1. FATEBRA
FACULDADE TEOLÓGICA DO
BRASIL
“Entidade Educacional Com Jurisdição
Nacional”
ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL
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APOSTILA – 30
ESTUDOS SOBRE SOCIEDADE
TOTAL – 67 - PAGINAS
11 - ASSUNTOS!
ESTUDO SOBRE SOCIEDADE
A Bíblia fala sobre a família
A igreja e a política dos evangélicos no século 21
A palavra que sara
A Pílula do Homem: Uma Perspectiva Pastoral
A política à luz da Bíblia
A violência sob a ótica pastoral
Aborto: Os dois pontos cruciais
Aos meus irmãos em Cristo que militam na política
De quem necessita nossa pátria?
Jesus E A Mulher Samaritana: Repensando Velhos Conceitos
O Mito do Sexo Seguro
Negritude e Cristianismo
O Ensino de Calvino Sobre a Responsabilidade Social Da Igreja
Santo Sexo
Terapia das lembranças
Visão: enxergar além da maioria
A BÍBLIA FALA SOBRE A FAMÍLIA
ESTUDO SOBRE SOCIEDADE
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A família é a primeira sociedade natural, tipo e princípio de todas as outras
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2. sociedades. O baiano Ruy Barbosa explicou: "a pátria é a família
amplificada", e a Igreja, diz a Bíblia Sagrada, é a família de Deus. Assim,
quem destruir a família destrói a sociedade e o próprio ser humano. Os
inimigos da família são conseqüência de uma concepção naturalística,
materialista, mesmo, da vida: por isso, tantas separações, crianças
abandonadas, filhos desobedientes. Não há motivos nobres orientando: a
irreligião domina, o ceticismo, o secularismo porque os princípios espirituais
e morais estão sendo destruídos, a religião é pressionada, não nasce do
coração, é mecânica, ritual, mas não vivida e sentida. Não diz a Escritura
que "o que perturba a sua casa herdará o vento", e que "toda mulher sábia
edifica a sua casa; a insensata, porém, derruba com as suas mãos”?
CRISES DO MUNDO MODERNO
Crise de autoridade e disciplina. O mundo sofre de uma crise de autoridade
e disciplina que tem sua raiz na mesma situação porque passa a família. As
causas são diversas: Conflito de Gerações, ou seja, conflito entre adultos e
jovens, pais e filhos, uma forma de pensamento e outra, uma ideologia e
outra. Isso não é novidade! 2Samuel 15 narra como Absalão se tornou
rebelde contra o pai, e como questionou sua autoridade e subverteu a
ordem reinante. Era um líder nato, conquistou muitos adeptos, e planejou
derrubar o próprio pai do trono. Seu fim foi trágico, e é narrado em
2Samuel 18. 9, 14, 15.
Há alguns anos, na China, 25 milhões de jovens, os chamados "Guardas
Vermelhos", foram contra tudo o que representava herança das gerações
anteriores. Houve destruição, quebra-quebra, mortes; eram iconoclastas
com respeito ao passado e à tradição. De quando em vez, ressurgem
manisfestações do antigo chamado movimento hippie. Os verdadeiros
hippies eram jovens das classes média e alta norte-americanas que
renegaram o estilo de vida de seus pais, e adotaram uma postura
desleixada, desinibida, e, mesmo, anti-higiênica. O objetivo era chocar pelo
contraste. Adotaram o lema "Faça o amor, não faça a guerra"; saudavam-se
e aos outros com a expressão "Paz e Amor!" Afirmando amar a todos,
havia muita permissividade, sexo livre e irresponsável, drogas, tóxicos,
vícios. Alguém disse com muita propriedade que "hippie era alguém que
amava todo mundo, menos os pais".
Uma segunda causa são as Mudanças no Ambiente Social. É a necessidade
da mãe trabalhar fora (e por vezes não há outra escolha). Com isso, há
pouca (ou nenhuma) oportunidade de encontro da família: pais, tanto ricos
quanto pobres, vão ao trabalho e deixam as crianças entregues a elas
mesmas ou a outras pessoas, algumas absolutamente sem formação, para
cuidar das crianças ou à babá eletrônica, a TV, eficiente geradora de
violência, reclamando a seguir que os filhos estão agressivos e rebeldes.
Uma professora contou sobre um resultado típico de uma greve de
professores sobre crianças urbanas. Durante os trinta dias de duração da
greve, as crianças foram deixadas em casa porque os pais tinham que sair.
Foram, então, aprisionadas nas quatro paredes do apartamento e entregues
a elas mesmas. Quando voltaram à escola, um garoto da terceira série
bateu em outro. Levado à Orientadora Educacional, não soube explicar
porque batera no colega?!
Temos em casa um grande modelador da vontade e do caráter: a TV! A
propaganda por ela veiculada modela o nosso querer: cria a necessidade de
coisas de que não precisamos, nivela nossa maneira de pensar, o que é
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3. bom e o que não presta são igualmente espalhados, e, inúmeras vezes, o
que não presta até com mais ênfase; a moral é questionada. E tudo isso
mexe com a família, com o relacionamento marido/mulher, filhos/pais, com
o lar, enfim.
O mundo é uma grande competição, e muita gente não se importa de pisar
outras para subir na vida, nem de se vender. Um moço conversava conosco
no Gabinete Pastoral sobre emprego. Disse ele que quando chegava ao local
anunciado no jornal, já havia doze a quinze pessoas. Disse-nos que, quando
falava sobre a sua pretensão salarial, outro era escolhido porque pedira
menos. O vestibular para as universidades é uma tremenda competição
havendo, em certos casos, vinte e sete, trinta candidatos para uma vaga!
Crise de autoridade e disciplina, quando se discute a autoridade dos pais,
onde se defende o sexo livre, onde há violência em todos os sentidos, onde
se experimenta o vazio e a solidão, onde há desejo de ter em vez do anseio
por ser.
Há famílias que em nome da democracia se tornaram uma perfeita
anarquia: todos mandam e ninguém obedece, não há uma cabeça
pensante. No propósito de Deus, a família é uma sociedade bem ordenada.
O pai é o chefe natural tanto do subsistema conjugal (marido e mulher),
quanto do subsistema fraternal (filhos). É conferir Colossenses 3.18,20
"Vós, mulheres, sede submissas a vossos maridos, como convém no
Senhor.... Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais; porque isto é
agradável ao Senhor." O espírito de família baseado no respeito e confiança
desaparece: os pais discutem com os filhos, e toleram sua falta de respeito
e zombaria até; espetáculos de intimidade conjugal são testemunhados
aviltando a dignidade e o decoro!
Há quem fale em conflito de gerações. Ora, sempre tem havido e sempre
haverá, uma brecha entre as gerações. É preciso que exista; o que não
pode é ser aumentada e abusada. O conflito de gerações não é coisa de
hoje. Num túmulo egípcio de 6.000 anos atrás (c. 4000 a.C.) foi
encontrado:
"Vivemos numa era decadente. Os jovens já não respeitam seus pais. São
grosseiros e impacientes. Passam o tempo nas tabernas e não possuem
qualquer domínio sobre si mesmos".
E a revista Newsweek (de nossos dias, portanto): "Este não é um tempo
fácil para se ser pai ou mãe". A história de Davi e Absalão é na Bíblia um
registro desse conflito de gerações. Absalão, amado pelo pai, foi um moço
cheio de frustrações. Belo rapaz, rebelou-se contra o pai, e fugiu de casa.
Comandou uma insurreição contra Davi, que deu uma ordem aos seus
oficiais. Morto, foi pranteado pelo pai.
Crise, revolução, rebelião, revolta, desespero , desconfiança, ceticismo,
falta de fé, revolução em todos os quadrantes do mundo e também dentro
de casa.
Crise de Identidade e Mudança de Valores. A família contemporânea tem
sido abalada pela falta de identidade de alguns de seus membros,. Refiro-me
à distinção entre os sexos: a homem sem acanhamento de ser homem;
mulher sem pedir desculpas por ser mulher. Referimo-nos a homem com
modos apropriados, vestes adequadas, comportamento de homem; refiro-me
a mulher com maneiras perfeitas, gestos femininos e conduta de
mulher. Sem mistura e sem unissex.
A família de hoje tem sofrido de mudança de valores: o que é mau está
travestido de bom, e o bom, considerado fora de moda. As drogas têm se
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4. tornado uma questão de segurança nacional em todo o mundo. Dizem as
estatísticas que de cada oito americanos, um é viciado em drogas. Até há
poucos anos no Irã, havia uma taxa de cinco mil suicídios/ano por causa
das drogas. sexo livre e irresponsável. Não é coisa nova.. Nossa cultura
está saturada de sexo como bem o demonstra os títulos de alguns filmes. A
experiência sexual antes do casamento e a permissividade têm virado
normalidade e rotina nas novelas de TV e na vida das famílias. O
homossexualismo tem sido aceito por segmentos da família brasileira sem
restrições. Aliás, é chamado de "preferência ou opção sexual"(?!). O
número especial de Ultimato sobre "A Questão Gay" (abril de 1987) traz um
comentário sobre um documento publicado pelo Grupo Gay da Bahia. É
documento dirigido aos crentes em Jesus Cristo, e tem o título O que todo
crente deve saber sobre o homossexualismo apresentando um sem número
de aberrações de hermenêutica bíblica. Por exemplo: "Não há na Bíblia
nenhuma só vez a palavra homossexual nem homossexualidade". É
verdade, mas aparecem as palavras impuros, efeminados e sodomitas.. "A
prática homossexual foi proibida porque é uma relação não reprodutiva". A
resposta é muito elucidativa. O homossexualismo é chamado de "amor
inocente", mas a resposta se encontra em Romanos 1. 26, 27 onde a
prática homossexual é chamada de torpe e depravada. O problema destes
dias é condenar a conseqüência e não a fonte: condena-se a AIDS, mas não
o homossexualismo, e nessa base estão as campanhas dos nossos governos
pelos jornais, revistas, outdoors e TV. Lembremos que condenamos o
pecado, mas amamos o pecador, por isso temos que estender-lhe a
mensagem de purificação, de mudanças, de salvação em Jesus Cristo.
Não é novidade a subversão de valores. Isaías, o profeta, há 2.700 anos
denunciava a subversão de seus dias:
"Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que põem as trevas por
luz, e a luz por trevas, e o amargo por doce, e o doce por amargo!"
"O vosso país está assolado; as vossas cidades abrasadas pelo fogo; a
vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença, e está devastada,
como por uma pilhagem de estrangeiros."
Todos falam da crise moral e espiritual que tenta dominar nosso país; a
ética sofre de anemia porque Deus e Sua Palavra não são prioridade para
nosso povo. A lei de Deus tem sido ignorada, e, no entanto, a Escritura diz
que Deus é o Senhor das nações:
"Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão diante de ti, Senhor, e
glorificarão o teu nome."
"Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações".
Na sociedade de hoje, parece que o bem virou mal e o mal se tornou
correto; vive-se a cobiça do dinheiro, do luxo desenfreado; vive-se a
desumanização da personalidade por uma época dirigida pela máquina.
Crise de fé. A irreligião, quando não a anti-religião, é vivida: leviandade
quanto à fé, coração vazio de nobreza e fé, frivolidade no lar, falta de vida
na família, falha de pais que não vivem o que pregam. Talvez resultado de
um tempo quando a máquina substitui o músculo, e, até, o cérebro. Talvez
porque seja in descrer do espiritual e crer na tecnologia. Há o caso da fé
mal-dirigida. Aliás, na Antigüidade, famílias inteiras mal-dirigiam sua
atitude de fé:
"Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres
amassam a farinha para fazerem bolos à rainha do céu, e oferecem libações
a outros deuses, a fim de me provocarem à ira".
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5. Não parece o quadro das procissões marítimas, ebós e semelhantes?
É tempo de orar pela família; é tempo de orar por essa falta de autoridade e
disciplina; é tempo de orar pela falta de identidade, mudança de valores e
suas conseqüências; é tempo de orar pela falta de fé.
AJUDANDO A FAMÍLIA
Ajudando os pais. Espera-se que os pais cristãos sejam pessoas que amem
a Palavra de Deus e a repassem aos filhos. A Bíblia pontua a disciplina, e
com a Bíblia os pais cristãos hão de vencer a crise de autoridade e
disciplina. A Bíblia ensina que é preciso firmeza e que o "sim" há de ser
"SIM", e o "não" há de ser "NÃO". A crise de mudança de valores será
vencida quando os pais derem tempo e mais de si aos filhos. Um adesivo no
vidro de um carro dizia: "Você já abraçou seu filho hoje?"
Compreendendo os filhos. Paulo diz em Efésios 6.4 e Colossenses 3.21:
"não provoqueis à ira vossos filhos" e "não irriteis a vossos filhos". Na
verdade, colhemos o que plantamos: se plantamos amor e compreensão,
colheremos compreensão e amor. Há um ministério em escutar: de escutar
os filhos. Há um ministério de comunicar: o modo como se fala com os
filhos diz se eles são aceitos, se criticados, rejeitados ou amados. Há um
ministério no disciplinar: disciplina adequada, equilibrada, apropriada,
graduada, disciplina com amor. Há um ministério no respeitar: o respeito
pelas opiniões e decisões dos filhos porque podem ser diferentes das suas,
respeito pelos seus direitos pessoais, a sua privacidade.
Amar os filhos. Por isso passar-lhe o ensino da lealdade, da honestidade, do
respeito, do amor, das coisas do Espírito, da confiança em Deus. Tudo em
nome do amor:
"coisas que temos ouvido e sabido, e que nossos pais nos têm contado. Não
os encobriremos aos seus filhos, cantaremos às gerações vindouras os
louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que tem feito,
a fim de que pusessem em Deus a sua esperança, e não se esquecessem
das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos";
Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer
não se desviará dele".
Pais necessitam possuir um alicerce moral e espiritual sobre o qual apoiem
suas vidas e que possa suportar a prova do tempo, que seja eterno. Isso
em nome do amor, e assim os filhos se identifiquem com os pais de modo
que aceitem e incorporem os seus valores. Assim foi com Abraão:
"Visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e
por meio dele serão benditas todas as nações da terra? Porque eu o tenho
escolhido, a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele,
para que guardem o caminho do Senhor, para praticarem retidão e justiça;
a fim de que o Senhor faça vir sobre Abraão o que a respeito dele tem
falado".
Ajudando os filhos. Que linda oração no Salmo 144, 12,15:
"Sejam os nossos filhos, na sua mocidade,
como plantas bem desenvolvidas
e as nossas filhas como pedras angulares lavradas,
como as de um palácio.
Bem-aventurado o povo a quem assim sucede!
Bem-aventurado o povo cujo Deus é o Senhor",
Porque a Bíblia vê os filhos como bênção de Deus. Por isso, há um enorme
privilégio e maior dever, ainda, em serem os filhos bênçãos, luzes,
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6. esperança para seus lares e famílias, e, por extensão, para sua nação, a
"família amplificada". Assim:
"Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensino de tua mãe";
"Um filho sábio alegra a seu pai; mas um filho insensato é a tristeza de sua
mãe" ;
"O que aflige a seu pai, e faz fugir a sua mãe, é filho que envergonha e
desonra."
Essa ajuda se manifesta pela orientação a vencer a crise de identidade pela
construção do auto-conceito, pelo orgulho de ser homem ou de se mulher
com as características próprias de seu sexo, pelo assumir a identidade como
crente em Jesus Cristo.
A vencer a crise de fé ensinando-os a orar com regularidade, honestidade e
perseverança, despertando, assim, a sua sensibilidade espiritual.
Estabelecendo alvos nos quais esqueçam o passado (como Paulo ensinou,
"esquecendo-me das coisas que para trás ficam..."), e prossigam adiante.
Filhos abençoados... No Antigo Testamento, a submissão aos pais é o
segredo da bênção:
"Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com
promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra".
Afinal, receber uma herança é receber bênçãos, e a Bíblia diz que os filhos
são herança de Deus. A oração do Salmo 144.12:
"Sejam os nossos filhos, na sua mocidade, como plantas bem
desenvolvidas, e as nossas filhas como pedras angulares lavradas, como as
de um palácio",
está na linha da ordem de Deus a Abraão em Gênesis 12.2b : "Tu, sê uma
bênção". Filhos que promovam bênçãos nesse mundo de barulho, violência
e frustração, mundo, porém, que herdaram das gerações que os
antecederam.
O segredo do sucesso e crescimento da família cristã é o próprio Senhor
Jesus Cristo. Em Efésios 5 e 6, Jesus Cristo é o filtro em cada
relacionamento no lar: entre a esposa e o marido, o marido e sua mulher,
entre os filhos e os pais, entre os pais e os filhos, entre os empregados e os
patrões, e entre os patrões e os empregados. Família unida é a que
desenvolveu o senso de comunhão: a que ama a Deus, a que ama a Sua
Palavra, a que ama a seus membros individualmente. Mesmo a Bíblia fala
de pais vivendo na compreensão, no amor, na amizade dos filhos, e de
filhos se pautando e retornando essa compreensão, amor e comunhão:
"E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a
seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição" .
Pedro apóstolo fala da "estrela d'alva ", estrela da manhã, que é Jesus,
nascendo em nosso coração:
"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar
atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia
amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações",
e diz Malaquias 4.2:
"Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça,
trazendo curas nas suas asas; e vós saireis e saltareis como bezerros da
estrebaria." .
Não há alternativa: é Jesus primeiro, pois "buscai primeiro o seu reino e a
sua justiça, e todas estas coisas vos serào acrescentadas". Esse é o segredo
do viver cristão individual e da vida cristã na família. Trevas não afastam
trevas, mas a luz, sim: ódio não espanta ódio, mas o amor, sim, a fonte,
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7. porém, da luz, do amor, o caminho da vida é Cristo Jesus, o Filho de Deus,
nosso Salvador.
Se for o caso, que haja refeitura do ambiente familiar. A família não se
compra feita, ela se constrói: uma casa você adquire, mas um lar é
construído a custa de sacrifício, trabalho, sofrimento, até. Que haja
dignidade da pessoa humana. A criança tem dignidade, pois Cristo disse:
"Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o
reino dos céus",
e João registrou, "Eu vos escrevi, meninos, porque conheceis o Pai".
O adolescente e o jovem têm dignidade:
"Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o Maligno. Eu vos escrevi,
jovens porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e já
vencestes o Maligno" .
O adulto tem dignidade:
"Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que é desde o princípio".
"Eu vos escreví, pais, porque conheceis aquele que é desde o princípio".
O idoso tem suprema dignidade:
"Os vossos anciões terão sonhos"
Há que inspirar a fé. O crente em Jesus Cristo entende que a fé é para a
família inteira, razão porque o policial de Filipos ouviu: "Crê e serás salvo,
tu e a tua casa", e se o amor é o fundamento do casamento e da
conseqüente família, dois outros elementos teológicos não podem ser
afastados: paz e segurança. O amor traz o senso de serviço o prestar
atendimento, a fé faz o amor se enraizar em Deus, e a esperança baseia-se
na fé porque é crer nos bens e bênçãos familiares que possuímos em
semente; é crer que o outro pode chegar à plenitude como ser humano e
cristão e trabalhar para isso em amor.
Nossa oração é que possamos afirmar como Josué o fez, "eu e a minha
casa serviremos ao Senhor" . Com Cristo, a família será ajudada, instruída:
"Congrega o povo, homens, mulheres e pequeninos, e os estrangeiros que
estão dentro das vossas portas, para que ouçam e aprendam, e temam ao
Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta
lei; e que seus filhos que não a souberem ouçam, e aprendam a temer ao
Senhor vosso Deus",
e nós chegaremos a conhecer a glória do Senhor:
"Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória
do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem,
como pelo Espírito do Senhor".
A IGREJA E A POLÍTICA DOS EVANGÉLICOS NO SÉCULO 21
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Um dos mais respeitáveis teólogos da atualidade, fundador da Fraternidade
Teológica Latino-Americana, Samuel Escobar, considera que "o mundo de
amanhã não precisa de latino-americanos que aspirem por viver na
comodidade e no luxo (...), mas de latino-americanos que convençam seus
parceiros norte-americanos e europeus de que se pode viver com
simplicidade e alegria, com os meios estritamente necessários para realizar
7
8. a obra, e um senso de satisfação que vem da fidelidade ao chamado de
Deus".
No alvorecer dos século 21, os evangélicos latino-americanos reconhecem
que é impossível ao homem do futuro viver a experiência da graça
salvadora de Deus, sem recuperar a visão bíblica do ser humano como ser
social, cuja transformação é vivida no contexto de sua própria comunidade.
É na igreja que se vive as dimensões do pessoal e do comunitário da
salvação.
Ao contrário do século 20, que se construiu voltado para o imediato da vida,
o desgaste das grandes correntes político-ideológicas coloca o homem do
século 21 diante de uma perspectiva que muitos acreditavam morta: a
vivência da espiritualidade como opção válida para a construção de uma
humanidade solidária.
Estamos presenciando em toda a América Latina a redescoberta da
realidade da vida espiritual e da dimensão religiosa. Nesse sentido, tanto a
tecnologia como a formação intelectual deixam de ser dimensões
antagônicas à fé, para ocupar o lugar que sempre lhes pertenceu, de
ferramentas imprescindíveis ao conhecimento humano.
É verdade, que a redescoberta da dimensão espiritual do homem nos leva a
dois problemas que devem ser condenados claramente. De um lado,
existem aqueles que se aproveitam da crescente fome espiritual da
humanidade para acumular riquezas e poder. E por outro, é um erro olhar a
Europa e os Estados Unidos como sociedades cristãs, que através de suas
políticas expandem o cristianismo no mundo. O que não é verdade. A
Europa e os Estados Unidos traduzem a triste realidade de culturas pós-cristãs
e suas políticas nacionais pouquíssimas vezes traduzem a ética e a
fraternidade propostas pelo Cristo.
Esses dois alertas são fundamentais, pois mostram que a redescoberta da
espiritualidade pelo homem pós-moderno não está isenta de problemas. De
todas as maneiras, é bom lembrar que dos 5,5 bilhões de habitantes do
mundo, um terço nomeia-se cristão e que a cada dia 70 mil pessoas adotam
o cristianismo como fé e religião.
Por isso, a partir de uma releitura de Sulla teologia del mondo, de Johann
Baptist Metz, 1968, sugerimos a formulação de uma práxis política
evangélica que deve, estrategicamente, partir de duas tarefas: uma
negativa e outra positiva.
1. A pars destruens consiste em realizar a crítica da tendência da teologia à
privatização. O iluminismo rompeu a unidade entre existência religiosa e
existência social, e o marxismo definiu a religião como superestrutura
ideológica de determinada práxis social e de determinadas relações de
poder. Assim, o iluminismo e o marxismo definiram a impossibilidade do
sagrado no mundo e a teologia acabou por refugiar-se na esfera do privado:
"Ela [...] privatizou esta mensagem em seu núcleo essencial e reduziu a
práxis da fé à decisão amundana do indivíduo. Essa teologia procurou
resolver o problema surgido com o Iluminismo, eliminando-o. Para a
consciência religiosa, determinada por essa teologia, a realidade social e
política tem apenas uma existência efêmera. As categorias que essa
teologia utiliza para explicar a mensagem [cristã] são predominantemente
categorias do íntimo, do privado, do apolítico" [J. B. Metz, Sulla teologia del
mondo, 1968, p. 106].
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9. 2. A pars construens consiste em desenvolver as implicações sociais da
mensagem cristã. Não se trata de eliminar o problema levantado pelo
iluminismo e pelo marxismo - como o fazem a metafísica e a teologia
existencial --, mas em responder teologicamente aos desafios, assumindo a
tarefa de desenvolver uma nova relação entre teoria e prática. A teologia
pode e deve fazê-lo, pois as promessas escatológicas da tradição bíblica, de
liberdade, de paz, de justiça e de reconciliação, não constituem um
horizonte vazio na expectativa cristã, mas têm uma dimensão política, que
é preciso fazer valer na sua função crítica do processo histórico-social.
"A salvação a que se refere a esperança da fé cristã não é uma salvação
privada. A proclamação desta salvação empurrou Jesus para um conflito
mortal com os poderes políticos de seu tempo. Sua cruz não está no
privatissimum da esfera indivíduo/pessoa, e muito menos no sanctissimum
da esfera puramente religiosa. Ela está além do umbral da reservada esfera
privada ou da protegida esfera puramente religiosa. Ela está 'fora', como
formula a teologia da Carta aos Hebreus. O véu do templo foi
definitivamente rasgado. O escândalo e a promessa desta salvação são
públicos" [Id., ibid., p. 110].
Assim, na elaboração de uma teologia política evangélica, à igreja cabe a
tarefa de proclamar o evangelho da salvação, exercendo função crítica
diante da sociedade. A igreja pode e deve assumir essa tarefa, apesar dos
muitos erros que cometeu. Esta tarefa deve ser exercida na defesa do
indivíduo, de sua pessoalidade -- que não podem ser vistos simplesmente
como material e meio para a construção do futuro tecnológico -- e na
mobilização do poder crítico do amor que está no centro da tradição cristã.
A função crítica da igreja frente à sociedade produzirá sempre repercussões
na própria igreja: promoverá uma nova consciência no interior da igreja e
criará uma transformação das relações da igreja com a sociedade.
A PALAVRA QUE SARA
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Daí graças ao Senhor, porque Ele é bom; porque a sua benignidade dura
para sempre; pois ele satisfaz a alma sedenta, e enche de bens a alma
faminta. Tirou-os das trevas e da sombra da morte, e quebrou-lhes as
prisões. Enviou a sua palavra, e os sarou, e os livrou da destruição. Quem é
sábio observe essas coisas, e considere atentamente as benignidades do
Senhor." ( Sl 107. 1,9,14,20,43 )
Seja na área das ciências biológicas ou das ciências humanas; seja na
Teologia ou na Medicina, para bem conduzir o rumo das coisas, torna-se
necessária uma compreensão da natureza humana. É evidente que a
antropologia contemporânea reserva-se o direito de guardar traços??? das
culturas passadas. No entanto, como divergiam essas culturas! ...
Sumérios, Caldeus, Assírios e Babilônios, ou seja, os povos mesopotâmicos,
viam a natureza humana como algo essencialmente inferior. Marduque, seu
deus principal, reinava sobre pequenos deuses que podiam favorecer ou
complicar miseravelmente a vida dos pobres seres humanos. Havia um
fatalismo nessas culturas mesopotâmicas que era desumanizador a todas
dominando.
9
10. Os gregos olhavam o ser humano com otimismo. No portal do oráculo de
Delfos, havia uma inscrição que dizia "Conhece-te a ti mesmo", expressão
que, na verdade, queria dizer o seguinte: "Você é apenas um ser humano,
um mero homem, nada mais que isso. Você precisa se conhecer". Harold
Ellens enfatiza que esse é excelente lembrete para terapeutas, psicólogos,
psiquiatras e médicos cristãos, para quem trabalha com o ser humano na
mente, no espírito ou no corpo de um modo geral, pois, se enfrentarmos
com honestidade e com o coração aberto nossas próprias realidades, já
estaremos no meio da jornada para lidar com ela construtiva e
positivamente.
Mas uma coisa é ser simplesmente humano, como queria o Oráculo de
Delfos; outra é ser compassivamente humano. E o conceito grego do ser
humano evoluiu dessa ansiedade original e humilhante, para a segurança
do humanismo de Sócrates. Para os gregos, ser humano era, acima de
tudo, ser o palco de uma tremenda luta entre a mente e a carne, entre a
psychê e a sarx que deveria ser submetida ao domínio do espírito.
E os hebreus? Que disseram sobre isso? O conceito do ser humano entre os
hebreus é muito simples. Simples, porém majestosamente monumental,
porque tinham uma visão unitária da pessoa humana, quer dizer, não há
divisão do homem em corpo, alma e espírito. O ser humano é um todo; a
visão hebréia do ser humano é circular, sistêmica. O ser humano é
cooperador de Deus num mundo que é de Deus, razão porque não há
separação entre o secular e o sagrado. E, realmente, o sacerdote entre os
hebreus era o homem de religião a quem se recorria, até, em assuntos de
saúde. Em Levítico, livro de regulamentos rituais, culturais, civis e
religiosos, encontramos : "Quando o homem tiver na pele da sua carne
inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, e esta se tornar na sua pele
como praga de lepra, então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um dos
seus filhos, os sacerdotes"
(Lv 13.2 ) e daí em diante, vem toda uma prescrição sobre esse assunto.
Isso aconteceu há quase 4.000 anos.
Mas essas antropologias persistem hoje ainda nas mentes de homens e
mulheres da Medicina e da Teologia, e moldam a nossa vida, e nossa visão
do ser humano como paciente, ou aquele a quem ministramos na igreja.
UM TOQUE HUMANO
A Bíblia Sagrada apresenta um conceito de "ser pessoa" iluminado e
modificado pelo pensamento divino. Sem esse conceito, torna-se muito
difícil cultivar o caráter relacional do ser humano. Diz Gênesis 1.26, 27 que
o ser humano foi criado à imagem moral e semelhança espiritual do Ser
Divino. E essa é a diferença estabelecida entre os peixes do mar, as aves do
céu, os répteis, e os animais ditos inferiores. Por natureza, pertencemos a
essa ordem, pois somos marcados pelos mesmos elementos naturais: sais
minerais, proteínas, ácidos, elementos físicos e substâncias químicas, e, por
isso, nos identificamos substancialmente com esses animais que devemos
subjugar (segundo a ordem do Criador), e, mesmo, com o solo do qual, em
sua linguagem metáforica e gráfica, fomos retirados. Uma filigrana
lingüística é que, em hebraico, "ser humano", "humanidade" se diz adam;
"barro, argila, solo" é adamah (forma feminina de adam), jogo de palavras
que seria como se disséssemos "do humus foi o homem tirado".
Pois bem, esse ser humano feito à imagem de Deus (o apóstolo Paulo diz
que "poemas de Deus somos nós", Ef 2. 10), tem uma vocação que
determina o seu caráter, e uma posição diante do Criador: é administrador,
10
11. gerente, fiel depositário do patrimônio divino na Terra (Sl 24.1; Gn 1. 26,
28; 2.15). É sua vocação, é nossa vocação!
Esse ser humano, que a Escritura chama adam, foi criado macho e fêmea,
varão e varoa, homem e mulher com suas peculiaridades, e
particularidades, e idiossincrasias, e funções próprias, diferenças próprias,
das quais dá conta e busca resolver os problemas a própria Medicina em
suas especialidades
Há diferenças na ordem natural entre o homem e a mulher: a sexualidade,
e é por isso que logo depois da Escritura Sagrada dizer que Deus criou o
adam (o ser humano, a humanidade), diz que essa humanidade foi criada
de duas maneiras: ish e ishah. E esse ish e essa ishah, esse homem e essa
mulher são atraídos um pelo outro pelo amor hormonal, visceral, biológico
que os gregos chamam de eros. Boa palavra para designar a atração
sexual, e que só pode ser de um homem por uma mulher, ou de uma
mulher por um homem; nunca (e a Bíblia a isso chama de "perversão") de
um homem por um homem, de uma mulher por outra mulher, de adulto por
criança, ou de um ser humano por um animal.
Por outro lado, esses dois seres (ish e ishah) têm outra qualidade que é a
complementariedade. São diferentes em sexualidade, em funcionalidade,
não em competição, mas complementam-se o homem e a mulher, o ish e a
ishah da história bíblica para que, unindo-se os dois, forme-se o adam, e o
ser humano físico, emocional e espiritual seja restabelecido.
Apesar de diferentes, são iguais em ordem natural e destino sobrenatural,
têm idêntica vocação e idêntica satisfação: complementam-se tanto que
homem e mulher se procuram e aceitam-se como a parte que falta no
outro.
O ser humano não é, como quer o pensamento materialista, apenas matéria
em movimento. Ou como disse Emerson, "um ser em ruínas", ou Jonathan
Swift, autor das Aventuras de Gulliver, "o homem é a espécie de verme
mais perniciosa e degradante que a natureza jamais permitiu que rastejasse
na face da terra", ou, ainda, Martin Heidegger, o filósofo alemão: "um-ser-para-
a-morte, cuja marcha final é o Nada, onde não se reconhece Deus,
onde não se reconhece descanso, nem salvação. Nada. Nada".
Rollo May salienta que as características do homem moderno são o senso
de vazio, tremendo vazio dentro de si; a solidão, imensa solidão tão escura
quanto a noite; e essa ansiedade que machuca, corrói as entranhas do
coração. E não é revelador que a Bíblia tem para cada uma destas
características respostas diretas? Diretas e eternas? Por exemplo: para o
sentimento de vazio do ser humano, encontramos nas Sagradas Letras esta
palavra de São Paulo que diz "Nele [ em Cristo] habita corporalmente toda
a plenitude da divindade, e tendes a vossa plenitude nele, que é a cabeça
de todo principado e potestade" (Cl 2.9,10; cf. Jo 1.16; Ef 3.17-19).
Encontramos, ainda, na Escritura que, com respeito ao problema tão sério
da solidão, a Bíblia diz: "Deus faz que o solitário viva em família" (Sl 68.
6a). E no que toca à ansiedade, quem toma a palavra é São Pedro ao dizer
"Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu
tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele
tem cuidado de vós" (1Pe 5. 6,7; cf. Sl 37.5; 55.22; Mt 6.25, 26).
O CUIDADO
Durante muito tempo, o cuidado de pessoas ansiosas e desesperadas era
considerado responsabilidade dos homens da religião. E, na verdade, uma
"abordagem clínica" em países do Primeiro Mundo inclui a presença de um
11
12. capelão preparado, não só em Psicologia Pastoral , mas, também, com
estágio supervisionado em hospitais, clínicas e casas de saúde. E a idéia
básica é a restauração do bem-estar físico pelo médico, e da plenitude do
ser pela reconstrução psicoterapêutica da personalidade. Isso quer dizer
que médicos e pastores são agentes da esperança. O pastor precisa ter uma
visão clínica daquele que sofre ou convalesce; mas o médico precisa ter
uma visão pastoral do seu paciente. Quantos problemas de ordem
psicossomática em vez de um placebo, poderiam ter recebido o cuidado
pastoral, a atenção espiritual, o aconselhamento, a confissão e o perdão! E
é nessa linha que Tiago vai escrever: "Está aflito alguém entre nós? Ore...
Está doente algum do vós? Chame os anciões [os pastores] da igreja, e
estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo [era um tratamento, uma terapia
da época] em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o
Senhor o levantará; e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados".
E ele continua "Confessai, portanto os vossos pecados uns aos outros, e
orai uns pelos outros, para serdes curados" (Tg 5.13a, 14-16). Vejam se
não há aqui todo um somatismo de problemas interiores, mentais,
emocionais, jogados para fora do corpo! Sem dúvida, como já foi dito, a
Medicina estava ligada ao sacerdócio:
" Quando um homem tiver na pele da sua carne inchação, ou pústula, ou
mancha lustrosa, e esta se tornar na sua pele como praga de lepra, então
será levado a Arão o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes, e o
sacerdote examinará a praga na pele da carne. Se o pelo na praga se tiver
tornado branco, e a praga parecer mais profunda que a pele, é praga de
lepra; o sacerdote, verificando isto, o declarará imundo. Mas, se a mancha
lustrosa na sua pele for branca, e não parecer mais profunda que a pele, e
o pelo não se tiver tornado branco, o sacerdote encerrará por sete dias
aquele que tem a praga. Ao sétimo dia o sacerdote o examinará; se a
praga, na sua opinião, tiver parado e não se tiver estendido na pele, o
sacerdote o encerrará por outros sete dias. Ao sétimo dia o sacerdote o
examinará outra vez: se a praga tiver escurecido, não se estendido na pele,
o sacerdote o declarará limpo; é uma pústula. O homem lavará as suas
vestes, e será limpo" (Lv 13.2-6; cf. Lv 12.6,7)
. E até mesmo a genética era regulada pelos sacerdotes. Vejam que
curiosidade da Palavra de Deus, isso há quanto tempo antes de Cristo foi
escrito?!
"Nenhum de vós se chegará àquela que lhe é próxima por sangue, para
descobrir a sua nudez. Eu sou o Senhor. A nudez de tua irmã por parte de
pai ou por parte de mãe, quer nascida em casa ou fora de casa, não a
descobrirás. Nem tampouco descobrirás a nudez da filha de teu filho, ou da
filha de tua filha; porque é tua nudez. A nudez da filha da mulher de teu
pai, gerada de teu pai, a qual é tua irmã, não a descobrirás. Não
descobrirás a nudez da irmã de teu pai; ela é parenta chegada de teu pai.
Não descobrirás a nudez da irmã de tua mãe, pois ela é parenta chegada de
tua mãe" (Lv 18.6, 9, 10-13).
"Descobrir a nudez" é um eufemismo semitico para designar relações
sexuais. Toda essa regulação visava a evitar problemas na geração de
filhos. Sim, e havia, até, normas especiais (numa era précientifica?!) Para
prevenção de doenças infecto-contagiosas conforme podemos ler no livro de
Números, capítulo 5. É impressionante que quase há 4.000 anos o hebreu
no deserto, na caminhada do Egito para Canaã, fosse instruído na Palavra
de Deus a fazer uma coisa que parece medicina sanitária dos dias de hoje?!
12
13. "Entre os teus utensílios terás uma pá [e aqui a explicação: todo hebreu,
homem ou mulher tinha que ter uma pequena pá consigo] e quando te
assentares lá fora [fora do acampamento num lugar reservado, cf. Dt
23.12], então com ela cavarás e, virando-te, cobrirás o teu excremento" (Dt
23. 12, 13; cf. Nm 5.2, 3; 19.11, 16). Isso é medicina sanitária há 4.000
anos?!
O tema do sofrimento ou da enfermidade é sempre abordado com receio,
com escrúpulos ou com respeito. Mas são problemas tocados de perto seja
por quem lida com a enfermidade mental, ou com a espiritual. O homem é
um todo: o corpo influi no espírito, o espírito influi no corpo. Daí essas
enfermidades psicossomáticas a que nos referimos.
Mas a doença é uma revelação. Revelação de nossa finitude, de nossa
fragilidade, de nossa condição de ser vivo. É revelação de um mistério que
abrigamos dentro de nós: o mistério da dor. Há aliás, na Bíblia, todo um
livro sobre a dor física e existencial de um homem, que é o Livro de Jó. E é
desse livro e desse homem que tiramos estas expressões:
"Por que não morri ao nascer? Por que não expirei ao vir à luz? Por que me
receberam os joelhos? E por que os seios, para que eu mamasse? Pois
agora estaria deitado e quieto: teria dormido e estaria em repouso, ou,
como aborto oculto, eu não teria existido, como as crianças que nunca
viram a luz. Não tenho repouso, nem sossego, nem descanso; mas vem a
perturbação" (Jó 3.11-13, 16, 26),
porque Jó estava falando dessa dor tão grande que sentia no seu corpo. Há
uma descrição da sua enfermidade que diz:
"Os meus parentes se afastam, e os meus conhecidos se esquecem de mim.
Os meus domésticos e as minhas servas me têm por estranho; vim a ser
um estrangeiro aos seus olhos. Chamo ao meu criado, e ele não me
responde; tenho que suplicar-lhe com a minha boca. O meu hálito é
intolerável à minha mulher; sou repugnante aos filhos de minha mãe. Até
os pequeninos me desprezam; quando me levanto, falam contra mim.
Todos os meus amigos íntimos me abominan, e até os que eu amava se
tornaram contra mim. Os meus ossos se apegam à minha pele e à minha
carne, e só escapei com a pele dos meus dentes" (Jó 19.14-20).
Mas é, também, um livro sobre a fé, porque no final, depois de falar de
sofrimento, ele fala de fé, e diz: "Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas
agora te vêem os meus olhos" (Jó 42.5). Essa é a razão porque, junto ao
que sofre, temos que pensar no Cristo crucificado, no Cristo do Calvário, no
Cristo de Quem foi dito setecentos anos antes que viesse ao mundo:
"Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e
experimentado nos sofrimentos; e como um de quem os homens escondiam
o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente
ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas
dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele
foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas
suas pisaduras fomos sarados" (Is 53.3-5).
SHALOM = SAÚDE TOTAL
O problema é olhar o paciente, e vê-lo só como um corpo doente, um corpo
sofrido, e não lembrar o seu espírito talvez mais doente que o seu corpo. É
evidente que o paciente não é um eletrodoméstico que vai à oficina de
reparos, não é um objeto. É uma pessoa que, atingida por uma disfunção
do corpo ou da mente, muda seu comportamento, e, até mesmo, sua vida
13
14. de si própria, de seu presente ou de seu futuro. Ele se desequilibra, ele se
atormenta, tem sérias crises de comunicação consigo próprio, com o mundo
que o cerca, porque ele não tem liberdade, está fora do lar. Tem conflitos
de comunicação com a família, com as práticas religiosas, com Deus, até.
Na verdade, o que buscamos para o enfermo, para o hospitalizado, é aquilo
que os profetas do povo de Israel apregoavam: o shalom, a paz integral, a
integridade, a inteireza, a plenitude, a restauração, o bem-estar total.
Platão, nos seus Diálogos deixou claro:
"Assim como você não deveria tentar curar... a cabeça sem o corpo, da
mesma forma não deveria tentar curar o corpo sem curar a alma... porque
uma parte nunca pode estar bem a menos que o todo esteja bem... Por
isso, se quiser que a cabeça e o corpo estejam bem, você deve começar
cuidando a alma."
E nessa linha, Carl Jung, Erich Fromm, Viktor Frankl, Rollo May, e outros
tantos sustentam que problemas religiosos devem ser vistos como sintomas
de problemas psicológicos mais profundos. Há problemas psicológicos
enraizados na patologia espiritual. O Pastor Dr. Wayne Oates, professor de
Psicologia Pastoral no Seminário Batista de Louisville, nos EUA, escreveu,
entre as mais de quarenta obras que assinou, uma muito interessante
intitulada, Quando a Religião Fica Doente (When Religions Gets Sick), onde
aborda essas manifestações patológicas, enfermiças de expressão religiosa.
Talvez possamos, até, em certos casos parodiar e dizer "Quando o Doente
Fica Religioso", tão doente que agora se apega aos céus, produto dessa
ansiedade incontida, e maior que o espírito, o coração e a fé de quem a
manifesta. Mas a única maneira construtiva de lidar com essa ansiedade
existencial é uma vida religiosa autêntica que torne possível a imagem de
Deus dentro da pessoa.
O renovado interesse pela saúde e cura totais por parte das igrejas
evangélicas tem raízes na herança bíblica. Porque Jesus é chamado "O
Grande Médico", porque Jesus é chamado "Médico dos médicos" desde os
primeiros dias da era cristã. E o pastor é um profissional da escuta, é o
profissional do ouvido-amigo, o conselheiro. Por essa razão, temos que ver
alguns princípios para a saúde total, a saúde do corpo e do espírito:
Saúde é mais que a ausência de doença: é a presença de "bem-estar de
alto nível". É o shalom bíblico, a integridade da pessoa humana. E bem-estar
de alto nível é inteireza, é plenitude em várias dimensões que são
interdependentes da pessoa: a dimensão física, a dimensão psicológica, a
dimensão interpessoal, a dimensão ambiental, a dimensão institucional e a
dimensão espiritual. "Deus criou o corpo humano com capacidade para se
recuperar de uma doença: é um processo lento, natural, que obedece ao
plano de Deus". Deus está nesse processo efetuando a cura: pastores não
fazem milagres. Mas Deus em sua soberania faz milagres através da força
total interior de cada indivíduo, força física e não-física. Enquanto o médico
examina, diagnostica, e prescreve o tratamento, o pastor tem a
responsabilidade de liberar essas energias para ajudar o paciente a se
recuperar. O médico facilita a recuperação dando ajuda ao corpo do
paciente, mas o pastor a facilita ajudando esse paciente a dispor dos
poderes do espírito. Daí a energia total no processo da recuperação.
A PALAVRA QUE SARA
Não é fácil, não pode ser fácil estar enfermo, porque isso significa grandes
perdas. O paciente perde espaço: seu mundo se reduz a um quarto; sua
mobilidade é exígua, ao máximo vai ao corredor, e quantas vezes com toda
14
15. uma parafernália de tubos e drenos. Ele perde o controle sobre os que
invadem seu espaço. Perde o controle do tempo. Perde o controle do
próprio corpo. Perde o contato com outras pessoas, e tem, por essa razão,
crises de solidão, crises de isolamento, e de desamparo. E esse é o motivo
porque as igrejas buscam ministrar, servir, atender espiritualmente a esses
solitários, isolados e desamparados. É o que o Corpo de Psicólogos e
Psiquiatras Cristãos (CPPC) chama de "Vocação Terapêutica da Igreja."
Ministrar e servir ao enfermo, e à família do enfermo, e dizer-lhe que "Deus
é o nosso refúgio e fortaleza, e socorro bem presente na angústia; aquietai-vos,
e sabei que eu sou Deus" (Sl 46. 10a) e também "O Senhor o
sustentará no leito da enfermidade; tu lhe amaciarás a cama na sua
doença" ( Sl 41.3; cf. Sl 3.5; 4.8).
O Dr. Flamínio Fávero, professor emérito da Faculdade de medicina da USP,
e evangélico, em seu trabalho Humanização da Medicina, publicado na obra
coletiva A Palavra que Sara que dá o título a este trabalho, lembra que a
Medicina visa ao homem, lembra que o médico é objeto de amor e de ódio,
e cita uma trova vinda da Escola Médica de Salerno, na Itália:
"Tem três faces o médico.
É julgado anjo, demo ou suprema divindade!
Anjo, se acode, logo que é chamado
E forte, enfrenta a dura enfermidade!
Se o doente melhora, tão amado
Não é o próprio Deus na Eternidade!
Mas, quando a conta manda do trabalho,
Nem mesmo Satanás é tão bandalho."
E ensina que "a verdadeira medicina não tem pátria, não tem inimigos, não
tem prevenções raciais, religiosas e outras que sejam, porque ela deve ser,
como o evangelho, manifestação e reflexo da sua fonte de origem: Deus.
Sim; há algo no ser humano que a biologia e a química não podem explicar.
Talvez, por isso, São Paulo diz que "somos poemas de Deus" , e Davi
exclama, "pouco abaixo de Deus fizeste [o ser humano], de glória e de
honra o coroaste" . Tem, no entanto, o ser humano a tendência de viver em
níveis baixos e degradados. Mas algo traz à sua mente que não foi criado
para o lixo, mas para as estrelas, para os céus, para o infinito. E daí
caminhamos para a Suprema Terapia, a Grande Cura que é a ressurreição
final dos corpos, a Gloriosa Restauração dos corpos, sem que haja mais
sofrimento, pavor ou gemido, ou, na linguagem da Bíblia: "Ele enxugará de
seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais
pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas"
(Ap 21.4).
INTERCESSÕES
Huub Oosterhuis
Por todos os que são crucificados,
Como teu Filho
Por todos os homens abandonados,
Nós te rogamos.
Por todos os que não podem mais
Suportar a situação em que se acham,
Por todos os que vivem no sofrimento,
Não percebendo o seu sentido, nem seu fim,
Nós te rogamos, Senhor.
15
16. Por todos os que se revoltam,
Que não sabem mais irradiar, nem agir.
Por todos os implacáveis e rancorosos,
Os arrogantes e os cínicos;
Torna-os, Senhor, mais indulgentes,
Abre de novo seus olhos
Para a bondade possível entre os homens,
Para que vejam tua criação
E o futuro que lhes reservas.
Por todos os que são acusados,
Que vivem oprimidos pela perseguição e calúnia.
Por todos os que, por sua dureza
Para com os outros,
Perderam a confiança em si mesmos.
Por todos os que não encontram compreensão,
Nem uma palavra sequer de lenitivo,
Que não encontram alguém que os queira aceitar.
Por todos os que são inibidos ou ansiosos,
Por todos os angustiados e tensos,
Por todos os que são vítimas
De chantagem ou corrupção,
Por todos os que são obrigados
A viver na injustiça,
Presos nas engrenagens de um sistema inumano,
Sem dele poderem sair,
Nós te rogamos, Senhor.
Por todos os que mergulham no desânimo,
Vendo o mal espalhado no mundo.
Por todos os otimistas,
Por todos os corajosos
E por todos que sabem ser amigos,
Para que permaneçam firmes na hora da provação
E que seu apoio nunca nos falte.
Oremos por todos aqueles
Que não tem beleza nem encanto,
Atraindo os olhares.
Por todos os que não são semelhantes aos outros,
Os mongolóides e excepcionais,
Os instáveis e mutilados,
Os doentes incuráveis.
Pedimos, Senhor, que nos ajude a descobrir
O sentido da sua presença neste mundo.
A PÍLULA DO HOMEM: UMA PERSPECTIVA PASTORAL
ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE
ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL
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Em vias de comercialização, o primeiro contraceptivo oral masculino do
mundo chega ao Brasil, e com ele, algumas indagações de cristãos sobre a
legalidade Bíblica de um homem crente usar a "pílula" para não ter filhos.
16
17. A questão interessa a muitos cristãos. Muitos jovens casais têm evitado
filhos nos dias de hoje. As razões geralmente apresentadas são a explosão
demográfica das grandes cidades onde vivem, a depravação e corrupção
cada vez maiores do ambiente onde seus filhos haveriam de crescer, tal
como o uso de drogas e a delinqüência infantil e juvenil. Alega-se ainda a
falta de segurança que sentem em relação a filhos: saberei dar respostas?
Será que serei capaz de viver uma vida exemplar? E, por fim, o argumento
mais forte, o alto custo financeiro hoje de se criar filhos. Para os que
pensam assim, filhos atrapalhariam os planos financeiros de se ter uma vida
financeira mais tranqüila.
Por outro lado, há algumas boas razões para se enfrentar as dificuldades
mencionadas acima.
1) Filhos são fonte de grande alegria, isto a Bíblia deixa muito claro, mas
especifica que especialmente os filhos que andam nos caminhos do Senhor
(ler Pv 28.7; 29.3,17). Filhos que crescem sem disciplina vão para o
mundo, desobedecendo a Deus, e dão grande dor a seus pais (Pv 17.21,25;
28.7; 29-3,15). "Grandemente se regozijará o pai do justo, e quem gerar
um filho sábio nele se alegrará" (Pv 23.24). Filhos sábios não crescem em
árvores: são fruto de toda uma vida de disciplina, instrução,
companheirismo, amor, e orientação nos caminhos de Deus. Mas o
resultado vale a pena.
2) Filhos são bênção do Senhor. Os Salmos 127 e 128 comemoram a
felicidade do justo em ter muitos filhos, como bênção de Deus. Muitos
jovens casais cristãos, ao contrário do ensino bíblico, vêem os filhos como
sendo um tropeço, um estorvo às suas carteiras profissionais, aos planos de
divertir-se, conhecer o mundo... quem pode fazer isto com filhos
pendurados nas calças?
É possível que estes cristãos mudem de idéia, quando já for muito tarde,
quando estiverem aposentados, doentes, velhos e sozinhos largados num
asilo de idosos, sem ninguém que venha visitá-los, conversar com eles, e
alegrá-los.
3) Filhos fazem parte da estratégia de Deus em transformar o mundo.
Filhos criados em famílias cristãs sólidas são via de regra os melhores
crentes e, portanto, os mais aptos a cumprir o que Jesus ensinou, que a
corrupção da sociedade poderá ser neutralizada por homens e mulheres
santos (Mt 5.13-16), agindo como sal e luz deste mundo. É em lares
cristãos fortes que jovens, que serão o sal e a luz deste mundo, são
devidamente equipados. Deus deseja que o mundo ouça o Evangelho (Mt
18.18-20). Nossos filhos podem ser os instrumentos necessários para isso,
como disse B. Ray: "O propósito de Deus em nos dar filhos é que
conquistemos o mundo para ele".
Na minha opinião, à luz do ensino bíblico sobre o plano de Deus para a
família e os filhos, constitui-se uma transgressão do propósito divino o
evitar filhos por motivos egoístas quer seja com contraceptivos masculinos
ou femininos. Gente que não quer o trabalho de criar crianças e casam pelo
sexo e companhia se esquecem que tiveram um pai e uma mãe que
pensaram diferente. O sexo e o companheirismo trazidos pelo casamento
não são a sua única finalidade. Criar filhos é bem menos complicado e difícil
do que se pensa, quando o casal o faz na dependência de Deus.
Por outro lado, creio que não vai contra o propósito de Deus o casal
controlar o número de filhos, e mesmo chegar a uma época em que decida
evitá-los. Minha esposa e eu temos quatro filhos. Na realidade queríamos
17
18. ter cinco, mas por problemas de saúde dela, tivemos de parar nos quatro.
Creio que já demos nossa contribuição para encher o mundo e dominá-lo! E
não nos sentimos constrangidos em evitar que ela engravide mais uma vez.
Assim, creio que nada há contrário ao uso da pílula masculina por um
cristão, desde que pelos motivos corretos. Sobre o fato de ser "masculina",
não, vejo nada nas Escrituras que condenem a pílula por isto. A pílula
masculina ainda tem a vantagem sobre alguns contraceptivos femininos de
evitar uma outra questão ética relacionada com o controle da natalidade,
que é a do uso de métodos que são abortivos.
A POLÍTICA À LUZ DA BÍBLIA
ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE
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1. A idéia bíblica
O que a Bíblia tem a dizer sobre política? Na verdade não encontramos na
Bíblia a palavra “política” nem uma definição da mesma. Obviamente não
poderia porque a Escritura Sagrada não é um manual ou tratado político.
Entretanto, encontramos nela, do Gênesis ao Apocalipse, a idéia explícita de
política. Folheando suas páginas verificamos que o conceito bíblico de
política é o conceito do próprio Deus e de Seus escritores sagrados. A arte
de bem governar e administrar com competência são exigências constantes
de Deus. Basta lermos, à guisa de exemplo, o livro do profeta Isaías. Isaías
é corretamente denominado pelos estudiosos de “profeta da justiça social”.
Sua reivindicação pela justiça social como resultado de uma política
responsável e consciente era a reivindicação do próprio Deus que o enviara
a profetizar.
2. Causa e solução das crises
A causa das crises sócio-econômicas a nível mundial está numa política
defeituosa. E qual seria, por sinal, a causa deste defeito? É simples: a
maioria dos líderes políticos estão querendo dirigir o mundo sem Deus e
sem a Bíblia. Acredite, o maior e melhor programa de governo de todos os
tempos é a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Leia Deuteronômio 17.18-20.
Além disso, observe o exemplo do povo de Israel na Bíblia. Leia a história
dos reis de Israel. Os reis que governaram sob o temor de Deus e em
obediência à Sua Palavra foram bem sucedidos. O segredo de uma política
eficiente não está na forma de governo (monarquia, democracia, etc) e nem
no regime político (parlamentarismo, presidencialismo), mas na aplicação
prática dos princípios morais e civis da lei de Deus. Não estou dizendo que
devemos restabelecer a teocracia que Israel por fim acabou abandonando.
No mundo de pecado em que vivemos é impossível um governo
eminentemente teocrático, contudo, quando os princípios bíblicos regem a
conduta e a moral dos dirigentes Deus abençoa a nação. Quando João
Calvino (1509-1564) aplicou em Genebra (Suíça) os princípios da
“constituição de Deus”, a Bíblia, ele revolucionou de maneira extraordinária
a vida daquela cidade. A reforma religiosa e político-social de Calvino é um
marco da história que comprova, entre tantos outros exemplos
semelhantes, que fé em Deus e administração pública é uma mistura que
dá certo.
3. Jesus, Pedro e Paulo e a política
O maior conceito de política que a Bíblia nos apresenta foi dado pelo Senhor
18
19. Jesus Cristo. Certa feita o mestre foi interpelado por pessoas mal
intencionadas sobre a questão do pagamento de impostos ao imperador
romano. “É lícito pagar tributo a César, ou não?”, perguntaram. Jesus pediu
que mostrassem uma moeda e interrogou: “De quem é esta efígie e
inscrição?”. “De César”, responderam. Então lhes disse: “Dai, pois, a César
o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Em outras palavras o Mestre
queria dizer: “Sim, devemos pagar imposto. Honrar a Deus não significa
desonrar o imperador”.
Sem dúvida os apóstolos Pedro e Paulo tinham em suas mentes o ensino de
Jesus ao tratarem em suas cartas de “alguns temas políticos”. Ambos
enfatizam a importância da obediência e honra às autoridades pelo simples
fato de serem “ministros de Deus”, conforme a expressão usada por Paulo.
A desobediência civil é justificada na Bíblia somente quando as autoridades
intencionalmente se opõem ao evangelho de Jesus para cometerem
injustiças (cf. At 4.18,19). E se a desobediência civil não fosse justificável
somente nesse sentido, Pedro e Paulo jamais insistiriam em suas epístolas
pela obediência às autoridades (Rm 13.1-7; I Tm 2.1,2; I Pe 2.11-17). É
interessante esse apelo apostólico porque Pedro e Paulo e as igrejas a quem
eles se dirigiam viviam, naquela época, sob o governo déspota e tirano do
imperador Nero. Porém, a recomendação de deveres não era pelo que o
imperador e as demais autoridades significavam em si mesmos, e sim,
porque ocupavam a posição político-administrativa instituída por Deus.
Lembremos que quando Pilatos disse a Jesus: “Não sabes que tenho
autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar?”, a resposta do
nosso Senhor foi: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima (de
Deus) não te fosse dada”. Quando Jesus diz em Mateus 22.21 “Dai a César
o que é de César, e a Deus o que é de Deus” não quis dizer, como bem
observou Francis Schaeffer:
DEUS e CÉSAR
Foi, é e sempre será assim:
DEUS
e
CÉSAR
Por causa dessa autoridade que vem de Deus é que o povo tem deveres
para com as autoridades constituídas. E por causa dessa mesma autoridade
vinda de Deus é que os políticos devem tratar o povo com justiça e
respeito.
4. O propósito da política segundo a Bíblia
Observe que de acordo com a Bíblia, a política em si é boa porque foi
instituída por Deus. O problema está no fato de que nem sempre a política
é devidamente utilizada. Isso acontece porque nem todos estão aptos para
entender o propósito da política. Qual a finalidade da política? Acredito que
os teólogos da assembléia de Westminster, Inglaterra (1643-1648),
definiram biblicamente o propósito da política quando disseram: “Deus, o
Senhor Supremo e Rei de todo o mundo, para a sua glória e para o bem
público, constituiu sobre o povo magistrados civis (líderes políticos) que
lhes são sujeitos, e a este fim, os armou com o poder da espada para
defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores”. Veja nessa
declaração que a finalidade da política é dupla. Deus a constituiu para 1) a
Sua própria glória e 2) o bem público. Perguntar não ofende: Será que este
duplo propósito da política está sendo cumprido em termos de Brasil? É
evidente que não, pois notamos ainda na declaração de Westminster que as
19
20. autoridades receberam da parte de Deus o poder da espada para a defesa
dos bons e castigo dos maus. A impunidade desonra a Deus.
Em suma a Bíblia valoriza a política e os políticos. A primeira porque faz
parte da própria essência administrativa de Deus. Os segundos porque são
agentes de Deus (quer estejam conscientes ou não disso; quer acreditem
ou não nisso) a fim de governarem com seriedade para que Deus seja
glorificado e o povo respeitado.
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A VIOLÊNCIA SOB A ÓTICA PASTORAL
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Não é possível para nenhum de nós deixar passar despercebidamente o que
tem acontecido em nossa sociedade nestes últimos dias. Foi com muita
indignação e frustração que lemos nos jornais e vimos as cenas na TV, do
desfecho do seqüestro do ônibus no Rio de Janeiro.
Pior ainda é ver que a classe política e também nós cidadãos de uma
maneira geral, nos tornamos insensíveis a tudo isso que tem acontecido em
nossa sociedade. Parece até que perdemos a capacidade de nos indignar
contra este tipo de coisa.
Esta barbaridade, se tornou tão comum em nosso meio, a televisão
banalizou de tal forma a violência, que para a grande maioria de nós esta
foi mais uma tragédia dentre as muitas que acontecem todos os dias no
Brasil. As cenas do policial vindo em direção ao assaltante e disparando
nele, mais pareciam as cenas de um filme policial qualquer de Hollywood,
que já nem mexem mais com nossa sensibilidade ou nossa capacidade de
ficar indignados.
Diante dessa gigantesca tragédia social em que todos nós estamos imersos,
parece-nos que uma das alternativas que encontramos é ser indiferentes a
esse tipo de realidade que nos cerca e continuar a nossa existência fingindo
que tudo isso não nos afeta. Enclausurados em nossos castelos e ilhas de
prosperidade, cercados por todos os lados de pobreza e miséria estamos
seguros.
Ainda, um outro sentimento que talvez permeie as nossas mentes, nessas
horas seja o da impotência, de não poder fazer nada, de não poder mudar
nada, de não poder levantar a voz e ficar quietos, porque afinal de contas
quem somos nós para mudar alguma coisa?
Qual deve ser a postura do cristão em meio a toda essa violência que nos
cerca? Qual a postura que a comunidade cristã deve assumir diante de tudo
isso? Como podemos nos fazer ouvir e tentar pelo menos fazer conhecidos
os valores do Reino de Deus nestes casos?
Em primeiro lugar, creio que como cristãos, indistintamente devemos
levantar a nossa voz e orar pela paz da cidade. Queremos evocar, como
pastores que somos, o livro de Jeremias, no Antigo Testamento, quando
este convoca os judeus cativos da Babilônia, dizendo "procurai a paz da
20
21. cidade..., e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz." A
violência nos afeta a todos, e orar é algo que todos nós enquanto
comunidade cristã podemos fazer.
Em segundo lugar, cremos que devemos recuperar a voz profética que foi
tão característica dos homens e mulheres de Deus em meio a uma
sociedade corrompida e cheia de injustiça e violência. Foi assim com
Habacuque, num outro livro do Antigo Testamento, que vendo a iniquidade
e a opressão ao seu redor, clama por respostas, diante de Deus. Qual o
porquê de tanta violência, "até quando clamarei eu e tu não me escutarás?
Gritar-te-ei violência e não salvarás?" A lição que aprendemos com
Habacuque é de que o Senhor, reto juiz, trará juízo no seu próprio tempo e
ele nos chama para anunciar este juízo sobre os perversos, soberbos,
violentos, corruptos e aqueles cujo poder é o seu deus.
Em terceiro lugar, cremos que precisamos resgatar o espírito dos ensinos
de Jesus. Talvez, até quem sabe, fazer uma nova leitura deles,
especialmente neste caso de Mateus 5:9. Diante de situações como as que
vivemos dia a dia, quando o Senhor nos fala que são "bem aventurados os
pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus." Todo cristão, de
acordo com esta palavra de Jesus, deve ser um pacificador, tanto na igreja
como na sociedade.
Concluindo gostaríamos de alertar para uma questão que muitas vezes não
nos damos conta. Que podemos, através da ação individual transformarmos
esse tipo de realidade. Como? Através do exercício da nossa cidadania.
Colocando em prática valores como dignidade humana, justiça, paz, amor,
respeito ao próximo e acima de tudo consciência crítica diante deste
contexto gerador de morte. Fica a responsabilidade de cada um de nós
cidadãos, a fazer uso, por exemplo da força do nosso voto, para que as
estruturas geradoras de morte possam com a nossa intervenção social,
serem vencidas. E isso só acontecerá quando nos conscientizamos da
necessidade que temos de nos voltarmos para Deus e os valores do seu
Reino e termos consciência que ele é o Senhor da Vida e da História.
ABORTO: OS DOIS PONTOS CRUCIAIS
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A legislação sobre o assunto
O artigo 128 do Código Penal brasileiro (que é de 1940) permite o aborto
quando há risco de vida para a mãe e quando a gravidez resulta de estupro.
Porém, apenas sete hospitais no pais faziam o aborto legal. Esse ano, a
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados
aprovou a obrigatoriedade de o SUS (Sistema Único de Saúde) realizar o
aborto nos termos da lei. O projeto, porém, permite ao médico (não ao
hospital) recusar-se a fazer o aborto, por razão de consciência – um
reconhecimento de que o assunto é polêmico e que envolve mais que
procedimentos médicos mecânicos. Por exemplo, o ministro da Saúde,
Carlos Albuquerque, disse ser contrário à lei e comparou aborto a um
assassinato. Além disto, médicos podem ter uma resistência natural, pela
própria formação deles (obrigação de lutar pela vida). "O juiz que autoriza o
aborto é co-autor do crime. Isso fere o direito à vida", disse o
desembargador José Geraldo Fonseca, do Tribunal de Justiça de São Paulo,
21
22. em entrevista ao jornal Estado de São Paulo (22/09/97). Segundo ele, o
artigo 128 do Código Penal não autoriza o aborto nesses casos, mas apenas
não prevê pena para quem o pratica. No momento, existem projetos de
ampliar a lei, garantindo o aborto também no caso de malformação do feto,
com pouca possibilidade de vida após o parto.
O ensino bíblico
O assunto é particularmente agudo para os cristãos comprometidos com a
Palavra de Deus. É verdade que não há um preceito legal na Bíblia proibindo
diretamente o aborto, como "Não abortarás". Mas a razão é clara. Era tão
inconcebível que uma mulher israelita desejasse um aborto que não havia
necessidade de proibi-lo explicitamente na lei de Moisés. Crianças era
consideradas como um presente ou herança de Deus (Gn 33.5; Sl 113.9;
127.3). Era Deus quem abria a madre e permitia a gravidez (Gn 29.33;
30.22; 1 Sm. 1.19-20). Não ter filhos era considerado uma maldição, já que
o nome de família do marido não poderia ser perpetuado (Dt 25.6; Rt 4.5).
O aborto era algo tão contrário à mentalidade israelita que bastava um
mandamento genérico, "Não matarás" (Êx 20.13). Mas os tempos
mudaram. A sociedade ocidental moderna vê filhos como empecilho à
concretização do sonho de realização pessoal do casal, da mulher em
especial, de ter uma boa posição financeira, de aproveitar a vida, de ter
lazer, e de trabalhar. A Igreja, entretanto, deve guiar-se pela Palavra de
Deus, e não pela ética da sociedade onde está inserida.
A humanidade do feto
Há dois pontos cruciais em torno dos quais gira as questões éticas e morais
relacionadas com o aborto provocado. O primeiro é quanto à humanidade
do feto. Esse ponto tem a ver com a resposta à pergunta: quando é que, no
processo de concepção, gestação e nascimento, o embrião se torna um ser
humano, uma pessoa, adquirindo assim o direito à vida? Muitos que são a
favor do aborto argumentam que o embrião (e depois o feto), só se torna
um ser humano após determinado período de gestação, antes do qual
abortar não seria assassinato. Por exemplo, o aborto é permitido na
Inglaterra até 7 meses de gestação. Outros são mais radicais. Em 1973 a
Suprema Corte dos Estados Unidos passou uma lei permitindo o aborto,
argumentando que uma criança não nascida não é uma pessoa no sentido
pleno do termo, e portanto, não tem direito constitucional à vida, liberdade
e propriedades. Entretanto, muitos biólogos, geneticistas e médicos
concordam que a vida biológica inicia-se desde a concepção. As Escrituras
confirmam este conceito ensinando que Deus considera sagrada vida de
crianças não nascidas. Veja, por exemplo, Êx 4.11; 21.21-25; Jó 10.8-12;
Sl 139.13-16; Jr. 1.5; Mt 1.18; e Lc 1.39-44. Apesar de algumas dessas
passagens terem pontos de difícil interpretação, não é difícil de ver que a
Bíblia ensina que o corpo, a vida e as faculdades morais do homem se
originam simultaneamente na concepção.
Os Pais da Igreja, que vieram logo após os apóstolos, reconheceram esta
verdade, como aparece claramente nos escritos de Tertuliano, Jerônimo,
Agostinho, Clemente de Alexandria e outros. No Império Romano pagão, o
aborto era praticado livremente, mas os cristãos se posicionaram contra a
prática. Em 314 o concílio de Ancira (moderna Ankara) decretou que
deveriam ser excluídos da ceia do Senhor durante 10 anos todos os que
procurassem provocar o aborto ou fizesse drogas para provocá-lo.
Anteriormente, o sínodo de Elvira (305-306) havia excluído até a morte os
que praticassem tais coisas. Assim, a evidência biológica e bíblica é que
22
23. crianças não nascidas são seres humanos, são pessoas, e que matá-las é
assassinato.
A santidade da vida
O segundo ponto tem a ver com a santidade da vida. Ainda que as crianças
fossem reconhecidas como seres humanos, como pessoas, antes de nascer,
ainda assim suas vidas estariam ameaçadas pelo aborto. Vivemos em uma
sociedade que perdeu o conceito da santidade da vida. O conceito bíblico de
que o homem é uma criatura especial, feito à imagem de Deus, diferente de
todas as demais formas de vida, e que possui uma alma imortal, tem sido
substituído pelo conceito humanista do evolucionismo, que vê o homem
simplesmente como uma espécie a mais, o Homo sapiens, sem nada que
realmente o faça distinto das demais espécies. A vida humana perdeu seu
valor. O direito à continuar existindo não é mais determinado pelo alto valor
que se dava ao homem por ser feito à imagem de Deus, mas por fatores
financeiros, sociológicos e de conveniência pessoal, geralmente utilitaristas
e egoístas. Em São Paulo, por exemplo, um médico declarou "Faço aborto
com o mesmo respeito com que faço uma cesárea. É um procedimento tão
ético como uma cauterização". E perguntado se faria aborto em sua filha,
respondeu: "Faria, se ela considerasse a gravidez inoportuna por algum
motivo. Eu mesmo já fiz sete abortos de namoradas minhas que não
podiam sustentar a gravidez" (A Folha de São Paulo, 29 de agosto de
1997).
Conclusão
Esses pontos devem ser encarados por todos os cristãos. Evidentemente,
existem situações complexas e difíceis, como no caso da gravidez de risco e
do estupro. Meu ponto é que as soluções sempre devem ser a favor da vida.
C. Everett Koop, ex-cirurgião geral dos Estados Unidos, escreveu: "Nos
meus 36 anos de cirurgia pediátrica, nunca vi um caso em que o aborto
fosse a única saída para que a mãe sobrevivesse". Sua prática nestes casos
raros era provocar o nascimento prematuro da criança e dar todas as
condições para sua sobrevivência. Ao mesmo tempo, é preciso que a Igreja
se compadeça e auxilie os cristãos que se vêem diante deste terrível
dilema. Condenação não irá substituir orientação, apoio e
acompanhamento. A dor, a revolta e o sofrimento de quem foi estuprada
não se resolverá matando o ser humano concebido em seu ventre. Por
outro lado, a Igreja não pode simplesmente abandonar à sua sorte as
estupradas grávidas que resolvem ter a criança. É preciso apoio,
acompanhamento e orientação.
Fonte: Revista Fides Reformata
AOS MEUS IRMÃOS EM CRISTO QUE MILITAM NA POLÍTICA
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O Livro dos Provérbios pertence à literatura de sabedoria, literatura
didática, pedagógica, que circulava em diversas culturas orientais antigas,
notadamente a babilônica, a egípcia, a cananéia e a israelita, com a variável
de ser esta última considerada inspirada de acordo com os cânones hebreus
e cristãos. A essa literatura pertencem na Bíblia Sagrada livros como o de
Jó, Eclesiastes e certos salmos.
23
24. São os ensinos e escritos dos sábios de Israel, os conselheiros dos seus
governantes e políticos(1). Era o caso de Daniel, conselheiro do rei da
Babilônia, de acordo com o livro que tem o seu nome(2).
O conceito de sabedoria é importante e merece ser entendido, pois é
compreendida como a "a habilidade de viver em equilíbrio com a ordem
moral do mundo", razão porque Provérbios 14.8 ensina que "A sabedoria do
prudente é entender o seu caminho", ou como traduz o afamado mestre do
Antigo Testamento, Dr. R. B. Y. Scott, "A sabedoria de um homem brilhante
o faz se conduzir inteligentemente".
Essa é a literatura que circulava, e servia de instrução e texto-base nas
Escolas de Administração Pública das cortes do Antigo Oriente Próximo. Daí
tanta menção à arte de governar e de se conduzir à frente do povo, como
ocorre no Livro dos Provérbios:
"Na multidão do povo está a glória do rei, mas na falta de povo a ruína do
príncipe"(14.28);
"O príncipe que tem falta de entendimento multiplica as opressões, mas o
que odeia a avareza prolongará os seus dias" (28.16);
"O governador que dá atenção às palavras mentirosas, descobrirá que
todos os seus servos são ímpios" (29.12);
"Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem
dos príncipes desejar bebida forte, para que não bebam, e se esqueçam da
lei, e privem todos os aflitos dos seus direitos(3)" (31.4,5).
Ensina, ainda, a Bíblia que são deveres da autoridade:
Governar no temor de Deus (2Cr 19.7);
Conhecer a lei de Deus (Ed 7.25);
Fazer executar essas leis (Ed 7.26);
Recusar propinas e benesses alheas às inerentes ao cargo (Ex 23.8).
Do Livros dos Provérbios, tiramos três recomendações, lembretes ou
advertências que imprimirão aos seus mandatos uma distinção sem par
entre os mandatos dos seus pares.
"O TEMOR DO SENHOR É O PRINCÍPIO DA SABEDORIA" (Pv 1.7a.)
Uma característica muito relevante quanto à sabedoria é que sua
aprendizagem nunca termina (cf. Pv 1.5, 6). Por outro lado, o verso 7,
acima citado em parte, é o clímax desse programa, e destaca palavras e
expressões que necessitam ser entendidas para serem bem apreciadas, e,
sobretudo, bem vividas.
O "temor do Senhor" tem ênfases variadas no Antigo Testamento. Pode ser
usado como referência à conduta social considerada como geralmente
aceita: "Respondeu Abraão: Eu disse comigo mesmo: Certamente não há
temor neste lugar..." (Gn 20.11).
Quando usado em relação ao culto divino significa reverência na adoração e
obediência a Deus: "Diante das cãs te levantarás, honrarás a face do
ancião, e temerás o teu Deus" (Lv 19.32) e "Vinde, meninos, ouvi-me; eu
vos ensinarei o temor do Senhor" (Sl 34.11).
Talvez a questão mais pertinente neste ponto seja: "Sim; ‘o temor do
Senhor é o princípio da sabedoria’, mas, que Senhor?" A que Deus
tememos?
Esse é o problema! O brasileiro criou um "Deus" que não é o da revelação
bíblica: é o "Deus brasileiro", criado à imagem e semelhança do brasileiro; é
o deus cuja ética é a do brasileiro, e, lamentavelmente, vezes tantas, a lei
desse "Deus" é "a do Gérson" (coitado do Gérson)?!
24
25. É o "Deus" que vai resolver para nós as coisas, e não para a equipe do país
adversário no campo de futebol porque, afinal, "Deus é brasileiro", é o que
se diz...
Um "Deus" meio malandro que, no dizer de Afonso Arinos de Melo Franco,
"levantando a túnica com um brilho maroto nos olhos, [vai] ensinar aos
governantes do Brasil, o ‘pulo da onça’que os tirará da dificuldade". É o
"Deus" que vestido de mortalha ou abada, é invocado para abençoar o
carnaval. É um "Deus" sem poder. Aliás, o diabo é até mais respeitado no
Brasil que Deus.
Apesar de tudo, é um "Deus brasileiro", um ‘"Deus" burocrata, muito ao
espírito das coisas públicas deste país. Por isso, contrariamente ao ensino
da Bíblia, criaram-se tantos pistolões e intermediários para falar com "ele".
Diz, no entanto, a Palavra Santa que Deus é o Senhor do Universo:
"Louvai ao Senhor, invocai o seu nome, fazei conhecidos entre os povos os
seus feitos.(...) Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que
buscam ao Senho.(...) Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus
prodígios e dos juízos da sua boca. (...) Proclamai entre as nações a sua
glória, entre todos os povos as suas maravilhas. Pois grande é o Senhor, e
mui digno de louvor, e mais temível do que todos os deuses. Pois todos os
deuses das nações são ídolos, porém o Senhor fez os céus. Majestade e
esplendor há diante dele, força e alegria no lugar da sua habitação" (1Cr
16.8, 10, 12, 24-27) (4).
E, ainda,
"O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e
da terra, não habita em templos feitos por mãos dos homens. (...) Pois nele
vivemos, e nos movemos , e existimos" (At 17.24,28).
A Escritura não somente aponta para Deus como Senhor do universo, mas
nos faz lembrar que é o ser humano; seja o Exmo Sr. Presidente da
República, seus Ministros, Senadores. Deputados nas várias esferas,
Governadores, Prefeitos, Vereadores, ou o mais simples cidadãos desta
terra brasileira. E diz, também, que Deus dignifica esse ser humano, pois o
fez à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26, 27), um pouco abaixo de Sua
Pessoa (Sl 8.5, 6), e assumiu a encarnação em Jesus Cristo (Jo 1.14).
"Temei a Deus", então, é confiar nEle, em vez de na própria e desamparada
inteligência; é evitar o erro, a injustiça e transgressão, e aceitar a
desventura como disciplina enviada por Deus. É, conforme Deuteronômio
10.12, andar nos caminhos do Senhor, amá-Lo e servi-Lo com todo o ser e
veras da alma; é odiar o mal, abominar a soberba, rejeitar a arrogância,
fugir do meu caminho e da calúnia. Tudo isso de acordo com Provérbios
8.13. Debruynne lembrou exortando que "viver é lutar para os
compromissos jamais findarem em comprometimentos"(5).
A outra expressão é "princípio da sabedoria"Ou seja, ponto inicial, essência,
propósito. E isso, no entendimento da Escritura Sagrada é algo tão sério,
seriíssimo, até, que, diz a Bíblia, só os insensatos rejeitam a sabedoria, bem
como a instrução.
A história sagrada conta que Salomão, rei de Israel, pediu a Deus a
sabedoria necessário para administrar os negócios do seu reino, ao dizer,
"Dá-me agora sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar
perante este povo, pois quem poderia julgar a este teu povo, que é tão
grande?" (2Cr 1.10; cf. 1Rs 3.9). Registra, ainda, a Escritura como Josias, o
rei, fez uma aliança com o Senhor prometendo "andar após o Senhor, e
para guardar os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus
25
26. estatutos, de todo o seu coração, e de toda a sua alma, cumprindo as
palavras da aliança que estavam escritas naquele livro"(2Cr 34.31).
Não será idêntico pedido e idêntica promessa adequados, pertinentes,
necessários, mesmo, a cada um de nós, cidadãos, e para os meus irmãos
que militam na política?(6)
Não é desdouro, irmão político, pedir a orientação de Deus. Na verdade,
estes são dias nos quais a sabedoria é de uma urgência gritante. O mundo
está em julgamento, e a Bíblia Sagrada até destaca as palavras do Senhor
em Deuteronômio 30.14, 15: "Pois esta palavra está muito perto de ti, na
tua boca e no teu coração, para a cumprires. Vê, hoje te proponho a vida e
o bem, a morte e o mal".
Não é desdouro ter fé, pois diz igualmente o Livro Santo que "sem fé é
impossível agradar a Deus"(Hb 11.6). No entanto, nem toda fé agrada a
Deus. Depois da I Guerra Mundial, tornou-se sinal de fraqueza ter fé; após
a II Guerra Mundial, a fé voltou a ser estimada. Porém, fé em quê? Ou em
quem? Não é qualquer fé, não é crendice, pois a fé só é boa quando
comprometida com a verdade, e a fé verdadeira exige que creiamos em
tudo o que Deus disse acerca de Si mesmo, e em tudo o que Ele disse a
respeito de nós: quem somos, e Quem Deus é.
É crer que somos pequenos e dependentes, e crer que Deus é Grande,
Clemente, Misericordioso e Salvador, e que seu mandato, meu irmão, terá
raiz, profundidade, substância com Deus à frente, porque proclama a
Escritura que "feliz é a nação cujo Deus é o Senhor". Sua sabedoria, meu
irmão político, será guardar os mandamentos de Deus, pois, "Guardai-os e
praticai-os, pois esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento aos
olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande
povo é realmente sábio e entendido" (Dt 4.6).
"NÃO NEGUES O BEM A QUEM DE DIREITO, ESTANDO NO TEU PODER
FAZÊ-LO" (Pv 3.27)
Este provérbio ilustra um dos modos prioritários como a sabedoria que os
meus irmãos que militam na política estão pedindo a Deus há de ser
exercida. E quanto a isso, um biblista de nossos dias vai dizer que este é o
princípio da caridade, e que sua medida é a necessidade do outro, do
próximo, do requerente, e o limite se estabelece pela expressão, "estando
no teu poder", muito se aproximando do apóstolo Paulo em Gálatas 6.10:
"Enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos..."
Creio que Agostinho, um dos teólogos da Igreja Antiga, e pastor da cidade
de Hipona, bem o expressou quando deixou o ensino, "Faça-se a justiça,
ainda que o mundo pereça". O problema é a freqüente constatação da
ineficácia, da inoperância, e deformação da justiça. E porque somos tão
inclinados à injustiça, a Bíblia nos recorda com veemência, "Assim diz o
Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o oprimido das mãos do
opressor. Não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva, e não
façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar"(Jr 22.30) (7).
A fórmula romana clássica para a justiça era "Viver honestamente, a
ninguém ofender e atribuir o seu a seu dono". Pois é, meu irmão que milita
na política, a lei natural é a da "primeira milha", mas a lei bíblica percorre
toda a primeira milha e vai adiante como Jesus ensinou. Veja-o em Mateus
5.41.
A justiça humana é distributiva, corretiva e retributiva; a divina, além
dessas qualifdades, é restaurativa, criativa e redentiva. Pois bem, meu
irmão, a Bíblia reconhece a autoridade e o seu direito de exercer a justiça.
26
27. O evangelho não se alheia às realidades políticas, e diz, "Exorto, pois, antes
de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por
todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade" (1Tm
2.1,2a) (8). Mas reconhece, igualmente, os direitos fundamentais do ser
humano como:
O direito de igualdade: que todas as prerrogativas, franquias, concessões e
regalias atribuídas a uma pessoa se comunicam às demais sem restrição;
O direito de fraternidade: todo ser humano tem o direito de ser tratado
como irmão pelos outros;
O direito de trabalho pleno: pois é com ele que cada cidadão adquire o
necessário para si para sua família;
O direito de buscar a felicidade: que corresponde ao de ir e vir, de entrar e
sair de seu país ou de sua região;
O direito de receber proteção do Estado: educação como base de tudo o
mais, saúde, moradia adequada, transporte abundante, fácil e fácil,
segurança física, e outros tantos.
E essa não é uma tarefa fácil, meus irmãos que militam na política. Nós
tanto o reconhecemos que oramos por vocês. Pois a Bíblia o recomenda,
como exposto acima.
"QUANDO NÃO HÁ SÁBIA DIREÇÃO, O POVO CAI; MAS NA MULTIDÃO DE
CONSELHEIROS HÁ SEGURANÇA" (Pv 11.14)
Tradução adequadíssima é a da chamada Bíblia de Jerusalém: "Por falta de
direção um povo se arruína, e se salva por muitos conselheiros".
"Direção" é a arte de pilotar, de segurar as rédeas de um fogoso corcel em
disparada; é sustentar com segurança e firmeza o volante de um automóvel
a 140 km por hora. Essa arte de segurar as rédeas, sustentar o volante,
pilotar, enfim, é essencial para o bem-estar do nosso povo. Mas diz a Bíblia
que ‘quando não há sábia direção, o povo cai". E seus irmãos de fé sabemos
que desejam imprimir sabedoria, correção e justiça ao seus mandatos.
Então, irmãos que militam na política, apelem para os seus pastores e seus
conselheiros, porque "na multidão de conselheiros há segurança".
Quem são os seus conselheiros? Observem:
São os seus amigos. Aqueles que proclamam suas virtudes e conhecem (e
talvez escondam) os seus pontos fracos;
São os seus inimigos, que conhecem (e talvez escondam) as suas virtudes e
proclamam seus pontos fracos;
É o evangelho, pois 2Timóteo 3.16 é texto tão claro quando ensina que
"Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para
repreender, para corrigir, para instruir em justiça".
Pois é; ouçam os seus amigos, aqueles que os amam e os apóiam, pois é,
ainda, a Escritura Sagrada que registra que "Os projetos se firmam pelos
conselhos; faze a guerra com prudência. O mexeriqueiro trai a confiança;
portanto, evita o que muito abre os seus lábios" (Pv 20.18,19).
Analisem o que dizem os seus adversários políticos. No mínimo, vocês terão
mais força para continuar se o que deles vier, for falsidade e calúnia.
Quando os muros de Jerusalém estava sendo reconstruídos, após o retorno
dos israelitas da Babilônia, a inveja, a calúnia e a murmuração campearam
em todos os arraiais. Não houve desfalecimento porque "o coração do povo
se inclinava a trabalhar" (Ne 4.6; cf. v.17). Quando desafiados a baixar o
nível de trabalho ou de diálogo, digam como Neemias: "Estou fazendo uma
grande obra, e não poderei descer".
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28. Confiem no seu povo, meus irmãos, seus irmãos de fé que têm sobrevivido
com o desemprego, alguns com o sub-emprego, com baixos salários, mas
muito fiéis na entrega de suas vidas e de seus dízimos para o sustento da
Causa do Senhor.
Trabalhem pelo nobre povo do Brasil. Roquette Pinto fez uma séria
declaração acerca de nossa gente: "O homem do Brasil precisa ser
educado, e não substituído".
Dêem ouvidos à ética da Bíblia; ao que Jesus disse. Leiam, amem a Bíblia
Sagrada; coloquem-na ao lado da Constituição Federal e da Constituição
dos estados que representam como seus livros de normas e rotinas de
trabalho e vida. O próprio Senhor Jesus Cristo afirmou, "Errais não
conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus". Não é o caso de vocês que
já conhecem a Palavra e como Deus Se manifestou Salvador em suas vidas.
Creio, meus irmãos que militam na política, que um bom texto para finalizar
nossa reflexão é o de 2Crônicas 19.9: "Assim andai no temor do Senhor
com fidelidade e inteireza de coração". A recomendação do profeta Jeú a
Josafá, governante do povo de Judá foi cristalina:
"no temor do Senhor", pois "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria",
e deve ser o princípio dos seus mandatos;
"com fidelidade", assim, "Não negues o bem a quem de direito"; sejam
fiéis, irmãos meus;
"com coração perfeito", visto que "quando não há sábia direção, o povo
cai", se arruína.
Essa palavra profética resume tudo o que foi dito. Com certeza, meus
irmãos que militam na política, outras advertências, conselhos, palavras,
reflexões poderiam ser destacadas a partir da Bíblia Sagrada como
Provérbios 16.7; 24.5 ou 29.12. Permitam-me, no entanto, terminar com
uma página poética, muito a propósito daqueles momentos em que vocês
estiverem cansados, incompreendidos, talvez sós:
SE POR ACASO
Se por acaso perdeste a motivação do trabalho
e os deveres te pesam;
se perdeste uma série de amigos
e a solidão te castiga;
se por acaso perdeste o último raio de luz
e andas no escuro;
se teus objetivos parecem cada vez mais distantes
e o ânimo de prosseguir desfalece;
se alimentas as melhores intenções
e, assim mesmo, te criticam;
se teus pés feridos ostentam a marca
das jornadas infinitas em busca de soluções
que o tempo ainda não trouxe;
se tuas mãos se alongam trêmulas na ânsia
de segurar outra mão que não podes reter,
porque não é tua;
se teus ombros se alargam
e a cruz ainda não cabe,
porque é árdua demais;
se ergues os olhos e o céu não responde
às súplicas que fizeste;
se amas o chão firme e tens a impressão
28
29. de afundar no pântano da insegurança;
se queres mar alto e areias seguram
o navio de teus sonhos;
se falas, se gritas até,
e o vazio não devolve o eco à tua voz;
se gostarias d ser inteiro total,
e te sentes parcelado, repartido, fragmentado,
um trapo de gente, talvez;
se os nervos afloram
e beiras os limiares do abismo da estafa;
se a fé parece conversa fiada
e nada do eterno te traz ressonância;
se choraste tanto que já não descobres
as estrelas no alto.
Então, levante o olhar para a cruz,
fixando Cristo bem nos olhos.
No lenho do Calvário, encontram-se
todas as respostas para aqueles que sofrem
e perdem a vontade de sorrir, de lutar, de viver.
Ajoelha-te aos pés de Cristo Ressuscitado,
como Tomé, o apóstolo incrédulo,
e repete com ele:
"Meu Senhor e meu Deus!"
NOTAS
(1) Cf. Is 19.11, 12; 29. 14, 15.
(2) Cf. 1.4, 17-20; 4.18,27.
(3) Cf Pv 8.12,15,16; 22.29; 23.1.
(4) Cf. Sl 24.1; 50.1,2,6; 97; 98; Na 1.
(5) Cf. Dt 6.2; 5.33; 6.5,13; 30.16; Pv 16.6; Ec 12.13;
Mq 6.8; Mt 22.37.
(6) Cf. Sl 51.6; Tg 1.5; Pv 2.3-7.
(7) Cf. Pv 3.27; Mq 6.8; Os 12.6; Gn. 18.19; Is 1.17; Zc 7.9.
(8) Cf. Rm 13.1, 2, 5; Pv 8.15, 16.
DE QUEM NECESSITA NOSSA PÁTRIA?
ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE
ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL
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"No dia seguinte a grande multidão que viera à festa ouviu que Jesus
estava a caminho de Jerusalém. Tomaram ramos de palmeiras, e saíram ao
seu encontro, gritando: Hosana! Bendito é aquele que vem em nome do
Senhor! Bendito é o rei de Israel! Ora, havia alguns gregos entre os que
tinham subido a adorar no dia da festa. Dirigiram-se a Filipe, que era de
Betsaida da Galiléia, e lhe rogaram: Senhor, gostaríamos de ver a Jesus"
(João 12.12,13,20,21)
"E desvendou-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito
que propusera em Cristo, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, na
dispensação da plenitude dos tempos, tantos as que estão nos céus como
as que estão na terra" (Ef 1.10)
O ministério terreno de Jesus está chegando ao fim. No texto acima está o
relato de quando o Mestre falou sobre ser, Ele mesmo, a ressurreição e a
29
30. vida. Fala, igualmente, João da trama armada para matar a Jesus, e, ainda,
de ter sido o Mestre ungido na cidade de Betânia, mencionando, a seguir, a
entrada triunfal de Cristo em Jerusalém.
Betânia, é uma vila, é uma cidade pequena ainda hoje a cerca de três
quilômetros de Jerusalém. Daquela vila, Jesus foi para Jerusalém, onde fez
uma entrada triunfal pelos seus muros sob o aplauso e o louvor das
multidões. Observe-se que a mesma multidão que O aplaudira na Sua
entrada, será a mesma que vai exigir a Sua crucificação. Duas lições a
serem aprendidas: (1) o pensamento da massa é volúvel; e (2) durante os
anos do Seu ministério entre os homens, Jesus Cristo jamais perdeu de
vista a Sua missão universal.
Apesar de tudo, Ele tinha um propósito, um alvo para Sua vida. Todo
mestre precisa ter um alvo, o de Jesus era: "Eu vim para que tenham vida
e a tenham em abundância". Por esse motivo, Ele convidou os cansados e
os oprimidos a que viessem a Ele para que pudessem encontrar o descanso,
o repouso. E, no entanto, diz a Bíblia que Ele "veio para o que era seu e os
seus não receberam". Que tristeza nessa palavra de João, o evangelista, em
1.11. Porém, por causa da Sua missão universal, os gregos vieram a Ele. E
é nesse ponto que nós destacamos o nosso país. Vamos nos identificar com
os gregos que buscaram a Jesus.
DE QUE É QUE O NOSSO PAÍS NECESSITA?
Nunca sou tão procurado quanto nas proximidades das eleições.
Praticamente, todos os candidatos a vereador de nossa cidade, a deputado
estadual e federal, a prefeito anda me procurando. De repente, a igreja
ficou famosa, e todos querem os votos dos seus membros. Mas, como sou
procurado no gabinete para mostrar plataforma de trabalho, planos, o que é
que planeja para acontecer na nossa cidade. É desse fato que nos vem a
idéia desta reflexão: que é que o nosso país realmente precisa?
Nosso Povo Necessita De Cristo... Para Que Aprenda A Amar.
Nosso país precisa de Jesus Cristo, a rocha dos séculos. Nosso país, nossa
cidade, nosso estado, e isso para que aprenda a amar.
Um teólogo judeu perguntou a Jesus sobre qual era o grande mandamento.
E a resposta de Jesus está em Mateus no capítulo 22, "Amarás ao Senhor
de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento e
continuou, e amarás ao teu próximo como a ti mesmo". Nosso povo precisa
de aprender a amar. Indo ao Apocalipse, capítulo 1, versos 5 e 6,
encontraremos,
"Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e
nos fez reino e sacerdotes para Deus seu Pai, a ele seja glória e domínio
pelo séculos dos séculos".
Nós aprendemos dEle o amor eterno, e seus efeitos na vida, na nossa alma,
e na nossa consciência. Porque nós somos libertos do pecado, purificados
do nosso mal e feitos intercessores. É o amor que foi consolação para os
discípulos nos momentos de perseguição. É o amor que, imutável, tem
ainda hoje a intensidade de quando Jesus se entregou na cruz do Calvário.
Nosso povo tem que olhar para Jesus Cristo ressuscitado, tem que olhar
para Jesus Cristo glorioso, soberano, salvador e perdoador, compassivo e
restaurador para aprender com Ele que amar não é dividir o meu prato de
comida com quem não tem. Essa é uma idéia do assistencialismo. Metade é
sua, metade é minha. Não é não! Amar é lutar para que ele tenha um prato
de comida igual ao meu. Não dividir o meu, mas, que ele possa ter
condições de ter um prato igual. Não é eu dar a minha camisa usada para
30