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Revolução
do risco?
Os profissionais do risco são hoje confrontados com vários
desafios, sendo que acompanhar o ritmo do mundo em
mudança é seguramente o mais significativo.
por Luís Paralvas, Herco, engenheiro de Risco
GERIRy
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Embora tenha havido já
vários casos de “apagões”
alegadamente causados por
ataques cibernéticos, alguns
especialistas argumentam que
apenas um reduzido número
de casos produziu danos
materiais confirmados
Q
uer a nossa organização
esteja focada nos riscos
tradicionais, em metas
estratégicas ou num pou-
co de ambos, é essencial
dispor das competências
e das ferramentas ade-
quadas para lidar com as
constantes transforma-
ções que enfrentamos.
Novas formas de abordar
o risco?
Num mundo em constante mudança
é necessário procurar novas formas de
abordar os riscos, novas formas de os
pensar, o que podemos fazer de forma
diferente, de modo a acrescentar valor
às nossas organizações, ou seja, procurar
novos paradigmas de gestão de risco e
romper com o status quo.
As organizações estão em constante
transformação sob a influência de novas
tecnologias e de condições económicas,
ambientais e sociais que se vão alteran-
do, e com essas alterações surgem no-
vos riscos. Neste contexto, precisamos
de estar atentos e procurar antecipar os
chamados riscos emergentes, identificar
e antecipar tendências em matéria de
gestão de riscos e aumentar os nossos
conhecimentos, adquirindo novas habili-
dades para encontrar maneiras criativas
de proteger as organizações, bem como
orientar os recursos e permitir interven-
ções mais oportunas e eficazes. Porém,
sabemos também que não podemos des-
curar os riscos conhecidos (tradicionais),
porque os seus impactos mantêm-se,
sendo por vezes difíceis de mitigar.
Por exemplo, um dos problemas de
segurança de redes mais referido são os
ataques cibernéticos. Embora tenha ha-
vido já vários casos de “apagões” alega-
damente causados por ataques ciberné-
ticos, alguns especialistas em segurança
cibernética argumentam que apenas um
reduzido número de casos produziu da-
nos materiais confirmados. Isso não quer
dizer, naturalmente, que devamos ignorar
o risco destes ataques, pois o seu impacto
potencial é enorme e deve ser protegido.
Mas não devemos pensar que constituem
a única ameaça para as nossas redes. Na
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y GERIR
risco
A RIMS é uma organização sem fins lucrativos, que representa
mais de 3500 entidades corporativas, industriais, de serviços, sem
fins lucrativos, associações de beneficência e governamentais
em todo o mundo, dedicando-se a educar, envolver e defender a
comunidade de risco global. A organização tem aproximadamente
11 mil associados, profissionais de risco de 60 países e, além dos
Estados Unidos, já organiza eventos semelhantes na América
Latina, Ásia e Oceânia. É também uma das principais fontes de
literatura sobre gestão de riscos a nível mundial.
A conferência anual organizada há mais de 60 anos pela concei-
tuada sociedade de gestão de riscos Risk Insurance Management
Society (RIMS), dos Estados Unidos da América, é fundamental para
o sector, reunindo habitualmente milhares de pessoas de todo o
mundo. Considerada por muitos como o maior evento mundial de
gestão de risco, proporciona aos profissionais os conhecimentos, re-
cursos e oportunidades necessárias para o networking, optimização
dos seus programas de gestão de risco e das suas carreiras.
A edição deste ano decorreu entre os dias 23 e 26 de Abril, em
Filadélfia, sob o tema “Revolução do Risco” e tendo como mote
“Desafiar o status quo”. Mais de 10 mil profissionais de 60 países
debateram o futuro da Gestão de Risco, os desafios, os riscos
emergentes e a forma como o sector está a olhar para estas
temáticas. Os participantes tiveram a oportunidade de ouvir vários
palestrantes, além de outros líderes do sector, com intervenções
de elevada qualidade sobre diversos temas.
A conferência é uma oportunidade única para contactar com
clientes e líderes, dando também a oportunidade de conhecer no-
vos parceiros. É um evento de grande qualidade, que oferece uma
ampla gama de opções de aprendizagem que cobrem diversos
aspectos de interesse, seja qual for o sector ou área de negócio.
As categorias variaram desde o desenvolvimento de carreira até
aos temas da tecnologia e risco, riscos emergentes e muito mais.
Saiba mais sobre a RIMS e a sua última conferência
em: www.rims.org/RIMS2017.
A RIMS!
conferência foi referido um caso bem mais
“prático” e menos “moderno”, como o de
ataques de pequenos roedores a cabos de
transmissão, que podem causar interrup-
ções significativas com danos, esses, sim,
mais frequentes do que se possa pensar
e com impactos muito elevados. Esta si-
tuação leva a pensar que vivemos num
mundo onde, cada vez mais, coexistem os
riscos mais sofisticados com os riscos já
nossos conhecidos, sendo que, por vezes,
estes assumem novas “roupagens”, como
foi o caso do terrorismo após o 11 de Se-
tembro, obrigando-nos a repensar a sua
abordagem.