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AUG
5
As espertezas de Pedro Malasartes
VI
Nas cercanias da casa de Pedro
Malazarte morava um homem
rico e muito avarento. Vivia
enganando toda a gente e
sendo detestado por todos os
vizinhos. Não pagava ordenado
aos seus empregados porque
fazia apostas e não era
possível cumprir-se uma das
condições porque tinham sido
escolhidas com intenção de
burla. Malazarte ofereceu-se
para criado e o homem
aceitou.
Se Malazarte ficasse trinta dias
sem pedir a conta, seria pago
três vezes, e não o fazendo,
nada teria de direito.
O homem mandou Malazarte
com mais duzentas ovelhas
para o campo, com ordem de
passar por uma garganta de
serra muito estreita. As
ovelhas recusavam avançar e
os empregados anteriores
haviam desistido com esse
embaraço. Malazarte chegou
ao boqueirão, agarrou uma
ovelha, amarrou-a e saiu na
frente puxando o animalzinho.
As outras acompanharam sem
dificuldade.
Não deram rede para
Malazarte dormir. Durma onde
quiser, disse-lhe o homem.
Pedro, vendo que o casal
guardava a comida num
armário grande, trepou-se
para cima, com as pernas
descidas e recusou sair,
dizendo ser aquela a sua cama.
Como o casal queria comer,
ofereceram ao novo
empregado o direito de fazer
as refeições com eles, marido e
mulher, chegando à conclusão
de que só iam comer pão e
bolachas, o que davam a Pedro
quando ele se empregou.
Mandou o dono que Malazarte
levasse o carro de bois e o
metesse numa sala sem passar
pelas portas. Malazarte
despedaçou o carro, partiu os
bois em quatro e jogou tudo
pela janela.
Dias depois o dono da casa foi
viajar e recomendou a Pedro
que queria encontrar o gado
muito bem tratado, rindo-se
com o tempo. Quando o
homem voltou viu que
Malazarte havia cortado os
beiços dos bois, vacas,
novilhos, touros, deixando-os
com os dentes de fora, como
se estivessem rindo. Não quis
mais conversa. Pagou três
vezes e mandou que Pedro
Malazarte fosse embora antes
que ficasse completamente
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  • 1. AUG 5 As espertezas de Pedro Malasartes VI Nas cercanias da casa de Pedro Malazarte morava um homem rico e muito avarento. Vivia enganando toda a gente e sendo detestado por todos os vizinhos. Não pagava ordenado aos seus empregados porque
  • 2. fazia apostas e não era possível cumprir-se uma das condições porque tinham sido escolhidas com intenção de burla. Malazarte ofereceu-se para criado e o homem aceitou. Se Malazarte ficasse trinta dias sem pedir a conta, seria pago três vezes, e não o fazendo, nada teria de direito. O homem mandou Malazarte com mais duzentas ovelhas para o campo, com ordem de passar por uma garganta de serra muito estreita. As ovelhas recusavam avançar e os empregados anteriores haviam desistido com esse embaraço. Malazarte chegou ao boqueirão, agarrou uma ovelha, amarrou-a e saiu na frente puxando o animalzinho. As outras acompanharam sem
  • 3. dificuldade. Não deram rede para Malazarte dormir. Durma onde quiser, disse-lhe o homem. Pedro, vendo que o casal guardava a comida num armário grande, trepou-se para cima, com as pernas descidas e recusou sair, dizendo ser aquela a sua cama. Como o casal queria comer, ofereceram ao novo empregado o direito de fazer as refeições com eles, marido e mulher, chegando à conclusão de que só iam comer pão e bolachas, o que davam a Pedro quando ele se empregou. Mandou o dono que Malazarte levasse o carro de bois e o metesse numa sala sem passar pelas portas. Malazarte despedaçou o carro, partiu os
  • 4. bois em quatro e jogou tudo pela janela. Dias depois o dono da casa foi viajar e recomendou a Pedro que queria encontrar o gado muito bem tratado, rindo-se com o tempo. Quando o homem voltou viu que Malazarte havia cortado os beiços dos bois, vacas, novilhos, touros, deixando-os com os dentes de fora, como se estivessem rindo. Não quis mais conversa. Pagou três vezes e mandou que Pedro Malazarte fosse embora antes que ficasse completamente arruinado.