Os principais pontos abordados no documento são: 1) Uma década do 35o Congresso Brasileiro de Ortopedia realizado no Recife, considerado um marco para a Ortopedia brasileira; 2) Programação da SBOT-PE no segundo semestre de 2013, incluindo jornadas, cursos e workshops; 3) Palavra do Presidente da SBOT-PE sobre os objetivos da nova Revista e programação para os associados.
1. 1
Ortopedistas que se dedicam a cuidar dos
seus times do coração
Eles vencem
dentro e fora do campo:
Uma década do 35°
Congresso Brasileiro
de Ortopedia
pág. 07
Sucesso na prova
da Teot 2013
pág. 14
Entrevista com
Hermes Wagner
pág. 15
Avanços na radiologia
para detecção de doenças
musculoesqueléticas
pág. 14
Magazine
3. 3
Editorial
O fato aconteceu e não foi comunicado, simplesmente não
aconteceu.
Esta é a síntese da atual revolução tecnológica na
comunicação e na informação, irmãs siamesas na alteração
radical das noções clássicas de tempo e espaço. Estes avanços
espetaculares estimulam uma viagem à ancestralidade.
Bem distante, as inscrições rupestres eram formas primitivas
de comunicação. Os saltos demoraram a acontecer: a
escrita cuneiforme, a demótica, os hieróglifos, o alfabeto, os
registros em pergaminho, a introdução de letras maiúsculas
e minúsculas, e a revolução genial de Guttenberg que, com a
imprensa, serviram para disseminar a leitura e revolucionar o
conhecimento.
Esta breve introdução é um modesto exercício para realçar o
significado da escrita no mundo da multimídia. Parece simples.
Diariamente, milhares de periódicos, revistas; a explosão do
mercado editorial multiplica editores, escritores, repórteres
de boa ou má qualidade. Não importa. Escrever é um ofício
complexo, difícil, mas é, sobretudo, um ato de coragem, de
revelação do mundo interior, da defesa de ideias e valores, com
uma singularidade: as palavras voam; a escrita permanece.
Assim quando fui convidado a escrever este editorial todas
estas questões me vieram à cabeça. Aceito o convite, veio a
pergunta: sobre o que escrever? Assuntos vários e atuais não
são poucos: crise política, plebiscito, contratação de médicos
estrangeiros, aumento de seis para oito anos do curso médico,
a não aprovação do ato médico, etc.
Especialistasnosváriosassuntosassumiramaresponsabilidade
de analisar, comentar e fazer propostas à procura de encontrarem
os fatos determinantes dos problemas e suas soluções. E qual a
minha decisão? Vou escrever sobre a província, especificamente,
sobre a ortopedia da nossa província.
A Sociedade Brasileira de Ortopedia foi fundada em 19
de Setembro de 1935, quando o professor Rezende Puech
associou-se aos professores Achilles Amorim e Luís Inácio de
Barros Lima, com mais quarenta ortopedistas .
Consigna-se, portanto, justa a afirmação do professor Bruno
Maia quando diz: “a SBOT resultou da conjugação do grande
idealismo de Barros Lima, da liderança de Rezende Puech e do
valioso trabalho de Achilles Amorim.”
A regional Pernambuco sempre foi um marco na importância
da ortopedia brasileira e figura entre as mais antigas do país,
sendo fundada em 1943 graças ao pioneirismo de Barros Lima.
Já no ano de sua fundação, nos dias 6 e 7 de dezembro,
no Hospital Santo Amaro, houve uma sessão operatória em
conjunto com sessões científicas e apresentação de casos
clínicos. A partir da sua fundação, vários foram os presidentes
seguidores da filosofia original de professor Barros Lima e o
que conseguimos encontrar nos conteúdos das atas da SBOT/
PE foi a grande preocupação com o aperfeiçoamento científico
dos ortopedistas. Em 1971, era presidente da SBOT /PE Dr.
Assis Bezerra, quando foi realizado o 18º Congresso Brasileiro
de Ortopedia, presidido pelo professor Bruno Maia. Passados
32 anos, portanto, em 2003, o Congresso Brasileiro ocorreu em
Pernambuco, quando nossa regional tinha como presidente
o Dr. Otávio Borba. Quando da realização 35º Congresso
Brasileiro de Ortopedia, na cidade do Rio de Janeiro, cabia-me
a responsabilidade de presidir a SBOT.
Ao longo de 78 anos, três pernambucanos chegaram a
presidir a SBOT. É, a meu ver e sem ranços regionalistas, uma
presença modesta, levando-se em consideração a qualidade e
a expressão da ortopedia pernambucana. Há em Pernambuco
uma nova e brilhante geração de ortopedistas. Não é produto do
acaso. É a continuidade do legado de uma respeitável escola. A
nossa história me leva a estimular estas vocações para manter
e ampliar a nossa participação no processo político da categoria
profissional, embasada no mérito profissional e na produção de
trabalhos científicos.
Com efeito, estes são desafios que, enfrentados com
determinação e competência, engrandecem a ortopedia
pernambucana e mantêm aceso o idealismo que imortalizou
nossos antepassados.
Expediente
Presidente: Marcelo Carvalho Krause Gonçalves
1º Vice-Presidente: Pablo de Andrade Lima
2º Vice-Presidente: Jader Wanderley Filho
1º Tesoureiro: Marcos André Costa Ferreira
2º Tesoureiro: Orcélio Fernandes Sampaio
1º Secretário: Leonardo de Lima Silveira
Jornalistas responsáveis: Keila Vasconcelos - DRT 3089
Juliana Melo - DRT 3002
Coordenação editorial: Luciano Conde
Diagramação e design: KOMMU - Comunicação Inteligente
Impressão: Brascolor Gráfica & Editora
4. Revista SBOT | Edição 01 | Set/2013
Sumário
Uma década do 35º
Congresso Brasileiro
de Ortopedia
pág. 07
Programação
SBOT-PE 2013
pág. 09
Entrevista
com Hermes
Wagner
pág. 15
Sucesso na
prova TEOT
2013
pág. 14
Médico do Clube
do Coração
pág. 11
Palavra do
Presidente -
Marcelo Krause
pág. 05
Programação
SBOT
Nacional -
segundo
semestre 2013
pág. 08
Aconteceu
pág. 06
5. 5
Palavra
do Presidente
É com muito prazer que venho
até vocês para apresentar este novo
projeto: “SBOT-PE Magazine”, com
o intuito de reativar e aprimorar o
jornal da SBOT-PE, cuja última edição
foi em 2010. Esta Revista vem para
fortalecer nossa voz e união; atualizar
os ortopedistas em assuntos médicos
e gerais, de interesse comum; divulgar
acontecimentos e eventos futuros
da regional e da nacional; fornecer
um espaço democrático, aberto
para ortopedistas enviarem seus
comentários, ideias e e-mails.
Estamos passando por uma fase
delicada da regional, o esforço em
conter custos tem sido enorme, e
só tenho a parabenizar as ações
dos últimos ex-presidentes e suas
diretorias, principalmente Dr. Giovani
Serrano (2011) e Dr. Fábio Couto
(2012). A venda da sede era mais
do que necessária, os gastos fixos
não eram condizentes com o nosso
faturamento e o espaço era utilizado
muito aquém do desejado. A briga
sequenciada por mais recursos,
sejam provenientes da nacional ou de
parceiros, hoje nos faz enxergar uma
luz no fim do túnel.
A SBOT regional é um espaço
aberto a todos os ortopedistas e aos
médicos residentes ou especializandos
na traumato-ortopedia, por isso
a importância de se homenagear
os recém-aprovados no Título de
Especialista, como feito no início do
ano, e de formular um programa anual
que contemple a maioria.
O que é bom e bem feito deve ser
mantido e valorizado. O projeto de aulas
para R1 na quinta à noite, da diretoria
de Dr. Fabio Couto, foi mantida, haja
vista a grande aceitação em seu
mandato, e colocamos a programação
dos R2 na terça à noite, nos mesmos
moldes. Para o R3, contamos com os
OrtoCursos na última quarta de cada
mês (revisão dos principais temas
sobre subespecialidades distintas),
com o apoio da Merck, e os sábados
de revisão (dois eventos, com apoio da
Sanofi, também mantidos), além dos
workshops e simulados agendados ao
longo do ano.
Para o ortopedista geral o ano
também está cheio de surpresas. Já
houve a Jornada de Quadril, no fim de
abril; a Jornada de Ombro, nos dias
24 e 25 de maio, e teremos a Jornada
de Joelho, em setembro. Em junho
deveremos ter um curso básico com
workshop de artroscopia de ombro,
joelho e quadril, com o apoio da Opera,
e, em julho/agosto, um curso básico
com workshop de artroplastias (joelho
e quadril), incentivado pela Boehringer
e patrocinadores interessados. No
período de 16 a 21 de setembro, deverá
acontecer a semana do ortopedista,
a qual sediará curso internacional de
técnicas e novidades ortopédicas, em
que cada parceiro interessado terá
seu espaço para trazer um consultor
nacional ou internacional e divulgar
suas novidades aos ortopedistas (após
o conteúdo teórico e a programação
serem aprovados pela diretoria), além
da festa/jantar do ortopedista.
Aproveito para solicitar sugestões,
temas e notícias pertinentes para o
e-mail: sbotpe@gmail.com a fim de que
o editorial possa avaliar e implementar
as futuras edições.
Quero agradecer a todos que nos
apoiam: Boehringer, Merck, Sanofi,
Art Cirúrgica, ADN, Dudder, Ortoplan,
Opera, Ortoserv, Laboratório Aché e PE
Implantes; à minha Diretoria e à equipe
de edição da Revista e ao ITORK, que
cedeu o espaço e a infraestrutura sem
custos, para o ano de 2013.
SBOT – Regional Pernambuco
6. Revista SBOT | Edição 01 | Set/2013
Jornada
de Quadril
Jornada de
Ombro e
Cotovelo
Nos dias 26 e 27 de abril aconteceu, no Hotel
Atlante Plaza, no Recife, a Jornada de Quadril e
Ombro, reunindo 36 ortopedistas do Norte e Nordeste.
No evento foram debatidos temas como: Astroplastia
Primária do Quadril e Trauma e Cirurgias Preservatórias
do Quadril. Um espaço positivo para a troca de ideias,
conhecimento e informação. Parabéns a todos que
integraram a jornada!
Outras dezenas de participantes movimentaram a
Jornada de Ombro e Cotovelo, nos dias 24 e 25 de
maio, no edifício garagem do Hospital Memorial São
José. No encontro, alguns temas foram centro das
atenções: Instabilidade, Fratura do Ombro, do Cotovelo
e Manguito Rotador. Mais um momento proveitoso de
estudo e reflexões!
Aconteceu
7. 7
Parabéns! Uma década do 35°
Congresso Brasileiro
de Ortopedia
O tempo passou rápido mas o
benefício ainda rende frutos. Há dez
anos, acontecia, no Recife, o 35º
Congresso Brasileiro de Ortopedia e
Traumatologia, coordenado pela SBOT-
PE, que foi considerado um marco para
a Ortopedia brasileira. Na época, em
2003, o evento deixou duas lições: que
o congresso brasileiro deve ser anual e
também levado para cidades do interior,
disseminando o conhecimento e evitando
exclusões.
O sucesso foi absoluto, com um público
de quase quatro mil pessoas - tratou-se
do maior encontro fora do eixo Rio-São
Paulo, em termos de participações.
Alguns outros números revelam sua
importância: foram seis mil pessoas
envolvidas, 340 palestras nacionais, 15
conferências internacionais, cerca de
mil postos de trabalhos temporários e 15
reuniões de trabalho da SBOT.
O Congresso se destacou também
pelo seu lado de cidadania, com a
participação ativa de profissionais e
as campanhas, como Viver Melhor a
Melhor Idade da Vida e a ação pelo Uso
do Cinto de Segurança no Banco de
Trás. Houve engajamento das regionais
para que essas atividades fossem bem-
sucedidas e chegassem à população em
geral. Quem presidiu brilhantemente o
Congresso foi o médico pernambucano
Romeu Krause. A presidência da SBOT,
há dez anos, era do especialista José
Sérgio Franco.
Hoje, Pernambuco, como polo
médico, é estado merecedor de outro
evento deste porte. Certamente, o
sucesso será maior ainda! Que seja um
novo momento enriquecedor, de troca de
conhecimentos!
Evento, bastante prestigiado no Estado, também
foi um marco para a SBOT-PE.
8. Revista SBOT | Edição 01 | Set/2013
Programação
SBOT Nacional - segundo semestre 2013
VII COTCOB - Congresso De
Ortopedia e Traumatologia do
Centro-Oeste Brasileiro
Data: 26/09/2013 a 28/09/2013
Bonito - MS
XCBOOM – Congresso Brasileiro
Ortopédico de Osteoporose e
Metabolismo
Data: 29/08/2013 a 31/08/2013
Rio de Janeiro - RJ
XXVI Encontro do Centro de Estudos
do Prof. José Henrique Machado
Data: 27/09/2013 a 29/09/2013
Caeté - MG
Congresso Brasileiro do Comitê
Asami de Reconstrução e
Alongamento Ósseo
Data: 04/09/2013 a 07/09/2013
Tiradentes - MG
CLAHOC - Congresso
Latinoamericano de Cirurgia de
Ombro e Cotovelo
Data: 24/10/2013 a 26/10/2013
Natal - RN
45º Congresso Brasileiro de
Ortopedia e Traumatologia
Data: 14/11/2013 a 16/11/2013
Curitiba - PR
15º Encontro Paulista dos
Residentes em Ortopedia
Data: 06/12/2013 a 07/12/2013
São Paulo - SP
XLIX Congreso Chileno de Ortopedia
y Traumatologia
Data: 21/11/2013 a 23/11/2013
Chile//Viña Del Mar
9. 9
03.09.13 Estenose do canal medular (cervical e lombar) e mielopatias
10.09.13 Pé torto equinovaro congênito
17.09.13 Pé plano flexível e coalizão tarsal
24.09.13 Pé talo vertical, pé talus oblíquo e calcâneo valgo
01.10.13 Talagias e metataresalgias
08.10.13 Hallux valgus, hallux rigidus e pé metatarso varo
15.10.13 Pé cavo e deformidades dos dedos
22.10.13 Pé neuropático e pé diabético
29.10.13 Patologia femoro-patelar
05.11.13 Menisco discóide, meniscorrafia e cisto poplíteo
12.11.13 Osteoartrose, osteotomias e osteonecrose do joelho
19.11.13 Atroplastia primária do joelho
26.11.13 Artroplastia de revisão do joelho
03.12.13 Síndrome do impacto e lesões do manguito rotador
10.12.13 Ombro congelado
17.12.13 Tendinite calcárea e do bíceps
24.12.13 Natal
31.12.13 Ano novo
05.09.13 Fraturas transtrocantérica e subtrocantérica
12.09.13 Traumatismoraquimedular
19.09.13 Fraturas-luxações da coluna cervical alta
26.09.13 Coluna cervical baixa
03.10.13 Fraturas da coluna toraco-lombar e sacro
10.10.13 Fraturas da clavícula e escápula
17.10.13 Luxação acrômio-clavicular
24.10.13 Luxação gleno-umeral
31.10.13 Fraturas da extremidade proximal do úmero
07.11.13 Fratura diafisária do úmero
14.11.13 Fraturas distais do úmero e luxação do cotovelo
21.11.13 Fraturas da cabeça do rádio e olécrano
28.11.13 Fraturas dos ossos do antebraço
05.12.13 Fraturas distais do rádio
12.12.13 Instabilidade cárpica
19.12.13 Fraturas da mão
26.12.13 Luxações da mão
Aulas R1
Terças-feiras, 19h30
Aulas R2
Quintas-feiras, 19h30
Programação
SBOT – PE 2013
10. Revista SBOT | Edição 01 | Set/2013
Jornada Internacional de
Tecnologia, com novidades
em Ortopedia, acontece
no Recife em setembro
Inovações para a área médica poderão
ser conferidas.
Uma oportunidade e tanto para atualizar-se.
A SBOT-PE, pensando em cada ortopedista de
Pernambuco e do Nordeste, está lançando a I
Jornada Internacional de Tecnologia e Novidades
em Ortopedia (Tecnov), que acontece de 16 a 19 de
setembro, das 18h às 22h30, no Onda Mar Hotel,
em Boa Viagem. O encontro é um experimento para
tentar, nos próximos anos, reativar o Congresso
Pernambucano de Ortopedia. A iniciativa irá reunir
as principais empresas de materiais ortopédicos
bem como os laboratórios que estão sempre junto
aos ortopedistas. Cada um deles irá trazer um
palestrante com as novidades de cada área. Estão
confirmadas várias presenças internacionais para
apresentar seus avanços.
“Este é um sonho antigo meu”, diz Marcelo
Krause,atualpresidentedaSBOTPE.“Esperoqueos
próximos presidentes da SBOT deem continuidade
ao projeto nos próximos anos e, quem sabe,
poderemos incluir produção científica pernambucana
da nossa área. Aí sim teremos novamente o Congresso
Pernambucano”, diz. A Tecnov também irá integrar os
ortopedistas recém-formados à comunidade ‘médica,
bem como integrar a próxima geração (residentes).
Reunir a maioria dos fornecedores de materiais de
ortopedia e laboratórios nos ajuda a realizar esse
sonho”, garante Krause. Outra novidade que vem
junto com a Tecnov é promover a festa do ortopedista,
que não acontece há alguns anos. “Será uma festa
moderna e diferente das outras que tiveram. Faremos
uma grande tarde de integração em um bar local. Será
realmente algo novo”, informa Marcelo Krause. O
evento promete ainda estimular a troca de informações
entre os membros da SBOT local. Estão confirmadas
várias presenças nacionais. Inscrições abertas!
Tel: 81 - 8461.2821
11. 11
Médico do
Clube do CoraçãoQuem é fã de futebol já deve ter visto
o médico do time do coração em jornais,
rádios e TVs. O ortopedista é o profissional
da medicina especializado no diagnóstico
e tratamento de lesões e disfunções
no sistema locomotor. No clube, é de
responsabilidade desse profissional
promover o tratamento e a posterior
reabilitação do sistema lesionado, além
de zelar pelo bem-estar e prevenção de
possíveis lesões.
Para os times de futebol, cada
partida sem um dos jogadores pode
ser prejudicial. Assim, o tratamento das
fraturas e problemas de saúde que eles
apresentam é diferenciado. Isso torna
a rotina para o profissional da medicina
esportiva mais intensa. “O atleta sempre
está trabalhando no limite, então você
tem que ser o mais eficiente possível: ter
rapidez de diagnóstico e de tratamento”,
afirma o médico Stemberg Vasconcelos,
do Sport Clube do Recife.
Em Pernambuco, os médicos dos
três principais times são: Stemberg
Vasconcelos, do Sport, Múcio Vaz, do
Náutico, e Ivo Melo, do Santa Cruz.
Cada um deles relata um pouco da rotina
envolvida com a Medicina Esportiva.
Tricolor desde criança, Ivo Melo, que
adora o futebol, assim que concluiu a
Faculdade de Medicina, foi convidado a
trabalhar no time. Iniciou no Santa Cruz
em 79 por amor ao clube do coração e
desde então lida com jogadores, técnicos,
torcedores e imprensa.
“A pressão é enorme por parte da
imprensa e dos torcedores. Você nem
examinou um jogador e já te colocam em
frente às câmeras por um diagnóstico”,
desabafa Melo. Ele explica que
a exigência com os resultados é muito
grande: “se o atleta se lesiona, você tem
que saber se ele vai ter condições de
competir daqui a dois, três dias”.
Mas o especialista garante que é
possível se acostumar com exigência,
cobrança e outras dificuldades da rotina da
Medicina Esportiva. “Isso é só um pequeno
detalhe e superável”, diz. Para Múcio Vaz,
do Clube Náutico Capibaribe, o importante
é gostar de pessoas, de relações humanas.
EletambémlembraqueocursodeMedicina
não é fácil, geralmente em período integral,
e, por isso, o estudante deve gostar do que
faz e se dedicar muito. “Acho que isso
vale para qualquer profissão: aquilo que
você escolher fazer, você deve fazer com
dedicação e amor. Esta é a receita para
quem quer ter sucesso”, relata.
Um time de médicos,
por trás de grandes times!
12. Revista SBOT | Edição 01 | Set/2013
de trabalho para o ortopedista esportivo
ainda é resumido no Nordeste do país,
mas que a tendência é melhorar. “A área
esportiva é muito promissora atualmente,
pela grande quantidade de investimento
que há, principalmente no futebol e pela
necessidade de intenso tratamento para
recuperação rápida do atleta”.
As lesões mais frequentes na prática
do futebol são as contusões, decorrentes
de traumas diretos; as torções articulares,
sobretudootornozeloeojoelhoeaslesões
musculares. São indivíduos treinados no
limite e que ficam predispostos a lesões,
sobretudo em esportes como o futebol,
que existe contato físico direto.
Devido à necessidade de retorno
rápido do atleta às atividades após
lesões, os três médicos são unânimes
em afirmar que a estrutura do Clube é
fundamental para o restabelecimento
do profissional. “O desenvolvimento
da capacidade máxima do atleta está
diretamente ligado à infraestrutura que
o cerca. A possibilidade de um centro de
treinamento com tecnologia adequada
facilita na obtenção de parâmetros
fisiológicos e individuais de cada atleta,
fazendo com que possamos atuar nas
carências apresentadas, corrigindo-as e
melhorando o desempenho. Vale salientar
que isto só é conseguido com uma
equipe multidisciplinar composta, além
Múcio Vaz ressalta ainda que
a Medicina Esportiva é uma área
promissora, por ser uma fase de grandes
competições esportivas mundiais
acontecendo no Brasil. “O médico é
uma peça importante e indispensável na
prática esportiva. As lesões e os óbitos
decorrentes de morte súbita e traumas
cranianos têm sido noticiados no mundo
inteiro. A obrigatoriedade de médicos em
competições esportivas e recreativas
e também no controle antidopagem
tem aberto várias áreas de atuação do
médico do esporte. Já existem algumas
residências médicas e cursos de pós-
graduação em medicina do esporte em
nosso país. No futebol, por exemplo, a
classe médica está ganhando força e
se organizando através da Comissão
de Médicos do Futebol, uma entidade
reconhecida pela CBF e que atualmente
é presidida pelo colega José Luiz Runco,
ortopedista da seleção brasileira de
futebol. A classe está se fortalecendo e
ganhando mais espaço e voz ativa em
suas reivindicações.” finaliza.
“Trabalhar com atleta é difícil e requer
muita disciplina. Por serem pessoas
saudáveis, demandam um trabalho mais
de prevenção do que de tratamento de
patologias, o que não é fácil lidar no dia
a dia. Convencê-los de que o corpo tem
limites e de que tudo que for feito durante
o dia poderá provocar desgaste maior e
levar ao aumento de lesões é trabalhoso”,
complementa Stemberg Vasconcelos.
“A rotina do médico ortopedista
esportivo é corrida”, resume Ivo Melo.
Participamos de treinos, realizamos
exames de admissão, cuidamos do
atleta durante a semana para o jogo do
final de semana, diagnosticamos, e, se o
jogador estiver em condições, liberamos
para o jogo. Melo avalia que o mercado
Dr. Múcio Vaz
Dr. Ivo Melo
13. 13
do médico, por nutricionista, fisiologista,
fisioterapeutas e preparadores físicos”,
afirma Stemberg Vasconcelos, que está
no Sport desde 1999. Ivo Melo acrescenta
que o Clube que não tem uma boa
estrutura não consegue acompanhar
o ritmo da competição. É preciso ter
uma boa academia, sala de fisiologia
adequada, máquina para testes de
sangue e comprovação de lesões”.
“Já não existe mais espaço para
um Clube sem estrutura, que não
proporcione ao atleta uma preparação
e um condicionamento físico eficientes.
O atleta necessita de boa alimentação,
acompanhamento médico-odontológico e
psicológico e não apenas o treinamento
técnico em si. É essencial possuir
uma aparelhagem moderna para a
preparação física e também para o
tratamento das lesões. O Náutico evoluiu
muito nos últimos anos, com melhoria
substancial no Centro de Treinamento,
que está na fase final de construção de
novas instalações. Existe também uma
preocupação na formação abrangente
de atletas da base e melhor suporte
ao futebol profissional”, ressalta Múcio
Vaz, que atua no Náutico desde 2011 e
atualmente está realizando um Curso de
Pós–Graduação em Medicina do Esporte
com o objetivo de melhorar e qualificar
cada vez mais o Departamento Médico,
e, consequentemente, proporcionar uma
assistência médica diferenciada.
Com relação à tecnologia, o avanço foi
de suma importância para o diagnóstico
precoce das lesões. Para Stemberg
Vasconcelos, a capacidade de avaliação
do condicionamento físico e do equilíbrio
articular e muscular com o uso da
ergoespirometria, analisador bioquímico
e do isocinético foram os grandes
avanços para diagnósticos e tratamentos
individualizados dos atletas. Ivo Melo
diz que a tecnologia aplicada na área
melhorou 100%.
“Antigamente, muito da preparação de
atletas era feito de forma empírica, hoje
mudou, tudo é realizado com base em
comprovação científica. A busca por uma
melhor preparação e condicionamento
de atletas pode ser o diferencial para o
êxito do Clube. Tanto o Departamento de
Preparação Física e Fisiologia quanto o
Setor Médico, de diagnóstico e tratamento
de lesões, são munidos de métodos e
equipamentos modernos, que ajudam a
prevenir, diagnosticar e tratar as lesões de
modo mais eficiente”, finaliza Múcio Vaz.
Dr. Stemberg
Vasconcelos
14. Revista SBOT | Edição 01 | Set/2013
O presidente nacional da SBOT,
Flávio Faloppa, reitera que vai trabalhar
fortemente junto às regionais: “temos
que valorizar muito a regional, pois ela
representa a nacional. O fortalecimento
das regionais e a redução de custos
são prioridades na minha gestão. Tenho
certeza de que Marcelo irá dinamizar o
trabalho da regional Pernambuco.”
Durante a cerimônia, o presidente da
SBOT-PE, Marcelo Krause, apresentou o
Projeto 2013 da entidade, logo em seguida
o presidente nacional, Flávio Faloppa, deu
seu depoimento e, na sequência, foram
entregues os certificados. A ortopedista
Cláudia Barbosa, pernambucana que
conquistou o sétimo lugar no exame,
foi homenageada e recebeu buquê de
flores e certificado das mãos do médico
Epitácio Rolim.
“Fiquei muito feliz com o sucesso de
Pernambuco na prova. Ter conquistado
esta porcentagem em grupo foi muito
satisfatório. É um orgulho ser ortopedista
e mulher numa profissão tão masculina”,
finalizou Cláudia. Após o encerramento
da cerimônia, todos os presentes se
confraternizaram num jantar.
A ressonância magnética se tornou, nas últimas
duas décadas, o principal método de diagnóstico,
estadiamento e follow-up das patologias do sistema
musculoesquelético, devido à sua alta sensibilidade,
grande capacidade de caracterização tecidual e
detalhamento das estruturas anatômicas sem a
utilização de radiação ionizante.
Neste período, a tecnologia utilizada avançou
bastante, determinando o surgimento de magnetos
de alto campo, novas bobinas especializadas,
novas sequências de pulsos e técnicas de pós-
processamento, levando a diagnósticos mais
precoces e precisos.
Na área da oncologia as sequências de pulso
tradicionais continuam sendo bastante utilizadas
na detecção e determinação da extensão das
lesões tumorais musculoesqueléticas, porém, com
o surgimento de novas técnicas de chemical shift,
difusão, perfusão e espectroscopia, novos dados
quantitativos poderão ser adicionados, melhorando
a detecção e caracterização das lesões, fornecendo
parâmetros mais seguros da resposta terapêutica.
Na avaliação das lesões condrais traumáticas ou
degenerativas,aressonânciamagnéticacontinuasendo
a modalidade de imagem mais importante, baseando-
se nas sequências standard spin-echo (SSE), fast
spin-echo (FSE) e gradient-recalled echo (GRE) para a
avaliaçãoquantitativaesemiquantitativadacartilagem.
O estudo da cartilagem articular foi umas das
principais áreas de interesse de pesquisas clínicas na
última década, determinando o surgimento de novas
técnicas específicas como, por exemplo, a delayd
gadolinium-enhanced MR (dGEMRIC), que mede o
conteúdo de glicosaminoglicanos na cartilagem e o
mapa T2, que reflete a interação entre moléculas de
água e as macromoléculas adjacentes (colágeno).
Atualmente, na radiologia musculoesquelética,
temos um cenário bastante interessante devido à
significativa melhoria dos magnetos de alto campo
e nos avanços das bobinas dedicadas, destacando-
se que as sequências básicas (SSE, FSE, GRE),
associadas ao estudo radiográfico simples, ainda
continuam como as principais ferramentas do
radiologista. O surgimento de novas técnicas
poderá adicionar novas informações aos relatórios
médicos, aumentando o papel do radiologista nas
afecções ortopédicas, determinando, cada vez mais,
uma interação maior entre estes especialistas e os
ortopedistas, numa relação em que o paciente será
sempre o maior beneficiado.
O Teot, exame para obtenção de
Título de Especialista em Ortopedia e
Traumatologia da SBOT, é a porta de
entrada para o profissional iniciar sua
atuação na área escolhida. Organizado
e efetivado pela Comissão de Ensino e
Treinamento (CET) da SBOT, o exame
acontece anualmente. Este ano, o
grupo de residentes de Pernambuco
que realizou a prova surpreendeu e o
resultado foi de 96% de aprovação, um
feito inédito!
Para comemorar o bom desempenho,
o atual presidente da SBOT-PE, Marcelo
Krause, realizou, em janeiro, pela primeira
vez, uma homenagem aos aprovados e a
entrega de diplomas em mãos. O evento
aconteceu no restaurante Boi Preto, no
Pina, e contou com a participação de
Flávio Faloppa, presidente nacional da
SBOT, de Romeu Krause, Epitácio Rolim,
entre outros nomes.
“Venho acompanhando de perto, nos
últimos dois anos, contribuindo para o
sucesso da formação atual em conjunto
com a diretoria e os ex-presidentes
Giovani Serrano e Fábio Couto”, informa
Krause.
Avanços na
radiologia
para detecção
de doenças
musculoesqueléticas
Artigo
por: Leon Berenstein
Sucesso na prova
do Teot 2013
15. 15
Entrevista
com Hermes Wagner
A Sbot Magazine traz para você, nosso associado, uma breve
entrevista com o médico ortopedista Hermes Wagner, que hoje atua
como preceptor da residência médica em Ortopedia do Hospital
Otávio de Freitas, no Recife, e vai responder algumas questões sobre
a saúde no Estado e no País. Confira!
1 - De que forma o senhor avalia o
anúncio da presidente Dilma de que o
governo trará seis mil médicos de Cuba
e outros tantos de Portugal e Espanha,
para atuarem em municípios carentes
de profissionais da saúde?
As últimas declarações da presidente
Dilma infelizmente demonstram que o
assessoramento da presidência vai mal.
A avaliação do governo, pelo público,
no que concerne à área de saúde é
uma das piores e aí a preocupação de
tomar medidas para mudar esse quadro.
A vinda de médicos para atender áreas
carentes e aos mais pobres, à primeira
vista, parece uma “solução para a falta
de médicos”, mas o problema é bem
maior do que a falta do profissional de
saúde. Falta infraestrutura básica para
um atendimento digno. Na maioria das
nossas cidades, inclusive na região
metropolitana, os serviços de apoio
diagnóstico são precários ou não
existem, então, como um médico pode
atender com qualidade, sem ter como
pedir exames de rotina, a exemplo
de hemograma, dosagens de glicose,
colesterol, entre outros, sem falar num
simples raio x? Se for necessária uma
tomografia ou ressonância, é quase
impossível a realização desses exames.
Temos 400 mil médicos atuando no Brasil
e na maioria das regiões metropolitanas
de todo o país, pois ainda é onde se
pode praticar uma medicina “razoável”.
Vale a pena o governo oferecer um
salário diferenciado como incentivo
ao médico exercer sua profissão no
interior sem proporcionar condições
adequadas para um atendimento eficaz?
O médico responde pelo ato por ele
praticado. Exercer a medicina sem
recurso disponível não é aceito como
defesa diante de um processo. Fica claro
então porque os médicos se recusam a
trabalhar no interior do país.
2 - Como o senhor observa a
revalidação automática dos diplomas
de especialistas cubanos para trabalhar
no país?
Este é outro grande erro, pois o
teste que tem o nome de Revalida foi
criado pelo próprio governo para avaliar
o profissional estrangeiro ou brasileiro
que cursou medicina em outros países
com o objetivo de saber se o profissional
tem conhecimento técnico e, no caso
dos estrangeiros, ter a certeza de
que também se tem
proficiência da língua.
Em 2011, o MEC
divulgou o resultado
do revalida no qual
dos 677 médicos
inscritos, apenas
14% passaram na
primeira fase da
prova. Tenho amigos
médicos que hoje
moram fora do país e eles,
para exercer a medicina, tiveram que
fazer testes, primeiro de proficiência da
língua e depois de qualificação técnica.
Alguns demoraram, por exemplo,
na Alemanha, mais de três anos para
passar. O Revalida não é para barrar
médicos estrangeiros, mas ele serve
para proteger a nossa população da má
prática da medicina.
3 - Sabemos que esta iniciativa do
governo é devido à carência de médicos.
E por falar nisso, qual a realidade da
Ortopedia no SUS atualmente? Há um
número suficiente de especialistas,
inclusive no interior?
Sobre a ortopedia, podemos falar
que nos últimos anos, em nosso estado,
houve um crescimento de vagas para
cursos de especialização e residência
médica com uma maior procura pelos
recém-formados, mas, devido à epidemia
das fraturas provocadas pelos acidentes
de moto, ainda existe, no SUS, carência
de ortopedistas em diversas regiões de
Pernambuco e muitas do
país. O ortopedista,
para desempenhar
bem o seu
trabalho, precisa
de uma grande
infraestrutura, pois
como cirurgiões
temos que trabalhar
em cidades com
bloco cirúrgico que
tem equipamentos caros,
como arco cirúrgico, aparelhos de RX,
para realizar artroscopia, etc. Se nas
grandes cidades da região metropolitana
“Exercer
a medicina sem
recurso disponível
não é aceito como
defesa diante de um
processo.”
16. Revista SBOT | Edição 01 | Set/2013
e capitais esses recursos em hospitais
vinculados ao SUS são escassos,
imaginem no interior. A saída é a criação
da carreira médica de estado na qual o
profissional fará um concurso público
e será lotado conforme a necessidade,
com um salário digno, perspectiva de
ascensão na carreira e que, ao mesmo
tempo, haja investimento para criação e
manutenção de estrutura hospitalar na
qual o ortopedista possa trabalhar.
4 - Como o senhor observa a
realidade dos hospitais do Estado e
o que pode ser feito para a melhoria,
inclusive para uma bem-sucedida
atuação médica?
Em Pernambuco, nos últimos anos,
houve um grande investimento na área
de saúde, com a reestruturação dos
antigos hospitais da rede, ampliação
de serviços e leitos. No Hospital
Otávio de Freitas, onde eu trabalho e
tive a honra de ser diretor, implantei
o Pavilhão José Rodrigues, exclusivo
para ortopedia, e participei também
da criação da residência médica na
especialidade, quando pulamos de 27
para 100 leitos. No início tínhamos dois
residentes por ano e agora temos seis
novos a cada ano. Além dessa ação na
rede existente, houve a construção de
03 três novos hospitais e diversas UPAs.
Inegavelmente, houve uma melhora
no atendimento à população, porém,
ainda há muito por fazer. É necessário
fortalecer o atendimento básico com
PSFs funcionando adequadamente e
com a contratação, por concurso, de
profissionais treinados nessa área de
atuação; e também equipar os postos
de saúde para realização de consultas
nas diversas especialidades nas quais
pequenos procedimentos possam ser
realizados. É importante reestruturar as
policlínicas para que possam atender
às emergências de médio porte. Isso,
somando-se ao atendimento das UPAS,
desafogaria os grandes hospitais dessa
área. A falta de comunicação entre as
unidades e a falta de ordenamento e
disciplina no atendimento dificultam o
trabalho da equipe de saúde e deixam
o paciente insatisfeito, pois ele bate em
diversas portas antes de ser recebido
adequadamente. Em um sistema
de saúde organizado, o paciente só
deveria chegar a um grande hospital se
fosse encaminhado por outra unidade
de saúde, seguindo um fluxograma
de complexidade e regulado por uma
central de monitoramento. O problema
maior é que a saúde pública é gerida
por três poderes diferentes (Prefeitura,
Estado e Governo Federal), com
desejos diferentes e sem articulação
necessária. Basta mudar a gestão de
um desses poderes para que trabalhos
desenvolvidos ao longo de anos e que
requerem tempo conseguir resultados
de melhoria sejam abandonados.
“ A saída é a criação
da carreira médica
de estado na qual
o profissional
fará um concurso
público e será
lotado conforme a
necessidade”
“Em um sistema de
saúde organizado, o
paciente só deveria
chegar a um grande
hospital se fosse
encaminhado por
outra unidade de
saúde”
17. 17
5 – O senhor considera que o
médico é, atualmente, um profissional
valorizado pelo Estado?
Não, por tudo que já foi exposto, pois
além de não oferecer condições dignas
de trabalho, o estado paga pouco, fato
que leva o médico a ter que trabalhar em
diversos empregos para conseguir uma
renda compatível com o investimento
feito na profissão. São seis anos de
curso, três de residência médica, além
de cursos de especialização; em média,
dez anos de estudo. Um profissional que
trabalha de dez a doze horas por dia
inevitavelmente vai ter sua capacidade
de discernimento prejudicada. O
ideal era ser remunerado para ficar
em um único emprego com hora para
entrar e para sair, como a maioria dos
trabalhadores.
6 – Que mensagem o senhor
gostaria de passar aos colegas médicos
ortopedistas, que estão na batalha, no
dia a dia da saúde brasileira?
Em primeiro lugar, que
continuemos juntos reivindicando
melhores condições de trabalho e
mantendo um bom atendimento à
nossa sofrida população e saber que
estamos em um momento de intensa
discussão sobre nossa profissão,
mas a luta maior é pela criação da
carreira médica de estado, em que,
após um concurso, exerceremos
nossa profissão sem depender do
humor do prefeito ou secretário de
Saúde, com um salário digno e com
perspectiva de ascensão de acordo
com o desempenho. Sou um otimista
e acredito que o nosso país vai
mudar para melhor após todas essas
manifestações populares e entre os
médicos. Teremos avanços na nossa
profissão e nos locais de trabalho.
Precisamos continuar mobilizados.
“ A saída é a criação da carreira médica
de estado na qual o profissional fará um
concurso público e será lotado conforme
a necessidade”
18. Revista SBOT | Edição 01 | Set/2013
Eu e minha esposa, Vanessa,
sempre procuramos roteiros turísticos
que somem diversão e cultura. Uma
de nossas viagens memoráveis foi
um roteiro de carro pela região da
Toscana, Itália, em 2012. Localizada na
parte central deste país, a Toscana se
apresenta como um instigante cenário
para explorar a história medieval
europeia expressa nas charmosas
cidades de Luca, Siena, San Giminiano,
Volterra e Pisa. Ir de uma cidade a
outra de carro permite curtir extensos
parreirais e áreas campestres. A cada
nova cidade visitada, desfrutávamos da
arquitetura dominante entre os séculos
15 e 18, ora expressa pelas imponentes
catedrais católicas e seus duomos de
mármore, ora em casas e ruas de pedras
e tijolos aparentes.
Em Firenze, berço da família Médici
e cidade que albergou tantos ilustres
artistas e pensadores como Leonardo Da
Vinci e Nicolau Maquiavel, vivenciamos a
história da arte e pudemos compreender
toda a efervescência cultural que
marcou o movimento Renascentista.
Foi extasiante visitar locais como a
ponte Veccia e os Palácios Ufizzi e Pitti,
onde nos confrontamos com pinturas
e esculturas que guardam em si toda
revolução de conhecimento matemático,
estético e filosófico que nos servem de
base até hoje.
Quanto à gastronomia italiana,
em todos os locais onde passamos
saboreamos massas e carnes com o
melhor do tempero italiano em suas ervas
aromáticas e azeites trufados. Como não
poderia deixar de ser, visitamos ainda as
cidades de Montealcino e Montepulciano
e aprendemos um pouco sobre as uvas
italianas e degustamos diversos vinhos
maravilhosos.
Fugindo da região inicial, completamos
nossa viagem em Veneza, cidade ímpar,
com suas pontes e ruelas entrecortadas
por canais e gôndolas, marcada pelas
máscaras carnavalescas e esculturas em
murano. Por sorte, apreciamos, à noite, em
plena Praça São Marco, um concerto para
violino com as grandes obras de Vivaldi.
Acredito que esta viagem nos permitiu
um crescimento que extrapola os muros
do conhecimento proporcionado pela
medicina e favoreceu curtir não apenas o
saber da ciência, mas perceber os sentidos
despertados pela arte.
Este é um roteiro que recomendo
a todos!
Roteiros da Itália
Rodrigo Castro de Medeiros,
Médico Ortopedista
Cirurgião de Coluna
Rodrigo Castro fala
sobre sua viagem à Itália