1. Com 24 anos, Marina Arruda encontrou nos dispositivos fotográficos seu meio de pesquisa e
expressão da experiência humana e seus instantes, assim como de seus rastros pelo mundo.
Formou-se como fotógrafa profissional pela Escola Panamericana de Arte e extendeu seus
estudos sob orientação de fotografos experiêntes nos ambitos nacional e internacional.
Cursou Photographing People no International Center of Photography, em Nova Iorque,
sob orientação de Harvey Stein, e Fotografia de Moda, na Faculdade Santa Marcelina, com
Melissa Szymanki.
Em 2013 formou-se em Design pelo SENAC defendendo um trabalho de conclusão que
analisa inteceções entre fotografia, design e arte contemporânea.
Integrou a equipe de educação na Fundação Bienal em 2011 e 2012 e anteriormente fora
assistente dos fotógrafos André Andrade e Monolo Moran.
Atualmente é coordenadora da equipe de fotógrafos na divisão de artes do Instituto Olga Kos
de Inclusão Cultural e vem realizando pesquisas e ensaios autorais em fotografia e video.
De modo análogo experimenta produções de caráter colocaborativo em parceria com outros
membros do Coletivo Triângulo, do qual faz parte.
Portifólio e mais informações em www.marinaarruda.com
2. Invólucro
A apresentação se insubordina as intenções das estéticas apresentadas e o que se mostra diante dos
olhos é aquilo em que se torna por trabalho e aquilo que se é por acaso ou atribuição. O revestimento,
a segunda pele e significações sobre a mesma, emerge como arena de conflitos existenciais, que em
conjunto com a própria pele e as possibilidades de transformação do corpo agem como dispositivos
protetivos capazes de reportar o indivíduo a uma dimensão originária, na qual nunca se deixa de ges-
tar a si mesmo.
As imagens de Marina Arruda enaltecem a crueza do olhar, que permite o transito entre os limites
daquilo que está dentro e o que se apresenta por fora. Essência e a aparência se confundem involu-
tivamente tal como o fantástico e o concreto se tocam no nascimento dos sonhos. A fotografia como
ferida, conceito de Roland Barthes, do qual se apropria a artista é justamente este limiar revelador de
forças capazes de colocar em xeque as presunções da objetividade. As feridas são cavidades que ex-
põe ao olhar mistérios acobertados por rígidas camadas de convenções sociais, antes ainda eventos,
que nascem, morrem e renascem por forças de sua própria beleza.
Suportes para que nos suportemos nossos corpos se tornam invólucros de nós mesmos, abrigo físico
sujeito as investidas dos afetos e matéria por meio da qual experimentamos sinestesias paridas de um
universo de ideias em choque. O corpo, o olhar e a imagem, filha do olhar, como invólucros reservam
para si a capacidade de cobrir, velar ou envolver algo, que só pode ser ativado, desvelado ou rompido
pela intervenção de outro.
Para entrar no universo capturado por Marina Arruda não há demandas por conhecimentos que não
sejam aqueles que remontem a biografia do próprio leitor das imagens.