Indução floral e irrigação da umbu-cajazeira

INDUÇÃO FLORAL E IRRIGAÇÃO
DA UMBU-CAJAZEIRA
Por: Francisco de Queiroz Porto Filho
Engenheiro Agrônomo, D. Sc., Prof. Titular da UFERSA.
E-mail: porto@ufersa.edu.br

Umbu-cajazeira sem folhas no período seco
Foto: Porto Filho. Planta na Faz. Barrinha, Chapada do Apodi, Baraúna -RN.

Foto: Porto Filho. Planta na Faz. Extrema, Chapada do Apodi, Gov. Dix-sept Rosado -RN.

INDUÇÃO FLORAL
Existem duas situações:
1- Indução pela desfolha manual com quebra das
pontas dos galhos e Irrigação.
RELATO DE CASO I
2- Indução em plantas já desfolhadas pela
senescência natural, através da Irrigação.
RELATO DE CASO II

INDUÇÃO DA UMBU-CAJAZEIRA PELA DESFOLHA E IRRIGAÇÃO
Vale do Assu-RN
-PRODUÇÃO NA ENTRESSAFRA, PELA DESFOLHA COM QUEBRA DAS PONTAS DOS
GALHOS E POSTERIOR IRRIGAÇÃO.
• As folhas das plantas devem estar quebradiças.
• Evitar realizar nos meses mais frios do ano (junho e julho para Assu-RN)
• Na primeira indução a produção é pequena, aumentando nos anos seguintes.
-INICIARAM DESFOLHANDO, COM USO DO FOGO, DEPOIS PASSARAM A USAR
HERBICIDA.
• Devido a agressividade do fogo e a toxidez do herbicida essa desfolha passou a ser
feita manualmente.
-NOS QUINTAIS, OCORRE UMA “AGUAÇÃO” COM ÁGUA RESIDUÁRIA DE RESIDÊNCIAS
E DOS TRATOS DE ANIMAIS.
• Quando há um suprimento extra de água, as plantas aumentam a produtividade.
-NESSA REGIÃO EXISTEM DE 10 A 15 COMERCIANTES DE UMBU-CAJÁ. CADA UM
COMERCIALIZA MAIS DE 200 TONELADAS /ANO.
OBS: Existe uma demanda de pesquisa para baratear a indução floral , de adubação e
de irrigação da umbu-cajazeira, visando, preferencialmente, selo orgânico.
RELATO DE CASO I

A B
C C
Umbu-cajazeiras queimadas (A), desfolhadas naturalmente (B) e
manualmente (C) para indução da floração. Em produção (D).
D
Fotos de José Neto, Nossa Fruta
Foto: Francisco
Xavier
Foto: Francisco Xavier

VÍDEO DE DESFOLHA MANUAL COM QUEBRA DA PONTA DO GALHO

Instalação do Sistema e início da Irrigação (novembro de
2014)
ANTECIPAÇÃO DE PRODUÇÃO DA UMBU-CAJAZEIRA
ATRAVÉS DA IRRIGAÇÃO
Fazenda Exu – Tabuleiro Grande-RN
RELATO DE CASO II
Fotos: Francisco de Queiroz Porto Neto
- 100 plantas com 55 anos. Espaçamento de 8 x 8 m.
- Irrigadas com 4 microaspersores por planta;
- Dotação de 200 L de água/dia/planta (3,98 L/m2.dia.Ac)
- Foi comercializado 27.000 kg.
- Correspondente a 156,25 plantas/ha e 42.187,50 kg/ha.

23 dias após início da irrigação
UMBU-CAJAZEIRA IRRIGADA

140 dias após início da irrigação: Colocação telas para
colheita
- Tela de sobrite
- Vergalhões de construção
com 1 m comprimento.
- Diâmetro de 3/8’ no centro
da área e 1/2’ nas bordas.
- Espaçamento de 3m x 3m.
- Uso de chupetas nas pontas
dos vergalhões.
Chupeta
Metodologia em teste
Material fornecido pela
Nossa Fruta – Pereiro-CE

150 dias após início da irrigação: colheita
-Colhedor vai caminhando
por baixo da tela juntando os
frutos.
-Vai levando das células
centrais para as células das
extremidades.
-Onde Procede o enchimento
das caixas.

PRODUÇÃO DE UMBU-CAJAZEIRA DE SEQUEIRO E IRRIGADA.
Fazenda Santa Maria – Tabuleiro Grande-RN
Umbu-cajazeira com 40 anos
- Sequeiro em 2010, 1063,8 kg
- Irrigada em 2014, 1894,3 kg
0
50
100
150
200
250
300
350
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Produção,
Kg
Semana
Produção semanal da cajaraneira
Sequeiro
Irrigação
12; 1063,8
7; 1894,3
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Produção
acumulada,
Kg
Semana
Produção semanal acumula da
cajaraneira
Sequeiro
Irrigação
RELATO DE CASO III

Sugestão de irrigação para produção fora de época
- A indução floral ocorre pela desfolha e irrigação.
- Pouco se sabe sobre quando e quanto irrigar a umbu-cajazeira.
- Usando recomendação para o cajueiro (Miranda et ali.,2013). E
Ajustando a ETc de plantas de manga em Petrolina-PE (Silva, 2000),
para lâmina bruta, sugerimos:
- https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/98621/1/DOC13006.pdf
Ac = 0,785*D1*D2, onde: Ac = área de projeção de copa da planta (Ac), em m2; D1 =
maior diâmetro de projeção da copa; e D2 = menor diâmetro.

Monitoramento da irrigação: Técnicas simples
1 –TRADAGENS
Proceder, em 2 a 3 locais, uma tradagem a 15-20 cm para verificar
umidade na capacidade de campo (CC) e outra a 50-60 cm para verificar
adequação das lâminas aplicadas.
A umidade é determinada visualmente, pelo tato e com a ajuda de
tabelas (Marouelli e Braga, 2016; Souza et. ali, 2020).
2 -USO DO IRRIGÁS (Marouelli; Calbo, 2009).
Instalar dois Irrigás, em 2 a 3 locais, um a 15-20 cm para indicar
umidade na Capacidade de Campo e outro a 50-60 cm para verificar
adequação das lâminas aplicadas (Souza et. al, 2020).
3 -ABERTURA DE POÇOS – Em solos rasos para observar formação de
lençol freático (Souza et. al, 2020).
https://livraria.ufersa.edu.br/umbu-cajazeira-descricao-e-tecnicas-de-cultivo/.

Guia prático para estimativa da água disponível no solo
(AD) conforme textura, consistência e aparência do solo.
Água Disponível no Solo (%)
TEXTURA
Grossa1 Mod. Grossa2 Média3 Fina4
Água Disponível Total (mm/cm)
0,5 - 1,0 1,1 - 1,4 1,3 - 1,8 1,3 - 2,0
0 - 25 Seco, solto, escapa entre os
dedos
Seco, solto, escapa entre
os dedos
Seco, por vezes
formando torrão que
raramente se conserva
Duro, esturricado, às
vezes com grânulos
soltos na superfície
25 - 50 Seco,
não forma torrão
Sinais de umidade,
mas não
forma torrão
Forma torrão,
algo plástico, mas
com grânulos
Maleável,
formando torrão
50 - 75 Seco,
não forma torrão
Tende a formar torrão que
raramente se conserva
Forma torrão, algo plástico,
deslizando, às vezes, entre
os dedos ao ser
comprimido
Forma torrão que
desliza entre os
dedos na forma de
lâmina ao ser
comprimido
75 - 100 Tende a se manter coeso; às
vezes, forma torrão que se
rompe facilmente
Forma torrão que se rompe
facilmente e não desliza
entre os dedos
Forma torrão muito
maleável que desliza
facilmente entre os dedos
Ao ser comprimido,
desliza entre os
dedos na forma de
lâmina escorregadiça
100
(Capacidade
de campo)
Ao ser comprimido, não perde
água, mas umedece a mão
Ao ser comprimido,
não perde água, mas
umedece a mão
Ao ser comprimido,
umedece a mão
Ao ser comprimido,
umedece a mão
Legenda: (1) Classes texturais: arenosa, areia franca. (2) Classes texturais: franco-arenosa, franca. (3) Classes texturais: franca, franco-siltosa, franco-argilo-arenosa,
siltosa. (4) Classes texturais: franco-argilo-siltosa, franco-argilosa, argilo-arenosa, argilo-siltosa, argilosa, muito argilosa. Obs. 1: torrão se forma comprimindo-se
fortemente um punhado de solo com a mão. Obs. 2: solo desliza entre os dedos polegar e indicador ao ser comprimido e esfregado entre os dedos.
Fonte: Adaptado de Marouelli e Braga (2016).

Irrigás na sua forma mais simples (A). Ilustração do funcionamento do Irrigás (B).
Foto (B): Calbo e Silva (2005).
Fonte: Marouelli et al. (2010).
Sensores Irrigás instalados
em duas profundidades (C)

Colheita
Desfolhada e irrigada, tronco não
aguentou a carga, 2017.
Fotos de José Neto, Nossa Fruta

Colheita na planta – Plantios irrigados - Assu-RN
Inchados, manual e com ganchos
Limpeza e seleção
Foto: Aluízio, Assu-RN.
Vara de colher o cacho
Foto: Aluízio, Assu-RN. Foto: Jailton, Assu-RN.
Foto: Aluízio, Assu-RN.

Colheita na planta – Plantios irrigados - Assu-RN
VÍDEO IRRIGAÇÃO E PRODUÇÃO VÍDEO COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO

Coleta de Umbu-cajá maduro para indústria de polpa
Foto: Roberto Nogueira
Maduros, em redes
Maduros, no chão
-No Chão, os frutos coletados diariamente apresentam excelente qualidade
-Em redes, os frutos apresentam maior durabilidade e melhor qualidade

Necessidades para o desenvolvimento da cultura
- Fomentar agroindústria robustas.
- Estudos do cultivo: produção de mudas, trans-plantio,
espaçamento entre plantas, poda, nutrição, seleção de melhores
acessos para a indústria e/ou consumo in natura, etc...
- Estudos da indução floral (desfolha e irrigação).
- Estudos da colheita, instalação de redes, etc...
- Estudos pós-colheita, transporte do fruto, beneficiamento,
transporte da polpa, etc…
- Estudos da comercialização (abertura de novos
mercados), sêlo orgânico, etc...
- Incentivar a produção (Preço justo).
- Registrar variedades produtivas e de qualidade

Considerações finais
- Utilização no sistema Silvo-agro-pastoril na Caatinga.
- Um agricultor com 100 plantas de sequeiro teria uma receita de:
100 plantas x 500 kg/planta = 50.000 kg de frutos
50.000 kg x 0,50 R$/kg = 25.000,00 R$/ano.
- Viabilidade de irrigar na entre safra com melhores preços.
- Pode-se irrigar, apenas, nos anos com disponibilidade de água.
- Não morre com as secas.
- Se sobressai pela elevada produtividade e qualidade dos frutos.

OBRIGADO !!
porto@ufersa.edu.br

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