1. OPINIÃO
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Isabel Capeloa Gil
Professora da Universidade Católica
A inebriação está no ar. “Conseguimos!” A men- mento poderoso de promoção da auto-estima e
sagem simples no telemóvel, recebida no lado bem assim de popularização de uma certa ideia
de lá do Atlântico, prometia muito, mas resu- de coletivo e dos seus símbolos. Nas condições
mia-se a pouco. Conseguimos qualificar-nos para da nossa pós-modernidade, o futebol exerce uma
o Mundial do Brasil. Outros, menos eufóricos, catárse dos aborrecimentos do quotidiano, torterão escrito ‘Lá conseguimos…”, revelando o nando os corpos dos ‘heróis da bola’ uma espécie
pendor melancólico e lamuriento
de fétiches de toda uma geração,
que acompanha o nosso trágico Estamos eufóricos,
quiçá da nação.
sentido do ser, mas sem escon- as capas de jornal
Como escreveu Freud, o poder
der uma alegria rebenta no pei- esquecem por um
do fetichismo radica num jogo
to. E contagia… Porventura, até
de simulação entre o objeto fedia a amargura da
os mais insuspeitos. A notícia fez
tichizado e os que adoram. Na
austeridade e a
a abertura do jornal da noite da
verdade, o fetichista sabe que o
Globo e CR7 anuncia-se quase Troika. Somos de novo
objeto de desejo não é, na reacomo o novo Cabral, com a se- grandes!
lidade, aquilo que nele projeta,
leção a envergar já as cores da
mas faz de conta que acredita o
ínclita geração dos novos navegacontrário. Na nossa euforia, prodores rumando a um novo Achamento.
jetamos no fétiche seleção o desejo de uma resEstamos eufóricos, as capas de jornal esquecem tituição da nação, da soberania, dos direitos em
por um dia a amargura da austeridade e a Troi- perigo, do emprego perdido. Fazemos afinal de
ka. Somos de novo grandes!
contas que acreditamos no seu poder, quando saO futebol ultrapassou há muito a designação sim- bemos que não é assim. E a nossa festa não deixa
ples de desporto. Tornou-se indústria cultural, de ser também um fétiche. Fazendo minhas as
negócio de milhões, mas simultaneamente instru- palavras de imensa sabedoria de um taxista, que
mento singular de representação da nação. Num ontem no Rio de Janeiro se queixava da obsessão
tempo de desalento, perante a singular auto- olímpica da cidade e do país: “Quando você tem
crítica que marca uma certa maneira portuguesa a conta da água e da eletricidade por pagar, vai
de ser e de pensar, o futebol constitui um instru- dar uma festa?”.
Professores
Bruxelas quer que Portugal reveja condições dos
contratados a termo
A Comissão Europeia quer que o Governo português
reveja as condições de emprego dos professores que
trabalham nas escolas
públicas com contratos
a termo.
Numa informação divulgada hoje em Bruxelas,
o executivo comunitário explica ter recebido
um grande número de
queixas de docentes com
contratos a termo, que
alegam ser tratados de
forma menos favorável do
que o pessoal efectivo em
funções equivalentes.
Em causa está, não só o facto de receberem um salário inferior, mas também terem de assinar sucessivos contratos a termo,
durante muitos anos, o
que os coloca em situação de emprego precário, apesar de exercerem funções de pessoal
efectivo.
A Comissão Europeia
considera que a situação viola o direito comunitário, em concreto, a directiva europeia
sobre contratos de trabalho a termo.
DR
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Dia de festa
r/com renascença comunicação multimédia, 2013