O documento discute a decisão da agência de classificação de risco Moody's de piorar a perspectiva da dívida pública brasileira. As agências de classificação de risco estão preocupadas com o crescimento fraco da economia brasileira e a deterioração das contas públicas, geridas sem compromisso com a austeridade. O Brasil precisa enfrentar desafios como simplificar o sistema tributário e melhorar a educação para aumentar a produtividade.
1. *
*Escrevo neste domingo de Nova York, onde
estou para proferir palestra a investidores
internacionais interessados nas oportunidades e
nos potenciais da América Latina
*Por aqui ainda repercute a decisão da
Moody's, uma das principais agências globais de
classificação de risco do mundo, de piorar a
perspectiva da dívida pública brasileira de
"positiva" para "estável".
2. • O mais grave é que a decisão ocorre pouco mais de
quatro meses após a Standard & Poor's, outra grande
agência de classificação de risco, ter rebaixado a
perspectiva de "estável" para "negativa".
• A Moody's foi mais longe ao também rebaixar a nota da
Petrobras, exatamente no dia em que ela comemorava
60 anos de fundação, mergulhada na maior crise de sua
história.
Antes que venham as desculpas oficiais de sempre,
denunciando "conspirações" contra o governo e o PT,
convém examinar as razões apresentadas pelas agências.
3. • Elas apontam como causa principal a crescente
deterioração das contas públicas brasileiras, geridas sem
compromisso com a austeridade e a qualidade dos gastos
públicos.
• Também se preocupam com o crescimento pequeno da
economia após 2010 e especialmente com as manobras
fiscais das quais o governo se utiliza para tentar fechar
suas contas. É a chamada contabilidade criativa, cuja
face mais visível é a promíscua relação entre o Tesouro
Nacional e os bancos públicos.
4. • A desconfiança dos brasileiros, expressa nos diversos
índices que medem o ânimo de empresários e de
consumidores, alcança os investidores
internacionais, que se afastam do país devido também
à incerteza dos marcos regulatórios, como mostram as
dificuldades dos leilões de concessões para estradas e
exploração do petróleo do pré-sal.
• A decisão da Moody's é um alerta que não deve ser
subestimado. Nosso entendimento é o de que é hora
de enfrentar desafios que não podem mais ser
adiados, adotando-se iniciativas capazes de produzir
resultados no curto prazo, criando bases sólidas
também para médio e longo prazos.
5. • Pelo menos quatro desafios precisam ser superados para
ampliar a produtividade e a competitividade da economia
brasileira -a simplificação do nosso sistema tributário, a
qualificação da educação e da nossa mão de obra; maior
integração internacional e a adoção de políticas públicas
de incentivo à inovação.
• Por estes caminhos, com certeza é possível construir um
país diferente daquele que a comunidade financeira
internacional -e grande parte dos brasileiros- enxerga
hoje