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SMM 0328 –
Comportamento Mecânico
dos Materiais
Prof. Dr. Marcelo Paes
 Prof. Marcelo
 Engenheiro Químico-Materiais (USP/EEL);
 Mestrado Engenharia de Materiais (UNICAMP);
 Doutorado Engenharia de Materiais (UNICAMP);
 20 anos de experiência na indústria automotiva e metalúrgica
(engenharia de processos, qualidade e produto);
 21 anos de experiência como professor universitário em
graduação e pós-graduação;
 Áreas de atuação: Metalurgia Física, Transformação de fases,
Comportamento Mecânico, Mecânica da Fratura e Fadiga.
 Metodologia:
 Aulas teórica-expositivas (2hs aula/Semana)
 Dúvidas:
 Aluno PAE:
 Prof. Marcelo: mpaes@usp.br
 Programa da disciplina
 Apresentação da disciplina.
 Ensaios mecânicos primários (Dureza, Impacto, Tração, Torção, Flexão).
 Mecânica da Fratura.
 Fadiga S-N.
 Fadiga S-N Fatores Modificadores.
 Modelos de Fadiga, Efeito de Entalhe, Fadiga de Baixo Ciclo.
 Propagação de Trincas por Fadiga.
 Corrosão-Fadiga.
 Fluência.
•DOWLING, NORMAN E. –Mechanical Behavior of Materials, Engineering Methods for
Deformation, Fracture and Fatigue.
•ANDERSON, T. L. –Fracture Mechanics–Fundamentals and Applications, Second Edition, CRC
Press, NY, 680p.
•MEYERS, M.A.;CHAWLA K.K. –Mechanical Behavior of Materials, N.J.:Prendice Hall,
1999.680p.
•DIETER,GEORGE –Metalurgia Mecânica
•HERTZBERG, R.W. –deformation and fracture mechanics of engineering materials. John Wiley&
Sons, Inc., 1989.
•FUCHS, H. O. & STEPHENS, R. I. -Metal fatigue in engineering. New York, John Wiley, 1980.
318p
Referências
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Siglos Moeda Persa
Fratura do punção
de bronze
Leonardo da Vinci
Pioneiro no estudo
de laminação
Estudou a
influência do
comprimento do
arame na
resistência à fratura
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Réaumur em 1722, estuda e reconhece a estrutura de ferro pudlado através de
fratura intergranular.
Primeiro exemplo de um
trabalho combinando
observação, planejamento
de experimentos e teoria
na melhor tradição da
ciência aplicada
* Ferro pudlado: produto da fabricação
do aço no estado semi sólido rico em C,
agitado ao ar para redução do teor de
carbono
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Réaumur aqueceu apenas uma das extremidades da barra de aço e temperou–o
e fraturou – o para estudar a microestrutura
Concluiu que quanto menos
espaços vazios, mais duro
seria o aço, ou seja, menor o
tamanho de grão, maior
resistência!
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Séc.XVIII Henry Cort: redução direta em fornos de pudlagem(Puddle-argila);
Produto: Ferro pudlado (escórias, inclusões).
Trincas de iniciam ao longo
das inclusões não metálicas.
QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO
COMPORTAMENTO MECÂNICO NA PRESENÇA DE
TRINCAS?
QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE FRATURA E DO
DESENVOLVIMENTO DA MECÂNICA DE FRATURA?
Introdução – Titanic Abril/2012
APÓS TITANIC
 Desenvolvimento da Mecânica de
Fratura
 Desenvolvimento dos ensaio de
ultrassom
Introdução – Titanic Abril/2012
Desconhecimento da Mecânica da Fratura:
• Temperatura de transição frágil–dúctil é levantado com corpo de prova de
impacto.
• Baseados nisso aumentaram a espessura das chapas para construção no navio
(50mm) – maior espessura – estado plano de tensões passa para estado plano de
deformações – aumenta a criticidade do estado triaxial de tensões – reduz
tenacidade à fratura (KIC )
.
Introdução – Titanic Abril/2012
Introdução – Titanic Abril/2012
Pela composição química, a
baixa relação Mn/S leva a
Formação de mais MnS, o que
aumenta a fragilidade e
aumenta a temperatura de
transição frágil - dúctil
Inclusão de sulfeto de
manganês (MnS)
MEV casco Titanic
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Navio tanque S.S. Schenectady (série Liberty 1943)
sofreu fratura catastrófica no porto
•Utilização de máquinas automáticas de
soldagem (experimental);
•Cordões de solda defeituosos
(concentradores de tensão);
•Cruzamento de cordões de solda
(concentrador de tensão);
•Como consequência, aumento da
temperatura de transição dúctil-frágil e
redução da tenacidade à fratura.
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Mais de 90% dos casos de falha ocorrem por
mecanismos de fadiga:
•Fadiga mecânica;
•Fadiga Térmica;
•Fadiga termomecânica;
•Fadiga em alta temperatura;
•Corrosão-fadiga e outros mecanismos combinados.
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Aviões da Havilland 1954 - 1º avião comercial a jato
Modelo Comet
https://www.facebook.com/aeroportrasdaaviacao/videos/o-avi%C3%A3o-
que-explodia-em-voo/3072163969676949/
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
COMET-TRINCAS QUE LEVARAM À FRATURA.
A análise de falhas :
A fratura ocorreu devido à compressão e descompressão, no pouso e decolagem,
causando a nucleação de trincas de fadiga em pontos de concentração de tensão,
próximo às extremidades das escotilhas retangulares. A cabine era pressurizada com
pressões duas vezes maiores que a dos outros aviões(56,9kPa)
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Em 1986, um acidente deixou o mundo em choque, com a morte de sete
tripulantes. O ônibus espacial Challenger explodiu 73 segundos após o
lançamento, em sua décima missão. A análise da falha mostrou que a
temperatura na hora e local do lançamento (~2ºC) contribuiu para fragilizar um
anel de vedação na parte inferior de um dos foguetes permitindo o contato
entre as chamas e o combustível.
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Boeing 737 da Aloha Airlines (28 de abril de 1988) Havaí:
•Avião com 19 anos de uso, nivelou a 7000 metros, quando o teto da primeira
classe desapareceu formando um buraco de 6 metros na fuselagem acima e ao
lado da fileira de assentos;
•Uma comissária, de pé no corredor, foi sugada para fora.
Causa: Corrosão por fadiga
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Acidente com Ayrton Senna na fórmula1, em 1994, causado, ao que tudo indica, pela
fratura por fadiga de uma emenda soldada da barra de direção.
Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
Situações onde a fratura é bem vinda
SKYLAB –1973-1979
1ª estação espacial americana
MIR – 1986-2001 (URSS)
1ª estação espacial humana
Introdução
O estudo da fratura tornou-se tão importante que os cientistas da época achavam que seria
necessário o aprofundamento das investigações nesta área, em direção ao mecanismo de fratura em
nível atômico. A partir de uma reunião no MIT(Massachusets Institute of Technology), em 1957, de
um seleto e pequeno grupo de cientistas, foi elaborado um encontro internacional. Assim, entre 12 e
16 de abril de 1959, ocorreu a Conferência Internacional sobre Mecanismos Atômicos de
Fratura, sediado em Swampscott, Massachusetts, na New Ocean House.
Introdução – Modelos Atomísticos
A energia superficial de fratura
(ɣ) relaciona-se com a tensão
necessária para a fratura (σmax),
em nível atômico, pela
equação:
Onde:
E...é o módulo de Young
a... é a distância interatômica sem
deformação
Introdução – Modelos Atomísticos
Loop de linhas de discordâncias
formadas durante fratura por
impacto
Loop de discordâncias formada na
fragilização por hidrogênio e
fragilização por radiação
Nucleação de trinca
em loop de
discordâncias (MET)
Introdução - Fratura
“É a separação ou fragmentação de um corpo sólido em duas ou mais partes
sob ação de uma tensão, devido ao início e propagação de uma trinca”
Fratura
Frágil Dúctil
Fatores
que
afetam
a fratura
Temperatura
Taxa
deformação
Estado de
tensão
Introdução - Fratura
Condições
de fratura
Tração
Torção
Fadiga
Fluência
Fragilização
H2/T.To
Introdução – Fratura Frágil
Fratura
frágil
Baixa
Temperatura
Alta taxa
deformação
Estado
triaxial de
tensão
Fratura frágil
- É caracterizada por uma ou mais trincas diretas na
estrutura.
- Pouca ou nenhuma deformação.
- A trinca se propaga pelo caminho de menor
resistência.
- Observada em monocristais e materiais
policristalinos.
- A fratura frágil tem aparência brilhante enquanto a
fratura dúctil tem aspecto escuro e acinzentado.
Introdução – Fratura Frágil
•A clivagem ocorre na direção cristalográficas dos planos;
•Observada em metais com estrutura CCC e HC não em metais CFC;
•As faces de clivagem aparecem grãos com alta reflexividade, que dão
um aspecto de fratura brilhante.
Transgranular
Introdução – Fratura Frágil
Intergranular
Ótico
MEV
Introdução – Fratura Dúctil
Fratura dúctil
em metal
muito dúctil
(Au, Pb)
Monocristal
Monocristal: não há nucleação de trincas,
os cristais deformam plasticamente até
iniciar a instabilidade plástica,
empescoçamento.
- A deformação é concentrada na região
de instabilidade plástica até a separação
cristalina ao longo de uma linha ou um
ponto.
Policristal
Policristal (Fratura Taça-Cone): O
empescoçamento leva a um estado
triaxial de tensões e a trinca nucleia em
partículas frágeis (formação de vazios
na interface matriz-partícula).
Aspecto: escuro e acinzentado
Introdução – Exemplo: Falha em um tubo
Falha Dúctil:
- um pedaço
- grande deformações
Falha Frágil:
- vários pedaços
- pouca deformação
V.J. Colangelo and F.A. Heiser, Analysis of Metallurgical Failures(2nd ed.), Fig. 4.1(a)
and (b), p. 66.
Introdução – Histórico da Mecânica da Fratura
•1913-Inglis desenvolve o modelo de tensões para um furo circular (rebites) e
percebe que se o fizer elíptico-similar a trinca;
•1920-Griffith –Teoria da fratura para vidros:
"uma trinca se propagará quando a diminuição da energia de deformação
elástica é pelo menos igual à energia requerida para criar a nova superfície da
trinca".
•1945-Orowan aperfeiçoa a teoria introduzindo uma componente plástica;
•1956-1957-Irwin propõe uma taxa crítica (G) de variação da energia potencial
por unidade de área da trinca (dA=da.t), ou seja, a força motriz;
•Surge o conceito “tenacidade à fratura” para designar diferentes parâmetros
que mostram como a presença de uma trinca afeta a resistência mecânica de
um material.
Introdução – Histórico da Mecânica da Fratura
•Antes do desenvolvimento da Mecânica da Fratura nos anos de 1950–1960, a
análise de trincas em componentes ou estruturas não era possível;
•O projeto era baseado em resultados de ensaios de tração, flexão e compressão,
conjuntamente com os critérios apresentados para corpos sem trincas (Mecânica
dos sólidos);
•A evolução da Mecânica de fratura é a Mecânica de Integridade Estrutural.
FIM

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  • 1. SMM 0328 – Comportamento Mecânico dos Materiais Prof. Dr. Marcelo Paes
  • 2.  Prof. Marcelo  Engenheiro Químico-Materiais (USP/EEL);  Mestrado Engenharia de Materiais (UNICAMP);  Doutorado Engenharia de Materiais (UNICAMP);  20 anos de experiência na indústria automotiva e metalúrgica (engenharia de processos, qualidade e produto);  21 anos de experiência como professor universitário em graduação e pós-graduação;  Áreas de atuação: Metalurgia Física, Transformação de fases, Comportamento Mecânico, Mecânica da Fratura e Fadiga.
  • 3.  Metodologia:  Aulas teórica-expositivas (2hs aula/Semana)  Dúvidas:  Aluno PAE:  Prof. Marcelo: mpaes@usp.br
  • 4.  Programa da disciplina  Apresentação da disciplina.  Ensaios mecânicos primários (Dureza, Impacto, Tração, Torção, Flexão).  Mecânica da Fratura.  Fadiga S-N.  Fadiga S-N Fatores Modificadores.  Modelos de Fadiga, Efeito de Entalhe, Fadiga de Baixo Ciclo.  Propagação de Trincas por Fadiga.  Corrosão-Fadiga.  Fluência.
  • 5. •DOWLING, NORMAN E. –Mechanical Behavior of Materials, Engineering Methods for Deformation, Fracture and Fatigue. •ANDERSON, T. L. –Fracture Mechanics–Fundamentals and Applications, Second Edition, CRC Press, NY, 680p. •MEYERS, M.A.;CHAWLA K.K. –Mechanical Behavior of Materials, N.J.:Prendice Hall, 1999.680p. •DIETER,GEORGE –Metalurgia Mecânica •HERTZBERG, R.W. –deformation and fracture mechanics of engineering materials. John Wiley& Sons, Inc., 1989. •FUCHS, H. O. & STEPHENS, R. I. -Metal fatigue in engineering. New York, John Wiley, 1980. 318p Referências
  • 6. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas Siglos Moeda Persa Fratura do punção de bronze Leonardo da Vinci Pioneiro no estudo de laminação Estudou a influência do comprimento do arame na resistência à fratura
  • 7. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas Réaumur em 1722, estuda e reconhece a estrutura de ferro pudlado através de fratura intergranular. Primeiro exemplo de um trabalho combinando observação, planejamento de experimentos e teoria na melhor tradição da ciência aplicada * Ferro pudlado: produto da fabricação do aço no estado semi sólido rico em C, agitado ao ar para redução do teor de carbono
  • 8. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas Réaumur aqueceu apenas uma das extremidades da barra de aço e temperou–o e fraturou – o para estudar a microestrutura Concluiu que quanto menos espaços vazios, mais duro seria o aço, ou seja, menor o tamanho de grão, maior resistência!
  • 9. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas Séc.XVIII Henry Cort: redução direta em fornos de pudlagem(Puddle-argila); Produto: Ferro pudlado (escórias, inclusões). Trincas de iniciam ao longo das inclusões não metálicas.
  • 10. QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO NA PRESENÇA DE TRINCAS? QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE FRATURA E DO DESENVOLVIMENTO DA MECÂNICA DE FRATURA?
  • 11. Introdução – Titanic Abril/2012 APÓS TITANIC  Desenvolvimento da Mecânica de Fratura  Desenvolvimento dos ensaio de ultrassom
  • 12. Introdução – Titanic Abril/2012 Desconhecimento da Mecânica da Fratura: • Temperatura de transição frágil–dúctil é levantado com corpo de prova de impacto. • Baseados nisso aumentaram a espessura das chapas para construção no navio (50mm) – maior espessura – estado plano de tensões passa para estado plano de deformações – aumenta a criticidade do estado triaxial de tensões – reduz tenacidade à fratura (KIC ) .
  • 14. Introdução – Titanic Abril/2012 Pela composição química, a baixa relação Mn/S leva a Formação de mais MnS, o que aumenta a fragilidade e aumenta a temperatura de transição frágil - dúctil Inclusão de sulfeto de manganês (MnS) MEV casco Titanic
  • 15. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas Navio tanque S.S. Schenectady (série Liberty 1943) sofreu fratura catastrófica no porto •Utilização de máquinas automáticas de soldagem (experimental); •Cordões de solda defeituosos (concentradores de tensão); •Cruzamento de cordões de solda (concentrador de tensão); •Como consequência, aumento da temperatura de transição dúctil-frágil e redução da tenacidade à fratura.
  • 16. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas Mais de 90% dos casos de falha ocorrem por mecanismos de fadiga: •Fadiga mecânica; •Fadiga Térmica; •Fadiga termomecânica; •Fadiga em alta temperatura; •Corrosão-fadiga e outros mecanismos combinados.
  • 17. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas Aviões da Havilland 1954 - 1º avião comercial a jato Modelo Comet https://www.facebook.com/aeroportrasdaaviacao/videos/o-avi%C3%A3o- que-explodia-em-voo/3072163969676949/
  • 18. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas
  • 19. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas COMET-TRINCAS QUE LEVARAM À FRATURA. A análise de falhas : A fratura ocorreu devido à compressão e descompressão, no pouso e decolagem, causando a nucleação de trincas de fadiga em pontos de concentração de tensão, próximo às extremidades das escotilhas retangulares. A cabine era pressurizada com pressões duas vezes maiores que a dos outros aviões(56,9kPa)
  • 20. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas Em 1986, um acidente deixou o mundo em choque, com a morte de sete tripulantes. O ônibus espacial Challenger explodiu 73 segundos após o lançamento, em sua décima missão. A análise da falha mostrou que a temperatura na hora e local do lançamento (~2ºC) contribuiu para fragilizar um anel de vedação na parte inferior de um dos foguetes permitindo o contato entre as chamas e o combustível.
  • 21. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas Boeing 737 da Aloha Airlines (28 de abril de 1988) Havaí: •Avião com 19 anos de uso, nivelou a 7000 metros, quando o teto da primeira classe desapareceu formando um buraco de 6 metros na fuselagem acima e ao lado da fileira de assentos; •Uma comissária, de pé no corredor, foi sugada para fora. Causa: Corrosão por fadiga
  • 22. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas Acidente com Ayrton Senna na fórmula1, em 1994, causado, ao que tudo indica, pela fratura por fadiga de uma emenda soldada da barra de direção.
  • 23. Introdução – Histórico Estudo de Fraturas Situações onde a fratura é bem vinda SKYLAB –1973-1979 1ª estação espacial americana MIR – 1986-2001 (URSS) 1ª estação espacial humana
  • 24. Introdução O estudo da fratura tornou-se tão importante que os cientistas da época achavam que seria necessário o aprofundamento das investigações nesta área, em direção ao mecanismo de fratura em nível atômico. A partir de uma reunião no MIT(Massachusets Institute of Technology), em 1957, de um seleto e pequeno grupo de cientistas, foi elaborado um encontro internacional. Assim, entre 12 e 16 de abril de 1959, ocorreu a Conferência Internacional sobre Mecanismos Atômicos de Fratura, sediado em Swampscott, Massachusetts, na New Ocean House.
  • 25. Introdução – Modelos Atomísticos A energia superficial de fratura (ɣ) relaciona-se com a tensão necessária para a fratura (σmax), em nível atômico, pela equação: Onde: E...é o módulo de Young a... é a distância interatômica sem deformação
  • 26. Introdução – Modelos Atomísticos Loop de linhas de discordâncias formadas durante fratura por impacto Loop de discordâncias formada na fragilização por hidrogênio e fragilização por radiação Nucleação de trinca em loop de discordâncias (MET)
  • 27. Introdução - Fratura “É a separação ou fragmentação de um corpo sólido em duas ou mais partes sob ação de uma tensão, devido ao início e propagação de uma trinca” Fratura Frágil Dúctil Fatores que afetam a fratura Temperatura Taxa deformação Estado de tensão
  • 28. Introdução - Fratura Condições de fratura Tração Torção Fadiga Fluência Fragilização H2/T.To
  • 29. Introdução – Fratura Frágil Fratura frágil Baixa Temperatura Alta taxa deformação Estado triaxial de tensão Fratura frágil - É caracterizada por uma ou mais trincas diretas na estrutura. - Pouca ou nenhuma deformação. - A trinca se propaga pelo caminho de menor resistência. - Observada em monocristais e materiais policristalinos. - A fratura frágil tem aparência brilhante enquanto a fratura dúctil tem aspecto escuro e acinzentado.
  • 30. Introdução – Fratura Frágil •A clivagem ocorre na direção cristalográficas dos planos; •Observada em metais com estrutura CCC e HC não em metais CFC; •As faces de clivagem aparecem grãos com alta reflexividade, que dão um aspecto de fratura brilhante. Transgranular
  • 31. Introdução – Fratura Frágil Intergranular Ótico MEV
  • 32. Introdução – Fratura Dúctil Fratura dúctil em metal muito dúctil (Au, Pb) Monocristal Monocristal: não há nucleação de trincas, os cristais deformam plasticamente até iniciar a instabilidade plástica, empescoçamento. - A deformação é concentrada na região de instabilidade plástica até a separação cristalina ao longo de uma linha ou um ponto. Policristal Policristal (Fratura Taça-Cone): O empescoçamento leva a um estado triaxial de tensões e a trinca nucleia em partículas frágeis (formação de vazios na interface matriz-partícula). Aspecto: escuro e acinzentado
  • 33. Introdução – Exemplo: Falha em um tubo Falha Dúctil: - um pedaço - grande deformações Falha Frágil: - vários pedaços - pouca deformação V.J. Colangelo and F.A. Heiser, Analysis of Metallurgical Failures(2nd ed.), Fig. 4.1(a) and (b), p. 66.
  • 34. Introdução – Histórico da Mecânica da Fratura •1913-Inglis desenvolve o modelo de tensões para um furo circular (rebites) e percebe que se o fizer elíptico-similar a trinca; •1920-Griffith –Teoria da fratura para vidros: "uma trinca se propagará quando a diminuição da energia de deformação elástica é pelo menos igual à energia requerida para criar a nova superfície da trinca". •1945-Orowan aperfeiçoa a teoria introduzindo uma componente plástica; •1956-1957-Irwin propõe uma taxa crítica (G) de variação da energia potencial por unidade de área da trinca (dA=da.t), ou seja, a força motriz; •Surge o conceito “tenacidade à fratura” para designar diferentes parâmetros que mostram como a presença de uma trinca afeta a resistência mecânica de um material.
  • 35. Introdução – Histórico da Mecânica da Fratura •Antes do desenvolvimento da Mecânica da Fratura nos anos de 1950–1960, a análise de trincas em componentes ou estruturas não era possível; •O projeto era baseado em resultados de ensaios de tração, flexão e compressão, conjuntamente com os critérios apresentados para corpos sem trincas (Mecânica dos sólidos); •A evolução da Mecânica de fratura é a Mecânica de Integridade Estrutural.
  • 36. FIM