A ABRASCO expressa preocupação com o Prêmio Pemberton promovido pela Coca-Cola Brasil, visto que a empresa usa parcerias com entidades científicas para promover marcas e produtos não saudáveis, como refrigerantes. Há evidências de que o consumo desses produtos ultraprocessados está associado a obesidade e doenças crônicas. A adesão da comunidade científica a essa iniciativa pode legitimar a imagem e práticas da Coca-Cola, em vez de priorizar a independência e a promoção da
Carta do GT ABRASCO sobre a prêmio oferecido pela Coca - cola Brasil : Pemberton .
1. Nota sobre o Prêmio Pemberton - Coca-Cola Brasil
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) dirige-se ao público em geral
para expressar seu posicionamento acerca do significado do Prêmio Pemberton, de
produção e divulgação científica, promovido pela Coca-Cola Brasil. Por meio do Grupo
Temático Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva (GT ANSC), a ABRASCO tem
acompanhado com atenção as estratégias da indústria de produtos alimentares
ultraprocessados de estabelecer “parcerias” que, em verdade, buscam a aproximação e a
articulação com autoridades governamentais e com entidades científicas, com vistas a
promover suas marcas e, por consequência, seus produtos, reconhecidamente não-
saudáveis.
São consistentes as evidências científicas da associação entre o consumo de produtos
alimentares ultraprocessados (como os refrigerantes) e a obesidade, agravo que
contribui para o aumento de doenças crônicas não transmissíveis. O consumo de
refrigerantes quintuplicou em nosso país nas últimas três décadas, acompanhando o
aumento acelerado das prevalências de excesso de peso e de obesidade entre crianças,
adolescentes e adultos. Este é o resultado de estratégias bem sucedidas de empresas,
como a Coca-Cola, para a promoção do consumo de seus produtos, entre elas: a
propaganda, o patrocínio de eventos científicos e a cooptação de pesquisadores.
Para a ABRASCO, a adesão da Comunidade Científica a iniciativas como a do prêmio
oferecido pela Coca-Cola Brasil é, em princípio, incompatível com a necessária
independência intelectual, financeira e política que deve orientar as pesquisas científicas
e a prática acadêmica. Tendo em vista que a ciência e seus representantes possuem
grande reconhecimento por parte do público em geral, sua vinculação a esse tipo de
iniciativa legitima a imagem, os produtos e as práticas dessas empresas.
Ao trazer este alerta à sociedade, a ABRASCO aponta como urgente a necessidade de
se diferenciarem os objetivos da comunidade científica dos interesses comerciais dos
setores econômicos ligados à alimentação e nutrição. Com isso, a ABRASCO reafirma
a defesa dos esforços direcionados ao enfrentamento da obesidade e de outras doenças
crônicas, além de reforçar o imprescindível compromisso da comunidade científica com
a promoção da alimentação saudável e a melhoria das condições alimentares da
população brasileira.
Maio de 2013.
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