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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
Jordan Summers
Charlotte Witherspoon está apaixonada… por um retrato. Quando um giro do
destino a faz voltar no tempo e ela se encontra cara a cara com o homem que possui seu
coração, escolherá ficar e aceitar a promessa de paixão que brilha em seus olhos ou
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
retornar a seu próprio tempo? E o que acontece quando os passos do destino decidem por
ela?
Disponibilização: PRT
Revisora: Elisonete
Revisão Final: Rafaela Regis
Formatação: Dyllan
Logo/ Arte: Iara
Projeto Revisoras Traduções
Livro revisado da Lista Global da qual fazem parte os seguintes grupos:
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
Capítulo Um
Egito, 1925
—Se apresse Charlotte. Não vá tão devagar — Na voz de Vitória Witherspoon ressonou a
frustração que a fazia chiar.
—Já vou, mãe — respondeu Charlotte Witherspoon, apurando o passo, esperando assim evitar a
ira de sua mãe.
Charlotte fechou os olhos e apertou os dentes enquanto ocultava seu desgosto. Era a mesma
ladainha que sempre tinha escutado, com pouca variação, cada dia desde que tinha lembrança. Vitória,
meditou, escavava continuamente seu amor próprio até que a fazia em pedacinhos. Incapaz de suportar a
dor, Charlotte bloqueou a ferida em seu interior. Não tinha nenhum sentido estender-se nela.
Equilibrando sua bolsa em uma mão, Charlotte recolheu a saia para atravessar os escombros
caídos que uma vez tinham sido o grande templo de Karnak. Tinha percorrido alguns metros mais quando
seu tornozelo se enganchou entre duas rochas e tropeçou, a bolsa saiu voando de suas mãos quando caiu
para frente, justo no momento exato em que sua mãe decidiu dar uma olhada para trás. Charlotte sentiu
que o calor subia por seu rosto.
—Por compaixão, Charlotte, fique de pé como a senhorita elegante que deveria ser — As mãos de
sua mãe foram até seus quadris e sacudiu a cabeça com desaprovação. — Quantas vezes devo lhe dizer
isso.
—Sinto muito, mãe — ficou em pé, sem fazer caso aos escavadores curiosos que a olhavam
fixamente. Não é que queria fazer de propósito, quis dizer Charlotte, mas não se atreveu a olhá-los além
de sua mente. Só pioraria as coisas com sua mãe, a perfeita Vitória Witherspoon, que nunca fazia nada
errado. Os modos de sua mãe eram impecáveis, seu gosto invejável, e não esperava menos de sua única
filha, mas infelizmente Charlotte se parecia com seu pai, Henry, um declarado rato de biblioteca
ligeiramente imoral. Apesar de ter dezoito anos, um fato que sua mãe se recusava a reconhecer, Vitória
tinha uma forma de tratar Charlotte que a fazia sentir-se como uma menina inadequada e frágil.
Ela sacudiu as mãos sobre a saia e pegou a bolsa que tinha deixado cair. Charlotte a abriu e fez um
inventário rápido do conteúdo. O livro que tinha tomado emprestado da biblioteca em Londres estava
ainda ali, com suas escovas. Conteve o fôlego enquanto examinava as páginas, procurando qualquer sinal
de rupturas. Soltou um suspiro de alívio. Graças a sua boa qualidade, estavam intactos. Charlotte não
queria receber outro sermão sobre o descuido. Havendo-se assegurado de que não tinha perdido nada,
fechou a bolsa e voltou a andar.
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
Seus pais já tinham descido para uma das câmaras deixando Charlotte na entrada respirando o ar
antigo. Suas mentes apenas se concentravam em uma coisa quando se encontravam nesse lugar.
Provavelmente nem tinham notado a sua falta e esse descuido não era algo novo. Charlotte já estava
bem acostumada para considerá-lo nada mais que uma chateação. Em vez de permitir que ficasse em
casa, absorta com um bom livro, sua mãe insistia em que devia estar na escavação.
Em vez de lhes seguir, ela se voltou para a luz do sol, piscando devido a claridade. Seus pais
passariam ali o resto do dia e provavelmente da noite, procurando rastros. Charlotte suspirou, sabendo
que deveria segui-los, mas incapaz de fazê-lo. Estava mais interessada em dedicar-se ao livro que tinha na
bolsa.
Girou e caminhou ao redor das ruínas junto a uma escadaria recém-desobstruída. Montões de
areia abraçavam seus contornos, como um gigantesco relógio de areia que tinha sido vertido até o final,
tornando-se um esconderijo perfeito. Charlotte se sentou sobre o degrau mais alto e tirou o livro.
Quando abriu a capa, um aroma mofado, indicativo de uma tumba velha saiu a baforadas das páginas.
Charlotte se apoiou para frente e inalou profundamente, fechando seus olhos durante um segundo pelo
prazer. Havia poucas coisas sobre a Terra que chegavam a sua alma como um bom livro.
Metodicamente passou as folhas acetinadas até encontrar seu ponto favorito. Os quadros dos
faraós que se deslizavam através das frescas águas do Nilo ganhavam vida ante seus olhos, seus
brilhantes cortes de bronze contra o branco linho de suas saias bordadas. O olhar dela acariciou as
figuras, focando em um homem em particular. Seu peito estava nu e era excepcionalmente amplo para
um egípcio. Seus braços apareciam fortes, inchando-se com os músculos. Os olhos pintados de negro com
o Kohl do homem pareceram penetrá-la das mesmas páginas, exigindo sua atenção, atraindo-a para mais
perto.
Charlotte passou seus dedos sobre o retrato. Imediatamente o pêlo de seus braços se arrepiaram.
Sabia que era uma tola, mas por qualquer razão não podia deixar de olhá-lo uma e outra vez. Apaixonou-
se por este homem aos quinze anos, isso se fosse possível apaixonar-se por um retrato.
Até tinha imaginado sua vida junto a ele, como seria se a sustentasse entre seus braços,
pressionando seus lábios contra os seus. Seus lábios seriam firmes ou suaves? Úmidos ou secos? Ela sabia
que se tivesse mencionado sua teimosia com o retrato, sua mãe lhe recordaria que tinha que descer das
nuvens e encontrar um jovem agradável para assentar a cabeça com ele.
Isso faria com que esquecesse todas suas fantasias imediatamente. Realmente Charlotte, às vezes
me pergunto onde tem a cabeça…
Sua mãe não tinha que estar de pé em frente a ela para que Charlotte fosse capaz de ouvir
claramente seu tom de censura em sua mente. Charlotte grunhiu. Sabia que não havia muitas
possibilidades de conhecer alguém conveniente em umas escavações de Tebas. Todos os homens
elegíveis que tinha levado em consideração estavam muito comprometidos em fazer um próximo grande
descobrimento para notar que ela estava ali. Não que Charlotte se preocupasse. Não estava interessada
em ninguém, apenas no homem dominante do retrato.
—Se fosse real — murmurou suspirando, percorrendo com seus dedos a silhueta.
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
Dirigiu o olhar à data do papiro. O egiptólogo que tinha escrito o livro sugeria que a figura da
pintura era o Rei Amasis, mas tinha colocado uma nota explicativa ao lado sobre sua carência de provas
eficientes e a incerteza do que o rodeava.
—É de pouca ajuda — disse ela à imagem, rindo.
Depois de ter lido seu nome, Charlotte sentiu um vago deja vu, mas não pôde entender por que.
Quase podia escutar outra vez sua mãe observando-a com desaprovação. Charlotte fechou o livro e o
deixou de lado, recolhendo uma escova em seu lugar. Era hora de trabalhar. Ao menos assim, se sua mãe
aparecesse, aparentaria estar ocupada. O ar ao seu redor estava quente e opressivo, enquanto tirava o
pó que cobriam as ruínas meio expostas com uma sacudida da escova em sua mão.
Tinham passado três anos desde que o Sr. Carter e Lorde Carnarvon tinham vindo a conhecer o
achado do século, a tumba de Tutankamon. Ela tinha sido relegada a esta pequena área de Karnak com
seus pais, os exploradores menos conhecidos que lutavam só por uma coisa: a preservação da história
egípcia. Enquanto isso os verdadeiros egiptólogos eram livres para investigar no Vale dos Reis.
Ela ficou em pé, deixando a escova a um lado. Isto não era um concurso. Seus pais já estavam ali
tanto tempo como Howard Carter, inclusive mais. Deveriam ter sido eles os que tropeçassem com um
grande descobrimento como o de Tutankamon.
Charlotte suspirou e voltou a trabalhar, aprofundando na areia, guardando como um tesouro
esses pensamentos dentro de sua mente. Após ter feito três varridos sua mão tocou algo duro sob a
areia. Conteve o fôlego e o coração começou a pulsar desordenadamente em seu peito. Concentrou o
olhar enquanto sua mão ficava imóvel contra o objeto oculto. Com os dedos tremendo, Charlotte limpou
a área com cuidado. Os sons ao redor dela deixaram de ouvir-se enquanto desenterrava uma pequena
caixinha de madeira.
A primeira vista, não parecia grande coisa. Possivelmente um brinquedo esquecido por um
menino, ou um instrumento da equipe de um trabalhador, enterrado há muito na areia implacável.
Inspecionando-a mais de perto, Charlotte mudou de opinião. Inclinou-se para trás e passou o olhar pelo
monte de areia a fim de assegurar-se de que nenhum dos escavadores próximos tinha notado sua
descoberta. Todos os olhos estavam postos nas tarefas que levavam a cabo, trabalhando ritmicamente
com picos e pás.
Charlotte ficou de pé, limpando o pó de suas mãos. Deslizou o objeto na bolsa junto a sua escova
e o livro, e se dirigiu para o lago sagrado de Karnak. A área tinha ficado abandonada na manhã anterior.
Poderia examinar seu achado antes de informar a seus pais. Possivelmente fosse bastante importante
para que eles merecessem um reconhecimento e assim conseguir que lhes atribuíssem uma área mais
prestigiosa para escavar. Certamente se Charlotte conseguisse isso, sua mãe finalmente a valorizaria e
começaria a amá-la. Soltou um suspiro, antes teria que confirmar sua autenticidade ou sua mãe nunca a
permitiria esquecer.
Passeando pelas pedras caídas, Charlotte rodeou as colunas com o passar do caminho, com seus
saltos fazendo ruído sobre as rochas. Olhou fixamente as ruínas por um momento, desejando que fosse
possível ver o templo de Karnak em plena glória. O sol, dourado no céu, refletia-se intensamente sobre a
água que havia a sua frente, cintilante e radiante. Esse era o ponto perfeito para verificar seu tesouro.
Charlotte observou a superfície parecida com um cristal, protegendo seus olhos, para não tropeçar. A
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
área estava vazia, exceto por um ganso ocasional ou dois que tinham o vale do Nilo por lar. Encontrou um
lugar limpo perto da beira da água e se sentou.
O suor gotejou por seu pescoço e desceu por sua blusa branca. Seus olhos procuraram de novo a
promessa da fria água. O tranqüilo líquido tentador em sua calma chamava-a. Charlotte parou. Não podia
nadar no lago sagrado. Proibiam isso. Além disso, provavelmente estava repleto de crocodilos.
Tirou um lenço de sua manga e enxugou a testa. Separou o linho branco com uma mancha de
sujeira nele. Charlotte grunhiu. Nada se mantinha limpo no meio do deserto. Guardou o lenço agora
manchado em sua manga e tirou a caixa de madeira e sua escova da bolsa.
A caixa não era maior que uma fatia fina de pão. Tirou com cuidado a areia que a cobria. O selo
estava gasto, mas ainda claramente visível em incrustações de ouro. Charlotte o observou fixamente,
maravilhada, girando a caixa de um lado a outro, estudando o artesanato. Sentia a madeira áspera contra
seus dedos, por culpa do duro tratamento da areia.
Procurou uma abertura, mas não parecia existir. Com certeza não tinha pertencido a um plebeu.
Teria caído durante a fuga do ladrão? Não seria a primeira vez que se encontravam artefatos desprezados
na areia como lixo. Ela sacudiu a cabeça com repugnância.
Recolheu sua escova e se dispôs a tirar os últimos restos de areia até ser capaz de ler a inscrição.
Seus olhos se abriram quando as palavras sobre a caixa cobraram vida em sua mente:
Pelas areias do tempo
Pelo fôlego do faraó
Quando as águas se elevem do mais profundo
Então os véus desaparecerão
Para dois mundos ver
Um amor destinado que outra vez deve ser
Ele olhará a quem leva as Lágrimas de Amón
Continuará governando os reinos do Egito
Charlotte quase deixou a caixa cair, quando leu as últimas palavras. Não soava como uma
maldição, mas definitivamente parecia sinistro. Deixou a caixa para tomar fôlego. Quem havia escrito e o
que eram as Lágrimas de Amón? Nunca tinha escutado nada sobre elas, apesar de que seus pais se
encarregaram de lhe ensinar tudo sobre as lendas e os faraós que existiram nos tempos antigos.
Tinham-lhe ensinado tudo sobre o povo egípcio, inclusive era capaz de ler e escrever em hierático,
demótico e hieróglifos. Charlotte também falava árabe, copto e até um pouco de egípcio antigo, embora
não estivesse muito segura de que sua pronúncia nestes dois últimos idiomas fosse correta, já que
estavam virtualmente extintos durante mais de mil anos. Recolheu a caixa outra vez para continuar
examinando-a, as palavras inscritas sobre a tampa flutuavam em sua mente como uma aparição. Essa
presença, uma voz fantasmagórica do passado, falava-lhe.
Seus pais a tinham advertido sobre maldições, embora não acreditassem nelas pessoalmente.
Charlotte não estava tão segura. Howard Carter tinha perdido vários homens dos que tinham aberto a
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
tumba do Tutankamon. Os sussurros de uma maldição se estenderam como um pavio de pólvora por
todos os acampamentos. Charlotte tremeu ao pensar nisso.
Ouviu um chapinho quando algo golpeou a água. Charlotte deu um salto, levando
automaticamente sua mão ao coração, antes de descobrir o culpado. Um pato nadava ao redor do centro
do lago, indiferente a sua presença, grasnando. Ela riu, o som saiu nervoso, até para os seus próprios
ouvidos. Por que estaria tão nervosa? Não era como se tivesse feito algo errado.
O suor lhe escorria pela pele. Decidiu aproximar-se da borda da água para molhar seu lenço, ia
depositar a caixa no chão quando um fecho que não tinha notado antes se abriu. Um colar de ouro caiu
sobre a terra com um som surdo. Conteve o fôlego. O sol cintilou sobre o metal precioso, o vermelho
brilhando tenuamente sobre as pedras incrustadas em ouro. Formada com lágrimas carmesins como o
sangue. Charlotte ofegou ao ver os rubis. Pousou seus dedos sobre as gemas.
As Lágrimas do Amón…
Charlotte escutou passos e imediatamente recolheu o colar, colocando ao redor do pescoço antes
que alguém pudesse descobri-la. Hanif, um dos trabalhadores, saiu de trás de uma coluna, seu corpo
levemente úmido pelo suor. Ele a saudou sorrindo, seus brancos dentes cintilaram contra a pele de
bronze. O homem se voltou silenciosamente, como se compreendesse que tinha invadido seu espaço.
Outra vez ficou sozinha com seus pensamentos e seu precioso tesouro.
A cabeça do Charlotte parecia dar voltas. O ouro e as jóias ao redor de seu pescoço eram pesados,
duros. O ouro esquentou sua pele, eclipsando o calor do dia. Enjoada, caminhou para a água, tirando o
lenço de suave linho de sua manga, ajoelhou-se perto da borda para molhá-lo no líquido. Incapaz de
alcançá-lo, Charlotte se moveu aproximando-se pouco a pouco. Uma rocha perto da borda se esmiuçou,
derrubando-a de cabeça no lago sagrado de Karnak. O ar escapou bruscamente de seus pulmões quando
bateu na água.
O lago estava quente, em calma pela carência de correntes. Enquanto lutava por voltar para a
superfície, Charlotte sentiu como se mil mãos a puxassem para baixo, lhe impedindo de buscar o ar
necessário. Abriu os olhos. Seus movimentos se acalmaram quando viu como a luz do sol se atenuava e
reaparecia uma e outra vez. Certamente sua mente estava lhe pregando peças devido à carência de
oxigênio. Piscou, o medo surgiu nela, lhe injetando um empurrão adicional de adrenalina. Charlotte
alcançou a superfície, esperneando e tossindo, tentando expulsar a água do Nilo de seus pulmões.
Estendendo as mãos se agarrou às ásperas rochas próximas a borda da água. Seu chapéu tinha
desaparecido, deixando o castanho cabelo encaracolado caindo até o traseiro. Sua roupa a abraçava
como uma segunda pele, passou uma mão sobre o rosto, liberando seus olhos da água. Os gansos
grasnaram quando passaram voando por cima dela.
Charlotte piscou outra vez enquanto saía do lago o suficiente para sentar sobre uma pedra.
Explorou a zona com o cenho franzido. Novamente esfregou os olhos enquanto sua mente lutava por
decifrar o que via. As colunas de Karnak estavam alinhadas com intrincadas esculturas na base, não
esmiuçadas e desgastadas. Ficou de pé para obter uma melhor visão. As pedras que com cuidado tinha
circundado para chegar ao lago sagrado estavam alisadas formando uma passagem de pedestres. Uma
parede se elevava por cima na distância marcando a entrada à área do templo. Charlotte beliscou sua
mão.
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
—Ouch!
Sua carne ficou rosada ante o contato. Bem, ao menos sabia que não sonhava. Era possível que
tivesse se afogado? Deu uma olhada ao lago e viu embarcações sobre o Nilo ao longe. Não se pareciam
com os navios utilizados pelos egípcios modernos. Pareciam ser mais largos, mais finos. Pessoas de
cabelos escuros, vestidos com linho branco tripulavam os navios, navegando pela água negra.
—OH, meu… isto não pode ser… não pode ser possível — murmurou. — Devo ter batido a cabeça
com algo — Fechou os olhos, apoiando a cabeça entre suas mãos. Possivelmente se ficasse sentada ali o
tempo suficiente, o mundo voltaria a ser normal. — Isto é só um sonho, um pesadelo ruim.
Uma tosse de uma das colunas próximas fez com que ela voltasse à realidade.
—Hanif, é você? — chamou ela.
Não houve nenhuma resposta.
—Hanif, estou tendo um dia terrivelmente ruim. Por favor, apareça — Sua voz tremeu.
Uma mão bronzeada apareceu ao lado da coluna. Charlotte deixou escapar o fôlego que não sabia
que tinha estado contendo e esperou que Hanif se mostrasse. Em vez disso, o homem mais assombroso
que já tinha visto, saiu de trás da coluna. Ao redor de seus esbeltos quadris, havia uma aba branca de
linho com um bordado na parte superior. O tecido pendurava até seus joelhos, deixando expostas suas
bem desenvolvidas panturrilhas. Seus escuros olhos, ligeiramente enviesados, estavam perfilados com o
Kohl, como os antigos egípcios representados em esculturas durante milhares de anos.
Charlotte franziu o cenho. Ele parecia familiar.
Seu peito era amplo e musculoso. Braceletes de ouro com escaravelhos reais azuis se fechavam
por cima de seus punhos. Um colar de ouro com a forma de três insetos rodeava sua garganta. Seu
cabelo, mais negro que a noite, caía até os ombros e estava trançado. Charlotte reconheceu
imediatamente o colar como um sinal de riqueza, por que ele o usava? E quem era?
Seu rosto era uma obra de arte, finamente esculpida, com maçãs do rosto altos e lábios cheios,
que faziam jogo com um firme queixo. Seus olhos negros eram ardentes, intensos. Tinha o olhar
concentrado na abertura da blusa dela. Charlotte observava a ascensão e queda do peito dele,
hipnotizada com seu ritmo, quando se tornou atenta ao olhar dele. Baixou a cabeça para descobrir o que
o mantinha tão cativado.
O branco de sua camisa tinha se tornado transparente por causa da água. As Lágrimas do Amón
eram claramente visíveis por debaixo do tecido, igual aos seus rosados mamilos, que nesse momento
reagiam ao atento escrutínio dele. Charlotte ofegou e cobriu os peitos com as mãos.
O olhar dele se manteve um momento mais sobre seu peito antes de subir para seu rosto. Quando
seus olhos se encontraram com os dela, ele sorriu. O simples ato a derreteu por dentro.
Era o homem de seu livro.
O mesmo homem com o qual ela tinha passado incontáveis horas sofrendo como uma colegial
com seu primeiro amor, exceto que agora era real. Isso não era possível, não é mesmo? Tinha o desejado
com tanta força, que tinha se tornado realidade?
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
Charlotte sentiu como o calor começava a subir dos dedos de seus pés, passando ao longo de suas
pernas, sobre seus joelhos, concentrando-se entre suas coxas. Se ele era capaz de fazer isto com apenas
um olhar, o que aconteceria se a tocasse? O pensamento traidor cruzou sua mente, provocando, com o
calor que fez seu rosto corar. Sabia sem a ajuda de um espelho, que estava ruborizada.
O homem de seus sonhos deu um passo à frente. Charlotte não tinha notado a lança que levava
na outra mão. Ela olhou por cima de seu ombro para a água. Não havia nenhum lugar para onde escapar.
Seus olhos se encontraram outra vez. Ele fez uma pausa, franzindo o cenho como se lesse seus
pensamentos. Charlotte se obrigou a sorrir, disposta a manter-se tranqüila até entender o que ocorria.
De acordo, por que sentir pânico porque o homem de minhas fantasias ganhou vida das páginas
de um livro? Isso acontece o tempo todo. Sim, claro, e minha mãe acredita que sou a filha perfeita.
O homem continuou caminhando lentamente para ela até ficar a apenas um metro de distância.
Os detalhes de sua roupa eram inconfundíveis. Charlotte nunca tinha visto nada parecido à exceção dos
achados de Howard Carter e do livro que tinha tomado emprestado da biblioteca. Baixou o olhar para a
terra onde tinha deixado sua bolsa antes da queda no lago, mas não estava lá.
Charlotte voltou a olhar ao homem que estava a sua frente. Uma mudança do vento lhe trouxe
seu aroma picante. A comoção atravessou seu corpo. Seus joelhos se debilitaram quando inalou mais
profundamente. Seus sentidos ganharam vida, concentrando sua atenção no homem a sua frente. A
união entre suas coxas começou a palpitar. Seus mamilos começaram a doer. Era como se sua mera
presença a sacudisse até despertar de um profundo sonho. Charlotte lutou contra o impulso de
aproximar-se para inalar mais de sua essência. Tocar sua pele de bronze. Era inclusive, mais bonito do que
ela imaginou. O retrato não fazia justiça a esta assombrosa figura.
Mas o que estava dizendo?
Provavelmente esse homem só se parecia com o da imagem. Era impossível que pudesse ser ele.
O nome daquele homem era Amasis e tinha vivido fazia mais de dois mil anos. Charlotte jogou para trás a
cabeça, passando os dedos por entre suas mechas molhados. Tinha que haver uma ferida em algum lugar.
Rendeu-se depois de um momento, incapaz de localizar alguma ferida.
Se não estava ferida, então tinha que averiguar onde ele tinha obtido todos os objetos que
cobriam seu corpo. Devia autenticar e depois informar seus pais sobre o achado. Charlotte estava segura
de que sua mãe teria uma ou duas coisas a dizer sobre seu aspecto, mas isso não poderia ser evitado.
Depois de tudo, não tinha planejado nadar no lago sagrado. Foi um acidente, como todas as outras
vezes…
Ofereceu a mão a ele.
—Sou a senhorita Charlotte Witherspoon.
O homem olhou sua mão e logo voltou para seu rosto. Como não fez nenhum outro movimento,
Charlotte apertou a mão dele. Sua grande palma envolveu a dela, enviando um delicioso zumbido que lhe
percorreu o braço. Os olhos dele se alargaram, mas não a soltou.
—Prazer em conhecê-lo — continuou ela, antes de soltar rapidamente.
Ainda nada.
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
Ela soltou um suspiro e passou a mão pelo cabelo. Charlotte não estava segura do motivo de ele
não falar nada. As fantasias não falam, disse uma pequena voz em sua mente. Ela afastou o pensamento
com um dramalhão da mão. Tinha que concentrar-se, mas era difícil ante a misteriosa semelhança com o
retrato. Possivelmente ele recusasse falar porque pensava que o denunciaria por roubo. Charlotte
observou o colar que levava. Para ter algo de mais de dois mil anos, mostrava-se notavelmente pouco
desgastado. De fato, parecia quase novo, como a reconstrução do templo, o que era impossível.
—Como você se chama? —perguntou ela em sua melhor língua egípcia, as palavras tropeçando
em seus lábios.
As sobrancelhas dele se franziram e logo se elevaram quando finalmente compreendeu.
—Meu nome é Ahmosis — respondeu ele apoiando uma mão sobre seu amplo peito.
—Ahmosis — repetiu ela, deixando sair o nome através de sua boca. Charlotte tentou ignorar o
modo em que sua firme pele se esticava sobre os duros músculos. — Eu gosto — ela sorriu. Ao menos
isso respondia a pergunta que se fazia em sua mente. Ele não era o homem do retrato. Seu nome não era
comum no Egito, mas não significava necessariamente algo. Familiar, mas não. Ela deixou de pensar
nisso, decidindo examiná-lo mais tarde.
Charlotte colocou uma mão sobre o peito, seu ereto mamilo ferroando contra sua palma.
Surpreendida pela estranha reação de seu corpo à proximidade do homem, ela engoliu e continuou
rezando para que ele não tivesse notado.
—Sou Charlotte Witherspoon.
Ele a olhou fixamente um momento, seu olhar acariciando as rígidas pontas, como se ainda
fossem visíveis. A pele dela picava. Então ele procurou outra vez seus olhos, franzindo os lábios para
tentar imitar o que ela havia dito. Bom, um tanto para ele por não render-se… Ela se ruborizou quando
repetiu seu nome.
—Ch-aaarleete — disse ele tentando imitar o som que ela tinha emitido.
Charlotte assentiu lhe respirando.
—Charlotte.
—Ch-Charlotte — disse ele outra vez.
—Sim — Ela sorriu.
Charlotte olhou por cima do ombro dele para o templo de Karnak, por que não estava em ruínas?
Quando a pergunta passou por sua mente outra vez, a cabeça começou a dar voltas. O templo estava
completo, nenhuma pedra fora de seu lugar. Não havia nenhuma ruína à vista. Ela realmente tinha
pensado que sua queda na água tinha afetado sua percepção, mas ao compreender que Karnak estava
ainda inteiro, Charlotte começou a preocupar-se.
Vários homens se precipitaram para onde eles se encontravam, levando armas similares, vestidos
exatamente como Ahmosis.
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
Isso era impossível. Não havia maneira alguma de que isto pudesse estar acontecendo. O homem
que estava a sua frente não era um sonho. Ela já tinha confirmado. Charlotte negou com a cabeça. Não se
encontrava no Egito antigo, não era possível. Ela não podia estar vendo o que via.
Ela fixou seu olhar no dele e se balançou. O homem a agarrou entre seus braços. O calor de suas
mãos penetrou em sua pele enquanto o mundo se desvanecia na escuridão.
Capítulo Dois
As pestanas de Charlotte bateram enquanto obrigava a si mesma a abrir os olhos. Sem sentir mais
calor, sentiu-se confortável pela primeira vez desde muito tempo. Estirou-se, tentando recordar o
ocorrido. Tinha encontrado um colar sentada a beira do lago sagrado em Karnak. Também tinha
conversado com o homem mais belo que já tinha visto, e depois tudo ficou escuro.
Os olhos dela se abriram de repente. Ele a tinha golpeado? Não, ela não acreditava, não sentia
nenhuma dor em sua cabeça. Passeou o olhar ao redor. Encontrava-se no interior de uma espécie de
câmara. As tochas se sobressaíam das paredes de cor rosa, iluminando a área. Uma tocha de aspecto
cerimonioso pendurava entre duas tochas, seu ouro brilhando com a luz do fogo. Endireitando-se,
Charlotte desceu o olhar para seu corpo. Tinham-na deitado sobre um leito construído com tijolos cru,
sobre o que tinham colocado várias esteiras de junco e depois a haviam coberto com linho fino. O
material era suave contra sua pele. Um aroma de incenso flutuava no ar, seu aroma era relaxante.
Ela se virou, permitindo que o tecido escorregasse por seu ombro e sobre o fino pêlo de seu braço
como uma sensual carícia. Um leve toque sobre seus mamilos atraiu sua atenção para baixo. Seus olhos
se alargaram. Sua roupa não estava lá. Estava nua com as Lágrimas do Amón ao redor de seu pescoço.
Seus rosados mamilos apareciam por cima dos cobertores.
Confusa, Charlotte pegou os lençóis cobrindo-se e jogou um olhar ao redor do quarto outra vez,
assegurando-se de que estava sozinha. Teria sido despida pelo homem parecido como do quadro? Como
seria sentir suas grandes mãos sobre seu corpo? Suas palmas seriam ásperas ou suaves? Teria levado
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
algum tempo detendo-se em seus seios, possivelmente acariciando o triângulo de pêlo entre suas
pernas? Ela apertou as coxas para deter a dor que tinha começado. Charlotte tentou sentir-se ultrajada,
mas só pôde sentir uma insaciável curiosidade.
Deixou-se cair sobre as costas e levantou o olhar ao teto enquanto tentava encontrar sentido para
a situação. Umas folhas tinham sido intrincadamente pintadas sobre o teto de tijolo cru dando a
impressão de encontrar-se no exterior. As paredes eram lisas e pareciam ser grosas, emprestando frescor
ao quarto, a luz dando um brilho dourado. Os detalhes eram familiares, mas diferentes. A única vez que
tinha visto algo similar estava em uma escavação e ninguém nesses lugares tinha ocupado as moradias há
mais de dois mil anos. Isto, simplesmente, não tinha sentido.
Passos descendo pelo corredor foi sua única advertência um momento antes que Ahmosis
aparecesse na entrada. Charlotte elevou os cobertores até o queixo, sentindo-se de repente vulnerável e
pequena em sua presença. Ele estava tão bonito como antes com sua tez bronzeada beijada pelo sol e
seu brilhante sorriso. Sua pele tinha sido azeitada, levando o aroma de mirra.
Ele abriu a boca e começou a falar. A ligeira diferença entre esse dialeto e o que ela tinha
estudado, tornava difícil entender. Em mais de mil anos ninguém tinha ouvido o egípcio antigo falado em
voz alta. E sem importar o que sua mente lhe dizia, Charlotte sabia, além de toda dúvida, que isso era
exatamente o que ele estava falando.
Durante uns segundos ela se limitou a olhar fixamente maravilhada, escutando as palavras sair de
sua boca sedutoramente, sua fantasia feita realidade. Desde suas mais tenras lembranças, Charlotte tinha
estado rodeada pelo Egito e as escavações. Seus pais a tinham trazido para sua primeira escavação
quando ela mal sabia andar. Tinham lhe falado dos contos do antigo reino e dos grandes governantes e
cidades que uma vez tinham existido. O mais íntimo desejo dela tinha sido poder ver as cidades em toda
sua glória, exatamente como seus pais haviam descrito. E pelo aspecto que tinham as coisas, tinha se
tornado realidade.
—Tome cuidado com o que deseja Charlotte Witherspoon — murmurou ela baixo.
O homem arqueou uma sobrancelha.
—O-onde estou? — Charlotte lutou por falar em seu idioma, pronunciando cada palavra
lentamente para assegurar-se de que era compreendida. Seus lábios se franziam enquanto ela envolvia
sua língua com o dialeto. Sem haver nunca escutado o egípcio antigo em voz alta era difícil, por não dizer
outra coisa.
Ele passeou o olhar pelo quarto.
—Está em minha casa.
—Mas, onde é exatamente isso? — Ela olhou as paredes, depois voltou para rosto dele,
mantendo-se o tempo todo coberta.
—A grande capital do Egito, Tebas — As mãos dele se apoiaram sobre seus quadris e seu peito
pareceu inchar-se com a proclamação.
As sobrancelhas de Charlotte se franziram. Tebas não era a capital do Egito, mas ela não ia dizer
isso a ele, sobre tudo com tudo o que estava ocorrendo. Não queria saber, mas não tinha outro jeito, a
não se perguntar.
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
—Quem é o líder destas terras? — Os dedos do Charlotte apertaram o tecido contra sua garganta
até que seus nódulos ficaram brancos.
—O grande Rei Kamosis, meu irmão — respondeu ele, como se ela fosse estúpida.
A mente dela se negava a funcionar. O faraó Kamosis governou durante o II Período Intermediário
seguido pelo Ahmosis I, quem fundou o Novo Reino. Os olhos dela se fecharam ante isso. Parecia como se
não pudesse respirar.
Este era o Príncipe Ahmosis, o homem que seria Rei. Ou como os gregos lhe chamaram Amasis, o
mesmo homem do retrato de seu livro.
Charlotte levou uma mão à cabeça, tentando deter a onda de vertigem que ameaçava afligindo.
—Leva as Lágrimas do Amón — Ele apontou o ponto sob o linho onde as jóias se marcavam.
Ela abaixou os olhos para o colar em baixo dos cobertores.
—Sabe o que isso significa? — perguntou ele, enquanto cruzava os braços sobre o peito.
Charlotte não estava do todo segura, mas tendo em conta a inscrição, fazia uma idéia bastante
aproximada. Talvez sim fosse uma maldição, depois de tudo, considerando que se viu atirada através do
tempo. Com uma velocidade que ela não tinha previsto, Ahmosis fechou a distância entre eles, levantou o
cobertor enquanto ela estava perdida em seus pensamentos.
—Espera um minuto — Ela tentou voltar a pegar o cobertor, mas a decisão dele era muito firme.
Ele deslizou a mão pelo colar.
—Significa que quem fixar o olhar sobre as Lágrimas do Amón governará todos os reino do Egito,
com o portador a seu lado.
Os olhos dela virtualmente saíram das órbitas.
—Não diz isso — sussurrou distraída pelo calor das mãos dele.
—A última parte eu mesmo adicionei — ele virtualmente ronronava —. Não me preocupa de onde
você veio. Nem que fale minha língua de uma maneira estranha. Só que agora está aqui para ser minha
qefent.
Charlotte parecia não poder concentrar-se. Devia ter entendido errado. Acabava de lhe dizer que
desejava seu sexo? Ela piscou, reconstruindo suas palavras, antes de recordar o outro significado da
palavra. Certamente não esperava que ela… se convertesse em seu qefent, sua esposa?
O olhar dele ardia ao fixar-se em seus mamilos. O corpo dela respondeu, apesar de sua comoção e
a necessidade de proteger sua pureza. Com sua mão livre, Ahmosis deixou cair o colar e estendeu a mão
lentamente, dando a ela suficiente tempo para afastar-se, até que as pontas de seus dedos entraram em
contato com a arrepiada carne dela.
Charlotte ofegou e logo inspirou surpreendida ante a resposta de seu corpo ao calor que
irradiavam as mãos dele. Nunca ninguém a havia tocado tão intimamente. Crescer em uma escavação a
tinha mantido bastante isolada. Se não tivesse “sido pela leitura da história de minha vida” de Casanova,
ela seria uma completa ignorante nesses temas. Como muito, tinha experimentado a sensação de um
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
beijo alguns anos atrás durante seu décimo sexto aniversário. Por sorte para ela, Vitória tinha estado
muito ocupada para saber de qualquer um dos dois acontecimentos.
Ahmosis acariciou seus mamilos, tirando-a de suas reflexões. Charlotte sabia que deveria afastar a
mão dele com um golpe. Mas sua carne tinha começado a estremecer-se, sentindo como se um fogo
tivesse sido aceso em baixo da superfície. Além disso, encontrando-se em outra época, coisas como essa
não teriam nenhuma conseqüência, não é mesmo?
Ele formou círculos com a ponta de seu polegar sobre um dos mamilos, até que ficou duro,
rogando por mais. Os seios dela doíam e começavam a palpitar. Ela ardia por ele. Ele beliscou seu mamilo
com cuidado e ela gemeu. Sem pensar Charlotte se inclinou para a mão dele, procurando sua abrasadora
carícia. Os olhos dele estavam fixos sobre o rosto dela como se avaliasse sua reação. Ela avermelhou da
cabeça aos pés.
Não importava o quanto tentasse lutar contra si mesma, Charlotte parecia não poder pronunciar
as palavras para fazer com que ele parasse. Tinha sonhado com este momento junto a ele durante anos.
Tudo parecia tão novo e excitante, mas ainda assim tão correto, como se o tivessem feito mil vezes antes.
Seria errado desejar experimentar algo tão formoso com o homem que amava desde os quinze anos? Sua
mente se negava a acreditar.
Charlotte fixou o olhar em sua boca, querendo mais que tudo no mundo sentir seus lábios sobre
os seus. O que ele estava fazendo com as mãos a estava deixando louca. Parecia não poder pensar com
claridade, concentrada unicamente em sua insistente massagem. A dor entre suas pernas tinha crescido
até converter-se em um inferno e ela não tinha idéia de como aliviar aquilo.
Ele soltou o mamilo e os lábios dela se abriram. Ahmosis não vacilou, deitou-se sobre ela e
capturou sua boca, em um longo beijo. No corpo dela se acenderam todos seus nervos de uma vez. Não
podia respirar. Seu coração palpitava tão alto que provavelmente Ahmosis poderia ouvi-lo. Ele tinha
sabor de especiarias e mel, em uma combinação perfeita com todo o masculino. Ele era completamente
embriagador e estava a afogando em seu abraço.
Não era suficiente, de repente havia muita roupa sobre seu corpo. Ela empurrou o lençol, até que
ele deixou cair uma de suas mãos sobre o chão. Charlotte se sentou para encontrar seus lábios. No
segundo em que seu corpo nu entrou em contato com o musculoso peito dele, seu mundo se abalou.
Ela estava ardendo. Pele sobre pele, seus corpos deslizando-se juntos como se estivessem
destinados a isso. Ele aprofundou o beijo, afundando a língua, para depois mergulhar, uma vez que ela
não retrocedeu. Os dedos dela se estenderam e agarraram os antebraços dele para evitar cair no abismo.
Ele aumentou a pressão sobre sua boca, dominante. Um grunhido escapou do fundo de sua garganta,
enquanto as mãos dele deslizavam sobre seus seios e ao redor de sua cintura até que pôde tomar seu
traseiro. Charlotte ofegou contra sua boca, seus dedos afundando-se em sua pele. Fundiram-se uma vez
mais, o beijo tornando-se feroz.
Em segundos ela estava sendo gentilmente empurrada outra vez sobre o leito. Uma vez que
esteve recostada, ele interrompeu o beijo e se afastou para tirar a saia curta de linho bordado. Esta
escorregou de seu corpo. Os olhos de Charlotte ficaram presos no ereto membro que se sobressaía do
berço de cachos de ébano situado entre suas pernas. Era tão grosso como seu punho.
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
O calor e a umidade se acumularam entre as pernas dela. A seus pulmões custava respirar
enquanto ele se aproximava lentamente do leito e se deitava a seu lado. Cada norma que lhe tinham
ensinado sobre a etiqueta apropriada para as jovens damas voou pela janela quando Ahmosis tocou seu
mamilo outra vez.
A boca dele baixou sobre seu seio e seu mamilo floresceu como uma flor que estivesse um longo
tempo em estado latente. Ele sugou e lambeu, provocando que o broto florescesse. Charlotte gritou,
levantando seus quadris em um mudo convite. Seus sentidos estavam sobrecarregados e parecia não
poder suportar tudo o que estava acontecendo. Ela desejava este homem mais do que qualquer coisa que
já tivesse desejado, ainda assim, realmente não o conhecia, só sabia dele. Ahmosis finalmente fez uma
pausa, dando a Charlotte um momento para recompor sua confusa mente.
—Não deveríamos estar fazendo isto — disse ela ofegando, enquanto ele passeava um dedo ao
longo de seu braço. — Não nos conhecemos um ao outro de verdade.
—Temos toda uma vida para chegar a nos conhecer — Seu olhar era decidido enquanto o fixava
sobre o rosto dela. — Nosso destino foi escrito faz muito tempo. Não pode ser evitado ou ignorado — Sua
profunda voz era rouca enquanto falava.
Charlotte tentou concentrar-se em suas palavras, para assim poder sugerir um raciocínio viável.
Isto estava errado. Estavam equivocados. Ela não devia estar ali, ou sim? Nem sequer deveria estar
pensando em ter sexo com este homem. É tudo o que alguma vez havia sonhado, o arbitrário
pensamento penetrou em sua mente. Cedo ou tarde teria que voltar para seu próprio tempo.
Provavelmente seus pais estariam doentes de preocupação. Se sequer tivessem notado sua ausência,
sussurrou a vozinha em sua cabeça. Por que não desfrutar do tempo que passe aqui?
Inclusive enquanto esses pensamentos cruzavam sua mente, as mãos dele começavam a lhe fazer
coisas estranhas a sua capacidade de discernir. Acariciava-lhe ligeiramente a pele, deixando arrepiada.
Sua respiração ficou mais profunda até que harmonizou com a dela, acalmando, tranqüilizando. O olhar
dela encontrou seus olhos negros. Eram como lava líquida, brilhantes, fogosos e fervendo de intensidade.
A temperatura no quarto pareceu elevar-se por segundos. Charlotte se sentia febril necessitada. Seu sexo
dolorido.
Ahmosis lhe dedicou um sorriso de entendimento e depois baixou a cabeça sobre o outro seio que
não havia tocado antes. As pálpebras dela se fecharam, cores explorando atrás deles. Todo pensamento
de negar-se e de voltar para seu próprio tempo abandonou sua cabeça. Seu corpo era dele para que
tomasse. Deixou que ele explorasse livremente.
Ahmosis registrou todas as curvas ocultas de Charlotte. Parecia que não tinha suficiente da bela
visão que tinha surgido do lago sagrado. Sabia que não devia questionar os deuses a respeito de sua
sabedoria. Ela chegou levando as Lágrimas do Amón e isso era tudo que ele precisava saber. Seguiria seu
destino tal como foi escrito nas estrelas e uniria os reino do Egito de novo.
Acariciou seus mamilos, a rosada pele tão suave como as pétalas de uma flor. Seus dedos
tremeram enquanto se detinham sobre as suaves curva de seus seios. Ahmosis baixou entre o vale,
arrastando o dedo para seu umbigo. Rodeou a sensível zona várias vezes, antes de seguir o mesmo
caminho com sua boca. Ela conteve o fôlego enquanto ele deixava cair diminutos beijos sobre sua pele.
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
Ahmosis sentiu sua inexperiência e reduziu sua exploração. Desejava tomar seu tempo para saborear este
presente, para render comemoração a sua beleza. Elogiados sejam os deuses.
Os quadris de Charlotte corcovearam enquanto ele passeava a mão ao longo de sua perna,
arrastando as unhas sobre sua coxa. O olhou por entre suas pestanas, seguindo sua exploração. Ahmosis
se maravilhou do contraste entre a brancura da pele dela e o bronzeado de suas próprias mãos. O azeite
do corpo dele facilitava o deslizar de suas mãos enquanto seguia seu caminho sobre sua carne,
embriagado.
Ahmosis se deslizou para baixo até que sua cabeça esteve situada sobre sua feminilidade. O doce
aroma da excitação dela flutuava no ar, misturado com a mirra na pele dele e o incenso. Ele inalou
profundamente, afundando um dedo em sua umidade. Ela ofegou. Seus olhos se abriram de repente,
ficando fixos em seus exploradores dedos.
—Tanta beleza — murmurou ele — É mais bela que as flores que crescem com o passar do Nilo —
Deslizou o dedo na boca — E muito mais doce.
Charlotte se ruborizou.
Ahmosis afundou seu dedo de novo, esta vez conectando-se com o molho de nervos escondidos
sobre suas dobras.
Charlotte acreditou que cairia da cama, seu corpo respondia de forma que para ela eram
desconhecidos. Tinha o entristecedor impulso de agarrar-se a algo, só assim não se romperia em um
milhão de pedaços. Ahmosis abaixou a cabeça e lambeu o mesmo ponto que acabava de tocar.
Charlotte ofegou.
—O que está fazendo?
—Te amando…
O mundo dela se reduziu a insistente boca dele. Nada mais importava ou existia. Ahmosis se
moveu outra vez até que seu corpo esteve colocado entre as coxas dela. Mergulhou entre suas pernas,
lambendo e empurrando seus clitóris com a língua. Charlotte podia sentir a tensão crescendo dentro
dela, ficando mais e mais aguda, como se fosse aproximando-se do fio de uma navalha. Seus quadris se
moviam por vontade própria, tentando fazer jogo com a sondagem dele. Charlotte segurou a cabeça dele,
afundando os dedos em seu cabelo de ébano enquanto o sexo lhe pulsava com a necessidade. Pareceu
ser todo o estímulo que Ahmosis necessitava. Ele acelerou sua carícia, chupando seu centro de mulher,
afundando-se em sua molhada vagem.
O sangue palpitava tão forte nos ouvidos dela que logo que podia ouvir.
—Por favor — rogou ela, insegura do que estava pedindo exatamente. Ela fechou os olhos ante a
sensação. Empurrou seus quadris contra a boca dele, querendo, necessitando e desejando algo mais.
Ahmosis tomou seus clitóris entre os dentes e ronronou, fazendo vibrar a sensível carne, até que
uma presa pareceu arrebentar dentro dela. Charlotte gritou outra vez enquanto caía ao precipício e ao
desconhecido. Seu corpo se estremeceu dos pés a cabeça, suas pernas tremiam ao redor da cabeça dele.
Charlotte parecia não poder deixar de apertar, enquanto as contrações de prazer a atravessava.
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Lágrimas de Amon
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Quando Charlotte abriu por fim os olhos e pôde enfocar, levantou o olhar para o rosto sorridente
do Ahmosis. Seu sorriso zombador dizia tudo. Estava mais que feliz com sua reação. Na realidade
resplandecia. No instante em que Charlotte recordou exatamente o que lhe tinha permitido fazer,
abaixou o olhar. Não acreditava ser capaz de voltar a olhar para ele nunca mais. Ele a tinha beijado e ela
se transformou em uma verdadeira lasciva entre seus braços, apertando seu sexo contra seu rosto como
uma cadela no cio. O que ele devia pensar dela?
Como se lesse seus pensamentos, Ahmosis se endireitou, até que seus quadris estiveram
acomodados entre as dela. O olhar dela se elevou, encontrando seus olhos. Ela podia sentir a dura
evidência de sua excitação, cravada em seu suave ventre. Ele a manteve cativa como se para obrigá-la a
reconhecer à mulher em que estava a ponto de se transformar.
—Não estou tão segura de poder fazer isto — sussurrou ela.
Ele sorriu de novo, seu membro empurrando contra sua pele.
—Fomos feitos para isto desde o começo dos tempos, minha preciosa jóia. Confia no que deve
ser.
Ahmosis moveu os quadris até que seu membro descansou pronto em sua entrada. Tomou cada
fibra de seu ser em empurrar para frente e tomar o que era merecidamente dele. Desejava que Charlotte
continuasse esta viagem com ele. Deslizou uma mão entre ambos os corpos e começou a esfregar a
glande sobre suas dobras escorregadias. Ela inspirou profundamente e logo mordeu o lábio. Ahmosis
permitiu que a glande se deslizasse em sua feminilidade… era como o paraíso, apertado, quente e OH…
tão prazeroso. Os olhos dela se abriram com surpresa, mas não mostraram medo. Esse fato o fez sentir-se
mais orgulhoso do que deveria ser.
—Isto doerá, mas apenas por um momento, meu amor — murmurou ele contra sua bochecha
enquanto beijava seu rosto.
Ahmosis deslizou o membro uns centímetros mais, até que encontrou a magra barreira. Sua
aveludada feminilidade ardia enquanto agarrava sua longitude, levando-o mais profundamente dentro
dela. Não havia nenhum modo de fazer mais fácil esta primeira união. Ahmosis se inclinou, tomando um
mamilo com a boca e se impulsionou para frente ao mesmo tempo. Um ofego cheio de dor escapou dos
lábios dela, mas ele continuou abraçando-a, lambendo seu mamilo com doçura. Manteve seu corpo
totalmente quieto, os músculos de suas costas e nádegas em tensão, lutando contra o impulso de
procurar sua culminação.
Charlotte não podia respirar. A dor… a dor que havia sentido fazia uns momentos estava se
diluindo e transformando-se em algo mais. Sentia-se completa, e incapaz de mover-se. Ahmosis estava
dentro dela, rodeando-a, dominando-a com sua presença. Antes disto, não teria acreditado que esta
união fosse possível, mas agora seu corpo estava ajustando-se, aceitando e dando as boas vindas a seu
membro como se lhe pertencesse. Lentamente ele liberou seu mamilo. Justo quando Charlotte pensou
que as sensações cessariam, ele se moveu um suave impulso a princípio, provando-a. Ela ofegou, mas em
lugar de dor, só sentiu prazer.
Seus mamilos se arrepiaram com o toque do peito forte, quando ele se elevou apoiando-se sobre
os cotovelos. O pequeno movimento o introduziu mais profundamente dentro dela, empurrando sua
matriz. As entranhas dela se umedeceram de novo, acomodando-se a seu tamanho.
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Lágrimas de Amon
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—Está tudo bem? — perguntou ele, pequenas linhas enrugavam seu rosto enquanto a
preocupação desfigurava sua testa.
—Estou bem. Sinto-me…
Ele empurrou outra vez. E a paixão explodiu dentro dela.
—Maravilhosa — A palavra saiu em um suspiro.
Ele sorriu enquanto aumentava a velocidade. Seu membro aprofundou seu ritmo elevando-a e
transportando-a sobre uma onda de desejo. Ele se balançou para os lados, massageando um ponto
dentro dela que era quase tão sensível como o pequeno broto do exterior. Charlotte se permitiu perder-
se na sensação. Os quadris dele corcoveavam e se elevavam, entrando e saindo mais e mais rápido. As
pálpebras dela começaram a fechar-se.
—Não — gritou ele — Quero que me olhe quando chegar outra vez ao êxtase - Os músculos em
seu pescoço se esticaram. — Quero que saiba quem será seu rei.
Charlotte abriu a boca. Não estava segura se estava a ponto de protestar ou assentir. Ahmosis
aproveitou esse momento para afundar sua língua no interior de sua boca, rodeando e brincando com a
dela. A agora familiar sensação palpitante começou lentamente em seu ventre. O abraço dela se apertou.
Ahmosis a penetrou profundamente uma e outra vez, enfocando seu esforço no mesmo centro dela. Foi
tudo o que necessitou para lançar Charlotte a outro orgasmo. Ela se contraiu e gritou todos seus
músculos esticando-se de uma vez, sua vagina apertando seu membro.
No segundo que sua vagina o apertou tudo acabou para ele e sua semente começou a derramar
de seu corpo. A resposta desenfreada a o enviou ao esquecimento. Seus quadris seguiram movendo-se
enquanto a última parte de sua essência se esvaziava no núcleo que logo conteria a nova vida. Este
maravilhoso presente dos deuses era dele, todo dele e ele não tinha nenhuma intenção de deixá-la ir
nunca.
Sem pensar duas vezes, Ahmosis decidiu que se casariam antes da celebração de Opet. Charlotte
se transformaria em sua princesa e com o tempo, em sua rainha.
Charlotte estava vendo estrelas no formoso rosto em cima dela. Ele era tudo o que alguma vez
tinha imaginado de um amante e muito mais. Sua paixão tinha sido ilimitada. Ainda estavam unidos, mas
o fato já não a envergonhava só a enchia de alegria. Seu coração se acelerou quando o sentiu palpitar em
seu interior.
Este homem, este príncipe, a desejava, Charlotte Witherspoon, a mulher que se apaixonou por um
retrato, quando poderia ter tido qualquer mulher do reino. A idéia era estimulante. Esticou-se e colocou
uma acetinada trança sobre o ombro, para poder ver o rosto dele com claridade. Ele sorria amplamente
olhando-a, com a posse brilhando em seus olhos.
Uma adorável curva se formou nos lábios dela.
—Porque esta sorrindo? — O sorriso dele alcançou seus olhos.
Ele passou um dedo pelo rosto dela.
—Só pensava em quão afortunada sou de ter encontrado alguém como você para ser meu
primeiro amante. —– disse ela
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Lágrimas de Amon
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A expressão dele se obscureceu, nuvens de tormenta encheram seus olhos.
Charlotte deixou cair à mão.
—Eu disse alguma coisa errada?
—Não terá nenhum outro amante de agora em diante. Entregou-se a mim, plantei a minha
semente. Parece — Saiu de seu interior e se separou de seu corpo.
De repente Charlotte se sentiu fria e vazia. Franziu o cenho enquanto tratava de pensar em suas
palavras.
—Não pode esperar que fique aqui. Não pertenço a este tempo…
—Não escutarei mais nada disso — Vestiu sua curta saia apressadamente. — Você será minha
esposa.
—Esposa! — Charlotte se sentou, lutando com os lençóis ao mesmo tempo. — Não posso ser sua
esposa. Devo retornar.
Por um momento uma expressão de confusão cruzou o rosto dele e depois tão rápido como
chegou, desapareceu.
—Oferecerei presentes apropriados, os que correspondem para alguém que logo vai ser rainha.
Diga-me a que povo devo enviá-los e assim será.
—Rainha? Povo? — Charlotte estava lutando para entender, primeiro sua esposa, depois sua
rainha? As peças da inscrição encaixaram em seu lugar como um fecho de ferro. — Ahmosis, aqui houve
um terrível engano. As Lágrimas do Amón não são minhas.
Ele a olhou fixamente, horrorizado.
—Roubaste-as de sua legítima proprietária?
A boca dela se abriu de surpresa.
—Nunca.
O alívio alagou o semblante dele.
—Então está decidido. Casaremo-nos em uns dias, bem a tempo para participar do festival de
Opet.
Ela se limitou a olhar fixamente, insegura sobre que mais dizer.
—Voltarei com um pouco de roupa, já que seus objetos anteriores eram… inapropriados —
Ahmosis saiu do quarto antes que ela pudesse responder.
Charlotte olhou suas costas afastando-se até que desapareceu por uma esquina. Devia lhe
explicar, tentar lhe convencer de suspender as bodas. Seu coração se afundou. Não tinha feito bem em se
apaixonar por ele, quando ao final teria que deixá-lo.
A quem estava tentando enganar? Apaixonara-se por ele anos atrás quando seu nome era Amasis
e só era um retrato em uma página. O pensamento de não voltar a vê-lo desgostava Charlotte mais do
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
que queria admitir. Depois do que havia acontecido hoje, como ia viver sem ele? O pensamento era
muito doloroso de considerar.
Capítulo Três
Charlotte jazia sobre a cama, saciada, aguardando a volta de Ahmosis. Apesar do quanto tinha
gostado de estar aqui com ele, experimentando as sortes de fazer amor, tinha que encontrar o modo de
deixar seu tempo e voltar para o dela. Se havia uma forma para chegar aqui, tinha que haver uma forma
de voltar. Além disso, se terminasse ficando, a história poderia ser irrevogavelmente alterada. A pergunta
era… como voltar atrás.
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Lágrimas de Amon
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Estava brincando com o ouro que lhe rodeava o pescoço quando Ahmosis voltou. Trazia um
delicado tecido de linho, parecido com o que ele mesmo vestia. Também trazia um cofre de madeira,
decorado com pedras preciosas e madrepérola, que se dispôs a abrir. Charlotte quase caiu da cama
quando viu as jóias e a quantidade de riqueza que lhe mostrou. Só na tumba do Tutankamon existiam
jóias como essas. Seu coração deu um pulo quando ele pegou um anel de ouro. Charlotte o olhou
fixamente enquanto lhe deslizava o anel no dedo. As lágrimas alagaram seus olhos quando compreendeu
que não importava quanto desejasse isto, nunca poderia ser.
—Se você não gostar deste, posso conseguir outro — Ele vacilou e depois começou a mexer entre
as jóias.
Ela secou as lágrimas com o reverso da mão e depois o deteve com um gesto.
—Não é isso. O anel é encantador.
—Então, por que as lágrimas? — Ele passou o polegar sobre sua bochecha, apagando a umidade.
—Sinto-me um pouco aflita — Encolheu os ombros. — Estou muito longe de minha casa e não
estou segura de como voltar.
Ele sorriu.
—Egito tem alguns dos melhores rastreadores da terra. Estou seguro de que eles encontrarão sua
casa, se esse for seu desejo.
Charlotte riu. Duvidava muito que alguém daqui fosse capaz de encontrar sua casa. Ahmosis
voltou sua atenção novamente ao cofre, rebuscando entre vários objetos. Tomou uns brincos de rubis e
sorriu enquanto segurava um a cada lado do rosto dela.
—Perfeito. Fazem par com as Lágrimas do Amón e o fogo que ilumina seus olhos.
Charlotte levou a mão dele a sua boca. Depositou um casto beijo sobre seus nódulos, antes de lhe
permitir pendurar os brincos em suas orelhas. Ahmosis a ajudou a vestir-se, mostrando a Charlotte como
atar o tecido ao redor do corpo. Quando terminou, sentia-se como uma verdadeira princesa egípcia.
Calçou umas sandálias nos pés e logo a conduziu para fora do quarto.
Caminharam por um estreito corredor em direção a um pátio. Uma árvore crescia no centro,
emprestando sombra contra o ardente sol da tarde. Continuaram caminhando até chegar à entrada
principal, onde havia várias mulheres sentadas.
—Estas são minhas serventes. Ajudarão você em tudo o que possa necessitar - Ele balançou o
braço, indicando cada uma das presentes.
—Não estou segura se vou necessitar de tanta ajuda — Charlotte olhou às mulheres, lhes
dedicando um sorriso indeciso.
Ahmosis lhe apertou a mão.
—Assim é como vivo em Tebas. Mais tarde visitaremos o harém de meu irmão. Ele está ansioso
para te conhecer.
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Lágrimas de Amon
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Charlotte imaginou uma casa cheia de mulheres nuas correndo por toda parte e dando uvas para
os homens comerem. Sabia que era infantil. Assim era como viviam os antigos egípcios, ao menos os
ricos.
—Você tem um harém? —perguntou sem pensar.
Ahmosis se voltou para ela.
—Agora mesmo se encontra nele.
As vísceras dela se crisparam.
—P… Mas pensei que estas mulheres eram suas faxineiras, não suas esposas — Cravou o olhar em
seus rostos de novo, analisando detalhadamente seu aspecto.
Ahmosis a segurou pelo queixo que ela olhasse para ele.
—Um harém é formado de habitações privadas. Um retiro. Estas mulheres são minhas faxineiras.
Você será minha esposa.
Charlotte se surpreendeu pelo calor que descobriu em seus olhos. Seu olhar continha tantas
promessas, tanto… amor? Sabia que isso não era possível, mas ali estava nas profundezas de seus olhos
negros… o amor. Logo que acabava de conhecê-la. Era impossível que ele tivesse tais sentimentos. Isso
não podia acontecer, não permitiria.
E o que vai fazer arrancar o coração dele? Esse pensamento a fez encolher-se. Se ficasse ali muito
tempo, muito, é o que pode ser que aconteça quando partir.
—Vamos, meu amor. Comamos — Ahmosis deu duas palmadas e as mulheres se dispersaram em
todas as direções.
Em poucos minutos tinham estendido uma toalha sobre o chão e uma área para que jantassem.
Tigelas contendo pescado seco, fruta fresca e pão foram colocados sobre a toalha. Trouxeram almofadas
cheias com plumas de ganso para que sentassem. As faxineiras serviram uma bebida espessa em duas
taças, acrescentaram-lhe tâmaras e mel, revolvendo-a a seguir. Entregaram uma taça a Ahmosis e a outra
a Charlotte. Ele sustentou a sua no alto e aguardou que ela fizesse o mesmo.
—Por minha futura noiva — Sorriu e tomou um gole.
Charlotte lhe devolveu o sorriso e bebeu de sua taça. A bebida era espessa e granulada enquanto
descia por sua garganta. Ela tinha lido um pouco sobre esta bebida, mas era a primeira vez que provava a
cerveja de cevada. A cor escura e o sabor da cerveja formavam uma combinação bastante forte.
Enquanto Charlotte bebia, seus músculos começaram a relaxar. Ahmosis pegou um pouco do pão
rangente e entregou com o pescado.
—Quanto tempo faz que mora aqui? —perguntou Charlotte, com tom impaciente. Havia tanto
que queria conhecer, tanto que desejava ver.
—Muitos anos — Ele engoliu o pão que estava mastigando. — Meu irmão e eu nos criamos na
cidade de Gurob, perto do oásis Fayum, a beira do deserto. Minha família tem outro palácio ali. Você
gostaria de vê-lo algum dia, possivelmente?
—Sim, eu gostaria — Charlotte não pôde ocultar o entusiasmo em sua voz.
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Lágrimas de Amon
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Toda esta experiência parecia um sonho feito realidade. Tinha medo de despertar a qualquer
momento e que tudo isto teria desaparecido. O coração dela se contraía em seu peito e por um momento
teve que olhar para outro lado, incapaz de sustentar o olhar dele. Depois de uns segundos, recompôs-se o
suficiente para continuar com a conversa.
—Seria possível ver a cidade de Tebas hoje? — Realmente tinha tempo para fazer turismo? Mas
como poderia estar ali e não fazê-lo?
Ahmosis a observava atentamente e captou o instante em que seus olhos se ofuscaram.
—Acredito que seria possível. Meu carro está nos estábulos junto com meus cavalos.
Os olhos verdes de Charlotte se iluminaram de entusiasmo.
—Me diga meu amor, de onde é sua família?
Charlotte ficou quieta a meio caminho de tomar outro gole de sua taça. Tinha esperado evitar
essa pergunta. Deixou a cerveja, mordiscando, preocupada seu lábio inferior. Finalmente deixou escapar
o fôlego.
—Venho de umas longínquas terras do norte, além do reino do Egito, através dos mares —
Começou a brincar com um fio frouxo de sua saia.
—Como chegou aqui? — Ahmosis tomou um gole de sua cerveja e depois deixou a taça.
Era uma boa pergunta e por sua vida, Charlotte desejou ter a resposta. Não podia soltar sem mais
nem menos que pertencia a um tempo diferente. Provavelmente Ahmosis a faria lapidar até a morte.
Assim disse uma pequena mentira.
—Minha gente me abandonou enquanto viajavam ao sul.
As sobrancelhas dele se franziram e a cólera cintilou em seu escuro olhar.
—Como puderam abandonar à portadora das Lágrimas do Amón, a alguém tão refinada e formosa
como você?
Charlotte baixou o olhar a seu colo e logo levantou o rosto.
—De onde eu venho as Lágrimas do Amón não têm o mesmo significado.
—Como pode ser isso? — Ele meneou a cabeça. — Os deuses não permitiriam.
—Minha gente se afastou dos deuses. Não acreditam tanto nisso como os habitantes daqui.
Ahmosis ofegou.
—Isso não pode ser. É uma blasfêmia — Ele ficou em pé, com as mãos apoiadas nos quadris. —
Não entendo a sua gente.
Charlotte soltou uma risada.
—Se isso te faz se sentir melhor, eu tampouco.
—Vamos — Ofereceu sua mão. — Deixa que te mostre Tebas.
Charlotte permitiu que Ahmosis a ajudasse a ficar em pé. Ele a conduziu depois do palácio, até
chegar a um estábulo. Havia muitos cavalos, de várias cores em um cercado e a seu lado, cinco carros.
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Lágrimas de Amon
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—São todos teus? — Ela apontou os carros.
Ahmosis sorriu amplamente.
—Sim, são meus e de minha família. O que está no final é meu favorito.
Charlotte pôde adivinhar por que era seu favorito. A frente do carro tinha incrustações de ouro. O
revestimento de madeira aos lados tinha sido pintado e esculpido com uma representação de Ahmosis
derrotando seus inimigos na batalha. O veículo era tão ornamentado que Charlotte se perguntou se
realmente deveriam subir nele.
—Vamos — Ele puxou pelo braço, empurrando-a para frente. — Que cor prefere?
Ahmosis apontou com a cabeça para os cavalos. O olhar dela se voltou para o grupo de cavalos
que brincavam dentro do cercado, chutando a areia. Um garanhäo cinza com pintas que corcoveava e
chutava, relinchando muito forte, atraiu sua atenção por cima dos outros. Sua longa e branca crina e
cauda brilhavam à luz do sol. Os músculos de seu esbelto corpo se esticavam com uma força desenfreada.
Sacudiu a cabeça em direção a ela e soprou.
—Ele — Ela apontou o garanhäo.
Ahmosis sorriu outra vez.
—É meu favorito. O nome dele é Hasani, que significa formoso.
Charlotte voltou o olhar ao cercado.
—Combina com ele — disse ela, rindo.
Ahmosis emitiu três rápidos assobios. As orelhas de Hasani se viraram e depois se esticaram para
cima. Ahmosis repetiu o assobio e o cavalo trotou até situar-se a seu lado.
—É um grande truque — Assentiu ela observando o cavalo. — Todos fazem isso?
Foi a vez dele se por a rir.
—Só quando ele gosta, é receoso. Parecem-se muito com as mulheres, não fazem nada a não ser
que elas queiram.
Charlotte abriu a boca para protestar. Ahmosis lhe piscou um olho, o que imediatamente acalmou
sua irritação. O calor se elevou em suas bochechas. Como a tinha tranqüilizado tão facilmente? Meneou a
cabeça e pôs os olhos em branco. Ahmosis se inclinou e a beijou na bochecha, depois indicou a seus
serventes que preparassem o carro.
Momentos mais tarde, o vento açoitava o cabelo de Charlotte enquanto rodavam pelas ruas de
Tebas. Várias pessoas se alinharam nas calçadas para ver passar o carro. Os cascos de Hasani e as rodas
do carro estralando sobre os paralelepípedos deixavam nuvens de pó atrás deles. Ahmosis levava
Charlotte encaixada entre a parte dianteira do carro e seu próprio corpo, seu peso equilibrado atrás dela
enquanto dirigia o veículo. Charlotte podia sentir seu membro pressionando contra seu traseiro, sentir
como crescia e se endurecia com cada movimento que ela fazia.
Sentia-se forte e poderosa, como uma autêntica mulher, não a moça torpe que era quando deixou
seu tempo. Rebolou e seu membro cresceu mais, duro e exigente. Ele gemeu, baixando uma mão a
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
cintura dela. De repente ela sentiu um puxão atrás de sua saia e depois a brisa sobre sua pele. Ficou
geada.
—O que está fazendo?
Ele pressionou os lábios contra sua orelha.
—Abre suas pernas um pouco mais — A arranhou brandamente com as unhas sobre a pele
sedosa, lhe deixando a carne arrepiada.
Sem pensar, Charlotte atendeu ao pedido, expondo seu sexo às manipulações dele. Ahmosis se
deslizou dentro dela por trás, enchendo-a completamente, antes de recolher novamente as rédeas com
ambas as mãos. Com cada sacudida do carro, seu grosso membro se introduzia mais profundamente. Os
lentos e tortuosos movimentos a queimavam, estendendo-se por seu corpo como chamas líquidas.
Charlotte tentou virar-se para poder olhar para ele.
—Não se mova — Seus quadris se apertavam contra ela, sustentando-a contra a frente do carro. A
pressão fazia que seu clitóris palpitasse. — Ou alguém pode notar — lhe sussurrou, tomando cuidado de
dirigir o carro sobre o caminho pavimentado.
Ela não podia respirar ou pensar, só ficar acirrada ao carro, enquanto ele seguia entrando e saindo
de sua vagina molhado. Seus mamilos endurecidos pressionavam contra o linho, raspando. Ahmosis
tomou as rédeas com uma mão e alcançou seus clitóris com a outra. Seu polegar esfregava e acariciava,
recreando-se na zona com gloriosa atenção. A vagina dela pulsou uma vez e então chegou ao clímax com
uma força dilaceradora. Ele a beijou vorazmente, amortecendo e tragando seu grito. Continuou
penetrando-a, com embates cada vez mais rápidos como um homem possuído, alcançando seu próprio
orgasmo pouco depois.
Esse foi um passeio de carro que ela não esqueceria facilmente. Deliciosamente saciada, Charlotte
levou uns momentos para dar-se conta de que tinham chegado ao templo de Karnak. A areia lhe
ressecava a boca, mas não queria que o passeio terminasse. Aspirou com força, às densas especiarias que
provinham das cozinhas próximas e perfumavam o ar. Charlotte quase podia saborear o alimento só com
o aroma.
Ahmosis reduziu a marcha de Hasani a um trote, o som de seus cascos provocavam eco contra as
paredes das lojas e casas que se estendiam por toda Tebas. O sol ficava sobre o horizonte, seus brilhantes
raios de cor púrpura, vermelho e rosado se refletiam sobre as velas dos navios que flutuavam no Nilo.
Charlotte suspirou e se apertou ainda mais contra o peito dele, com um sorriso plantado em seu rosto.
Poderia acostumar-se muito facilmente a este tipo de vida. Essa idéia deveria assustá-la até a última fibra
de seu ser, mas não era assim.
Retornaram ao palácio quando os últimos raios de luz caíam sobre o horizonte. Ahmosis a ajudou
a descer do carro e entregou as rédeas a um dos serventes.
—Vamos, é hora de nos retirar para a noite — Ele a guiou com o passar do caminho, com a mão
apoiada sobre suas costas.
Charlotte podia sentir o calor de seu contato através da roupa como se tivesse colocado um ferro
quente contra sua pele. Seu estômago se contraía com antecipação. Ahmosis não a olhava, mas ela
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
poderia assegurar que estava consciente até do seu mais ligeiro movimento. Entraram no palácio,
passando pela sala principal, pelo pátio e logo à câmara onde estava a área para dormir.
Charlotte não parecia recordar como se andava. Tropeçou com uma pedra e logo com outra, até
que Ahmosis a segurou pelo cotovelo, estabilizando-a.
Seu ardente contato só serviu para intensificar as emoções que sentia. Sua pele lhe queimava. A
combustão espontânea era possível? Nesse momento, Charlotte pensou que sim. Puxou o tecido próximo
a seu pescoço. Sentia como se a roupa a sufocasse, cada fibra tecida se unia para incrementar seu
desconforto. Olhou pela extremidade do olho e pegou o Ahmosis sorrindo. Ela não acreditava que essa
situação fosse graciosa nem um pouco.
—Está quente, meu amor? — Ele se inclinou até que seus lábios quase tocaram sua orelha.
Charlotte se estremeceu. — Posso te ajudar — Ele quase grunhia—. Possivelmente você gostaria de um
pouco de água? — Seus olhos cintilaram no vestíbulo iluminado por tochas.
Ela o fulminou com o olhar. Ahmosis nem se alterou. Estava desfrutando do fato de poder
embaraçá-la dela. Ele sabia que se encontrava a mercê de seus hormônios. Bom, pois a esse jogo podiam
jogar os dois. Charlotte sabia que podia não ter muita experiência, mas se o passeio de carro era uma
indicação, não se encontrava totalmente sem recursos.
Deslizou a mão com o passar do braço dele, fazendo uma pausa em seu ombro arredondado. Seus
músculos se esticaram sob as pontas de seus dedos, mas ele não se moveu. Ela continuou com sua
inocente exploração baixando por seu peito, a pele dele lhe queimava a mão. Quando alcançou a
pequena protuberância do bico de seu peito, Charlotte o esfregou entre o polegar e o indicador. Ahmosis
retinha seu fôlego e seus olhos cintilavam.
—Está jogando um jogo um pouco perigoso. Todos sabem que não se deve provocar um leão —
Seu sorriso era absolutamente selvagem.
O olhou com os olhos totalmente abertos, como querendo indicar que não sabia do que ele estava
falando, e deslizou a mão mais para baixo. Os dedos dela deslizaram sobre os firmes músculos do ventre
dele. Quando chegou a seu umbigo, ele estremeceu. Isto era divertido. Ter este macho grande e forte a
sua mercê era mais agradável do que teria imaginado ser possível.
Ela rodeou o umbigo, permitindo que suas unhas arranhassem ligeiramente a pele. Charlotte
deslizou a mão ao longo de sua esbelta cintura. Deu uma olhada para baixo e viu a evidência de sua
excitação empurrando contra o linho branco de sua aba.
Seu membro ficou mais grosso e mais longo enquanto ela o olhava. Finalmente Charlotte não
pôde resistir. Deslizou a mão sobre o sexo dele. Ahmosis ficou quieto um segundo e depois empurrou
contra a mão dela. Os dedos dela se envolveram ao redor do membro endurecido. A respiração dele era
entrecortada.
—Esta tentando me enlouquecer? — perguntou com voz rouca.
—Não — Charlotte foi retirar sua mão, mas ele a deteve.
Ele inspirou profundamente e depois soltou o fôlego com um suspiro.
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
—Tentava ser delicado com você, por ser hoje sua segunda vez. Mas semelhante tortura expulsa
todos os pensamentos honoráveis de minha cabeça — Seu corpo tremia sob o contato dela. O olhar dele
se cravou em seus lábios. — Rá, me dê forças — Grunhiu e se inclinou, pressionando seus lábios contra os
dela. O beijo era doce, sem pressa, como se tivessem todo o tempo do mundo.
Ela não acreditava que alguma vez poderia cansar-se de seus abraços. Seus joelhos tremeram
quando ele aprofundou o beijo, a boca dele cada vez mais firme enquanto que a dela era cada vez mais
suave. A língua dele foi empurrada contra seu lábio inferior, procurando a entrada. Charlotte a abriu para
ele, dando as boas vindas a seu sabor picante. As mãos dele subiram para seus ombros. Ele descansou um
momento as palmas ali, mas um segundo depois atirou aproximando-a sem que ela afastasse a mão de
seu membro.
Charlotte o sentia palpitar contra seus dedos. Cuidadosamente deslizou a mão para baixo,
insegura do que fazer exatamente. Ele moveu os quadris para incitá-la. Ela investiu na direção e acariciou
toda sua longitude para cima. Ahmosis grunhiu contra sua boca. Sentindo-se segura de si mesma,
Charlotte o acariciou de novo, esta vez sem fazer uma pausa. O apertão dele sobre seus ombros
aumentou, mas não interrompeu o beijo. Ela incrementou a velocidade, desfrutando da sensação de sua
grossura na mão.
O suor cobriu a testa dele. Tentava com todas suas forças não atirá-la sobre o chão, ali mesmo no
corredor. Seus dedos beliscavam o tecido que cobria os ombros dela, tentando encontrar uma âncora
contra seu desejo. Ela deslizou seus dedos de seda sobre a glande e apertou com cuidado. Ele esticou a
mandíbula para evitar sua resposta instintiva de empurrar. Se ela continuasse com isto por mais tempo, ia
derramar sua essência em sua mão. Incapaz de aguardar um minuto mais, Ahmosis interrompeu o beijo,
ofegando.
—Mulher, me torturaste por muito tempo.
Agarrou sua mão, puxando Charlotte mais energicamente do que teria querido para seu
dormitório. Estava soltando os laços que mantinham sua saia unida antes inclusive de que alcançassem a
porta. Os lábios dela estavam inchados e vermelhos devido a seus beijos. Ahmosis tomou uma mecha de
seu cabelo ondulado e o levou a seu nariz. Ela cheirava a vento e luz do sol. Tinha os olhos muito abertos
e brilhantes à luz das tochas.
Ele a soltou o tempo justo para fechar a porta. Depois se aproximou até uma pequena terrina que
continha mirra e incenso, e esmagou as resinas em suas mãos até que o quarto começou a cheirar a
especiarias. Virou-se a tempo para ver Charlotte despindo-se. Ahmosis conteve o fôlego. A pele dela
resplandecia como o alabastro. Seus rosados mamilos endurecidos o chamavam. Os escuros cachos entre
suas coxas já tinham começado a umedecer-se, brilhando como um farol à luz das tochas.
O desejava tanto como ele a ela.
Ficou com a boca cheia de água, apenas em pensar em afundar-se entre suas pernas abertas e
provar outra amostra de sua generosidade. Saboreando seus sucos no momento em que saíam de seu
corpo em êxtase. Seu membro se esticou sob a malha de sua saia, exigindo ser liberado. As Lágrimas do
Amón adornavam a garganta dela, uma vez que os pendentes de rubis eram como fogo contra suas
orelhas. Ahmosis engoliu com força. Ansiava que o momento durasse para toda esta vida e a seguinte.
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
Apertou as mãos contra seu corpo, para evitar jogar-se sobre ela e tomá-la. Não era como uns que
procuravam unicamente sua própria satisfação.
Charlotte se removeu inquieta sob o baixo e intenso olhar dele. Em seu interior rugia um fogo que
tão somente ele podia apagar. Não sabia o que a possuía, mas meteu um dedo na boca, deu-lhe uma
rápida chupada e depois o passou ao redor do mamilo, deixando um rastro de umidade. A aureola se
franziu. As asas do nariz dele se alargaram e seu corpo estremeceu, tirou a aba e em uns poucos
segundos se equilibrava sobre ela. Desta vez seu beijo foi agressivo, faminto, atacando sua boca
ferozmente.
Charlotte estava perdida. As mãos dele pareciam estar por todo seu corpo, tateando, beliscando,
apertando e acariciando. Ele espremia sua carne, esfregando seu sexo ao mesmo tempo. Charlotte
gemeu contra sua boca. Ele introduziu um dedo em sua vagina e começou a empurrar dentro e fora.
Quando os quadris dela se compassaram ao ritmo, introduziu outro dedo. A tensão nas vísceras dela foi
subindo, aproximando-se mais e mais a sua liberação. Ela apertou os músculos de sua vagina, segurando
seus dedos, procurando o alívio que lhe prometia.
Unicamente quando ela chegou quase ao limite, Ahmosis interrompeu o beijo e tirou os dedos de
seu interior, guiando-a para a cama. Charlotte foi deitar de barriga para cima, mas ele a deteve. Em vez
disso a fez virar, colocando a de joelhos e com os cotovelos apoiados sobre as esteiras de cano. O coração
dela subiu até sua garganta e conteve o fôlego. As visões do passeio no carro passaram por sua mente,
alimentando sua necessidade.
Durante uns segundos ela permaneceu quieta, seu traseiro levantado no ar para Ahmosis. Então
ela sentiu seu membro esfregando-se contra suas nádegas, duro como o granito, mas ainda assim, suave
como o cetim. Ele não tentou entrar nela, limitou-se a acariciá-la com seu membro, roçando os lábios de
sua feminilidade. Charlotte jogou o traseiro para trás para respirar. Ele riu e segurou seus quadris,
mantendo-a quieta, inclinou-se e depositou um beijo sobre cada nádega. Charlotte tremeu.
Ahmosis se endireitou e depois se inclinou sobre ela.
—Você me torturou durante muito tempo — murmurou contra seu cabelo—. Agora é minha vez.
A excitação vibrava através dela. Podia sentir os mamilos duros como contas de um rosário, até
um ponto doloroso. Sentia seu sexo tão empapado que acreditou que seus sucos não demorariam a
deslizar por suas pernas. E nem por um segundo isso importava a Charlotte, unicamente lhe importava o
enorme membro que sobressaía entre as coxas dele e a atraente voz que fazia vibrar seus sentidos. Seu
clitóris se contraiu quando ele deslizou a glande sobre ele, seu escroto roçando sua perna. Charlotte
mordeu o lábio para não gritar, ou pior ainda, para não suplicar.
Ahmosis colocou a ponta de seu membro junto à entrada de sua feminilidade, seus dedos se
introduziram nela, preparando-a. A torturaria uns minutos mais e logo a devoraria sem compaixão. Ele
afastou os dedos e ela choramingou, abrindo suas pernas mais amplamente.
—Há algo que queira me dizer, meu amor?
Charlotte gemeu.
—Não.
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Lágrimas de Amon
Jordan Summers
Ele colocou os dedos uma vez mais, esta vez utilizando a outra mão para lhe massagear o clitóris.
Charlotte choramingou a ponto de render-se. Ahmosis tirou os dedos e passou um braço ao redor de sua
cintura, elevando-a, balançou-se para frente e para trás, deslizando seu membro pelas dobras de sua
feminilidade. Ela se sacudiu em seu abraço, sua vagina implorava seu membro.
—Por favor — pediu ela.
—Isso é tudo o que queria ouvir — A voz dele era rouca quando a soltou um momento para
agarrar seus quadris uma vez mais e mergulhar nela por trás, marcando-a.
Charlotte gritou quando o orgasmo atravessou seu corpo, pulsando e palpitando enquanto onda
atrás de onda a golpeava. Ela podia ouvir o som que Ahmosis provocava ao entrar e sair de seu interior,
seu pesado escroto golpeava contra sua pele. Seus quadris golpeavam seu traseiro, empurrando-a uma e
outra vez para frente. Charlotte se inclinou para baixo, tomando mais profundamente em seu interior.
Era a vez dele gemer. Ela apertou os músculos ao redor de seu membro, reduzindo a velocidade de seus
movimentos.
—Charlotte, se fizer isso outra vez, irei mais rápido — Sua voz era tensa.
Ela riu, pensou um momento e voltou a apertar. Ahmosis a agarrou com mais força, empurrou
uma vez mais e um grito saiu de seus lábios. Seus quadris continuaram agitando-se. Ela pôde sentir sua
ardente semente derramando-se em suas vísceras, enchendo sua matriz. Por um momento sentiu pânico,
mas então Charlotte compreendeu que se ficasse grávida estaria bem, porque levaria o filho de Ahmosis.
—É uma verdadeira feiticeira, meu amor — Ele inspirou com dificuldade. — E dou graças aos
deuses porque és minha.
Charlotte apoiou a cabeça sobre o leito. Não estava muito segura de que quando se movesse suas
pernas a suportariam. O suor escorreu gotejando por suas costas e seus seios. Os lábios de sua vulva
estavam doloridos e inchados. O quarto cheirava a especiarias e a sexo… seu sexo. O ato do sexo com ele
possuía o aroma mais doce que alguma vez tivesse inalado.
Ahmosis a elevou, colocando-a sobre a cama. Reuniu os enrugados lençóis antes de deitar-se
junto a ela e os cobriu, abraçando Charlotte, apertado contra seu peito.
Capítulo Quatro
29
Lágrimas de Amon
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No dia seguinte, Ahmosis tinha o carro preparado aguardando. Iriam se por a caminho para
Gurob, ao palácio que sua família possuía ali.
A viagem cortava a respiração… férteis campos, o Nilo ao longe. Charlotte fechou os olhos um
momento tentando gravar a imagem em sua mente para toda a eternidade. O ar era limpo e ligeiramente
aromatizado pelas flores.
Ahmosis passou junto a vários templos antigos durante a viagem ao meio do Egito, cada um mais
espetacular que o anterior. Indicou-lhe que muitos deles ainda estavam sendo construídos e que seguiria
assim durante os anos vindouros, já que honrar aos deuses levava seu tempo. Charlotte desejou poder
lhe dizer que esses templos seriam muito valorizados milhares de anos depois.
Chegaram ao palácio algumas horas mais tarde. Ahmosis tinha parado durante o caminho para
saudar as pessoas, tomando seu tempo para entrar nos campos e dar uma mão onde fosse necessário.
Por isso Charlotte pôde comprovar, era muito querido e respeitado por todos, conquistando a todos os
que cruzavam em seu caminho. Não estranhou que fosse capaz de unir todos os reino do Egito. Sua
admiração e amor por ele se faziam mais intensos a cada minuto que passava.
O palácio era menor que sua residência de Tebas, mais caseiro. As árvores do oásis próximo
cresciam esplendorosas, suas folhas grossas e densas forneciam sombra à maior parte da moradia, onde
se cultivava gordas tâmaras nos campos, dando ao ambiente um aroma adocicado de frutas. Erva da cor
das esmeraldas cresciam o suficiente para que Hasani pudesse pastar.
Uma formosa mulher lhes saudou da porta, sua pele era da mesma cor que as amêndoas assadas
e possuía um porte régio que só podia ter sido concedido com o nascimento. Seus olhos tinham o mesmo
fogo negro que os de Ahmosis. Usava uma peruca de ébano perfeitamente trançada e imaculados linhos
brancos cobriam seus escuros mamilos e formas esbeltas. O ciúme passou como um raio por Charlotte e
em seu ventre se formou um nó quando imaginou o Ahmosis afundando seu membro no sexo desta
formosa mulher. Sua cabeça sepultada entre as coxas estendidas da mulher e lambendo suas inchadas
dobras até que ela gritasse. Charlotte apertou suas mãos.
—O rei Kamosis não está aqui. Está visitando seus campos.
Ahmosis saudou com a cabeça, beijou a mulher na bochecha e depois empurrou Charlotte para
frente.
—Tenho o gosto de te apresentar a minha mãe, Ashotep.
A mulher sorriu e se precipitou adiantando-se para abraçá-la, empurrando Ahmosis a um lado. O
desconforto de Charlotte desapareceu imediatamente, substituindo-se pela vergonha. E pensar que ela
tinha pensado em estrangular a mulher. Ashotep tomou as mãos de Charlotte, guiando-a ao interior e a
afastando do ardente sol do meio-dia.
—Ahmosis enviou uma missiva comunicando que sua escolhida tinha chegado, mas não acreditei
até que te vi com meus próprios olhos — disse a mãe dele, sorrindo gratamente.
Charlotte não esteve muito segura de como reagir ante o que acabava de dizer Ashotep. Quando
tinha tido Ahmosis tempo para enviar essa mensagem?
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Lágrimas de Amon
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—Não é todos os dias que um filho traz para casa a sua futura esposa — continuou dizendo
Ashotep, sua voz elevando-se com o entusiasmo.
Ela olhou por cima de seu ombro para Ahmosis, entrecerrando os olhos. Ele levantou suas
sobrancelhas com gesto de inocência.
—É um prazer conhecê-la.
Apertou as mãos da mulher antes de soltar.
Charlotte tentou imaginar sua mãe na mesma situação. Vitória daria a boa vinda entusiasmada ao
Ahmosis como seu futuro genro? Duvidava. Não a menos que chegasse com uma pilha de antigas
relíquias de ouro e, é obvio e as chaves do Egito.
O sorriso de Ashotep se fez mais amplo.
—Comeremos um pouco e depois poderá nos contar tudo sobre ti. Há muito por preparar em tão
pouco tempo.
Charlotte franziu o cenho.
—Deve estar excitada por suas bodas — disse emocionada Ashotep.
No estômago de Charlotte se fez um nó, uma massa de nervos. Realmente poderia continuar com
isso? Desejaria passar toda sua vida com o Ahmosis, sem sentir-se culpada por não haver dito a seus pais
sequer um adeus. Se ao menos pudesse voltar para seu próprio tempo…
A conversa foi bastante animada enquanto jantavam. A mãe de Ahmosis lhe contou histórias dos
problemas que ele tinha ocasionado quando era pequeno. Charlotte o observou por debaixo de suas
pestanas. Não era difícil imaginar um jovem Ahmosis com aqueles grandes olhos negros e cabelo como o
ébano. Provavelmente se livrava dos castigos. Seus filhos seriam cópias exatas dele. Seu coração se
contraiu ante o pensamento do Ahmosis com filhos.
Seria um pai bom, paciente e carinhoso, mas firme. Ela engoliu o pedaço de pão que estava
mastigando e custou passá-lo por sua garganta. Para que pensar nessas coisas. Uma vez que ela partisse,
ele continuaria em frente, encontraria uma noiva egípcia e governaria o Egito. Por lógica Charlotte sabia
que assim era como deveria ocorrer, mas não importava quantas vezes tentasse de convencer-se, ainda
assim não podia imaginar o Ahmosis com outra pessoa, a não ser com ela. Pensar que outra mulher
receberia seus abraços, a destroçava.
Umas horas mais tarde, despediram-se. Ashotep prometeu ajudar com os preparativos do
casamento e assegurou Charlotte que se casava com um homem excepcional. Ninguém tinha que
convencer Charlotte disso. Ahmosis era tudo que alguma vez poderia desejar em um marido. Tinha
sabido desde o primeiro olhar.
Retornaram ao palácio de Tebas enquanto o sol ficava pelo horizonte. Os familiares sons dos lares
flutuavam pelo ar nas ruas, vozes e risadas que se elevavam na noite. O ar das cozinhas se estendia em
qualquer parte.
—No que pensa? — sussurrou Ahmosis perto de sua orelha.
—Penso em que maravilhoso lugar é o Egito e em quão excepcionais são suas gente — Ela sorriu.
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Lágrimas de Amon
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Uma terra que ela mesma tinha ajudado a desenterrar das areias do tempo e que agora se elevava
orgulhosa como uma sentinela montando guarda ante as portas do paraíso. Se ao final acabasse
retornando ao seu tempo, ninguém acreditaria se contasse… certamente seus pais não acreditariam.
Charlotte sabia sem dúvida nenhuma que nunca seria capaz de dizer uma palavra sem medo a ser
encerrada sob chave.
Essa noite Ahmosis foi especialmente romântico, em sua maneira de fazer amor. Lubrificou seu
corpo com azeite perfumado de mirra, vertendo de uma vasilha gasta de Síria. Suas mãos eram suaves
enquanto estendia o líquido sobre seus ombros e por seus braços, evitando cuidadosamente seus
mamilos e seu sensível clitóris. Esfregou o azeite sobre suas pernas e nádegas, as amassando com firmeza
para depois subir por suas costas. Ahmosis esfregou até que o último de seus nós de tensão
desaparecesse.
Ela virtualmente rebolava ante a necessidade de que as palmas dele entrassem finalmente em
contato com seus mamilos. Ele roçou com as pontas de seus polegares sobre os bicos e estes ficaram
rígidos de desejo. A respiração dela se tornou mais difícil. Ele continuou brincando com seus seios plenos,
massageando-os e lhes dando forma.
A feminilidade de Charlotte se empapou e ela gemeu. Moveu-se para aliviar a sensação, mas isso
só acrescentou mais fricção. Quando Ahmosis se inclinou e passou sua língua sobre os bicos, ela quase
chegou ao clímax.
Ele chupou um mamilo, puxando com os lábios e depois com os dentes. Quando ela acreditava
que não poderia agüentar mais, Ahmosis se moveu para dedicar-se ao outro mamilo. Lambeu
avidamente, lhe dando ligeiros golpezinhos com a língua, capturando-o uma e outra vez como se essa
fosse a última vez que estariam juntos. Ela gemeu. Ele a empurrou para a cama sem romper o contato.
Seus mamilos estavam inchados quando ele a deixou sobre o bordo da superfície de cano.
A respiração do Charlotte se fez ainda mais agitada. Seus peitos palpitavam e zumbiam como se o
calor avançasse a toda velocidade por sua pele azeitada, centrando-se na união de suas coxas estendidas.
Ahmosis caiu de joelhos ante ela, depois passou as mãos por debaixo de seu corpo e a puxou para frente
até que sua vagina esteve ao mesmo nível que a boca dele. Ele a olhou por entre suas longas pestanas e
sorriu. O gesto era totalmente carnal, dizendo a Charlotte sem palavras que estava a ponto de comê-la
viva. Seu clitóris palpitou.
Ahmosis se inclinou para frente e inalou.
—Seu aroma me torna selvagem. Sinto-me como um animal quando está perto.
Os fluxos dela gotejaram dos suaves cachos que havia entre as pernas separadas, o convidando a
beber profundamente. Ela cheirava a almíscar e excitação, o azeite de mirra só tinha acrescentado mais
encanto, mordeu o lábio quando ele aproximou mais a cabeça e soprou brandamente em sua carne
acalorada. Charlotte tremia, seus mamilos se sobressaíam como uma fruta amadurecida pronta para ser
colhida. Ahmosis levantou uma de suas pernas e a colocou sobre seu ombro, logo repetiu a ação com a
outra, inclinando o sexo dela para seu rosto.
—Sabe quanto desejo te saborear e te tocar? — grunhiu ele do fundo de sua garganta. — É tão
formosa, surpreende-me que Rá não tenha vindo te reclamar para ele.
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Ele sorriu outra vez, deixando Charlotte ver o fogo que ela tinha acendido em seu interior, a
paixão que o queimava sem cessar, a necessidade gritava desde seu membro e o amor que sentia em seu
coração. Ela era sua e ele dela. Assim era como deveria ser.
Ahmosis se inclinou para frente, golpeando com sua língua as inchadas dobras. Charlotte se
estremeceu e fechou os olhos. Ele podia sentir a tensão de seu corpo, o desespero subjacente, e o total
desejo oculto em suas profundezas.
—O alimento nunca será igual deste dia em diante. Já que nunca poderá comparar-se com a
ambrósia entre suas coxas.
Ele a lambeu outra vez, rodeando sua quente vagina úmida, brincando com a língua. A sensível
carne dela respondeu umedecendo-se e inchando-se mais. Ahmosis, intoxicado por seu aroma,
cambaleou embriagado por sua resposta, mergulhou de novo, desentupindo a jóia escondida que jazia
em baixo suas quentes dobras.
As unhas dela se cravaram em seus ombros quando ele chupou introduzindo o broto na boca e
mordiscando-o brandamente com os dentes. Ela ofegou incapaz de tomar fôlego.
—Ahmosis… — gemeu.
Ele rodeou seus clitóris com a língua, deslizando de lá para cá imitando uma serpente. Foi tudo o
que necessitou para levá-la ao limite.
—Deusss…
Sua vagina jorrou, molhando o queixo dele, que continuou chupando e lambendo, recolhendo até
a última gota de sua liberação.
Charlotte jogou a cabeça para trás e gritou. Seu corpo se convulsionou quando o orgasmo se
abateu sobre ela. O rosto dele seguia sepultado entre suas pernas, devorando-a. Ela não podia controlar
os estremecimentos que atormentavam seu corpo. Sua visão se nublou e piscou para clarear seus
sentidos. Sentia sua pele viva e palpitante enquanto espasmo atrás de espasmo a sacudiam.
Permaneceu arremessada sobre o leito aguardando que sua respiração voltasse à normalidade.
Ahmosis permaneceu entre suas pernas, depositando suaves beijos sobre suas coxas. Charlotte levou
vários minutos para poder formar uma oração coerente. Quando pôde, endireitou-se, apoiando-se sobre
os cotovelos e o olhou com ousadia.
—Minha vez — ronronou ela, lambendo os lábios. O puxou até o ter recostado a seu lado sobre o
leito.
Ahmosis ficou deitado de barriga para cima, com os braços cobrindo seus olhos. Seu membro o
suficientemente duro para moldar o ouro. Não acreditava que jamais pudesse se cansar de se alimentar
do poço inesgotável de Charlotte. Ela era uma ambrósia, mais doce que os vinhos mais finos do Egito e
mais apreciada que todo seu ouro e pedras preciosas reunidas. Seu sabor fervia a fogo lento em sua boca,
tentando seu apetite. A respiração dela finalmente se reduziu a um ronrono de satisfação. Ahmosis era
feliz pelo fato de que tinha sido capaz de agradá-la como nenhum outro.
Sorriu amplamente e estava a ponto de voltar-se para dizer-lhe quando sentiu a suavidade de seus
lábios sobre a ponta de seu membro. O ar pareceu congelar-se em seus pulmões. Incapaz de ofegar ou
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falar esperou. Seu contato foi lento a princípio, uma lambida rápida seguido de uma chupada suave.
Ahmosis se manteve quieto como se estivesse morto, obrigando-se a conter-se de empurrar. Quando
finalmente foi capaz de tomar um pouco de ar, este saiu como um gemido estrangulado.
—Gosta assim? — A voz dela tremia ao falar tão perto de sua glande.
Ahmosis abriu seus olhos e a olhou.
—Parece como se mil diminutas mariposas tivessem posado sobre meu sexo.
Charlotte lambeu um dos testículos até em cima e outra vez para baixo.
—Você gosta quando te chupo?
Ahmosis gemeu.
—Não faz nem idéia.
Ela o tomou em sua boca e começou a chupar. Os músculos dele se apertaram e ele apertou os
lençóis. Ela formou redemoinhos de sua língua sobre a sensível glande e depois a deslizou ao redor de
toda sua longitude. A pressão de sua boca aumentou, coincidindo com a pressão que havia no interior
dele. Ele sentiu seu escroto esticar-se, preparado para a liberação. Os dedos dela rodearam a base de seu
membro e começou a movê-los ao mesmo ritmo que a boca. A combinação da umidade de sua boca com
a suavidade sedosa de sua pele foi muito para ele.
—Deve para — disse ele com os dentes fortemente apertados.
Ela negou com a cabeça sem deixar livre sua presa, aumentando a velocidade em cada um de seus
movimentos.
—Não posso me conter.
Ele ofegou, os músculos em seu abdômen se contraíram.
—Mmm — ronronou ela em seu membro.
Ahmosis quase caiu da cama. Agarrou seu sedoso cabelo, ao tempo que empurrava em sua
abrasadora boca. O candente calor combinado com a pressão ao chupar enviou descargas por todo seu
corpo. Ele sacudiu e empurrou uma vez mais, descarregando sua semente diretamente em sua boca e sua
garganta. Charlotte não tentou afastar-se, saboreando toda sua essência. Ahmosis tremia e se
estremecia, ficando finalmente exausto.
Puxou Charlotte para colocá-la a seu lado.
—É assombrosa.
Ela se ruborizou.
—Pensa isso de verdade?
Ele retirou uma mecha de seu cabelo de seu rosto e a beijou.
—E claro que sim.
34
Lágrimas de Amon
Jordan Summers
Os dias passaram rapidamente, até a chegada do festival de Opet, no qual o faraó renasceria. A
celebração também assinalaria a volta de Sopdet, uma brilhante estrela no horizonte, marcando o Ano
Novo egípcio.
O dia do casamento de Charlotte tinha chegado. Estava tão profundamente apaixonada, que tinha
decidido que se ainda tinha a oportunidade de retornar a seu próprio tempo, não tomaria. Sua vida, seu
coração e sua futura felicidade estavam ali com Ahmosis.
Que logo ia ser seu marido e tinha estado entregando presentes simbólicos cada dia desde que ela
tinha chegado ali. Seus abundantes presentes, assim como seu amor, eram intermináveis. Ahmosis não
pedia nada em troca. Ainda assim Charlotte não podia aplacar a culpa que sentia por sua incapacidade de
dar de presente algo a ele. Ela sabia que o ato de dar presentes fazia parte da grande cerimônia de união.
Ela passou suas mãos sobre as Lágrimas do Amón e um calafrio a atravessou. Desprezou rapidamente a
sensação atribuindo-a aos nervos prévios às bodas.
A cidade de Tebas estava abarrotada pelo festival. As preparações tinham começado a princípios
da semana e culminavam agora. Essa noite, o povo do Egito se amontoaria no templo do Karnak, tirariam
as estátuas do Amón, sua esposa Mut e seu filho Khonsu em barcos sagradas. Depois seriam levados em
procissão ao longo da rota que limitava com a esfinge que unia o Karnak com o Luxor. Os adoradores
acreditavam que no templo do Luxor, no santuário interior, Amón se uniria ritualmente com a mãe de
Ahmosis de maneira que ela pudesse dar a luz outra vez a um K real.
Quando a cerimônia acabasse o Rei Kamosis entraria no santuário, fundindo-se com seu “recém-
nascido” K. Ele reapareceria mais tarde, coberto de poder divino, como filho de Amón-Rá. O rei Kamosis
receberia então às massas. Os bailarinos atuariam e se fariam grandes oferecimentos de carne e se
cozeria o pão. Uma vez apresentado e por último desfrutado pelos deuses, esta generosidade seria
distribuída ao povo.
Charlotte estava muito excitada pela celebração, mas o temor se cravou em seus ossos como uma
âncora, abatendo-a apesar de seu entusiasmo. Ashotep tinha trazido um vestido especial de Gurob para
ela e tinha criado uma peruca elegante para a cabeça de Charlotte. Assegurou-se de que Charlotte
estivesse preciosa e logo a escoltou para o pátio do palácio onde Ahmosis a esperava.
Charlotte conteve o fôlego quando divisou Ahmosis. Tão formoso tão régio. Ele se encontrava de
pé perto de uma figueira com uma pequena coroa de ouro sobre sua peruca. Ahmosis usava uma saia
curta, bordada esquisitamente com pedras preciosas costuradas nela. Um escaravelho de ouro adornava
seu dedo anelar. Suas mãos estavam ao lado de seu corpo. Apesar de seu aspecto depravado, seus
ombros pareciam tensos. Seus olhos procuraram os seus, possessivos, confirmando que ela realmente
estava ali e só então pôde relaxar.
A cerimônia, que foi um equivalente a segurar as mãos e a declaração das intenções por parte de
cada um, acabou em breves minutos. Quando tinham terminado, Charlotte estava enjoada. Não sabia se
era pelo medo ou o regozijo. Já fora uma coisa ou a outra, acabou-se e nada se interporia entre eles.
Charlotte se virou para seu marido e depositou um casto beijo sobre seus lábios.
—Lembre-se sempre disto, eu te amo.
Os dedos dele tremeram quando os levou até seu rosto.
35
Lágrimas de Amon
Jordan Summers
—Agora não tem nada que temer. É um fato.
Charlotte deixou escapar um suspiro de alívio, tentando não fazer caso ao persistente temor que
estava à espreita como uma sombra atrás de sua mente. Pareceu crescer em intensidade, como uma
tormenta no horizonte, movendo-se rapidamente, dizimando tudo em seu caminho. Charlotte tentou
ignorá-lo e sorriu para Ahmosis. Era apenas nervosismo pelas bodas. Finalmente se extinguiriam e ela
poderia esquecer-se deles e desfrutar do festival de Opet essa noite.
Ashotep partiu para preparar-se para sua parte nos rituais. Ahmosis puxou Charlotte até tê-la
entre seus braços e a beijou profundamente.
—Agora é minha, minha e ninguém pode te levar — sussurrou ele contra seus lábios, balançando
a de um lado para outro. Finalmente apoiou sua cabeça sobre a dela.
Charlotte podia sentir a tensão em seus músculos.
—Você também sente, não é mesmo?
Seus músculos se esticaram, abraçando-a com força.
—Não sinto nada mais que felicidade neste dia.
Apesar de suas palavras de segurança, Charlotte sentiu que ele parecia pouco disposto a soltá-la.
36
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  • 1. Lágrimas de Amon Jordan Summers Jordan Summers Charlotte Witherspoon está apaixonada… por um retrato. Quando um giro do destino a faz voltar no tempo e ela se encontra cara a cara com o homem que possui seu coração, escolherá ficar e aceitar a promessa de paixão que brilha em seus olhos ou 1
  • 2. Lágrimas de Amon Jordan Summers retornar a seu próprio tempo? E o que acontece quando os passos do destino decidem por ela? Disponibilização: PRT Revisora: Elisonete Revisão Final: Rafaela Regis Formatação: Dyllan Logo/ Arte: Iara Projeto Revisoras Traduções Livro revisado da Lista Global da qual fazem parte os seguintes grupos: 2
  • 3. Lágrimas de Amon Jordan Summers Capítulo Um Egito, 1925 —Se apresse Charlotte. Não vá tão devagar — Na voz de Vitória Witherspoon ressonou a frustração que a fazia chiar. —Já vou, mãe — respondeu Charlotte Witherspoon, apurando o passo, esperando assim evitar a ira de sua mãe. Charlotte fechou os olhos e apertou os dentes enquanto ocultava seu desgosto. Era a mesma ladainha que sempre tinha escutado, com pouca variação, cada dia desde que tinha lembrança. Vitória, meditou, escavava continuamente seu amor próprio até que a fazia em pedacinhos. Incapaz de suportar a dor, Charlotte bloqueou a ferida em seu interior. Não tinha nenhum sentido estender-se nela. Equilibrando sua bolsa em uma mão, Charlotte recolheu a saia para atravessar os escombros caídos que uma vez tinham sido o grande templo de Karnak. Tinha percorrido alguns metros mais quando seu tornozelo se enganchou entre duas rochas e tropeçou, a bolsa saiu voando de suas mãos quando caiu para frente, justo no momento exato em que sua mãe decidiu dar uma olhada para trás. Charlotte sentiu que o calor subia por seu rosto. —Por compaixão, Charlotte, fique de pé como a senhorita elegante que deveria ser — As mãos de sua mãe foram até seus quadris e sacudiu a cabeça com desaprovação. — Quantas vezes devo lhe dizer isso. —Sinto muito, mãe — ficou em pé, sem fazer caso aos escavadores curiosos que a olhavam fixamente. Não é que queria fazer de propósito, quis dizer Charlotte, mas não se atreveu a olhá-los além de sua mente. Só pioraria as coisas com sua mãe, a perfeita Vitória Witherspoon, que nunca fazia nada errado. Os modos de sua mãe eram impecáveis, seu gosto invejável, e não esperava menos de sua única filha, mas infelizmente Charlotte se parecia com seu pai, Henry, um declarado rato de biblioteca ligeiramente imoral. Apesar de ter dezoito anos, um fato que sua mãe se recusava a reconhecer, Vitória tinha uma forma de tratar Charlotte que a fazia sentir-se como uma menina inadequada e frágil. Ela sacudiu as mãos sobre a saia e pegou a bolsa que tinha deixado cair. Charlotte a abriu e fez um inventário rápido do conteúdo. O livro que tinha tomado emprestado da biblioteca em Londres estava ainda ali, com suas escovas. Conteve o fôlego enquanto examinava as páginas, procurando qualquer sinal de rupturas. Soltou um suspiro de alívio. Graças a sua boa qualidade, estavam intactos. Charlotte não queria receber outro sermão sobre o descuido. Havendo-se assegurado de que não tinha perdido nada, fechou a bolsa e voltou a andar. 3
  • 4. Lágrimas de Amon Jordan Summers Seus pais já tinham descido para uma das câmaras deixando Charlotte na entrada respirando o ar antigo. Suas mentes apenas se concentravam em uma coisa quando se encontravam nesse lugar. Provavelmente nem tinham notado a sua falta e esse descuido não era algo novo. Charlotte já estava bem acostumada para considerá-lo nada mais que uma chateação. Em vez de permitir que ficasse em casa, absorta com um bom livro, sua mãe insistia em que devia estar na escavação. Em vez de lhes seguir, ela se voltou para a luz do sol, piscando devido a claridade. Seus pais passariam ali o resto do dia e provavelmente da noite, procurando rastros. Charlotte suspirou, sabendo que deveria segui-los, mas incapaz de fazê-lo. Estava mais interessada em dedicar-se ao livro que tinha na bolsa. Girou e caminhou ao redor das ruínas junto a uma escadaria recém-desobstruída. Montões de areia abraçavam seus contornos, como um gigantesco relógio de areia que tinha sido vertido até o final, tornando-se um esconderijo perfeito. Charlotte se sentou sobre o degrau mais alto e tirou o livro. Quando abriu a capa, um aroma mofado, indicativo de uma tumba velha saiu a baforadas das páginas. Charlotte se apoiou para frente e inalou profundamente, fechando seus olhos durante um segundo pelo prazer. Havia poucas coisas sobre a Terra que chegavam a sua alma como um bom livro. Metodicamente passou as folhas acetinadas até encontrar seu ponto favorito. Os quadros dos faraós que se deslizavam através das frescas águas do Nilo ganhavam vida ante seus olhos, seus brilhantes cortes de bronze contra o branco linho de suas saias bordadas. O olhar dela acariciou as figuras, focando em um homem em particular. Seu peito estava nu e era excepcionalmente amplo para um egípcio. Seus braços apareciam fortes, inchando-se com os músculos. Os olhos pintados de negro com o Kohl do homem pareceram penetrá-la das mesmas páginas, exigindo sua atenção, atraindo-a para mais perto. Charlotte passou seus dedos sobre o retrato. Imediatamente o pêlo de seus braços se arrepiaram. Sabia que era uma tola, mas por qualquer razão não podia deixar de olhá-lo uma e outra vez. Apaixonou- se por este homem aos quinze anos, isso se fosse possível apaixonar-se por um retrato. Até tinha imaginado sua vida junto a ele, como seria se a sustentasse entre seus braços, pressionando seus lábios contra os seus. Seus lábios seriam firmes ou suaves? Úmidos ou secos? Ela sabia que se tivesse mencionado sua teimosia com o retrato, sua mãe lhe recordaria que tinha que descer das nuvens e encontrar um jovem agradável para assentar a cabeça com ele. Isso faria com que esquecesse todas suas fantasias imediatamente. Realmente Charlotte, às vezes me pergunto onde tem a cabeça… Sua mãe não tinha que estar de pé em frente a ela para que Charlotte fosse capaz de ouvir claramente seu tom de censura em sua mente. Charlotte grunhiu. Sabia que não havia muitas possibilidades de conhecer alguém conveniente em umas escavações de Tebas. Todos os homens elegíveis que tinha levado em consideração estavam muito comprometidos em fazer um próximo grande descobrimento para notar que ela estava ali. Não que Charlotte se preocupasse. Não estava interessada em ninguém, apenas no homem dominante do retrato. —Se fosse real — murmurou suspirando, percorrendo com seus dedos a silhueta. 4
  • 5. Lágrimas de Amon Jordan Summers Dirigiu o olhar à data do papiro. O egiptólogo que tinha escrito o livro sugeria que a figura da pintura era o Rei Amasis, mas tinha colocado uma nota explicativa ao lado sobre sua carência de provas eficientes e a incerteza do que o rodeava. —É de pouca ajuda — disse ela à imagem, rindo. Depois de ter lido seu nome, Charlotte sentiu um vago deja vu, mas não pôde entender por que. Quase podia escutar outra vez sua mãe observando-a com desaprovação. Charlotte fechou o livro e o deixou de lado, recolhendo uma escova em seu lugar. Era hora de trabalhar. Ao menos assim, se sua mãe aparecesse, aparentaria estar ocupada. O ar ao seu redor estava quente e opressivo, enquanto tirava o pó que cobriam as ruínas meio expostas com uma sacudida da escova em sua mão. Tinham passado três anos desde que o Sr. Carter e Lorde Carnarvon tinham vindo a conhecer o achado do século, a tumba de Tutankamon. Ela tinha sido relegada a esta pequena área de Karnak com seus pais, os exploradores menos conhecidos que lutavam só por uma coisa: a preservação da história egípcia. Enquanto isso os verdadeiros egiptólogos eram livres para investigar no Vale dos Reis. Ela ficou em pé, deixando a escova a um lado. Isto não era um concurso. Seus pais já estavam ali tanto tempo como Howard Carter, inclusive mais. Deveriam ter sido eles os que tropeçassem com um grande descobrimento como o de Tutankamon. Charlotte suspirou e voltou a trabalhar, aprofundando na areia, guardando como um tesouro esses pensamentos dentro de sua mente. Após ter feito três varridos sua mão tocou algo duro sob a areia. Conteve o fôlego e o coração começou a pulsar desordenadamente em seu peito. Concentrou o olhar enquanto sua mão ficava imóvel contra o objeto oculto. Com os dedos tremendo, Charlotte limpou a área com cuidado. Os sons ao redor dela deixaram de ouvir-se enquanto desenterrava uma pequena caixinha de madeira. A primeira vista, não parecia grande coisa. Possivelmente um brinquedo esquecido por um menino, ou um instrumento da equipe de um trabalhador, enterrado há muito na areia implacável. Inspecionando-a mais de perto, Charlotte mudou de opinião. Inclinou-se para trás e passou o olhar pelo monte de areia a fim de assegurar-se de que nenhum dos escavadores próximos tinha notado sua descoberta. Todos os olhos estavam postos nas tarefas que levavam a cabo, trabalhando ritmicamente com picos e pás. Charlotte ficou de pé, limpando o pó de suas mãos. Deslizou o objeto na bolsa junto a sua escova e o livro, e se dirigiu para o lago sagrado de Karnak. A área tinha ficado abandonada na manhã anterior. Poderia examinar seu achado antes de informar a seus pais. Possivelmente fosse bastante importante para que eles merecessem um reconhecimento e assim conseguir que lhes atribuíssem uma área mais prestigiosa para escavar. Certamente se Charlotte conseguisse isso, sua mãe finalmente a valorizaria e começaria a amá-la. Soltou um suspiro, antes teria que confirmar sua autenticidade ou sua mãe nunca a permitiria esquecer. Passeando pelas pedras caídas, Charlotte rodeou as colunas com o passar do caminho, com seus saltos fazendo ruído sobre as rochas. Olhou fixamente as ruínas por um momento, desejando que fosse possível ver o templo de Karnak em plena glória. O sol, dourado no céu, refletia-se intensamente sobre a água que havia a sua frente, cintilante e radiante. Esse era o ponto perfeito para verificar seu tesouro. Charlotte observou a superfície parecida com um cristal, protegendo seus olhos, para não tropeçar. A 5
  • 6. Lágrimas de Amon Jordan Summers área estava vazia, exceto por um ganso ocasional ou dois que tinham o vale do Nilo por lar. Encontrou um lugar limpo perto da beira da água e se sentou. O suor gotejou por seu pescoço e desceu por sua blusa branca. Seus olhos procuraram de novo a promessa da fria água. O tranqüilo líquido tentador em sua calma chamava-a. Charlotte parou. Não podia nadar no lago sagrado. Proibiam isso. Além disso, provavelmente estava repleto de crocodilos. Tirou um lenço de sua manga e enxugou a testa. Separou o linho branco com uma mancha de sujeira nele. Charlotte grunhiu. Nada se mantinha limpo no meio do deserto. Guardou o lenço agora manchado em sua manga e tirou a caixa de madeira e sua escova da bolsa. A caixa não era maior que uma fatia fina de pão. Tirou com cuidado a areia que a cobria. O selo estava gasto, mas ainda claramente visível em incrustações de ouro. Charlotte o observou fixamente, maravilhada, girando a caixa de um lado a outro, estudando o artesanato. Sentia a madeira áspera contra seus dedos, por culpa do duro tratamento da areia. Procurou uma abertura, mas não parecia existir. Com certeza não tinha pertencido a um plebeu. Teria caído durante a fuga do ladrão? Não seria a primeira vez que se encontravam artefatos desprezados na areia como lixo. Ela sacudiu a cabeça com repugnância. Recolheu sua escova e se dispôs a tirar os últimos restos de areia até ser capaz de ler a inscrição. Seus olhos se abriram quando as palavras sobre a caixa cobraram vida em sua mente: Pelas areias do tempo Pelo fôlego do faraó Quando as águas se elevem do mais profundo Então os véus desaparecerão Para dois mundos ver Um amor destinado que outra vez deve ser Ele olhará a quem leva as Lágrimas de Amón Continuará governando os reinos do Egito Charlotte quase deixou a caixa cair, quando leu as últimas palavras. Não soava como uma maldição, mas definitivamente parecia sinistro. Deixou a caixa para tomar fôlego. Quem havia escrito e o que eram as Lágrimas de Amón? Nunca tinha escutado nada sobre elas, apesar de que seus pais se encarregaram de lhe ensinar tudo sobre as lendas e os faraós que existiram nos tempos antigos. Tinham-lhe ensinado tudo sobre o povo egípcio, inclusive era capaz de ler e escrever em hierático, demótico e hieróglifos. Charlotte também falava árabe, copto e até um pouco de egípcio antigo, embora não estivesse muito segura de que sua pronúncia nestes dois últimos idiomas fosse correta, já que estavam virtualmente extintos durante mais de mil anos. Recolheu a caixa outra vez para continuar examinando-a, as palavras inscritas sobre a tampa flutuavam em sua mente como uma aparição. Essa presença, uma voz fantasmagórica do passado, falava-lhe. Seus pais a tinham advertido sobre maldições, embora não acreditassem nelas pessoalmente. Charlotte não estava tão segura. Howard Carter tinha perdido vários homens dos que tinham aberto a 6
  • 7. Lágrimas de Amon Jordan Summers tumba do Tutankamon. Os sussurros de uma maldição se estenderam como um pavio de pólvora por todos os acampamentos. Charlotte tremeu ao pensar nisso. Ouviu um chapinho quando algo golpeou a água. Charlotte deu um salto, levando automaticamente sua mão ao coração, antes de descobrir o culpado. Um pato nadava ao redor do centro do lago, indiferente a sua presença, grasnando. Ela riu, o som saiu nervoso, até para os seus próprios ouvidos. Por que estaria tão nervosa? Não era como se tivesse feito algo errado. O suor lhe escorria pela pele. Decidiu aproximar-se da borda da água para molhar seu lenço, ia depositar a caixa no chão quando um fecho que não tinha notado antes se abriu. Um colar de ouro caiu sobre a terra com um som surdo. Conteve o fôlego. O sol cintilou sobre o metal precioso, o vermelho brilhando tenuamente sobre as pedras incrustadas em ouro. Formada com lágrimas carmesins como o sangue. Charlotte ofegou ao ver os rubis. Pousou seus dedos sobre as gemas. As Lágrimas do Amón… Charlotte escutou passos e imediatamente recolheu o colar, colocando ao redor do pescoço antes que alguém pudesse descobri-la. Hanif, um dos trabalhadores, saiu de trás de uma coluna, seu corpo levemente úmido pelo suor. Ele a saudou sorrindo, seus brancos dentes cintilaram contra a pele de bronze. O homem se voltou silenciosamente, como se compreendesse que tinha invadido seu espaço. Outra vez ficou sozinha com seus pensamentos e seu precioso tesouro. A cabeça do Charlotte parecia dar voltas. O ouro e as jóias ao redor de seu pescoço eram pesados, duros. O ouro esquentou sua pele, eclipsando o calor do dia. Enjoada, caminhou para a água, tirando o lenço de suave linho de sua manga, ajoelhou-se perto da borda para molhá-lo no líquido. Incapaz de alcançá-lo, Charlotte se moveu aproximando-se pouco a pouco. Uma rocha perto da borda se esmiuçou, derrubando-a de cabeça no lago sagrado de Karnak. O ar escapou bruscamente de seus pulmões quando bateu na água. O lago estava quente, em calma pela carência de correntes. Enquanto lutava por voltar para a superfície, Charlotte sentiu como se mil mãos a puxassem para baixo, lhe impedindo de buscar o ar necessário. Abriu os olhos. Seus movimentos se acalmaram quando viu como a luz do sol se atenuava e reaparecia uma e outra vez. Certamente sua mente estava lhe pregando peças devido à carência de oxigênio. Piscou, o medo surgiu nela, lhe injetando um empurrão adicional de adrenalina. Charlotte alcançou a superfície, esperneando e tossindo, tentando expulsar a água do Nilo de seus pulmões. Estendendo as mãos se agarrou às ásperas rochas próximas a borda da água. Seu chapéu tinha desaparecido, deixando o castanho cabelo encaracolado caindo até o traseiro. Sua roupa a abraçava como uma segunda pele, passou uma mão sobre o rosto, liberando seus olhos da água. Os gansos grasnaram quando passaram voando por cima dela. Charlotte piscou outra vez enquanto saía do lago o suficiente para sentar sobre uma pedra. Explorou a zona com o cenho franzido. Novamente esfregou os olhos enquanto sua mente lutava por decifrar o que via. As colunas de Karnak estavam alinhadas com intrincadas esculturas na base, não esmiuçadas e desgastadas. Ficou de pé para obter uma melhor visão. As pedras que com cuidado tinha circundado para chegar ao lago sagrado estavam alisadas formando uma passagem de pedestres. Uma parede se elevava por cima na distância marcando a entrada à área do templo. Charlotte beliscou sua mão. 7
  • 8. Lágrimas de Amon Jordan Summers —Ouch! Sua carne ficou rosada ante o contato. Bem, ao menos sabia que não sonhava. Era possível que tivesse se afogado? Deu uma olhada ao lago e viu embarcações sobre o Nilo ao longe. Não se pareciam com os navios utilizados pelos egípcios modernos. Pareciam ser mais largos, mais finos. Pessoas de cabelos escuros, vestidos com linho branco tripulavam os navios, navegando pela água negra. —OH, meu… isto não pode ser… não pode ser possível — murmurou. — Devo ter batido a cabeça com algo — Fechou os olhos, apoiando a cabeça entre suas mãos. Possivelmente se ficasse sentada ali o tempo suficiente, o mundo voltaria a ser normal. — Isto é só um sonho, um pesadelo ruim. Uma tosse de uma das colunas próximas fez com que ela voltasse à realidade. —Hanif, é você? — chamou ela. Não houve nenhuma resposta. —Hanif, estou tendo um dia terrivelmente ruim. Por favor, apareça — Sua voz tremeu. Uma mão bronzeada apareceu ao lado da coluna. Charlotte deixou escapar o fôlego que não sabia que tinha estado contendo e esperou que Hanif se mostrasse. Em vez disso, o homem mais assombroso que já tinha visto, saiu de trás da coluna. Ao redor de seus esbeltos quadris, havia uma aba branca de linho com um bordado na parte superior. O tecido pendurava até seus joelhos, deixando expostas suas bem desenvolvidas panturrilhas. Seus escuros olhos, ligeiramente enviesados, estavam perfilados com o Kohl, como os antigos egípcios representados em esculturas durante milhares de anos. Charlotte franziu o cenho. Ele parecia familiar. Seu peito era amplo e musculoso. Braceletes de ouro com escaravelhos reais azuis se fechavam por cima de seus punhos. Um colar de ouro com a forma de três insetos rodeava sua garganta. Seu cabelo, mais negro que a noite, caía até os ombros e estava trançado. Charlotte reconheceu imediatamente o colar como um sinal de riqueza, por que ele o usava? E quem era? Seu rosto era uma obra de arte, finamente esculpida, com maçãs do rosto altos e lábios cheios, que faziam jogo com um firme queixo. Seus olhos negros eram ardentes, intensos. Tinha o olhar concentrado na abertura da blusa dela. Charlotte observava a ascensão e queda do peito dele, hipnotizada com seu ritmo, quando se tornou atenta ao olhar dele. Baixou a cabeça para descobrir o que o mantinha tão cativado. O branco de sua camisa tinha se tornado transparente por causa da água. As Lágrimas do Amón eram claramente visíveis por debaixo do tecido, igual aos seus rosados mamilos, que nesse momento reagiam ao atento escrutínio dele. Charlotte ofegou e cobriu os peitos com as mãos. O olhar dele se manteve um momento mais sobre seu peito antes de subir para seu rosto. Quando seus olhos se encontraram com os dela, ele sorriu. O simples ato a derreteu por dentro. Era o homem de seu livro. O mesmo homem com o qual ela tinha passado incontáveis horas sofrendo como uma colegial com seu primeiro amor, exceto que agora era real. Isso não era possível, não é mesmo? Tinha o desejado com tanta força, que tinha se tornado realidade? 8
  • 9. Lágrimas de Amon Jordan Summers Charlotte sentiu como o calor começava a subir dos dedos de seus pés, passando ao longo de suas pernas, sobre seus joelhos, concentrando-se entre suas coxas. Se ele era capaz de fazer isto com apenas um olhar, o que aconteceria se a tocasse? O pensamento traidor cruzou sua mente, provocando, com o calor que fez seu rosto corar. Sabia sem a ajuda de um espelho, que estava ruborizada. O homem de seus sonhos deu um passo à frente. Charlotte não tinha notado a lança que levava na outra mão. Ela olhou por cima de seu ombro para a água. Não havia nenhum lugar para onde escapar. Seus olhos se encontraram outra vez. Ele fez uma pausa, franzindo o cenho como se lesse seus pensamentos. Charlotte se obrigou a sorrir, disposta a manter-se tranqüila até entender o que ocorria. De acordo, por que sentir pânico porque o homem de minhas fantasias ganhou vida das páginas de um livro? Isso acontece o tempo todo. Sim, claro, e minha mãe acredita que sou a filha perfeita. O homem continuou caminhando lentamente para ela até ficar a apenas um metro de distância. Os detalhes de sua roupa eram inconfundíveis. Charlotte nunca tinha visto nada parecido à exceção dos achados de Howard Carter e do livro que tinha tomado emprestado da biblioteca. Baixou o olhar para a terra onde tinha deixado sua bolsa antes da queda no lago, mas não estava lá. Charlotte voltou a olhar ao homem que estava a sua frente. Uma mudança do vento lhe trouxe seu aroma picante. A comoção atravessou seu corpo. Seus joelhos se debilitaram quando inalou mais profundamente. Seus sentidos ganharam vida, concentrando sua atenção no homem a sua frente. A união entre suas coxas começou a palpitar. Seus mamilos começaram a doer. Era como se sua mera presença a sacudisse até despertar de um profundo sonho. Charlotte lutou contra o impulso de aproximar-se para inalar mais de sua essência. Tocar sua pele de bronze. Era inclusive, mais bonito do que ela imaginou. O retrato não fazia justiça a esta assombrosa figura. Mas o que estava dizendo? Provavelmente esse homem só se parecia com o da imagem. Era impossível que pudesse ser ele. O nome daquele homem era Amasis e tinha vivido fazia mais de dois mil anos. Charlotte jogou para trás a cabeça, passando os dedos por entre suas mechas molhados. Tinha que haver uma ferida em algum lugar. Rendeu-se depois de um momento, incapaz de localizar alguma ferida. Se não estava ferida, então tinha que averiguar onde ele tinha obtido todos os objetos que cobriam seu corpo. Devia autenticar e depois informar seus pais sobre o achado. Charlotte estava segura de que sua mãe teria uma ou duas coisas a dizer sobre seu aspecto, mas isso não poderia ser evitado. Depois de tudo, não tinha planejado nadar no lago sagrado. Foi um acidente, como todas as outras vezes… Ofereceu a mão a ele. —Sou a senhorita Charlotte Witherspoon. O homem olhou sua mão e logo voltou para seu rosto. Como não fez nenhum outro movimento, Charlotte apertou a mão dele. Sua grande palma envolveu a dela, enviando um delicioso zumbido que lhe percorreu o braço. Os olhos dele se alargaram, mas não a soltou. —Prazer em conhecê-lo — continuou ela, antes de soltar rapidamente. Ainda nada. 9
  • 10. Lágrimas de Amon Jordan Summers Ela soltou um suspiro e passou a mão pelo cabelo. Charlotte não estava segura do motivo de ele não falar nada. As fantasias não falam, disse uma pequena voz em sua mente. Ela afastou o pensamento com um dramalhão da mão. Tinha que concentrar-se, mas era difícil ante a misteriosa semelhança com o retrato. Possivelmente ele recusasse falar porque pensava que o denunciaria por roubo. Charlotte observou o colar que levava. Para ter algo de mais de dois mil anos, mostrava-se notavelmente pouco desgastado. De fato, parecia quase novo, como a reconstrução do templo, o que era impossível. —Como você se chama? —perguntou ela em sua melhor língua egípcia, as palavras tropeçando em seus lábios. As sobrancelhas dele se franziram e logo se elevaram quando finalmente compreendeu. —Meu nome é Ahmosis — respondeu ele apoiando uma mão sobre seu amplo peito. —Ahmosis — repetiu ela, deixando sair o nome através de sua boca. Charlotte tentou ignorar o modo em que sua firme pele se esticava sobre os duros músculos. — Eu gosto — ela sorriu. Ao menos isso respondia a pergunta que se fazia em sua mente. Ele não era o homem do retrato. Seu nome não era comum no Egito, mas não significava necessariamente algo. Familiar, mas não. Ela deixou de pensar nisso, decidindo examiná-lo mais tarde. Charlotte colocou uma mão sobre o peito, seu ereto mamilo ferroando contra sua palma. Surpreendida pela estranha reação de seu corpo à proximidade do homem, ela engoliu e continuou rezando para que ele não tivesse notado. —Sou Charlotte Witherspoon. Ele a olhou fixamente um momento, seu olhar acariciando as rígidas pontas, como se ainda fossem visíveis. A pele dela picava. Então ele procurou outra vez seus olhos, franzindo os lábios para tentar imitar o que ela havia dito. Bom, um tanto para ele por não render-se… Ela se ruborizou quando repetiu seu nome. —Ch-aaarleete — disse ele tentando imitar o som que ela tinha emitido. Charlotte assentiu lhe respirando. —Charlotte. —Ch-Charlotte — disse ele outra vez. —Sim — Ela sorriu. Charlotte olhou por cima do ombro dele para o templo de Karnak, por que não estava em ruínas? Quando a pergunta passou por sua mente outra vez, a cabeça começou a dar voltas. O templo estava completo, nenhuma pedra fora de seu lugar. Não havia nenhuma ruína à vista. Ela realmente tinha pensado que sua queda na água tinha afetado sua percepção, mas ao compreender que Karnak estava ainda inteiro, Charlotte começou a preocupar-se. Vários homens se precipitaram para onde eles se encontravam, levando armas similares, vestidos exatamente como Ahmosis. 10
  • 11. Lágrimas de Amon Jordan Summers Isso era impossível. Não havia maneira alguma de que isto pudesse estar acontecendo. O homem que estava a sua frente não era um sonho. Ela já tinha confirmado. Charlotte negou com a cabeça. Não se encontrava no Egito antigo, não era possível. Ela não podia estar vendo o que via. Ela fixou seu olhar no dele e se balançou. O homem a agarrou entre seus braços. O calor de suas mãos penetrou em sua pele enquanto o mundo se desvanecia na escuridão. Capítulo Dois As pestanas de Charlotte bateram enquanto obrigava a si mesma a abrir os olhos. Sem sentir mais calor, sentiu-se confortável pela primeira vez desde muito tempo. Estirou-se, tentando recordar o ocorrido. Tinha encontrado um colar sentada a beira do lago sagrado em Karnak. Também tinha conversado com o homem mais belo que já tinha visto, e depois tudo ficou escuro. Os olhos dela se abriram de repente. Ele a tinha golpeado? Não, ela não acreditava, não sentia nenhuma dor em sua cabeça. Passeou o olhar ao redor. Encontrava-se no interior de uma espécie de câmara. As tochas se sobressaíam das paredes de cor rosa, iluminando a área. Uma tocha de aspecto cerimonioso pendurava entre duas tochas, seu ouro brilhando com a luz do fogo. Endireitando-se, Charlotte desceu o olhar para seu corpo. Tinham-na deitado sobre um leito construído com tijolos cru, sobre o que tinham colocado várias esteiras de junco e depois a haviam coberto com linho fino. O material era suave contra sua pele. Um aroma de incenso flutuava no ar, seu aroma era relaxante. Ela se virou, permitindo que o tecido escorregasse por seu ombro e sobre o fino pêlo de seu braço como uma sensual carícia. Um leve toque sobre seus mamilos atraiu sua atenção para baixo. Seus olhos se alargaram. Sua roupa não estava lá. Estava nua com as Lágrimas do Amón ao redor de seu pescoço. Seus rosados mamilos apareciam por cima dos cobertores. Confusa, Charlotte pegou os lençóis cobrindo-se e jogou um olhar ao redor do quarto outra vez, assegurando-se de que estava sozinha. Teria sido despida pelo homem parecido como do quadro? Como seria sentir suas grandes mãos sobre seu corpo? Suas palmas seriam ásperas ou suaves? Teria levado 11
  • 12. Lágrimas de Amon Jordan Summers algum tempo detendo-se em seus seios, possivelmente acariciando o triângulo de pêlo entre suas pernas? Ela apertou as coxas para deter a dor que tinha começado. Charlotte tentou sentir-se ultrajada, mas só pôde sentir uma insaciável curiosidade. Deixou-se cair sobre as costas e levantou o olhar ao teto enquanto tentava encontrar sentido para a situação. Umas folhas tinham sido intrincadamente pintadas sobre o teto de tijolo cru dando a impressão de encontrar-se no exterior. As paredes eram lisas e pareciam ser grosas, emprestando frescor ao quarto, a luz dando um brilho dourado. Os detalhes eram familiares, mas diferentes. A única vez que tinha visto algo similar estava em uma escavação e ninguém nesses lugares tinha ocupado as moradias há mais de dois mil anos. Isto, simplesmente, não tinha sentido. Passos descendo pelo corredor foi sua única advertência um momento antes que Ahmosis aparecesse na entrada. Charlotte elevou os cobertores até o queixo, sentindo-se de repente vulnerável e pequena em sua presença. Ele estava tão bonito como antes com sua tez bronzeada beijada pelo sol e seu brilhante sorriso. Sua pele tinha sido azeitada, levando o aroma de mirra. Ele abriu a boca e começou a falar. A ligeira diferença entre esse dialeto e o que ela tinha estudado, tornava difícil entender. Em mais de mil anos ninguém tinha ouvido o egípcio antigo falado em voz alta. E sem importar o que sua mente lhe dizia, Charlotte sabia, além de toda dúvida, que isso era exatamente o que ele estava falando. Durante uns segundos ela se limitou a olhar fixamente maravilhada, escutando as palavras sair de sua boca sedutoramente, sua fantasia feita realidade. Desde suas mais tenras lembranças, Charlotte tinha estado rodeada pelo Egito e as escavações. Seus pais a tinham trazido para sua primeira escavação quando ela mal sabia andar. Tinham lhe falado dos contos do antigo reino e dos grandes governantes e cidades que uma vez tinham existido. O mais íntimo desejo dela tinha sido poder ver as cidades em toda sua glória, exatamente como seus pais haviam descrito. E pelo aspecto que tinham as coisas, tinha se tornado realidade. —Tome cuidado com o que deseja Charlotte Witherspoon — murmurou ela baixo. O homem arqueou uma sobrancelha. —O-onde estou? — Charlotte lutou por falar em seu idioma, pronunciando cada palavra lentamente para assegurar-se de que era compreendida. Seus lábios se franziam enquanto ela envolvia sua língua com o dialeto. Sem haver nunca escutado o egípcio antigo em voz alta era difícil, por não dizer outra coisa. Ele passeou o olhar pelo quarto. —Está em minha casa. —Mas, onde é exatamente isso? — Ela olhou as paredes, depois voltou para rosto dele, mantendo-se o tempo todo coberta. —A grande capital do Egito, Tebas — As mãos dele se apoiaram sobre seus quadris e seu peito pareceu inchar-se com a proclamação. As sobrancelhas de Charlotte se franziram. Tebas não era a capital do Egito, mas ela não ia dizer isso a ele, sobre tudo com tudo o que estava ocorrendo. Não queria saber, mas não tinha outro jeito, a não se perguntar. 12
  • 13. Lágrimas de Amon Jordan Summers —Quem é o líder destas terras? — Os dedos do Charlotte apertaram o tecido contra sua garganta até que seus nódulos ficaram brancos. —O grande Rei Kamosis, meu irmão — respondeu ele, como se ela fosse estúpida. A mente dela se negava a funcionar. O faraó Kamosis governou durante o II Período Intermediário seguido pelo Ahmosis I, quem fundou o Novo Reino. Os olhos dela se fecharam ante isso. Parecia como se não pudesse respirar. Este era o Príncipe Ahmosis, o homem que seria Rei. Ou como os gregos lhe chamaram Amasis, o mesmo homem do retrato de seu livro. Charlotte levou uma mão à cabeça, tentando deter a onda de vertigem que ameaçava afligindo. —Leva as Lágrimas do Amón — Ele apontou o ponto sob o linho onde as jóias se marcavam. Ela abaixou os olhos para o colar em baixo dos cobertores. —Sabe o que isso significa? — perguntou ele, enquanto cruzava os braços sobre o peito. Charlotte não estava do todo segura, mas tendo em conta a inscrição, fazia uma idéia bastante aproximada. Talvez sim fosse uma maldição, depois de tudo, considerando que se viu atirada através do tempo. Com uma velocidade que ela não tinha previsto, Ahmosis fechou a distância entre eles, levantou o cobertor enquanto ela estava perdida em seus pensamentos. —Espera um minuto — Ela tentou voltar a pegar o cobertor, mas a decisão dele era muito firme. Ele deslizou a mão pelo colar. —Significa que quem fixar o olhar sobre as Lágrimas do Amón governará todos os reino do Egito, com o portador a seu lado. Os olhos dela virtualmente saíram das órbitas. —Não diz isso — sussurrou distraída pelo calor das mãos dele. —A última parte eu mesmo adicionei — ele virtualmente ronronava —. Não me preocupa de onde você veio. Nem que fale minha língua de uma maneira estranha. Só que agora está aqui para ser minha qefent. Charlotte parecia não poder concentrar-se. Devia ter entendido errado. Acabava de lhe dizer que desejava seu sexo? Ela piscou, reconstruindo suas palavras, antes de recordar o outro significado da palavra. Certamente não esperava que ela… se convertesse em seu qefent, sua esposa? O olhar dele ardia ao fixar-se em seus mamilos. O corpo dela respondeu, apesar de sua comoção e a necessidade de proteger sua pureza. Com sua mão livre, Ahmosis deixou cair o colar e estendeu a mão lentamente, dando a ela suficiente tempo para afastar-se, até que as pontas de seus dedos entraram em contato com a arrepiada carne dela. Charlotte ofegou e logo inspirou surpreendida ante a resposta de seu corpo ao calor que irradiavam as mãos dele. Nunca ninguém a havia tocado tão intimamente. Crescer em uma escavação a tinha mantido bastante isolada. Se não tivesse “sido pela leitura da história de minha vida” de Casanova, ela seria uma completa ignorante nesses temas. Como muito, tinha experimentado a sensação de um 13
  • 14. Lágrimas de Amon Jordan Summers beijo alguns anos atrás durante seu décimo sexto aniversário. Por sorte para ela, Vitória tinha estado muito ocupada para saber de qualquer um dos dois acontecimentos. Ahmosis acariciou seus mamilos, tirando-a de suas reflexões. Charlotte sabia que deveria afastar a mão dele com um golpe. Mas sua carne tinha começado a estremecer-se, sentindo como se um fogo tivesse sido aceso em baixo da superfície. Além disso, encontrando-se em outra época, coisas como essa não teriam nenhuma conseqüência, não é mesmo? Ele formou círculos com a ponta de seu polegar sobre um dos mamilos, até que ficou duro, rogando por mais. Os seios dela doíam e começavam a palpitar. Ela ardia por ele. Ele beliscou seu mamilo com cuidado e ela gemeu. Sem pensar Charlotte se inclinou para a mão dele, procurando sua abrasadora carícia. Os olhos dele estavam fixos sobre o rosto dela como se avaliasse sua reação. Ela avermelhou da cabeça aos pés. Não importava o quanto tentasse lutar contra si mesma, Charlotte parecia não poder pronunciar as palavras para fazer com que ele parasse. Tinha sonhado com este momento junto a ele durante anos. Tudo parecia tão novo e excitante, mas ainda assim tão correto, como se o tivessem feito mil vezes antes. Seria errado desejar experimentar algo tão formoso com o homem que amava desde os quinze anos? Sua mente se negava a acreditar. Charlotte fixou o olhar em sua boca, querendo mais que tudo no mundo sentir seus lábios sobre os seus. O que ele estava fazendo com as mãos a estava deixando louca. Parecia não poder pensar com claridade, concentrada unicamente em sua insistente massagem. A dor entre suas pernas tinha crescido até converter-se em um inferno e ela não tinha idéia de como aliviar aquilo. Ele soltou o mamilo e os lábios dela se abriram. Ahmosis não vacilou, deitou-se sobre ela e capturou sua boca, em um longo beijo. No corpo dela se acenderam todos seus nervos de uma vez. Não podia respirar. Seu coração palpitava tão alto que provavelmente Ahmosis poderia ouvi-lo. Ele tinha sabor de especiarias e mel, em uma combinação perfeita com todo o masculino. Ele era completamente embriagador e estava a afogando em seu abraço. Não era suficiente, de repente havia muita roupa sobre seu corpo. Ela empurrou o lençol, até que ele deixou cair uma de suas mãos sobre o chão. Charlotte se sentou para encontrar seus lábios. No segundo em que seu corpo nu entrou em contato com o musculoso peito dele, seu mundo se abalou. Ela estava ardendo. Pele sobre pele, seus corpos deslizando-se juntos como se estivessem destinados a isso. Ele aprofundou o beijo, afundando a língua, para depois mergulhar, uma vez que ela não retrocedeu. Os dedos dela se estenderam e agarraram os antebraços dele para evitar cair no abismo. Ele aumentou a pressão sobre sua boca, dominante. Um grunhido escapou do fundo de sua garganta, enquanto as mãos dele deslizavam sobre seus seios e ao redor de sua cintura até que pôde tomar seu traseiro. Charlotte ofegou contra sua boca, seus dedos afundando-se em sua pele. Fundiram-se uma vez mais, o beijo tornando-se feroz. Em segundos ela estava sendo gentilmente empurrada outra vez sobre o leito. Uma vez que esteve recostada, ele interrompeu o beijo e se afastou para tirar a saia curta de linho bordado. Esta escorregou de seu corpo. Os olhos de Charlotte ficaram presos no ereto membro que se sobressaía do berço de cachos de ébano situado entre suas pernas. Era tão grosso como seu punho. 14
  • 15. Lágrimas de Amon Jordan Summers O calor e a umidade se acumularam entre as pernas dela. A seus pulmões custava respirar enquanto ele se aproximava lentamente do leito e se deitava a seu lado. Cada norma que lhe tinham ensinado sobre a etiqueta apropriada para as jovens damas voou pela janela quando Ahmosis tocou seu mamilo outra vez. A boca dele baixou sobre seu seio e seu mamilo floresceu como uma flor que estivesse um longo tempo em estado latente. Ele sugou e lambeu, provocando que o broto florescesse. Charlotte gritou, levantando seus quadris em um mudo convite. Seus sentidos estavam sobrecarregados e parecia não poder suportar tudo o que estava acontecendo. Ela desejava este homem mais do que qualquer coisa que já tivesse desejado, ainda assim, realmente não o conhecia, só sabia dele. Ahmosis finalmente fez uma pausa, dando a Charlotte um momento para recompor sua confusa mente. —Não deveríamos estar fazendo isto — disse ela ofegando, enquanto ele passeava um dedo ao longo de seu braço. — Não nos conhecemos um ao outro de verdade. —Temos toda uma vida para chegar a nos conhecer — Seu olhar era decidido enquanto o fixava sobre o rosto dela. — Nosso destino foi escrito faz muito tempo. Não pode ser evitado ou ignorado — Sua profunda voz era rouca enquanto falava. Charlotte tentou concentrar-se em suas palavras, para assim poder sugerir um raciocínio viável. Isto estava errado. Estavam equivocados. Ela não devia estar ali, ou sim? Nem sequer deveria estar pensando em ter sexo com este homem. É tudo o que alguma vez havia sonhado, o arbitrário pensamento penetrou em sua mente. Cedo ou tarde teria que voltar para seu próprio tempo. Provavelmente seus pais estariam doentes de preocupação. Se sequer tivessem notado sua ausência, sussurrou a vozinha em sua cabeça. Por que não desfrutar do tempo que passe aqui? Inclusive enquanto esses pensamentos cruzavam sua mente, as mãos dele começavam a lhe fazer coisas estranhas a sua capacidade de discernir. Acariciava-lhe ligeiramente a pele, deixando arrepiada. Sua respiração ficou mais profunda até que harmonizou com a dela, acalmando, tranqüilizando. O olhar dela encontrou seus olhos negros. Eram como lava líquida, brilhantes, fogosos e fervendo de intensidade. A temperatura no quarto pareceu elevar-se por segundos. Charlotte se sentia febril necessitada. Seu sexo dolorido. Ahmosis lhe dedicou um sorriso de entendimento e depois baixou a cabeça sobre o outro seio que não havia tocado antes. As pálpebras dela se fecharam, cores explorando atrás deles. Todo pensamento de negar-se e de voltar para seu próprio tempo abandonou sua cabeça. Seu corpo era dele para que tomasse. Deixou que ele explorasse livremente. Ahmosis registrou todas as curvas ocultas de Charlotte. Parecia que não tinha suficiente da bela visão que tinha surgido do lago sagrado. Sabia que não devia questionar os deuses a respeito de sua sabedoria. Ela chegou levando as Lágrimas do Amón e isso era tudo que ele precisava saber. Seguiria seu destino tal como foi escrito nas estrelas e uniria os reino do Egito de novo. Acariciou seus mamilos, a rosada pele tão suave como as pétalas de uma flor. Seus dedos tremeram enquanto se detinham sobre as suaves curva de seus seios. Ahmosis baixou entre o vale, arrastando o dedo para seu umbigo. Rodeou a sensível zona várias vezes, antes de seguir o mesmo caminho com sua boca. Ela conteve o fôlego enquanto ele deixava cair diminutos beijos sobre sua pele. 15
  • 16. Lágrimas de Amon Jordan Summers Ahmosis sentiu sua inexperiência e reduziu sua exploração. Desejava tomar seu tempo para saborear este presente, para render comemoração a sua beleza. Elogiados sejam os deuses. Os quadris de Charlotte corcovearam enquanto ele passeava a mão ao longo de sua perna, arrastando as unhas sobre sua coxa. O olhou por entre suas pestanas, seguindo sua exploração. Ahmosis se maravilhou do contraste entre a brancura da pele dela e o bronzeado de suas próprias mãos. O azeite do corpo dele facilitava o deslizar de suas mãos enquanto seguia seu caminho sobre sua carne, embriagado. Ahmosis se deslizou para baixo até que sua cabeça esteve situada sobre sua feminilidade. O doce aroma da excitação dela flutuava no ar, misturado com a mirra na pele dele e o incenso. Ele inalou profundamente, afundando um dedo em sua umidade. Ela ofegou. Seus olhos se abriram de repente, ficando fixos em seus exploradores dedos. —Tanta beleza — murmurou ele — É mais bela que as flores que crescem com o passar do Nilo — Deslizou o dedo na boca — E muito mais doce. Charlotte se ruborizou. Ahmosis afundou seu dedo de novo, esta vez conectando-se com o molho de nervos escondidos sobre suas dobras. Charlotte acreditou que cairia da cama, seu corpo respondia de forma que para ela eram desconhecidos. Tinha o entristecedor impulso de agarrar-se a algo, só assim não se romperia em um milhão de pedaços. Ahmosis abaixou a cabeça e lambeu o mesmo ponto que acabava de tocar. Charlotte ofegou. —O que está fazendo? —Te amando… O mundo dela se reduziu a insistente boca dele. Nada mais importava ou existia. Ahmosis se moveu outra vez até que seu corpo esteve colocado entre as coxas dela. Mergulhou entre suas pernas, lambendo e empurrando seus clitóris com a língua. Charlotte podia sentir a tensão crescendo dentro dela, ficando mais e mais aguda, como se fosse aproximando-se do fio de uma navalha. Seus quadris se moviam por vontade própria, tentando fazer jogo com a sondagem dele. Charlotte segurou a cabeça dele, afundando os dedos em seu cabelo de ébano enquanto o sexo lhe pulsava com a necessidade. Pareceu ser todo o estímulo que Ahmosis necessitava. Ele acelerou sua carícia, chupando seu centro de mulher, afundando-se em sua molhada vagem. O sangue palpitava tão forte nos ouvidos dela que logo que podia ouvir. —Por favor — rogou ela, insegura do que estava pedindo exatamente. Ela fechou os olhos ante a sensação. Empurrou seus quadris contra a boca dele, querendo, necessitando e desejando algo mais. Ahmosis tomou seus clitóris entre os dentes e ronronou, fazendo vibrar a sensível carne, até que uma presa pareceu arrebentar dentro dela. Charlotte gritou outra vez enquanto caía ao precipício e ao desconhecido. Seu corpo se estremeceu dos pés a cabeça, suas pernas tremiam ao redor da cabeça dele. Charlotte parecia não poder deixar de apertar, enquanto as contrações de prazer a atravessava. 16
  • 17. Lágrimas de Amon Jordan Summers Quando Charlotte abriu por fim os olhos e pôde enfocar, levantou o olhar para o rosto sorridente do Ahmosis. Seu sorriso zombador dizia tudo. Estava mais que feliz com sua reação. Na realidade resplandecia. No instante em que Charlotte recordou exatamente o que lhe tinha permitido fazer, abaixou o olhar. Não acreditava ser capaz de voltar a olhar para ele nunca mais. Ele a tinha beijado e ela se transformou em uma verdadeira lasciva entre seus braços, apertando seu sexo contra seu rosto como uma cadela no cio. O que ele devia pensar dela? Como se lesse seus pensamentos, Ahmosis se endireitou, até que seus quadris estiveram acomodados entre as dela. O olhar dela se elevou, encontrando seus olhos. Ela podia sentir a dura evidência de sua excitação, cravada em seu suave ventre. Ele a manteve cativa como se para obrigá-la a reconhecer à mulher em que estava a ponto de se transformar. —Não estou tão segura de poder fazer isto — sussurrou ela. Ele sorriu de novo, seu membro empurrando contra sua pele. —Fomos feitos para isto desde o começo dos tempos, minha preciosa jóia. Confia no que deve ser. Ahmosis moveu os quadris até que seu membro descansou pronto em sua entrada. Tomou cada fibra de seu ser em empurrar para frente e tomar o que era merecidamente dele. Desejava que Charlotte continuasse esta viagem com ele. Deslizou uma mão entre ambos os corpos e começou a esfregar a glande sobre suas dobras escorregadias. Ela inspirou profundamente e logo mordeu o lábio. Ahmosis permitiu que a glande se deslizasse em sua feminilidade… era como o paraíso, apertado, quente e OH… tão prazeroso. Os olhos dela se abriram com surpresa, mas não mostraram medo. Esse fato o fez sentir-se mais orgulhoso do que deveria ser. —Isto doerá, mas apenas por um momento, meu amor — murmurou ele contra sua bochecha enquanto beijava seu rosto. Ahmosis deslizou o membro uns centímetros mais, até que encontrou a magra barreira. Sua aveludada feminilidade ardia enquanto agarrava sua longitude, levando-o mais profundamente dentro dela. Não havia nenhum modo de fazer mais fácil esta primeira união. Ahmosis se inclinou, tomando um mamilo com a boca e se impulsionou para frente ao mesmo tempo. Um ofego cheio de dor escapou dos lábios dela, mas ele continuou abraçando-a, lambendo seu mamilo com doçura. Manteve seu corpo totalmente quieto, os músculos de suas costas e nádegas em tensão, lutando contra o impulso de procurar sua culminação. Charlotte não podia respirar. A dor… a dor que havia sentido fazia uns momentos estava se diluindo e transformando-se em algo mais. Sentia-se completa, e incapaz de mover-se. Ahmosis estava dentro dela, rodeando-a, dominando-a com sua presença. Antes disto, não teria acreditado que esta união fosse possível, mas agora seu corpo estava ajustando-se, aceitando e dando as boas vindas a seu membro como se lhe pertencesse. Lentamente ele liberou seu mamilo. Justo quando Charlotte pensou que as sensações cessariam, ele se moveu um suave impulso a princípio, provando-a. Ela ofegou, mas em lugar de dor, só sentiu prazer. Seus mamilos se arrepiaram com o toque do peito forte, quando ele se elevou apoiando-se sobre os cotovelos. O pequeno movimento o introduziu mais profundamente dentro dela, empurrando sua matriz. As entranhas dela se umedeceram de novo, acomodando-se a seu tamanho. 17
  • 18. Lágrimas de Amon Jordan Summers —Está tudo bem? — perguntou ele, pequenas linhas enrugavam seu rosto enquanto a preocupação desfigurava sua testa. —Estou bem. Sinto-me… Ele empurrou outra vez. E a paixão explodiu dentro dela. —Maravilhosa — A palavra saiu em um suspiro. Ele sorriu enquanto aumentava a velocidade. Seu membro aprofundou seu ritmo elevando-a e transportando-a sobre uma onda de desejo. Ele se balançou para os lados, massageando um ponto dentro dela que era quase tão sensível como o pequeno broto do exterior. Charlotte se permitiu perder- se na sensação. Os quadris dele corcoveavam e se elevavam, entrando e saindo mais e mais rápido. As pálpebras dela começaram a fechar-se. —Não — gritou ele — Quero que me olhe quando chegar outra vez ao êxtase - Os músculos em seu pescoço se esticaram. — Quero que saiba quem será seu rei. Charlotte abriu a boca. Não estava segura se estava a ponto de protestar ou assentir. Ahmosis aproveitou esse momento para afundar sua língua no interior de sua boca, rodeando e brincando com a dela. A agora familiar sensação palpitante começou lentamente em seu ventre. O abraço dela se apertou. Ahmosis a penetrou profundamente uma e outra vez, enfocando seu esforço no mesmo centro dela. Foi tudo o que necessitou para lançar Charlotte a outro orgasmo. Ela se contraiu e gritou todos seus músculos esticando-se de uma vez, sua vagina apertando seu membro. No segundo que sua vagina o apertou tudo acabou para ele e sua semente começou a derramar de seu corpo. A resposta desenfreada a o enviou ao esquecimento. Seus quadris seguiram movendo-se enquanto a última parte de sua essência se esvaziava no núcleo que logo conteria a nova vida. Este maravilhoso presente dos deuses era dele, todo dele e ele não tinha nenhuma intenção de deixá-la ir nunca. Sem pensar duas vezes, Ahmosis decidiu que se casariam antes da celebração de Opet. Charlotte se transformaria em sua princesa e com o tempo, em sua rainha. Charlotte estava vendo estrelas no formoso rosto em cima dela. Ele era tudo o que alguma vez tinha imaginado de um amante e muito mais. Sua paixão tinha sido ilimitada. Ainda estavam unidos, mas o fato já não a envergonhava só a enchia de alegria. Seu coração se acelerou quando o sentiu palpitar em seu interior. Este homem, este príncipe, a desejava, Charlotte Witherspoon, a mulher que se apaixonou por um retrato, quando poderia ter tido qualquer mulher do reino. A idéia era estimulante. Esticou-se e colocou uma acetinada trança sobre o ombro, para poder ver o rosto dele com claridade. Ele sorria amplamente olhando-a, com a posse brilhando em seus olhos. Uma adorável curva se formou nos lábios dela. —Porque esta sorrindo? — O sorriso dele alcançou seus olhos. Ele passou um dedo pelo rosto dela. —Só pensava em quão afortunada sou de ter encontrado alguém como você para ser meu primeiro amante. —– disse ela 18
  • 19. Lágrimas de Amon Jordan Summers A expressão dele se obscureceu, nuvens de tormenta encheram seus olhos. Charlotte deixou cair à mão. —Eu disse alguma coisa errada? —Não terá nenhum outro amante de agora em diante. Entregou-se a mim, plantei a minha semente. Parece — Saiu de seu interior e se separou de seu corpo. De repente Charlotte se sentiu fria e vazia. Franziu o cenho enquanto tratava de pensar em suas palavras. —Não pode esperar que fique aqui. Não pertenço a este tempo… —Não escutarei mais nada disso — Vestiu sua curta saia apressadamente. — Você será minha esposa. —Esposa! — Charlotte se sentou, lutando com os lençóis ao mesmo tempo. — Não posso ser sua esposa. Devo retornar. Por um momento uma expressão de confusão cruzou o rosto dele e depois tão rápido como chegou, desapareceu. —Oferecerei presentes apropriados, os que correspondem para alguém que logo vai ser rainha. Diga-me a que povo devo enviá-los e assim será. —Rainha? Povo? — Charlotte estava lutando para entender, primeiro sua esposa, depois sua rainha? As peças da inscrição encaixaram em seu lugar como um fecho de ferro. — Ahmosis, aqui houve um terrível engano. As Lágrimas do Amón não são minhas. Ele a olhou fixamente, horrorizado. —Roubaste-as de sua legítima proprietária? A boca dela se abriu de surpresa. —Nunca. O alívio alagou o semblante dele. —Então está decidido. Casaremo-nos em uns dias, bem a tempo para participar do festival de Opet. Ela se limitou a olhar fixamente, insegura sobre que mais dizer. —Voltarei com um pouco de roupa, já que seus objetos anteriores eram… inapropriados — Ahmosis saiu do quarto antes que ela pudesse responder. Charlotte olhou suas costas afastando-se até que desapareceu por uma esquina. Devia lhe explicar, tentar lhe convencer de suspender as bodas. Seu coração se afundou. Não tinha feito bem em se apaixonar por ele, quando ao final teria que deixá-lo. A quem estava tentando enganar? Apaixonara-se por ele anos atrás quando seu nome era Amasis e só era um retrato em uma página. O pensamento de não voltar a vê-lo desgostava Charlotte mais do 19
  • 20. Lágrimas de Amon Jordan Summers que queria admitir. Depois do que havia acontecido hoje, como ia viver sem ele? O pensamento era muito doloroso de considerar. Capítulo Três Charlotte jazia sobre a cama, saciada, aguardando a volta de Ahmosis. Apesar do quanto tinha gostado de estar aqui com ele, experimentando as sortes de fazer amor, tinha que encontrar o modo de deixar seu tempo e voltar para o dela. Se havia uma forma para chegar aqui, tinha que haver uma forma de voltar. Além disso, se terminasse ficando, a história poderia ser irrevogavelmente alterada. A pergunta era… como voltar atrás. 20
  • 21. Lágrimas de Amon Jordan Summers Estava brincando com o ouro que lhe rodeava o pescoço quando Ahmosis voltou. Trazia um delicado tecido de linho, parecido com o que ele mesmo vestia. Também trazia um cofre de madeira, decorado com pedras preciosas e madrepérola, que se dispôs a abrir. Charlotte quase caiu da cama quando viu as jóias e a quantidade de riqueza que lhe mostrou. Só na tumba do Tutankamon existiam jóias como essas. Seu coração deu um pulo quando ele pegou um anel de ouro. Charlotte o olhou fixamente enquanto lhe deslizava o anel no dedo. As lágrimas alagaram seus olhos quando compreendeu que não importava quanto desejasse isto, nunca poderia ser. —Se você não gostar deste, posso conseguir outro — Ele vacilou e depois começou a mexer entre as jóias. Ela secou as lágrimas com o reverso da mão e depois o deteve com um gesto. —Não é isso. O anel é encantador. —Então, por que as lágrimas? — Ele passou o polegar sobre sua bochecha, apagando a umidade. —Sinto-me um pouco aflita — Encolheu os ombros. — Estou muito longe de minha casa e não estou segura de como voltar. Ele sorriu. —Egito tem alguns dos melhores rastreadores da terra. Estou seguro de que eles encontrarão sua casa, se esse for seu desejo. Charlotte riu. Duvidava muito que alguém daqui fosse capaz de encontrar sua casa. Ahmosis voltou sua atenção novamente ao cofre, rebuscando entre vários objetos. Tomou uns brincos de rubis e sorriu enquanto segurava um a cada lado do rosto dela. —Perfeito. Fazem par com as Lágrimas do Amón e o fogo que ilumina seus olhos. Charlotte levou a mão dele a sua boca. Depositou um casto beijo sobre seus nódulos, antes de lhe permitir pendurar os brincos em suas orelhas. Ahmosis a ajudou a vestir-se, mostrando a Charlotte como atar o tecido ao redor do corpo. Quando terminou, sentia-se como uma verdadeira princesa egípcia. Calçou umas sandálias nos pés e logo a conduziu para fora do quarto. Caminharam por um estreito corredor em direção a um pátio. Uma árvore crescia no centro, emprestando sombra contra o ardente sol da tarde. Continuaram caminhando até chegar à entrada principal, onde havia várias mulheres sentadas. —Estas são minhas serventes. Ajudarão você em tudo o que possa necessitar - Ele balançou o braço, indicando cada uma das presentes. —Não estou segura se vou necessitar de tanta ajuda — Charlotte olhou às mulheres, lhes dedicando um sorriso indeciso. Ahmosis lhe apertou a mão. —Assim é como vivo em Tebas. Mais tarde visitaremos o harém de meu irmão. Ele está ansioso para te conhecer. 21
  • 22. Lágrimas de Amon Jordan Summers Charlotte imaginou uma casa cheia de mulheres nuas correndo por toda parte e dando uvas para os homens comerem. Sabia que era infantil. Assim era como viviam os antigos egípcios, ao menos os ricos. —Você tem um harém? —perguntou sem pensar. Ahmosis se voltou para ela. —Agora mesmo se encontra nele. As vísceras dela se crisparam. —P… Mas pensei que estas mulheres eram suas faxineiras, não suas esposas — Cravou o olhar em seus rostos de novo, analisando detalhadamente seu aspecto. Ahmosis a segurou pelo queixo que ela olhasse para ele. —Um harém é formado de habitações privadas. Um retiro. Estas mulheres são minhas faxineiras. Você será minha esposa. Charlotte se surpreendeu pelo calor que descobriu em seus olhos. Seu olhar continha tantas promessas, tanto… amor? Sabia que isso não era possível, mas ali estava nas profundezas de seus olhos negros… o amor. Logo que acabava de conhecê-la. Era impossível que ele tivesse tais sentimentos. Isso não podia acontecer, não permitiria. E o que vai fazer arrancar o coração dele? Esse pensamento a fez encolher-se. Se ficasse ali muito tempo, muito, é o que pode ser que aconteça quando partir. —Vamos, meu amor. Comamos — Ahmosis deu duas palmadas e as mulheres se dispersaram em todas as direções. Em poucos minutos tinham estendido uma toalha sobre o chão e uma área para que jantassem. Tigelas contendo pescado seco, fruta fresca e pão foram colocados sobre a toalha. Trouxeram almofadas cheias com plumas de ganso para que sentassem. As faxineiras serviram uma bebida espessa em duas taças, acrescentaram-lhe tâmaras e mel, revolvendo-a a seguir. Entregaram uma taça a Ahmosis e a outra a Charlotte. Ele sustentou a sua no alto e aguardou que ela fizesse o mesmo. —Por minha futura noiva — Sorriu e tomou um gole. Charlotte lhe devolveu o sorriso e bebeu de sua taça. A bebida era espessa e granulada enquanto descia por sua garganta. Ela tinha lido um pouco sobre esta bebida, mas era a primeira vez que provava a cerveja de cevada. A cor escura e o sabor da cerveja formavam uma combinação bastante forte. Enquanto Charlotte bebia, seus músculos começaram a relaxar. Ahmosis pegou um pouco do pão rangente e entregou com o pescado. —Quanto tempo faz que mora aqui? —perguntou Charlotte, com tom impaciente. Havia tanto que queria conhecer, tanto que desejava ver. —Muitos anos — Ele engoliu o pão que estava mastigando. — Meu irmão e eu nos criamos na cidade de Gurob, perto do oásis Fayum, a beira do deserto. Minha família tem outro palácio ali. Você gostaria de vê-lo algum dia, possivelmente? —Sim, eu gostaria — Charlotte não pôde ocultar o entusiasmo em sua voz. 22
  • 23. Lágrimas de Amon Jordan Summers Toda esta experiência parecia um sonho feito realidade. Tinha medo de despertar a qualquer momento e que tudo isto teria desaparecido. O coração dela se contraía em seu peito e por um momento teve que olhar para outro lado, incapaz de sustentar o olhar dele. Depois de uns segundos, recompôs-se o suficiente para continuar com a conversa. —Seria possível ver a cidade de Tebas hoje? — Realmente tinha tempo para fazer turismo? Mas como poderia estar ali e não fazê-lo? Ahmosis a observava atentamente e captou o instante em que seus olhos se ofuscaram. —Acredito que seria possível. Meu carro está nos estábulos junto com meus cavalos. Os olhos verdes de Charlotte se iluminaram de entusiasmo. —Me diga meu amor, de onde é sua família? Charlotte ficou quieta a meio caminho de tomar outro gole de sua taça. Tinha esperado evitar essa pergunta. Deixou a cerveja, mordiscando, preocupada seu lábio inferior. Finalmente deixou escapar o fôlego. —Venho de umas longínquas terras do norte, além do reino do Egito, através dos mares — Começou a brincar com um fio frouxo de sua saia. —Como chegou aqui? — Ahmosis tomou um gole de sua cerveja e depois deixou a taça. Era uma boa pergunta e por sua vida, Charlotte desejou ter a resposta. Não podia soltar sem mais nem menos que pertencia a um tempo diferente. Provavelmente Ahmosis a faria lapidar até a morte. Assim disse uma pequena mentira. —Minha gente me abandonou enquanto viajavam ao sul. As sobrancelhas dele se franziram e a cólera cintilou em seu escuro olhar. —Como puderam abandonar à portadora das Lágrimas do Amón, a alguém tão refinada e formosa como você? Charlotte baixou o olhar a seu colo e logo levantou o rosto. —De onde eu venho as Lágrimas do Amón não têm o mesmo significado. —Como pode ser isso? — Ele meneou a cabeça. — Os deuses não permitiriam. —Minha gente se afastou dos deuses. Não acreditam tanto nisso como os habitantes daqui. Ahmosis ofegou. —Isso não pode ser. É uma blasfêmia — Ele ficou em pé, com as mãos apoiadas nos quadris. — Não entendo a sua gente. Charlotte soltou uma risada. —Se isso te faz se sentir melhor, eu tampouco. —Vamos — Ofereceu sua mão. — Deixa que te mostre Tebas. Charlotte permitiu que Ahmosis a ajudasse a ficar em pé. Ele a conduziu depois do palácio, até chegar a um estábulo. Havia muitos cavalos, de várias cores em um cercado e a seu lado, cinco carros. 23
  • 24. Lágrimas de Amon Jordan Summers —São todos teus? — Ela apontou os carros. Ahmosis sorriu amplamente. —Sim, são meus e de minha família. O que está no final é meu favorito. Charlotte pôde adivinhar por que era seu favorito. A frente do carro tinha incrustações de ouro. O revestimento de madeira aos lados tinha sido pintado e esculpido com uma representação de Ahmosis derrotando seus inimigos na batalha. O veículo era tão ornamentado que Charlotte se perguntou se realmente deveriam subir nele. —Vamos — Ele puxou pelo braço, empurrando-a para frente. — Que cor prefere? Ahmosis apontou com a cabeça para os cavalos. O olhar dela se voltou para o grupo de cavalos que brincavam dentro do cercado, chutando a areia. Um garanhäo cinza com pintas que corcoveava e chutava, relinchando muito forte, atraiu sua atenção por cima dos outros. Sua longa e branca crina e cauda brilhavam à luz do sol. Os músculos de seu esbelto corpo se esticavam com uma força desenfreada. Sacudiu a cabeça em direção a ela e soprou. —Ele — Ela apontou o garanhäo. Ahmosis sorriu outra vez. —É meu favorito. O nome dele é Hasani, que significa formoso. Charlotte voltou o olhar ao cercado. —Combina com ele — disse ela, rindo. Ahmosis emitiu três rápidos assobios. As orelhas de Hasani se viraram e depois se esticaram para cima. Ahmosis repetiu o assobio e o cavalo trotou até situar-se a seu lado. —É um grande truque — Assentiu ela observando o cavalo. — Todos fazem isso? Foi a vez dele se por a rir. —Só quando ele gosta, é receoso. Parecem-se muito com as mulheres, não fazem nada a não ser que elas queiram. Charlotte abriu a boca para protestar. Ahmosis lhe piscou um olho, o que imediatamente acalmou sua irritação. O calor se elevou em suas bochechas. Como a tinha tranqüilizado tão facilmente? Meneou a cabeça e pôs os olhos em branco. Ahmosis se inclinou e a beijou na bochecha, depois indicou a seus serventes que preparassem o carro. Momentos mais tarde, o vento açoitava o cabelo de Charlotte enquanto rodavam pelas ruas de Tebas. Várias pessoas se alinharam nas calçadas para ver passar o carro. Os cascos de Hasani e as rodas do carro estralando sobre os paralelepípedos deixavam nuvens de pó atrás deles. Ahmosis levava Charlotte encaixada entre a parte dianteira do carro e seu próprio corpo, seu peso equilibrado atrás dela enquanto dirigia o veículo. Charlotte podia sentir seu membro pressionando contra seu traseiro, sentir como crescia e se endurecia com cada movimento que ela fazia. Sentia-se forte e poderosa, como uma autêntica mulher, não a moça torpe que era quando deixou seu tempo. Rebolou e seu membro cresceu mais, duro e exigente. Ele gemeu, baixando uma mão a 24
  • 25. Lágrimas de Amon Jordan Summers cintura dela. De repente ela sentiu um puxão atrás de sua saia e depois a brisa sobre sua pele. Ficou geada. —O que está fazendo? Ele pressionou os lábios contra sua orelha. —Abre suas pernas um pouco mais — A arranhou brandamente com as unhas sobre a pele sedosa, lhe deixando a carne arrepiada. Sem pensar, Charlotte atendeu ao pedido, expondo seu sexo às manipulações dele. Ahmosis se deslizou dentro dela por trás, enchendo-a completamente, antes de recolher novamente as rédeas com ambas as mãos. Com cada sacudida do carro, seu grosso membro se introduzia mais profundamente. Os lentos e tortuosos movimentos a queimavam, estendendo-se por seu corpo como chamas líquidas. Charlotte tentou virar-se para poder olhar para ele. —Não se mova — Seus quadris se apertavam contra ela, sustentando-a contra a frente do carro. A pressão fazia que seu clitóris palpitasse. — Ou alguém pode notar — lhe sussurrou, tomando cuidado de dirigir o carro sobre o caminho pavimentado. Ela não podia respirar ou pensar, só ficar acirrada ao carro, enquanto ele seguia entrando e saindo de sua vagina molhado. Seus mamilos endurecidos pressionavam contra o linho, raspando. Ahmosis tomou as rédeas com uma mão e alcançou seus clitóris com a outra. Seu polegar esfregava e acariciava, recreando-se na zona com gloriosa atenção. A vagina dela pulsou uma vez e então chegou ao clímax com uma força dilaceradora. Ele a beijou vorazmente, amortecendo e tragando seu grito. Continuou penetrando-a, com embates cada vez mais rápidos como um homem possuído, alcançando seu próprio orgasmo pouco depois. Esse foi um passeio de carro que ela não esqueceria facilmente. Deliciosamente saciada, Charlotte levou uns momentos para dar-se conta de que tinham chegado ao templo de Karnak. A areia lhe ressecava a boca, mas não queria que o passeio terminasse. Aspirou com força, às densas especiarias que provinham das cozinhas próximas e perfumavam o ar. Charlotte quase podia saborear o alimento só com o aroma. Ahmosis reduziu a marcha de Hasani a um trote, o som de seus cascos provocavam eco contra as paredes das lojas e casas que se estendiam por toda Tebas. O sol ficava sobre o horizonte, seus brilhantes raios de cor púrpura, vermelho e rosado se refletiam sobre as velas dos navios que flutuavam no Nilo. Charlotte suspirou e se apertou ainda mais contra o peito dele, com um sorriso plantado em seu rosto. Poderia acostumar-se muito facilmente a este tipo de vida. Essa idéia deveria assustá-la até a última fibra de seu ser, mas não era assim. Retornaram ao palácio quando os últimos raios de luz caíam sobre o horizonte. Ahmosis a ajudou a descer do carro e entregou as rédeas a um dos serventes. —Vamos, é hora de nos retirar para a noite — Ele a guiou com o passar do caminho, com a mão apoiada sobre suas costas. Charlotte podia sentir o calor de seu contato através da roupa como se tivesse colocado um ferro quente contra sua pele. Seu estômago se contraía com antecipação. Ahmosis não a olhava, mas ela 25
  • 26. Lágrimas de Amon Jordan Summers poderia assegurar que estava consciente até do seu mais ligeiro movimento. Entraram no palácio, passando pela sala principal, pelo pátio e logo à câmara onde estava a área para dormir. Charlotte não parecia recordar como se andava. Tropeçou com uma pedra e logo com outra, até que Ahmosis a segurou pelo cotovelo, estabilizando-a. Seu ardente contato só serviu para intensificar as emoções que sentia. Sua pele lhe queimava. A combustão espontânea era possível? Nesse momento, Charlotte pensou que sim. Puxou o tecido próximo a seu pescoço. Sentia como se a roupa a sufocasse, cada fibra tecida se unia para incrementar seu desconforto. Olhou pela extremidade do olho e pegou o Ahmosis sorrindo. Ela não acreditava que essa situação fosse graciosa nem um pouco. —Está quente, meu amor? — Ele se inclinou até que seus lábios quase tocaram sua orelha. Charlotte se estremeceu. — Posso te ajudar — Ele quase grunhia—. Possivelmente você gostaria de um pouco de água? — Seus olhos cintilaram no vestíbulo iluminado por tochas. Ela o fulminou com o olhar. Ahmosis nem se alterou. Estava desfrutando do fato de poder embaraçá-la dela. Ele sabia que se encontrava a mercê de seus hormônios. Bom, pois a esse jogo podiam jogar os dois. Charlotte sabia que podia não ter muita experiência, mas se o passeio de carro era uma indicação, não se encontrava totalmente sem recursos. Deslizou a mão com o passar do braço dele, fazendo uma pausa em seu ombro arredondado. Seus músculos se esticaram sob as pontas de seus dedos, mas ele não se moveu. Ela continuou com sua inocente exploração baixando por seu peito, a pele dele lhe queimava a mão. Quando alcançou a pequena protuberância do bico de seu peito, Charlotte o esfregou entre o polegar e o indicador. Ahmosis retinha seu fôlego e seus olhos cintilavam. —Está jogando um jogo um pouco perigoso. Todos sabem que não se deve provocar um leão — Seu sorriso era absolutamente selvagem. O olhou com os olhos totalmente abertos, como querendo indicar que não sabia do que ele estava falando, e deslizou a mão mais para baixo. Os dedos dela deslizaram sobre os firmes músculos do ventre dele. Quando chegou a seu umbigo, ele estremeceu. Isto era divertido. Ter este macho grande e forte a sua mercê era mais agradável do que teria imaginado ser possível. Ela rodeou o umbigo, permitindo que suas unhas arranhassem ligeiramente a pele. Charlotte deslizou a mão ao longo de sua esbelta cintura. Deu uma olhada para baixo e viu a evidência de sua excitação empurrando contra o linho branco de sua aba. Seu membro ficou mais grosso e mais longo enquanto ela o olhava. Finalmente Charlotte não pôde resistir. Deslizou a mão sobre o sexo dele. Ahmosis ficou quieto um segundo e depois empurrou contra a mão dela. Os dedos dela se envolveram ao redor do membro endurecido. A respiração dele era entrecortada. —Esta tentando me enlouquecer? — perguntou com voz rouca. —Não — Charlotte foi retirar sua mão, mas ele a deteve. Ele inspirou profundamente e depois soltou o fôlego com um suspiro. 26
  • 27. Lágrimas de Amon Jordan Summers —Tentava ser delicado com você, por ser hoje sua segunda vez. Mas semelhante tortura expulsa todos os pensamentos honoráveis de minha cabeça — Seu corpo tremia sob o contato dela. O olhar dele se cravou em seus lábios. — Rá, me dê forças — Grunhiu e se inclinou, pressionando seus lábios contra os dela. O beijo era doce, sem pressa, como se tivessem todo o tempo do mundo. Ela não acreditava que alguma vez poderia cansar-se de seus abraços. Seus joelhos tremeram quando ele aprofundou o beijo, a boca dele cada vez mais firme enquanto que a dela era cada vez mais suave. A língua dele foi empurrada contra seu lábio inferior, procurando a entrada. Charlotte a abriu para ele, dando as boas vindas a seu sabor picante. As mãos dele subiram para seus ombros. Ele descansou um momento as palmas ali, mas um segundo depois atirou aproximando-a sem que ela afastasse a mão de seu membro. Charlotte o sentia palpitar contra seus dedos. Cuidadosamente deslizou a mão para baixo, insegura do que fazer exatamente. Ele moveu os quadris para incitá-la. Ela investiu na direção e acariciou toda sua longitude para cima. Ahmosis grunhiu contra sua boca. Sentindo-se segura de si mesma, Charlotte o acariciou de novo, esta vez sem fazer uma pausa. O apertão dele sobre seus ombros aumentou, mas não interrompeu o beijo. Ela incrementou a velocidade, desfrutando da sensação de sua grossura na mão. O suor cobriu a testa dele. Tentava com todas suas forças não atirá-la sobre o chão, ali mesmo no corredor. Seus dedos beliscavam o tecido que cobria os ombros dela, tentando encontrar uma âncora contra seu desejo. Ela deslizou seus dedos de seda sobre a glande e apertou com cuidado. Ele esticou a mandíbula para evitar sua resposta instintiva de empurrar. Se ela continuasse com isto por mais tempo, ia derramar sua essência em sua mão. Incapaz de aguardar um minuto mais, Ahmosis interrompeu o beijo, ofegando. —Mulher, me torturaste por muito tempo. Agarrou sua mão, puxando Charlotte mais energicamente do que teria querido para seu dormitório. Estava soltando os laços que mantinham sua saia unida antes inclusive de que alcançassem a porta. Os lábios dela estavam inchados e vermelhos devido a seus beijos. Ahmosis tomou uma mecha de seu cabelo ondulado e o levou a seu nariz. Ela cheirava a vento e luz do sol. Tinha os olhos muito abertos e brilhantes à luz das tochas. Ele a soltou o tempo justo para fechar a porta. Depois se aproximou até uma pequena terrina que continha mirra e incenso, e esmagou as resinas em suas mãos até que o quarto começou a cheirar a especiarias. Virou-se a tempo para ver Charlotte despindo-se. Ahmosis conteve o fôlego. A pele dela resplandecia como o alabastro. Seus rosados mamilos endurecidos o chamavam. Os escuros cachos entre suas coxas já tinham começado a umedecer-se, brilhando como um farol à luz das tochas. O desejava tanto como ele a ela. Ficou com a boca cheia de água, apenas em pensar em afundar-se entre suas pernas abertas e provar outra amostra de sua generosidade. Saboreando seus sucos no momento em que saíam de seu corpo em êxtase. Seu membro se esticou sob a malha de sua saia, exigindo ser liberado. As Lágrimas do Amón adornavam a garganta dela, uma vez que os pendentes de rubis eram como fogo contra suas orelhas. Ahmosis engoliu com força. Ansiava que o momento durasse para toda esta vida e a seguinte. 27
  • 28. Lágrimas de Amon Jordan Summers Apertou as mãos contra seu corpo, para evitar jogar-se sobre ela e tomá-la. Não era como uns que procuravam unicamente sua própria satisfação. Charlotte se removeu inquieta sob o baixo e intenso olhar dele. Em seu interior rugia um fogo que tão somente ele podia apagar. Não sabia o que a possuía, mas meteu um dedo na boca, deu-lhe uma rápida chupada e depois o passou ao redor do mamilo, deixando um rastro de umidade. A aureola se franziu. As asas do nariz dele se alargaram e seu corpo estremeceu, tirou a aba e em uns poucos segundos se equilibrava sobre ela. Desta vez seu beijo foi agressivo, faminto, atacando sua boca ferozmente. Charlotte estava perdida. As mãos dele pareciam estar por todo seu corpo, tateando, beliscando, apertando e acariciando. Ele espremia sua carne, esfregando seu sexo ao mesmo tempo. Charlotte gemeu contra sua boca. Ele introduziu um dedo em sua vagina e começou a empurrar dentro e fora. Quando os quadris dela se compassaram ao ritmo, introduziu outro dedo. A tensão nas vísceras dela foi subindo, aproximando-se mais e mais a sua liberação. Ela apertou os músculos de sua vagina, segurando seus dedos, procurando o alívio que lhe prometia. Unicamente quando ela chegou quase ao limite, Ahmosis interrompeu o beijo e tirou os dedos de seu interior, guiando-a para a cama. Charlotte foi deitar de barriga para cima, mas ele a deteve. Em vez disso a fez virar, colocando a de joelhos e com os cotovelos apoiados sobre as esteiras de cano. O coração dela subiu até sua garganta e conteve o fôlego. As visões do passeio no carro passaram por sua mente, alimentando sua necessidade. Durante uns segundos ela permaneceu quieta, seu traseiro levantado no ar para Ahmosis. Então ela sentiu seu membro esfregando-se contra suas nádegas, duro como o granito, mas ainda assim, suave como o cetim. Ele não tentou entrar nela, limitou-se a acariciá-la com seu membro, roçando os lábios de sua feminilidade. Charlotte jogou o traseiro para trás para respirar. Ele riu e segurou seus quadris, mantendo-a quieta, inclinou-se e depositou um beijo sobre cada nádega. Charlotte tremeu. Ahmosis se endireitou e depois se inclinou sobre ela. —Você me torturou durante muito tempo — murmurou contra seu cabelo—. Agora é minha vez. A excitação vibrava através dela. Podia sentir os mamilos duros como contas de um rosário, até um ponto doloroso. Sentia seu sexo tão empapado que acreditou que seus sucos não demorariam a deslizar por suas pernas. E nem por um segundo isso importava a Charlotte, unicamente lhe importava o enorme membro que sobressaía entre as coxas dele e a atraente voz que fazia vibrar seus sentidos. Seu clitóris se contraiu quando ele deslizou a glande sobre ele, seu escroto roçando sua perna. Charlotte mordeu o lábio para não gritar, ou pior ainda, para não suplicar. Ahmosis colocou a ponta de seu membro junto à entrada de sua feminilidade, seus dedos se introduziram nela, preparando-a. A torturaria uns minutos mais e logo a devoraria sem compaixão. Ele afastou os dedos e ela choramingou, abrindo suas pernas mais amplamente. —Há algo que queira me dizer, meu amor? Charlotte gemeu. —Não. 28
  • 29. Lágrimas de Amon Jordan Summers Ele colocou os dedos uma vez mais, esta vez utilizando a outra mão para lhe massagear o clitóris. Charlotte choramingou a ponto de render-se. Ahmosis tirou os dedos e passou um braço ao redor de sua cintura, elevando-a, balançou-se para frente e para trás, deslizando seu membro pelas dobras de sua feminilidade. Ela se sacudiu em seu abraço, sua vagina implorava seu membro. —Por favor — pediu ela. —Isso é tudo o que queria ouvir — A voz dele era rouca quando a soltou um momento para agarrar seus quadris uma vez mais e mergulhar nela por trás, marcando-a. Charlotte gritou quando o orgasmo atravessou seu corpo, pulsando e palpitando enquanto onda atrás de onda a golpeava. Ela podia ouvir o som que Ahmosis provocava ao entrar e sair de seu interior, seu pesado escroto golpeava contra sua pele. Seus quadris golpeavam seu traseiro, empurrando-a uma e outra vez para frente. Charlotte se inclinou para baixo, tomando mais profundamente em seu interior. Era a vez dele gemer. Ela apertou os músculos ao redor de seu membro, reduzindo a velocidade de seus movimentos. —Charlotte, se fizer isso outra vez, irei mais rápido — Sua voz era tensa. Ela riu, pensou um momento e voltou a apertar. Ahmosis a agarrou com mais força, empurrou uma vez mais e um grito saiu de seus lábios. Seus quadris continuaram agitando-se. Ela pôde sentir sua ardente semente derramando-se em suas vísceras, enchendo sua matriz. Por um momento sentiu pânico, mas então Charlotte compreendeu que se ficasse grávida estaria bem, porque levaria o filho de Ahmosis. —É uma verdadeira feiticeira, meu amor — Ele inspirou com dificuldade. — E dou graças aos deuses porque és minha. Charlotte apoiou a cabeça sobre o leito. Não estava muito segura de que quando se movesse suas pernas a suportariam. O suor escorreu gotejando por suas costas e seus seios. Os lábios de sua vulva estavam doloridos e inchados. O quarto cheirava a especiarias e a sexo… seu sexo. O ato do sexo com ele possuía o aroma mais doce que alguma vez tivesse inalado. Ahmosis a elevou, colocando-a sobre a cama. Reuniu os enrugados lençóis antes de deitar-se junto a ela e os cobriu, abraçando Charlotte, apertado contra seu peito. Capítulo Quatro 29
  • 30. Lágrimas de Amon Jordan Summers No dia seguinte, Ahmosis tinha o carro preparado aguardando. Iriam se por a caminho para Gurob, ao palácio que sua família possuía ali. A viagem cortava a respiração… férteis campos, o Nilo ao longe. Charlotte fechou os olhos um momento tentando gravar a imagem em sua mente para toda a eternidade. O ar era limpo e ligeiramente aromatizado pelas flores. Ahmosis passou junto a vários templos antigos durante a viagem ao meio do Egito, cada um mais espetacular que o anterior. Indicou-lhe que muitos deles ainda estavam sendo construídos e que seguiria assim durante os anos vindouros, já que honrar aos deuses levava seu tempo. Charlotte desejou poder lhe dizer que esses templos seriam muito valorizados milhares de anos depois. Chegaram ao palácio algumas horas mais tarde. Ahmosis tinha parado durante o caminho para saudar as pessoas, tomando seu tempo para entrar nos campos e dar uma mão onde fosse necessário. Por isso Charlotte pôde comprovar, era muito querido e respeitado por todos, conquistando a todos os que cruzavam em seu caminho. Não estranhou que fosse capaz de unir todos os reino do Egito. Sua admiração e amor por ele se faziam mais intensos a cada minuto que passava. O palácio era menor que sua residência de Tebas, mais caseiro. As árvores do oásis próximo cresciam esplendorosas, suas folhas grossas e densas forneciam sombra à maior parte da moradia, onde se cultivava gordas tâmaras nos campos, dando ao ambiente um aroma adocicado de frutas. Erva da cor das esmeraldas cresciam o suficiente para que Hasani pudesse pastar. Uma formosa mulher lhes saudou da porta, sua pele era da mesma cor que as amêndoas assadas e possuía um porte régio que só podia ter sido concedido com o nascimento. Seus olhos tinham o mesmo fogo negro que os de Ahmosis. Usava uma peruca de ébano perfeitamente trançada e imaculados linhos brancos cobriam seus escuros mamilos e formas esbeltas. O ciúme passou como um raio por Charlotte e em seu ventre se formou um nó quando imaginou o Ahmosis afundando seu membro no sexo desta formosa mulher. Sua cabeça sepultada entre as coxas estendidas da mulher e lambendo suas inchadas dobras até que ela gritasse. Charlotte apertou suas mãos. —O rei Kamosis não está aqui. Está visitando seus campos. Ahmosis saudou com a cabeça, beijou a mulher na bochecha e depois empurrou Charlotte para frente. —Tenho o gosto de te apresentar a minha mãe, Ashotep. A mulher sorriu e se precipitou adiantando-se para abraçá-la, empurrando Ahmosis a um lado. O desconforto de Charlotte desapareceu imediatamente, substituindo-se pela vergonha. E pensar que ela tinha pensado em estrangular a mulher. Ashotep tomou as mãos de Charlotte, guiando-a ao interior e a afastando do ardente sol do meio-dia. —Ahmosis enviou uma missiva comunicando que sua escolhida tinha chegado, mas não acreditei até que te vi com meus próprios olhos — disse a mãe dele, sorrindo gratamente. Charlotte não esteve muito segura de como reagir ante o que acabava de dizer Ashotep. Quando tinha tido Ahmosis tempo para enviar essa mensagem? 30
  • 31. Lágrimas de Amon Jordan Summers —Não é todos os dias que um filho traz para casa a sua futura esposa — continuou dizendo Ashotep, sua voz elevando-se com o entusiasmo. Ela olhou por cima de seu ombro para Ahmosis, entrecerrando os olhos. Ele levantou suas sobrancelhas com gesto de inocência. —É um prazer conhecê-la. Apertou as mãos da mulher antes de soltar. Charlotte tentou imaginar sua mãe na mesma situação. Vitória daria a boa vinda entusiasmada ao Ahmosis como seu futuro genro? Duvidava. Não a menos que chegasse com uma pilha de antigas relíquias de ouro e, é obvio e as chaves do Egito. O sorriso de Ashotep se fez mais amplo. —Comeremos um pouco e depois poderá nos contar tudo sobre ti. Há muito por preparar em tão pouco tempo. Charlotte franziu o cenho. —Deve estar excitada por suas bodas — disse emocionada Ashotep. No estômago de Charlotte se fez um nó, uma massa de nervos. Realmente poderia continuar com isso? Desejaria passar toda sua vida com o Ahmosis, sem sentir-se culpada por não haver dito a seus pais sequer um adeus. Se ao menos pudesse voltar para seu próprio tempo… A conversa foi bastante animada enquanto jantavam. A mãe de Ahmosis lhe contou histórias dos problemas que ele tinha ocasionado quando era pequeno. Charlotte o observou por debaixo de suas pestanas. Não era difícil imaginar um jovem Ahmosis com aqueles grandes olhos negros e cabelo como o ébano. Provavelmente se livrava dos castigos. Seus filhos seriam cópias exatas dele. Seu coração se contraiu ante o pensamento do Ahmosis com filhos. Seria um pai bom, paciente e carinhoso, mas firme. Ela engoliu o pedaço de pão que estava mastigando e custou passá-lo por sua garganta. Para que pensar nessas coisas. Uma vez que ela partisse, ele continuaria em frente, encontraria uma noiva egípcia e governaria o Egito. Por lógica Charlotte sabia que assim era como deveria ocorrer, mas não importava quantas vezes tentasse de convencer-se, ainda assim não podia imaginar o Ahmosis com outra pessoa, a não ser com ela. Pensar que outra mulher receberia seus abraços, a destroçava. Umas horas mais tarde, despediram-se. Ashotep prometeu ajudar com os preparativos do casamento e assegurou Charlotte que se casava com um homem excepcional. Ninguém tinha que convencer Charlotte disso. Ahmosis era tudo que alguma vez poderia desejar em um marido. Tinha sabido desde o primeiro olhar. Retornaram ao palácio de Tebas enquanto o sol ficava pelo horizonte. Os familiares sons dos lares flutuavam pelo ar nas ruas, vozes e risadas que se elevavam na noite. O ar das cozinhas se estendia em qualquer parte. —No que pensa? — sussurrou Ahmosis perto de sua orelha. —Penso em que maravilhoso lugar é o Egito e em quão excepcionais são suas gente — Ela sorriu. 31
  • 32. Lágrimas de Amon Jordan Summers Uma terra que ela mesma tinha ajudado a desenterrar das areias do tempo e que agora se elevava orgulhosa como uma sentinela montando guarda ante as portas do paraíso. Se ao final acabasse retornando ao seu tempo, ninguém acreditaria se contasse… certamente seus pais não acreditariam. Charlotte sabia sem dúvida nenhuma que nunca seria capaz de dizer uma palavra sem medo a ser encerrada sob chave. Essa noite Ahmosis foi especialmente romântico, em sua maneira de fazer amor. Lubrificou seu corpo com azeite perfumado de mirra, vertendo de uma vasilha gasta de Síria. Suas mãos eram suaves enquanto estendia o líquido sobre seus ombros e por seus braços, evitando cuidadosamente seus mamilos e seu sensível clitóris. Esfregou o azeite sobre suas pernas e nádegas, as amassando com firmeza para depois subir por suas costas. Ahmosis esfregou até que o último de seus nós de tensão desaparecesse. Ela virtualmente rebolava ante a necessidade de que as palmas dele entrassem finalmente em contato com seus mamilos. Ele roçou com as pontas de seus polegares sobre os bicos e estes ficaram rígidos de desejo. A respiração dela se tornou mais difícil. Ele continuou brincando com seus seios plenos, massageando-os e lhes dando forma. A feminilidade de Charlotte se empapou e ela gemeu. Moveu-se para aliviar a sensação, mas isso só acrescentou mais fricção. Quando Ahmosis se inclinou e passou sua língua sobre os bicos, ela quase chegou ao clímax. Ele chupou um mamilo, puxando com os lábios e depois com os dentes. Quando ela acreditava que não poderia agüentar mais, Ahmosis se moveu para dedicar-se ao outro mamilo. Lambeu avidamente, lhe dando ligeiros golpezinhos com a língua, capturando-o uma e outra vez como se essa fosse a última vez que estariam juntos. Ela gemeu. Ele a empurrou para a cama sem romper o contato. Seus mamilos estavam inchados quando ele a deixou sobre o bordo da superfície de cano. A respiração do Charlotte se fez ainda mais agitada. Seus peitos palpitavam e zumbiam como se o calor avançasse a toda velocidade por sua pele azeitada, centrando-se na união de suas coxas estendidas. Ahmosis caiu de joelhos ante ela, depois passou as mãos por debaixo de seu corpo e a puxou para frente até que sua vagina esteve ao mesmo nível que a boca dele. Ele a olhou por entre suas longas pestanas e sorriu. O gesto era totalmente carnal, dizendo a Charlotte sem palavras que estava a ponto de comê-la viva. Seu clitóris palpitou. Ahmosis se inclinou para frente e inalou. —Seu aroma me torna selvagem. Sinto-me como um animal quando está perto. Os fluxos dela gotejaram dos suaves cachos que havia entre as pernas separadas, o convidando a beber profundamente. Ela cheirava a almíscar e excitação, o azeite de mirra só tinha acrescentado mais encanto, mordeu o lábio quando ele aproximou mais a cabeça e soprou brandamente em sua carne acalorada. Charlotte tremia, seus mamilos se sobressaíam como uma fruta amadurecida pronta para ser colhida. Ahmosis levantou uma de suas pernas e a colocou sobre seu ombro, logo repetiu a ação com a outra, inclinando o sexo dela para seu rosto. —Sabe quanto desejo te saborear e te tocar? — grunhiu ele do fundo de sua garganta. — É tão formosa, surpreende-me que Rá não tenha vindo te reclamar para ele. 32
  • 33. Lágrimas de Amon Jordan Summers Ele sorriu outra vez, deixando Charlotte ver o fogo que ela tinha acendido em seu interior, a paixão que o queimava sem cessar, a necessidade gritava desde seu membro e o amor que sentia em seu coração. Ela era sua e ele dela. Assim era como deveria ser. Ahmosis se inclinou para frente, golpeando com sua língua as inchadas dobras. Charlotte se estremeceu e fechou os olhos. Ele podia sentir a tensão de seu corpo, o desespero subjacente, e o total desejo oculto em suas profundezas. —O alimento nunca será igual deste dia em diante. Já que nunca poderá comparar-se com a ambrósia entre suas coxas. Ele a lambeu outra vez, rodeando sua quente vagina úmida, brincando com a língua. A sensível carne dela respondeu umedecendo-se e inchando-se mais. Ahmosis, intoxicado por seu aroma, cambaleou embriagado por sua resposta, mergulhou de novo, desentupindo a jóia escondida que jazia em baixo suas quentes dobras. As unhas dela se cravaram em seus ombros quando ele chupou introduzindo o broto na boca e mordiscando-o brandamente com os dentes. Ela ofegou incapaz de tomar fôlego. —Ahmosis… — gemeu. Ele rodeou seus clitóris com a língua, deslizando de lá para cá imitando uma serpente. Foi tudo o que necessitou para levá-la ao limite. —Deusss… Sua vagina jorrou, molhando o queixo dele, que continuou chupando e lambendo, recolhendo até a última gota de sua liberação. Charlotte jogou a cabeça para trás e gritou. Seu corpo se convulsionou quando o orgasmo se abateu sobre ela. O rosto dele seguia sepultado entre suas pernas, devorando-a. Ela não podia controlar os estremecimentos que atormentavam seu corpo. Sua visão se nublou e piscou para clarear seus sentidos. Sentia sua pele viva e palpitante enquanto espasmo atrás de espasmo a sacudiam. Permaneceu arremessada sobre o leito aguardando que sua respiração voltasse à normalidade. Ahmosis permaneceu entre suas pernas, depositando suaves beijos sobre suas coxas. Charlotte levou vários minutos para poder formar uma oração coerente. Quando pôde, endireitou-se, apoiando-se sobre os cotovelos e o olhou com ousadia. —Minha vez — ronronou ela, lambendo os lábios. O puxou até o ter recostado a seu lado sobre o leito. Ahmosis ficou deitado de barriga para cima, com os braços cobrindo seus olhos. Seu membro o suficientemente duro para moldar o ouro. Não acreditava que jamais pudesse se cansar de se alimentar do poço inesgotável de Charlotte. Ela era uma ambrósia, mais doce que os vinhos mais finos do Egito e mais apreciada que todo seu ouro e pedras preciosas reunidas. Seu sabor fervia a fogo lento em sua boca, tentando seu apetite. A respiração dela finalmente se reduziu a um ronrono de satisfação. Ahmosis era feliz pelo fato de que tinha sido capaz de agradá-la como nenhum outro. Sorriu amplamente e estava a ponto de voltar-se para dizer-lhe quando sentiu a suavidade de seus lábios sobre a ponta de seu membro. O ar pareceu congelar-se em seus pulmões. Incapaz de ofegar ou 33
  • 34. Lágrimas de Amon Jordan Summers falar esperou. Seu contato foi lento a princípio, uma lambida rápida seguido de uma chupada suave. Ahmosis se manteve quieto como se estivesse morto, obrigando-se a conter-se de empurrar. Quando finalmente foi capaz de tomar um pouco de ar, este saiu como um gemido estrangulado. —Gosta assim? — A voz dela tremia ao falar tão perto de sua glande. Ahmosis abriu seus olhos e a olhou. —Parece como se mil diminutas mariposas tivessem posado sobre meu sexo. Charlotte lambeu um dos testículos até em cima e outra vez para baixo. —Você gosta quando te chupo? Ahmosis gemeu. —Não faz nem idéia. Ela o tomou em sua boca e começou a chupar. Os músculos dele se apertaram e ele apertou os lençóis. Ela formou redemoinhos de sua língua sobre a sensível glande e depois a deslizou ao redor de toda sua longitude. A pressão de sua boca aumentou, coincidindo com a pressão que havia no interior dele. Ele sentiu seu escroto esticar-se, preparado para a liberação. Os dedos dela rodearam a base de seu membro e começou a movê-los ao mesmo ritmo que a boca. A combinação da umidade de sua boca com a suavidade sedosa de sua pele foi muito para ele. —Deve para — disse ele com os dentes fortemente apertados. Ela negou com a cabeça sem deixar livre sua presa, aumentando a velocidade em cada um de seus movimentos. —Não posso me conter. Ele ofegou, os músculos em seu abdômen se contraíram. —Mmm — ronronou ela em seu membro. Ahmosis quase caiu da cama. Agarrou seu sedoso cabelo, ao tempo que empurrava em sua abrasadora boca. O candente calor combinado com a pressão ao chupar enviou descargas por todo seu corpo. Ele sacudiu e empurrou uma vez mais, descarregando sua semente diretamente em sua boca e sua garganta. Charlotte não tentou afastar-se, saboreando toda sua essência. Ahmosis tremia e se estremecia, ficando finalmente exausto. Puxou Charlotte para colocá-la a seu lado. —É assombrosa. Ela se ruborizou. —Pensa isso de verdade? Ele retirou uma mecha de seu cabelo de seu rosto e a beijou. —E claro que sim. 34
  • 35. Lágrimas de Amon Jordan Summers Os dias passaram rapidamente, até a chegada do festival de Opet, no qual o faraó renasceria. A celebração também assinalaria a volta de Sopdet, uma brilhante estrela no horizonte, marcando o Ano Novo egípcio. O dia do casamento de Charlotte tinha chegado. Estava tão profundamente apaixonada, que tinha decidido que se ainda tinha a oportunidade de retornar a seu próprio tempo, não tomaria. Sua vida, seu coração e sua futura felicidade estavam ali com Ahmosis. Que logo ia ser seu marido e tinha estado entregando presentes simbólicos cada dia desde que ela tinha chegado ali. Seus abundantes presentes, assim como seu amor, eram intermináveis. Ahmosis não pedia nada em troca. Ainda assim Charlotte não podia aplacar a culpa que sentia por sua incapacidade de dar de presente algo a ele. Ela sabia que o ato de dar presentes fazia parte da grande cerimônia de união. Ela passou suas mãos sobre as Lágrimas do Amón e um calafrio a atravessou. Desprezou rapidamente a sensação atribuindo-a aos nervos prévios às bodas. A cidade de Tebas estava abarrotada pelo festival. As preparações tinham começado a princípios da semana e culminavam agora. Essa noite, o povo do Egito se amontoaria no templo do Karnak, tirariam as estátuas do Amón, sua esposa Mut e seu filho Khonsu em barcos sagradas. Depois seriam levados em procissão ao longo da rota que limitava com a esfinge que unia o Karnak com o Luxor. Os adoradores acreditavam que no templo do Luxor, no santuário interior, Amón se uniria ritualmente com a mãe de Ahmosis de maneira que ela pudesse dar a luz outra vez a um K real. Quando a cerimônia acabasse o Rei Kamosis entraria no santuário, fundindo-se com seu “recém- nascido” K. Ele reapareceria mais tarde, coberto de poder divino, como filho de Amón-Rá. O rei Kamosis receberia então às massas. Os bailarinos atuariam e se fariam grandes oferecimentos de carne e se cozeria o pão. Uma vez apresentado e por último desfrutado pelos deuses, esta generosidade seria distribuída ao povo. Charlotte estava muito excitada pela celebração, mas o temor se cravou em seus ossos como uma âncora, abatendo-a apesar de seu entusiasmo. Ashotep tinha trazido um vestido especial de Gurob para ela e tinha criado uma peruca elegante para a cabeça de Charlotte. Assegurou-se de que Charlotte estivesse preciosa e logo a escoltou para o pátio do palácio onde Ahmosis a esperava. Charlotte conteve o fôlego quando divisou Ahmosis. Tão formoso tão régio. Ele se encontrava de pé perto de uma figueira com uma pequena coroa de ouro sobre sua peruca. Ahmosis usava uma saia curta, bordada esquisitamente com pedras preciosas costuradas nela. Um escaravelho de ouro adornava seu dedo anelar. Suas mãos estavam ao lado de seu corpo. Apesar de seu aspecto depravado, seus ombros pareciam tensos. Seus olhos procuraram os seus, possessivos, confirmando que ela realmente estava ali e só então pôde relaxar. A cerimônia, que foi um equivalente a segurar as mãos e a declaração das intenções por parte de cada um, acabou em breves minutos. Quando tinham terminado, Charlotte estava enjoada. Não sabia se era pelo medo ou o regozijo. Já fora uma coisa ou a outra, acabou-se e nada se interporia entre eles. Charlotte se virou para seu marido e depositou um casto beijo sobre seus lábios. —Lembre-se sempre disto, eu te amo. Os dedos dele tremeram quando os levou até seu rosto. 35
  • 36. Lágrimas de Amon Jordan Summers —Agora não tem nada que temer. É um fato. Charlotte deixou escapar um suspiro de alívio, tentando não fazer caso ao persistente temor que estava à espreita como uma sombra atrás de sua mente. Pareceu crescer em intensidade, como uma tormenta no horizonte, movendo-se rapidamente, dizimando tudo em seu caminho. Charlotte tentou ignorá-lo e sorriu para Ahmosis. Era apenas nervosismo pelas bodas. Finalmente se extinguiriam e ela poderia esquecer-se deles e desfrutar do festival de Opet essa noite. Ashotep partiu para preparar-se para sua parte nos rituais. Ahmosis puxou Charlotte até tê-la entre seus braços e a beijou profundamente. —Agora é minha, minha e ninguém pode te levar — sussurrou ele contra seus lábios, balançando a de um lado para outro. Finalmente apoiou sua cabeça sobre a dela. Charlotte podia sentir a tensão em seus músculos. —Você também sente, não é mesmo? Seus músculos se esticaram, abraçando-a com força. —Não sinto nada mais que felicidade neste dia. Apesar de suas palavras de segurança, Charlotte sentiu que ele parecia pouco disposto a soltá-la. 36