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JEANICE DE AZEVEDO AGUIAR
EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA DE HIGIENE
ALIMENTAR IMPLANTADO EM UM SERVIÇO DE
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR DO SISTEMA PÚBLICO
Tese apresentada à Universidade
Federal de São Paulo - Escola Paulista
de Medicina para obtenção do Título de
Mestre em Ciências da Saúde
SÃO PAULO
2003
Aguiar, Jeanice de Azevedo
Efetividade de um Programa de Higiene Alimentar
Implantado em um Serviço de Alimentação Escolar do Sistema
Público
Jeanice de Azevedo Aguiar – São Paulo, 2003.
45p.
Tese (mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola
Paulista de Medicina. Programa de Pós Graduação em Nutrição
Effectiveness of a food hygiene program in a public school food
service
1. Alimentação escolar. 2. Higiene dos alimentos. 3. Qualidade
dos alimentos.
JEANICE DE AZEVEDO AGUIAR
EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA DE HIGIENE
ALIMENTAR IMPLANTADO EM UM SERVIÇO DE
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR DO SISTEMA PÚBLICO
Tese apresentada à Universidade
Federal de São Paulo - Escola Paulista
de Medicina para obtenção do Título de
Mestre em Ciências da Saúde
ORIENTADORA: Prof.ª Dra. TANIA BENINGA DE MORAIS
SÃO PAULO
2003
Cântico de louvor DEUS pelas suas muitas bênçãos
...com o meu Deus saltei uma muralha.
O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; é um escudo
para todos os que nele confiam.
Porque quem é Deus senão o Senhor? E quem é rochedo senão o nosso Deus?
Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho.
Salmos, capítulo 18: 29-32.
“Depois de algum tempo você aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a
longas distâncias, e o que importa, não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.”
William Shakespeare
Àqueles que estão perpetuamente em meu caminho, a minha família, agradeço:
Aos meus avós INOCÊNCIO e AFRA (in memorian), pelo mimo quando em vida e hoje,
sempre presentes em minhas lembranças.
Aos meus pais HUMBERTO e GLORIA, por nortearem meu caminho, com perseverança.
Aos meus irmãos ORIDIA, SAULO, CHARLES E DENISE, sempre presentes me
apoiando em todos os momentos.
Aos meus sobrinhos BINHO, BRUNO, GIULIA, ALVINHO E MADLEINE, pela
alegria que me proporcionam.
Aos meus cunhados CILAS, que propiciou meus conhecimentos em informática, à GISELE,
sempre próxima, me auxiliando constantemente.
A todos dedico o meu amor, meu carinho e a conquista deste trabalho.
MINHA GRATIDÃO:
A Profa. Dra. TANIA BENINGA DE MORAIS, pela indicação ao Programa de Pós-
graduação em Nutrição da UNIFESP/EPM, pela orientação na realização deste trabalho, pela
confiança em mim depositada, pela compreensão e motivação, neste período de convivência e
aprendizagem.
A Profa. Dra. DIRCE MARIA SIGULEM, pela acolhida na UNIFESP/EPM, pela
contribuição intelectual à este trabalho, pela confiança e apoio quando necessário.
MINHA HOMENAGEM:
Ao Prof. Dr. RICARDO MOREIRA CALIL, pelos ensinamentos compartilhados desde
1989, quando iniciamos a elaboração e a implantação deste programa de higiene alimentar, pela
motivação e estímulo constante em minha vida acadêmica e profissional e por ser uma pessoa tão
íntegra e amiga.
Ao Ex.mo Sr. MESSIAS CANDIDO DA SILVA, pelo apoio, confiança, carinho, e
respeito profissional e pela acolhida a proposta de trabalho apresentada para o Setor de
Alimentação Escolar quando vice-prefeito de Cajamar/SP na gestão 1989-1992, estendido
durante sua gestão como prefeito de 1993-1996, retornado em 2002 como prefeito, após muito
empenho.
MEUS AGRADECIMENTOS:
À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – ESCOLA PAULISTA DE
MEDICINA, pela concessão de vaga ao curso de Mestrado em Ciências da Saúde.
Ao Prof. Ms. FERNANDO ANTONIO BASILE COLUGNATI, pela presteza na
orientação das análises estatísticas.
Aos PROFESSORES que estiveram presentes nesta jornada.
À empresa SOVERING BRASIL, pelo empréstimo do equipamento para
mensuração de zonas de limpeza, em especial à REGINA.
NO LABORATÓRIO DE BROMATOLOGIA E MICROBIOLOGIA DE
ALIMENTOS
Ao MICHÉIAS, pela amizade, orientação, respeito profissional e
acompanhamento junto a ROSAMARIA e CAIO, no auxílio durante a realização
das análises microbiológicas.
Aos colegas: CLEUSA, FLAVIA, FLAVIANE, KELLY, MARCO AURÉLIO,
PÉROLA, RENATA, ROSANA, SANDRA e WILSA, pelo carinho com que me
acolheram, estendido também durante o período de realização do presente
trabalho.
A ILANA, KARINE, LOVAINE, LUCIANA, MALU, MARICI e RENATINHA,
pela demonstração de companheirismo em nossa convivência.
NO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
A simpatia do ANDRÉAS, ALEXANDRE, da KAREN, MARIA SILVIA,
NILZA e NILZETE, pela atenção e cordialidade no atendimento durante este
percurso.
Aos companheiros de curso BIA, CILCE, FLAVIANE, JOSÉ, MAGDA e
SANDRA que, sempre descontraídos, tornaram o ambiente durante as aulas, mais
alegre e agradável.
NA PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE CAJAMAR/SP
À PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE CAJAMAR, na pessoa do Sr.
ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA RIBAS DE ANDRADE, prefeito de
Cajamar/SP na gestão 1997-2002, pelo consentimento e liberação para a realização
deste trabalho.
A Prof.a. LÚCIA MARIA DE CARVALHO, Diretora de Educação, pelo apoio e
compreensão, durante minha ausência.
Às técnicas em nutrição ANA CRISTINA, CONSUELO, LUISA e MARA pelo
auxílio técnico, sempre que necessário e, ao CARLOS, JOYCE e MANUEL, pelo
controle na logística do Setor de Alimentação Escolar, durante minha ausência.
As secretárias MARIANA e NATALINA pela atenção e presteza.
As merendeiras ELIZABETE, DINALVA, LÁZARA, MARIA, MARIA
TEREZA, MARIA VENINA e NATALINA pela colaboração e paciência durante
o período de coleta das amostras nas escolas.
Enfim, a todos que eu não tenha mencionado e que, de alguma forma colaboraram
para a realização deste trabalho.
SUMÁRIO P
REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................1
Higiene dos Alimentos.................................................................................................1
Higiene dos Alimentos na Merenda Escolar................................................................7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................12
ARTIGO SUBMETIDO À PUBLICAÇÃO..................................................................18
RESUMO...................................................................................................................19
ABSTRAC .................................................................................................................20
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................21
MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................................22
MATERIAL....................................................................................................22
MÉTODOS....................................................................................................24
RESULTADOS..........................................................................................................35
DISCUSSÃO .............................................................................................................36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................39
ÍNDICE DE QUADRO P
QUADRO 1. Fluxograma da análise de perigos da preparação de risoto de frango com
legumes. ...................................................................................................................42
ÍNDICE DE TABELAS P
TABELA 1. Contagens de bactérias mesófilas, coliformes totais e Escherichia coli,
nas etapas de preparação de risoto de frango com legumes....................................43
TABELA 2. Médias, valores mínimos, máximos e esperados de tempo e temperatura,
de etapas da preparação de risoto de frango com legumes. ....................................44
TABELA 3. Zonas de limpeza de utensílios e embalagens nas etapas da preparação
de risoto de frango com legumes.. ............................................................................45
REVISÃO DE LITERATURA
1
REVISÃO DA LITERATURA
Higiene dos Alimentos
Na Era da Revolução Agrícola ou Era Neolítica, o advento da agricultura e da
domesticação dos animais, transformaram o homem de coletor em agricultor e de
caçador em pastor. Ele passa, então, a consumir alimentos frescos, pois não havia
como guardá-los ou conservá-los adequadamente. Os alimentos eram consumidos in
natura, sem interferência de quaisquer processos tecnológicos, não podendo ser
estocados por muito tempo. Sua qualidade estava condicionada, basicamente, às
regiões e climas onde eram encontrados (CAMARGO, 2001).
FRANCO & LANDGRAF (1996), mencionam que à partir do momento em que o
homem passou a produzir seu próprio alimento, surgiram as formas de preparação.
Começaram então a ocorrer os problemas relacionados às doenças transmitidas pelos
alimentos devido, principalmente, à conservação inadequada.
Na Bíblia, registra-se que Moisés orientou o povo a praticar hábitos de higiene
como a tomar banho, a trocar, a lavar as roupas sujas e utensílios após o uso, bem
como a salgar a carne. Esta carne, deveria ser preparada e consumida, as sobras
poderiam ser ingeridas no dia seguinte, porém se ainda sobrasse, seria queimada.
Este e outros ensinamentos dados por Moisés, tinham razão para a prática da higiene
e da manutenção da saúde.
Em 1837, Pasteur demonstrou que o azedamento do leite era provocado por
microrganismos e em 1860, empregou o calor para destruir bactérias indesejáveis em
alimentos, processo denominado, atualmente, de pasteurização (FRANCO &
LANDGRAF, 1996; ICMSF, 1997). Mais tarde, em 1888, Gaertner fez descrição do
encontro da mesma bactéria em uma pessoa que morreu em um surto de
gastroenterite, na carne servida e na carcaça. Posteriormente, esta bactéria foi
identificada como sendo do gênero Salmonella.
Através desses milhares de anos, chegou-se ao final do século XX e a tecnologia
alimentar não parou de evoluir, apesar de os processos realizados para compreender
2
a natureza das doenças causadas pelos alimentos terem sido bastante lentos
(FRANCO & LANDGRAF, 1996; CAMARGO, 2001).
Entre os avanços mais significativos, temos a formulação de um novo conceito:
“a inocuidade dos alimentos inclui aspectos que vão desde a fazenda, onde são
produzidos os animais, o leite, os grãos e os demais vegetais, até chegar à mesa do
consumidor. Nessa cadeia, muitos desempenham um papel fundamental: autoridades
governamentais, produtores agropecuários, transportadores de matéria prima e
produtos Industrializados, indústrias processadoras, atacadistas, varejistas,
universidades, empresas de comunicação social e o consumidor; somos todos
responsáveis pela manutenção da inocuidade dos alimentos, evitando que eles se
transformem em fonte de doenças ...” (ALMEIDA, 2002).
Atualmente, aceita-se que qualquer iniciativa que tenha por finalidade garantir a
inocuidade dos alimentos, deve estar focalizada no controle dos perigo potenciais de
contaminação, e nos alimentos que apresentam maior risco a saúde pública
(ALMEIDA, 2002). A busca pela qualidade, em todos os setores da atividade humana
é incessante e é importante que as pessoas envolvidas em cada elo da cadeia
alimentar sejam conscientizadas quanto às medidas que podem tomar, a fim de
diminuir a incidência e a magnitude na perdas de alimentos e incidência das doenças
de origem alimentar (PANETTA, 1996; ICMSF, 1997).
Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA), são um problema sério em todo o
mundo. De acordo com entidades internacionais, deve haver esforços para prevenir
ou minimizar a contaminação dos alimentos em cada fase de preparação (ICMSF,
1997; WHO; 1998; WHO, 2001). Apesar das precauções, às vezes os alimentos
chegam às cozinhas, contaminados ou se contaminam durante sua preparação. O
controle da manipulação é, talvez, o fator mais importante, uma vez que é responsável
pela maioria dos casos de doenças de origem microbiana transmitidas por alimentos,
quando inadequada (FRANCO & LANDGRAF, 1996; GONÇALVES, 1998).
Apesar de a higiene dos alimentos para prevenção das doenças de origem
alimentar, ser um assunto tratado constantemente, a incidência de surtos e casos
continuam a crescer. Nos Estados Unidos entre 1993 e 1998 foram registrados 86.058
3
casos de intoxicação alimentar, havendo neste período 29 mortes. Neste mesmo
período, a Food and Agriculture Organization (FAO), através de informações obtidas
de 42 países, registrou mais de 30.000 investigações de doenças envolvendo
alimentos, totalizando 391.383 casos. Estes registros referem-se apenas aos casos
com etiologia conhecida (CDC, 2000; WHO, 2002).
Em São Paulo, segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria do
Estado da Saúde de São Paulo (SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DE SÃO
PAULO, 2002), considerando apenas os surtos e casos de diarréia, foram notificados
em 1992, 38 surtos com 1.986 casos de doenças transmitidas por alimentos. Após 10
anos, em 2002, foram notificados 197 surtos, com 3.950 casos de doenças
transmitidas por alimentos. Quanto aos locais de ocorrência, as escolas ocupam o
segundo lugar de maior freqüência de surtos, no estado, e primeiro lugar na cidade
de São Paulo.
Segundo a União Européia, "na maioria das vezes, os atuais métodos de
Inspeção não são satisfatórios. Eles foram concebidos para identificar problemas que
ocorriam nas décadas passadas mas que, nos dias de hoje, deixaram de ser os
perigos mais sérios relacionados com os alimentos. É necessário dar ênfase ao
desenvolvimento e implementação de medidas preventivas para o controle desses
riscos, através da colaboração entre as autoridades governamentais e os setores
responsáveis da indústria de alimentos. Este sistema preventivo de controle é a
Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), um processo científico
que representa o que há de mais moderno na atualidade, e que tem por finalidade
construir a inocuidade nos processos de produção, manipulação, transporte,
distribuição e consumo dos alimentos”... (ALMEIDA, 2002).
O sistema APPCC consiste na identificação de perigos associados com alguma
etapa do processamento ou preparação de alimentos, avaliando os riscos e
determinando as operações nas quais procedimentos de controle serão efetivos
(WHO, 2001).
A análise de perigos é a avaliação das etapas envolvidas na produção de um
alimento, desde a matéria prima até a sua utilização pelo consumidor final, buscando
identificar as fontes potenciais de perigos, avaliar a probabilidade de sobrevivência e
4
multiplicação de microrganismos e ainda, a gravidade dos perigos identificados. Os
pontos críticos de controle são definidos como uma prática, procedimento, processo
ou lugar onde um controle preventivo, deve ser colocado para prevenir ou minimizar
um ou vários perigos (BRYAN, 1992).
O sistema APPCC foi criado há cerca de 40 anos pelas indústrias químicas da
Grã-Bretanha e empregado desde a década de 50 pela Comissão Americana de
Energia Atômica no planejamento de usinas nucleares (FRANCO & LANDGRAF,
1996). A metodologia, foi apresentada pela primeira vez em 1969, pelo comitê sobre
Salmonella e introduzida pela National Aeronautics and Space Administration (NASA)
em 1972, nos Estados Unidos, na produção de alimentos para os vôos espaciais, a
fim de minimizar a chance de ocorrência de doenças de origem alimentar nos
tripulantes (SBCTA, 1995).
O primeiro regulamento legal utilizando o conceito de APPCC foi, até 1985, um
documento promulgado em 1972 nos Estados Unidos, para alimentos enlatados de
baixa acidez. À partir da publicação da Academia Norte Americana de Ciências,
recomendando a aplicação do sistema APPCC para garantir a segurança dos
alimentos, é que o sistema tem sido divulgado, revisado, adotado e sistematizado. O
Codex Alimentarius iniciou a elaboração de documentos sobre este tema e em 1993,
foi formalmente transformado em ferramenta de trabalho para Higiene dos Alimentos,
tendo sido definitivamente aprovado pelos países membros em 1996 (GELLI, 2001).
Na área de alimentos, o sistema APPCC, é reconhecido como a melhor
ferramenta para desenvolver Sistemas de Controle e Garantia da Qualidade, no
sentido de assegurar a saúde dos consumidores, sendo recomendado por diversas
entidades internacionais, inclusive a Organização Mundial da Saúde (SBCTA, 1995;
ICMSF, 1997; IAMFES, 1997; WHO, 1998).
Este sistema oferece uma abordagem racional para o controle dos perigos
microbiológicos dos alimentos, evita as várias fraquezas inerentes à proposta de
inspeção e não depende da espera de análise microbiológica, racionalizando também
o emprego de recursos. Como conseqüência a relação custo/benefício é favorecida
(ICMSF, 1997; WHO, 1998).
5
Contudo, a implantação de um programa APPCC só se torna possível quando
há o comprometimento de todos os envolvidos com metas e objetivos, além dos
recursos humanos e materiais necessários. O programa de APPCC deve ser
desenvolvido para cada situação, não pode ser “importado” de outros locais, tão pouco
adquirido como um “pacote”. Teoricamente sua aplicação é simples, porém o
processo de planejamento e implantação exige meses de estudo (FRANCO &
LANDGRAF, 1996). Apesar de ter sido, inicialmente, concebido para ser aplicado em
indústrias de alimentos, este sistema pode e deve ser utilizado em qualquer local onde
se manipule alimentos.
O sistema compreende 7 princípios (SBCTA, 1995; ICMSF, 1997; IAMFES;
1997; WHO, 1998), aqui aplicados apenas aos microrganismos, embora possam ser
utilizados, também, para controlar contaminações de natureza física e/ou química.
PRINCÍPIO 1 – identificação dos perigos e determinação da gravidade destes
perigos e seus riscos. Perigo significa uma contaminação, desenvolvimento e/ou
sobrevivência inaceitáveis de microrganismos. Risco é uma estimativa da
probabilidade de ocorrência do perigo;
PRINCÍPIO 2 – determinação do ponto crítico para controle/PCC, no qual um
perigo pode ser controlado. Um PCC é uma situação, prática, procedimento ou
processo no qual pode ser exercido o controle de um ou mais fatores que, se
controlados, podem reduzir ou eliminar um perigo.
PRINCÍPIO 3 – estabelecimento de limites para cada ponto crítico, com
especificações de critérios que indicam se uma operação está sob controle em um
PCC em particular. Critérios são limites especificados com características de natureza
física (tempo/temperatura por exemplo), química (sal ou ácido acético por exemplo) e
biológica (sensorial e microbiana);
PRINCÍPIO 4 – estabelecimento de sistema de monitoramento para controle, a
fim de verificar se cada PCC está sendo controlado. Monitoramento é a verificação se
6
o processo de cada PCC está sendo conduzido adequadamente e que está sob
controle. Envolve a observação sistemática e medidas e/ou registros dos fatores
relevantes para o controle. As técnicas de monitoramento escolhidas devem ser
capazes de identificar e retificar uma situação fora de controle, mesmo depois de ter
sido iniciada ou durante a operacionalização de um processo. Basicamente são
utilizadas cinco formas de monitoramento: observação visual, avaliação sensorial,
medidas físicas, testes químicos e análise microbiológica. Como a eficácia do
monitoramento em termos de PCC está relacionada com a rapidez de obtenção de
resultados, a observação visual pelo supervisor, das ações do manipulador em cada
etapa, é com freqüência a mais útil.
PRINCÍPIO 5 – estabelecimento de ações corretivas, para serem realizadas
quando o monitoramento indicar que um PCC em particular, não está sendo
controlado, devendo haver descrição corretiva da ação a ser desenvolvida para cada
PCC em desacordo. A ação registrada deve assegurar que cada PCC será controlado.
PRINCÍPIO 6 – estabelecimento de procedimentos para verificação e
confirmação de que o sistema APPCC está sendo aplicado efetivamente. Havendo
freqüência do monitoramento e verificação na execução do programa pré definido,
pode-se ter confirmação ou não, se o APPCC está sendo eficaz.
PRINCÍPIO 7 – estabelecimento de documentação e registros são ferramentas
eficientes para verificar as ações, sendo essencial na aplicação no sistema APPCC.
Estes documentos e registros devem ser apropriados à natureza da operação.
No Brasil, a Portaria 1428/93/MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993), requer que
se aplique, o método APPCC (análise de perigos e pontos críticos de controle) em
toda a cadeia alimentar, desde a produção até o consumidor final dos alimentos,
devendo os órgãos de Vigilância Sanitária nos níveis federal, estadual e municipal,
zelar pela sua aplicação em todos os estabelecimentos produtores e/ou prestadores
de serviços na área de alimentos.
CEZARI (1999) diz que para a implementação efetiva e eficaz do APPCC, uma
das principais dificuldades encontradas é a preparação do pessoal de base, pois são
7
eles que produzem o alimento e têm responsabilidades pela qualidade do produto
final.
Higiene dos Alimentos na Merenda Escolar
A instituição da alimentação escolar no Brasil, teve início na década de 30,
(L’ABBATE, 1982) havendo após este período, o surgimento de outros programas até
o atual, Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Segundo PIPITONE
(1999), a alimentação escolar surgiu com a equivocada missão de resolver a um só
tempo, o fracasso escolar e os problemas nutricionais e alimentares dos escolares
brasileiros.
Os Programas de Alimentação Escolar, no sistema público, atendem desde
bebês nas creches, até pessoas adultas que freqüentam uma escola. É sem dúvida,
o maior programa de assistência alimentar do Brasil e envolve pessoas, ações e
recursos financeiros bastante significativos para sua execução. A verba destinada a
este programa, pelo Governo Federal, chega próximo a 1 bilhão de reais/ano, sem
considerar os recursos agregados pelos Estados e Municípios, situação que tornaria
obrigatória a documentação, não só da movimentação dos alimentos, mas também
dos cuidados operacionais dispensados à preparação dos mesmos (L’ABBAT, 1982;
CALIL & AGUIAR, 1999; FNDE/PNAE, 2003).
Como quaisquer outros locais onde há manipulação de alimentos, os serviços
de alimentação escolar devem obedecer à Portaria 1428/93-MS (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 1993). No entanto, documentos elaborados pela Fundação de Assistência
ao Estudante (FAE), Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) e
Departamento de Suprimento Escolar (DSE), sobre alimentação escolar, são
omissos, quando relacionados à higiene dos alimentos, sob os aspectos técnicos.
Nestes documentos não há referências a importantes ferramentas como a já citada
Portaria 1428/93-MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993), e às Portarias 326/97-
SVS/MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1997) e CVS 06/99 (SECRETARIA DO ESTADO
DA SAÚDE DE SÃO PAULO, 1999), que indicam ações fundamentais para a
prevenção de doenças transmitidas por alimentos. Particularmente nos serviços de
alimentação escolar, a segurança para o consumo é uma questão-chave a ser
8
pensada, devendo-se pesar os riscos oferecidos por determinado alimento. A
segurança oferecida pelo processo tecnológico de fabricação e de conservação, a
susceptibilidade do público-alvo e a manipulação final exigida nas escolas devem ser
analisadas com muito cuidado (MORAIS, 1999).
A produção de alimentos a grandes populações, deve envolver sistemas
modernos de administração, gerenciamento da qualidade das refeições servidas,
elevando o padrão na execução dos serviços, aplicando programas de boas práticas,
que permitam de modo eficiente e seguro, obter condição higiênico-sanitária
satisfatória (PANETTA, 1996).
Com o advento da municipalização pela Lei Federal 8.913 de 12 de Julho de
1994 (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, 1994), a prática da
alimentação de acordo com os hábitos alimentares de cada região, estimulada pela
própria lei, se expandiu e produtos in natura e beneficiados, passaram a ser utilizados
com maior freqüência, conseqüentemente a manipulação de alimentos aumentou
sobremaneira e na maior parte das vezes, sem a orientação devida. Esta mudança
radical em relação à situação anterior ocorreu abruptamente, encontrando as escolas
sem a infra-estrutura necessária de instalações, equipamentos e mão de obra
treinada (CALIL, 1999; MISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1999; MARTINS, 2000). Além
disso, o Programa de Controle de Qualidade da Merenda Escolar, de âmbito nacional,
gerenciado pela Fundação de Assistência ao Estudante e executado por laboratórios
estaduais credenciados, foi desarticulado, deixando a aquisição de alimentos sem
respaldo laboratorial que assegurasse sua qualidade. Esta responsabilidade foi
delegada aos Municípios e Estados sem que se reorganizasse uma rede de
laboratórios que pudesse dar apoio a esta tarefa, muito embora o FNDE tenha
previsto fazer convênios ou mesmo utilizar laboratórios públicos para análises.
A “alimentação escolar”, é sem dúvida, “alimentação profissional”. No entanto, a
atuação dos nutricionistas é pouco evidente e a profissionalização está apenas
engatinhando. Em pesquisa realizada por STURION e col. (2.000), foram enviados
questionários, com o objetivo de levantar a situação dos Serviços de Alimentação
Escolar, para todos os 4974 municípios brasileiros; destes, 1378 responderam. Este
estudo mostrou que prefeitos e secretários de educação tinham atuação expressiva
9
em funções técnico-administrativas relacionadas ao serviço de alimentação escolar.
A participação nutricionista na elaboração dos cardápios, ocorria em apenas 20,4%
dos municípios. A seleção de pessoal era realizada por nutricionista em apenas 2,7%
das cidades; sua participação nas compras ocorria em 2,6% dos municípios; nos
serviços de supervisão, somente em 8,3% das cidades existia a participação deste
profissional. Deve-se ressaltar que esta situação está em desacordo com a Portaria
1428/93 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993), que determina a obrigatoriedade de
responsáveis técnicos nos serviços de alimentação. Do mesmo modo, muitos
municípios, não tem um responsável técnico perante os Conselhos Regionais de
Nutricionistas. Os nutricionistas começaram a ingressar nos serviços de alimentação
escolar, com maior ênfase, após o processo de descentralização, uma vez que a lei
de municipalização da merenda escolar prevê que a elaboração dos cardápios nas
escolas seja realizada por nutricionistas.
Na elaboração e implantação dos programas de alimentação escolar, a
participação de professores e diretores foi preponderante. Há Estados da Federação,
em que fica sob a responsabilidade do diretor de escola a aquisição dos alimentos,
estendendo-se sua autoridade a outros aspectos estritamente técnicos da área de
alimentos.
Nesta situação, predomina as condições de precariedade e amadorismo na
preparação dos alimentos do maior setor de alimentação coletiva do País, a merenda
escolar. De acordo com SILVA C. (2002) em dez escolas do sistema estadual,
analisadas na cidade de São Paulo, foi observada a higiene insatisfatória de
equipamentos e instalações em 90% das escolas. Em 80% delas, os manipuladores
executavam outras tarefas como retirada de lixo e limpeza de sanitários e outras
dependências das escolas. Alimentos eram servidos com tempo estimado de até três
horas após seu preparo, ficando em condições inadequadas de armazenagem do
preparo a distribuição. MARCHIONI & ZACARELLI (1999), apontaram a inadequação
da temperatura de alimentos prontos para distribuição em 40% das escolas que foram
observadas, estando fora dos padrões considerados adequados pela Portaria
1428/93/MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993). Em estudo realizado na cidade de
Sobral, CE, em cerca de 50% das amostras de alimentos da merenda escolar havia
a presença de coliformes fecais (FAÇANHA e col., 2002).
10
O maior desafio e um dos principais objetivos dos serviços de alimentação, têm
sido fornecer alimentação segura, no aspecto higiênico-sanitário. Considera-se cada
vez mais necessária, que os profissionais ligados à produção e processamento dos
alimentos, incorporem à sua prática diária um conjunto de ações voltadas para
assegurar a inocuidade dos alimentos, desde a escolha da matéria-prima até a
obtenção do produto final (GÓES e col., 2001). Apesar da importância da aplicação
de medidas preventivas, a aplicação do APPCC nos locais de processamento de
alimentos ainda muito pequena. Inexistem estudos sobre as experiências de
implantação deste sistema em nosso País.
Cabe ao Estado a ação de vigilância e supervisão dos Programas de
Alimentação Escolar, porém um dos problemas tem sido a falta das visitas às escolas
(BRITOS, 1995; AMIGO, 1997; VIANNA & TEREZO,1997). A supervisão nas escolas,
é de suma importância, para garantir o preparo correto dos alimentos, além de
detectar falhas e levantar problemas locais, provendo o órgão gerenciador com
informações imprescindíveis para a correção de procedimentos (MARTINS, 2000).
A supervisão e o treinamento são armas fundamentais para o desenvolvimento
de um bom serviço, não sendo possível adotar boas práticas de preparação de
alimentos, sem um programa permanente de treinamento, acompanhado por
supervisão realizada por profissionais formados na área de alimentos, de maneira que
seja possível aprimorar cada vez mais a qualidade das refeições servidas aos
estudantes (CALIL, 1999).
O objetivo do treinamento é adequar o processamento e a manipulação dos
alimentos aos critérios de segurança higiênico-sanitários e ainda, ter um componente
motivacional, no sentido de conscientizar os funcionários dos serviços de alimentação
escolar, sobre a importância da sua participação na manipulação segura dos
alimentos (MARTINS, 2000; GERMANO e GERMANO, 2001; SILVA Jr., 2001).
Pesquisa realizada por CALIL & AGUIAR (2002) constatou que a supervisão, por
si só, não é suficiente para se alcançar os critérios estabelecidos de desempenho.
Após um ano sem treinamento dos funcionários, mesmo havendo supervisão contínua
11
nas escolas, os resultados das notas dos relatórios de visita tiveram uma queda
substancial. Após novo treinamento, as notas voltaram a aumentar.
Urge portanto, a necessidade de se aprimorar o sistema existente, com estudos,
propostas e aperfeiçoamentos dos serviços de alimentação escolar. Neste sentido, o
presente estudo teve por objetivo avaliar a efetividade de um programa de higiene
alimentar implantado em um serviço de merenda escolar do sistema público que
oferecesse subsídios para a sua reprodução em outros serviços.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, C.R., O Sistema HACCP como Instrumento para Garantir a Inocuidade dos
Alimentos, 2002. Disponível em
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de julho de 2003.
ARTIGO SUBMETIDO À PUBLICAÇÃO
18
Título
Efetividade de um programa de higiene alimentar implantado em um serviço de
alimentação escolar do sistema público
Effectiveness of a food hygiene program in a public school food service
Autores
Jeanice Azevedo Aguiar, Tania Beninga Morais, Fernando Antonio Basile Colugnati,
Dirce Maria Sigulem
Instituição e endereço
Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação em Nutrição
Rua Marselhesa, 630, Vila Clementino, São Paulo, SP. CEP 04024-002
Departamento e Instituição
Laboratório de Bromatologia e Microbiologia de Alimentos - Universidade Federal de
São Paulo/Escola Paulista de Medicina
Correspondência para:
Profa. Dra. Tania Beninga Morais
Rua Araioses, 75 – Sumarezinho - São Paulo, SP. Brasil. CEP 05442-010
Tel.: (11) 5576-4525 Fax.: 5571-1176 e-mail: tania.pnut@epm.br
Artigo baseado em dissertação de mestrado com título:
Efetividade de um programa de higiene alimentar implantado em um serviço de
alimentação escolar do sistema público. 2003. Programa de Pós-Graduação em
Nutrição - Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina
Título abreviado
Higiene Alimentar na Merenda Escolar
19
RESUMO
Objetivo: Avaliar a efetividade de um programa de higiene alimentar implantado em
um serviço de alimentação escolar do sistema público
Métodos: Princípios gerais de higiene alimentar foram implantados num serviço de
alimentação escolar. Os métodos para avaliar sua efetividade foram análises
laboratoriais de alimentos e de swab de mãos, medições de tempo, temperatura e de
bioluminescência de trifosfato de adenosina (ATP). Nove amostras de cada etapa de
preparação “risoto de frango com legumes” foram coletadas: frango cru congelado,
frango cru descongelado, frango cru lavado, frango cozido, frango desfiado, frango
com molho sem cozimento, frango com molho com cozimento e risoto pronto para
consumo. O exame de bioluminescência foi utilizado para avaliar a eficiência dos
procedimentos de limpeza e desinfecção de superfícies e utensílios. Medições de
tempo e temperatura foram realizadas nas 8 etapas de preparo.
Resultados: O cozimento dos alimentos diminuiu significantemente as contagens das
bactérias indicadoras. Todas as amostras da preparação avaliada atenderam aos
padrões microbiológicos adotados. Não foram recuperados coliformes totais e
Escherichia coli em nenhuma das amostras de swab de mãos. Os valores de tempo
e temperatura foram significantemente diferentes quando comparados com os valores
de referência, exceto os da temperatura de descongelamento. Todos os utensílios e
superfícies apresentaram valores de ATP significantemente menores que o valor
esperado.
Conclusão: Níveis satisfatórios de segurança no consumo de alimentos foram
atingidos em serviço de alimentação escolar do sistema público, através da
profissionalização do serviço, da definição criteriosa do cardápio, da adoção de
medidas de higiene alimentar, do treinamento e supervisão das merendeiras.
PALAVRAS-CHAVES: alimentação escolar; higiene dos alimentos; qualidade dos
alimentos
20
ABSTRACT
Objective: To evaluate the effectiveness of a food hygiene program in a public school
food service.
Methods: Principles of food hygiene were implemented in the public school food
service of the city of Cajamar, SP. The methods used to assess its effectiveness were
laboratorial analyses of food and hand’s swabs, and measures of temperature, time
and ATP bioluminescence. Nine samples of which step required to prepare the meal
“chicken and vegetable risotto” were sampled: raw frozen chicken, raw thawed
chicken, washed raw chicken, cooked chicken, cooked chicken torn into pieces,
uncooked sauce added, cooked sauce added, and ready-to-eat meal. The
bioluminescence test was used to assess the efficacy of the cleaning and desinfection
procedures of surfaces and utensils. Temperature and time were recorded during the
8 steps required to prepare the meal.
Results: The cooking steps significantly lowered the bacteria counts. All samples of
the analyzed meal complied with the microbiological standards. No coliform bacteria
or Escherichia coli were recovered from any sample of hand’s swabs. Temperature
and time results were significantly different when compared to the reference values,
except the thawed temperature. All surfaces and utensils had ATP values significantly
lower than the reference value.
Conclusion: Satisfactory food safety was reached in a public school food service
through professional staff, adopting a carefully chosen menu, implementing food
hygiene program, training and supervising the food handlers.
KEY WORDS: school feeding; food hygiene; food quality
21
INTRODUÇÃO
Os alimentos são essenciais para o crescimento e manutenção da vida, no
entanto, podem abrigar uma grande variedade de microorganismos, os quais podem
causar tanto deterioração como doenças. O conhecimento sobre segurança alimentar
oferece bases para o desenvolvimento de estratégias de intervenção na produção e
no consumo, com o objetivo de prevenir “doenças transmitidas por alimentos”,
definidas como qualquer infecção ou intoxicação causada pelo consumo de alimentos
ou água 19.
Segundo levantamento de vigilância epidemiológica da Secretaria de Saúde do
Estado de São Paulo 14, as escolas foram o segundo local mais freqüentemente
implicado em surtos de doenças transmitidas por alimentos e água. No Brasil, os
serviços de alimentação escolar, atendem aproximadamente 37 milhões de alunos
por dia, em 200 dias letivos 5, servindo refeições à base de frutas, carnes, cereais,
leite, ovos, verduras, legumes in natura e/ou processados industrialmente 4. Os
alimentos são tipicamente pratos cozidos, geralmente preparados nas respectivas
cozinhas das escolas.
Os serviços de alimentação coletiva podem expor os alimentos à contaminação
microbiana quando os princípios de higiene, limpeza e desinfecção não são seguidos,
assim como, quando práticas corretas de manipulação e de processamento não são
obedecidas 18.
O uso de análises microbiológicas no controle de qualidade de alimentos tem
diversas limitações. Para a obtenção de informações confiáveis acerca da condição
microbiológica de um determinado lote de alimentos é necessária a coleta e análise
de um grande número de amostras. O tempo de análise geralmente é longo e o custo,
elevado. A análise do produto final não identifica em qual etapa do processamento
ocorreu a contaminação, nem indica suas causas, impedindo a adoção de medidas
corretivas 2, 8, 18.
Neste sentido, o conceito de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
tem sido proposto pelos órgãos internacionais como aquele, cuja implantação no
22
processamento dos alimentos, permite um alto grau de certeza sobre sua segurança
e qualidade microbiológica. Trata-se de uma abordagem racional e sistematizada de
identificação, determinação e controle dos perigos, focalizando os fatores que afetam
diretamente a qualidade microbiológica. Consiste na identificação dos perigos
associados a qualquer estágio do processamento dos alimentos, na avaliação do
risco, e na determinação dos procedimentos de controle. O sistema aplica-se a todas
as etapas da cadeia de alimentos, desde a produção até o consumidor final, em
estabelecimentos de alimentação coletiva e residências. Define-se perigo como uma
contaminação inaceitável de natureza biológica, química ou física, e/ou a
sobrevivência ou multiplicação de microrganismos que comprometam a segurança ou
provoquem a deterioração do alimento. Ponto Crítico de Controle é uma operação,
procedimento, prática, processo ou local, no qual uma medida de prevenção ou
controle deve ser adotada para eliminar, prevenir ou minimizar um ou vários perigos
2, 18.
Considerando-se que são poucos os trabalhos sobre controle de qualidade em
serviços de alimentação escolar 17, foi realizado o presente estudo, com o objetivo de
avaliar a efetividade de um programa de higiene alimentar implantado no serviço de
alimentação escolar, em Cajamar, São Paulo.
MATERIAL E MÉTODOS
MATERIAL
Implantação e Operacionalização do Programa de Higiene Alimentar do Serviço
de Alimentação Escolar de Cajamar - SP
Cajamar está localizada na Região Metropolitana de São Paulo, 40 quilômetros
a oeste do município de São de Paulo, tendo 50.761 habitantes e nível sócio-
econômico médio. Possui atividade econômica baseada no comércio e indústria, com
arrecadação anual de R$ 57.000.000,00 7. O serviço de alimentação escolar da
cidade, administrado pela Secretaria de Educação do Município, faz parte do
23
Programa Nacional de Alimentação Escolar, vinculado ao Ministério da Educação 5.
São preparadas diariamente, cerca de 13.000 refeições em 30 cozinhas de escolas
públicas da cidade, para alunos do ensino infantil, fundamental, médio, alfabetização
de jovens e adultos e cursos profissionalizantes. A implantação do programa de
higiene alimentar, objeto do presente estudo, iniciou-se em 1989, baseado,
inicialmente, nos princípios de Boas Práticas de Fabricação 18 e foi aprimorado até o
seu formato atual.
Inicialmente, com a preocupação de profissionalizar o setor de alimentação
escolar, foram contratados funcionários experientes em controle de qualidade de
alimentos, incluindo, primeiramente, um técnico da área de vigilância sanitária,
associado a um técnico da área de nutrição, seguindo com seleção de funcionários,
treinamentos, uniformização, adequação e padronização dos procedimentos
operacionais, melhoria na estrutura das cozinhas nas escolas, dos veículos
disponíveis e substituição de supervisores de merenda escolar, leigos, por
profissionais da área de nutrição.
Tendo em vista as limitações inerentes às análises laboratoriais, pretendeu-se
a implantação de um programa de higiene alimentar que fosse independente destas
análises e que, ao mesmo tempo, controlasse os fatores chaves que afetam a
segurança no consumo dos alimentos. Este programa apresentaria, como vantagens,
o fato de não depender de resultados laboratoriais para a tomada de decisões e,
também, de diminuir os custos. Neste sentido, o programa foi implantado baseando-
se nos princípios de Higiene Alimentar, segundo o Codex Alimentarius 20 e de Análises
de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC 2, 18.
O planejamento deste programa levou em consideração os vários aspectos
envolvidos na operacionalização, visando à inocuidade das refeições servidas. Assim,
os seguintes aspectos foram determinados: 1. Seleção de fornecedores, avaliando-
se os aspectos higiênico-sanitários do local; 2. Fixação de parâmetros (cor, textura,
sabor, odor) para análise sensorial da matéria prima, no recebimento e durante o
armazenamento; 3. Estabelecimento de critérios de armazenamento e de distribuição
dos alimentos; 4. Estabelecimento de critérios de tempo e temperatura de cozimento
e, de exposição à temperatura ambiente dos alimentos; 5. Estabelecimento de
24
critérios para os procedimentos de higiene pessoal dos manipuladores e, de
higienização do ambiente e dos alimentos; 5. Capacitação, orientação e supervisão
in loco de todo o pessoal envolvido nos diferentes aspectos relacionados com o
sistema.
MÉTODOS
1. Princípios gerais de higiene alimentar, segundo o Codex Alimentarius 18
1.1. Controle do processamento
Tem como objetivo reduzir os riscos de contaminação por agentes biológicos,
físicos e químicos, com a adoção de medidas preventivas que proporcionem
alimentos inócuos, através da elaboração, implementação, monitoramento e revisão
de sistemas de controle relativos às matérias primas, ao modo de preparo das receitas
culinárias, ao processamento e à distribuição até o consumidor final.
Vale ressaltar que, muito embora a prevenção da contaminação por agentes
físicos e químicos também seja contemplada, neste trabalho a ênfase esteve voltada
para a prevenção de contaminação e multiplicação de agentes bacterianos.
1.1.1. Controle de matérias primas
Seleção de fornecedores
A avaliação dos fornecedores foi feita através de visitas, analisando-se as
condições higiênico-sanitárias da empresa, antes e durante o contrato de
fornecimento, com preenchimento de relatório, segundo os critérios descritos na
Portaria CVS/SP 30/94 11, com pontuação de 0 a 100 pontos. Pontuações até 90
pontos foram consideradas “em conformidade” para atendimento. Abaixo de 90
pontos havia “não conformidade”, sendo o fornecedor notificado para a correção dos
aspectos em desacordo.
Especificações dos Alimentos
25
Para cada alimento foram definidas especificações, as quais deveriam ser
obedecidas pelos fornecedores, como características sensoriais, tipo de embalagem
e unidade por embalagem e condições de transporte até o depósito central. Em caso
de não-conformidade, análises laboratoriais poderiam ser solicitadas, com ônus dos
fornecedores.
Recebimento e distribuição dos alimentos
No momento do recebimento, no depósito central, eram anotados em formulário
próprio os resultados de análise sensorial do produto e, no caso de alimentos
refrigerados, a temperatura no recebimento.
A seguir, os alimentos refrigerados eram acondicionados em caixas de isopor
limpas e tampadas, e imediatamente distribuídos para as escolas. Cada tipo de
alimento, como refrigerados, não perecíveis e in natura, era transportado em veículo
específico para cada um. Alimentos não-perecíveis eram transportados
quinzenalmente até as escolas em veículo separado do utilizado para os materiais de
limpeza. Os alimentos perecíveis eram entregues diariamente. A temperatura dos
alimentos refrigerados era conferida, pelo motorista, a cada meia hora e anotada em
impresso específico para este fim. Na escola, as merendeiras verificavam o aspecto
da embalagem, a cor e o odor do alimento. Em caso de “não-conformidade”, a
nutricionista responsável era informada.
1.1.2. Definição do cardápio
O planejamento do cardápio levou em consideração, além dos aspectos
nutricionais e de aceitabilidade, que as preparações culinárias deveriam ter
operações de preparo simplificadas, ou seja, com pouca ou nenhuma etapa de
manipulação após o cozimento. Assim, as preparações incluídas no cardápio foram
aquelas à base de arroz, macarrão, fubá, batata ou pão, enriquecidos com molho de
carne bovina, suína ou de frango, acompanhados por suco de fruta natural
industrializado ou leite com café ou chocolate.
1.1.3. Preparação e distribuição dos alimentos
26
Todas as preparações culinárias tiveram suas técnicas operacionais descritas,
indicando a forma de preparo e estabelecendo critérios de segurança higiênico
sanitários como, lavagem e desinfecção de mãos, utensílios, equipamentos e
superfícies, tempo de cozimento sob fervura para atingir a temperatura esperada, sem
comprometimento da qualidade sensorial dos alimentos. Os alimentos eram
preparados por no máximo duas funcionárias em até 3 horas. Na distribuição, as
merendeiras, utilizavam luvas descartáveis e escumadeiras ou conchas.
1.2. Estrutura física mínima
Todas as cozinhas possuíam espaço físico de 6 a 20 m2, fogão industrial, freezer
e/ou geladeira, liqüidificador industrial, bancadas em mármore ou granito e utensílios
de alumínio ou de prolipropileno atóxico, sem ranhuras.
1.3. Manutenção, limpeza e desinfecção do ambiente, equipamentos e utensílios
Todas as técnicas de limpeza e desinfecção foram impressas e enviadas para
as cozinhas, devendo estar a disposição para consulta, sempre que necessário.
Assim, definia-se que restos de alimentos deveriam ser retirados dos utensílios
manualmente. A seguir, deveriam ser esfregados com esponja e detergente neutro,
até retirada total dos resíduos, e enxaguados sob água corrente e potável. Em
seguida, eram colocados em imersão de solução de água clorada a 200 ppm, por 15
minutos 13. A diluição da solução clorada era preparada na proporção de 15 ml de
água sanitária, para cada litro de água potável. Os recipientes, monoblocos de 15
litros, eram padronizados em todas as escolas, bem como o medidor utilizado para
água sanitária, com capacidade para 150 ml, com escala de 50 ml.
Os utensílios de alumínio também deveriam passar pelo processo de polimento
com esponja de lã de aço e pasta brilho. Todos os utensílios deveriam, após
escorrimento do excesso de água, ser secos com panos de pratos limpos, utilizados
apenas uma única vez. Potes de sabão e esponjas deveriam ser lavados em água
corrente. Esponjas deveriam ser colocadas em imersão em solução clorada, por pelo
menos 20 minutos, e escorridas. Além da limpeza diária, a limpeza profunda do
27
ambiente e equipamentos (pisos, azulejos, vidros, portas, prateleiras, fogão,
geladeira, etc) deveria ser feita com regularidade definida.
1.4. Higiene pessoal
Os funcionários eram orientados quanto ao asseio, com banho diário, uso de
unhas curtas, limpas, sem esmalte ou base, com maquiagem leve, uso de
desodorante inodoro ou suave, sem utilização de perfumes e não utilização de
adornos (colares, pulseiras, brincos, relógios, anéis e amuletos).
Uniformes, aventais tipo jaleco na cor branca, sem bolsos, para uso restrito à
cozinha, eram fornecidos pelo serviço de alimentação escolar, devendo ser lavados
e passados pelas merendeiras em suas respectivas residências. Rede para cabelo
também era entregue as merendeiras para uso na cozinha, havendo reposição
sempre que necessário.
A lavagem e desinfecção das mãos foram ensinadas segundo os procedimentos
exigidos pela Portaria CVS/SP n° 06/99 13, passo-a-passo, de forma prática. Para
complementar, a descrição foi impressa e entregue a cada cozinha para consulta.
1.5. Treinamento e Supervisão
Treinamentos diversos eram oferecidos para integração das merendeiras ao
programa de controle de qualidade, adequando os procedimentos às normas
estabelecidas pelo setor. Inicialmente foram trimestrais e depois semestrais. O
mesmo procedimento ocorria em caso de novas admissões.
Como primeira etapa, foram ministrados treinamentos teórico-práticos, com
temas relacionados a higiene pessoal, dos alimentos e do ambiente, noções de
nutrição, armazenamento de material, controle de desperdícios e relações humanas.
Após 3 meses, em uma segunda etapa, os temas sobre higiene, armazenamento de
material e controle de desperdícios foram enfatizados, para o mesmo grupo de
funcionárias. Treinamentos eram aplicados preferencialmente antes do início das
aulas em fevereiro e em julho ou, sempre que necessário.
28
A supervisão nas cozinhas das escolas, era realizada por três técnicas em
nutrição, com visitas programadas e alternadas entre manhã, tarde e noite,
verificando, corrigindo e comparando as informações com os dados da visita anterior.
As inspeções ocorriam sistematicamente, resultando em até cinco visitas em cada
escola por mês, com duração de aproximadamente três horas.
2. Princípios do Sistema APPCC 18
No sentido de se buscar uma preparação, cujas etapas de processamento
apresentassem, potencialmente, os maiores riscos de contaminação, escolheu-se,
dentro do cardápio oferecido, o prato “risoto de frango com legumes”, que apresenta
diversas etapas de manipulação. Havendo alguma falha no processamento, isto
poderia ser evidenciado nesta preparação.
Para o preparo do “risoto de frango com legumes”, após o descongelamento sob
refrigeração, o frango era lavado, tinha a pele retirada, era temperado com tempero
pronto industrializado (sal, alho e cebola) e cozido. Quando morno, era desfiado e
acrescido ao caldo de cozimento com salsa e tomate picados, extrato de tomate e
legumes cozidos à vapor, havendo a segunda cocção. Enquanto isso, o arroz era
lavado, temperado com tempero pronto e cozido. Ao final, o molho e o arroz já cozidos
eram misturados com auxílio de concha e escumadeira para formar o risoto de frango
com legumes.
2.1. Identificação dos perigos e implantação dos pontos críticos de controle
Para cada preparação culinária constante do cardápio foi feita a identificação
dos perigos e a implantação dos pontos críticos de controle. É importante ressaltar
que isto foi feito utilizando-se a formulação teórica do APPCC, baseando-se nos
conhecimentos atuais já acumulados neste sentido, sem a utilização de nenhuma
análise laboratorial 2, 8, 18.
2.1.1 Presença de perigos na matéria prima
Perigos
29
a. falta de integridade das embalagens
b. contaminação externa das embalagens
c. exposição a temperaturas superiores a 10° C
d. frango cru inicialmente contaminado
e. temperos inicialmente contaminados
f. arroz cru inicialmente contaminado
Pontos críticos de controle
a. seleção de fornecedores
b. transporte em condições adequadas (temperatura, integridade das embalagens)
c. recebimento dos alimentos conforme especificações
d. descongelamento do frango sob refrigeração
e. redução da carga bacteriana do frango através da retirada da pele e da lavagem
da peça em água corrente
f. lavagem e desinfecção da salsa e tomate
g. lavagem do arroz
2.1.2. Ocorrência de perigos associados ao processo de preparo
Perigos
a. contaminação cruzada por superfície de contato
b. contaminação por manipuladores
c. tempo de exposição à temperatura ambiente
d. tempo de cocção inferior ao estabelecido
Pontos críticos de controle
a. utilização de utensílios, superfícies e embalagens previamente limpos e
desinfetados
b. lavagem e desinfecção de mãos dos manipuladores
c. controle do tempo de exposição à temperatura ambiente
30
d. cocção dos alimentos utilizados na preparação, segundo o tempo e a temperatura
estabelecidos
2.2. Estabelecimento dos limites para cada ponto crítico de controle 8, 13
Frango
a. Temperatura de recebimento no depósito: 6°C
b. Tempo de exposição do frango em temperatura ambiente, após o recebimento do
frango congelado ou resfriado: 10 minutos
c. Tempo de transporte do depósito até a escola em caixa de isopor: 2 horas
d. Temperatura de descongelamento: 10°C
e. Tempo de descongelamento: 1080 minutos (18 horas)
f. Tempo máximo de exposição em temperatura ambiente: 30 minutos
g. Aquecimento do frango até o ponto de ebulição (medida indireta da temperatura
mínima de cocção): 74°C
h. Tempo de cocção: 15 minutos após início da fervura com ou sem pressão
Salsa e tomate
a. Diluição da água sanitária em água potável para desinfecção: 2,5%
b. Tempo de imersão para desinfecção: 15 a 20 minutos
Utensílios
a. Limpos, sem resíduos e com brilho, no caso de utensílios de alumínio
b. Desinfecção em solução de clorada por no mínimo 15 a 20 minutos
Mãos
a. Limpas e desinfetadas, segundo os procedimentos descritos.
O Quadro 1, descreve a seqüência das etapas realizadas durante o processo de
preparação do “risoto de frango com legumes”, com identificação de cada perigo. O
primeiro perigo identificado foi a qualidade microbiológica das matérias primas. As
etapas seguintes como a seleção dos alimentos, a lavagem, a adição de tempero e
31
água, a transferência de um recipiente para outro, o contato dos alimentos com
superfícies e a manipulação dos alimentos pelas merendeiras apresentavam riscos
potenciais de contaminação, bem como a exposição dos alimentos à temperatura
inadequada poderia ocasionar a multiplicação de bactérias.
2.3. Estabelecimento dos procedimentos de monitoramento
Aquisição, Recebimento, Armazenagem e Distribuição
a. Seleção de fornecedores
b. Registro de validade e temperatura de alimentos refrigerados
c. Registro dos aspectos sensoriais do alimento recebido
d. Aferição da temperatura do frango durante a distribuição
e. Registro do horário de saída para entrega as escolas e retorno ao depósito
Supervisão
a. Limpas e desinfetadas, segundo os procedimentos descritos.
b. Registro de observação visual das condições de higiene, produção e
armazenagem dos alimentos nas cozinhas, com pontuação de 0 a 100, com
periodicidade semanal.
c. Aferição da temperatura da preparação após cocção
d. Aferição do tempo de espera entre término do preparo e início da distribuição aos
alunos
e. Aferição da temperatura no início da distribuição
f. Aferição da temperatura ao término da distribuição (máximo de 15 minutos)
2.4. Estabelecimento dos procedimentos de ações corretivas
a. Limpas e desinfetadas, segundo os procedimentos descritos.
b. Orientação descritiva aos fornecedores, em relatório de visita
c. Devolução de produtos em “não conformidade” com notificação aos fornecedores
d. Orientação descritiva às merendeiras, em relatório de supervisão
e. Orientação descritiva aos demais funcionários, em livro de ocorrência
32
2.5. Estabelecimento dos procedimentos de registro
Formulários
a. Especificação para compras de alimentos
b. Limpas e desinfetadas, segundo os procedimentos descritos.
c. Relatório de visita a fornecedores
d. Recebimento de mercadoria
e. Controle de temperatura na distribuição
f. Receituário padrão
g. Escala das visitas às cozinhas das escolas
h. Relatório de supervisão escolar
Registros descritivos
a. Especificação para compras de alimentos
b. Termo de devolução de alimentos em “não conformidade”
c. Atas de treinamentos realizados
d. Ações corretivas
2.6. Estabelecimento dos procedimentos de verificação
Mensalmente todos os procedimentos eram acompanhados por nutricionista in
loco. A análise dos registros era realizada diariamente. No caso de “não
conformidade”, as orientações necessárias eram feitas por escrito.
3. Avaliação da Efetividade do Programa de Higiene Alimentar
Como métodos para avaliar a efetividade do programa de higiene alimentar
foram realizadas análises laboratoriais dos alimentos e de swab de mãos, medições
de tempo, temperatura e de bioluminescência de trifosfato de adenosina – ATP. Foi
feita a determinação da escolaridade de todas as 74 merendeiras do serviço, através
do exame da ficha cadastral. A investigação foi realizada em três escolas do
33
Município, havendo três visitas intercaladas em cada escola, totalizando 9
acompanhamentos.
3.1. Coleta dos alimentos
Foram coletadas, assepticamente, 9 amostras de cada etapa de preparação:
frango cru congelado (I), frango cru descongelado (II), frango cru lavado (III), frango
cozido (IV), frango desfiado (V), frango com molho antes do cozimento (VI), frango
com molho depois do cozimento (VII) e do risoto pronto para consumo (VIII). As
amostras, coletadas em sacos plásticos esterilizados, foram mantidas sob
refrigeração e transportadas até o laboratório em caixas de isopor tampadas,
contendo gel térmico congelado.
3.2. Coleta de swab das mãos
Foi realizado esfregaço com zaragatoa esterilizada, embebida em solução
salina, aplicada nas unhas e dedos da merendeira que iria desfiar o frango. Em
seguida, a zaragatoa foi colocada em tubo de ensaio com solução salina peptonada
esterilizada e tampado, permanecendo sob refrigeração até o momento da análise.
3.3. Análises microbiológicas
O processamento das amostras foi realizado com técnicas assépticas em capela
de fluxo laminar. As análises realizadas nos alimentos e swab de mãos foram as
contagens dos seguintes microrganismos indicadores: bactérias mesófilas
facultativas aeróbias, coliformes totais e Escherichia coli 1.
3.4. Padrões microbiológicos
Os resultados microbiológicos da preparação “risoto de frango com legumes”
foram comparados com os padrões microbiológicos definidos para alimentos prontos
para consumo. Assim para coliformes totais adotou-se o padrão da ANVISA 9, que
permite no máximo 300 unidades formadoras de colônias (UFC)/g; para Escherichia
coli, foi utilizado o padrão do Código Sanitário do Estado de São Paulo 12, que
determina ausência desta bactéria. Os resultados das contagens de bactérias
34
mesófilas facultativas aeróbias foram comparados ao padrão proposto por Mossell 10,
de no máximo 1.000 UFC/g.
3.5. Medição da temperatura
As temperaturas foram medidas no centro geométrico dos alimentos utilizando
termômetro tipo baioneta, digital, portátil com capacidade para medir de – 50°C à
150°C e precisão de 0,1°C. As temperaturas de geladeiras ou freezers também foram
medidas. As temperaturas esperadas 13, para o frango, nas diferentes etapas, foram:
etapa I: 6°C; etapa II: 10°C; etapa III: 21°C; etapa IV: 74oC; etapa V: 55°C; etapa VI:
21°C; etapa VII: 74°C e etapa VIII: 65°C.
3.6. Medição do tempo
Para contagem do tempo foi utilizado cronômetro digital, portátil, com
capacidade para aferir horas e minutos tanto progressiva como regressivamente.
Medidas foram realizadas nas diversas etapas, desde o momento da recepção do
frango no depósito central até a distribuição do risoto pronto, ao aluno. Os tempos
esperados, em cada etapa de preparação, foram: etapa I 13: 30 minutos; etapa II 8:
1080; etapa III 13: 30 minutos; etapa IV 13: 15 minutos; etapa V 13: 30 minutos; etapa
VI 13: 30 minutos; etapa VII 13: 15 minutos; etapa VIII: 30 minutos 13.
3.7. Avaliação da limpeza e desinfecção dos utensílios
Utilizou-se a técnica de bioluminescência de trifosfato de adenosina – ATP 16
com utilização de um luminômetro Lightning™ (IDEXX Inc.). Neste sistema, a
quantidade de resíduos biológicos (de alimentos, bem como microrganismos)
presentes na superfície analisada, é quantificada medindo-se o ATP contido na
amostra. O mecanismo de ação envolve o complexo luciferina/luciferase, o qual,
reagindo com ATP, emite luz, medida através do luminômetro. A luz emitida é
proporcional à quantidade de ATP presente no resíduo biológico da amostra. Os
resultados são imediatos e apresentados em zonas, variando de 0 – 7,5. A escala é
logarítmica de base 10. As superfícies satisfatoriamente limpas, deveriam registrar
valores abaixo de 2,5. Os valores entre 2,6 e 3,0, seriam considerados de alerta, e os
35
valores acima de 3,0, evidenciariam inadequação dos procedimentos de lavagem e
desinfecção. A coleta do material biológico foi feita por meio de esfregaço com
zaragatoa estéril e descartável, própria para uso no luminômetro, contendo os
reagentes necessários para a análise, extraindo-se o ATP contido na amostra. Os
esfregaços foram feitos em quadrados de 10 cm por 10 cm, aproximadamente. A
aplicação desta técnica foi realizada nos seguintes utensílios e superfícies: placas de
prolipropileno, facas, caçarolas, tampas de latas de extrato de tomate, embalagens
de legumes e extrato de tomate, abridores de lata, escorredores de arroz, bacias
plásticas e escumadeiras.
3.8. Análise estatística
Na análise estatística foi utilizado o programa Stata Statistical Software 7.0
(Stata Corporation, 2001). Para comparar as contagens de bactérias indicadoras,
entre as etapas da preparação, foi utilizada a análise de variância por postos de
Friedman, complementada pelo teste de comparações múltiplas de “Student-
Newman-Keuls” (SNK), quando a diferença foi significante.
Os resultados do tempo em minutos, temperatura em graus centígrados e zonas
de limpeza, foram expressos em média, valores mínimos e máximos. Aplicou-se o
teste t de Student univariado, testando-se a hipótese de nulidade, ou seja, se a
diferença entre as médias dos valores medidos e os valores únicos esperados para
cada etapa era igual a zero. O nível de significância foi p < 0,05, assinalando-se com
um asterisco as diferenças estatisticamente significantes.
RESULTADOS
A tabela 1 apresenta as medianas e percentis 25 e 75 das contagens das
bactérias indicadoras, mesófilas aeróbias facultativas, coliformes totais e Escherichia
coli, nas 8 etapas de preparação do “risoto de frango com legumes”. As medianas das
contagens destas bactérias aumentaram durante a etapa de descongelamento e
diminuíram após a lavagem do frango; estes resultados, porém, não apresentaram
significância estatística. Já a etapa de cozimento diminuiu significantemente as
36
medianas das contagens. O procedimento de desfiamento aumentou
significantemente a contagem de bactérias mesófilas, mas não as contagens de
coliformes totais e Escherichia coli. A adição de molho ao frango desfiado aumentou
as contagens de mesófilas e de coliformes totais; estes aumentos, no entanto, foram
sem significância estatística. O cozimento do frango com molho diminuiu
significantemente as contagens de mesófilas e de coliformes totais. A adição de arroz
e legumes ao frango com molho não aumentou significantemente estas contagens.
Não foram recuperados coliformes totais e Escherichia coli em nenhuma das 9
amostras de swab de mãos. A mediana das contagens de bactérias mesófilas, nestas
amostras, foi de 34 UFC/swab (P25= 34 UFC/swab; P75= 126 UFC/swab). Todas as
9 amostras da preparação “risoto de frango com legumes”, pronto para consumo,
atenderam aos padrões microbiológicos adotados. Na tabela 2, estão apresentadas
as médias das medidas de tempo e de temperatura, bem como os respectivos valores
mínimos e máximos. Os valores observados foram significantemente diferentes
quando comparados aos valores esperados, exceto quanto à temperatura de
descongelamento, cuja média foi maior que o valor esperado. Como pode ser visto
na tabela 3, em relação à avaliação da limpeza, todos os utensílios e embalagens
apresentaram valores médios significantemente menores que o valor esperado.
Quanto à escolaridade, 70% das merendeiras tinham até quatro anos de estudo, 25%
tinham o ensino fundamental completo e apenas 5%, o ensino médio completo.
DISCUSSÃO
Bactérias mesófilas, coliformes e Escherichia coli são microrganismos
denominados indicadores, de grande utilidade na determinação da qualidade
microbiológica de alimentos, uma vez que apresentam características ecológicas
semelhantes às dos microrganismos patogênicos, mas cuja análise laboratorial é
mais rápida, fácil, segura e de baixo custo. A presença de indicadores, em certo
número, sugere que os alimentos estiveram expostos a condições que permitiriam,
também, a presença de microrganismos patogênicos, revelando, portanto, o risco
potencial da presença desses agentes. Os indicadores são utilizados, também, para
37
verificar se foram eficazes os tratamentos destinados a assegurar a inocuidade de um
produto alimentício.
Os resultados laboratoriais mostraram que os fatores - chaves de controle foram
efetivos. Assim, as temperaturas de cozimento, maiores que o valor recomendado,
aparentemente reduziram a carga bacteriana a níveis não detectáveis, sem
comprometer o aspecto sensorial. Do mesmo modo, a temperatura dos alimentos no
momento da distribuição foi superior ao valor mínimo recomendado. O tempo de
permanência dos alimentos à temperatura ambiente foi sempre inferior ao máximo
recomendado, o que não permitiria a multiplicação de eventuais formas esporuladas
sobreviventes ao cozimento. Os resultados relativos aos utensílios e às mãos
demonstraram a efetividade dos procedimentos de limpeza e desinfecção. Ressalte-
se que os resultados do presente estudo foram obtidos com investimentos
relativamente modestos em infra-estrutura, como veículo exclusivo para transporte,
área física com bancadas, paredes e pisos adequados e equipamentos e utensílios
em boas condições de uso, e com o planejamento racional do cardápio.
Em um estudo realizado na Argentina 17, em uma cozinha de merenda escolar
centralizada, as médias de contagens de bactérias mesófilas dos alimentos cozidos
prontos para consumo e alguns dos utensílios utilizados na preparação foram de
cerca de 1.000 UFC/g. Neste mesmo estudo, as temperaturas de distribuição dos
alimentos (média de 80oC) e os resultados das análises de mãos foram similares aos
encontrados no presente estudo.
O sucesso da implantação de um sistema de segurança dos alimentos está na
dependência da estrita aplicação e observância das normas técnicas pelos
manipuladores. No entanto, é bastante conhecida a baixa escolaridade e pouca
qualificação profissional das pessoas que trabalham em serviços de alimentação 20,
sendo que os serviços de alimentação escolar não fogem à regra. A estrutura destes
serviços, no geral, é pouco profissionalizada, com mão-de-obra desqualificada, de
baixa produtividade e sem conhecimento sobre higiene e manipulação correta de
alimentos. Neste estudo, a maioria das merendeiras (70%) tinham até 4 anos de
estudo, o que confirma a baixa escolaridade deste tipo de profissional. O processo
seletivo para a admissão no serviço incluía uma avaliação da capacidade de leitura e
38
escrita e de fazer operações aritméticas simples. Resultado similar (58%) foi
observado por Silva C. 23 em escolas públicas da cidade de São Paulo.
O analfabetismo e a baixa escolaridade dos manipuladores de alimentos podem
impedi-los de entender ou ler qualquer orientação profissional. Associado a isto, a
pouca motivação, observada freqüentemente neste tipo de funcionário, devido à baixa
remuneração e ao baixo status social deste tipo de trabalho, e à estabilidade no
emprego, no caso de servidores públicos, resultam em grandes dificuldades para os
profissionais responsáveis pelo gerenciamento de serviços de alimentação. Estas
características devem ser levadas em consideração quando da aplicação de
treinamentos específicos e periódicos, considerados indispensáveis para melhorar a
segurança de programas de higiene alimentar e para aumentar a motivação. No
entanto, levantamento realizado pelo governo federal 6, em todos os estados
brasileiros, mostrou que mais da metade das merendeiras das escolas pesquisadas
nunca haviam feito treinamento específico para o desempenho de suas funções.
Naquelas escolas onde foram feitos treinamentos, em apenas 27% o profissional
responsável pelos treinamentos tinha qualificação técnica para fazê-los. Deve-se
ressaltar que o treinamento, apesar de indispensável, tem efeito temporário. Assim,
em um trabalho realizado com lactaristas, demonstrou-se que, após 6 e 18 meses de
um treinamento específico, a qualidade microbiológica das formulações lácteas
diminuiu 3. Deste modo, treinamentos periódicos e supervisão contínua devem ser
feitos simultaneamente, para assegurar a aplicação e a observância das normas
técnicas que aumentam a segurança no consumo de alimentos. Outros fatores que
contribuíram para os resultados do presente trabalho foram a profissionalização do
serviço de alimentação escolar, fato pouco comum nesta área 6, o apoio político à
ações de gerenciamento e a continuidade administrativa.
O presente estudo demonstrou que é possível atingir níveis satisfatórios de
segurança alimentar em serviços de alimentação escolar do sistema público, mesmo
em um município com relativamente poucos recursos, através da profissionalização
do serviço, da definição criteriosa do cardápio, da adoção de medidas de higiene
alimentar e do treinamento e supervisão das merendeiras.
39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo: Lei n° 10.083, de 23 de setembro de 1998 – Decreto n° 12.342, de 27 de
setembro de 1978 (Regulamento da promoção, preservação e recuperação da
saúde no campo de competência da Secretaria da Saúde) – Normas técnicas e
legislação complementar. 3ª Edição – ampliada e atualizada. São Paulo (Brasil):
Edições Profissionais; 2000.
13.Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Centro de Vigilância Sanitária
(CVS). Portaria CVS-6/99 – 10/03/99: Aprova o regulamento técnico para o
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obrigatoriedade de responsabilidade técnica. Diário Oficial do Estado de São
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Food Standards Programme. Codex Alimentarius Commission; 2001. Disponível
em URL: http://www.fao.org/DOCREP/005/Y1579E/Y1579E00.HTM. [2003 Jun
24].
42
QUADRO 1. Fluxograma da análise de perigos da preparação de risoto de frango com
legumes.
Operação Perigos Operação Perigos Operação Perigos
ARROZ MOLHO DE TOMATE FRANGO
Seleção de grãos
seleção dos
tomates/salsa
Descongelamento
Lavagem em água
potável e
escorrimento
lavagem em água
potável e desinfecção
dos tomates/salsa
retirada da pele e
lavagem em água
potável
Adição de tempero
pronto
corte dos tomates/salsa
adição de tempero
pronto
adição de água aguarda cocção Cocção
cocção
abertura de embalagens
de extrato de tomate e
seleta de legumes
Resfriamento
Aguarda mistura ao
molho
adição dos ingredientes
ao molho de cozimento
do frango
Desfiamento e
adição ao molho de
cozimento
Cocção
mistura do molho de frango com legumes com arroz
Distribuição
Legenda de Figuras 2
Contaminação na origem do produto
Contaminação por superfície de contato (equipamentos e utensílios)
Contaminação por manipuladores
Multiplicação de bactérias e fungos
Sobrevivência dos contaminantes
Destruição de células vegetativas e possíveis sobrevivência de esporos
43
TABELA 1. Contagens de bactérias mesófilas, coliformes totais e Escherichia coli,
nas etapas da preparação de risoto de frango com legumes.
Etapa
Mesófilas Coliformes totais Escherichia coli
Medianas de UFC/g (P25 – P75)
I 38.200 (15.600 - 117.000) 820 (400 - 1.340) 120 (65 - 540)
II 85.000 (32.400 - 102.000) 1.000 (662 - 4.300) 250 (160 - 805)
III 10.800 (5.500 - 19.100) 235 (212 - 682) 71 (17 - 135)
IV 0 (0 - 0) 0 (0 - 0) 0 (0 - 0)
V 140 (10 - 510) 0 (0 - 15 ) 0 (0 - 0)
VI 225 (103 - 744) 10 (0 - 43) 0 (0 - 0)
VII 0 (0 - 0) 0 (0 - 0) 0 (0 - 0)
VIII 0 (0 - 0) 0 (0 - 0) 0 (0 - 0)
Teste de Friedman P < 0,001 P < 0,001 P < 0,001
TESTE DE COMPARAÇÕES MÚLTIPLAS
Etapa Mesófilas Col. totais Escherichia coli
P  0,05
II X I Não Não Não
III X II Não Não Não
IV X III Sim Sim Sim
V X IV Sim Não Não
VI X V Não Não Não
VII X VI Sim Não Não
VIII X VII Não Não Não
LEGENDA
Etapa Procedimento
I Frango cru congelado (recepção)
II Frango cru (após descongelamento)
III Frango cru (após lavagem)
IV Frango cozido
V Frango desfiado
VI Frango com Molho (antes do cozimento)
VII Frango com Molho (após cozimento)
VIII Risoto (pronto para consumo)
44
TABELA 2. Médias, valores mínimos, máximos e esperados de tempo e temperatura,
de etapas da preparação de risoto de frango com legumes.
Etapa Tempo (minutos) Temperatura (°C)
Média (Mín. - Máx.) V. E. Teste "t" Média (Mín. – Máx.) V. E. Teste "t"
I 10,1 (5 – 16)  30  0,001 - 3,72 (-9,0 / -0,5 )  6  0,001
II 902,2 (480 – 1440)  1080  0,001 10,8 (1,3 / 15,0)  10 0,068
III 13,6 (9 – 20)  30  0,001 16 (13,4 / 17,3)  21  0,001
IV 25,7 (19 – 35)  15  0,001 98 (96,9 / 98,8)  74  0,001
V 13,7 (7 – 20)  30  0,001 54,8 (42,3 / 65,2)  55 0,544
VI 0 (0 – 0)  30 – 50,6 (41,3 / 60,1)  21  0,001
VII 22,7 (18 – 28)  15  0,001 96,7 (95,0 / 98,5)  74  0,001
VIII 11 (7 – 15)  30  0,001 76,8 (62,0 / 84,6)  65 0,675
45
TABELA 3. Zonas de limpeza de utensílios e embalagens nas etapas da preparação
de risoto de frango com legumes.
SUPERFÍCIES Zonas de limpeza
Mediana (P 25 - P75) V. E. Teste "t"
Altileno 1,8 (1,8 – 2,5) 2,5 0,014
Faca de corte 1,1 (1,0 – 1,2) 2,5  0,001
Caçarola 1,4 (0,3 – 2,5) 2,5  0,001
Tampa da lata 1,1 (1,0 – 1,2) 2,5  0,001
Embalagem 1,3 (1,2 – 1,6) 2,5  0,001
Abridor de latas 1 (1,0 – 1,1) 2,5  0,001
Escorredor do frango 1,9 (1,6 – 2,0) 2,5  0,001
Bacia 1,5 (0,3 – 4,9) 2,5  0,001
Escumadeira 1,2 (1,1 – 1,3) 2,5  0,001

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Tese mestrado - Jeanice de Azevedo Aguiar

  • 1. JEANICE DE AZEVEDO AGUIAR EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA DE HIGIENE ALIMENTAR IMPLANTADO EM UM SERVIÇO DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR DO SISTEMA PÚBLICO Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde SÃO PAULO 2003
  • 2. Aguiar, Jeanice de Azevedo Efetividade de um Programa de Higiene Alimentar Implantado em um Serviço de Alimentação Escolar do Sistema Público Jeanice de Azevedo Aguiar – São Paulo, 2003. 45p. Tese (mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós Graduação em Nutrição Effectiveness of a food hygiene program in a public school food service 1. Alimentação escolar. 2. Higiene dos alimentos. 3. Qualidade dos alimentos.
  • 3. JEANICE DE AZEVEDO AGUIAR EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA DE HIGIENE ALIMENTAR IMPLANTADO EM UM SERVIÇO DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR DO SISTEMA PÚBLICO Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde ORIENTADORA: Prof.ª Dra. TANIA BENINGA DE MORAIS SÃO PAULO 2003
  • 4. Cântico de louvor DEUS pelas suas muitas bênçãos ...com o meu Deus saltei uma muralha. O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; é um escudo para todos os que nele confiam. Porque quem é Deus senão o Senhor? E quem é rochedo senão o nosso Deus? Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho. Salmos, capítulo 18: 29-32.
  • 5. “Depois de algum tempo você aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa, não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.” William Shakespeare
  • 6. Àqueles que estão perpetuamente em meu caminho, a minha família, agradeço: Aos meus avós INOCÊNCIO e AFRA (in memorian), pelo mimo quando em vida e hoje, sempre presentes em minhas lembranças. Aos meus pais HUMBERTO e GLORIA, por nortearem meu caminho, com perseverança. Aos meus irmãos ORIDIA, SAULO, CHARLES E DENISE, sempre presentes me apoiando em todos os momentos. Aos meus sobrinhos BINHO, BRUNO, GIULIA, ALVINHO E MADLEINE, pela alegria que me proporcionam. Aos meus cunhados CILAS, que propiciou meus conhecimentos em informática, à GISELE, sempre próxima, me auxiliando constantemente. A todos dedico o meu amor, meu carinho e a conquista deste trabalho.
  • 7. MINHA GRATIDÃO: A Profa. Dra. TANIA BENINGA DE MORAIS, pela indicação ao Programa de Pós- graduação em Nutrição da UNIFESP/EPM, pela orientação na realização deste trabalho, pela confiança em mim depositada, pela compreensão e motivação, neste período de convivência e aprendizagem. A Profa. Dra. DIRCE MARIA SIGULEM, pela acolhida na UNIFESP/EPM, pela contribuição intelectual à este trabalho, pela confiança e apoio quando necessário.
  • 8. MINHA HOMENAGEM: Ao Prof. Dr. RICARDO MOREIRA CALIL, pelos ensinamentos compartilhados desde 1989, quando iniciamos a elaboração e a implantação deste programa de higiene alimentar, pela motivação e estímulo constante em minha vida acadêmica e profissional e por ser uma pessoa tão íntegra e amiga. Ao Ex.mo Sr. MESSIAS CANDIDO DA SILVA, pelo apoio, confiança, carinho, e respeito profissional e pela acolhida a proposta de trabalho apresentada para o Setor de Alimentação Escolar quando vice-prefeito de Cajamar/SP na gestão 1989-1992, estendido durante sua gestão como prefeito de 1993-1996, retornado em 2002 como prefeito, após muito empenho.
  • 9. MEUS AGRADECIMENTOS: À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA, pela concessão de vaga ao curso de Mestrado em Ciências da Saúde. Ao Prof. Ms. FERNANDO ANTONIO BASILE COLUGNATI, pela presteza na orientação das análises estatísticas. Aos PROFESSORES que estiveram presentes nesta jornada. À empresa SOVERING BRASIL, pelo empréstimo do equipamento para mensuração de zonas de limpeza, em especial à REGINA.
  • 10. NO LABORATÓRIO DE BROMATOLOGIA E MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS Ao MICHÉIAS, pela amizade, orientação, respeito profissional e acompanhamento junto a ROSAMARIA e CAIO, no auxílio durante a realização das análises microbiológicas. Aos colegas: CLEUSA, FLAVIA, FLAVIANE, KELLY, MARCO AURÉLIO, PÉROLA, RENATA, ROSANA, SANDRA e WILSA, pelo carinho com que me acolheram, estendido também durante o período de realização do presente trabalho. A ILANA, KARINE, LOVAINE, LUCIANA, MALU, MARICI e RENATINHA, pela demonstração de companheirismo em nossa convivência.
  • 11. NO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO A simpatia do ANDRÉAS, ALEXANDRE, da KAREN, MARIA SILVIA, NILZA e NILZETE, pela atenção e cordialidade no atendimento durante este percurso. Aos companheiros de curso BIA, CILCE, FLAVIANE, JOSÉ, MAGDA e SANDRA que, sempre descontraídos, tornaram o ambiente durante as aulas, mais alegre e agradável.
  • 12. NA PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE CAJAMAR/SP À PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE CAJAMAR, na pessoa do Sr. ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA RIBAS DE ANDRADE, prefeito de Cajamar/SP na gestão 1997-2002, pelo consentimento e liberação para a realização deste trabalho. A Prof.a. LÚCIA MARIA DE CARVALHO, Diretora de Educação, pelo apoio e compreensão, durante minha ausência. Às técnicas em nutrição ANA CRISTINA, CONSUELO, LUISA e MARA pelo auxílio técnico, sempre que necessário e, ao CARLOS, JOYCE e MANUEL, pelo controle na logística do Setor de Alimentação Escolar, durante minha ausência. As secretárias MARIANA e NATALINA pela atenção e presteza. As merendeiras ELIZABETE, DINALVA, LÁZARA, MARIA, MARIA TEREZA, MARIA VENINA e NATALINA pela colaboração e paciência durante o período de coleta das amostras nas escolas. Enfim, a todos que eu não tenha mencionado e que, de alguma forma colaboraram para a realização deste trabalho.
  • 13. SUMÁRIO P REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................1 Higiene dos Alimentos.................................................................................................1 Higiene dos Alimentos na Merenda Escolar................................................................7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................12 ARTIGO SUBMETIDO À PUBLICAÇÃO..................................................................18 RESUMO...................................................................................................................19 ABSTRAC .................................................................................................................20 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................21 MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................................22 MATERIAL....................................................................................................22 MÉTODOS....................................................................................................24 RESULTADOS..........................................................................................................35 DISCUSSÃO .............................................................................................................36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................39
  • 14. ÍNDICE DE QUADRO P QUADRO 1. Fluxograma da análise de perigos da preparação de risoto de frango com legumes. ...................................................................................................................42
  • 15. ÍNDICE DE TABELAS P TABELA 1. Contagens de bactérias mesófilas, coliformes totais e Escherichia coli, nas etapas de preparação de risoto de frango com legumes....................................43 TABELA 2. Médias, valores mínimos, máximos e esperados de tempo e temperatura, de etapas da preparação de risoto de frango com legumes. ....................................44 TABELA 3. Zonas de limpeza de utensílios e embalagens nas etapas da preparação de risoto de frango com legumes.. ............................................................................45
  • 17. 1 REVISÃO DA LITERATURA Higiene dos Alimentos Na Era da Revolução Agrícola ou Era Neolítica, o advento da agricultura e da domesticação dos animais, transformaram o homem de coletor em agricultor e de caçador em pastor. Ele passa, então, a consumir alimentos frescos, pois não havia como guardá-los ou conservá-los adequadamente. Os alimentos eram consumidos in natura, sem interferência de quaisquer processos tecnológicos, não podendo ser estocados por muito tempo. Sua qualidade estava condicionada, basicamente, às regiões e climas onde eram encontrados (CAMARGO, 2001). FRANCO & LANDGRAF (1996), mencionam que à partir do momento em que o homem passou a produzir seu próprio alimento, surgiram as formas de preparação. Começaram então a ocorrer os problemas relacionados às doenças transmitidas pelos alimentos devido, principalmente, à conservação inadequada. Na Bíblia, registra-se que Moisés orientou o povo a praticar hábitos de higiene como a tomar banho, a trocar, a lavar as roupas sujas e utensílios após o uso, bem como a salgar a carne. Esta carne, deveria ser preparada e consumida, as sobras poderiam ser ingeridas no dia seguinte, porém se ainda sobrasse, seria queimada. Este e outros ensinamentos dados por Moisés, tinham razão para a prática da higiene e da manutenção da saúde. Em 1837, Pasteur demonstrou que o azedamento do leite era provocado por microrganismos e em 1860, empregou o calor para destruir bactérias indesejáveis em alimentos, processo denominado, atualmente, de pasteurização (FRANCO & LANDGRAF, 1996; ICMSF, 1997). Mais tarde, em 1888, Gaertner fez descrição do encontro da mesma bactéria em uma pessoa que morreu em um surto de gastroenterite, na carne servida e na carcaça. Posteriormente, esta bactéria foi identificada como sendo do gênero Salmonella. Através desses milhares de anos, chegou-se ao final do século XX e a tecnologia alimentar não parou de evoluir, apesar de os processos realizados para compreender
  • 18. 2 a natureza das doenças causadas pelos alimentos terem sido bastante lentos (FRANCO & LANDGRAF, 1996; CAMARGO, 2001). Entre os avanços mais significativos, temos a formulação de um novo conceito: “a inocuidade dos alimentos inclui aspectos que vão desde a fazenda, onde são produzidos os animais, o leite, os grãos e os demais vegetais, até chegar à mesa do consumidor. Nessa cadeia, muitos desempenham um papel fundamental: autoridades governamentais, produtores agropecuários, transportadores de matéria prima e produtos Industrializados, indústrias processadoras, atacadistas, varejistas, universidades, empresas de comunicação social e o consumidor; somos todos responsáveis pela manutenção da inocuidade dos alimentos, evitando que eles se transformem em fonte de doenças ...” (ALMEIDA, 2002). Atualmente, aceita-se que qualquer iniciativa que tenha por finalidade garantir a inocuidade dos alimentos, deve estar focalizada no controle dos perigo potenciais de contaminação, e nos alimentos que apresentam maior risco a saúde pública (ALMEIDA, 2002). A busca pela qualidade, em todos os setores da atividade humana é incessante e é importante que as pessoas envolvidas em cada elo da cadeia alimentar sejam conscientizadas quanto às medidas que podem tomar, a fim de diminuir a incidência e a magnitude na perdas de alimentos e incidência das doenças de origem alimentar (PANETTA, 1996; ICMSF, 1997). Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA), são um problema sério em todo o mundo. De acordo com entidades internacionais, deve haver esforços para prevenir ou minimizar a contaminação dos alimentos em cada fase de preparação (ICMSF, 1997; WHO; 1998; WHO, 2001). Apesar das precauções, às vezes os alimentos chegam às cozinhas, contaminados ou se contaminam durante sua preparação. O controle da manipulação é, talvez, o fator mais importante, uma vez que é responsável pela maioria dos casos de doenças de origem microbiana transmitidas por alimentos, quando inadequada (FRANCO & LANDGRAF, 1996; GONÇALVES, 1998). Apesar de a higiene dos alimentos para prevenção das doenças de origem alimentar, ser um assunto tratado constantemente, a incidência de surtos e casos continuam a crescer. Nos Estados Unidos entre 1993 e 1998 foram registrados 86.058
  • 19. 3 casos de intoxicação alimentar, havendo neste período 29 mortes. Neste mesmo período, a Food and Agriculture Organization (FAO), através de informações obtidas de 42 países, registrou mais de 30.000 investigações de doenças envolvendo alimentos, totalizando 391.383 casos. Estes registros referem-se apenas aos casos com etiologia conhecida (CDC, 2000; WHO, 2002). Em São Paulo, segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo (SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2002), considerando apenas os surtos e casos de diarréia, foram notificados em 1992, 38 surtos com 1.986 casos de doenças transmitidas por alimentos. Após 10 anos, em 2002, foram notificados 197 surtos, com 3.950 casos de doenças transmitidas por alimentos. Quanto aos locais de ocorrência, as escolas ocupam o segundo lugar de maior freqüência de surtos, no estado, e primeiro lugar na cidade de São Paulo. Segundo a União Européia, "na maioria das vezes, os atuais métodos de Inspeção não são satisfatórios. Eles foram concebidos para identificar problemas que ocorriam nas décadas passadas mas que, nos dias de hoje, deixaram de ser os perigos mais sérios relacionados com os alimentos. É necessário dar ênfase ao desenvolvimento e implementação de medidas preventivas para o controle desses riscos, através da colaboração entre as autoridades governamentais e os setores responsáveis da indústria de alimentos. Este sistema preventivo de controle é a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), um processo científico que representa o que há de mais moderno na atualidade, e que tem por finalidade construir a inocuidade nos processos de produção, manipulação, transporte, distribuição e consumo dos alimentos”... (ALMEIDA, 2002). O sistema APPCC consiste na identificação de perigos associados com alguma etapa do processamento ou preparação de alimentos, avaliando os riscos e determinando as operações nas quais procedimentos de controle serão efetivos (WHO, 2001). A análise de perigos é a avaliação das etapas envolvidas na produção de um alimento, desde a matéria prima até a sua utilização pelo consumidor final, buscando identificar as fontes potenciais de perigos, avaliar a probabilidade de sobrevivência e
  • 20. 4 multiplicação de microrganismos e ainda, a gravidade dos perigos identificados. Os pontos críticos de controle são definidos como uma prática, procedimento, processo ou lugar onde um controle preventivo, deve ser colocado para prevenir ou minimizar um ou vários perigos (BRYAN, 1992). O sistema APPCC foi criado há cerca de 40 anos pelas indústrias químicas da Grã-Bretanha e empregado desde a década de 50 pela Comissão Americana de Energia Atômica no planejamento de usinas nucleares (FRANCO & LANDGRAF, 1996). A metodologia, foi apresentada pela primeira vez em 1969, pelo comitê sobre Salmonella e introduzida pela National Aeronautics and Space Administration (NASA) em 1972, nos Estados Unidos, na produção de alimentos para os vôos espaciais, a fim de minimizar a chance de ocorrência de doenças de origem alimentar nos tripulantes (SBCTA, 1995). O primeiro regulamento legal utilizando o conceito de APPCC foi, até 1985, um documento promulgado em 1972 nos Estados Unidos, para alimentos enlatados de baixa acidez. À partir da publicação da Academia Norte Americana de Ciências, recomendando a aplicação do sistema APPCC para garantir a segurança dos alimentos, é que o sistema tem sido divulgado, revisado, adotado e sistematizado. O Codex Alimentarius iniciou a elaboração de documentos sobre este tema e em 1993, foi formalmente transformado em ferramenta de trabalho para Higiene dos Alimentos, tendo sido definitivamente aprovado pelos países membros em 1996 (GELLI, 2001). Na área de alimentos, o sistema APPCC, é reconhecido como a melhor ferramenta para desenvolver Sistemas de Controle e Garantia da Qualidade, no sentido de assegurar a saúde dos consumidores, sendo recomendado por diversas entidades internacionais, inclusive a Organização Mundial da Saúde (SBCTA, 1995; ICMSF, 1997; IAMFES, 1997; WHO, 1998). Este sistema oferece uma abordagem racional para o controle dos perigos microbiológicos dos alimentos, evita as várias fraquezas inerentes à proposta de inspeção e não depende da espera de análise microbiológica, racionalizando também o emprego de recursos. Como conseqüência a relação custo/benefício é favorecida (ICMSF, 1997; WHO, 1998).
  • 21. 5 Contudo, a implantação de um programa APPCC só se torna possível quando há o comprometimento de todos os envolvidos com metas e objetivos, além dos recursos humanos e materiais necessários. O programa de APPCC deve ser desenvolvido para cada situação, não pode ser “importado” de outros locais, tão pouco adquirido como um “pacote”. Teoricamente sua aplicação é simples, porém o processo de planejamento e implantação exige meses de estudo (FRANCO & LANDGRAF, 1996). Apesar de ter sido, inicialmente, concebido para ser aplicado em indústrias de alimentos, este sistema pode e deve ser utilizado em qualquer local onde se manipule alimentos. O sistema compreende 7 princípios (SBCTA, 1995; ICMSF, 1997; IAMFES; 1997; WHO, 1998), aqui aplicados apenas aos microrganismos, embora possam ser utilizados, também, para controlar contaminações de natureza física e/ou química. PRINCÍPIO 1 – identificação dos perigos e determinação da gravidade destes perigos e seus riscos. Perigo significa uma contaminação, desenvolvimento e/ou sobrevivência inaceitáveis de microrganismos. Risco é uma estimativa da probabilidade de ocorrência do perigo; PRINCÍPIO 2 – determinação do ponto crítico para controle/PCC, no qual um perigo pode ser controlado. Um PCC é uma situação, prática, procedimento ou processo no qual pode ser exercido o controle de um ou mais fatores que, se controlados, podem reduzir ou eliminar um perigo. PRINCÍPIO 3 – estabelecimento de limites para cada ponto crítico, com especificações de critérios que indicam se uma operação está sob controle em um PCC em particular. Critérios são limites especificados com características de natureza física (tempo/temperatura por exemplo), química (sal ou ácido acético por exemplo) e biológica (sensorial e microbiana); PRINCÍPIO 4 – estabelecimento de sistema de monitoramento para controle, a fim de verificar se cada PCC está sendo controlado. Monitoramento é a verificação se
  • 22. 6 o processo de cada PCC está sendo conduzido adequadamente e que está sob controle. Envolve a observação sistemática e medidas e/ou registros dos fatores relevantes para o controle. As técnicas de monitoramento escolhidas devem ser capazes de identificar e retificar uma situação fora de controle, mesmo depois de ter sido iniciada ou durante a operacionalização de um processo. Basicamente são utilizadas cinco formas de monitoramento: observação visual, avaliação sensorial, medidas físicas, testes químicos e análise microbiológica. Como a eficácia do monitoramento em termos de PCC está relacionada com a rapidez de obtenção de resultados, a observação visual pelo supervisor, das ações do manipulador em cada etapa, é com freqüência a mais útil. PRINCÍPIO 5 – estabelecimento de ações corretivas, para serem realizadas quando o monitoramento indicar que um PCC em particular, não está sendo controlado, devendo haver descrição corretiva da ação a ser desenvolvida para cada PCC em desacordo. A ação registrada deve assegurar que cada PCC será controlado. PRINCÍPIO 6 – estabelecimento de procedimentos para verificação e confirmação de que o sistema APPCC está sendo aplicado efetivamente. Havendo freqüência do monitoramento e verificação na execução do programa pré definido, pode-se ter confirmação ou não, se o APPCC está sendo eficaz. PRINCÍPIO 7 – estabelecimento de documentação e registros são ferramentas eficientes para verificar as ações, sendo essencial na aplicação no sistema APPCC. Estes documentos e registros devem ser apropriados à natureza da operação. No Brasil, a Portaria 1428/93/MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993), requer que se aplique, o método APPCC (análise de perigos e pontos críticos de controle) em toda a cadeia alimentar, desde a produção até o consumidor final dos alimentos, devendo os órgãos de Vigilância Sanitária nos níveis federal, estadual e municipal, zelar pela sua aplicação em todos os estabelecimentos produtores e/ou prestadores de serviços na área de alimentos. CEZARI (1999) diz que para a implementação efetiva e eficaz do APPCC, uma das principais dificuldades encontradas é a preparação do pessoal de base, pois são
  • 23. 7 eles que produzem o alimento e têm responsabilidades pela qualidade do produto final. Higiene dos Alimentos na Merenda Escolar A instituição da alimentação escolar no Brasil, teve início na década de 30, (L’ABBATE, 1982) havendo após este período, o surgimento de outros programas até o atual, Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Segundo PIPITONE (1999), a alimentação escolar surgiu com a equivocada missão de resolver a um só tempo, o fracasso escolar e os problemas nutricionais e alimentares dos escolares brasileiros. Os Programas de Alimentação Escolar, no sistema público, atendem desde bebês nas creches, até pessoas adultas que freqüentam uma escola. É sem dúvida, o maior programa de assistência alimentar do Brasil e envolve pessoas, ações e recursos financeiros bastante significativos para sua execução. A verba destinada a este programa, pelo Governo Federal, chega próximo a 1 bilhão de reais/ano, sem considerar os recursos agregados pelos Estados e Municípios, situação que tornaria obrigatória a documentação, não só da movimentação dos alimentos, mas também dos cuidados operacionais dispensados à preparação dos mesmos (L’ABBAT, 1982; CALIL & AGUIAR, 1999; FNDE/PNAE, 2003). Como quaisquer outros locais onde há manipulação de alimentos, os serviços de alimentação escolar devem obedecer à Portaria 1428/93-MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993). No entanto, documentos elaborados pela Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) e Departamento de Suprimento Escolar (DSE), sobre alimentação escolar, são omissos, quando relacionados à higiene dos alimentos, sob os aspectos técnicos. Nestes documentos não há referências a importantes ferramentas como a já citada Portaria 1428/93-MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993), e às Portarias 326/97- SVS/MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1997) e CVS 06/99 (SECRETARIA DO ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO, 1999), que indicam ações fundamentais para a prevenção de doenças transmitidas por alimentos. Particularmente nos serviços de alimentação escolar, a segurança para o consumo é uma questão-chave a ser
  • 24. 8 pensada, devendo-se pesar os riscos oferecidos por determinado alimento. A segurança oferecida pelo processo tecnológico de fabricação e de conservação, a susceptibilidade do público-alvo e a manipulação final exigida nas escolas devem ser analisadas com muito cuidado (MORAIS, 1999). A produção de alimentos a grandes populações, deve envolver sistemas modernos de administração, gerenciamento da qualidade das refeições servidas, elevando o padrão na execução dos serviços, aplicando programas de boas práticas, que permitam de modo eficiente e seguro, obter condição higiênico-sanitária satisfatória (PANETTA, 1996). Com o advento da municipalização pela Lei Federal 8.913 de 12 de Julho de 1994 (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, 1994), a prática da alimentação de acordo com os hábitos alimentares de cada região, estimulada pela própria lei, se expandiu e produtos in natura e beneficiados, passaram a ser utilizados com maior freqüência, conseqüentemente a manipulação de alimentos aumentou sobremaneira e na maior parte das vezes, sem a orientação devida. Esta mudança radical em relação à situação anterior ocorreu abruptamente, encontrando as escolas sem a infra-estrutura necessária de instalações, equipamentos e mão de obra treinada (CALIL, 1999; MISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1999; MARTINS, 2000). Além disso, o Programa de Controle de Qualidade da Merenda Escolar, de âmbito nacional, gerenciado pela Fundação de Assistência ao Estudante e executado por laboratórios estaduais credenciados, foi desarticulado, deixando a aquisição de alimentos sem respaldo laboratorial que assegurasse sua qualidade. Esta responsabilidade foi delegada aos Municípios e Estados sem que se reorganizasse uma rede de laboratórios que pudesse dar apoio a esta tarefa, muito embora o FNDE tenha previsto fazer convênios ou mesmo utilizar laboratórios públicos para análises. A “alimentação escolar”, é sem dúvida, “alimentação profissional”. No entanto, a atuação dos nutricionistas é pouco evidente e a profissionalização está apenas engatinhando. Em pesquisa realizada por STURION e col. (2.000), foram enviados questionários, com o objetivo de levantar a situação dos Serviços de Alimentação Escolar, para todos os 4974 municípios brasileiros; destes, 1378 responderam. Este estudo mostrou que prefeitos e secretários de educação tinham atuação expressiva
  • 25. 9 em funções técnico-administrativas relacionadas ao serviço de alimentação escolar. A participação nutricionista na elaboração dos cardápios, ocorria em apenas 20,4% dos municípios. A seleção de pessoal era realizada por nutricionista em apenas 2,7% das cidades; sua participação nas compras ocorria em 2,6% dos municípios; nos serviços de supervisão, somente em 8,3% das cidades existia a participação deste profissional. Deve-se ressaltar que esta situação está em desacordo com a Portaria 1428/93 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993), que determina a obrigatoriedade de responsáveis técnicos nos serviços de alimentação. Do mesmo modo, muitos municípios, não tem um responsável técnico perante os Conselhos Regionais de Nutricionistas. Os nutricionistas começaram a ingressar nos serviços de alimentação escolar, com maior ênfase, após o processo de descentralização, uma vez que a lei de municipalização da merenda escolar prevê que a elaboração dos cardápios nas escolas seja realizada por nutricionistas. Na elaboração e implantação dos programas de alimentação escolar, a participação de professores e diretores foi preponderante. Há Estados da Federação, em que fica sob a responsabilidade do diretor de escola a aquisição dos alimentos, estendendo-se sua autoridade a outros aspectos estritamente técnicos da área de alimentos. Nesta situação, predomina as condições de precariedade e amadorismo na preparação dos alimentos do maior setor de alimentação coletiva do País, a merenda escolar. De acordo com SILVA C. (2002) em dez escolas do sistema estadual, analisadas na cidade de São Paulo, foi observada a higiene insatisfatória de equipamentos e instalações em 90% das escolas. Em 80% delas, os manipuladores executavam outras tarefas como retirada de lixo e limpeza de sanitários e outras dependências das escolas. Alimentos eram servidos com tempo estimado de até três horas após seu preparo, ficando em condições inadequadas de armazenagem do preparo a distribuição. MARCHIONI & ZACARELLI (1999), apontaram a inadequação da temperatura de alimentos prontos para distribuição em 40% das escolas que foram observadas, estando fora dos padrões considerados adequados pela Portaria 1428/93/MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993). Em estudo realizado na cidade de Sobral, CE, em cerca de 50% das amostras de alimentos da merenda escolar havia a presença de coliformes fecais (FAÇANHA e col., 2002).
  • 26. 10 O maior desafio e um dos principais objetivos dos serviços de alimentação, têm sido fornecer alimentação segura, no aspecto higiênico-sanitário. Considera-se cada vez mais necessária, que os profissionais ligados à produção e processamento dos alimentos, incorporem à sua prática diária um conjunto de ações voltadas para assegurar a inocuidade dos alimentos, desde a escolha da matéria-prima até a obtenção do produto final (GÓES e col., 2001). Apesar da importância da aplicação de medidas preventivas, a aplicação do APPCC nos locais de processamento de alimentos ainda muito pequena. Inexistem estudos sobre as experiências de implantação deste sistema em nosso País. Cabe ao Estado a ação de vigilância e supervisão dos Programas de Alimentação Escolar, porém um dos problemas tem sido a falta das visitas às escolas (BRITOS, 1995; AMIGO, 1997; VIANNA & TEREZO,1997). A supervisão nas escolas, é de suma importância, para garantir o preparo correto dos alimentos, além de detectar falhas e levantar problemas locais, provendo o órgão gerenciador com informações imprescindíveis para a correção de procedimentos (MARTINS, 2000). A supervisão e o treinamento são armas fundamentais para o desenvolvimento de um bom serviço, não sendo possível adotar boas práticas de preparação de alimentos, sem um programa permanente de treinamento, acompanhado por supervisão realizada por profissionais formados na área de alimentos, de maneira que seja possível aprimorar cada vez mais a qualidade das refeições servidas aos estudantes (CALIL, 1999). O objetivo do treinamento é adequar o processamento e a manipulação dos alimentos aos critérios de segurança higiênico-sanitários e ainda, ter um componente motivacional, no sentido de conscientizar os funcionários dos serviços de alimentação escolar, sobre a importância da sua participação na manipulação segura dos alimentos (MARTINS, 2000; GERMANO e GERMANO, 2001; SILVA Jr., 2001). Pesquisa realizada por CALIL & AGUIAR (2002) constatou que a supervisão, por si só, não é suficiente para se alcançar os critérios estabelecidos de desempenho. Após um ano sem treinamento dos funcionários, mesmo havendo supervisão contínua
  • 27. 11 nas escolas, os resultados das notas dos relatórios de visita tiveram uma queda substancial. Após novo treinamento, as notas voltaram a aumentar. Urge portanto, a necessidade de se aprimorar o sistema existente, com estudos, propostas e aperfeiçoamentos dos serviços de alimentação escolar. Neste sentido, o presente estudo teve por objetivo avaliar a efetividade de um programa de higiene alimentar implantado em um serviço de merenda escolar do sistema público que oferecesse subsídios para a sua reprodução em outros serviços.
  • 29. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, C.R., O Sistema HACCP como Instrumento para Garantir a Inocuidade dos Alimentos, 2002. Disponível em http://www.bichoonline.com.br/artigos/ha0013.htm e acessado em 17 de julho de 2003. AMIGO C.H., Programas de nutrición escolar en América Latina. Un análisis. Archivos Latinoamericanos de Nutrición. (Venezuela) 1997; 47 (4): 299-304. BIBLIA SAGRADA, Tradução de João Ferreira de Almeida, 30ª impressão, Imprensa Bíblica Brasileira, Rio de Janeiro, 1988. BRITOS, S.A., ARGENTINA: reformulación de programas de comedores escolares, Em aberto: merenda escolar, Ministério da Educação e do Desporto. (Brasília) 1995. 5 (67): 25-29. BRYAN, F. L., Evaluaciones por Analisis de Peligros en Puntos Criticos de Control:guia para identificar peligros y evaluar riesgos relacionados com la preparación y la conservación de alimentos. OMS – Organización Mundial de la Salud, Ginebra, 1992. CALIL, R.M., & AGUIAR, J.A., Nutrição e Administração nos Serviços de Alimentação Escolar, Editora Marco Markovitch, São Paulo, 1999. CALIL, R.M., & AGUIAR, J.A., Relatório de Supervisão como Instrumento de Controle Operacional em Serviço de Alimentação Escolar, Dissertação apresentada no Concurso Alimentos/2002 à Associação Brasileira de Refeições Coletivas, 2002. CALIL, R.M., Repensando a Alimentação Escolar, Anais do III Seminário de Alimentação Escolar, Instituto de Tecnologia de Alimentos. (Campinas). 1999. 56- 60.
  • 30. 13 CAMARGO, N. J., in Manual de Controle Higiênico – Sanitário em Alimentos, por Eneo Alves da Silva Junior, 4ª edição, Varela, São Paulo, 2001. CDC - ENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, Surveillance for Foodborne Disease Outbreaks --United States, 1993-1997. Epidemiology Program Office, Morbidity and Mortality Weekly Report, March 17, 2000 / 49(SS01);1-51. Disponível em http://www.cdc.gov/epo/mmwr/preview/mmwrhtml/ss4901a1.htm e acessado em 17 de julho de 2003. CEZARI, D.L., Implantação do Sistema HACCP, Higiene Alimentar. (São Paulo) 1999; 13 (60): 8-9. FAÇANHA, S.H.F. e col., Avaliação da garantia da qualidade higiênico-sanitária do programa de alimentação escolar da cidade de Sobral-CE, Higiene Alimentar. (São Paulo) 2002; 16(100):54-58. FNDE - FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Merenda Escolar, 2003. Disponível em http: http://www.fnde.gov.br/programas/pnae/index.html e acessado em 17 de julho de 2003. FRANCO, B.D.G.M. & LANDGRAF, M., Microbiologia dos Alimentos, Atheneu, São Paulo, 1996. GELLI, D.S., in Manual de Controle Higiênico – Sanitário em Alimentos, por Eneo Alves da Silva Junior, 4ª edição, Varela, São Paulo, 2001. GERMANO, P.M.L. & GERMANO M.I.S., Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos, São Paulo, Varela, 2001. GÓES, J.A.W. e col., Capacitação dos Manipuladores de Alimentos e a Qualidade da Alimentação Servida, Higiene Alimentar. (São Paulo) 2001; 15(82):20-22.
  • 31. 14 GONÇALVES, P.M.R., Toxinfecções Alimentares: uma revisão, Higiene Alimentar (São Paulo) 1998; 12(53):38-44. IAMFES - INTERNATIONAL ASSOCIATION OF MILK FOOD AND ENVIROMENMENTAL SANITARIANS, Guia de Procedimentos para Implantação do Método de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, Ponto Crítico, São Paulo, 1997. ICMSF - INTERNATIONAL COMMISSION ON MICROBIOLOGICAL SPECIFICATIONS FOR FOODS, APPCC na qualidade e segurança microbiológica de alimentos, Varela, São Paulo, 1997. L’ABBATE, S. Fome e Desnutrição: os caminhos da política social. São Paulo, 1982. [Tese de Mestrado]. São Paulo; 1982. Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de São Paulo; 1982. MARCHIONI, D.M. & ZACARELLI, E.M. Avaliação da temperatura em refeições transportadas de um Programa de Alimentação Escolar, Higiene Alimentar (São Paulo) 1999; 13(65):19-25. MARTINS, B.T., Avaliação do programa de enriquecimento da merenda escolar servida na rede estadual de ensino de São Paulo. 2000 [Tese de Mestrado]. São Paulo 2000. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. Faculdade de Saúde Pública. da Universidade de São Paulo; 2000. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DEPORTO, Lei n° 8.913, de 12 de julho de 1994. Brasília, 12 de julho de 1994. Dispõe sobre a municipalização da merenda escolar. Diário Oficial da União, Brasília, 13 de julho de 1994. Seção 1. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Manual do Conselho de Alimentação Escolar - CAE, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, Brasília, 1999.
  • 32. 15 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n° 1428/MS, de 26 de novembro de 1993. Aprova: regulamento técnico para inspeção sanitária de alimento; diretrizes para o estabelecimento de Boas Práticas de Produção e de Prestação de Serviços na Área de Alimentos; e regulamento técnico para o estabelecimento de padrão de identidade e qualidade para serviços e produtos na área de alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, 02 dezembro de 1993. Of. n° 242/93. Sessão 9. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n° 326/SVS/MS de 30 de julho de 1997: Aprova o Regulamento Técnico; "Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos". Diário Oficial da União, Brasília, 01 de agosto de 1997. CNNPA nº 33/77, pág: 7.15(77). Disponível em http://www.anvisa.gov.br e acessado em 17 de julho de 2003. MORAIS, T.B., Valor Instrínsico dos Alimentos: enfoque para alimentação escolar, Laboratório de Bromatologia e Microbiologia de Alimentos – Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 1999. [Encarte do III Seminário de Alimentação Escolar, Instituto de Tecnologia de Alimentos – Campinas – 1999]. PANETTA, J.C. in “Manual de Boas Práticas na Produção e Distribuição de Alimentos – Hotéis e Restaurantes”, ARRUDA, G.A., Editora Ponto Crítico, São Paulo, 1996. PIPITONE. M.A.P., Notas sobre o programa de alimentação escolar como objeto de pesquisa. Revista Salusvita (Bauru) 1999; 18(1): 97-106. SECRETARIA DO ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO. Centro de Vigilância Sanitária (CVS). Portaria CVS-6/99 de 10 de março de 1999: Aprova o regulamento técnico para o controle higiênico-sanitário em estabelecimentos de alimentos e institui obrigatoriedade de responsabilidade técnica. Diário Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, 13 de março de 1999, Seção I, p24. Disponível em HTTP: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/download e acessado em 16 de julho de 2003.
  • 33. 16 SECRETARIA DO ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO. Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). Surtos de Doenças Transmitidas por Água e Alimentos, 2002. Disponível em http: ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/hidrica/Surtos e acessado em 16 de julho de 2003. SILVA C. Avaliação das condições higiênico-sanitárias da Merenda Escolar. São Paulo, 2002 [Tese de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2002. SILVA Jr., E.A., Manual de Controle Higiênico – Sanitário em Alimentos, 4ª edição, Varela, São Paulo, 2001. SBCTA - SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS, Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, Associação Brasileira de Profissionais de Alimentos – PROFIQUA, São Paulo, 1995. STURION, G.L. e col., Programa de Alimentação Escolar – Quem Assume as Atribuições Fundamentais in Anais do XVII Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Fortaleza, 2000. VIANNA, R.P.T. de. & TERESO, J.M.A., Análise do Programa de Merenda Escolar em Campinas, Cadernos de Debate (Campinas) 1997; (4):46-76. WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Food Quality and Standards Service Food and Nutrition Division. Food Quality and Safety Systems - A Training Manual on Food Hygiene and the Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) System. Rome: Publishing Management Group, FAO Information Division; 1998. Disponível em HTTP: http://www.fao.org/docrep/W8088E/W8088E00.htm e acessado em 16 de julho de 2003. WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Joint FAO/WHO. Food Hygiene - Basic Texts. Second Edition. Rome: Food Standards Programme. Codex Alimentarius Commission; 2001.
  • 34. 17 Disponível em HTTP: http://www.fao.org/DOCREP/005/Y1579E/Y1579E00.htm e acessado em 16 de julho de 2003. WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Statistical Information on Food-borne Disease In Europe Microbiological and Chemical Hazards. Budapest, Hungary: 25-28 – February, 2002. Pan-European Conference on Food Safety and Quality; 2002. Disponível em http: //www.fao.org/DOCREP/MEETING/004/X6865E.htm e acessado em 17 de julho de 2003.
  • 35. ARTIGO SUBMETIDO À PUBLICAÇÃO
  • 36. 18 Título Efetividade de um programa de higiene alimentar implantado em um serviço de alimentação escolar do sistema público Effectiveness of a food hygiene program in a public school food service Autores Jeanice Azevedo Aguiar, Tania Beninga Morais, Fernando Antonio Basile Colugnati, Dirce Maria Sigulem Instituição e endereço Universidade Federal de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Nutrição Rua Marselhesa, 630, Vila Clementino, São Paulo, SP. CEP 04024-002 Departamento e Instituição Laboratório de Bromatologia e Microbiologia de Alimentos - Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina Correspondência para: Profa. Dra. Tania Beninga Morais Rua Araioses, 75 – Sumarezinho - São Paulo, SP. Brasil. CEP 05442-010 Tel.: (11) 5576-4525 Fax.: 5571-1176 e-mail: tania.pnut@epm.br Artigo baseado em dissertação de mestrado com título: Efetividade de um programa de higiene alimentar implantado em um serviço de alimentação escolar do sistema público. 2003. Programa de Pós-Graduação em Nutrição - Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina Título abreviado Higiene Alimentar na Merenda Escolar
  • 37. 19 RESUMO Objetivo: Avaliar a efetividade de um programa de higiene alimentar implantado em um serviço de alimentação escolar do sistema público Métodos: Princípios gerais de higiene alimentar foram implantados num serviço de alimentação escolar. Os métodos para avaliar sua efetividade foram análises laboratoriais de alimentos e de swab de mãos, medições de tempo, temperatura e de bioluminescência de trifosfato de adenosina (ATP). Nove amostras de cada etapa de preparação “risoto de frango com legumes” foram coletadas: frango cru congelado, frango cru descongelado, frango cru lavado, frango cozido, frango desfiado, frango com molho sem cozimento, frango com molho com cozimento e risoto pronto para consumo. O exame de bioluminescência foi utilizado para avaliar a eficiência dos procedimentos de limpeza e desinfecção de superfícies e utensílios. Medições de tempo e temperatura foram realizadas nas 8 etapas de preparo. Resultados: O cozimento dos alimentos diminuiu significantemente as contagens das bactérias indicadoras. Todas as amostras da preparação avaliada atenderam aos padrões microbiológicos adotados. Não foram recuperados coliformes totais e Escherichia coli em nenhuma das amostras de swab de mãos. Os valores de tempo e temperatura foram significantemente diferentes quando comparados com os valores de referência, exceto os da temperatura de descongelamento. Todos os utensílios e superfícies apresentaram valores de ATP significantemente menores que o valor esperado. Conclusão: Níveis satisfatórios de segurança no consumo de alimentos foram atingidos em serviço de alimentação escolar do sistema público, através da profissionalização do serviço, da definição criteriosa do cardápio, da adoção de medidas de higiene alimentar, do treinamento e supervisão das merendeiras. PALAVRAS-CHAVES: alimentação escolar; higiene dos alimentos; qualidade dos alimentos
  • 38. 20 ABSTRACT Objective: To evaluate the effectiveness of a food hygiene program in a public school food service. Methods: Principles of food hygiene were implemented in the public school food service of the city of Cajamar, SP. The methods used to assess its effectiveness were laboratorial analyses of food and hand’s swabs, and measures of temperature, time and ATP bioluminescence. Nine samples of which step required to prepare the meal “chicken and vegetable risotto” were sampled: raw frozen chicken, raw thawed chicken, washed raw chicken, cooked chicken, cooked chicken torn into pieces, uncooked sauce added, cooked sauce added, and ready-to-eat meal. The bioluminescence test was used to assess the efficacy of the cleaning and desinfection procedures of surfaces and utensils. Temperature and time were recorded during the 8 steps required to prepare the meal. Results: The cooking steps significantly lowered the bacteria counts. All samples of the analyzed meal complied with the microbiological standards. No coliform bacteria or Escherichia coli were recovered from any sample of hand’s swabs. Temperature and time results were significantly different when compared to the reference values, except the thawed temperature. All surfaces and utensils had ATP values significantly lower than the reference value. Conclusion: Satisfactory food safety was reached in a public school food service through professional staff, adopting a carefully chosen menu, implementing food hygiene program, training and supervising the food handlers. KEY WORDS: school feeding; food hygiene; food quality
  • 39. 21 INTRODUÇÃO Os alimentos são essenciais para o crescimento e manutenção da vida, no entanto, podem abrigar uma grande variedade de microorganismos, os quais podem causar tanto deterioração como doenças. O conhecimento sobre segurança alimentar oferece bases para o desenvolvimento de estratégias de intervenção na produção e no consumo, com o objetivo de prevenir “doenças transmitidas por alimentos”, definidas como qualquer infecção ou intoxicação causada pelo consumo de alimentos ou água 19. Segundo levantamento de vigilância epidemiológica da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo 14, as escolas foram o segundo local mais freqüentemente implicado em surtos de doenças transmitidas por alimentos e água. No Brasil, os serviços de alimentação escolar, atendem aproximadamente 37 milhões de alunos por dia, em 200 dias letivos 5, servindo refeições à base de frutas, carnes, cereais, leite, ovos, verduras, legumes in natura e/ou processados industrialmente 4. Os alimentos são tipicamente pratos cozidos, geralmente preparados nas respectivas cozinhas das escolas. Os serviços de alimentação coletiva podem expor os alimentos à contaminação microbiana quando os princípios de higiene, limpeza e desinfecção não são seguidos, assim como, quando práticas corretas de manipulação e de processamento não são obedecidas 18. O uso de análises microbiológicas no controle de qualidade de alimentos tem diversas limitações. Para a obtenção de informações confiáveis acerca da condição microbiológica de um determinado lote de alimentos é necessária a coleta e análise de um grande número de amostras. O tempo de análise geralmente é longo e o custo, elevado. A análise do produto final não identifica em qual etapa do processamento ocorreu a contaminação, nem indica suas causas, impedindo a adoção de medidas corretivas 2, 8, 18. Neste sentido, o conceito de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle tem sido proposto pelos órgãos internacionais como aquele, cuja implantação no
  • 40. 22 processamento dos alimentos, permite um alto grau de certeza sobre sua segurança e qualidade microbiológica. Trata-se de uma abordagem racional e sistematizada de identificação, determinação e controle dos perigos, focalizando os fatores que afetam diretamente a qualidade microbiológica. Consiste na identificação dos perigos associados a qualquer estágio do processamento dos alimentos, na avaliação do risco, e na determinação dos procedimentos de controle. O sistema aplica-se a todas as etapas da cadeia de alimentos, desde a produção até o consumidor final, em estabelecimentos de alimentação coletiva e residências. Define-se perigo como uma contaminação inaceitável de natureza biológica, química ou física, e/ou a sobrevivência ou multiplicação de microrganismos que comprometam a segurança ou provoquem a deterioração do alimento. Ponto Crítico de Controle é uma operação, procedimento, prática, processo ou local, no qual uma medida de prevenção ou controle deve ser adotada para eliminar, prevenir ou minimizar um ou vários perigos 2, 18. Considerando-se que são poucos os trabalhos sobre controle de qualidade em serviços de alimentação escolar 17, foi realizado o presente estudo, com o objetivo de avaliar a efetividade de um programa de higiene alimentar implantado no serviço de alimentação escolar, em Cajamar, São Paulo. MATERIAL E MÉTODOS MATERIAL Implantação e Operacionalização do Programa de Higiene Alimentar do Serviço de Alimentação Escolar de Cajamar - SP Cajamar está localizada na Região Metropolitana de São Paulo, 40 quilômetros a oeste do município de São de Paulo, tendo 50.761 habitantes e nível sócio- econômico médio. Possui atividade econômica baseada no comércio e indústria, com arrecadação anual de R$ 57.000.000,00 7. O serviço de alimentação escolar da cidade, administrado pela Secretaria de Educação do Município, faz parte do
  • 41. 23 Programa Nacional de Alimentação Escolar, vinculado ao Ministério da Educação 5. São preparadas diariamente, cerca de 13.000 refeições em 30 cozinhas de escolas públicas da cidade, para alunos do ensino infantil, fundamental, médio, alfabetização de jovens e adultos e cursos profissionalizantes. A implantação do programa de higiene alimentar, objeto do presente estudo, iniciou-se em 1989, baseado, inicialmente, nos princípios de Boas Práticas de Fabricação 18 e foi aprimorado até o seu formato atual. Inicialmente, com a preocupação de profissionalizar o setor de alimentação escolar, foram contratados funcionários experientes em controle de qualidade de alimentos, incluindo, primeiramente, um técnico da área de vigilância sanitária, associado a um técnico da área de nutrição, seguindo com seleção de funcionários, treinamentos, uniformização, adequação e padronização dos procedimentos operacionais, melhoria na estrutura das cozinhas nas escolas, dos veículos disponíveis e substituição de supervisores de merenda escolar, leigos, por profissionais da área de nutrição. Tendo em vista as limitações inerentes às análises laboratoriais, pretendeu-se a implantação de um programa de higiene alimentar que fosse independente destas análises e que, ao mesmo tempo, controlasse os fatores chaves que afetam a segurança no consumo dos alimentos. Este programa apresentaria, como vantagens, o fato de não depender de resultados laboratoriais para a tomada de decisões e, também, de diminuir os custos. Neste sentido, o programa foi implantado baseando- se nos princípios de Higiene Alimentar, segundo o Codex Alimentarius 20 e de Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC 2, 18. O planejamento deste programa levou em consideração os vários aspectos envolvidos na operacionalização, visando à inocuidade das refeições servidas. Assim, os seguintes aspectos foram determinados: 1. Seleção de fornecedores, avaliando- se os aspectos higiênico-sanitários do local; 2. Fixação de parâmetros (cor, textura, sabor, odor) para análise sensorial da matéria prima, no recebimento e durante o armazenamento; 3. Estabelecimento de critérios de armazenamento e de distribuição dos alimentos; 4. Estabelecimento de critérios de tempo e temperatura de cozimento e, de exposição à temperatura ambiente dos alimentos; 5. Estabelecimento de
  • 42. 24 critérios para os procedimentos de higiene pessoal dos manipuladores e, de higienização do ambiente e dos alimentos; 5. Capacitação, orientação e supervisão in loco de todo o pessoal envolvido nos diferentes aspectos relacionados com o sistema. MÉTODOS 1. Princípios gerais de higiene alimentar, segundo o Codex Alimentarius 18 1.1. Controle do processamento Tem como objetivo reduzir os riscos de contaminação por agentes biológicos, físicos e químicos, com a adoção de medidas preventivas que proporcionem alimentos inócuos, através da elaboração, implementação, monitoramento e revisão de sistemas de controle relativos às matérias primas, ao modo de preparo das receitas culinárias, ao processamento e à distribuição até o consumidor final. Vale ressaltar que, muito embora a prevenção da contaminação por agentes físicos e químicos também seja contemplada, neste trabalho a ênfase esteve voltada para a prevenção de contaminação e multiplicação de agentes bacterianos. 1.1.1. Controle de matérias primas Seleção de fornecedores A avaliação dos fornecedores foi feita através de visitas, analisando-se as condições higiênico-sanitárias da empresa, antes e durante o contrato de fornecimento, com preenchimento de relatório, segundo os critérios descritos na Portaria CVS/SP 30/94 11, com pontuação de 0 a 100 pontos. Pontuações até 90 pontos foram consideradas “em conformidade” para atendimento. Abaixo de 90 pontos havia “não conformidade”, sendo o fornecedor notificado para a correção dos aspectos em desacordo. Especificações dos Alimentos
  • 43. 25 Para cada alimento foram definidas especificações, as quais deveriam ser obedecidas pelos fornecedores, como características sensoriais, tipo de embalagem e unidade por embalagem e condições de transporte até o depósito central. Em caso de não-conformidade, análises laboratoriais poderiam ser solicitadas, com ônus dos fornecedores. Recebimento e distribuição dos alimentos No momento do recebimento, no depósito central, eram anotados em formulário próprio os resultados de análise sensorial do produto e, no caso de alimentos refrigerados, a temperatura no recebimento. A seguir, os alimentos refrigerados eram acondicionados em caixas de isopor limpas e tampadas, e imediatamente distribuídos para as escolas. Cada tipo de alimento, como refrigerados, não perecíveis e in natura, era transportado em veículo específico para cada um. Alimentos não-perecíveis eram transportados quinzenalmente até as escolas em veículo separado do utilizado para os materiais de limpeza. Os alimentos perecíveis eram entregues diariamente. A temperatura dos alimentos refrigerados era conferida, pelo motorista, a cada meia hora e anotada em impresso específico para este fim. Na escola, as merendeiras verificavam o aspecto da embalagem, a cor e o odor do alimento. Em caso de “não-conformidade”, a nutricionista responsável era informada. 1.1.2. Definição do cardápio O planejamento do cardápio levou em consideração, além dos aspectos nutricionais e de aceitabilidade, que as preparações culinárias deveriam ter operações de preparo simplificadas, ou seja, com pouca ou nenhuma etapa de manipulação após o cozimento. Assim, as preparações incluídas no cardápio foram aquelas à base de arroz, macarrão, fubá, batata ou pão, enriquecidos com molho de carne bovina, suína ou de frango, acompanhados por suco de fruta natural industrializado ou leite com café ou chocolate. 1.1.3. Preparação e distribuição dos alimentos
  • 44. 26 Todas as preparações culinárias tiveram suas técnicas operacionais descritas, indicando a forma de preparo e estabelecendo critérios de segurança higiênico sanitários como, lavagem e desinfecção de mãos, utensílios, equipamentos e superfícies, tempo de cozimento sob fervura para atingir a temperatura esperada, sem comprometimento da qualidade sensorial dos alimentos. Os alimentos eram preparados por no máximo duas funcionárias em até 3 horas. Na distribuição, as merendeiras, utilizavam luvas descartáveis e escumadeiras ou conchas. 1.2. Estrutura física mínima Todas as cozinhas possuíam espaço físico de 6 a 20 m2, fogão industrial, freezer e/ou geladeira, liqüidificador industrial, bancadas em mármore ou granito e utensílios de alumínio ou de prolipropileno atóxico, sem ranhuras. 1.3. Manutenção, limpeza e desinfecção do ambiente, equipamentos e utensílios Todas as técnicas de limpeza e desinfecção foram impressas e enviadas para as cozinhas, devendo estar a disposição para consulta, sempre que necessário. Assim, definia-se que restos de alimentos deveriam ser retirados dos utensílios manualmente. A seguir, deveriam ser esfregados com esponja e detergente neutro, até retirada total dos resíduos, e enxaguados sob água corrente e potável. Em seguida, eram colocados em imersão de solução de água clorada a 200 ppm, por 15 minutos 13. A diluição da solução clorada era preparada na proporção de 15 ml de água sanitária, para cada litro de água potável. Os recipientes, monoblocos de 15 litros, eram padronizados em todas as escolas, bem como o medidor utilizado para água sanitária, com capacidade para 150 ml, com escala de 50 ml. Os utensílios de alumínio também deveriam passar pelo processo de polimento com esponja de lã de aço e pasta brilho. Todos os utensílios deveriam, após escorrimento do excesso de água, ser secos com panos de pratos limpos, utilizados apenas uma única vez. Potes de sabão e esponjas deveriam ser lavados em água corrente. Esponjas deveriam ser colocadas em imersão em solução clorada, por pelo menos 20 minutos, e escorridas. Além da limpeza diária, a limpeza profunda do
  • 45. 27 ambiente e equipamentos (pisos, azulejos, vidros, portas, prateleiras, fogão, geladeira, etc) deveria ser feita com regularidade definida. 1.4. Higiene pessoal Os funcionários eram orientados quanto ao asseio, com banho diário, uso de unhas curtas, limpas, sem esmalte ou base, com maquiagem leve, uso de desodorante inodoro ou suave, sem utilização de perfumes e não utilização de adornos (colares, pulseiras, brincos, relógios, anéis e amuletos). Uniformes, aventais tipo jaleco na cor branca, sem bolsos, para uso restrito à cozinha, eram fornecidos pelo serviço de alimentação escolar, devendo ser lavados e passados pelas merendeiras em suas respectivas residências. Rede para cabelo também era entregue as merendeiras para uso na cozinha, havendo reposição sempre que necessário. A lavagem e desinfecção das mãos foram ensinadas segundo os procedimentos exigidos pela Portaria CVS/SP n° 06/99 13, passo-a-passo, de forma prática. Para complementar, a descrição foi impressa e entregue a cada cozinha para consulta. 1.5. Treinamento e Supervisão Treinamentos diversos eram oferecidos para integração das merendeiras ao programa de controle de qualidade, adequando os procedimentos às normas estabelecidas pelo setor. Inicialmente foram trimestrais e depois semestrais. O mesmo procedimento ocorria em caso de novas admissões. Como primeira etapa, foram ministrados treinamentos teórico-práticos, com temas relacionados a higiene pessoal, dos alimentos e do ambiente, noções de nutrição, armazenamento de material, controle de desperdícios e relações humanas. Após 3 meses, em uma segunda etapa, os temas sobre higiene, armazenamento de material e controle de desperdícios foram enfatizados, para o mesmo grupo de funcionárias. Treinamentos eram aplicados preferencialmente antes do início das aulas em fevereiro e em julho ou, sempre que necessário.
  • 46. 28 A supervisão nas cozinhas das escolas, era realizada por três técnicas em nutrição, com visitas programadas e alternadas entre manhã, tarde e noite, verificando, corrigindo e comparando as informações com os dados da visita anterior. As inspeções ocorriam sistematicamente, resultando em até cinco visitas em cada escola por mês, com duração de aproximadamente três horas. 2. Princípios do Sistema APPCC 18 No sentido de se buscar uma preparação, cujas etapas de processamento apresentassem, potencialmente, os maiores riscos de contaminação, escolheu-se, dentro do cardápio oferecido, o prato “risoto de frango com legumes”, que apresenta diversas etapas de manipulação. Havendo alguma falha no processamento, isto poderia ser evidenciado nesta preparação. Para o preparo do “risoto de frango com legumes”, após o descongelamento sob refrigeração, o frango era lavado, tinha a pele retirada, era temperado com tempero pronto industrializado (sal, alho e cebola) e cozido. Quando morno, era desfiado e acrescido ao caldo de cozimento com salsa e tomate picados, extrato de tomate e legumes cozidos à vapor, havendo a segunda cocção. Enquanto isso, o arroz era lavado, temperado com tempero pronto e cozido. Ao final, o molho e o arroz já cozidos eram misturados com auxílio de concha e escumadeira para formar o risoto de frango com legumes. 2.1. Identificação dos perigos e implantação dos pontos críticos de controle Para cada preparação culinária constante do cardápio foi feita a identificação dos perigos e a implantação dos pontos críticos de controle. É importante ressaltar que isto foi feito utilizando-se a formulação teórica do APPCC, baseando-se nos conhecimentos atuais já acumulados neste sentido, sem a utilização de nenhuma análise laboratorial 2, 8, 18. 2.1.1 Presença de perigos na matéria prima Perigos
  • 47. 29 a. falta de integridade das embalagens b. contaminação externa das embalagens c. exposição a temperaturas superiores a 10° C d. frango cru inicialmente contaminado e. temperos inicialmente contaminados f. arroz cru inicialmente contaminado Pontos críticos de controle a. seleção de fornecedores b. transporte em condições adequadas (temperatura, integridade das embalagens) c. recebimento dos alimentos conforme especificações d. descongelamento do frango sob refrigeração e. redução da carga bacteriana do frango através da retirada da pele e da lavagem da peça em água corrente f. lavagem e desinfecção da salsa e tomate g. lavagem do arroz 2.1.2. Ocorrência de perigos associados ao processo de preparo Perigos a. contaminação cruzada por superfície de contato b. contaminação por manipuladores c. tempo de exposição à temperatura ambiente d. tempo de cocção inferior ao estabelecido Pontos críticos de controle a. utilização de utensílios, superfícies e embalagens previamente limpos e desinfetados b. lavagem e desinfecção de mãos dos manipuladores c. controle do tempo de exposição à temperatura ambiente
  • 48. 30 d. cocção dos alimentos utilizados na preparação, segundo o tempo e a temperatura estabelecidos 2.2. Estabelecimento dos limites para cada ponto crítico de controle 8, 13 Frango a. Temperatura de recebimento no depósito: 6°C b. Tempo de exposição do frango em temperatura ambiente, após o recebimento do frango congelado ou resfriado: 10 minutos c. Tempo de transporte do depósito até a escola em caixa de isopor: 2 horas d. Temperatura de descongelamento: 10°C e. Tempo de descongelamento: 1080 minutos (18 horas) f. Tempo máximo de exposição em temperatura ambiente: 30 minutos g. Aquecimento do frango até o ponto de ebulição (medida indireta da temperatura mínima de cocção): 74°C h. Tempo de cocção: 15 minutos após início da fervura com ou sem pressão Salsa e tomate a. Diluição da água sanitária em água potável para desinfecção: 2,5% b. Tempo de imersão para desinfecção: 15 a 20 minutos Utensílios a. Limpos, sem resíduos e com brilho, no caso de utensílios de alumínio b. Desinfecção em solução de clorada por no mínimo 15 a 20 minutos Mãos a. Limpas e desinfetadas, segundo os procedimentos descritos. O Quadro 1, descreve a seqüência das etapas realizadas durante o processo de preparação do “risoto de frango com legumes”, com identificação de cada perigo. O primeiro perigo identificado foi a qualidade microbiológica das matérias primas. As etapas seguintes como a seleção dos alimentos, a lavagem, a adição de tempero e
  • 49. 31 água, a transferência de um recipiente para outro, o contato dos alimentos com superfícies e a manipulação dos alimentos pelas merendeiras apresentavam riscos potenciais de contaminação, bem como a exposição dos alimentos à temperatura inadequada poderia ocasionar a multiplicação de bactérias. 2.3. Estabelecimento dos procedimentos de monitoramento Aquisição, Recebimento, Armazenagem e Distribuição a. Seleção de fornecedores b. Registro de validade e temperatura de alimentos refrigerados c. Registro dos aspectos sensoriais do alimento recebido d. Aferição da temperatura do frango durante a distribuição e. Registro do horário de saída para entrega as escolas e retorno ao depósito Supervisão a. Limpas e desinfetadas, segundo os procedimentos descritos. b. Registro de observação visual das condições de higiene, produção e armazenagem dos alimentos nas cozinhas, com pontuação de 0 a 100, com periodicidade semanal. c. Aferição da temperatura da preparação após cocção d. Aferição do tempo de espera entre término do preparo e início da distribuição aos alunos e. Aferição da temperatura no início da distribuição f. Aferição da temperatura ao término da distribuição (máximo de 15 minutos) 2.4. Estabelecimento dos procedimentos de ações corretivas a. Limpas e desinfetadas, segundo os procedimentos descritos. b. Orientação descritiva aos fornecedores, em relatório de visita c. Devolução de produtos em “não conformidade” com notificação aos fornecedores d. Orientação descritiva às merendeiras, em relatório de supervisão e. Orientação descritiva aos demais funcionários, em livro de ocorrência
  • 50. 32 2.5. Estabelecimento dos procedimentos de registro Formulários a. Especificação para compras de alimentos b. Limpas e desinfetadas, segundo os procedimentos descritos. c. Relatório de visita a fornecedores d. Recebimento de mercadoria e. Controle de temperatura na distribuição f. Receituário padrão g. Escala das visitas às cozinhas das escolas h. Relatório de supervisão escolar Registros descritivos a. Especificação para compras de alimentos b. Termo de devolução de alimentos em “não conformidade” c. Atas de treinamentos realizados d. Ações corretivas 2.6. Estabelecimento dos procedimentos de verificação Mensalmente todos os procedimentos eram acompanhados por nutricionista in loco. A análise dos registros era realizada diariamente. No caso de “não conformidade”, as orientações necessárias eram feitas por escrito. 3. Avaliação da Efetividade do Programa de Higiene Alimentar Como métodos para avaliar a efetividade do programa de higiene alimentar foram realizadas análises laboratoriais dos alimentos e de swab de mãos, medições de tempo, temperatura e de bioluminescência de trifosfato de adenosina – ATP. Foi feita a determinação da escolaridade de todas as 74 merendeiras do serviço, através do exame da ficha cadastral. A investigação foi realizada em três escolas do
  • 51. 33 Município, havendo três visitas intercaladas em cada escola, totalizando 9 acompanhamentos. 3.1. Coleta dos alimentos Foram coletadas, assepticamente, 9 amostras de cada etapa de preparação: frango cru congelado (I), frango cru descongelado (II), frango cru lavado (III), frango cozido (IV), frango desfiado (V), frango com molho antes do cozimento (VI), frango com molho depois do cozimento (VII) e do risoto pronto para consumo (VIII). As amostras, coletadas em sacos plásticos esterilizados, foram mantidas sob refrigeração e transportadas até o laboratório em caixas de isopor tampadas, contendo gel térmico congelado. 3.2. Coleta de swab das mãos Foi realizado esfregaço com zaragatoa esterilizada, embebida em solução salina, aplicada nas unhas e dedos da merendeira que iria desfiar o frango. Em seguida, a zaragatoa foi colocada em tubo de ensaio com solução salina peptonada esterilizada e tampado, permanecendo sob refrigeração até o momento da análise. 3.3. Análises microbiológicas O processamento das amostras foi realizado com técnicas assépticas em capela de fluxo laminar. As análises realizadas nos alimentos e swab de mãos foram as contagens dos seguintes microrganismos indicadores: bactérias mesófilas facultativas aeróbias, coliformes totais e Escherichia coli 1. 3.4. Padrões microbiológicos Os resultados microbiológicos da preparação “risoto de frango com legumes” foram comparados com os padrões microbiológicos definidos para alimentos prontos para consumo. Assim para coliformes totais adotou-se o padrão da ANVISA 9, que permite no máximo 300 unidades formadoras de colônias (UFC)/g; para Escherichia coli, foi utilizado o padrão do Código Sanitário do Estado de São Paulo 12, que determina ausência desta bactéria. Os resultados das contagens de bactérias
  • 52. 34 mesófilas facultativas aeróbias foram comparados ao padrão proposto por Mossell 10, de no máximo 1.000 UFC/g. 3.5. Medição da temperatura As temperaturas foram medidas no centro geométrico dos alimentos utilizando termômetro tipo baioneta, digital, portátil com capacidade para medir de – 50°C à 150°C e precisão de 0,1°C. As temperaturas de geladeiras ou freezers também foram medidas. As temperaturas esperadas 13, para o frango, nas diferentes etapas, foram: etapa I: 6°C; etapa II: 10°C; etapa III: 21°C; etapa IV: 74oC; etapa V: 55°C; etapa VI: 21°C; etapa VII: 74°C e etapa VIII: 65°C. 3.6. Medição do tempo Para contagem do tempo foi utilizado cronômetro digital, portátil, com capacidade para aferir horas e minutos tanto progressiva como regressivamente. Medidas foram realizadas nas diversas etapas, desde o momento da recepção do frango no depósito central até a distribuição do risoto pronto, ao aluno. Os tempos esperados, em cada etapa de preparação, foram: etapa I 13: 30 minutos; etapa II 8: 1080; etapa III 13: 30 minutos; etapa IV 13: 15 minutos; etapa V 13: 30 minutos; etapa VI 13: 30 minutos; etapa VII 13: 15 minutos; etapa VIII: 30 minutos 13. 3.7. Avaliação da limpeza e desinfecção dos utensílios Utilizou-se a técnica de bioluminescência de trifosfato de adenosina – ATP 16 com utilização de um luminômetro Lightning™ (IDEXX Inc.). Neste sistema, a quantidade de resíduos biológicos (de alimentos, bem como microrganismos) presentes na superfície analisada, é quantificada medindo-se o ATP contido na amostra. O mecanismo de ação envolve o complexo luciferina/luciferase, o qual, reagindo com ATP, emite luz, medida através do luminômetro. A luz emitida é proporcional à quantidade de ATP presente no resíduo biológico da amostra. Os resultados são imediatos e apresentados em zonas, variando de 0 – 7,5. A escala é logarítmica de base 10. As superfícies satisfatoriamente limpas, deveriam registrar valores abaixo de 2,5. Os valores entre 2,6 e 3,0, seriam considerados de alerta, e os
  • 53. 35 valores acima de 3,0, evidenciariam inadequação dos procedimentos de lavagem e desinfecção. A coleta do material biológico foi feita por meio de esfregaço com zaragatoa estéril e descartável, própria para uso no luminômetro, contendo os reagentes necessários para a análise, extraindo-se o ATP contido na amostra. Os esfregaços foram feitos em quadrados de 10 cm por 10 cm, aproximadamente. A aplicação desta técnica foi realizada nos seguintes utensílios e superfícies: placas de prolipropileno, facas, caçarolas, tampas de latas de extrato de tomate, embalagens de legumes e extrato de tomate, abridores de lata, escorredores de arroz, bacias plásticas e escumadeiras. 3.8. Análise estatística Na análise estatística foi utilizado o programa Stata Statistical Software 7.0 (Stata Corporation, 2001). Para comparar as contagens de bactérias indicadoras, entre as etapas da preparação, foi utilizada a análise de variância por postos de Friedman, complementada pelo teste de comparações múltiplas de “Student- Newman-Keuls” (SNK), quando a diferença foi significante. Os resultados do tempo em minutos, temperatura em graus centígrados e zonas de limpeza, foram expressos em média, valores mínimos e máximos. Aplicou-se o teste t de Student univariado, testando-se a hipótese de nulidade, ou seja, se a diferença entre as médias dos valores medidos e os valores únicos esperados para cada etapa era igual a zero. O nível de significância foi p < 0,05, assinalando-se com um asterisco as diferenças estatisticamente significantes. RESULTADOS A tabela 1 apresenta as medianas e percentis 25 e 75 das contagens das bactérias indicadoras, mesófilas aeróbias facultativas, coliformes totais e Escherichia coli, nas 8 etapas de preparação do “risoto de frango com legumes”. As medianas das contagens destas bactérias aumentaram durante a etapa de descongelamento e diminuíram após a lavagem do frango; estes resultados, porém, não apresentaram significância estatística. Já a etapa de cozimento diminuiu significantemente as
  • 54. 36 medianas das contagens. O procedimento de desfiamento aumentou significantemente a contagem de bactérias mesófilas, mas não as contagens de coliformes totais e Escherichia coli. A adição de molho ao frango desfiado aumentou as contagens de mesófilas e de coliformes totais; estes aumentos, no entanto, foram sem significância estatística. O cozimento do frango com molho diminuiu significantemente as contagens de mesófilas e de coliformes totais. A adição de arroz e legumes ao frango com molho não aumentou significantemente estas contagens. Não foram recuperados coliformes totais e Escherichia coli em nenhuma das 9 amostras de swab de mãos. A mediana das contagens de bactérias mesófilas, nestas amostras, foi de 34 UFC/swab (P25= 34 UFC/swab; P75= 126 UFC/swab). Todas as 9 amostras da preparação “risoto de frango com legumes”, pronto para consumo, atenderam aos padrões microbiológicos adotados. Na tabela 2, estão apresentadas as médias das medidas de tempo e de temperatura, bem como os respectivos valores mínimos e máximos. Os valores observados foram significantemente diferentes quando comparados aos valores esperados, exceto quanto à temperatura de descongelamento, cuja média foi maior que o valor esperado. Como pode ser visto na tabela 3, em relação à avaliação da limpeza, todos os utensílios e embalagens apresentaram valores médios significantemente menores que o valor esperado. Quanto à escolaridade, 70% das merendeiras tinham até quatro anos de estudo, 25% tinham o ensino fundamental completo e apenas 5%, o ensino médio completo. DISCUSSÃO Bactérias mesófilas, coliformes e Escherichia coli são microrganismos denominados indicadores, de grande utilidade na determinação da qualidade microbiológica de alimentos, uma vez que apresentam características ecológicas semelhantes às dos microrganismos patogênicos, mas cuja análise laboratorial é mais rápida, fácil, segura e de baixo custo. A presença de indicadores, em certo número, sugere que os alimentos estiveram expostos a condições que permitiriam, também, a presença de microrganismos patogênicos, revelando, portanto, o risco potencial da presença desses agentes. Os indicadores são utilizados, também, para
  • 55. 37 verificar se foram eficazes os tratamentos destinados a assegurar a inocuidade de um produto alimentício. Os resultados laboratoriais mostraram que os fatores - chaves de controle foram efetivos. Assim, as temperaturas de cozimento, maiores que o valor recomendado, aparentemente reduziram a carga bacteriana a níveis não detectáveis, sem comprometer o aspecto sensorial. Do mesmo modo, a temperatura dos alimentos no momento da distribuição foi superior ao valor mínimo recomendado. O tempo de permanência dos alimentos à temperatura ambiente foi sempre inferior ao máximo recomendado, o que não permitiria a multiplicação de eventuais formas esporuladas sobreviventes ao cozimento. Os resultados relativos aos utensílios e às mãos demonstraram a efetividade dos procedimentos de limpeza e desinfecção. Ressalte- se que os resultados do presente estudo foram obtidos com investimentos relativamente modestos em infra-estrutura, como veículo exclusivo para transporte, área física com bancadas, paredes e pisos adequados e equipamentos e utensílios em boas condições de uso, e com o planejamento racional do cardápio. Em um estudo realizado na Argentina 17, em uma cozinha de merenda escolar centralizada, as médias de contagens de bactérias mesófilas dos alimentos cozidos prontos para consumo e alguns dos utensílios utilizados na preparação foram de cerca de 1.000 UFC/g. Neste mesmo estudo, as temperaturas de distribuição dos alimentos (média de 80oC) e os resultados das análises de mãos foram similares aos encontrados no presente estudo. O sucesso da implantação de um sistema de segurança dos alimentos está na dependência da estrita aplicação e observância das normas técnicas pelos manipuladores. No entanto, é bastante conhecida a baixa escolaridade e pouca qualificação profissional das pessoas que trabalham em serviços de alimentação 20, sendo que os serviços de alimentação escolar não fogem à regra. A estrutura destes serviços, no geral, é pouco profissionalizada, com mão-de-obra desqualificada, de baixa produtividade e sem conhecimento sobre higiene e manipulação correta de alimentos. Neste estudo, a maioria das merendeiras (70%) tinham até 4 anos de estudo, o que confirma a baixa escolaridade deste tipo de profissional. O processo seletivo para a admissão no serviço incluía uma avaliação da capacidade de leitura e
  • 56. 38 escrita e de fazer operações aritméticas simples. Resultado similar (58%) foi observado por Silva C. 23 em escolas públicas da cidade de São Paulo. O analfabetismo e a baixa escolaridade dos manipuladores de alimentos podem impedi-los de entender ou ler qualquer orientação profissional. Associado a isto, a pouca motivação, observada freqüentemente neste tipo de funcionário, devido à baixa remuneração e ao baixo status social deste tipo de trabalho, e à estabilidade no emprego, no caso de servidores públicos, resultam em grandes dificuldades para os profissionais responsáveis pelo gerenciamento de serviços de alimentação. Estas características devem ser levadas em consideração quando da aplicação de treinamentos específicos e periódicos, considerados indispensáveis para melhorar a segurança de programas de higiene alimentar e para aumentar a motivação. No entanto, levantamento realizado pelo governo federal 6, em todos os estados brasileiros, mostrou que mais da metade das merendeiras das escolas pesquisadas nunca haviam feito treinamento específico para o desempenho de suas funções. Naquelas escolas onde foram feitos treinamentos, em apenas 27% o profissional responsável pelos treinamentos tinha qualificação técnica para fazê-los. Deve-se ressaltar que o treinamento, apesar de indispensável, tem efeito temporário. Assim, em um trabalho realizado com lactaristas, demonstrou-se que, após 6 e 18 meses de um treinamento específico, a qualidade microbiológica das formulações lácteas diminuiu 3. Deste modo, treinamentos periódicos e supervisão contínua devem ser feitos simultaneamente, para assegurar a aplicação e a observância das normas técnicas que aumentam a segurança no consumo de alimentos. Outros fatores que contribuíram para os resultados do presente trabalho foram a profissionalização do serviço de alimentação escolar, fato pouco comum nesta área 6, o apoio político à ações de gerenciamento e a continuidade administrativa. O presente estudo demonstrou que é possível atingir níveis satisfatórios de segurança alimentar em serviços de alimentação escolar do sistema público, mesmo em um município com relativamente poucos recursos, através da profissionalização do serviço, da definição criteriosa do cardápio, da adoção de medidas de higiene alimentar e do treinamento e supervisão das merendeiras.
  • 57. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. American Public Health Association (APHA). Compendium for the Microbiology Examination of Foods. 3 RD. Washington (EUA): APHA; 1992. 2. Bryan FL. Hazard Analysis Critical Control Point Evaluations: guide to identifying hazards and assessing risks associated with food preparation and storage. Geneva: World Health Organization; 1992. 3. Carvalho MLR. Treinamento de recursos humanos de lactários: Avaliação de sua eficácia no controle higiênico-sanitário de formulações lácteas. São Paulo, 2002 [Tese de Doutorado]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo – Programa de Pós Graduação em Nutrição; 2002. 4. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Alimentos Considerados Básicos para Fins do PNAE. Disponível em URL: http://www.fnde.gov.br/programas/pnae/download/. [2003 Jun 25]. 5. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Merenda Escolar. Disponível em URL: http://www.fnde.gov.br/programas/pnae/index.html. [2003 Jun 25]. 6. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Avaliação do Impacto Distributivo e Elaboração de Sistemática de Monitoramento do PNAE. 04 Jun 2002. Disponível em URL: http://www.fnde.gov.br/apresentacoes. [2003 Jun 25]. 7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cidades@. Disponível em URL: http://www1.ibge.gov.br/cidadesat/default.php. [2003 Jun 27]. 8. International Commission on Microbiological Specifications for Foods (ICMSF) - Comissão Internacional para Especificações Microbiológicas dos Alimentos.
  • 58. 40 APPCC na qualidade e segurança microbiológica de alimentos. São Paulo: Livraria Varela; 1997. 9. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001. Dispõe Regulamento Técnico sobre Padrões Microbiológicos para Alimentos. Disponível em URL: http://www.anvisa.gov.br/legis. [2003 Jun 25]. 10.Mossel DAA, Garcia BM. Microbiologia de los Alimentos – Fundamentos ecológicos para garantizar y comproba la inocuidad y la calidad de los alimentos. Zaragoza: Editorial Acríbia; 1982. 11.Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Centro de Vigilância Sanitária (CVS). Portaria CVS-30/94 – 31/01/94: Ficha de Inspeção de Estabelecimentos na Área de Alimentos. Diário Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, 01 de fevereiro de 1994. Caderno 1: p34-39. 12.Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Código Sanitário do Estado de São Paulo: Lei n° 10.083, de 23 de setembro de 1998 – Decreto n° 12.342, de 27 de setembro de 1978 (Regulamento da promoção, preservação e recuperação da saúde no campo de competência da Secretaria da Saúde) – Normas técnicas e legislação complementar. 3ª Edição – ampliada e atualizada. São Paulo (Brasil): Edições Profissionais; 2000. 13.Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Centro de Vigilância Sanitária (CVS). Portaria CVS-6/99 – 10/03/99: Aprova o regulamento técnico para o controle higiênico-sanitário em estabelecimentos de alimentos e institui obrigatoriedade de responsabilidade técnica. Diário Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, 13 de março de 1999, Seção I, p24. Disponível em URL: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/download. [2003 Jun 27]. 14.Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). Surtos de Doenças Transmitidas por Água e Alimentos. Disponível em URL: ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/hidrica/Surtos. [2003 Jun 25].
  • 59. 41 15.Silva C. Avaliação das condições higiênico-sanitárias da Merenda Escolar. São Paulo, 2002 [Tese de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2002. 16. Stanley PE. A review of bioluminescent ATP techniques in rapid microbiology. J Biolumin Chemilumin 1989;1:375-380. 17. Tessi MA et al. Microbiological Quality and Safety of Ready-To-Eat Cooked Foods from a Centralized School Kitchen in Argentina. J Food Prot 2002; 65(4): 636–42. 18. World Health Organization. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Food Quality and Standards Service Food and Nutrition Division. Food Quality and Safety Systems - A Training Manual on Food Hygiene and the Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) System. Rome: Publishing Management Group, FAO Information Division; 1998. Disponível em URL: http://www.fao.org/docrep/W8088E/W8088E00.htm. [2003 Jun 24]. 19. Word Health Organization. Basic Food Safety for Health Worker. Geneva: 1999. Disponível em URL: http://www.int/fsf/Documents/BasicFoodSafetyforHealthWorker. [2003 Jun 24]. 20. World Health Organization. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Joint FAO/WHO. Food Hygiene - Basic Texts. Second Edition. Rome: Food Standards Programme. Codex Alimentarius Commission; 2001. Disponível em URL: http://www.fao.org/DOCREP/005/Y1579E/Y1579E00.HTM. [2003 Jun 24].
  • 60. 42 QUADRO 1. Fluxograma da análise de perigos da preparação de risoto de frango com legumes. Operação Perigos Operação Perigos Operação Perigos ARROZ MOLHO DE TOMATE FRANGO Seleção de grãos seleção dos tomates/salsa Descongelamento Lavagem em água potável e escorrimento lavagem em água potável e desinfecção dos tomates/salsa retirada da pele e lavagem em água potável Adição de tempero pronto corte dos tomates/salsa adição de tempero pronto adição de água aguarda cocção Cocção cocção abertura de embalagens de extrato de tomate e seleta de legumes Resfriamento Aguarda mistura ao molho adição dos ingredientes ao molho de cozimento do frango Desfiamento e adição ao molho de cozimento Cocção mistura do molho de frango com legumes com arroz Distribuição Legenda de Figuras 2 Contaminação na origem do produto Contaminação por superfície de contato (equipamentos e utensílios) Contaminação por manipuladores Multiplicação de bactérias e fungos Sobrevivência dos contaminantes Destruição de células vegetativas e possíveis sobrevivência de esporos
  • 61. 43 TABELA 1. Contagens de bactérias mesófilas, coliformes totais e Escherichia coli, nas etapas da preparação de risoto de frango com legumes. Etapa Mesófilas Coliformes totais Escherichia coli Medianas de UFC/g (P25 – P75) I 38.200 (15.600 - 117.000) 820 (400 - 1.340) 120 (65 - 540) II 85.000 (32.400 - 102.000) 1.000 (662 - 4.300) 250 (160 - 805) III 10.800 (5.500 - 19.100) 235 (212 - 682) 71 (17 - 135) IV 0 (0 - 0) 0 (0 - 0) 0 (0 - 0) V 140 (10 - 510) 0 (0 - 15 ) 0 (0 - 0) VI 225 (103 - 744) 10 (0 - 43) 0 (0 - 0) VII 0 (0 - 0) 0 (0 - 0) 0 (0 - 0) VIII 0 (0 - 0) 0 (0 - 0) 0 (0 - 0) Teste de Friedman P < 0,001 P < 0,001 P < 0,001 TESTE DE COMPARAÇÕES MÚLTIPLAS Etapa Mesófilas Col. totais Escherichia coli P  0,05 II X I Não Não Não III X II Não Não Não IV X III Sim Sim Sim V X IV Sim Não Não VI X V Não Não Não VII X VI Sim Não Não VIII X VII Não Não Não LEGENDA Etapa Procedimento I Frango cru congelado (recepção) II Frango cru (após descongelamento) III Frango cru (após lavagem) IV Frango cozido V Frango desfiado VI Frango com Molho (antes do cozimento) VII Frango com Molho (após cozimento) VIII Risoto (pronto para consumo)
  • 62. 44 TABELA 2. Médias, valores mínimos, máximos e esperados de tempo e temperatura, de etapas da preparação de risoto de frango com legumes. Etapa Tempo (minutos) Temperatura (°C) Média (Mín. - Máx.) V. E. Teste "t" Média (Mín. – Máx.) V. E. Teste "t" I 10,1 (5 – 16)  30  0,001 - 3,72 (-9,0 / -0,5 )  6  0,001 II 902,2 (480 – 1440)  1080  0,001 10,8 (1,3 / 15,0)  10 0,068 III 13,6 (9 – 20)  30  0,001 16 (13,4 / 17,3)  21  0,001 IV 25,7 (19 – 35)  15  0,001 98 (96,9 / 98,8)  74  0,001 V 13,7 (7 – 20)  30  0,001 54,8 (42,3 / 65,2)  55 0,544 VI 0 (0 – 0)  30 – 50,6 (41,3 / 60,1)  21  0,001 VII 22,7 (18 – 28)  15  0,001 96,7 (95,0 / 98,5)  74  0,001 VIII 11 (7 – 15)  30  0,001 76,8 (62,0 / 84,6)  65 0,675
  • 63. 45 TABELA 3. Zonas de limpeza de utensílios e embalagens nas etapas da preparação de risoto de frango com legumes. SUPERFÍCIES Zonas de limpeza Mediana (P 25 - P75) V. E. Teste "t" Altileno 1,8 (1,8 – 2,5) 2,5 0,014 Faca de corte 1,1 (1,0 – 1,2) 2,5  0,001 Caçarola 1,4 (0,3 – 2,5) 2,5  0,001 Tampa da lata 1,1 (1,0 – 1,2) 2,5  0,001 Embalagem 1,3 (1,2 – 1,6) 2,5  0,001 Abridor de latas 1 (1,0 – 1,1) 2,5  0,001 Escorredor do frango 1,9 (1,6 – 2,0) 2,5  0,001 Bacia 1,5 (0,3 – 4,9) 2,5  0,001 Escumadeira 1,2 (1,1 – 1,3) 2,5  0,001