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SUMÁRIO
UNIDADE I- Princípios básicos do solo 4
1.1 Perfil de um solo 4
1.1.2 Funções do solo 5
1.1.3 Composição do solo 5
1.1.4 Classificação quanto a granulometria 6
1.1.5 Classificação taxonômica 8
1.1.6 Classificação Brasileira 10
1.1.7 Classificação internacional dos solos 16
1.2 Degradação dos solos 21
1.2.1 Áreas críticas de erosão e degradação física no Brasil 25
1.2.1 Degradação química 26
UNIDADE II- Erosão e sedimentação 29
2.1 Erosão hídrica 30
2.2 Erosão eólica 30
2.3 Degradação e conseqüências da erosão 30
UNIDADE III- Conservação dos solos 32
3.1 Práticas conservacionistas 33
3.2 Solo e conservação da água 34
3.3 Compactação do solo 35
3.3.4 Causas da Compactação do solo 36
UNIDADE IV Qualidade do solo 43
4.1 Indicadores físicos da qualidade do solo 43
4.2 Indicadores químicos da qualidade do solo 44
UNIDADE V- Manejo de solos 46
5.1 Manejo conservacionista 48
5.2 Planejamento e uso do solo 50
5.3 Levantamento e conservação do solo 51
UNIDADE VI- Qualidade da água para irrigação 55
6.1 Principais problemas vinculados a qualidade da água de irrigação 56
6.2 Classificação da água para irrigação 57
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UNIDADE I
1. Princípios básicos do solo
Solo é um corpo de material inconsolidado, que recobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a
atmosfera. Os solos são constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução
do solo) e gasosa (ar).
É produto do intemperismo sobre um material de origem, cuja transformação se desenvolve em um
determinado relevo, clima, bioma e ao longo de um tempo.
O solo, contudo, pode ser visto sobre diferentes ópticas. Para um agrônomo, através da edafologia, solo é
a camada na qual pode-se desenvolver vida vegetal. Para um engenheiro civil, sob o ponto de vista da
mecânica dos solos, solo é um corpo passível de ser escavado, sendo utilizado dessa forma como suporte
para construções ou material de construção.
1.1.1 Perfil de um solo
Pedogênese
Pedogênese é o processo químico e físico de alteração (adição, remoção, transporte e modificação) que
atua sobre um material litológico, originando um solo.
Solos estão constantemente em desenvolvimento, nunca estando estáticos, por mais curto que seja o
tempo considerado. Ou seja, desde a escala microscopia, diariamente, há alteração por organismos vivos
no solo, da mesma forma que o clima, ao longo de milhares de anos, modifica o solo. Dessa forma, temos
solos na maioria recentes, quase nunca ultrapassando idades Terciárias.
Geralmente, o solo é descrito como um corpo tridimensional, podendo ser, porém, ao se considerar o fator
tempo, descrito como um sistema de quatro dimensões [1]
: tempo, profundidade, largura e comprimento.
Um solo é o produto de uma ação combinada e concomitante de diversos fatores. A maior ou menor
intensidade de algum fator pode ser determinante na criação de um ou outro solo. São comumente ditos
como fatores da formação de solo [2]
: clima, material de origem, organismos, tempo e relevo.
1.1.2 Funções do solo
• Principal substrato utilizado pelas plantas para o seu crescimento (H2O, O2 e nutrientes) e
disseminação;
• Reciclagem e armazenamento de nutrientes e detritos orgânicos;
• Controlo do fluxo da água e acção protectora da qualidade da água subterrânea;
• Controlo do fluxo da água e acção protectora da qualidade da água subterrânea;
1.1.3 A composição do solo
O solo é a camada mais superficial da crosta, é composto por sais minerais dissolvidos na água
intersticial, seres vivos e rochas em decomposição.
Existem muitas variações de terreno a terreno dos elementos de um solo, mas basicamente figuram-se
quatro camadas principais:
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• A primeira camada é rica em húmus, detritos de origem orgânica. Essa camada é chamada de
camada fértil. Ela é a melhor para o plantio, e é nessa camada que as plantas encontram alguns
sais minerais e água para se desenvolver.
Fig. 01- Perfil do solo
A outra camada é a camada dos sais minerais. Ela é dividida em três partes:
 A primeira parte é a do calcário. Corresponde entre 7 e 10% dessa camada.
 A segunda parte é a da argila, formada geralmente por caolinita, caulim e sedimentos de feldspato.
Corresponde de 20 a 30% dessa camada.
 A última parte é a da areia. Esta camada é muito permeável e existem espaços entre as partículas
da areia, permitindo que entre ar e água com mais facilidade. Esta parte corresponde de 60 a 70%
da camada em abertura com o Magma.
• A terceira camada é a das rochas parcialmente decompostas. Depois de se decomporem
totalmente, pela ação da erosão e agentes geológicos, essas rochas podem virar sedimentos.
• A quarta camada é a de rochas que estão inicialmente começando a se decompor. Essas rochas
podem ser chamadas de rocha matriz.
1.1.4 Classificação quanto à granulometria
Solos arenosos
São aqueles que tem grande parte de suas partículas classificadas na fração areia, de tamanho entre
0,05 mm e 2 mm, formado principalmente por cristais de quartzo e minerais primários. Os solos arenosos
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têm boa aeração e capacidade de infiltração de água. Certas plantas e microorganismos podem viver com
mais dificuldades, devido à pouca capacidade de retenção de água.
Solos siltosos
São aqueles que tem grande parte de suas partículas classificadas na fração silte, de tamanho entre 0,05 e
0,002mm, geralmente são muito erosíveis. O silte não se agrega como as argilas e ao mesmo tempo suas
partículas são muito pequenas e leves. São geralmente finos.
Solos argilosos
São aqueles que tem grande parte de suas partículas classificadas na fração argila, de tamanho menor que
0,002mm (tamanho máximo de um colóide). Não são tão arejados, mas armazenam mais água quando
bem estruturados. São geralmente menos permeáveis, embora alguns solos brasileiros muito argilosos
apresentam grande permeabilidade - graças aos poros de origem biológica. Sua composição é de boa
quantidade de óxidos de alumínio (gibbsita) e de ferro (goethita e hematita). Formam pequenos grãos que
lembram a sensação táctil de pó-de-café e isso lhes dá certas caraterísticas similares ao arenoso.
Latossolo
Possui a capacidade de troca de cations baixa, menor que 17 cmolc, presença de argilas de baixa atividade
(Tb), geralmente são solos muito profundos (maior que 2 m), bem desenvolvidos, localizados em terrenos
planos ou pouco ondulados, tem textura granular e coloração amarela a vermelha escura. São solos zonais
típicos de regiões de clima tropical úmido e semi-úmido, como Brasil e a África central. Sua coloração
pode ser vermelha, alaranjada ou amarelada. Isso evidencia concentração de óxidos de Fe e Al em tais
solos. São profundos, bastante porosos e bem intemperizados.
Solo lixiviado
São aqueles que a grande quantidade de chuva carrega seus nutrientes, tornando o solo pobre ( pobre de
potássio, e nitrogênio).
Solos negros das Planícies e das Pradarias
São aqueles que são ricos em matéria orgânica.
Solo árido
São aqueles que pela ausência de chuva não desenvolvem seu solo.
Solo orgânico
Composto de materiais orgânicos (restos de organismos mortos e em decomposição), além da areia e da
argila. Este solo é o que mais favorece o desenvolvimento vida das plantas, porém solos orgânicos
tropicais como do Brasil, por exemplo, possui baixa fertilidade. O humus é o residuo ou composto solúvel
originado pela biodegradação da materia organica, que torna disponivel para as plantas nutrientes
minerais e gasosos como o nitrogênio (N).
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O solo organico favorece propriedades fisicas e quimicas do solo; favorece as propriedades fisicas pois
formam-se grânulos, deixando-o mais leve, menos pegajoso e mais trabalhavel. A formação de grânulos
tambem favorece a umidade e aeração do solo, ja que se forma espaços vazios entre os grânulos e estes,
por sua vez, são preenchido por ar e agua. Favorece as propriedades quimicas, pois pode aumentar sua
CTC, fixar nutrientes minerais e gasosos atraves de reações químicas e aumenta ou diminuir o pH.
Grandes quantidades de matéria orgânica no solo pode favorecer ao aumento da acidez potencial, por
liberação de H+.
1.1.5 Classificação taxonômica de solos
A classificação dos solos permite entender os processos que levam um solo a transformar-se em outro.
Podem classificar-se os solos segundo uma característica marcante, como a fertilidade o que permite
propor ações governamentais para a agricultura e assentamentos. Por outro lado, ao subdividir o solo pelo
seu baixo teor de argila, podem entender-se os processos de lixiviação que podem estar destruindo aquele
solo.
A taxonomia dos solos é baseada nas características de cada país ou região, sendo, portanto, geralmente
nacionais ou regionais.
Os primeiros sistemas de classificação utilizados na pedologia exigiam apenas a observação do
pesquisador. Eram geralmente associados aos processos mais marcantes da gênese pedológica, ou a rocha
matriz ou até mesmo a cor do solo. Dessa forma, existiam os "solos de colúvio", ou os "solos de granitos"
ou "solos roxos"
Basicamente na Pedologia temos as unidades sistemáticas:
• Ordem
• Subordem
• Grande Grupo
• Subgrupo
• Família
• Série
Primeira classificação
Universalmente, a classificação utilizada na pedologia, desde seus primórdios, estava baseado em três
ordens:
Zonal
Azonal
Intrazonal
Esta organização baseava-se principalmente nos fatores de clima, tempo e relevo que se encontrava os
solos:
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• solos zonais são aqueles em relevos estáveis, em climas estáveis culminando em um formação
antiga;
• solos azonais são aqueles que existem em ambientes instáveis, por exemplo, em aluviões e
colúvios. São, portanto, sempre jovens.
• solos intrazonais são solos em que o relevo local ou material de origem prevalecem sobre o clima;
são solos intermediários entre azonais e zonais (quando vistos sob o fator tempo).
Horizonte diagnóstico
Para se classificar um solo, deve-se ter em vista seu horizonte diagnóstico, dentro do solum (horizontes O,
A e B juntos). Este é um horizonte do solo, com características pré-determinadas pela taxonomia a ser
utilizada pelo pedólogo. Para tanto, devem-se pegar amostras de cada horizonte do solo e, em laboratório,
ver qual horizonte diagnóstico determinada amostra representa.
Os horizontes de solo, que compõem o perfil de um solo, são apenas horizontes delimitados de acordo
com sentidos básicos do pesquisador (como visão e tato) e simples técnicas de campo. Já os horizontes
diagnósticos exigem exames em laboratório.
Por exemplo, ao se retirar a amostra do horizonte B, e, em laboratório ver que trata-se de um horizonte B
textural, ou seja, com acúmulo de argila, sendo ainda um acúmulo iluvial, pois em campo o pedólogo viu
que se tratava de um horizonte B abaixo de um horizonte Eluvial (horizonte E), ou um solo em vertente,
próximo a uma latossolo, o pesquisador poderá inferir se é um solo do tipo Luvissolo ou Argissolo (sendo
que no primeiro, as argilas devem ser 2:1 e no segundo 1:1).
A seguir, na Classificação Brasileira, estão listados os solos do Brasil e brevemente seus horizontes (e
algumas características) diagnósticas.
1.1.6 Classificação brasileira
A classificação brasileira de Solos, sempre em constante atualização, é chamada de SiBCS (Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos). É desenvolvida pela Embrapa, sendo a mais recente, publicada em
1999, com importante atualização em 2005.
Nesta classificação, feita por profissionais do órgão e diversos voluntários acadêmicos, há 6 níveis
categóricos (Ordem, Subordem, Grande Grupo, Subgrupo), sendo os níveis mais baixos (Família e Série)
ainda discutidos.
Existiam, no SiBCS [3]
1999, 14 ordens de solo, mas em 2005, uma ordem foi extinta. As 13 ordens
resultantes são:
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Fig.2 Perfil do solo
Argissolo
São solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B textural imediatamente abaixo do A
ou E, com argila de atividade baixa ou com argila de atividade alta conjugada com saturação por bases
baixa e/ou caráter alítico na maior parte do horizonte B, e satisfazendo, ainda, os seguintes requisitos:
• Horizonte plíntico, se presente, não satisfaz os critérios para Plintossolo;
• Horizonte glei, se presente, não satisfaz os critérios para Gleissolo.
EMBRAPA - CNPS. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasilia: Embrapa-SPI; Rio de Janeiro:
Embrapa-Solos, 2006. 306 p.
Cambissolo
São solos constituídos por material mineral com horizonte B incipiente subjacente a qualquer tipo de
horizonte superficial, exceto hístico com 40cm ou mais de espessura, ou horizonte A chernozêmico,
quando o B incipiente apresentar argila de atividade alta e saturação por bases alta. Plintita e petroplintita,
horizonte glei e horizonte vértico, se presentes, não satisfazem os requisitos para Plintossolos, Gleissolos
e Vertissolos, respectivamente.
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Chernossolo
Chernossolo é um tipo de solo mineral, caracterizado pela cor escura, argila de alta atividade e alta
saturação de bases. Está entre as classes de solos mais férteis e agricultáveis.
Esta denominação foi introduzida no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos em 1998 quando este
foi alterado. No sistema de classificação usado até então, os Chernossolos enquadravam-se nas classes
Brunizens, Solos Brunos e Rendzinas.
Os Chernossolos correspondem em parte aos Mollisols do Sistema Norte-americano de Classificação de
Solos e aos Chernozems do Sistema de Classificação de Solos da FAO.
É um tipo de solo classificado em função do horizonte A, diferentemente da maioria dos solos do Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos que são classificados em função dos horizontes sub-superficiais.
Espodossolo
O espodossolo é um solo com horizonte B espódico em seqüência de horizonte E (álbico ou não) ou A. É
um processo de podzolização com eluviação de compostos de alumínio com ou sem ferro em presença de
húmus ácido e acumulação iluvial desses constituintes.
Gleissolo
São solos constituídos por material mineral com horizonte glei iniciandose dentro dos primeiros 150cm da
superfície, imediatamente abaixo de horizonte A ou E, ou de horizonte hístico com espessura insuficiente
para definir a classe dos Organossolos, não apresentando horizonte vértico ou horizonte B textural com
mudança textural abrupta acima ou coincidente com horizonte glei, tampouco qualquer outro tipo de
horizonte B diagnóstico acima do horizonte glei, ou textura exclusivamente areia ou areia franca em todos
os horizontes até a profundidade de 150cm a partir da superfície do solo ou até um contato lítico.
Horizonte plíntico se presente deve estar à profundidade superior a 200cm da superfície do solo.
Latossolo
São solos constituídos predominantemente por material mineral, apresentando horizonte B latossólico
imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200cm da superfície do solo ou dentro
de 300cm, se o horizonte A apresentar mais que 150cm de espessura.
Os Latossolos apresentam a maior representação geográfica no Brasil em relação aos demais tipos de
solos. Em termos globais, estendem-se por cerca de 750 milhões de hectares, sendo que 300 milhões de
hectares estão em território brasileiro. As argilas são prodominantemente do tipo caulinita, cujas
partículas são revestidas por óxidos de ferro, responsáveis pelas típicas cores avermelhadas. A transição
entre horizontes é gradual ou difusa e quase sempre a única diferença a notar no perfil é um
escurecimento do horizonte A, ocasionado pelo acúmulo de húmus advindo de uma intensa decomposição
de restos vegetais. A textura ou granulometria é também uniforme, uma vez ser destituído do horizonte B.
Neste horizonte, a estrutura é composta de agregados com formato arredondado e de tamanhos muito
pequenos (0,5 a 3,0 mm), os quais são numerosos e acomodados de modo a deixarem uma grande
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quantidade de macroporos entre eles, o que proporciona uma alta permeabilidade à água, mesmo com
elevados teores de argila.
Caracterização
Nos Latossolos, o horizonte B encontra-se imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizontes
superficiais, exceto os de características marcadamente orgânicas ou hidromórficas.
As características latossólicas devem estar bem caracterizadas nos primeiros 2 m de profundidade ou
dentro dos primeiros 3 m de profundidade caso o horizonte A apresente espessura maior que 0,50 m. São
solos em geral profundos, velhos, bem drenados, baixo teor de silte, baixo teor de materiais facilmente
intemperizaveis, homogêneo, estrutura granular, sempre ácidos, nunca hidromórficos. Podem ser
eutróficos (saturação por bases maior que 50%) ou distróficos (saturação por bases inferior a 50%); São
formados pelo processo denominado latolização que consiste basicamente na remoção da sílica e das
bases do perfil (Ca2+, Mg2+, K+ etc), após transformação dos minerais primários constituintes. São
definidas sete diferentes classes de latossolo, diferenciadas com base na combinação de características
com teor de Fe2O3, cor do solo e relação Ki (SiO2/Al2O3). São solos minerais , não-hidromórficos,
profundos (normalmente superiores a 2 m), horizontes B muito espesso (> 50 cm) com seqüência de
horizontes A, B e C pouco diferenciados; as cores variam de vermelhas muito escuras a amareladas,
geralmente escuras no A, vivas no B e mais claras no C. A sílica (SiO2) e as bases trocáveis (em particular
Ca, Mg e K) são removidas do sistema, levando ao enriquecimento com óxidos de ferro e de alumínio que
são agentes agregantes, dando à massa do solo aspecto maciço poroso; apresentam estrutura granular
muito pequena; são macios quando secos e altamente friáveis quando úmidos. Apresentam teor de silte
inferior a 20% e argila variando entre 15% e 80%. São solos com alta permeabilidade à água, podendo ser
trabalhados em grande amplitude de umidade. Os latossolos apresentam tendência a formar crostas
superficiais, possivelmente, devido à floculação das argilas que passam a comportar-se funcionalmente
como silte e areia fina. A fração silte desempenha papel importante no encrostamento, o que pode ser
evitado, mantendo-se o terreno com cobertura vegetal a maior parte do tempo, em especial, em áreas com
pastagens. Essas pastagens, quando manejadas de maneira inadequada, como: uso de fogo, pisoteio
excessivo de animais, deixam o solo exposto e sujeito ao ressecamento. Os latossolos são muito
intemperizados, com pequena reserva de nutrientes para as plantas, representados normalmente por sua
baixa a média capacidade de troca de cátions. Um fator limitante é a baixa fertilidade desses solos.
Contudo, com aplicações adequadas de corretivos e fertilizantes, aliadas à época propícia de plantio de
cultivares adaptadas, obtêm-se boas produções.
Luvissolo
São solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B textural com argila de atividade
alta e alta saturação por bases, imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, exceto A
chernozêmico, ou sob horizonte E, e satisfazendo o seguinte requisito:
• horizontes plíntico, vértico e plânico se presentes, não satisfazem os critérios para Plintossolos,
Vertissolos, Planossolos, respectivamente; ou seja não são coincidentes com a parte superficial do
horizonte B textural.
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Neossolo
São solos pouco evoluídos constituídos por material mineral, ou por material orgânico com menos de
20cm de espessura, não apresentando qualquer tipo de horizonte B diagnóstico. Horizontes glei, plíntico,
vértico e A chernozêmico, quando presentes, não ocorrem em condição diagnóstica para as classes
Gleissolos, Plintossolos, Vertissolos e Chernossolos, respectivamente.
Nitossolo
São solos com 350g/kg ou mais de argila, inclusive no horizonte A, constituídos por material mineral que
apresentam horizonte B nítico abaixo do horizonte A, com argila de atividade baixa ou caráter alítico na
maior parte do horizonte B, dentro de 150cm da superfície do solo.
Organossolo
São solos constituídos por material orgânico (teor de carbono orgânico maior ou igual a 80 g/kg de
TFSA), que apresentam horizonte hístico, satisfazendo os seguintes critérios:
• 60cm ou mais de espessura se 75% (expresso em volume) ou mais do material orgânico consiste
de tecido vegetal na forma de restos de ramos finos, raízes finas, cascas de árvores, etc., excluindo
as partes vivas; ou
• solos que estão saturados com água no máximo por 30 dias consecutivos por ano, durante o
período mais chuvoso, com horizonte O hístico;
• solos saturados com água durante a maior parte do ano, na maioria dos anos, a menos que
artificialmente drenados, apresentando horizonte H hístico.
Planossolo
São solos constituídos por material mineral com horizonte A ou E seguidos de horizonte B plânico, não
coincidente com horizonte plíntico ou glei.
Vertissolo
São solos constituídos por material mineral com horizonte vértico entre 25 e 100cm de profundidade e
relação textural insuficiente para caracterizar um B textural, e apresentando, além disso, os seguintes
requisitos:
• teor de argila, após mistura e homogeneização do material de solo, nos 20cm superficiais, de no
mínimo 300g/kg de solo;
• fendas verticais no período seco, com pelo menos 1cm de largura, atingindo, no mínimo, 50cm de
profundidade, exceto no caso de solos rasos, onde o limite mínimo é de 30cm de profundidade;
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• ausência de material com contato lítico, ou horizonte petrocálcico, ou duripã dentro dos primeiros
30cm de profundidade;
• em áreas irrigadas ou mal drenadas (sem fendas aparentes), o coeficiente de expansão linear
(COLE) deve ser igual ou superior a 0,06 ou a expansibilidade linear é de 6cm ou mais; e
• ausência de qualquer tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte vértico.
A ordem dos Alissolos foi retirada em 2005. Este solo era diagnosticado como possuidor de um horizonte
B textutal rico em alumínios e argilas 2:1. Esta ordem foi excluída, pois classificar de acordo com a
quantidade de alumínio foi considerado algo secundário, sendo possível, inclusive, tais teores de alumínio
dos Argissolos ocorrerem em outros solos também.
1.1.7 Classificação internacional dos solos
A FAO (Food and Agriculture Organization das Nações Unidas) publicou 1998 a classificação dos solos
como "World Soil Ressource Report 84“ (WRB), uma nova edição do sistema mais antigo "Soil Map of
the World“ de 1988. Ela foi reconhecida como classificação internacional pelo Congresso da União
Internacional dos Especialistas do Solo em 1998 em Montpellier.
Desde 2006, existe uma nova versão da Base de Referência Mundial para Recursos de Solos com muitas
modificações. Em 2007 foi publicada mais uma nova versão do "World Reference Base for Soil
Ressources" ou "Base referencial mundial del recurso suelo"[5]
.
Morfologia
Quanto maior a atuação da pedogênese no solo, mais este se tornará um corpo individual, com
características próprias. Para se determinar o tipo de solo, busca-se pesquisas teóricas e dois momentos
empíricos:
• Análise de campo
• Análise de laboratório.
• A análise de campo é, sem dúvidas, um dos momentos mais importantes do estudo da pedologia,
sendo o único momento em que o pesquisador poderá ver o solo como um corpo tridimensional,
atrelado a paisagem. Em laboratório, na maioria dos processos, o solo deverá ser destruído de sua
estrutura original (salvo preparação para micromorfologia). Informações como cor, influência do
relevo e biomassa e estrutura de agregados se perderão.
O principal objetivo do estudo em campo é descrever de forma padronizada a morfologia, ou seja, a
"anatomia" do solo, a qual será melhor analisada junto aos resultados laboratoriais para se determinar o
tipo de solo, sua gênese, etc...
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Geralmente os processos de descrição são bastante simples e não exigem equipamentos mais complexos
do que pás, martelos de pedólogos, lupas, água para molhar a amostra e tabela de cor. Os sentidos usados
pelo pedólogo geralmente são o tato (para se testar textura) e visão; há, contudo, alguns métodos
descritivos, menos usuais e não aconselhados, que se utilizam do paladar (para determinar se a amostra é
siltosa ou argilosa) e até olfato, para se determinar decomposição e presença de rochas argilosas.
Nesta análise visual inicial, distinguem-se os horizontes do solo, detectando-se a translocação de argilas e
matéria orgânica pela cor e consistência. Depois recolhem-se amostras que serão analisadas para
determinar a composição em areia (grossa e fina), argila e silte. Essas partículas distinguem-se
primeiramente pelo tamanho, mas suas propriedades são diferentes, por exemplo, as argilas adsorvem
partículas.
Perfil e horizontes
Um solo possuí camadas horizontais de morfologia diferente entre si. Essas camadas são chamadas de
horizontes. Essas camadas, apesar de todos as normas e técnicas, dependem para sua delimitação em
campo estritamente dos sentidos do pedólogo.
A soma destas camadas define o perfil do solo. Como a ação pedogenética, tal como perturbação de seres
vivos, infiltração de água, entre outros, é variável ao perfil, é constante o desenvolvimento de alguns
horizontes. Diz-se que quanto mais distante da rocha mãe, mais intensa e/ou antiga foi a ação
pedogenética.
Basicamente um perfil de solo apresenta os horizontes:
• O - O horizonte orgânico do solo e bastante escuro
• H - Horizonte de constituição orgânica, superficial ou não, composto de resíduos orgânicos
acumulados ou em acumulação sob condições de prolongada estagnação de água, salvo se
artificialmente drenado.
• A - Horizonte superficial, com bastante interferência do clima e da biomassa. É o horizonte de
maior mistura mineral com húmus.
• E - Horizonte eluvial, ou seja, de exportação de material, geralmente argilas e pequenos minerais.
Por isso são geralmente mais claros que demais horizontes.
• B - Horizonte de maior concentração de argilas, minerais oriundos de horizontes superiores (e, às
vezes, de solos adjacentes). É o solo com coloração mais forte, agregação e desenvolvimento.
• C - Porção de mistura de solo pouco denso com rochas pouco alteradas da rocha mãe. Equivale
aproximadamente ao conceito de saprólito.
• R ou D - Rocha matriz não alterada. De difícil acesso em campo.
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Fig.03- Representação dos horizontes do solo
Textura
A textura do solo depende da proporção de areia, do silte (ou limo), ou argila na sua composição.
Isso influencia na:
• taxa de infiltração da água
• armazenamento da água
• aeração
• facilidade de mecanização
• distribuição de determinados nutrientes (fertilidade do solo).
As percentagens de argila, silte e areia mudam bastante ao longo da extensão de um terreno. A maneira
em que esses diferentes tipos de grãos se distribuem é de extrema importância na disseminação da água
no solo. A textura modifica o movimento da água.
No Brasil existe uma camada superficial que é arenosa e uma subsuperficial argilosa o que resulta em
uma diferença quanto à porosidade. A água acaba penetrando mais facilmente na parte de cima e
lentamente na camada inferior. Isso facilita a erosão em função do relevo e cobertura vegetal ou prejudica
o desenvolvimento das raízes das plantas.
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Cor
Como a cor é algo bastante subjetivo, geralmente em todo o mundo se utiliza uma tabela de cor padrão,
chamada de Münsell. Esta tabela consiste em aproximadamente 170 cores arranjadas de formas diversas.
Estrutura
As partículas da textura podem se encontrar agregadas (porém não como rochas). A estrutura é então
referente ao tamanho, forma e aspecto destes agregados.
Consistência
Os agregados, por sua vez, têm diversos graus de adesão, podendo ser mais friáveis (macios) ou mais
brandos (duros). A resistência desses agregados é conhecida como consistência, e, como depende da
textura, porosidade e outros fatores, é também testada em amostras
• secas - para se determinar a dureza ou tenacidade
• úmidas - para se determinar a friabilidade
• molhadas - plasticidade e pegajosidade.
Poros
Poros são os "vãos" dentro do solo. O maior fator de criação de tais poros é o bioma compostos de
insetos, minhocas, etc... Os poros ajudam a penetração de água e sua permeabilidade, que, por sua vez,
transporta material para dentro do solo, dos horizonte mais superficiais para os mais profundos.
São dois grupos de poros, com um intermediário:
• macroporos - geralmente maiores de 0,075mm. Esses poros perdem sua água após 48h de secagem
natural e são os que mais determinam a permeabilidade e aeração do solo.
• mesoporos - intermediário entre macroporos e microporos (entre 0,030mm e 0,075mm).
• microporos - menores que 0,030mm, responsáveis pela retenção de água.
Fertilidade e erosão
O solo funciona como alicerce da vida terrestre. Os micro e macro nutrientes, assim como boa porção da
água que plantas necessitam, estão nos solos.
Para essa vida existir, o equilíbrio dentro solo - que age desta forma como um corpo mediator entre
litosfera, hidrosfera, biosfera e atmosfera - deve estar preservado e adequado. Quando isto ocorre, diz se
que o solos está fértil. Se um dos elementos necessários à vida não estiver presente, ou estiver em número
insuficiente para aquele bioma, o solo está infértil e deve ser artificialmente corrigido. Muitas vezes, é o
próprio homem que torna seu solo infértil, através da erosão ou exploração acelerada.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
• SCHAETZEL, R & ANDERSON S. Sois: Genesis and Geomorphology. Cambridge: Ed.
Cambridge, 2005
• JENNYS, H. 1994. Factors of Soil Formation. A System of Quantitative Pedology. New York:
Dover Press, 1941. pdf file format.
• FAO-UNESCO (Ed.) (1974–1981). Soil Map of the World. 18 Karten 1:5 Mio. UNESCO, Paris.
• FAO (Ed.) (1994). Soil map of the world – revised legend with corrections. ISRIC Technical
Paper, Wageningen. ISBN 90-6672-057-3
• LEPSCH, F. Igo. Formação e Conservação dos solos. São Paulo: Oficina de textos, 2002.
1.2 DEGRADAÇÃO DO SOLO
Blum (1988 ) conceituou a degradação do solo como a deterioração da qualidade esse compartimento am-
biental, ou em outras palavras, a perda parcial ou completa de uma ou mais funções do solo. Segundo van
Lynden (2000) essas funções podem ser separadas em dois grupos, sendo eles: (1) funções ecológicas e
(2) funções mais relacionadas às atividades humanas.
O solo é um minério renovável em razão da sua capacidade de ser usado diversas vezes. O solo é um dos
elementos naturais mais importantes, uma vez que todos os seres vivos estão sobre o mesmo. Todo susten-
to humano é retirado desse recurso.
A degradação do solo leva a uma queda do PNB de vários países: Ghana, 7%; Nigéria, 17%; estes efeitos
devem-se a perda de solo, contaminação da água e retirada da cobertura vegetal. Pode-se dizer que a de-
gradação do solo é não só uma perda econômica, mas uma hemorragia ambiental.
A degradação do solo é definida como um decréscimo na qualidade do solo medidas por mudanças nas
propriedades e processos, tendo como conseqüência o declínio de produtividade em termos de produção
presente e de previsão futura.
Apesar da extrema importância que o solo desempenha, o uso quando realizado de forma inadequada faci-
lita o aparecimento de vários problemas.
• Esgotamento dos solos: o crescente aumento das erosões é resultado da forma equivocada de plantio
desenvolvida por muitos agricultores ao longo do território brasileiro, isso tem transformado grandes áre-
as produtivas em solos inférteis.
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• Lixiviação: termo usado para designar um processo que ocorre quando as águas da chuva realizam uma
espécie de “lavagem” do solo, retirando um elevado percentual de nutrientes que fertilizam o solo, tornan-
do-o menos fértil. Em decorrência desse fato, se faz necessária a aplicação cada vez maior de fertilizantes.
• Laterização: é um processo que acontece em lugares nos quais predominam duas estações bem defini-
das (seca e chuvosa), essa característica favorece a concentração de hidróxido de ferro e alumínio no solo.
A concentração desses minerais forma a laterita, que torna difícil o manejo do solo em virtude do surgi-
mento de uma ferrugem por cima do mesmo, deixando-o mais duro.
As atividades agrícolas são agentes degradantes dos solos, causando anualmente a perda de milhões de to-
neladas. Veja a seguir alguns dados relacionados ao tipo de produção rural com seus respectivos resulta-
dos negativos.
Áreas constituídas por matas naturais: 4 quilos de solo por hectare ao ano.
Pastagem: 700 quilos de solo por hectare ao ano.
Cafezal: 1.100 quilos de solo por hectares ao ano.
Algodão: 38.000 quilos de solo por hectares anuais.
Sem plantação: 100.000 quilos por hectare ao ano.
Uma vez que, na natureza todos os processos são interdependentes, a degradação do solo está intimamen-
te relacionada com problemas de outros recursos: recursos hídricos, biodiversidade e redução da qualida-
de de vida da população afetada.
A degradação do solo põe advir de vários fenómenos:
- erosão ou desertificação do solo
- utilização de tecnologias inadequadas;
- falta de práticas de conservação de água no solo;
- destruição da cobertura vegetal, nomeadamente para a expansão urbana.
Acerca do fenómeno de “desertificação”, este termo aponta para "a degradação da terra nas zonas áridas,
semi-áridas e sub-húmidas secas resultantes de factores diversos tais como as variações climáticas e as ac-
tividades humanas" (Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação).
A erosão ou desertificação dos solos é um problema que se está a agravar quer a nível mundial quer a ní-
vel nacional, precisamente devido ao impacte das actividades humanas. As técnicas agrícolas que se estão
a usar fazem com que o teor de matéria orgânica diminua, ficando os solos cada vez mais inférteis e vul-
neráveis a este fenómeno. Para isso também tem contribuído uma exploração florestal pouco adequada
aos solos locais.
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Portugal é dos 120 países a nível mundial com problemas de desertificação física dos solos e uma das na-
ções europeias mais susceptíveis a este fenómeno. Apesar do nosso país possuir 10% de solos considera-
dos férteis, a actual taxa de ocupação de culturas agrícolas chega aos 30%. Além disso, tem-se insistido
noutras práticas agrícolas inadequadas, como queimadas do restolho e lavouras em zonas de clivosas.
A utilização de tecnologias inadequadas e consequente contaminação dos solos dá-se principalmente por
resíduos sólidos e líquidos, efluentes provenientes das actividades agrícolas, descargas de suiniculturas ou
de indústrias de vários ramos, etc.
Poderemos estar a falar de contaminações por nitratos, por exemplo, em que a sua fonte mais problemáti-
ca são os fertilizantes utilizados na agricultura e que têm grande capacidade de escorrerem e de se dissol-
verem na água, com consequências para o meio e para a saúde de quem lá vive.
Os compostos orgânicos tóxicos como os hidrocarbonetos (derivados do petróleo em que há fugas de
combustível das estações de serviço, por exemplo) e os pesticidas (da actividade agrícola intensiva) tam-
bém contribuem para a contaminação dos solos. Estes compostos têm a particularidade de serem dificil-
mente biodegradados pelos organismos decompositores, ficando no meio por muito tempo.
Outro exemplo de contaminantes do solo diz respeito aos metais pesados, como o mercúrio, o chumbo e
outros que podem ser provenientes de esgotos industriais. O seu efeito nefasto ultrapassa a gravidade de
outros poluentes pois trata-se de compostos com uma toxicidade elevada, são muito persistentes no meio
(permanecem muito tempo) e acumulam-se nos organismos contaminando toda a cadeia alimentar.
Assim, pode-se concluir que a contaminação do solo ocorrerá sempre que se modifique as suas caracterís-
ticas naturais e as suas utilizações, produzindo efeitos negativos a muitos níveis.
O solo é um corpo vivo, de grande complexidade e muito dinâmico. Tem como componentes principais a
fase sólida (matéria mineral e matéria orgânica), e a água e o ar na designada componente "não sólida".
Dentro do amplo conceito de degradação dos solos, podemos distinguir alguns tipos:
• Degradação da Fertilidade: é a diminuição de capacidade do solo de suportar e manter vida. São
produzidas modificações comprometedoras em suas capacidades físicas, químicas, fisicoquímicas
e biológicas, que a conduzem a sua degradação.
Ao degradar-se, o solo perde sua capacidade de produção. E mesmo com grandes quantidades de adubo, a
capacidade de produção não será a mesma de um solo não degradado.
Isso pode ser ocasionado por fatores químicos (perda de nutrientes, acidificação, salinização, etc), físicos
(perda de estrutura, diminuição de permeabilidade, etc) ou biológicos (diminuição de matéria orgânica).
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• Erosão: é a destruição física das estruturas do solo e seu carregamento é feito, em geral, pela água
(erosão hídrica) e ventos (erosão eólica).
O processo de erosão mais grave é o causado pelas atividades do ser humano (erosão antropogênica), que
apresenta um desenvolvimento muito rápido, se comparado com a erosão natural. Além disso, a erosão
natural é muito benéfica para a fertilidade do solo.
• Degradação por Contaminação: A contaminação do solo tem-se tornado uma das preocupações
ambientais, uma vez que, geralmente, a contaminação interfere no ambiente global da área afecta-
da (solo, águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e vegetação), podendo mesmo estar na origem
de problemas de saúde pública.
O uso da terra para centros urbanos, para as atividades agrícolas, pecuária e industrial tem tido como con-
seqüência elevados níveis de contaminação.
De fato, aos usos referidos associam-se, geralmente, descargas acidentais ou voluntárias de poluentes no
solo e águas, deposição não controlada de produtos que podem ser resíduos perigosos, lixeiras e/ou ater-
ros sanitários não controlados, deposições atmosféricas resultantes das várias atividades, etc. Assim, ao
longo dos últimos anos, têm sido detectados numerosos casos de contaminação do solo em zonas urbanas
e rurais.
1.2.1 Áreas críticas de erosão e degradação Física do solo no Brasil e perspectiva de solução.
O estímulo ao aumento do Produto Interno Bruto da agricultura, dissociado de uma política maior e rigo-
rosa de uso e preservação do solo – recurso básico à produção, essencial e não-renovável – tem gerado sé-
rios problemas de erosão e de outros tipos de degradação física do solo no Brasil. A continuar essa busca
desordenada pelo aumento da produção, corre-se o risco de atingir um estágio em que a gravidade da de-
gradação poderá até comprometer a própria atividade agropecuária. É com base nessa perspectiva de pre-
servação dos recursos naturais que será abordado o tema em epígrafe, retratando a situação geral, mas
sendo específico no que for considerado mais crítico e também estabelecendo relações com questões de
natureza ambiental.
1.2.2 - DEGRADAÇÃO QUÍMICA DO SOLO
Compostos e elementos químicos a muito tempo são utilizados pelo homem mas o uso desses compostos
se expandiu consideravelmente a partir da revolução industrial. Isso significa que os contaminantes deri-
vados da indústria, agricultura e atividades domésticas foram se acumulando por um longo período de
tempo em solos e sedimentos. Alguns contaminantes são acumulados em áreas localizadas (como depósi-
tos de resíduos industriais e domésticos), mas outros se encontram difusamente distribuídos (como a de-
posição atmosférica).
O lançamento de poluentes químicos pode ser pontual, como na disposição de resíduos agrícolas, urbanos
ou industriais. Outra forma de lançamento é a difusa, como a partir das chaminés de grandes indústrias ou
escapamento de veículos automotores. Esse lançamento também pode ser classificado como “mais abran-
gente” quando se trata da poluição causada pela aplicação de corretivos de solo, fertilizantes ou outros
condicionadores de solo. A entrada de substâncias químicas no solo pode ser classificada como: (1) deli-
berada como é o caso da atividade agrícola, já incluídos a aplicação de biossólidos provenientes de esta-
ções de tratamento de esgotos (ETE), estercos, fertilizantes, defensivos, corretivos e irrigação ou (2) aci-
dental, que pode acontecer pela emissão atmosférica de resíduos industriais e urbanos, atividades de mi-
neração e outras fontes.
Na poluição de caráter pontual tem-se uma pequena área atingida, porém concentrações mais elevadas do
poluente podem ser encontradas. Esse fato implica em maior possibilidade da capacidade de retenção do
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solo ser alcançada mais rapidamente, aumentando assim o risco de contaminação de outros compartimen-
tos ambientais como a biota e as águas subterrâneas. Já a poluição de caráter “mais abrangente” e/ou a di-
fusa apresenta como principal característica, a possibilidade de alcance de uma grande área, algumas ve-
zes maiores do que um estado ou países, mas com concentrações menos elevadas. O risco de contamina-
ção ou poluição do solo por fontes de poluição atmosférica, por exemplo, está ligado ao fato de que ele-
mentos químicos como metais pesados podem ser liberados junto ao material particulado e após viajar por
um determinado raio e tempo de alcance, podem ser depositados no solo constituindo assim a chamada
Deposição Atmosférica.
É sabido nos dias de hoje que muitos dos problemas ambientais atuais acontecem devido a um acúmulo
de poluentes acima da carga crítica de solos e sedimentos. Outro aspecto importante a ser considerado é a
redução da carga crítica devido a mudanças ambientais ocorridas durante longos períodos de tempo, oca-
sionando a liberação de poluentes anteriormente acumulados.
É sabido nos dias de hoje que muitos dos problemas ambientais atuais acontecem devido a um acúmulo
de poluentes acima da carga crítica de solos e sedimentos. Outro aspecto importante a ser considerado é a
redução da carga crítica devido a mudanças ambientais ocorridas durante longos períodos de tempo, oca-
sionando a liberação de poluentes anteriormente acumulados.
Os solos e sedimentos funcionam como uma barreira protetora para os outros compartimentos ambientais
graças à presença de minerais e matéria orgânica capazes de adsorver os diferentes compostos ou elemen-
tos químicos de modo a diminuir a disponibilidade dos mesmos. Além disso, graças à presença de uma
larga gama de organismos vivos, ao tempo de retenção de substâncias químicas no solo e, algumas vezes
a compostos químicos liberados pelas raízes das plantas e a decomposição da matéria orgânica depositada
no solo, esse compartimento apresenta potencial de degradação para alguns poluentes, funcionando assim
como uma espécie de “reator natural” capaz de, muitas vezes, diminuir o potencial danoso dos químicos
nele depositados.
As interações de compostos ou elementos químicos com o ambiente são bastante complexas e individuali-
zadas. Dessa forma, cada composto ou elemento químico apresenta relações diferenciadas com as várias
frações do solo. Em geral essas interações são governadas por reações como adsorção, dessorção, comple-
xação, troca com a fase sólida, dissolução, precipitação e oxiredução.
Por esses motivos assumia-se até poucas décadas atrás que os solos eram capazes de assimilar quantida-
des ilimitadas de resíduos, principalmente os orgânicos como dejetos humanos e animais. Entretanto, re-
centes pesquisas vêm mostrando que esse quadro não é verdadeiro e assume aspectos mais drásticos quan-
do o poluente em questão é de difícil degradação. Esse é o caso dos metais pesados e outros xenobióticos.
As substâncias e elementos de baixa degradação apresentam afinidade por alguns minerais existentes no
solo como os óxidos de ferro, manganês e alumínio e os argilominerais silicatados como a caulinita, além
da matéria orgânica. Dessa forma, podem ficar retidos durante anos, décadas, séculos ou até milênios sem
que danos maiores ocorram.
Porém, os solos e sedimentos apresentam uma capacidade máxima de retenção, que por sua vez é sensível
às modificações ambientais, como os problemas de degradação exemplificados pela acidificação, erosão e
salinização dos solos, modificações climáticas ou hidrológicas e outras modificações que alterem o poten-
cial redox dos solos. Essa capacidade máxima de retenção é que, em último caso vai ditar o “poder prote-
tor” que o solo exerce sobre os outros compartimentos ambientais. Portanto, o estudo das características
do solo que atuam no sentido de reter e degradar poluentes se torna importante para, por exemplo, esco-
lhas seguras de sítios para disposição de resíduos sólidos industriais e urbanos sejam realizadas.
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Fig.04- Degradação Física e Química provocados por monoculturas.
Conseqüências da degradação do solo – Primeiro, nutrientes são perdidos na forma de sedimentos carrea-
dos do solo; segundo a água é perdida para o solo e o crescimento das plantas é prejudicado e a capacida-
de de infiltração é diminuída; finalmente porque a erosão da água é seletiva, a fração mais rica do solo, o
sedimento erodido, é sempre rico em nutrientes e matéria orgânica do que o solo que permanece. Esses
sedimentos erodidos causam prejuízos a canais, armazenamento de água, sistema de irrigação, além do
efeito conhecido como eutroficação, no qual os nutrientes carreados nos sedimentos erodidos, causam um
crescimento de plantas aquáticas que reduzem o oxigênio disponível para vários seres do habitat aquático.
Os processos de degradação do solo são causados, esquematicamente por: a)erosão da água; b) excessos
de sal (processos de acumulação de sal na solução de solo); c)degradação química(ph relacionado ao pro-
blema de acumulação de alumínio tóxico no solo e fixação do fósforo); degradação física do solo(muitas
vezes associada à diminuição da capacidade de infiltração da água e stress hídrico das plantas); degrada-
ção biológica( aumento na taxa de mineralização de húmus sem a substituição da matéria orgânica).
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Avaliação da Erosão do Solo – São várias as formas de avaliar a erosão do solo; o uso de tanques separa-
dos por um sistema divisor que coleta água com sedimentos erodidos; medidas de cargas de sedimentos
de larga coleta por amostragem e extrapolação do sedimento total perdido da bacia hidrográfica e determi-
nação do sedimento perdido por unidade de área. O uso de traços fluorescente ou radiativo, o monitora-
mento através da concentração de isótopos como o césio 137, são exemplos de métodos de avaliação da
erosão do solo. Esses métodos de avaliação têm mostrado que o tipo e a diminuição da cobertura vegetal
do dossel é o fator individual mais importante na determinação das taxas de erosão. Se tempestades ocor-
rem, não apenas deverá ser alta a taxa de erosão, mas o potencial impacto sobre a produtividade também
deverá ser alto. De um experimento em Java a medida de do impacto da erosão sobre campos de arroz foi
de 900 ton/ha/ano.
Nas estações quente e úmida dos trópicos, taxas de 100-200 ton/ha/ano são comuns.
Novamente, há uma significante variabilidade e com uma boa cobertura vegetal, a taxa de erosão reduz a
menos de 1% da taxa sem vegetação – um aspecto crucial quando se considera a conservação do solo.
No manejo de solos devem ser considerados a Resiliência (a propriedade que permite um sistema de solo
absorver e utilizar as mudanças; resistência ao choque) e a Sensitividade ( a diminuição da resposta às al-
terações num sistema de solo que sofre alteração devido a forças naturais, seguindo a interferência huma-
na no sentido de obter uma rápida restauração). Onde sistemas naturais de solo, água e vegetação são resi-
lientes, apenas um maior distúrbio pode causar degradação que ocasionam um substancial impacto na pro-
dução. Esta natural resiliência pode ser avaliada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
BERTONI, José; NETO, Francisco Lombardi, Conservação do solo. São Pulo: ICONE, 1990.
BRAGAGNOLO, Nestor, PAN, Waldir, THOMAS, Joaquim Carlos, Solo: uma experiência em manejo e
conservação, Curitiba: Editora do autor, 1997.
BRANCO, Samuel Murgel, O desafio Amazônico, São Paulo, 16ª edição, MODERNA, 1989.
GALETIi, Paulo Anestar, Conservação do solo; Reflorestamento; clima. 2. Ed. Campinas, Instituto Cam-
pineiro de Ensino Agrícola, 1973.
LEPSCH, Igo F., Formação e Conservação dos Solos, São Paulo: Oficina de textos, 2002.
NEIMAN, Zysman, Era verde?, ecossistemas brasileiros ameaçados, São Paulo: ATUAL, 1989.
UNIDADE II
2 Erosão e sedimentação
É provável que a degradação dos solos seja o problema mais urgente dos atuais problemas globais. Desde
1945 1,2 bilhões de hectare, uma área do tamanho da China e Índia tem sido erodida. Deste total, pode-se
dizer que nove milhões de hectares foram totalmente danificados; em 300 milhões de hectares a agricultu-
ra está totalmente prejudicada. A maior parte das áreas afetadas está em países que possuem uma superpu-
lação em relação à capacidade de produção de alimentos.
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A longo termo as conseqüências da retirada da cobertura vegetal de áreas dos trópicos e semi-áridos não
são suficientemente conhecidas; existe apenas a certeza de uma catástrofe cumulativa para o solo e as pes-
soas, caso esse processo continue. A reversibilidade desse processo deverá ser ditada pelo ritmo da experi-
ência cultural, expectativa política e investimento de capital de agências livres e fundação filantrópicas.
2.1- Erosão Hídrica
A susceptibilidade do solo, quanto à erosão hídrica, está vinculada aos tratos culturais como manuseio e
situação em que o solo está sendo deixado quando não mais cultivado. A erosão é a principal causa da di-
minuição da fertilidade do solo e, consequentemente, da produção agrícola, causa do êxodo rural dos pe-
quenos e médios agricultores, comprometendo toda a cadeia produtiva de alimentos. Todos os processos
erosivos causados pela água de chuva ou irrigação representam fator principal entre todos os outros tipos
de mecanismos de perda da fertilidade do solo e de sua autossusceptibilidade. O solo deve ser tratado
como um bem a ser preservado, devendo ser visto como um patrimônio suficientemente suscetível para a
produção indefinida de alimentos que, quando não manejado e/ou cuidado com seriedade e responsabili-
dade ambiental, poderá se exaurir, tornando-se totalmente infértil e incapaz de manter as culturas de for-
ma produtiva.
2.2- Erosão eólica
É um tipo de erosão pelo vento com a retirada superficial de fragmentos mais finos.
A diminuição da velocidade do vento ou deflação ocorre freqüentemente em regiões de campos de dunas
com a retirada preferencial de material superficial mais fino (areia, silte), permanecendo, muitas vezes,
uma camada de pedregulhos e seixos atapetando a superfície erodida.
Pode ocorrer forte erosão associada à deflação, esculpindo nas rochas formas ruiniformes e outras feições
típicas de deserto|regiões desérticas e outras assoladas por fortes ventos.
Em locais de forte e constante deflação podem se formar zonas rebaixadas, em meio a regiões desérticas,
e que com as escassas chuvas formam lagos rasos (praias), secos na maior parte do tempo; lama
endurecida ou camadas de sal atapetam, muitas vezes essas praias.
Fig 05- Erosão Eólica
2.3- Degradação do solo e as consequências da erosão acelerada pelo homem
A desertificação é considerada um dos problemas mais graves decorrentes da degradação do solo, pois
pode levar milhares de pessoas a terem que deixar suas terras.
Mais de 1 bilhão de pessoas vive em regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas, responsáveis por 22%
da produção de alimentos do mundo. Em áreas como na região subsaariana e na Ásia Central, as taxas de
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mortalidade infantil são de 10% a 20% maiores que nos países industrializados e também há sérias preo-
cupações sobre os movimentos maciços de pessoas, segundo o professor Zafar Adeel, diretor da Rede In-
ternacional sobre Água, Meio Ambiente e Saúde - um organismo subordinado à Universidade das Nações
Unidas com sede no Canadá.
Cerca de 15,7 % do território brasileiro (mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados) pode se tornar de-
sértico, uma área habitada por 32 milhões de pessoas, segundo o Ministério do Meio Ambiente.
A erosão pode ser um processo natural e importante para a formação dos relevos, quando é resultado do
transporte do solo pela água, vento ou gelo. O problema ocorre quando há intervenção humana, com a
destruição de florestas, uso agrícola intensivo, a expansão desordenada das cidades ou as poluições orgâ-
nicas e industrial, que levam a uma erosão mais severa.
Segundo a Confagri, uma cooperação agrícola portuguesa, nos últimos 40 anos, cerca de um terço dos so-
los agrícolas mundiais deixaram de ser produtivos, do ponto de vista agrícola, devido à erosão.
A erosão destrói as estruturas que compõem o solo, como areias, argilas, óxidos e húmus. O solo é consi-
derado desértico quando perde a capacidade de realizar suas funções e não é mais capaz de sustentar ve-
getações. A fertilidade do solo depende de vários fatores físicos e químicos.
Práticas agrícolas mais desenvolvidas e que tenham relação mais simbiótica com o clima são essenciais
para combater a deterioração do solo, assim como a recomposição da malha hídrica com a devida prote-
ção de nascentes. Práticas de conservação podem minimizar o problema, como a preservação de matas e
florestas.
Saiba mais
* "Mais de 30% das emissões de gases que causam efeito estufa procedem da degradação do solo, como a
erosão", segundo o subdiretor do Serviço de Conservação do Solo da Islândia, Andres Arnalds. (Fonte:
Terra)
* Muito da superfície terrestre é relativamente novo, tendo menos de 100 milhões de anos; as partes mais
velhas da crosta terrestre têm até 4,4 mil milhoes de anos.(Fonte: Wikipédia)
* A área total da Terra é de aproximadamente 510 milhões de km², dos quais 149 milhões são de terras fir-
mes e 361 milhões são de água. (Fonte: Wikipédia)
* As linhas costeiras (litorais) da Terra somam cerca de 356 milhões de km. (Fonte: Wikipédia)
* Erosão
* Erosão é tão grave quanto mudanças climáticas
Fonte: Envolverde/Carbono Brasil
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UNIDADE III
3. Conservação dos solos
O uso excessivo de arações e/ou gradagens superficiais e continuamente nas mesmas profundidades no
processo de preparo de solo provoca a desestruturação da camada arável, transformando-a em duas cama-
das distintas: uma superficial pulverizada e outra subsuperficial compactada. Essa transformação reduz a
taxa de infiltração de água no solo e, consequentemente, incrementa a enxurrada e eleva os riscos de ero-
são hídrica do solo. Outros sim, prejudica o desenvolvimento radicular de plantas e afeta o potencial de
produtividade do sistema agrícola. O preparo excessivo, associado à cobertura deficiente do solo, a chu-
vas intensas e ao uso de áreas inaptas para culturas anuais, constitui o principal fator desencadeador dos
processos de degradação dos solos da Região Sul do Brasil. Como meio de prevenção do problema, indi-
cam-se técnicas como redução da intensidade de preparo, máxima cobertura de solo, cultivo de áreas ap-
tas para culturas anuais e emprego de semeadura em contorno, associadas ao conjunto de práticas conser-
vacionistas orientadas à prevenção da erosão.
3.1 Práticas Conservacionistas
Análise do solo
A agricultura deu um salto evolutivo quando descobriu um modo prático de adubar as culturas com os
produtos químicos necessários. No entanto hoje o problema é o aumento da salinidade do solo provocado
pelo excesso de adubação. Uma análise prévia em laboratório especializado, das características físico-
químicas do solo em função das culturas permite a aplicação da quantidade ótima de fertilizante, evitando
o excesso.
Plantio em nível
Consiste em preparar o solo para plantio e plantar de acordo com o nível do terreno. A erosão reduz
significativamente o potencial de produção. A água que escorre leva consigo o potencial produtivo do
solo. Evita-se o problema reduzindo-se a velocidade de escoamento com a utilização de barreiras, curvas
de nível, terraços e outros artifícios adequados, baseados em levantamentos topográficos da área e projeto
feito por técnico competente.
Rotação de culturas
Cada tipo de cultura agrícola tem sua necessidade, e muitas vezes o que falta para uma é o que sobra da
outra. Assim um manejo adequado das culturas resulta em menor necessidade de adubos e defensivos.
Como regra geral, não se deve repetir o gênero da planta em safras consecutivas.
Adubação Verde
Consiste basicamente em plantar uma cultura que não se aproveita economicamente, apenas para manter o
solo coberto e diminuir a erosão entre os periodos de plantios comerciais, ou nas linhas de culturas
permanentes. Como normalmente se empregam culturas que aumentam a fertilidade do solo, como as
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leguminosas,que fixam o nitrogênio diretamente do ar com a ajuda de bactérias, o resultado é uma melhor
produtividade no próximo plantio. Existem também plantas que reduzem a compactação do solo com suas
raizes profundas.
Plantio Direto
Entende-se por plantio direto o ato de revolver o mínimo possível o solo durante o plantio, isso é, abrir
apenas um sulco para a incorporação do adubo e da semente, dispensando os processos convencionais de
aração e gradagem e mantendo os restos da cultura anterior sobre o solo. Utilizam-se plantadeiras
especiais com discos de corte para não se enroscarem com a vegetação. O plantio direto promove o
mínimo desgaste do solo e de sua atividade microbiana. Uma das principais vantagens desse processo é
que ele diminui significativamente a compactação das camadas mais profundas do solo em virtude da
redução do uso de máquinas pesadas e da presença de cobertura do solo sobre o terreno. Por conservar
melhor a umidade e manter a temperatura mais baixa ajuda a atividade microbiana do solo, o que se
provou benéfico às culturas, principalmente em regiões de clima mais tropical. Sua principal desvantagem
é um aumento inicial no uso de herbicidas para controle de plantas invasoras. Por isso um competente
acompanhamento por agrônomo ou técnico especializado é fundamental ao processo. As vantagens do
plantio direto vão se acumulando safra após safra, num processo cumulativo virtuoso.
3.2 Solo e Conservação da Água
A resposta da sociedade à degradação de terras é conservação do solo, definido como medidas de preven-
ção e controle da erosão, ou manutenção da fertilidade. O objetivo da conservação de solo e água é conse-
guir consistente e duradoura produção em terras, mantendo uma perda de solo abaixo da taxa de renova-
ção.Por causa de qualquer distúrbio que cause um aumento na perda de solo, nós temos um dilema: toda a
agricultura e sistemas de uso de terras são teoricamente insustentáveis. Na prática, entretanto, nós admiti-
mos uma perda “tolerável” de solo. Nos EUA a taxa tolerável de perda de solo é quotado como 10-25
ton/ha/ano, ao nível no qual a fertilidade do solo pode ser mantida com “inputs” de tecnologia por um
tempo médio superior a 30 anos. Um conceito que pode ser usado para a manutenção da “perda tolerável”
é o do Quociente de Sustentabilidade (QS): a fração da presente renda agrícola líquida não pode ser obtida
às expensas da extração de nutrientes do solo.Parte da produção deve ser obtida de fontes renováveis
como fixação biológica de nitrogênio, rotação de culturas, etc. Dentre as técnicas modernas que permitem
a conservação de solo e água, têm-se: uso de herbicidas (evitando destorroar o solo pelo uso de máquinas
para eliminar ervas daninhas, o que aceleraria o processo erosivo); bancos de terras acima de 2m de largu-
ra para formar barreiras à erosão, quebrando à corrida de sedimentos nos declives; uso de
terraceamentos(muito usado hoje nas áreas montanhosas da China e que tem a função de reter a água de
escorrimento do solo, antes que ela adquira uma maior velocidade); conservação de restos de cultura na
superfície do solo para atenuar os impactos diretos da água da chuva; evitar o uso de máquinas que des-
torroem o solo, facilitando a erosão.
A conservação do solo e água é um dos maiores problemas do nosso tempo e que ameaça diretamente a
segurança alimentar mundial, passando desapercebido em detrimento de problemas mais visíveis como o
aquecimento global ou a poluição ambiental.A erosão é difícil de ver, insidiosa e incremental. Vários
exemplos do efeito da erosão podem ser destacados no mundo: partes montanhosas do Marrocos estão
quase inteiramente depauperadas por causa da degradação das terras; abandono comercial de áreas agríco-
las em áreas montanhosas dos EUA; desertificação de solo em áreas da Austrália devido à erosão eólica.
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Como quebrar esse círculo vicioso? Respostas indígenas a degradação de terras tem sido desenvolvidas
em face da fome e de circunstâncias de crises. Manejos ambientais podem ajustar as suas técnicas, desen-
volverem novos métodos de análises, encontrar pessoas com recursos para dar eco às advertências e casti-
gar aqueles que ignorarem. Apenas uma coisa é certa: erosão do solo e degradação das terras estão desti-
nados a piorar antes que melhorem.
3.3- Compactação do solo
A Compactação do Solo é um processo decorrente da utilização agrícola do solo, quando o solo perde
sua porosidade através do adensamento de suas partículas. A compactação do solo também é uma das
etapas de construções, por exemplo, de rodovias, através de um equipamento chamado de compactador.
Na agricultura a compactação do solo se dá pela influência de máquinas agrícolas, tais como tratores e
colhedeiras, como também pelo pisoteio de animais, como o gado. A compactação do solo é danosa para a
produção agrícola, pois influencia negativamente o crescimento de raízes, fazendo com que a planta tenha
problemas em seu desenvolvimento. A compactação também diminui a movimentação da água pelo solo,
pois cria uma camada muito densa de solo onde a água não se infiltra, ocasionando excesso de água no
solo nas camadas superficiais, podendo provocar erosão. Nos solos compactados, a armazenagem de água
também é deficiente, causando problemas às culturas em épocas de estiagens.
Existem diversas formas de se medir a compactação do solo. A maioria dos métodos envolve análises de
laboratório, com coleta de solo para análise. Diversos parâmetros da física do solo podem ser usados
como indicativos para a compactação, como a densidade, porosidade e outros. Existem também
equipamentos que permitem medir a compactação em campo, denominados penetrômetros. Estes
equipamentos medem a resistência do solo à penetração de uma haste metálica, que simula a penetração
de raízes ou ferramentas agrícolas. Versões eletrônicas de penetrômetros permitem a armazenagem de
dados.
Com a expansão da agricultura de precisão, a medição da compactação do solo, com o uso de
penetrômetros eletrônicos automatizados e georreferrenciados, tem sido utilizada como indicativo da
condição física do solo.
3.3.4 CAUSAS DA COMPACTAÇÃO DO SOLO
As forças que atuam no solo podem ser classificadas em externas e internas. Forças externas resultam do
tráfego de veículos, animais ou pessoas, assim como do crescimento de raízes grandes que empurram as
partículas do solo para forçar sua passagem, podendo até causar compactação. As forças internas resultam
de ciclos, como congelamento e de gelo, umedecimento e secamento, e expansão e contração da massa do
solo. Quando expressas como pressão, essas forças provavelmente têm a mesma ação no sistema, não sendo
necessária distinção entre elas.
Cabe ressaltar a ação de fatores pedogenéticos derivados da evolução do solo, os quais podem causar
seu adensamento em camadas subsuperficiais. Materiais muito finos são arrastados da superfície do solo,
preenchendo partes dos poros das camadas inferiores. O processo de translocação de argila ocorre
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quando a chuva e/ou a água de irrigação caem sobre um solo seco, dispersando parte do material fino que,
permanecendo em suspensão, é arrastado conforme a água caminhe perfil abaixo, através dos vazios do
solo. Se o subsolo estiver seco, a água que desce será absorvida pela massa do solo, e a argila em
suspensão, filtrada depositada preenchendo os espaços porosos.
Graças ao mecanismo de dispersão, alguns fatores adicionais favorecem a translocação de argila, como:
ausência de agentes cimentantes, como óxidos e carbonatos; valores de pH entre 4,5 e 6,5, sem excesso
de cálcio e magnésio, com baixo teor de alumínio trocável (que é um cátion floculante nas
concentrações mais comuns); pH alto, associado a níveis elevados de sódio trocável e ponto de carga zero
(PCZ) pelo menos de meia a uma unidade mais baixo que o pH do solo. Se os valores de pH e PCZ
estiverem muito próximos, ocorrerá diminuição da repulsão entre as partículas de argila carregadas
negativamente, resultando em rápida floculação.
O rearranjamento de partículas primárias e de agregados por implementos de tração e cultivo,
principalmente a compressão causada por tráfego de veículos, processa-se em fases que, em condições de
campo, ocorrem separadamente:
Fase 1 - Preparo do solo: nesta fase, grande parte da é consumida para destruir os agregados, sendo os
implementos de cultivo especificamente desenhados com esta finalidade, desagregando o solo em diferentes
graus;
Fase 2 - Tráfego posterior de máquinas e implementos: os veículos e implementos que trafegam sobre um
solo preparado aplicam quase a totalidade de sua energia no sentido de empurrar as partículas do solo umas
contra as ou gerando um arranjamento compacto. Quanto maior a pulverização do solo por ocasião do
preparo, maior será o potencial da compactação posterior.
Segundo Jorge (1983), até 1940, um trator pesava, em média, menos que três toneladas, enquanto as
máquinas trafegam atualmente pelos solos cultivados podem pesar mais que quinze, como acontece com
colhedoras e caminhões carregados. Na cultura de citros, a mecanização é muito intensa, havendo pomares
que acumulam, ao longo de sua existência, trezentas passadas de máquinas por entrelinha (Stolf, 1987).
Quando o solo encontra-se úmido, há uma tendência de os valores de densidade do solo serem cada vez
maiores com o aumento do número de passadas. Além disso, o efeito se manifesta em camadas mais
profundas do solo, à medida que o número aumenta.
Em culturas perenes ou semiperenes, como a cana-de-açúcar, um preparo inadequado do solo pode
ocasionar decréscimos na produção que serão extensivos a todo o ciclo de cultura, já que, via de regra, a
produção das soqueiras é intimamente ligada à produção de corte anterior. O decréscimo na produção de
cana-de-açúcar num campo de demo tração foi obtido por Fernandes et al. (1983). Após o primeiro corte,
um latossolo vermelho-escuro argiloso com 0,32 m3
.m-3
(32%) de água foi compactado em diferentes
níveis uma, duas e três passadas de um caminhão com apenas eixo traseiro e 16.000 kg de massa.
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Influência das condições físicas do solo sobre a produção agrícola e a população de colmos de cana-de-a-
çúcar (adaptada de Fernandes et al. 1983)
Nota-se que embora a população de colmos tenha aumentado, talvez devido ao maior contato da terra
úmida com o tolete, houve queda de aproximadamente 10 t.ha-1
entre o nível máximo compactação e a
testemunha sem compactação.
Quando as condições de umidade são ótimas e a pressão de contato é elevada, uma única passada de
determinado veículo pode ser suficiente para dificultar, ou até impedir, o crescimento das raízes (Trouse
Jr., 1978). Considera-se que a maior parte dos danos causados pela compactação ocorre nas primeiras
passadas das máquinas e implementos. À medida que o número de passadas no mesmo local aumenta, há
aumento cada vez menos acentuado na compactação, seguindo uma escala logarítmica (Jakobsen &
Greacen, 1985).
Num experimento realizado por Coleti & Demattê (1982) empregou-se chuva simulada. Foi
constatado pelos autores que aproximadamente 50 a 60% da compactação se manifestou com as primeiras
passadas, mesmo quando o número chegou a cinco ou dez.
Em condições de campo, as marcas dos rodados de tratores e veículos ficam encobertas por operações
subseqüentes. Com isso, é necessário levar em conta que a área de um terreno que recebe a carga de
máquinas e implementos é bem maior do que se suspeita ao observar a superfície do terreno. Na figura
abaixo, há um exemplo em que 91% da área cultivada foi coberta pelas operações de distribuição de
adubo, duas gradagens e semeadura. Uma maneira de observar esse efeito é por fotos aéreas, tiradas após
cada operação procedendo-se à sobreposição dessas fotos. Tem-se observado que a quase totalidade da
área tem, pelo menos, uma passagem de trator com os implementos.
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Exemplo do padrão de marcas deixadas pelos rodados de veículos num sistema de preparo convencional
de solo para plantio de cevada (distribuição de fertilizantes + duas gradagens + semeadura), cobrindo 91%
da área (Soane, 1975).
Diversos experimentos foram realizados com o objetivo de quantificar o efeito da compactação causada
por pneus em diversos atributos do solo.
Os efeitos da compactação, no momento da semeadura, pelas rodas de um trator de 63,4 kW (85 HP)
(com massa de 4.400 kg e pneus traseiros de 43 cm de largura), num latossolo roxo muito argiloso foram
estudados por Sidiras & Viera (1984). No sistema convencional de preparo (uma aração + duas gradagens),
foram encontradas as maiores variações nos atributos avaliados. Observaram-se, na região compactada,
aumentos na densidade do solo, na retenção de água, na porcentagem de poros menores que 10 µm
(considerados microporos pêlos autores) e na produção de diversas culturas, mostrando que o efeito
da compactação não é sempre adverso com respeito à produção. Os autores também quantificaram
diminuição na porosidade total, na porcentagem de poros maiores que 10 µm e na taxa de infiltração do
solo.
Condições com tendência a maximizar a compactação
• Operações em momento impróprio
Seja qual for a operação agrícola, se efetuada em situação de solo com conteúdo de água inadequado, haverá
deterioração de seus atributos físicos, especialmente, estrutura e agregação.
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• Montagem incorreta e modelo inadequado dos implementos.
O uso de implementos cujos modelos sejam adequados, ou dos implementos existentes na propriedade
agrícola montagem correta, é essencial à manutenção da agregação do solo. É importante manter contato
permanente com a equipe de assistência técnica das empresas de máquinas e implementos, assim como
é fundamental o treinamento cada vez mais especializado dos tratoristas e operadores de máquinas, a fim
de garantir uma boa qualidade no serviço executado.
• Cultivos excessivos
A quantidade exagerada de operações aumenta muito a tendência à compactação. Em conseqüência do
tráfego de máquinas e da movimentação do solo por implementos sobre o mesmo local, produz-se um
número muito grande de pequenos agregados que, em certas condições, são menos estáveis que os grandes,
facilitando sua deterioração e formação de crosta na superfície do terreno. Conseqüentemente, diminui a
infiltração de água no perfil e acelera o processo de erosão. A pulverização devida a cultivos excessivos
expõe a matéria orgânica do solo, causando sua oxidação acelerada e diminuindo o teor desse material que
ajuda a manter agregadas as partículas do solo.
• Restrição ao movimento de água
A restrição ao movimento de água é provavelmente a conseqüência mais danosa da compactação de solos
muito úmidos durante as operações agrícolas.
A faixa ótima de conteúdo de água para o crescimento de plantas tem sido geralmente determinada com
base na quantidade de água disponível, cujo limite superior é usualmente associado à "capacidade de
campo" e o limite inferior é associado ao "ponto de murchamento permanente" ou ao mais baixo conteúdo
de água que não reduza o crescimento da planta. A faixa ótima de água não limitante (FANL) pode ser
afetada pela aeração e/ou pela resistência mecânica, particularmente em solos com alta densidade e vazios
exclusivamente pequenos (Letey, 1985). O baixo conteúdo de oxigênio no ar destes solos pode limitar o
crescimento das raízes já na "capacidade de campo", sendo, então, exigido menor conteúdo de água do que o
limite para aeração adequada. Por outro lado, uma alta resistência mecânica, provocada pela compactação,
que restrinja o crescimento das raízes pode ocorrer num solo cujo conteúdo de água seja maior que o
limite usado para determinação da água disponível. Em outras palavras, a FANL pode ser reduzida em
alguns solos pela pobre aeração e/ou pela alta resistência mecânica imposta a raiz. Na figura a seguir, na
qual há aumento de densidade e diminuição de macroporos do caso A para o C, podem ser observados três
esquemas ilustrando o comportamento da FANL.
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Relações entre o comportamento de água e os fatores que restringem o crescimento das plantas, com au-
mento da densidade e decréscimo no tamanho dos poros, indo de A para C (Letey, 1985).
À medida que a densidade do solo aumenta, a FANL torna-se mais estreita (esquema A). Já no esquema B,
o intervalo de água não limitante passa a ser mais estreito, devido ao aumento da resistência mecânica e à
diminuição na aeração. Finalmente, no esquema C, observa-se a redução drástica na FANL, provocada pela
maior resistência mecânica e pela aeração ainda mais deficiente.
Nos latossolos, a FANL para o crescimento das raízes é muito estreita, pois o intervalo entre a
"capacidade de campo" e o "ponto de murchamento permanente" é pequeno (Freitas, 1992), e o
impedimento mecânico ocorre a tensões relativamente baixas. Esses solos requerem um manejo muito
cuidadoso para que condições favoráveis ao pleno desenvolvimento das plantas sejam mantidas (Letey,
1991).
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Madison, ASA/ CSSA/SSSA, 1978. p. 193-232.
UNIDADE IV
3 Qualidade do solo
Nos estudos que envolvem as relações agricultura e meio ambiente é crescente a necessidade de adoção
de critérios que possam avaliar, de forma correta, as condições atuais bem como as ideais dos
compartimentos do agroecossistema. Por exemplo, como saber se um solo apresenta-se comprometido ou
limitado em relação a um determinado componente, seja ele físico ou químico e mesmo biológico? A
resposta para essa pergunta remete a uma série de reflexões que envolvem aspectos relacionados às
atividades agrícolas, principalmente aqueles relativos à física e à fertilidade do solo, à geologia de
engenharia, às questões de ordem geomédica (risco para a saúde humana) e à saúde animal, além de
questões de ordem ambiental relacionadas às alterações naturais e antrópicas do ecossistema.
No sentido de estabelecer as referências que pudessem reproduzir, de forma satisfatória, os limites ou
índices desejáveis ou aceitáveis de determinados parâmetros, particularmente no meio agrícola, foram
criados os chamados índices de sustentabilidade (LAL, 1999. As informações aquí apresentadas visam,
sobretudo, enfatizar a importância da sustentabilidade dos compartimentos ambientais, destacando os
indicadores físicos e químicos de qualidade do solo, como condição indispensável para a manutenção do
sistema agrícola produtivo.
3.1 Indicadores físicos de qualidade do solo
Do ponto de vista das atividades agrícolas, os indicadores físicos assumem importância por estabelecerem
relações fundamentais com os processos hidrológicos, tais como taxa de infiltração, escoamento
superficial, drenagem e erosão. Possuem também função essencial no suprimento e armazenamento de
água, de nutrientes e de oxigênio no solo.
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Entre os principais indicadores físicos de qualidade de solo sob o ponto de vista agrícola, estão a textura,
estrutura, resistência à penetração, profundidade de enraizamento, capacidade de água disponível,
percolação ou transmissão da água e sistema de cultivo, conforme discriminado no quadro 1, a seguir:
Textura, Estrutura, Resistência à penetração, Compactação (pé de grade), Profundidade de
enraizamento, Capacidade de água disponível (reserva de água no solo), Percolação (transmissão) da
água,
3.2 Indicadores Químicos de Qualidade de Solo
Apresentam relevância nos estudos, tanto agronômicos quanto ambientais, normalmente agrupados em
quatro classes: a) aqueles que indicam os processos do solo ou de comportamento. Ex: pH, Carbono
Orgânico; b) aqueles que indicam a capacidade do solo de resistir à troca de cátions. Ex:Tipo de argila
(1:1 ou 2:1), CTC, CTA, Óxidos de Ferro; Óxidos de Alumínio; c) aqueles que indicam as necessidades
nutricionais das plantas. Ex: N, P, K, Ca, Mg e elementos traços (micronutrientes); d) aqueles que
indicam contaminação ou poluição. Ex: Metais pesados, nitrato, fosfato, agrotóxicos.
pH
Índice de concentração de H+
no solo usado para determinar se um solo é ácido (pH menor que 7), neutro
(pH igual a 7) ou básico (pH maior que 7);
Controla a solubilidade de nutrientes no solo, exercendo grande influência sobre a absorção dos mesmos
pela planta;
Solos ideais para cultivo devem apresentar pH entre 6,0 e 6,5. Porém, esta faixa pode ser estendida de 5,5
a 6,8.
Carbono organic
Embora não seja um nutriente para a planta, baixos valores podem afetar a produtividade em razão de seu
efeito na estrutura; na disponibilidade de água para as plantas, e no seu poder de tamponamentofrente a
presença de compostos muitas vezes tóxicos às plantas;
Existe Carbono orgânico totale carbono orgânico ativo ou carbono da biomassa, sendo que este representa
de 10 a 20% do teor de carbono orgânico total;
CTC efetiva
Quantidade total de cátions retidos na superfície das argilas ou colóides minerais e orgânicos existentes no
solo, expressa em e.mg/100g ou cmolc/Kg;
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CTC= Ca2+
+ Mg2+
+ K+
+ H+
+ Al3+
+ Na+
+ NH4
+
+ .....
Nitrogênio do solo
Disponível para as plantas nas formas nítrica (NO3
-
)e amoniacal (NH3
-
). ).
Praticamente todas as plantas exigem teores elevados de N para produzirem;
Deficiências de N são notadas nas folhas das plantas que, normalmente, tornam- se amareladas ou com
uma coloração mais pálida;
Maior capacidade de mineralização de N favorece o aumento de produtividade.
Nutrientes disponíveis para as plantas
Favorece o aumento da produtividade. São representados por P, K, Ca e Mg, também ditos macroelemen-
tos.
Condutividade elétrica e sais solúveis totais
Alta concentração de sais na zona das raízes é uma limitação severa em muitos solos de regiões semi-ári-
das e áridas ( saturação >4mmhos/cm ou 4 dS/m a 25ºC); A salinidade constitui fator importante na avali-
ação da produtividade dos solos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
CAMARGO ,O.A. de & Alleoni, L.R.F. Compactação do solo e desenvolvimento das plantas. Piracica-
ba, 1997. 132p.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Manual de métodos de análise
de solo. 2 ed. Ver atual. Rio de Janeiro, 1997. 212p.
LAL, R. Métodos para avaliação do uso sustentável dos recursos solo e água nos trópicos; tradução e
adaptação de Cláudia Conti Medugno e José Flávio Dynia. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 1999.
Documentos, 03).
UNIDADE V
Manejo de solos
O manejo do solo se constitui de práticas simples e indispensáveis ao bom desenvolvimento das culturas e
compreende um conjunto de técnicas que, utilizadas racionalmente, proporcionam alta produtividade mas,
se mal utilizadas, podem levar à destruição dos solos a curto prazo, podendo chegar à desertificação de
áreas extensas.
De maneira geral, pode-se considerar, os seguintes tipos de manejo do solo:
· Preparo convencional - provoca inversão da camada arável do solo, mediante o uso de arado; a esta
operação seguem outras, secundárias, com grade ou cultivador, para triturar os torrões; 100% da
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superfície são removidos por implementos. Este tipo de preparo só deve ser utilizado quando da
correção de algumas características na subsuperfície do solo, onde necessite de incorporação de
corretivos ou rompimento de camadas compactadas (Figura 6).
Figura 6. Preparo do solo com grade pesada em sistema convencional.
· Preparo mínimo - intermediário, que consiste no uso de implementos sobre os resíduos da cultura
anterior, com o revolvimento mínimo necessário para o cultivo seguinte. Geralmente é utilizado um
escarificador a 15cm suficiente para romper crostras e pé de grade niveladora (Figura 7).
Figura 7. Preparo mínimo com arado escarificador.
· Plantio direto - aqui, as sementes são semeadas através de semeadora especial sobre a palhada de
culturais do cultivo anterior ou de culturas de cobertura palha produzidas no local para este fim (Figura
8).
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Figura 8. Semeadura direta em palha de soja.
· Plantio semi direto - semelhante ao Plantio Direto; semeadura direta sobre a superfície, com semea-
dora especial, diferindo deste sistema apenas por haver poucos resíduos na superfície do solo.
Os manejos referidos nos itens 2, 3 e 4, são conhecidos como conservacionistas considerando-se uma das
melhores formas, até o momento, estabelecidas na conservação de água e do solo.
As técnicas de manejo do solo a serem aplicadas em determinada área dependem de vários fatores. Cada
área rural tem suas peculiaridades e requer decisão própria. Para cada caso, definir-se-ão as técnicas, de
acordo com: a textura do solo, o grau de infestação de invasoras, os resíduos vegetais que se encontram na
superfície, a umidade do solo, a existência de camadas compactadas, pedregosidade e os riscos de erosão
e máquinas; para isto, o estudo do perfil do solo torna-se primordial; contudo, vale a pena lembrar que
sempre, que possível, deve-se decidir pelos manejos conservacionistas e mesmo quando da impossibilida-
de, elegem-se os preparos que provoquem o menor revolvimento do solo.
5.1- Manejo Conservacionista
Os objetivos de uma agricultura sustentável são o desenvolvimento de sistemas agrícolas que sejam produti-
vos, conservem os recursos naturais, protejam o ambiente e melhorem as condições de saúde e segurança a
longo prazo. Neste sentido, as práticas culturais e de manejo, como a rotação de culturas, o plantio direto, e o
manejo do solo conservacionista, são muito aceitáveis pois, além de controlarem a erosão do solo e as perdas
de nutrientes, mantêm e/ou melhoram a produtividade do solo.
Nos melhores solos do cerrado, que em geral são profundos, bem estruturados possuem textura média, com
uma boa drenagem ao longo do perfil, e de suaves pendentes, pode-se manter um alto nível de produtividade
mediante a aplicação de escassas mas bem estruturadas práticas de conservação de solos; então, um verdadei-
ro sistema de agricultura sustentável é aquele em que os efeitos benéficos das diferentes práticas de conserva-
ção são iguais ou ultrapassam os efeitos adversos dos processos depredativos. O componente vital deste equi-
líbrio dinâmico é a matéria orgânica, a qual tem que ser mantida através de adições regulares de materiais
orgânicos.
Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 37
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Uma das característidas do solo que mais sofre influência do manejo é a estrutura que pode ser considerada o
componente básico de sua fertilidade física, ao condicionar o desenvolvimento da porosidade intra e
interagregados, como a principal via de circulação da água e do ar no solo. A estrutura que envolve uma série
de interrelações muito sutis, estabelecidas entre os componentes minerais e orgânicos do solo e que resulta de
uma série de processos físicos, químicos e biológicos, pode facilmente se deteriorar pela ação das forças de
compressão derivadas do uso incorreto de máquinas e implementos agrícolas. Os restos vegetais deixados na
superfície do solo nos sistemas de manejo conservacionistas repercutem muito no aumento e na conservação
da estabilidade de agregados na superfície e na redução da compactação das camadas subsuperficiais.
Todos estes fatores incidem também sobre a capacidade de infiltração de água no solo que é resultante do ba-
lanço entre a quantidade de água que chega e a que sai. Neste balanço influi a taxa de infiltração, o escorri-
mento superficial, a ascensão capilar, a drenagem e a evaporação. Do volume de água que cai na superfície,
parte se infiltra no solo e atinge o lençol freático, garantindo a perenização dos cursos d'água, enquanto a par-
te infiltrada é retida pelo solo - constituindo-se em água disponível para as plantas, o que é de grande impor-
tância, pois o processo de nutrição de plantas depende da água disponível para a formação da solução do solo
-, as plantas podem absorver os nutrientes necessários ao seu pleno desenvolvimento.
Parte da água retida no solo é perdida por evaporação e/ou evapotranspiração e, em função da capacidade de
infiltração e retenção de água do solo e da intensidade das chuvas, parte pode exceder e ser perdida por esco-
amento superficial; dependendo do volume e da velocidade deste escoamento, pode ocorrer o arraste de partí-
culas de solo e dos insumos nele aplicados, sedimentando-se em baixadas, lagos e rios, o que afeta gradativa-
mente a capacidade produtiva do solo, reduzindo entre outros fatores, a sua fertilidade, a capacidade de infil-
tração e a retenção de água. Além disso eleva a acidez e provoca irregularidade superficial, o que vem a difi-
cultar seu uso agrícola, exigindo mais energia e insumos para a manutenção de sua produtividade.
Em todos esses fatores citados, a matéria orgânica tem paticipação direta ou indireta, estando presente na ati-
vidade agrícola desde a sua origem e até a sua utilização, de maneira histórica, diretamente à fertilidade e à
produtividade dos solos cultivados. Em muitos solos, a matéria orgânica humificada do horizonte superficial
é o principal fator responsável pela "capacidade de troca de cátions" (CTC) verdadeira dispensa dos nutrien-
tes, que podem ser liberados progressivamente à disposição dos cultivos; logo, pode-se deduzir que é um
componente do solo que tem papel fundamental nas perdas de nutrientes por lixiviação.
A parte desta relação direta, há outras, indiretas: o húmus, como visto anteriormente, é um dos principais
condicionantes do desenvolvimento da estrutura do solo e de sua estabilidade; a degradação da estrutura inci-
de sobre a distribuição do tamanho dos poros e da erodibilidade e perdas de solo da zona, que costuma ser a
mais rica em húmus e nutrientes; por outro lado, os resíduos dos cultivos deixados na superfície pelos siste-
mas de preparo conservacionistas protegem a ação direta do impacto das gotas de chuva (responsáveis pelo
selamento de poros e pela formação de crostas superficiais), incidem sobre o regime de temperatura e umida-
de do solo e, também, reduzem o escoamento superficial.
Assim, pode-se dizer que a proteção da superfície do solo nos sistemas de manejo evita perdas de umidade
por evaporação, o que, unido ao desenvolvimento de uma quantidade maior de macroporos aptos para a
transmissão de água e de microporos para sua retenção, proporcionam incremento significativo na capacida-
de de armazenamento de água e nutrientes e melhor disponibilidade destes para os cultivos.
Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 38
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  • 1. Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agricultura- Floricultura Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água
  • 2.
  • 3. Governador Vice Governador Secretária da Educação Secretário Adjunto Secretário Executivo Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Cid Ferreira Gomes Domingos Gomes de Aguiar Filho Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Maurício Holanda Maia Antônio Idilvan de Lima Alencar Cristiane Carvalho Holanda Andréa Araújo Rocha
  • 4.
  • 5. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agricultura- Floricultura Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade da água. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 1
  • 6. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional SUMÁRIO UNIDADE I- Princípios básicos do solo 4 1.1 Perfil de um solo 4 1.1.2 Funções do solo 5 1.1.3 Composição do solo 5 1.1.4 Classificação quanto a granulometria 6 1.1.5 Classificação taxonômica 8 1.1.6 Classificação Brasileira 10 1.1.7 Classificação internacional dos solos 16 1.2 Degradação dos solos 21 1.2.1 Áreas críticas de erosão e degradação física no Brasil 25 1.2.1 Degradação química 26 UNIDADE II- Erosão e sedimentação 29 2.1 Erosão hídrica 30 2.2 Erosão eólica 30 2.3 Degradação e conseqüências da erosão 30 UNIDADE III- Conservação dos solos 32 3.1 Práticas conservacionistas 33 3.2 Solo e conservação da água 34 3.3 Compactação do solo 35 3.3.4 Causas da Compactação do solo 36 UNIDADE IV Qualidade do solo 43 4.1 Indicadores físicos da qualidade do solo 43 4.2 Indicadores químicos da qualidade do solo 44 UNIDADE V- Manejo de solos 46 5.1 Manejo conservacionista 48 5.2 Planejamento e uso do solo 50 5.3 Levantamento e conservação do solo 51 UNIDADE VI- Qualidade da água para irrigação 55 6.1 Principais problemas vinculados a qualidade da água de irrigação 56 6.2 Classificação da água para irrigação 57 Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 2
  • 7. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional UNIDADE I 1. Princípios básicos do solo Solo é um corpo de material inconsolidado, que recobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. Os solos são constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar). É produto do intemperismo sobre um material de origem, cuja transformação se desenvolve em um determinado relevo, clima, bioma e ao longo de um tempo. O solo, contudo, pode ser visto sobre diferentes ópticas. Para um agrônomo, através da edafologia, solo é a camada na qual pode-se desenvolver vida vegetal. Para um engenheiro civil, sob o ponto de vista da mecânica dos solos, solo é um corpo passível de ser escavado, sendo utilizado dessa forma como suporte para construções ou material de construção. 1.1.1 Perfil de um solo Pedogênese Pedogênese é o processo químico e físico de alteração (adição, remoção, transporte e modificação) que atua sobre um material litológico, originando um solo. Solos estão constantemente em desenvolvimento, nunca estando estáticos, por mais curto que seja o tempo considerado. Ou seja, desde a escala microscopia, diariamente, há alteração por organismos vivos no solo, da mesma forma que o clima, ao longo de milhares de anos, modifica o solo. Dessa forma, temos solos na maioria recentes, quase nunca ultrapassando idades Terciárias. Geralmente, o solo é descrito como um corpo tridimensional, podendo ser, porém, ao se considerar o fator tempo, descrito como um sistema de quatro dimensões [1] : tempo, profundidade, largura e comprimento. Um solo é o produto de uma ação combinada e concomitante de diversos fatores. A maior ou menor intensidade de algum fator pode ser determinante na criação de um ou outro solo. São comumente ditos como fatores da formação de solo [2] : clima, material de origem, organismos, tempo e relevo. 1.1.2 Funções do solo • Principal substrato utilizado pelas plantas para o seu crescimento (H2O, O2 e nutrientes) e disseminação; • Reciclagem e armazenamento de nutrientes e detritos orgânicos; • Controlo do fluxo da água e acção protectora da qualidade da água subterrânea; • Controlo do fluxo da água e acção protectora da qualidade da água subterrânea; 1.1.3 A composição do solo O solo é a camada mais superficial da crosta, é composto por sais minerais dissolvidos na água intersticial, seres vivos e rochas em decomposição. Existem muitas variações de terreno a terreno dos elementos de um solo, mas basicamente figuram-se quatro camadas principais: Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 3
  • 8. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional • A primeira camada é rica em húmus, detritos de origem orgânica. Essa camada é chamada de camada fértil. Ela é a melhor para o plantio, e é nessa camada que as plantas encontram alguns sais minerais e água para se desenvolver. Fig. 01- Perfil do solo A outra camada é a camada dos sais minerais. Ela é dividida em três partes:  A primeira parte é a do calcário. Corresponde entre 7 e 10% dessa camada.  A segunda parte é a da argila, formada geralmente por caolinita, caulim e sedimentos de feldspato. Corresponde de 20 a 30% dessa camada.  A última parte é a da areia. Esta camada é muito permeável e existem espaços entre as partículas da areia, permitindo que entre ar e água com mais facilidade. Esta parte corresponde de 60 a 70% da camada em abertura com o Magma. • A terceira camada é a das rochas parcialmente decompostas. Depois de se decomporem totalmente, pela ação da erosão e agentes geológicos, essas rochas podem virar sedimentos. • A quarta camada é a de rochas que estão inicialmente começando a se decompor. Essas rochas podem ser chamadas de rocha matriz. 1.1.4 Classificação quanto à granulometria Solos arenosos São aqueles que tem grande parte de suas partículas classificadas na fração areia, de tamanho entre 0,05 mm e 2 mm, formado principalmente por cristais de quartzo e minerais primários. Os solos arenosos Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 4
  • 9. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional têm boa aeração e capacidade de infiltração de água. Certas plantas e microorganismos podem viver com mais dificuldades, devido à pouca capacidade de retenção de água. Solos siltosos São aqueles que tem grande parte de suas partículas classificadas na fração silte, de tamanho entre 0,05 e 0,002mm, geralmente são muito erosíveis. O silte não se agrega como as argilas e ao mesmo tempo suas partículas são muito pequenas e leves. São geralmente finos. Solos argilosos São aqueles que tem grande parte de suas partículas classificadas na fração argila, de tamanho menor que 0,002mm (tamanho máximo de um colóide). Não são tão arejados, mas armazenam mais água quando bem estruturados. São geralmente menos permeáveis, embora alguns solos brasileiros muito argilosos apresentam grande permeabilidade - graças aos poros de origem biológica. Sua composição é de boa quantidade de óxidos de alumínio (gibbsita) e de ferro (goethita e hematita). Formam pequenos grãos que lembram a sensação táctil de pó-de-café e isso lhes dá certas caraterísticas similares ao arenoso. Latossolo Possui a capacidade de troca de cations baixa, menor que 17 cmolc, presença de argilas de baixa atividade (Tb), geralmente são solos muito profundos (maior que 2 m), bem desenvolvidos, localizados em terrenos planos ou pouco ondulados, tem textura granular e coloração amarela a vermelha escura. São solos zonais típicos de regiões de clima tropical úmido e semi-úmido, como Brasil e a África central. Sua coloração pode ser vermelha, alaranjada ou amarelada. Isso evidencia concentração de óxidos de Fe e Al em tais solos. São profundos, bastante porosos e bem intemperizados. Solo lixiviado São aqueles que a grande quantidade de chuva carrega seus nutrientes, tornando o solo pobre ( pobre de potássio, e nitrogênio). Solos negros das Planícies e das Pradarias São aqueles que são ricos em matéria orgânica. Solo árido São aqueles que pela ausência de chuva não desenvolvem seu solo. Solo orgânico Composto de materiais orgânicos (restos de organismos mortos e em decomposição), além da areia e da argila. Este solo é o que mais favorece o desenvolvimento vida das plantas, porém solos orgânicos tropicais como do Brasil, por exemplo, possui baixa fertilidade. O humus é o residuo ou composto solúvel originado pela biodegradação da materia organica, que torna disponivel para as plantas nutrientes minerais e gasosos como o nitrogênio (N). Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 5
  • 10. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O solo organico favorece propriedades fisicas e quimicas do solo; favorece as propriedades fisicas pois formam-se grânulos, deixando-o mais leve, menos pegajoso e mais trabalhavel. A formação de grânulos tambem favorece a umidade e aeração do solo, ja que se forma espaços vazios entre os grânulos e estes, por sua vez, são preenchido por ar e agua. Favorece as propriedades quimicas, pois pode aumentar sua CTC, fixar nutrientes minerais e gasosos atraves de reações químicas e aumenta ou diminuir o pH. Grandes quantidades de matéria orgânica no solo pode favorecer ao aumento da acidez potencial, por liberação de H+. 1.1.5 Classificação taxonômica de solos A classificação dos solos permite entender os processos que levam um solo a transformar-se em outro. Podem classificar-se os solos segundo uma característica marcante, como a fertilidade o que permite propor ações governamentais para a agricultura e assentamentos. Por outro lado, ao subdividir o solo pelo seu baixo teor de argila, podem entender-se os processos de lixiviação que podem estar destruindo aquele solo. A taxonomia dos solos é baseada nas características de cada país ou região, sendo, portanto, geralmente nacionais ou regionais. Os primeiros sistemas de classificação utilizados na pedologia exigiam apenas a observação do pesquisador. Eram geralmente associados aos processos mais marcantes da gênese pedológica, ou a rocha matriz ou até mesmo a cor do solo. Dessa forma, existiam os "solos de colúvio", ou os "solos de granitos" ou "solos roxos" Basicamente na Pedologia temos as unidades sistemáticas: • Ordem • Subordem • Grande Grupo • Subgrupo • Família • Série Primeira classificação Universalmente, a classificação utilizada na pedologia, desde seus primórdios, estava baseado em três ordens: Zonal Azonal Intrazonal Esta organização baseava-se principalmente nos fatores de clima, tempo e relevo que se encontrava os solos: Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 6
  • 11. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional • solos zonais são aqueles em relevos estáveis, em climas estáveis culminando em um formação antiga; • solos azonais são aqueles que existem em ambientes instáveis, por exemplo, em aluviões e colúvios. São, portanto, sempre jovens. • solos intrazonais são solos em que o relevo local ou material de origem prevalecem sobre o clima; são solos intermediários entre azonais e zonais (quando vistos sob o fator tempo). Horizonte diagnóstico Para se classificar um solo, deve-se ter em vista seu horizonte diagnóstico, dentro do solum (horizontes O, A e B juntos). Este é um horizonte do solo, com características pré-determinadas pela taxonomia a ser utilizada pelo pedólogo. Para tanto, devem-se pegar amostras de cada horizonte do solo e, em laboratório, ver qual horizonte diagnóstico determinada amostra representa. Os horizontes de solo, que compõem o perfil de um solo, são apenas horizontes delimitados de acordo com sentidos básicos do pesquisador (como visão e tato) e simples técnicas de campo. Já os horizontes diagnósticos exigem exames em laboratório. Por exemplo, ao se retirar a amostra do horizonte B, e, em laboratório ver que trata-se de um horizonte B textural, ou seja, com acúmulo de argila, sendo ainda um acúmulo iluvial, pois em campo o pedólogo viu que se tratava de um horizonte B abaixo de um horizonte Eluvial (horizonte E), ou um solo em vertente, próximo a uma latossolo, o pesquisador poderá inferir se é um solo do tipo Luvissolo ou Argissolo (sendo que no primeiro, as argilas devem ser 2:1 e no segundo 1:1). A seguir, na Classificação Brasileira, estão listados os solos do Brasil e brevemente seus horizontes (e algumas características) diagnósticas. 1.1.6 Classificação brasileira A classificação brasileira de Solos, sempre em constante atualização, é chamada de SiBCS (Sistema Brasileiro de Classificação de Solos). É desenvolvida pela Embrapa, sendo a mais recente, publicada em 1999, com importante atualização em 2005. Nesta classificação, feita por profissionais do órgão e diversos voluntários acadêmicos, há 6 níveis categóricos (Ordem, Subordem, Grande Grupo, Subgrupo), sendo os níveis mais baixos (Família e Série) ainda discutidos. Existiam, no SiBCS [3] 1999, 14 ordens de solo, mas em 2005, uma ordem foi extinta. As 13 ordens resultantes são: Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 7
  • 12. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Fig.2 Perfil do solo Argissolo São solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B textural imediatamente abaixo do A ou E, com argila de atividade baixa ou com argila de atividade alta conjugada com saturação por bases baixa e/ou caráter alítico na maior parte do horizonte B, e satisfazendo, ainda, os seguintes requisitos: • Horizonte plíntico, se presente, não satisfaz os critérios para Plintossolo; • Horizonte glei, se presente, não satisfaz os critérios para Gleissolo. EMBRAPA - CNPS. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasilia: Embrapa-SPI; Rio de Janeiro: Embrapa-Solos, 2006. 306 p. Cambissolo São solos constituídos por material mineral com horizonte B incipiente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial, exceto hístico com 40cm ou mais de espessura, ou horizonte A chernozêmico, quando o B incipiente apresentar argila de atividade alta e saturação por bases alta. Plintita e petroplintita, horizonte glei e horizonte vértico, se presentes, não satisfazem os requisitos para Plintossolos, Gleissolos e Vertissolos, respectivamente. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 8
  • 13. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Chernossolo Chernossolo é um tipo de solo mineral, caracterizado pela cor escura, argila de alta atividade e alta saturação de bases. Está entre as classes de solos mais férteis e agricultáveis. Esta denominação foi introduzida no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos em 1998 quando este foi alterado. No sistema de classificação usado até então, os Chernossolos enquadravam-se nas classes Brunizens, Solos Brunos e Rendzinas. Os Chernossolos correspondem em parte aos Mollisols do Sistema Norte-americano de Classificação de Solos e aos Chernozems do Sistema de Classificação de Solos da FAO. É um tipo de solo classificado em função do horizonte A, diferentemente da maioria dos solos do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos que são classificados em função dos horizontes sub-superficiais. Espodossolo O espodossolo é um solo com horizonte B espódico em seqüência de horizonte E (álbico ou não) ou A. É um processo de podzolização com eluviação de compostos de alumínio com ou sem ferro em presença de húmus ácido e acumulação iluvial desses constituintes. Gleissolo São solos constituídos por material mineral com horizonte glei iniciandose dentro dos primeiros 150cm da superfície, imediatamente abaixo de horizonte A ou E, ou de horizonte hístico com espessura insuficiente para definir a classe dos Organossolos, não apresentando horizonte vértico ou horizonte B textural com mudança textural abrupta acima ou coincidente com horizonte glei, tampouco qualquer outro tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte glei, ou textura exclusivamente areia ou areia franca em todos os horizontes até a profundidade de 150cm a partir da superfície do solo ou até um contato lítico. Horizonte plíntico se presente deve estar à profundidade superior a 200cm da superfície do solo. Latossolo São solos constituídos predominantemente por material mineral, apresentando horizonte B latossólico imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200cm da superfície do solo ou dentro de 300cm, se o horizonte A apresentar mais que 150cm de espessura. Os Latossolos apresentam a maior representação geográfica no Brasil em relação aos demais tipos de solos. Em termos globais, estendem-se por cerca de 750 milhões de hectares, sendo que 300 milhões de hectares estão em território brasileiro. As argilas são prodominantemente do tipo caulinita, cujas partículas são revestidas por óxidos de ferro, responsáveis pelas típicas cores avermelhadas. A transição entre horizontes é gradual ou difusa e quase sempre a única diferença a notar no perfil é um escurecimento do horizonte A, ocasionado pelo acúmulo de húmus advindo de uma intensa decomposição de restos vegetais. A textura ou granulometria é também uniforme, uma vez ser destituído do horizonte B. Neste horizonte, a estrutura é composta de agregados com formato arredondado e de tamanhos muito pequenos (0,5 a 3,0 mm), os quais são numerosos e acomodados de modo a deixarem uma grande Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 9
  • 14. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional quantidade de macroporos entre eles, o que proporciona uma alta permeabilidade à água, mesmo com elevados teores de argila. Caracterização Nos Latossolos, o horizonte B encontra-se imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizontes superficiais, exceto os de características marcadamente orgânicas ou hidromórficas. As características latossólicas devem estar bem caracterizadas nos primeiros 2 m de profundidade ou dentro dos primeiros 3 m de profundidade caso o horizonte A apresente espessura maior que 0,50 m. São solos em geral profundos, velhos, bem drenados, baixo teor de silte, baixo teor de materiais facilmente intemperizaveis, homogêneo, estrutura granular, sempre ácidos, nunca hidromórficos. Podem ser eutróficos (saturação por bases maior que 50%) ou distróficos (saturação por bases inferior a 50%); São formados pelo processo denominado latolização que consiste basicamente na remoção da sílica e das bases do perfil (Ca2+, Mg2+, K+ etc), após transformação dos minerais primários constituintes. São definidas sete diferentes classes de latossolo, diferenciadas com base na combinação de características com teor de Fe2O3, cor do solo e relação Ki (SiO2/Al2O3). São solos minerais , não-hidromórficos, profundos (normalmente superiores a 2 m), horizontes B muito espesso (> 50 cm) com seqüência de horizontes A, B e C pouco diferenciados; as cores variam de vermelhas muito escuras a amareladas, geralmente escuras no A, vivas no B e mais claras no C. A sílica (SiO2) e as bases trocáveis (em particular Ca, Mg e K) são removidas do sistema, levando ao enriquecimento com óxidos de ferro e de alumínio que são agentes agregantes, dando à massa do solo aspecto maciço poroso; apresentam estrutura granular muito pequena; são macios quando secos e altamente friáveis quando úmidos. Apresentam teor de silte inferior a 20% e argila variando entre 15% e 80%. São solos com alta permeabilidade à água, podendo ser trabalhados em grande amplitude de umidade. Os latossolos apresentam tendência a formar crostas superficiais, possivelmente, devido à floculação das argilas que passam a comportar-se funcionalmente como silte e areia fina. A fração silte desempenha papel importante no encrostamento, o que pode ser evitado, mantendo-se o terreno com cobertura vegetal a maior parte do tempo, em especial, em áreas com pastagens. Essas pastagens, quando manejadas de maneira inadequada, como: uso de fogo, pisoteio excessivo de animais, deixam o solo exposto e sujeito ao ressecamento. Os latossolos são muito intemperizados, com pequena reserva de nutrientes para as plantas, representados normalmente por sua baixa a média capacidade de troca de cátions. Um fator limitante é a baixa fertilidade desses solos. Contudo, com aplicações adequadas de corretivos e fertilizantes, aliadas à época propícia de plantio de cultivares adaptadas, obtêm-se boas produções. Luvissolo São solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B textural com argila de atividade alta e alta saturação por bases, imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, exceto A chernozêmico, ou sob horizonte E, e satisfazendo o seguinte requisito: • horizontes plíntico, vértico e plânico se presentes, não satisfazem os critérios para Plintossolos, Vertissolos, Planossolos, respectivamente; ou seja não são coincidentes com a parte superficial do horizonte B textural. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 10
  • 15. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Neossolo São solos pouco evoluídos constituídos por material mineral, ou por material orgânico com menos de 20cm de espessura, não apresentando qualquer tipo de horizonte B diagnóstico. Horizontes glei, plíntico, vértico e A chernozêmico, quando presentes, não ocorrem em condição diagnóstica para as classes Gleissolos, Plintossolos, Vertissolos e Chernossolos, respectivamente. Nitossolo São solos com 350g/kg ou mais de argila, inclusive no horizonte A, constituídos por material mineral que apresentam horizonte B nítico abaixo do horizonte A, com argila de atividade baixa ou caráter alítico na maior parte do horizonte B, dentro de 150cm da superfície do solo. Organossolo São solos constituídos por material orgânico (teor de carbono orgânico maior ou igual a 80 g/kg de TFSA), que apresentam horizonte hístico, satisfazendo os seguintes critérios: • 60cm ou mais de espessura se 75% (expresso em volume) ou mais do material orgânico consiste de tecido vegetal na forma de restos de ramos finos, raízes finas, cascas de árvores, etc., excluindo as partes vivas; ou • solos que estão saturados com água no máximo por 30 dias consecutivos por ano, durante o período mais chuvoso, com horizonte O hístico; • solos saturados com água durante a maior parte do ano, na maioria dos anos, a menos que artificialmente drenados, apresentando horizonte H hístico. Planossolo São solos constituídos por material mineral com horizonte A ou E seguidos de horizonte B plânico, não coincidente com horizonte plíntico ou glei. Vertissolo São solos constituídos por material mineral com horizonte vértico entre 25 e 100cm de profundidade e relação textural insuficiente para caracterizar um B textural, e apresentando, além disso, os seguintes requisitos: • teor de argila, após mistura e homogeneização do material de solo, nos 20cm superficiais, de no mínimo 300g/kg de solo; • fendas verticais no período seco, com pelo menos 1cm de largura, atingindo, no mínimo, 50cm de profundidade, exceto no caso de solos rasos, onde o limite mínimo é de 30cm de profundidade; Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 11
  • 16. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional • ausência de material com contato lítico, ou horizonte petrocálcico, ou duripã dentro dos primeiros 30cm de profundidade; • em áreas irrigadas ou mal drenadas (sem fendas aparentes), o coeficiente de expansão linear (COLE) deve ser igual ou superior a 0,06 ou a expansibilidade linear é de 6cm ou mais; e • ausência de qualquer tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte vértico. A ordem dos Alissolos foi retirada em 2005. Este solo era diagnosticado como possuidor de um horizonte B textutal rico em alumínios e argilas 2:1. Esta ordem foi excluída, pois classificar de acordo com a quantidade de alumínio foi considerado algo secundário, sendo possível, inclusive, tais teores de alumínio dos Argissolos ocorrerem em outros solos também. 1.1.7 Classificação internacional dos solos A FAO (Food and Agriculture Organization das Nações Unidas) publicou 1998 a classificação dos solos como "World Soil Ressource Report 84“ (WRB), uma nova edição do sistema mais antigo "Soil Map of the World“ de 1988. Ela foi reconhecida como classificação internacional pelo Congresso da União Internacional dos Especialistas do Solo em 1998 em Montpellier. Desde 2006, existe uma nova versão da Base de Referência Mundial para Recursos de Solos com muitas modificações. Em 2007 foi publicada mais uma nova versão do "World Reference Base for Soil Ressources" ou "Base referencial mundial del recurso suelo"[5] . Morfologia Quanto maior a atuação da pedogênese no solo, mais este se tornará um corpo individual, com características próprias. Para se determinar o tipo de solo, busca-se pesquisas teóricas e dois momentos empíricos: • Análise de campo • Análise de laboratório. • A análise de campo é, sem dúvidas, um dos momentos mais importantes do estudo da pedologia, sendo o único momento em que o pesquisador poderá ver o solo como um corpo tridimensional, atrelado a paisagem. Em laboratório, na maioria dos processos, o solo deverá ser destruído de sua estrutura original (salvo preparação para micromorfologia). Informações como cor, influência do relevo e biomassa e estrutura de agregados se perderão. O principal objetivo do estudo em campo é descrever de forma padronizada a morfologia, ou seja, a "anatomia" do solo, a qual será melhor analisada junto aos resultados laboratoriais para se determinar o tipo de solo, sua gênese, etc... Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 12
  • 17. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Geralmente os processos de descrição são bastante simples e não exigem equipamentos mais complexos do que pás, martelos de pedólogos, lupas, água para molhar a amostra e tabela de cor. Os sentidos usados pelo pedólogo geralmente são o tato (para se testar textura) e visão; há, contudo, alguns métodos descritivos, menos usuais e não aconselhados, que se utilizam do paladar (para determinar se a amostra é siltosa ou argilosa) e até olfato, para se determinar decomposição e presença de rochas argilosas. Nesta análise visual inicial, distinguem-se os horizontes do solo, detectando-se a translocação de argilas e matéria orgânica pela cor e consistência. Depois recolhem-se amostras que serão analisadas para determinar a composição em areia (grossa e fina), argila e silte. Essas partículas distinguem-se primeiramente pelo tamanho, mas suas propriedades são diferentes, por exemplo, as argilas adsorvem partículas. Perfil e horizontes Um solo possuí camadas horizontais de morfologia diferente entre si. Essas camadas são chamadas de horizontes. Essas camadas, apesar de todos as normas e técnicas, dependem para sua delimitação em campo estritamente dos sentidos do pedólogo. A soma destas camadas define o perfil do solo. Como a ação pedogenética, tal como perturbação de seres vivos, infiltração de água, entre outros, é variável ao perfil, é constante o desenvolvimento de alguns horizontes. Diz-se que quanto mais distante da rocha mãe, mais intensa e/ou antiga foi a ação pedogenética. Basicamente um perfil de solo apresenta os horizontes: • O - O horizonte orgânico do solo e bastante escuro • H - Horizonte de constituição orgânica, superficial ou não, composto de resíduos orgânicos acumulados ou em acumulação sob condições de prolongada estagnação de água, salvo se artificialmente drenado. • A - Horizonte superficial, com bastante interferência do clima e da biomassa. É o horizonte de maior mistura mineral com húmus. • E - Horizonte eluvial, ou seja, de exportação de material, geralmente argilas e pequenos minerais. Por isso são geralmente mais claros que demais horizontes. • B - Horizonte de maior concentração de argilas, minerais oriundos de horizontes superiores (e, às vezes, de solos adjacentes). É o solo com coloração mais forte, agregação e desenvolvimento. • C - Porção de mistura de solo pouco denso com rochas pouco alteradas da rocha mãe. Equivale aproximadamente ao conceito de saprólito. • R ou D - Rocha matriz não alterada. De difícil acesso em campo. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 13
  • 18. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Fig.03- Representação dos horizontes do solo Textura A textura do solo depende da proporção de areia, do silte (ou limo), ou argila na sua composição. Isso influencia na: • taxa de infiltração da água • armazenamento da água • aeração • facilidade de mecanização • distribuição de determinados nutrientes (fertilidade do solo). As percentagens de argila, silte e areia mudam bastante ao longo da extensão de um terreno. A maneira em que esses diferentes tipos de grãos se distribuem é de extrema importância na disseminação da água no solo. A textura modifica o movimento da água. No Brasil existe uma camada superficial que é arenosa e uma subsuperficial argilosa o que resulta em uma diferença quanto à porosidade. A água acaba penetrando mais facilmente na parte de cima e lentamente na camada inferior. Isso facilita a erosão em função do relevo e cobertura vegetal ou prejudica o desenvolvimento das raízes das plantas. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 14
  • 19. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Cor Como a cor é algo bastante subjetivo, geralmente em todo o mundo se utiliza uma tabela de cor padrão, chamada de Münsell. Esta tabela consiste em aproximadamente 170 cores arranjadas de formas diversas. Estrutura As partículas da textura podem se encontrar agregadas (porém não como rochas). A estrutura é então referente ao tamanho, forma e aspecto destes agregados. Consistência Os agregados, por sua vez, têm diversos graus de adesão, podendo ser mais friáveis (macios) ou mais brandos (duros). A resistência desses agregados é conhecida como consistência, e, como depende da textura, porosidade e outros fatores, é também testada em amostras • secas - para se determinar a dureza ou tenacidade • úmidas - para se determinar a friabilidade • molhadas - plasticidade e pegajosidade. Poros Poros são os "vãos" dentro do solo. O maior fator de criação de tais poros é o bioma compostos de insetos, minhocas, etc... Os poros ajudam a penetração de água e sua permeabilidade, que, por sua vez, transporta material para dentro do solo, dos horizonte mais superficiais para os mais profundos. São dois grupos de poros, com um intermediário: • macroporos - geralmente maiores de 0,075mm. Esses poros perdem sua água após 48h de secagem natural e são os que mais determinam a permeabilidade e aeração do solo. • mesoporos - intermediário entre macroporos e microporos (entre 0,030mm e 0,075mm). • microporos - menores que 0,030mm, responsáveis pela retenção de água. Fertilidade e erosão O solo funciona como alicerce da vida terrestre. Os micro e macro nutrientes, assim como boa porção da água que plantas necessitam, estão nos solos. Para essa vida existir, o equilíbrio dentro solo - que age desta forma como um corpo mediator entre litosfera, hidrosfera, biosfera e atmosfera - deve estar preservado e adequado. Quando isto ocorre, diz se que o solos está fértil. Se um dos elementos necessários à vida não estiver presente, ou estiver em número insuficiente para aquele bioma, o solo está infértil e deve ser artificialmente corrigido. Muitas vezes, é o próprio homem que torna seu solo infértil, através da erosão ou exploração acelerada. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 15
  • 20. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS • SCHAETZEL, R & ANDERSON S. Sois: Genesis and Geomorphology. Cambridge: Ed. Cambridge, 2005 • JENNYS, H. 1994. Factors of Soil Formation. A System of Quantitative Pedology. New York: Dover Press, 1941. pdf file format. • FAO-UNESCO (Ed.) (1974–1981). Soil Map of the World. 18 Karten 1:5 Mio. UNESCO, Paris. • FAO (Ed.) (1994). Soil map of the world – revised legend with corrections. ISRIC Technical Paper, Wageningen. ISBN 90-6672-057-3 • LEPSCH, F. Igo. Formação e Conservação dos solos. São Paulo: Oficina de textos, 2002. 1.2 DEGRADAÇÃO DO SOLO Blum (1988 ) conceituou a degradação do solo como a deterioração da qualidade esse compartimento am- biental, ou em outras palavras, a perda parcial ou completa de uma ou mais funções do solo. Segundo van Lynden (2000) essas funções podem ser separadas em dois grupos, sendo eles: (1) funções ecológicas e (2) funções mais relacionadas às atividades humanas. O solo é um minério renovável em razão da sua capacidade de ser usado diversas vezes. O solo é um dos elementos naturais mais importantes, uma vez que todos os seres vivos estão sobre o mesmo. Todo susten- to humano é retirado desse recurso. A degradação do solo leva a uma queda do PNB de vários países: Ghana, 7%; Nigéria, 17%; estes efeitos devem-se a perda de solo, contaminação da água e retirada da cobertura vegetal. Pode-se dizer que a de- gradação do solo é não só uma perda econômica, mas uma hemorragia ambiental. A degradação do solo é definida como um decréscimo na qualidade do solo medidas por mudanças nas propriedades e processos, tendo como conseqüência o declínio de produtividade em termos de produção presente e de previsão futura. Apesar da extrema importância que o solo desempenha, o uso quando realizado de forma inadequada faci- lita o aparecimento de vários problemas. • Esgotamento dos solos: o crescente aumento das erosões é resultado da forma equivocada de plantio desenvolvida por muitos agricultores ao longo do território brasileiro, isso tem transformado grandes áre- as produtivas em solos inférteis. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 16
  • 21. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional • Lixiviação: termo usado para designar um processo que ocorre quando as águas da chuva realizam uma espécie de “lavagem” do solo, retirando um elevado percentual de nutrientes que fertilizam o solo, tornan- do-o menos fértil. Em decorrência desse fato, se faz necessária a aplicação cada vez maior de fertilizantes. • Laterização: é um processo que acontece em lugares nos quais predominam duas estações bem defini- das (seca e chuvosa), essa característica favorece a concentração de hidróxido de ferro e alumínio no solo. A concentração desses minerais forma a laterita, que torna difícil o manejo do solo em virtude do surgi- mento de uma ferrugem por cima do mesmo, deixando-o mais duro. As atividades agrícolas são agentes degradantes dos solos, causando anualmente a perda de milhões de to- neladas. Veja a seguir alguns dados relacionados ao tipo de produção rural com seus respectivos resulta- dos negativos. Áreas constituídas por matas naturais: 4 quilos de solo por hectare ao ano. Pastagem: 700 quilos de solo por hectare ao ano. Cafezal: 1.100 quilos de solo por hectares ao ano. Algodão: 38.000 quilos de solo por hectares anuais. Sem plantação: 100.000 quilos por hectare ao ano. Uma vez que, na natureza todos os processos são interdependentes, a degradação do solo está intimamen- te relacionada com problemas de outros recursos: recursos hídricos, biodiversidade e redução da qualida- de de vida da população afetada. A degradação do solo põe advir de vários fenómenos: - erosão ou desertificação do solo - utilização de tecnologias inadequadas; - falta de práticas de conservação de água no solo; - destruição da cobertura vegetal, nomeadamente para a expansão urbana. Acerca do fenómeno de “desertificação”, este termo aponta para "a degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e sub-húmidas secas resultantes de factores diversos tais como as variações climáticas e as ac- tividades humanas" (Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação). A erosão ou desertificação dos solos é um problema que se está a agravar quer a nível mundial quer a ní- vel nacional, precisamente devido ao impacte das actividades humanas. As técnicas agrícolas que se estão a usar fazem com que o teor de matéria orgânica diminua, ficando os solos cada vez mais inférteis e vul- neráveis a este fenómeno. Para isso também tem contribuído uma exploração florestal pouco adequada aos solos locais. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 17
  • 22. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Portugal é dos 120 países a nível mundial com problemas de desertificação física dos solos e uma das na- ções europeias mais susceptíveis a este fenómeno. Apesar do nosso país possuir 10% de solos considera- dos férteis, a actual taxa de ocupação de culturas agrícolas chega aos 30%. Além disso, tem-se insistido noutras práticas agrícolas inadequadas, como queimadas do restolho e lavouras em zonas de clivosas. A utilização de tecnologias inadequadas e consequente contaminação dos solos dá-se principalmente por resíduos sólidos e líquidos, efluentes provenientes das actividades agrícolas, descargas de suiniculturas ou de indústrias de vários ramos, etc. Poderemos estar a falar de contaminações por nitratos, por exemplo, em que a sua fonte mais problemáti- ca são os fertilizantes utilizados na agricultura e que têm grande capacidade de escorrerem e de se dissol- verem na água, com consequências para o meio e para a saúde de quem lá vive. Os compostos orgânicos tóxicos como os hidrocarbonetos (derivados do petróleo em que há fugas de combustível das estações de serviço, por exemplo) e os pesticidas (da actividade agrícola intensiva) tam- bém contribuem para a contaminação dos solos. Estes compostos têm a particularidade de serem dificil- mente biodegradados pelos organismos decompositores, ficando no meio por muito tempo. Outro exemplo de contaminantes do solo diz respeito aos metais pesados, como o mercúrio, o chumbo e outros que podem ser provenientes de esgotos industriais. O seu efeito nefasto ultrapassa a gravidade de outros poluentes pois trata-se de compostos com uma toxicidade elevada, são muito persistentes no meio (permanecem muito tempo) e acumulam-se nos organismos contaminando toda a cadeia alimentar. Assim, pode-se concluir que a contaminação do solo ocorrerá sempre que se modifique as suas caracterís- ticas naturais e as suas utilizações, produzindo efeitos negativos a muitos níveis. O solo é um corpo vivo, de grande complexidade e muito dinâmico. Tem como componentes principais a fase sólida (matéria mineral e matéria orgânica), e a água e o ar na designada componente "não sólida". Dentro do amplo conceito de degradação dos solos, podemos distinguir alguns tipos: • Degradação da Fertilidade: é a diminuição de capacidade do solo de suportar e manter vida. São produzidas modificações comprometedoras em suas capacidades físicas, químicas, fisicoquímicas e biológicas, que a conduzem a sua degradação. Ao degradar-se, o solo perde sua capacidade de produção. E mesmo com grandes quantidades de adubo, a capacidade de produção não será a mesma de um solo não degradado. Isso pode ser ocasionado por fatores químicos (perda de nutrientes, acidificação, salinização, etc), físicos (perda de estrutura, diminuição de permeabilidade, etc) ou biológicos (diminuição de matéria orgânica). Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 18
  • 23. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional • Erosão: é a destruição física das estruturas do solo e seu carregamento é feito, em geral, pela água (erosão hídrica) e ventos (erosão eólica). O processo de erosão mais grave é o causado pelas atividades do ser humano (erosão antropogênica), que apresenta um desenvolvimento muito rápido, se comparado com a erosão natural. Além disso, a erosão natural é muito benéfica para a fertilidade do solo. • Degradação por Contaminação: A contaminação do solo tem-se tornado uma das preocupações ambientais, uma vez que, geralmente, a contaminação interfere no ambiente global da área afecta- da (solo, águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e vegetação), podendo mesmo estar na origem de problemas de saúde pública. O uso da terra para centros urbanos, para as atividades agrícolas, pecuária e industrial tem tido como con- seqüência elevados níveis de contaminação. De fato, aos usos referidos associam-se, geralmente, descargas acidentais ou voluntárias de poluentes no solo e águas, deposição não controlada de produtos que podem ser resíduos perigosos, lixeiras e/ou ater- ros sanitários não controlados, deposições atmosféricas resultantes das várias atividades, etc. Assim, ao longo dos últimos anos, têm sido detectados numerosos casos de contaminação do solo em zonas urbanas e rurais. 1.2.1 Áreas críticas de erosão e degradação Física do solo no Brasil e perspectiva de solução. O estímulo ao aumento do Produto Interno Bruto da agricultura, dissociado de uma política maior e rigo- rosa de uso e preservação do solo – recurso básico à produção, essencial e não-renovável – tem gerado sé- rios problemas de erosão e de outros tipos de degradação física do solo no Brasil. A continuar essa busca desordenada pelo aumento da produção, corre-se o risco de atingir um estágio em que a gravidade da de- gradação poderá até comprometer a própria atividade agropecuária. É com base nessa perspectiva de pre- servação dos recursos naturais que será abordado o tema em epígrafe, retratando a situação geral, mas sendo específico no que for considerado mais crítico e também estabelecendo relações com questões de natureza ambiental. 1.2.2 - DEGRADAÇÃO QUÍMICA DO SOLO Compostos e elementos químicos a muito tempo são utilizados pelo homem mas o uso desses compostos se expandiu consideravelmente a partir da revolução industrial. Isso significa que os contaminantes deri- vados da indústria, agricultura e atividades domésticas foram se acumulando por um longo período de tempo em solos e sedimentos. Alguns contaminantes são acumulados em áreas localizadas (como depósi- tos de resíduos industriais e domésticos), mas outros se encontram difusamente distribuídos (como a de- posição atmosférica). O lançamento de poluentes químicos pode ser pontual, como na disposição de resíduos agrícolas, urbanos ou industriais. Outra forma de lançamento é a difusa, como a partir das chaminés de grandes indústrias ou escapamento de veículos automotores. Esse lançamento também pode ser classificado como “mais abran- gente” quando se trata da poluição causada pela aplicação de corretivos de solo, fertilizantes ou outros condicionadores de solo. A entrada de substâncias químicas no solo pode ser classificada como: (1) deli- berada como é o caso da atividade agrícola, já incluídos a aplicação de biossólidos provenientes de esta- ções de tratamento de esgotos (ETE), estercos, fertilizantes, defensivos, corretivos e irrigação ou (2) aci- dental, que pode acontecer pela emissão atmosférica de resíduos industriais e urbanos, atividades de mi- neração e outras fontes. Na poluição de caráter pontual tem-se uma pequena área atingida, porém concentrações mais elevadas do poluente podem ser encontradas. Esse fato implica em maior possibilidade da capacidade de retenção do Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 19
  • 24. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional solo ser alcançada mais rapidamente, aumentando assim o risco de contaminação de outros compartimen- tos ambientais como a biota e as águas subterrâneas. Já a poluição de caráter “mais abrangente” e/ou a di- fusa apresenta como principal característica, a possibilidade de alcance de uma grande área, algumas ve- zes maiores do que um estado ou países, mas com concentrações menos elevadas. O risco de contamina- ção ou poluição do solo por fontes de poluição atmosférica, por exemplo, está ligado ao fato de que ele- mentos químicos como metais pesados podem ser liberados junto ao material particulado e após viajar por um determinado raio e tempo de alcance, podem ser depositados no solo constituindo assim a chamada Deposição Atmosférica. É sabido nos dias de hoje que muitos dos problemas ambientais atuais acontecem devido a um acúmulo de poluentes acima da carga crítica de solos e sedimentos. Outro aspecto importante a ser considerado é a redução da carga crítica devido a mudanças ambientais ocorridas durante longos períodos de tempo, oca- sionando a liberação de poluentes anteriormente acumulados. É sabido nos dias de hoje que muitos dos problemas ambientais atuais acontecem devido a um acúmulo de poluentes acima da carga crítica de solos e sedimentos. Outro aspecto importante a ser considerado é a redução da carga crítica devido a mudanças ambientais ocorridas durante longos períodos de tempo, oca- sionando a liberação de poluentes anteriormente acumulados. Os solos e sedimentos funcionam como uma barreira protetora para os outros compartimentos ambientais graças à presença de minerais e matéria orgânica capazes de adsorver os diferentes compostos ou elemen- tos químicos de modo a diminuir a disponibilidade dos mesmos. Além disso, graças à presença de uma larga gama de organismos vivos, ao tempo de retenção de substâncias químicas no solo e, algumas vezes a compostos químicos liberados pelas raízes das plantas e a decomposição da matéria orgânica depositada no solo, esse compartimento apresenta potencial de degradação para alguns poluentes, funcionando assim como uma espécie de “reator natural” capaz de, muitas vezes, diminuir o potencial danoso dos químicos nele depositados. As interações de compostos ou elementos químicos com o ambiente são bastante complexas e individuali- zadas. Dessa forma, cada composto ou elemento químico apresenta relações diferenciadas com as várias frações do solo. Em geral essas interações são governadas por reações como adsorção, dessorção, comple- xação, troca com a fase sólida, dissolução, precipitação e oxiredução. Por esses motivos assumia-se até poucas décadas atrás que os solos eram capazes de assimilar quantida- des ilimitadas de resíduos, principalmente os orgânicos como dejetos humanos e animais. Entretanto, re- centes pesquisas vêm mostrando que esse quadro não é verdadeiro e assume aspectos mais drásticos quan- do o poluente em questão é de difícil degradação. Esse é o caso dos metais pesados e outros xenobióticos. As substâncias e elementos de baixa degradação apresentam afinidade por alguns minerais existentes no solo como os óxidos de ferro, manganês e alumínio e os argilominerais silicatados como a caulinita, além da matéria orgânica. Dessa forma, podem ficar retidos durante anos, décadas, séculos ou até milênios sem que danos maiores ocorram. Porém, os solos e sedimentos apresentam uma capacidade máxima de retenção, que por sua vez é sensível às modificações ambientais, como os problemas de degradação exemplificados pela acidificação, erosão e salinização dos solos, modificações climáticas ou hidrológicas e outras modificações que alterem o poten- cial redox dos solos. Essa capacidade máxima de retenção é que, em último caso vai ditar o “poder prote- tor” que o solo exerce sobre os outros compartimentos ambientais. Portanto, o estudo das características do solo que atuam no sentido de reter e degradar poluentes se torna importante para, por exemplo, esco- lhas seguras de sítios para disposição de resíduos sólidos industriais e urbanos sejam realizadas. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 20
  • 25. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Fig.04- Degradação Física e Química provocados por monoculturas. Conseqüências da degradação do solo – Primeiro, nutrientes são perdidos na forma de sedimentos carrea- dos do solo; segundo a água é perdida para o solo e o crescimento das plantas é prejudicado e a capacida- de de infiltração é diminuída; finalmente porque a erosão da água é seletiva, a fração mais rica do solo, o sedimento erodido, é sempre rico em nutrientes e matéria orgânica do que o solo que permanece. Esses sedimentos erodidos causam prejuízos a canais, armazenamento de água, sistema de irrigação, além do efeito conhecido como eutroficação, no qual os nutrientes carreados nos sedimentos erodidos, causam um crescimento de plantas aquáticas que reduzem o oxigênio disponível para vários seres do habitat aquático. Os processos de degradação do solo são causados, esquematicamente por: a)erosão da água; b) excessos de sal (processos de acumulação de sal na solução de solo); c)degradação química(ph relacionado ao pro- blema de acumulação de alumínio tóxico no solo e fixação do fósforo); degradação física do solo(muitas vezes associada à diminuição da capacidade de infiltração da água e stress hídrico das plantas); degrada- ção biológica( aumento na taxa de mineralização de húmus sem a substituição da matéria orgânica). Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 21
  • 26. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Avaliação da Erosão do Solo – São várias as formas de avaliar a erosão do solo; o uso de tanques separa- dos por um sistema divisor que coleta água com sedimentos erodidos; medidas de cargas de sedimentos de larga coleta por amostragem e extrapolação do sedimento total perdido da bacia hidrográfica e determi- nação do sedimento perdido por unidade de área. O uso de traços fluorescente ou radiativo, o monitora- mento através da concentração de isótopos como o césio 137, são exemplos de métodos de avaliação da erosão do solo. Esses métodos de avaliação têm mostrado que o tipo e a diminuição da cobertura vegetal do dossel é o fator individual mais importante na determinação das taxas de erosão. Se tempestades ocor- rem, não apenas deverá ser alta a taxa de erosão, mas o potencial impacto sobre a produtividade também deverá ser alto. De um experimento em Java a medida de do impacto da erosão sobre campos de arroz foi de 900 ton/ha/ano. Nas estações quente e úmida dos trópicos, taxas de 100-200 ton/ha/ano são comuns. Novamente, há uma significante variabilidade e com uma boa cobertura vegetal, a taxa de erosão reduz a menos de 1% da taxa sem vegetação – um aspecto crucial quando se considera a conservação do solo. No manejo de solos devem ser considerados a Resiliência (a propriedade que permite um sistema de solo absorver e utilizar as mudanças; resistência ao choque) e a Sensitividade ( a diminuição da resposta às al- terações num sistema de solo que sofre alteração devido a forças naturais, seguindo a interferência huma- na no sentido de obter uma rápida restauração). Onde sistemas naturais de solo, água e vegetação são resi- lientes, apenas um maior distúrbio pode causar degradação que ocasionam um substancial impacto na pro- dução. Esta natural resiliência pode ser avaliada. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS BERTONI, José; NETO, Francisco Lombardi, Conservação do solo. São Pulo: ICONE, 1990. BRAGAGNOLO, Nestor, PAN, Waldir, THOMAS, Joaquim Carlos, Solo: uma experiência em manejo e conservação, Curitiba: Editora do autor, 1997. BRANCO, Samuel Murgel, O desafio Amazônico, São Paulo, 16ª edição, MODERNA, 1989. GALETIi, Paulo Anestar, Conservação do solo; Reflorestamento; clima. 2. Ed. Campinas, Instituto Cam- pineiro de Ensino Agrícola, 1973. LEPSCH, Igo F., Formação e Conservação dos Solos, São Paulo: Oficina de textos, 2002. NEIMAN, Zysman, Era verde?, ecossistemas brasileiros ameaçados, São Paulo: ATUAL, 1989. UNIDADE II 2 Erosão e sedimentação É provável que a degradação dos solos seja o problema mais urgente dos atuais problemas globais. Desde 1945 1,2 bilhões de hectare, uma área do tamanho da China e Índia tem sido erodida. Deste total, pode-se dizer que nove milhões de hectares foram totalmente danificados; em 300 milhões de hectares a agricultu- ra está totalmente prejudicada. A maior parte das áreas afetadas está em países que possuem uma superpu- lação em relação à capacidade de produção de alimentos. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 22
  • 27. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A longo termo as conseqüências da retirada da cobertura vegetal de áreas dos trópicos e semi-áridos não são suficientemente conhecidas; existe apenas a certeza de uma catástrofe cumulativa para o solo e as pes- soas, caso esse processo continue. A reversibilidade desse processo deverá ser ditada pelo ritmo da experi- ência cultural, expectativa política e investimento de capital de agências livres e fundação filantrópicas. 2.1- Erosão Hídrica A susceptibilidade do solo, quanto à erosão hídrica, está vinculada aos tratos culturais como manuseio e situação em que o solo está sendo deixado quando não mais cultivado. A erosão é a principal causa da di- minuição da fertilidade do solo e, consequentemente, da produção agrícola, causa do êxodo rural dos pe- quenos e médios agricultores, comprometendo toda a cadeia produtiva de alimentos. Todos os processos erosivos causados pela água de chuva ou irrigação representam fator principal entre todos os outros tipos de mecanismos de perda da fertilidade do solo e de sua autossusceptibilidade. O solo deve ser tratado como um bem a ser preservado, devendo ser visto como um patrimônio suficientemente suscetível para a produção indefinida de alimentos que, quando não manejado e/ou cuidado com seriedade e responsabili- dade ambiental, poderá se exaurir, tornando-se totalmente infértil e incapaz de manter as culturas de for- ma produtiva. 2.2- Erosão eólica É um tipo de erosão pelo vento com a retirada superficial de fragmentos mais finos. A diminuição da velocidade do vento ou deflação ocorre freqüentemente em regiões de campos de dunas com a retirada preferencial de material superficial mais fino (areia, silte), permanecendo, muitas vezes, uma camada de pedregulhos e seixos atapetando a superfície erodida. Pode ocorrer forte erosão associada à deflação, esculpindo nas rochas formas ruiniformes e outras feições típicas de deserto|regiões desérticas e outras assoladas por fortes ventos. Em locais de forte e constante deflação podem se formar zonas rebaixadas, em meio a regiões desérticas, e que com as escassas chuvas formam lagos rasos (praias), secos na maior parte do tempo; lama endurecida ou camadas de sal atapetam, muitas vezes essas praias. Fig 05- Erosão Eólica 2.3- Degradação do solo e as consequências da erosão acelerada pelo homem A desertificação é considerada um dos problemas mais graves decorrentes da degradação do solo, pois pode levar milhares de pessoas a terem que deixar suas terras. Mais de 1 bilhão de pessoas vive em regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas, responsáveis por 22% da produção de alimentos do mundo. Em áreas como na região subsaariana e na Ásia Central, as taxas de Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 23
  • 28. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional mortalidade infantil são de 10% a 20% maiores que nos países industrializados e também há sérias preo- cupações sobre os movimentos maciços de pessoas, segundo o professor Zafar Adeel, diretor da Rede In- ternacional sobre Água, Meio Ambiente e Saúde - um organismo subordinado à Universidade das Nações Unidas com sede no Canadá. Cerca de 15,7 % do território brasileiro (mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados) pode se tornar de- sértico, uma área habitada por 32 milhões de pessoas, segundo o Ministério do Meio Ambiente. A erosão pode ser um processo natural e importante para a formação dos relevos, quando é resultado do transporte do solo pela água, vento ou gelo. O problema ocorre quando há intervenção humana, com a destruição de florestas, uso agrícola intensivo, a expansão desordenada das cidades ou as poluições orgâ- nicas e industrial, que levam a uma erosão mais severa. Segundo a Confagri, uma cooperação agrícola portuguesa, nos últimos 40 anos, cerca de um terço dos so- los agrícolas mundiais deixaram de ser produtivos, do ponto de vista agrícola, devido à erosão. A erosão destrói as estruturas que compõem o solo, como areias, argilas, óxidos e húmus. O solo é consi- derado desértico quando perde a capacidade de realizar suas funções e não é mais capaz de sustentar ve- getações. A fertilidade do solo depende de vários fatores físicos e químicos. Práticas agrícolas mais desenvolvidas e que tenham relação mais simbiótica com o clima são essenciais para combater a deterioração do solo, assim como a recomposição da malha hídrica com a devida prote- ção de nascentes. Práticas de conservação podem minimizar o problema, como a preservação de matas e florestas. Saiba mais * "Mais de 30% das emissões de gases que causam efeito estufa procedem da degradação do solo, como a erosão", segundo o subdiretor do Serviço de Conservação do Solo da Islândia, Andres Arnalds. (Fonte: Terra) * Muito da superfície terrestre é relativamente novo, tendo menos de 100 milhões de anos; as partes mais velhas da crosta terrestre têm até 4,4 mil milhoes de anos.(Fonte: Wikipédia) * A área total da Terra é de aproximadamente 510 milhões de km², dos quais 149 milhões são de terras fir- mes e 361 milhões são de água. (Fonte: Wikipédia) * As linhas costeiras (litorais) da Terra somam cerca de 356 milhões de km. (Fonte: Wikipédia) * Erosão * Erosão é tão grave quanto mudanças climáticas Fonte: Envolverde/Carbono Brasil Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 24
  • 29. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional UNIDADE III 3. Conservação dos solos O uso excessivo de arações e/ou gradagens superficiais e continuamente nas mesmas profundidades no processo de preparo de solo provoca a desestruturação da camada arável, transformando-a em duas cama- das distintas: uma superficial pulverizada e outra subsuperficial compactada. Essa transformação reduz a taxa de infiltração de água no solo e, consequentemente, incrementa a enxurrada e eleva os riscos de ero- são hídrica do solo. Outros sim, prejudica o desenvolvimento radicular de plantas e afeta o potencial de produtividade do sistema agrícola. O preparo excessivo, associado à cobertura deficiente do solo, a chu- vas intensas e ao uso de áreas inaptas para culturas anuais, constitui o principal fator desencadeador dos processos de degradação dos solos da Região Sul do Brasil. Como meio de prevenção do problema, indi- cam-se técnicas como redução da intensidade de preparo, máxima cobertura de solo, cultivo de áreas ap- tas para culturas anuais e emprego de semeadura em contorno, associadas ao conjunto de práticas conser- vacionistas orientadas à prevenção da erosão. 3.1 Práticas Conservacionistas Análise do solo A agricultura deu um salto evolutivo quando descobriu um modo prático de adubar as culturas com os produtos químicos necessários. No entanto hoje o problema é o aumento da salinidade do solo provocado pelo excesso de adubação. Uma análise prévia em laboratório especializado, das características físico- químicas do solo em função das culturas permite a aplicação da quantidade ótima de fertilizante, evitando o excesso. Plantio em nível Consiste em preparar o solo para plantio e plantar de acordo com o nível do terreno. A erosão reduz significativamente o potencial de produção. A água que escorre leva consigo o potencial produtivo do solo. Evita-se o problema reduzindo-se a velocidade de escoamento com a utilização de barreiras, curvas de nível, terraços e outros artifícios adequados, baseados em levantamentos topográficos da área e projeto feito por técnico competente. Rotação de culturas Cada tipo de cultura agrícola tem sua necessidade, e muitas vezes o que falta para uma é o que sobra da outra. Assim um manejo adequado das culturas resulta em menor necessidade de adubos e defensivos. Como regra geral, não se deve repetir o gênero da planta em safras consecutivas. Adubação Verde Consiste basicamente em plantar uma cultura que não se aproveita economicamente, apenas para manter o solo coberto e diminuir a erosão entre os periodos de plantios comerciais, ou nas linhas de culturas permanentes. Como normalmente se empregam culturas que aumentam a fertilidade do solo, como as Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 25
  • 30. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional leguminosas,que fixam o nitrogênio diretamente do ar com a ajuda de bactérias, o resultado é uma melhor produtividade no próximo plantio. Existem também plantas que reduzem a compactação do solo com suas raizes profundas. Plantio Direto Entende-se por plantio direto o ato de revolver o mínimo possível o solo durante o plantio, isso é, abrir apenas um sulco para a incorporação do adubo e da semente, dispensando os processos convencionais de aração e gradagem e mantendo os restos da cultura anterior sobre o solo. Utilizam-se plantadeiras especiais com discos de corte para não se enroscarem com a vegetação. O plantio direto promove o mínimo desgaste do solo e de sua atividade microbiana. Uma das principais vantagens desse processo é que ele diminui significativamente a compactação das camadas mais profundas do solo em virtude da redução do uso de máquinas pesadas e da presença de cobertura do solo sobre o terreno. Por conservar melhor a umidade e manter a temperatura mais baixa ajuda a atividade microbiana do solo, o que se provou benéfico às culturas, principalmente em regiões de clima mais tropical. Sua principal desvantagem é um aumento inicial no uso de herbicidas para controle de plantas invasoras. Por isso um competente acompanhamento por agrônomo ou técnico especializado é fundamental ao processo. As vantagens do plantio direto vão se acumulando safra após safra, num processo cumulativo virtuoso. 3.2 Solo e Conservação da Água A resposta da sociedade à degradação de terras é conservação do solo, definido como medidas de preven- ção e controle da erosão, ou manutenção da fertilidade. O objetivo da conservação de solo e água é conse- guir consistente e duradoura produção em terras, mantendo uma perda de solo abaixo da taxa de renova- ção.Por causa de qualquer distúrbio que cause um aumento na perda de solo, nós temos um dilema: toda a agricultura e sistemas de uso de terras são teoricamente insustentáveis. Na prática, entretanto, nós admiti- mos uma perda “tolerável” de solo. Nos EUA a taxa tolerável de perda de solo é quotado como 10-25 ton/ha/ano, ao nível no qual a fertilidade do solo pode ser mantida com “inputs” de tecnologia por um tempo médio superior a 30 anos. Um conceito que pode ser usado para a manutenção da “perda tolerável” é o do Quociente de Sustentabilidade (QS): a fração da presente renda agrícola líquida não pode ser obtida às expensas da extração de nutrientes do solo.Parte da produção deve ser obtida de fontes renováveis como fixação biológica de nitrogênio, rotação de culturas, etc. Dentre as técnicas modernas que permitem a conservação de solo e água, têm-se: uso de herbicidas (evitando destorroar o solo pelo uso de máquinas para eliminar ervas daninhas, o que aceleraria o processo erosivo); bancos de terras acima de 2m de largu- ra para formar barreiras à erosão, quebrando à corrida de sedimentos nos declives; uso de terraceamentos(muito usado hoje nas áreas montanhosas da China e que tem a função de reter a água de escorrimento do solo, antes que ela adquira uma maior velocidade); conservação de restos de cultura na superfície do solo para atenuar os impactos diretos da água da chuva; evitar o uso de máquinas que des- torroem o solo, facilitando a erosão. A conservação do solo e água é um dos maiores problemas do nosso tempo e que ameaça diretamente a segurança alimentar mundial, passando desapercebido em detrimento de problemas mais visíveis como o aquecimento global ou a poluição ambiental.A erosão é difícil de ver, insidiosa e incremental. Vários exemplos do efeito da erosão podem ser destacados no mundo: partes montanhosas do Marrocos estão quase inteiramente depauperadas por causa da degradação das terras; abandono comercial de áreas agríco- las em áreas montanhosas dos EUA; desertificação de solo em áreas da Austrália devido à erosão eólica. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 26
  • 31. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Como quebrar esse círculo vicioso? Respostas indígenas a degradação de terras tem sido desenvolvidas em face da fome e de circunstâncias de crises. Manejos ambientais podem ajustar as suas técnicas, desen- volverem novos métodos de análises, encontrar pessoas com recursos para dar eco às advertências e casti- gar aqueles que ignorarem. Apenas uma coisa é certa: erosão do solo e degradação das terras estão desti- nados a piorar antes que melhorem. 3.3- Compactação do solo A Compactação do Solo é um processo decorrente da utilização agrícola do solo, quando o solo perde sua porosidade através do adensamento de suas partículas. A compactação do solo também é uma das etapas de construções, por exemplo, de rodovias, através de um equipamento chamado de compactador. Na agricultura a compactação do solo se dá pela influência de máquinas agrícolas, tais como tratores e colhedeiras, como também pelo pisoteio de animais, como o gado. A compactação do solo é danosa para a produção agrícola, pois influencia negativamente o crescimento de raízes, fazendo com que a planta tenha problemas em seu desenvolvimento. A compactação também diminui a movimentação da água pelo solo, pois cria uma camada muito densa de solo onde a água não se infiltra, ocasionando excesso de água no solo nas camadas superficiais, podendo provocar erosão. Nos solos compactados, a armazenagem de água também é deficiente, causando problemas às culturas em épocas de estiagens. Existem diversas formas de se medir a compactação do solo. A maioria dos métodos envolve análises de laboratório, com coleta de solo para análise. Diversos parâmetros da física do solo podem ser usados como indicativos para a compactação, como a densidade, porosidade e outros. Existem também equipamentos que permitem medir a compactação em campo, denominados penetrômetros. Estes equipamentos medem a resistência do solo à penetração de uma haste metálica, que simula a penetração de raízes ou ferramentas agrícolas. Versões eletrônicas de penetrômetros permitem a armazenagem de dados. Com a expansão da agricultura de precisão, a medição da compactação do solo, com o uso de penetrômetros eletrônicos automatizados e georreferrenciados, tem sido utilizada como indicativo da condição física do solo. 3.3.4 CAUSAS DA COMPACTAÇÃO DO SOLO As forças que atuam no solo podem ser classificadas em externas e internas. Forças externas resultam do tráfego de veículos, animais ou pessoas, assim como do crescimento de raízes grandes que empurram as partículas do solo para forçar sua passagem, podendo até causar compactação. As forças internas resultam de ciclos, como congelamento e de gelo, umedecimento e secamento, e expansão e contração da massa do solo. Quando expressas como pressão, essas forças provavelmente têm a mesma ação no sistema, não sendo necessária distinção entre elas. Cabe ressaltar a ação de fatores pedogenéticos derivados da evolução do solo, os quais podem causar seu adensamento em camadas subsuperficiais. Materiais muito finos são arrastados da superfície do solo, preenchendo partes dos poros das camadas inferiores. O processo de translocação de argila ocorre Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 27
  • 32. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional quando a chuva e/ou a água de irrigação caem sobre um solo seco, dispersando parte do material fino que, permanecendo em suspensão, é arrastado conforme a água caminhe perfil abaixo, através dos vazios do solo. Se o subsolo estiver seco, a água que desce será absorvida pela massa do solo, e a argila em suspensão, filtrada depositada preenchendo os espaços porosos. Graças ao mecanismo de dispersão, alguns fatores adicionais favorecem a translocação de argila, como: ausência de agentes cimentantes, como óxidos e carbonatos; valores de pH entre 4,5 e 6,5, sem excesso de cálcio e magnésio, com baixo teor de alumínio trocável (que é um cátion floculante nas concentrações mais comuns); pH alto, associado a níveis elevados de sódio trocável e ponto de carga zero (PCZ) pelo menos de meia a uma unidade mais baixo que o pH do solo. Se os valores de pH e PCZ estiverem muito próximos, ocorrerá diminuição da repulsão entre as partículas de argila carregadas negativamente, resultando em rápida floculação. O rearranjamento de partículas primárias e de agregados por implementos de tração e cultivo, principalmente a compressão causada por tráfego de veículos, processa-se em fases que, em condições de campo, ocorrem separadamente: Fase 1 - Preparo do solo: nesta fase, grande parte da é consumida para destruir os agregados, sendo os implementos de cultivo especificamente desenhados com esta finalidade, desagregando o solo em diferentes graus; Fase 2 - Tráfego posterior de máquinas e implementos: os veículos e implementos que trafegam sobre um solo preparado aplicam quase a totalidade de sua energia no sentido de empurrar as partículas do solo umas contra as ou gerando um arranjamento compacto. Quanto maior a pulverização do solo por ocasião do preparo, maior será o potencial da compactação posterior. Segundo Jorge (1983), até 1940, um trator pesava, em média, menos que três toneladas, enquanto as máquinas trafegam atualmente pelos solos cultivados podem pesar mais que quinze, como acontece com colhedoras e caminhões carregados. Na cultura de citros, a mecanização é muito intensa, havendo pomares que acumulam, ao longo de sua existência, trezentas passadas de máquinas por entrelinha (Stolf, 1987). Quando o solo encontra-se úmido, há uma tendência de os valores de densidade do solo serem cada vez maiores com o aumento do número de passadas. Além disso, o efeito se manifesta em camadas mais profundas do solo, à medida que o número aumenta. Em culturas perenes ou semiperenes, como a cana-de-açúcar, um preparo inadequado do solo pode ocasionar decréscimos na produção que serão extensivos a todo o ciclo de cultura, já que, via de regra, a produção das soqueiras é intimamente ligada à produção de corte anterior. O decréscimo na produção de cana-de-açúcar num campo de demo tração foi obtido por Fernandes et al. (1983). Após o primeiro corte, um latossolo vermelho-escuro argiloso com 0,32 m3 .m-3 (32%) de água foi compactado em diferentes níveis uma, duas e três passadas de um caminhão com apenas eixo traseiro e 16.000 kg de massa. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 28
  • 33. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Influência das condições físicas do solo sobre a produção agrícola e a população de colmos de cana-de-a- çúcar (adaptada de Fernandes et al. 1983) Nota-se que embora a população de colmos tenha aumentado, talvez devido ao maior contato da terra úmida com o tolete, houve queda de aproximadamente 10 t.ha-1 entre o nível máximo compactação e a testemunha sem compactação. Quando as condições de umidade são ótimas e a pressão de contato é elevada, uma única passada de determinado veículo pode ser suficiente para dificultar, ou até impedir, o crescimento das raízes (Trouse Jr., 1978). Considera-se que a maior parte dos danos causados pela compactação ocorre nas primeiras passadas das máquinas e implementos. À medida que o número de passadas no mesmo local aumenta, há aumento cada vez menos acentuado na compactação, seguindo uma escala logarítmica (Jakobsen & Greacen, 1985). Num experimento realizado por Coleti & Demattê (1982) empregou-se chuva simulada. Foi constatado pelos autores que aproximadamente 50 a 60% da compactação se manifestou com as primeiras passadas, mesmo quando o número chegou a cinco ou dez. Em condições de campo, as marcas dos rodados de tratores e veículos ficam encobertas por operações subseqüentes. Com isso, é necessário levar em conta que a área de um terreno que recebe a carga de máquinas e implementos é bem maior do que se suspeita ao observar a superfície do terreno. Na figura abaixo, há um exemplo em que 91% da área cultivada foi coberta pelas operações de distribuição de adubo, duas gradagens e semeadura. Uma maneira de observar esse efeito é por fotos aéreas, tiradas após cada operação procedendo-se à sobreposição dessas fotos. Tem-se observado que a quase totalidade da área tem, pelo menos, uma passagem de trator com os implementos. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 29
  • 34. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Exemplo do padrão de marcas deixadas pelos rodados de veículos num sistema de preparo convencional de solo para plantio de cevada (distribuição de fertilizantes + duas gradagens + semeadura), cobrindo 91% da área (Soane, 1975). Diversos experimentos foram realizados com o objetivo de quantificar o efeito da compactação causada por pneus em diversos atributos do solo. Os efeitos da compactação, no momento da semeadura, pelas rodas de um trator de 63,4 kW (85 HP) (com massa de 4.400 kg e pneus traseiros de 43 cm de largura), num latossolo roxo muito argiloso foram estudados por Sidiras & Viera (1984). No sistema convencional de preparo (uma aração + duas gradagens), foram encontradas as maiores variações nos atributos avaliados. Observaram-se, na região compactada, aumentos na densidade do solo, na retenção de água, na porcentagem de poros menores que 10 µm (considerados microporos pêlos autores) e na produção de diversas culturas, mostrando que o efeito da compactação não é sempre adverso com respeito à produção. Os autores também quantificaram diminuição na porosidade total, na porcentagem de poros maiores que 10 µm e na taxa de infiltração do solo. Condições com tendência a maximizar a compactação • Operações em momento impróprio Seja qual for a operação agrícola, se efetuada em situação de solo com conteúdo de água inadequado, haverá deterioração de seus atributos físicos, especialmente, estrutura e agregação. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 30
  • 35. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional • Montagem incorreta e modelo inadequado dos implementos. O uso de implementos cujos modelos sejam adequados, ou dos implementos existentes na propriedade agrícola montagem correta, é essencial à manutenção da agregação do solo. É importante manter contato permanente com a equipe de assistência técnica das empresas de máquinas e implementos, assim como é fundamental o treinamento cada vez mais especializado dos tratoristas e operadores de máquinas, a fim de garantir uma boa qualidade no serviço executado. • Cultivos excessivos A quantidade exagerada de operações aumenta muito a tendência à compactação. Em conseqüência do tráfego de máquinas e da movimentação do solo por implementos sobre o mesmo local, produz-se um número muito grande de pequenos agregados que, em certas condições, são menos estáveis que os grandes, facilitando sua deterioração e formação de crosta na superfície do terreno. Conseqüentemente, diminui a infiltração de água no perfil e acelera o processo de erosão. A pulverização devida a cultivos excessivos expõe a matéria orgânica do solo, causando sua oxidação acelerada e diminuindo o teor desse material que ajuda a manter agregadas as partículas do solo. • Restrição ao movimento de água A restrição ao movimento de água é provavelmente a conseqüência mais danosa da compactação de solos muito úmidos durante as operações agrícolas. A faixa ótima de conteúdo de água para o crescimento de plantas tem sido geralmente determinada com base na quantidade de água disponível, cujo limite superior é usualmente associado à "capacidade de campo" e o limite inferior é associado ao "ponto de murchamento permanente" ou ao mais baixo conteúdo de água que não reduza o crescimento da planta. A faixa ótima de água não limitante (FANL) pode ser afetada pela aeração e/ou pela resistência mecânica, particularmente em solos com alta densidade e vazios exclusivamente pequenos (Letey, 1985). O baixo conteúdo de oxigênio no ar destes solos pode limitar o crescimento das raízes já na "capacidade de campo", sendo, então, exigido menor conteúdo de água do que o limite para aeração adequada. Por outro lado, uma alta resistência mecânica, provocada pela compactação, que restrinja o crescimento das raízes pode ocorrer num solo cujo conteúdo de água seja maior que o limite usado para determinação da água disponível. Em outras palavras, a FANL pode ser reduzida em alguns solos pela pobre aeração e/ou pela alta resistência mecânica imposta a raiz. Na figura a seguir, na qual há aumento de densidade e diminuição de macroporos do caso A para o C, podem ser observados três esquemas ilustrando o comportamento da FANL. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 31
  • 36. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Relações entre o comportamento de água e os fatores que restringem o crescimento das plantas, com au- mento da densidade e decréscimo no tamanho dos poros, indo de A para C (Letey, 1985). À medida que a densidade do solo aumenta, a FANL torna-se mais estreita (esquema A). Já no esquema B, o intervalo de água não limitante passa a ser mais estreito, devido ao aumento da resistência mecânica e à diminuição na aeração. Finalmente, no esquema C, observa-se a redução drástica na FANL, provocada pela maior resistência mecânica e pela aeração ainda mais deficiente. Nos latossolos, a FANL para o crescimento das raízes é muito estreita, pois o intervalo entre a "capacidade de campo" e o "ponto de murchamento permanente" é pequeno (Freitas, 1992), e o impedimento mecânico ocorre a tensões relativamente baixas. Esses solos requerem um manejo muito cuidadoso para que condições favoráveis ao pleno desenvolvimento das plantas sejam mantidas (Letey, 1991). REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS COLETI, J.T. & DEMATTE, J.L.I. Compactação artificial em solos. Experiências e dados informativos. Álcool e Açúcar, São Paulo,2:34-38,1982. FERNANDES, J.; RIPOU, T.C, & MILAN, M.Acompactação do solo e a brotação das sequeiras. Álcool &Açúcar, São Paulo, 3(12):12-17, 1983. FREITAS, P.L. de. Manejo físico do solo. In: COSTA, C.V. & BORGES, L.C.V., coord. SIMPÓSIO SOBRE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO NO CERRADO, Goiânia, 1990. Anais. Campinas, Fundação Cargill, 1992. p. 117-139. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 32
  • 37. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional HAKANSSON, I. & DANFORS, B. Effects of heavy traffïc on soil conditions and crop growth. In: INTERNA- TIONAL CONGRESSOFISTVS,7,Calgary,1981.Proceedings,1981, vol. l p.239-253. JAKOBSEN, B.F. & GREACEN, E.L. Compaction of sandy forest soils by forwarder operations. SoilTill. Res.,Ams- terdam, 5:55-70,1985. JORGE, J.A. Compactação do solo: causas, conseqüências e maneiras de evitar sua ocorrência. Campinas, Instituto Agronômico, 1983. 22p. (Circular, 117) LETEY, J. Relationship between soil physical properties and crop reduction. Adv. Soil Sci., New York, 1:277-294, 1985. LETEY, J. The study of soil structure: science and art.Austr. J. Soil Res., Melbourne, 29(6):699-707, 1991. REAVES. C.A. & COOPER,A.W. Stress distribution in soil under tractor roads. J.Agric. Eng. Soc., Bunkyo, 41:20- 31, 1960. SIDIRAS, N. & VIEIRA, MJ. Comportamento de um latossolo roxo distrófïco compactado pelas rodas de um trator na semeadura - rendimento de três culturas. Pesq. agropec. bras., Brasília, 19:1285-1293, 1984. SOANE, B.D. Studies on some soil physical properties in relation to cultivations and traffic. In: SOIL PHYSICAL CONDITIONS AND CROP GROWTH. London, 1975. p. 160-183 (Min. Agric. Fish. Food Tech. Bull., 29) SOHME,W. DieVerformbarkeit desAckerbodens. Grundlagen d. Landtechnik, Dusseldorf, 3:51-59, 1952. STOLF, R. A compactação do solo e perspectivas de subsolagem em citrus. Laranja, Cordeirópolis, 8:283-308, 1987. TALOR, H.T. & BURT, E.C. Total axle load effects on soil compaction. J. Terramech, Hannover, 24: 179-186, 1987.TROUSE JR., A.C. Alteration of the infiltration permeability capacity of soils by vehicular traffic. In: PANAMERICAN SOIL CONSERVATION CONGRESS, L, São Paulo, 1966. Anais, São Paulo, ISSS, 1966. p. 1103-1109. TROUSE JR., A.C. Root tolerance to soil impediments. In: Crop tolerance to subtropical land conditions. Madison, ASA/ CSSA/SSSA, 1978. p. 193-232. UNIDADE IV 3 Qualidade do solo Nos estudos que envolvem as relações agricultura e meio ambiente é crescente a necessidade de adoção de critérios que possam avaliar, de forma correta, as condições atuais bem como as ideais dos compartimentos do agroecossistema. Por exemplo, como saber se um solo apresenta-se comprometido ou limitado em relação a um determinado componente, seja ele físico ou químico e mesmo biológico? A resposta para essa pergunta remete a uma série de reflexões que envolvem aspectos relacionados às atividades agrícolas, principalmente aqueles relativos à física e à fertilidade do solo, à geologia de engenharia, às questões de ordem geomédica (risco para a saúde humana) e à saúde animal, além de questões de ordem ambiental relacionadas às alterações naturais e antrópicas do ecossistema. No sentido de estabelecer as referências que pudessem reproduzir, de forma satisfatória, os limites ou índices desejáveis ou aceitáveis de determinados parâmetros, particularmente no meio agrícola, foram criados os chamados índices de sustentabilidade (LAL, 1999. As informações aquí apresentadas visam, sobretudo, enfatizar a importância da sustentabilidade dos compartimentos ambientais, destacando os indicadores físicos e químicos de qualidade do solo, como condição indispensável para a manutenção do sistema agrícola produtivo. 3.1 Indicadores físicos de qualidade do solo Do ponto de vista das atividades agrícolas, os indicadores físicos assumem importância por estabelecerem relações fundamentais com os processos hidrológicos, tais como taxa de infiltração, escoamento superficial, drenagem e erosão. Possuem também função essencial no suprimento e armazenamento de água, de nutrientes e de oxigênio no solo. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 33
  • 38. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Entre os principais indicadores físicos de qualidade de solo sob o ponto de vista agrícola, estão a textura, estrutura, resistência à penetração, profundidade de enraizamento, capacidade de água disponível, percolação ou transmissão da água e sistema de cultivo, conforme discriminado no quadro 1, a seguir: Textura, Estrutura, Resistência à penetração, Compactação (pé de grade), Profundidade de enraizamento, Capacidade de água disponível (reserva de água no solo), Percolação (transmissão) da água, 3.2 Indicadores Químicos de Qualidade de Solo Apresentam relevância nos estudos, tanto agronômicos quanto ambientais, normalmente agrupados em quatro classes: a) aqueles que indicam os processos do solo ou de comportamento. Ex: pH, Carbono Orgânico; b) aqueles que indicam a capacidade do solo de resistir à troca de cátions. Ex:Tipo de argila (1:1 ou 2:1), CTC, CTA, Óxidos de Ferro; Óxidos de Alumínio; c) aqueles que indicam as necessidades nutricionais das plantas. Ex: N, P, K, Ca, Mg e elementos traços (micronutrientes); d) aqueles que indicam contaminação ou poluição. Ex: Metais pesados, nitrato, fosfato, agrotóxicos. pH Índice de concentração de H+ no solo usado para determinar se um solo é ácido (pH menor que 7), neutro (pH igual a 7) ou básico (pH maior que 7); Controla a solubilidade de nutrientes no solo, exercendo grande influência sobre a absorção dos mesmos pela planta; Solos ideais para cultivo devem apresentar pH entre 6,0 e 6,5. Porém, esta faixa pode ser estendida de 5,5 a 6,8. Carbono organic Embora não seja um nutriente para a planta, baixos valores podem afetar a produtividade em razão de seu efeito na estrutura; na disponibilidade de água para as plantas, e no seu poder de tamponamentofrente a presença de compostos muitas vezes tóxicos às plantas; Existe Carbono orgânico totale carbono orgânico ativo ou carbono da biomassa, sendo que este representa de 10 a 20% do teor de carbono orgânico total; CTC efetiva Quantidade total de cátions retidos na superfície das argilas ou colóides minerais e orgânicos existentes no solo, expressa em e.mg/100g ou cmolc/Kg; Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 34
  • 39. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CTC= Ca2+ + Mg2+ + K+ + H+ + Al3+ + Na+ + NH4 + + ..... Nitrogênio do solo Disponível para as plantas nas formas nítrica (NO3 - )e amoniacal (NH3 - ). ). Praticamente todas as plantas exigem teores elevados de N para produzirem; Deficiências de N são notadas nas folhas das plantas que, normalmente, tornam- se amareladas ou com uma coloração mais pálida; Maior capacidade de mineralização de N favorece o aumento de produtividade. Nutrientes disponíveis para as plantas Favorece o aumento da produtividade. São representados por P, K, Ca e Mg, também ditos macroelemen- tos. Condutividade elétrica e sais solúveis totais Alta concentração de sais na zona das raízes é uma limitação severa em muitos solos de regiões semi-ári- das e áridas ( saturação >4mmhos/cm ou 4 dS/m a 25ºC); A salinidade constitui fator importante na avali- ação da produtividade dos solos. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS CAMARGO ,O.A. de & Alleoni, L.R.F. Compactação do solo e desenvolvimento das plantas. Piracica- ba, 1997. 132p. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Manual de métodos de análise de solo. 2 ed. Ver atual. Rio de Janeiro, 1997. 212p. LAL, R. Métodos para avaliação do uso sustentável dos recursos solo e água nos trópicos; tradução e adaptação de Cláudia Conti Medugno e José Flávio Dynia. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 1999. Documentos, 03). UNIDADE V Manejo de solos O manejo do solo se constitui de práticas simples e indispensáveis ao bom desenvolvimento das culturas e compreende um conjunto de técnicas que, utilizadas racionalmente, proporcionam alta produtividade mas, se mal utilizadas, podem levar à destruição dos solos a curto prazo, podendo chegar à desertificação de áreas extensas. De maneira geral, pode-se considerar, os seguintes tipos de manejo do solo: · Preparo convencional - provoca inversão da camada arável do solo, mediante o uso de arado; a esta operação seguem outras, secundárias, com grade ou cultivador, para triturar os torrões; 100% da Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 35
  • 40. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional superfície são removidos por implementos. Este tipo de preparo só deve ser utilizado quando da correção de algumas características na subsuperfície do solo, onde necessite de incorporação de corretivos ou rompimento de camadas compactadas (Figura 6). Figura 6. Preparo do solo com grade pesada em sistema convencional. · Preparo mínimo - intermediário, que consiste no uso de implementos sobre os resíduos da cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário para o cultivo seguinte. Geralmente é utilizado um escarificador a 15cm suficiente para romper crostras e pé de grade niveladora (Figura 7). Figura 7. Preparo mínimo com arado escarificador. · Plantio direto - aqui, as sementes são semeadas através de semeadora especial sobre a palhada de culturais do cultivo anterior ou de culturas de cobertura palha produzidas no local para este fim (Figura 8). Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 36
  • 41. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 8. Semeadura direta em palha de soja. · Plantio semi direto - semelhante ao Plantio Direto; semeadura direta sobre a superfície, com semea- dora especial, diferindo deste sistema apenas por haver poucos resíduos na superfície do solo. Os manejos referidos nos itens 2, 3 e 4, são conhecidos como conservacionistas considerando-se uma das melhores formas, até o momento, estabelecidas na conservação de água e do solo. As técnicas de manejo do solo a serem aplicadas em determinada área dependem de vários fatores. Cada área rural tem suas peculiaridades e requer decisão própria. Para cada caso, definir-se-ão as técnicas, de acordo com: a textura do solo, o grau de infestação de invasoras, os resíduos vegetais que se encontram na superfície, a umidade do solo, a existência de camadas compactadas, pedregosidade e os riscos de erosão e máquinas; para isto, o estudo do perfil do solo torna-se primordial; contudo, vale a pena lembrar que sempre, que possível, deve-se decidir pelos manejos conservacionistas e mesmo quando da impossibilida- de, elegem-se os preparos que provoquem o menor revolvimento do solo. 5.1- Manejo Conservacionista Os objetivos de uma agricultura sustentável são o desenvolvimento de sistemas agrícolas que sejam produti- vos, conservem os recursos naturais, protejam o ambiente e melhorem as condições de saúde e segurança a longo prazo. Neste sentido, as práticas culturais e de manejo, como a rotação de culturas, o plantio direto, e o manejo do solo conservacionista, são muito aceitáveis pois, além de controlarem a erosão do solo e as perdas de nutrientes, mantêm e/ou melhoram a produtividade do solo. Nos melhores solos do cerrado, que em geral são profundos, bem estruturados possuem textura média, com uma boa drenagem ao longo do perfil, e de suaves pendentes, pode-se manter um alto nível de produtividade mediante a aplicação de escassas mas bem estruturadas práticas de conservação de solos; então, um verdadei- ro sistema de agricultura sustentável é aquele em que os efeitos benéficos das diferentes práticas de conserva- ção são iguais ou ultrapassam os efeitos adversos dos processos depredativos. O componente vital deste equi- líbrio dinâmico é a matéria orgânica, a qual tem que ser mantida através de adições regulares de materiais orgânicos. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 37
  • 42. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Uma das característidas do solo que mais sofre influência do manejo é a estrutura que pode ser considerada o componente básico de sua fertilidade física, ao condicionar o desenvolvimento da porosidade intra e interagregados, como a principal via de circulação da água e do ar no solo. A estrutura que envolve uma série de interrelações muito sutis, estabelecidas entre os componentes minerais e orgânicos do solo e que resulta de uma série de processos físicos, químicos e biológicos, pode facilmente se deteriorar pela ação das forças de compressão derivadas do uso incorreto de máquinas e implementos agrícolas. Os restos vegetais deixados na superfície do solo nos sistemas de manejo conservacionistas repercutem muito no aumento e na conservação da estabilidade de agregados na superfície e na redução da compactação das camadas subsuperficiais. Todos estes fatores incidem também sobre a capacidade de infiltração de água no solo que é resultante do ba- lanço entre a quantidade de água que chega e a que sai. Neste balanço influi a taxa de infiltração, o escorri- mento superficial, a ascensão capilar, a drenagem e a evaporação. Do volume de água que cai na superfície, parte se infiltra no solo e atinge o lençol freático, garantindo a perenização dos cursos d'água, enquanto a par- te infiltrada é retida pelo solo - constituindo-se em água disponível para as plantas, o que é de grande impor- tância, pois o processo de nutrição de plantas depende da água disponível para a formação da solução do solo -, as plantas podem absorver os nutrientes necessários ao seu pleno desenvolvimento. Parte da água retida no solo é perdida por evaporação e/ou evapotranspiração e, em função da capacidade de infiltração e retenção de água do solo e da intensidade das chuvas, parte pode exceder e ser perdida por esco- amento superficial; dependendo do volume e da velocidade deste escoamento, pode ocorrer o arraste de partí- culas de solo e dos insumos nele aplicados, sedimentando-se em baixadas, lagos e rios, o que afeta gradativa- mente a capacidade produtiva do solo, reduzindo entre outros fatores, a sua fertilidade, a capacidade de infil- tração e a retenção de água. Além disso eleva a acidez e provoca irregularidade superficial, o que vem a difi- cultar seu uso agrícola, exigindo mais energia e insumos para a manutenção de sua produtividade. Em todos esses fatores citados, a matéria orgânica tem paticipação direta ou indireta, estando presente na ati- vidade agrícola desde a sua origem e até a sua utilização, de maneira histórica, diretamente à fertilidade e à produtividade dos solos cultivados. Em muitos solos, a matéria orgânica humificada do horizonte superficial é o principal fator responsável pela "capacidade de troca de cátions" (CTC) verdadeira dispensa dos nutrien- tes, que podem ser liberados progressivamente à disposição dos cultivos; logo, pode-se deduzir que é um componente do solo que tem papel fundamental nas perdas de nutrientes por lixiviação. A parte desta relação direta, há outras, indiretas: o húmus, como visto anteriormente, é um dos principais condicionantes do desenvolvimento da estrutura do solo e de sua estabilidade; a degradação da estrutura inci- de sobre a distribuição do tamanho dos poros e da erodibilidade e perdas de solo da zona, que costuma ser a mais rica em húmus e nutrientes; por outro lado, os resíduos dos cultivos deixados na superfície pelos siste- mas de preparo conservacionistas protegem a ação direta do impacto das gotas de chuva (responsáveis pelo selamento de poros e pela formação de crostas superficiais), incidem sobre o regime de temperatura e umida- de do solo e, também, reduzem o escoamento superficial. Assim, pode-se dizer que a proteção da superfície do solo nos sistemas de manejo evita perdas de umidade por evaporação, o que, unido ao desenvolvimento de uma quantidade maior de macroporos aptos para a transmissão de água e de microporos para sua retenção, proporcionam incremento significativo na capacida- de de armazenamento de água e nutrientes e melhor disponibilidade destes para os cultivos. Agricultura (Floricultura)- Princípios de Formação, Conservação e nutrição de solos e qualidade de água. 38