” nas profundezas das fossas
marinhas faz com que o plástico
descartado, mas pelotizado, deixe
de ser uma ameaça para a vida
marinha como tem sido até agora.
PLACA TECTÔNICA
DO OCEANO
SE MOVENDO
DE ENCONTRO
AO CONTINENTE
PLACA TECTÔNICA
CONTINENTAL
MOVIMENTO DA
PLACA CONTINENTAL
OCEANO
(MAGMA)
FOSSA
SUBMARINA
MANTO
DERRETIDO
ZONA DE
SUBDUCÇÃO
PLÁSTICO PELOTIZADO
DEPOSITADO EM
FOSSA SUBMARINA
10. O processo de pelotização é análogo ao empregado na siderurgia, embora
sejam necessários estudos técnicos para a sua adaptação. O que se pode
antecipar é que irá requerer a simplificação de etapas. A energia necessária
para alimentar os equipamentos poderá ser fornecida por baterias
alimentadas por painéis solares, já que as plataformas permanecerão expostas
à luz solar a maior parte do tempo.
1 -
O plástico descartado, contendo as mais variadas formas e propriedades, serão
levados até as plataformas de pelotização. Lá eles serão triturados e misturados
com sedimentos mais pesados retirados do fundo dos próprios oceanos.
2 -
Em seguida, a pasta resultante será prensada ou centrifugada para
a retirada do excesso de água.
3 -
A mistura agora meio sólida e homogênia é levada aos pelotizadores para
o processamento final e transformação.
4 -
O material agregado em pelotas irá adquirir peso suficiente para o seu
mergulho final no oceano.
5 -
As pelotas são levadas ao forno, amalgamando por completo
o material, fazendo com que se solidifique ainda mais e impedindo
que se dissolva nas águas do oceano.
O processo imaginário
de pelotização de plásticos descartados
que ameaçam os oceanos
Plástico descartado
recolhido do oceano
Plástico granulado
resultante
da trituração
Sedimentos do
solo oceanico
Misturador
Triturador
tipo ciclone
Prensa
solidificadora
Pelotização
Forno de
endurecimento
Submersão
das pelotas
Pelotas prontas
11. A negligência com que tratamos o nosso planeta vem proporcionando todos os tipos de
horrores, mas o mais grave e danoso para nossa própria existência, certamente, é a asfixia
dos oceanos e da diversidade de vida nele contida e que também nos sustenta.
A reeducação de toda a civilização pode não gerar resultados imediatos que consigam
reverter essa destruição a tempo. A proposição de uma solução de resultado mais rápido,
definitivo e não poluente é a mais plausível. Sua execução é viável e merecedora de
apreciação global.
Considerações finais
Roberto Boca