1. Noel Rosa revela detalhes de sua vida pessoal e
artística
Em entrevista à revista O Trio, nesta segunda-feira, 7 de outubro de
1935, uma das maiores referências do samba brasileiro conta
curiosidades sobre sua carreira. Ele nasceu no dia 11 de dezembro de
1910, é carioca da gema e toca violão desde a adolescência, duas de suas
músicas de sucesso são: Com que roupa e Conversa de Botequim.
O Trio: Olá Noel, tudo bem? Gostaria de começar perguntando o que
te fez abandonar a graduação em Medicina?
Noel de Medeiros Rosa: Muito complicado aquilo, preferi seguir a
música mesmo, tenho certo dom pra isso...
De certa forma eu sempre me encantei por música, as notas do violão
me faziam sempre companhia nas horas vagas . Mas achava que
medicina era meu sonho. Engano total , após meses na faculdade fui até
um botequim com um colega e ali um senhor tocava sua sanfona e
outro tocava viola , foi então que percebi que estava na profissão
errada. Larguei tudo e fui viver meu grande sonho que descobri ser a
música.
O.T.: Há alguns boatos de que o senhor tem ou teve relacionamentos
extraconjugais, esses boatos são verdadeiros? Conte-nos um pouco
N.M.R.: Quanto a isso não posso afirmar nada, mas não nego, pois os
boatos vêm do povo e a voz do povo é a voz de Deus. Em minha
adolescência sempre fui um cara galanteador, tive muitas namoradas e,
diga-se de passagem, que ainda tenho (risos). Mas sempre tive uma
atração forte por mulheres sensuais, nunca fui do tipo quietinho (risos).
O.T.: Quais são suas principais inspirações na hora de compor?
N.M.R.: Não tenho inspiração fixa, sou do tipo que se deixa levar pelas
emoções. Componho de acordo com o que vivo, com o que passo.
Canções sobre minhas decepções, de meus relacionamentos carnais,
esses sim merecem virar letra no papel (risos) , sem me esquecer da
realidade , a minha volta , o meu glorioso Rio .
2. O.T.: Conte-nos um pouco sobre sua infância.
N.M.R.: Sempre fui um menino agitado, subia em árvores e jogava bola
da praça do bairro. Fui o primeiro filho, por conta disse era um tanto
sozinho, minha mãe era professora e sempre estava ocupada com seus
deveres. Era malandro nos joguinhos de rua, ninguém me superava nas
bolinhas de gude, (risos). Mas fui feliz, tenho saudades dessa época.
O.T.: Atualmente, qual o seu maior desafio?
N.M.R.: Já não é mais segredo que estou com uma séria doença, e
atualmente ser um tuberculoso é meu maior desafio. A vida boêmia,
porém, sempre meu foi um atrativo irresistível, entre viagens para
cidades mais altas em função do clima mais puro, sempre retornava ao
samba, à gelada e infelizmente ao cigarro, nas noites cariocas. Por conta
disso creio que agora já não sou mais o mesmo Noel de sempre, a
doença já levou muito do que eu fui!
O.T.: O Trio te deseja melhoras e agradece a sua disponibilidade em ser
entrevistado.