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FATEBRA 
FACULDADE TEOLÓGICA DO 
BRASIL 
“Entidade Educacional Com Jurisdição 
Nacional” 
ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL 
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APOSTILA – 30 
ESTUDOS SOBRE SOCIEDADE 
TOTAL – 67 - PAGINAS 
11 - ASSUNTOS! 
ESTUDO SOBRE SOCIEDADE 
 A Bíblia fala sobre a família 
 A igreja e a política dos evangélicos no século 21 
 A palavra que sara 
 A Pílula do Homem: Uma Perspectiva Pastoral 
 A política à luz da Bíblia 
 A violência sob a ótica pastoral 
 Aborto: Os dois pontos cruciais 
 Aos meus irmãos em Cristo que militam na política 
 De quem necessita nossa pátria? 
 Jesus E A Mulher Samaritana: Repensando Velhos Conceitos 
 O Mito do Sexo Seguro 
 Negritude e Cristianismo 
 O Ensino de Calvino Sobre a Responsabilidade Social Da Igreja 
 Santo Sexo 
 Terapia das lembranças 
 Visão: enxergar além da maioria 
A BÍBLIA FALA SOBRE A FAMÍLIA 
ESTUDO SOBRE SOCIEDADE 
ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL 
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fatebra@fatebra.com.br 
A família é a primeira sociedade natural, tipo e princípio de todas as outras 
1
sociedades. O baiano Ruy Barbosa explicou: "a pátria é a família 
amplificada", e a Igreja, diz a Bíblia Sagrada, é a família de Deus. Assim, 
quem destruir a família destrói a sociedade e o próprio ser humano. Os 
inimigos da família são conseqüência de uma concepção naturalística, 
materialista, mesmo, da vida: por isso, tantas separações, crianças 
abandonadas, filhos desobedientes. Não há motivos nobres orientando: a 
irreligião domina, o ceticismo, o secularismo porque os princípios espirituais 
e morais estão sendo destruídos, a religião é pressionada, não nasce do 
coração, é mecânica, ritual, mas não vivida e sentida. Não diz a Escritura 
que "o que perturba a sua casa herdará o vento", e que "toda mulher sábia 
edifica a sua casa; a insensata, porém, derruba com as suas mãos”? 
CRISES DO MUNDO MODERNO 
Crise de autoridade e disciplina. O mundo sofre de uma crise de autoridade 
e disciplina que tem sua raiz na mesma situação porque passa a família. As 
causas são diversas: Conflito de Gerações, ou seja, conflito entre adultos e 
jovens, pais e filhos, uma forma de pensamento e outra, uma ideologia e 
outra. Isso não é novidade! 2Samuel 15 narra como Absalão se tornou 
rebelde contra o pai, e como questionou sua autoridade e subverteu a 
ordem reinante. Era um líder nato, conquistou muitos adeptos, e planejou 
derrubar o próprio pai do trono. Seu fim foi trágico, e é narrado em 
2Samuel 18. 9, 14, 15. 
Há alguns anos, na China, 25 milhões de jovens, os chamados "Guardas 
Vermelhos", foram contra tudo o que representava herança das gerações 
anteriores. Houve destruição, quebra-quebra, mortes; eram iconoclastas 
com respeito ao passado e à tradição. De quando em vez, ressurgem 
manisfestações do antigo chamado movimento hippie. Os verdadeiros 
hippies eram jovens das classes média e alta norte-americanas que 
renegaram o estilo de vida de seus pais, e adotaram uma postura 
desleixada, desinibida, e, mesmo, anti-higiênica. O objetivo era chocar pelo 
contraste. Adotaram o lema "Faça o amor, não faça a guerra"; saudavam-se 
e aos outros com a expressão "Paz e Amor!" Afirmando amar a todos, 
havia muita permissividade, sexo livre e irresponsável, drogas, tóxicos, 
vícios. Alguém disse com muita propriedade que "hippie era alguém que 
amava todo mundo, menos os pais". 
Uma segunda causa são as Mudanças no Ambiente Social. É a necessidade 
da mãe trabalhar fora (e por vezes não há outra escolha). Com isso, há 
pouca (ou nenhuma) oportunidade de encontro da família: pais, tanto ricos 
quanto pobres, vão ao trabalho e deixam as crianças entregues a elas 
mesmas ou a outras pessoas, algumas absolutamente sem formação, para 
cuidar das crianças ou à babá eletrônica, a TV, eficiente geradora de 
violência, reclamando a seguir que os filhos estão agressivos e rebeldes. 
Uma professora contou sobre um resultado típico de uma greve de 
professores sobre crianças urbanas. Durante os trinta dias de duração da 
greve, as crianças foram deixadas em casa porque os pais tinham que sair. 
Foram, então, aprisionadas nas quatro paredes do apartamento e entregues 
a elas mesmas. Quando voltaram à escola, um garoto da terceira série 
bateu em outro. Levado à Orientadora Educacional, não soube explicar 
porque batera no colega?! 
Temos em casa um grande modelador da vontade e do caráter: a TV! A 
propaganda por ela veiculada modela o nosso querer: cria a necessidade de 
coisas de que não precisamos, nivela nossa maneira de pensar, o que é 
2
bom e o que não presta são igualmente espalhados, e, inúmeras vezes, o 
que não presta até com mais ênfase; a moral é questionada. E tudo isso 
mexe com a família, com o relacionamento marido/mulher, filhos/pais, com 
o lar, enfim. 
O mundo é uma grande competição, e muita gente não se importa de pisar 
outras para subir na vida, nem de se vender. Um moço conversava conosco 
no Gabinete Pastoral sobre emprego. Disse ele que quando chegava ao local 
anunciado no jornal, já havia doze a quinze pessoas. Disse-nos que, quando 
falava sobre a sua pretensão salarial, outro era escolhido porque pedira 
menos. O vestibular para as universidades é uma tremenda competição 
havendo, em certos casos, vinte e sete, trinta candidatos para uma vaga! 
Crise de autoridade e disciplina, quando se discute a autoridade dos pais, 
onde se defende o sexo livre, onde há violência em todos os sentidos, onde 
se experimenta o vazio e a solidão, onde há desejo de ter em vez do anseio 
por ser. 
Há famílias que em nome da democracia se tornaram uma perfeita 
anarquia: todos mandam e ninguém obedece, não há uma cabeça 
pensante. No propósito de Deus, a família é uma sociedade bem ordenada. 
O pai é o chefe natural tanto do subsistema conjugal (marido e mulher), 
quanto do subsistema fraternal (filhos). É conferir Colossenses 3.18,20 
"Vós, mulheres, sede submissas a vossos maridos, como convém no 
Senhor.... Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais; porque isto é 
agradável ao Senhor." O espírito de família baseado no respeito e confiança 
desaparece: os pais discutem com os filhos, e toleram sua falta de respeito 
e zombaria até; espetáculos de intimidade conjugal são testemunhados 
aviltando a dignidade e o decoro! 
Há quem fale em conflito de gerações. Ora, sempre tem havido e sempre 
haverá, uma brecha entre as gerações. É preciso que exista; o que não 
pode é ser aumentada e abusada. O conflito de gerações não é coisa de 
hoje. Num túmulo egípcio de 6.000 anos atrás (c. 4000 a.C.) foi 
encontrado: 
"Vivemos numa era decadente. Os jovens já não respeitam seus pais. São 
grosseiros e impacientes. Passam o tempo nas tabernas e não possuem 
qualquer domínio sobre si mesmos". 
E a revista Newsweek (de nossos dias, portanto): "Este não é um tempo 
fácil para se ser pai ou mãe". A história de Davi e Absalão é na Bíblia um 
registro desse conflito de gerações. Absalão, amado pelo pai, foi um moço 
cheio de frustrações. Belo rapaz, rebelou-se contra o pai, e fugiu de casa. 
Comandou uma insurreição contra Davi, que deu uma ordem aos seus 
oficiais. Morto, foi pranteado pelo pai. 
Crise, revolução, rebelião, revolta, desespero , desconfiança, ceticismo, 
falta de fé, revolução em todos os quadrantes do mundo e também dentro 
de casa. 
Crise de Identidade e Mudança de Valores. A família contemporânea tem 
sido abalada pela falta de identidade de alguns de seus membros,. Refiro-me 
à distinção entre os sexos: a homem sem acanhamento de ser homem; 
mulher sem pedir desculpas por ser mulher. Referimo-nos a homem com 
modos apropriados, vestes adequadas, comportamento de homem; refiro-me 
a mulher com maneiras perfeitas, gestos femininos e conduta de 
mulher. Sem mistura e sem unissex. 
A família de hoje tem sofrido de mudança de valores: o que é mau está 
travestido de bom, e o bom, considerado fora de moda. As drogas têm se 
3
tornado uma questão de segurança nacional em todo o mundo. Dizem as 
estatísticas que de cada oito americanos, um é viciado em drogas. Até há 
poucos anos no Irã, havia uma taxa de cinco mil suicídios/ano por causa 
das drogas. sexo livre e irresponsável. Não é coisa nova.. Nossa cultura 
está saturada de sexo como bem o demonstra os títulos de alguns filmes. A 
experiência sexual antes do casamento e a permissividade têm virado 
normalidade e rotina nas novelas de TV e na vida das famílias. O 
homossexualismo tem sido aceito por segmentos da família brasileira sem 
restrições. Aliás, é chamado de "preferência ou opção sexual"(?!). O 
número especial de Ultimato sobre "A Questão Gay" (abril de 1987) traz um 
comentário sobre um documento publicado pelo Grupo Gay da Bahia. É 
documento dirigido aos crentes em Jesus Cristo, e tem o título O que todo 
crente deve saber sobre o homossexualismo apresentando um sem número 
de aberrações de hermenêutica bíblica. Por exemplo: "Não há na Bíblia 
nenhuma só vez a palavra homossexual nem homossexualidade". É 
verdade, mas aparecem as palavras impuros, efeminados e sodomitas.. "A 
prática homossexual foi proibida porque é uma relação não reprodutiva". A 
resposta é muito elucidativa. O homossexualismo é chamado de "amor 
inocente", mas a resposta se encontra em Romanos 1. 26, 27 onde a 
prática homossexual é chamada de torpe e depravada. O problema destes 
dias é condenar a conseqüência e não a fonte: condena-se a AIDS, mas não 
o homossexualismo, e nessa base estão as campanhas dos nossos governos 
pelos jornais, revistas, outdoors e TV. Lembremos que condenamos o 
pecado, mas amamos o pecador, por isso temos que estender-lhe a 
mensagem de purificação, de mudanças, de salvação em Jesus Cristo. 
Não é novidade a subversão de valores. Isaías, o profeta, há 2.700 anos 
denunciava a subversão de seus dias: 
"Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que põem as trevas por 
luz, e a luz por trevas, e o amargo por doce, e o doce por amargo!" 
"O vosso país está assolado; as vossas cidades abrasadas pelo fogo; a 
vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença, e está devastada, 
como por uma pilhagem de estrangeiros." 
Todos falam da crise moral e espiritual que tenta dominar nosso país; a 
ética sofre de anemia porque Deus e Sua Palavra não são prioridade para 
nosso povo. A lei de Deus tem sido ignorada, e, no entanto, a Escritura diz 
que Deus é o Senhor das nações: 
"Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão diante de ti, Senhor, e 
glorificarão o teu nome." 
"Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações". 
Na sociedade de hoje, parece que o bem virou mal e o mal se tornou 
correto; vive-se a cobiça do dinheiro, do luxo desenfreado; vive-se a 
desumanização da personalidade por uma época dirigida pela máquina. 
Crise de fé. A irreligião, quando não a anti-religião, é vivida: leviandade 
quanto à fé, coração vazio de nobreza e fé, frivolidade no lar, falta de vida 
na família, falha de pais que não vivem o que pregam. Talvez resultado de 
um tempo quando a máquina substitui o músculo, e, até, o cérebro. Talvez 
porque seja in descrer do espiritual e crer na tecnologia. Há o caso da fé 
mal-dirigida. Aliás, na Antigüidade, famílias inteiras mal-dirigiam sua 
atitude de fé: 
"Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres 
amassam a farinha para fazerem bolos à rainha do céu, e oferecem libações 
a outros deuses, a fim de me provocarem à ira". 
4
Não parece o quadro das procissões marítimas, ebós e semelhantes? 
É tempo de orar pela família; é tempo de orar por essa falta de autoridade e 
disciplina; é tempo de orar pela falta de identidade, mudança de valores e 
suas conseqüências; é tempo de orar pela falta de fé. 
AJUDANDO A FAMÍLIA 
Ajudando os pais. Espera-se que os pais cristãos sejam pessoas que amem 
a Palavra de Deus e a repassem aos filhos. A Bíblia pontua a disciplina, e 
com a Bíblia os pais cristãos hão de vencer a crise de autoridade e 
disciplina. A Bíblia ensina que é preciso firmeza e que o "sim" há de ser 
"SIM", e o "não" há de ser "NÃO". A crise de mudança de valores será 
vencida quando os pais derem tempo e mais de si aos filhos. Um adesivo no 
vidro de um carro dizia: "Você já abraçou seu filho hoje?" 
Compreendendo os filhos. Paulo diz em Efésios 6.4 e Colossenses 3.21: 
"não provoqueis à ira vossos filhos" e "não irriteis a vossos filhos". Na 
verdade, colhemos o que plantamos: se plantamos amor e compreensão, 
colheremos compreensão e amor. Há um ministério em escutar: de escutar 
os filhos. Há um ministério de comunicar: o modo como se fala com os 
filhos diz se eles são aceitos, se criticados, rejeitados ou amados. Há um 
ministério no disciplinar: disciplina adequada, equilibrada, apropriada, 
graduada, disciplina com amor. Há um ministério no respeitar: o respeito 
pelas opiniões e decisões dos filhos porque podem ser diferentes das suas, 
respeito pelos seus direitos pessoais, a sua privacidade. 
Amar os filhos. Por isso passar-lhe o ensino da lealdade, da honestidade, do 
respeito, do amor, das coisas do Espírito, da confiança em Deus. Tudo em 
nome do amor: 
"coisas que temos ouvido e sabido, e que nossos pais nos têm contado. Não 
os encobriremos aos seus filhos, cantaremos às gerações vindouras os 
louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que tem feito, 
a fim de que pusessem em Deus a sua esperança, e não se esquecessem 
das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos"; 
Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer 
não se desviará dele". 
Pais necessitam possuir um alicerce moral e espiritual sobre o qual apoiem 
suas vidas e que possa suportar a prova do tempo, que seja eterno. Isso 
em nome do amor, e assim os filhos se identifiquem com os pais de modo 
que aceitem e incorporem os seus valores. Assim foi com Abraão: 
"Visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e 
por meio dele serão benditas todas as nações da terra? Porque eu o tenho 
escolhido, a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, 
para que guardem o caminho do Senhor, para praticarem retidão e justiça; 
a fim de que o Senhor faça vir sobre Abraão o que a respeito dele tem 
falado". 
Ajudando os filhos. Que linda oração no Salmo 144, 12,15: 
"Sejam os nossos filhos, na sua mocidade, 
como plantas bem desenvolvidas 
e as nossas filhas como pedras angulares lavradas, 
como as de um palácio. 
Bem-aventurado o povo a quem assim sucede! 
Bem-aventurado o povo cujo Deus é o Senhor", 
Porque a Bíblia vê os filhos como bênção de Deus. Por isso, há um enorme 
privilégio e maior dever, ainda, em serem os filhos bênçãos, luzes, 
5
esperança para seus lares e famílias, e, por extensão, para sua nação, a 
"família amplificada". Assim: 
"Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensino de tua mãe"; 
"Um filho sábio alegra a seu pai; mas um filho insensato é a tristeza de sua 
mãe" ; 
"O que aflige a seu pai, e faz fugir a sua mãe, é filho que envergonha e 
desonra." 
Essa ajuda se manifesta pela orientação a vencer a crise de identidade pela 
construção do auto-conceito, pelo orgulho de ser homem ou de se mulher 
com as características próprias de seu sexo, pelo assumir a identidade como 
crente em Jesus Cristo. 
A vencer a crise de fé ensinando-os a orar com regularidade, honestidade e 
perseverança, despertando, assim, a sua sensibilidade espiritual. 
Estabelecendo alvos nos quais esqueçam o passado (como Paulo ensinou, 
"esquecendo-me das coisas que para trás ficam..."), e prossigam adiante. 
Filhos abençoados... No Antigo Testamento, a submissão aos pais é o 
segredo da bênção: 
"Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com 
promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra". 
Afinal, receber uma herança é receber bênçãos, e a Bíblia diz que os filhos 
são herança de Deus. A oração do Salmo 144.12: 
"Sejam os nossos filhos, na sua mocidade, como plantas bem 
desenvolvidas, e as nossas filhas como pedras angulares lavradas, como as 
de um palácio", 
está na linha da ordem de Deus a Abraão em Gênesis 12.2b : "Tu, sê uma 
bênção". Filhos que promovam bênçãos nesse mundo de barulho, violência 
e frustração, mundo, porém, que herdaram das gerações que os 
antecederam. 
O segredo do sucesso e crescimento da família cristã é o próprio Senhor 
Jesus Cristo. Em Efésios 5 e 6, Jesus Cristo é o filtro em cada 
relacionamento no lar: entre a esposa e o marido, o marido e sua mulher, 
entre os filhos e os pais, entre os pais e os filhos, entre os empregados e os 
patrões, e entre os patrões e os empregados. Família unida é a que 
desenvolveu o senso de comunhão: a que ama a Deus, a que ama a Sua 
Palavra, a que ama a seus membros individualmente. Mesmo a Bíblia fala 
de pais vivendo na compreensão, no amor, na amizade dos filhos, e de 
filhos se pautando e retornando essa compreensão, amor e comunhão: 
"E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a 
seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição" . 
Pedro apóstolo fala da "estrela d'alva ", estrela da manhã, que é Jesus, 
nascendo em nosso coração: 
"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar 
atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia 
amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações", 
e diz Malaquias 4.2: 
"Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, 
trazendo curas nas suas asas; e vós saireis e saltareis como bezerros da 
estrebaria." . 
Não há alternativa: é Jesus primeiro, pois "buscai primeiro o seu reino e a 
sua justiça, e todas estas coisas vos serào acrescentadas". Esse é o segredo 
do viver cristão individual e da vida cristã na família. Trevas não afastam 
trevas, mas a luz, sim: ódio não espanta ódio, mas o amor, sim, a fonte, 
6
porém, da luz, do amor, o caminho da vida é Cristo Jesus, o Filho de Deus, 
nosso Salvador. 
Se for o caso, que haja refeitura do ambiente familiar. A família não se 
compra feita, ela se constrói: uma casa você adquire, mas um lar é 
construído a custa de sacrifício, trabalho, sofrimento, até. Que haja 
dignidade da pessoa humana. A criança tem dignidade, pois Cristo disse: 
"Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o 
reino dos céus", 
e João registrou, "Eu vos escrevi, meninos, porque conheceis o Pai". 
O adolescente e o jovem têm dignidade: 
"Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o Maligno. Eu vos escrevi, 
jovens porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e já 
vencestes o Maligno" . 
O adulto tem dignidade: 
"Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que é desde o princípio". 
"Eu vos escreví, pais, porque conheceis aquele que é desde o princípio". 
O idoso tem suprema dignidade: 
"Os vossos anciões terão sonhos" 
Há que inspirar a fé. O crente em Jesus Cristo entende que a fé é para a 
família inteira, razão porque o policial de Filipos ouviu: "Crê e serás salvo, 
tu e a tua casa", e se o amor é o fundamento do casamento e da 
conseqüente família, dois outros elementos teológicos não podem ser 
afastados: paz e segurança. O amor traz o senso de serviço o prestar 
atendimento, a fé faz o amor se enraizar em Deus, e a esperança baseia-se 
na fé porque é crer nos bens e bênçãos familiares que possuímos em 
semente; é crer que o outro pode chegar à plenitude como ser humano e 
cristão e trabalhar para isso em amor. 
Nossa oração é que possamos afirmar como Josué o fez, "eu e a minha 
casa serviremos ao Senhor" . Com Cristo, a família será ajudada, instruída: 
"Congrega o povo, homens, mulheres e pequeninos, e os estrangeiros que 
estão dentro das vossas portas, para que ouçam e aprendam, e temam ao 
Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta 
lei; e que seus filhos que não a souberem ouçam, e aprendam a temer ao 
Senhor vosso Deus", 
e nós chegaremos a conhecer a glória do Senhor: 
"Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória 
do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, 
como pelo Espírito do Senhor". 
A IGREJA E A POLÍTICA DOS EVANGÉLICOS NO SÉCULO 21 
ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE 
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Um dos mais respeitáveis teólogos da atualidade, fundador da Fraternidade 
Teológica Latino-Americana, Samuel Escobar, considera que "o mundo de 
amanhã não precisa de latino-americanos que aspirem por viver na 
comodidade e no luxo (...), mas de latino-americanos que convençam seus 
parceiros norte-americanos e europeus de que se pode viver com 
simplicidade e alegria, com os meios estritamente necessários para realizar 
7
a obra, e um senso de satisfação que vem da fidelidade ao chamado de 
Deus". 
No alvorecer dos século 21, os evangélicos latino-americanos reconhecem 
que é impossível ao homem do futuro viver a experiência da graça 
salvadora de Deus, sem recuperar a visão bíblica do ser humano como ser 
social, cuja transformação é vivida no contexto de sua própria comunidade. 
É na igreja que se vive as dimensões do pessoal e do comunitário da 
salvação. 
Ao contrário do século 20, que se construiu voltado para o imediato da vida, 
o desgaste das grandes correntes político-ideológicas coloca o homem do 
século 21 diante de uma perspectiva que muitos acreditavam morta: a 
vivência da espiritualidade como opção válida para a construção de uma 
humanidade solidária. 
Estamos presenciando em toda a América Latina a redescoberta da 
realidade da vida espiritual e da dimensão religiosa. Nesse sentido, tanto a 
tecnologia como a formação intelectual deixam de ser dimensões 
antagônicas à fé, para ocupar o lugar que sempre lhes pertenceu, de 
ferramentas imprescindíveis ao conhecimento humano. 
É verdade, que a redescoberta da dimensão espiritual do homem nos leva a 
dois problemas que devem ser condenados claramente. De um lado, 
existem aqueles que se aproveitam da crescente fome espiritual da 
humanidade para acumular riquezas e poder. E por outro, é um erro olhar a 
Europa e os Estados Unidos como sociedades cristãs, que através de suas 
políticas expandem o cristianismo no mundo. O que não é verdade. A 
Europa e os Estados Unidos traduzem a triste realidade de culturas pós-cristãs 
e suas políticas nacionais pouquíssimas vezes traduzem a ética e a 
fraternidade propostas pelo Cristo. 
Esses dois alertas são fundamentais, pois mostram que a redescoberta da 
espiritualidade pelo homem pós-moderno não está isenta de problemas. De 
todas as maneiras, é bom lembrar que dos 5,5 bilhões de habitantes do 
mundo, um terço nomeia-se cristão e que a cada dia 70 mil pessoas adotam 
o cristianismo como fé e religião. 
Por isso, a partir de uma releitura de Sulla teologia del mondo, de Johann 
Baptist Metz, 1968, sugerimos a formulação de uma práxis política 
evangélica que deve, estrategicamente, partir de duas tarefas: uma 
negativa e outra positiva. 
1. A pars destruens consiste em realizar a crítica da tendência da teologia à 
privatização. O iluminismo rompeu a unidade entre existência religiosa e 
existência social, e o marxismo definiu a religião como superestrutura 
ideológica de determinada práxis social e de determinadas relações de 
poder. Assim, o iluminismo e o marxismo definiram a impossibilidade do 
sagrado no mundo e a teologia acabou por refugiar-se na esfera do privado: 
"Ela [...] privatizou esta mensagem em seu núcleo essencial e reduziu a 
práxis da fé à decisão amundana do indivíduo. Essa teologia procurou 
resolver o problema surgido com o Iluminismo, eliminando-o. Para a 
consciência religiosa, determinada por essa teologia, a realidade social e 
política tem apenas uma existência efêmera. As categorias que essa 
teologia utiliza para explicar a mensagem [cristã] são predominantemente 
categorias do íntimo, do privado, do apolítico" [J. B. Metz, Sulla teologia del 
mondo, 1968, p. 106]. 
8
2. A pars construens consiste em desenvolver as implicações sociais da 
mensagem cristã. Não se trata de eliminar o problema levantado pelo 
iluminismo e pelo marxismo - como o fazem a metafísica e a teologia 
existencial --, mas em responder teologicamente aos desafios, assumindo a 
tarefa de desenvolver uma nova relação entre teoria e prática. A teologia 
pode e deve fazê-lo, pois as promessas escatológicas da tradição bíblica, de 
liberdade, de paz, de justiça e de reconciliação, não constituem um 
horizonte vazio na expectativa cristã, mas têm uma dimensão política, que 
é preciso fazer valer na sua função crítica do processo histórico-social. 
"A salvação a que se refere a esperança da fé cristã não é uma salvação 
privada. A proclamação desta salvação empurrou Jesus para um conflito 
mortal com os poderes políticos de seu tempo. Sua cruz não está no 
privatissimum da esfera indivíduo/pessoa, e muito menos no sanctissimum 
da esfera puramente religiosa. Ela está além do umbral da reservada esfera 
privada ou da protegida esfera puramente religiosa. Ela está 'fora', como 
formula a teologia da Carta aos Hebreus. O véu do templo foi 
definitivamente rasgado. O escândalo e a promessa desta salvação são 
públicos" [Id., ibid., p. 110]. 
Assim, na elaboração de uma teologia política evangélica, à igreja cabe a 
tarefa de proclamar o evangelho da salvação, exercendo função crítica 
diante da sociedade. A igreja pode e deve assumir essa tarefa, apesar dos 
muitos erros que cometeu. Esta tarefa deve ser exercida na defesa do 
indivíduo, de sua pessoalidade -- que não podem ser vistos simplesmente 
como material e meio para a construção do futuro tecnológico -- e na 
mobilização do poder crítico do amor que está no centro da tradição cristã. 
A função crítica da igreja frente à sociedade produzirá sempre repercussões 
na própria igreja: promoverá uma nova consciência no interior da igreja e 
criará uma transformação das relações da igreja com a sociedade. 
A PALAVRA QUE SARA 
ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE 
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Daí graças ao Senhor, porque Ele é bom; porque a sua benignidade dura 
para sempre; pois ele satisfaz a alma sedenta, e enche de bens a alma 
faminta. Tirou-os das trevas e da sombra da morte, e quebrou-lhes as 
prisões. Enviou a sua palavra, e os sarou, e os livrou da destruição. Quem é 
sábio observe essas coisas, e considere atentamente as benignidades do 
Senhor." ( Sl 107. 1,9,14,20,43 ) 
Seja na área das ciências biológicas ou das ciências humanas; seja na 
Teologia ou na Medicina, para bem conduzir o rumo das coisas, torna-se 
necessária uma compreensão da natureza humana. É evidente que a 
antropologia contemporânea reserva-se o direito de guardar traços??? das 
culturas passadas. No entanto, como divergiam essas culturas! ... 
Sumérios, Caldeus, Assírios e Babilônios, ou seja, os povos mesopotâmicos, 
viam a natureza humana como algo essencialmente inferior. Marduque, seu 
deus principal, reinava sobre pequenos deuses que podiam favorecer ou 
complicar miseravelmente a vida dos pobres seres humanos. Havia um 
fatalismo nessas culturas mesopotâmicas que era desumanizador a todas 
dominando. 
9
Os gregos olhavam o ser humano com otimismo. No portal do oráculo de 
Delfos, havia uma inscrição que dizia "Conhece-te a ti mesmo", expressão 
que, na verdade, queria dizer o seguinte: "Você é apenas um ser humano, 
um mero homem, nada mais que isso. Você precisa se conhecer". Harold 
Ellens enfatiza que esse é excelente lembrete para terapeutas, psicólogos, 
psiquiatras e médicos cristãos, para quem trabalha com o ser humano na 
mente, no espírito ou no corpo de um modo geral, pois, se enfrentarmos 
com honestidade e com o coração aberto nossas próprias realidades, já 
estaremos no meio da jornada para lidar com ela construtiva e 
positivamente. 
Mas uma coisa é ser simplesmente humano, como queria o Oráculo de 
Delfos; outra é ser compassivamente humano. E o conceito grego do ser 
humano evoluiu dessa ansiedade original e humilhante, para a segurança 
do humanismo de Sócrates. Para os gregos, ser humano era, acima de 
tudo, ser o palco de uma tremenda luta entre a mente e a carne, entre a 
psychê e a sarx que deveria ser submetida ao domínio do espírito. 
E os hebreus? Que disseram sobre isso? O conceito do ser humano entre os 
hebreus é muito simples. Simples, porém majestosamente monumental, 
porque tinham uma visão unitária da pessoa humana, quer dizer, não há 
divisão do homem em corpo, alma e espírito. O ser humano é um todo; a 
visão hebréia do ser humano é circular, sistêmica. O ser humano é 
cooperador de Deus num mundo que é de Deus, razão porque não há 
separação entre o secular e o sagrado. E, realmente, o sacerdote entre os 
hebreus era o homem de religião a quem se recorria, até, em assuntos de 
saúde. Em Levítico, livro de regulamentos rituais, culturais, civis e 
religiosos, encontramos : "Quando o homem tiver na pele da sua carne 
inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, e esta se tornar na sua pele 
como praga de lepra, então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um dos 
seus filhos, os sacerdotes" 
(Lv 13.2 ) e daí em diante, vem toda uma prescrição sobre esse assunto. 
Isso aconteceu há quase 4.000 anos. 
Mas essas antropologias persistem hoje ainda nas mentes de homens e 
mulheres da Medicina e da Teologia, e moldam a nossa vida, e nossa visão 
do ser humano como paciente, ou aquele a quem ministramos na igreja. 
UM TOQUE HUMANO 
A Bíblia Sagrada apresenta um conceito de "ser pessoa" iluminado e 
modificado pelo pensamento divino. Sem esse conceito, torna-se muito 
difícil cultivar o caráter relacional do ser humano. Diz Gênesis 1.26, 27 que 
o ser humano foi criado à imagem moral e semelhança espiritual do Ser 
Divino. E essa é a diferença estabelecida entre os peixes do mar, as aves do 
céu, os répteis, e os animais ditos inferiores. Por natureza, pertencemos a 
essa ordem, pois somos marcados pelos mesmos elementos naturais: sais 
minerais, proteínas, ácidos, elementos físicos e substâncias químicas, e, por 
isso, nos identificamos substancialmente com esses animais que devemos 
subjugar (segundo a ordem do Criador), e, mesmo, com o solo do qual, em 
sua linguagem metáforica e gráfica, fomos retirados. Uma filigrana 
lingüística é que, em hebraico, "ser humano", "humanidade" se diz adam; 
"barro, argila, solo" é adamah (forma feminina de adam), jogo de palavras 
que seria como se disséssemos "do humus foi o homem tirado". 
Pois bem, esse ser humano feito à imagem de Deus (o apóstolo Paulo diz 
que "poemas de Deus somos nós", Ef 2. 10), tem uma vocação que 
determina o seu caráter, e uma posição diante do Criador: é administrador, 
10
gerente, fiel depositário do patrimônio divino na Terra (Sl 24.1; Gn 1. 26, 
28; 2.15). É sua vocação, é nossa vocação! 
Esse ser humano, que a Escritura chama adam, foi criado macho e fêmea, 
varão e varoa, homem e mulher com suas peculiaridades, e 
particularidades, e idiossincrasias, e funções próprias, diferenças próprias, 
das quais dá conta e busca resolver os problemas a própria Medicina em 
suas especialidades 
Há diferenças na ordem natural entre o homem e a mulher: a sexualidade, 
e é por isso que logo depois da Escritura Sagrada dizer que Deus criou o 
adam (o ser humano, a humanidade), diz que essa humanidade foi criada 
de duas maneiras: ish e ishah. E esse ish e essa ishah, esse homem e essa 
mulher são atraídos um pelo outro pelo amor hormonal, visceral, biológico 
que os gregos chamam de eros. Boa palavra para designar a atração 
sexual, e que só pode ser de um homem por uma mulher, ou de uma 
mulher por um homem; nunca (e a Bíblia a isso chama de "perversão") de 
um homem por um homem, de uma mulher por outra mulher, de adulto por 
criança, ou de um ser humano por um animal. 
Por outro lado, esses dois seres (ish e ishah) têm outra qualidade que é a 
complementariedade. São diferentes em sexualidade, em funcionalidade, 
não em competição, mas complementam-se o homem e a mulher, o ish e a 
ishah da história bíblica para que, unindo-se os dois, forme-se o adam, e o 
ser humano físico, emocional e espiritual seja restabelecido. 
Apesar de diferentes, são iguais em ordem natural e destino sobrenatural, 
têm idêntica vocação e idêntica satisfação: complementam-se tanto que 
homem e mulher se procuram e aceitam-se como a parte que falta no 
outro. 
O ser humano não é, como quer o pensamento materialista, apenas matéria 
em movimento. Ou como disse Emerson, "um ser em ruínas", ou Jonathan 
Swift, autor das Aventuras de Gulliver, "o homem é a espécie de verme 
mais perniciosa e degradante que a natureza jamais permitiu que rastejasse 
na face da terra", ou, ainda, Martin Heidegger, o filósofo alemão: "um-ser-para- 
a-morte, cuja marcha final é o Nada, onde não se reconhece Deus, 
onde não se reconhece descanso, nem salvação. Nada. Nada". 
Rollo May salienta que as características do homem moderno são o senso 
de vazio, tremendo vazio dentro de si; a solidão, imensa solidão tão escura 
quanto a noite; e essa ansiedade que machuca, corrói as entranhas do 
coração. E não é revelador que a Bíblia tem para cada uma destas 
características respostas diretas? Diretas e eternas? Por exemplo: para o 
sentimento de vazio do ser humano, encontramos nas Sagradas Letras esta 
palavra de São Paulo que diz "Nele [ em Cristo] habita corporalmente toda 
a plenitude da divindade, e tendes a vossa plenitude nele, que é a cabeça 
de todo principado e potestade" (Cl 2.9,10; cf. Jo 1.16; Ef 3.17-19). 
Encontramos, ainda, na Escritura que, com respeito ao problema tão sério 
da solidão, a Bíblia diz: "Deus faz que o solitário viva em família" (Sl 68. 
6a). E no que toca à ansiedade, quem toma a palavra é São Pedro ao dizer 
"Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu 
tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele 
tem cuidado de vós" (1Pe 5. 6,7; cf. Sl 37.5; 55.22; Mt 6.25, 26). 
O CUIDADO 
Durante muito tempo, o cuidado de pessoas ansiosas e desesperadas era 
considerado responsabilidade dos homens da religião. E, na verdade, uma 
"abordagem clínica" em países do Primeiro Mundo inclui a presença de um 
11
capelão preparado, não só em Psicologia Pastoral , mas, também, com 
estágio supervisionado em hospitais, clínicas e casas de saúde. E a idéia 
básica é a restauração do bem-estar físico pelo médico, e da plenitude do 
ser pela reconstrução psicoterapêutica da personalidade. Isso quer dizer 
que médicos e pastores são agentes da esperança. O pastor precisa ter uma 
visão clínica daquele que sofre ou convalesce; mas o médico precisa ter 
uma visão pastoral do seu paciente. Quantos problemas de ordem 
psicossomática em vez de um placebo, poderiam ter recebido o cuidado 
pastoral, a atenção espiritual, o aconselhamento, a confissão e o perdão! E 
é nessa linha que Tiago vai escrever: "Está aflito alguém entre nós? Ore... 
Está doente algum do vós? Chame os anciões [os pastores] da igreja, e 
estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo [era um tratamento, uma terapia 
da época] em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o 
Senhor o levantará; e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados". 
E ele continua "Confessai, portanto os vossos pecados uns aos outros, e 
orai uns pelos outros, para serdes curados" (Tg 5.13a, 14-16). Vejam se 
não há aqui todo um somatismo de problemas interiores, mentais, 
emocionais, jogados para fora do corpo! Sem dúvida, como já foi dito, a 
Medicina estava ligada ao sacerdócio: 
" Quando um homem tiver na pele da sua carne inchação, ou pústula, ou 
mancha lustrosa, e esta se tornar na sua pele como praga de lepra, então 
será levado a Arão o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes, e o 
sacerdote examinará a praga na pele da carne. Se o pelo na praga se tiver 
tornado branco, e a praga parecer mais profunda que a pele, é praga de 
lepra; o sacerdote, verificando isto, o declarará imundo. Mas, se a mancha 
lustrosa na sua pele for branca, e não parecer mais profunda que a pele, e 
o pelo não se tiver tornado branco, o sacerdote encerrará por sete dias 
aquele que tem a praga. Ao sétimo dia o sacerdote o examinará; se a 
praga, na sua opinião, tiver parado e não se tiver estendido na pele, o 
sacerdote o encerrará por outros sete dias. Ao sétimo dia o sacerdote o 
examinará outra vez: se a praga tiver escurecido, não se estendido na pele, 
o sacerdote o declarará limpo; é uma pústula. O homem lavará as suas 
vestes, e será limpo" (Lv 13.2-6; cf. Lv 12.6,7) 
. E até mesmo a genética era regulada pelos sacerdotes. Vejam que 
curiosidade da Palavra de Deus, isso há quanto tempo antes de Cristo foi 
escrito?! 
"Nenhum de vós se chegará àquela que lhe é próxima por sangue, para 
descobrir a sua nudez. Eu sou o Senhor. A nudez de tua irmã por parte de 
pai ou por parte de mãe, quer nascida em casa ou fora de casa, não a 
descobrirás. Nem tampouco descobrirás a nudez da filha de teu filho, ou da 
filha de tua filha; porque é tua nudez. A nudez da filha da mulher de teu 
pai, gerada de teu pai, a qual é tua irmã, não a descobrirás. Não 
descobrirás a nudez da irmã de teu pai; ela é parenta chegada de teu pai. 
Não descobrirás a nudez da irmã de tua mãe, pois ela é parenta chegada de 
tua mãe" (Lv 18.6, 9, 10-13). 
"Descobrir a nudez" é um eufemismo semitico para designar relações 
sexuais. Toda essa regulação visava a evitar problemas na geração de 
filhos. Sim, e havia, até, normas especiais (numa era précientifica?!) Para 
prevenção de doenças infecto-contagiosas conforme podemos ler no livro de 
Números, capítulo 5. É impressionante que quase há 4.000 anos o hebreu 
no deserto, na caminhada do Egito para Canaã, fosse instruído na Palavra 
de Deus a fazer uma coisa que parece medicina sanitária dos dias de hoje?! 
12
"Entre os teus utensílios terás uma pá [e aqui a explicação: todo hebreu, 
homem ou mulher tinha que ter uma pequena pá consigo] e quando te 
assentares lá fora [fora do acampamento num lugar reservado, cf. Dt 
23.12], então com ela cavarás e, virando-te, cobrirás o teu excremento" (Dt 
23. 12, 13; cf. Nm 5.2, 3; 19.11, 16). Isso é medicina sanitária há 4.000 
anos?! 
O tema do sofrimento ou da enfermidade é sempre abordado com receio, 
com escrúpulos ou com respeito. Mas são problemas tocados de perto seja 
por quem lida com a enfermidade mental, ou com a espiritual. O homem é 
um todo: o corpo influi no espírito, o espírito influi no corpo. Daí essas 
enfermidades psicossomáticas a que nos referimos. 
Mas a doença é uma revelação. Revelação de nossa finitude, de nossa 
fragilidade, de nossa condição de ser vivo. É revelação de um mistério que 
abrigamos dentro de nós: o mistério da dor. Há aliás, na Bíblia, todo um 
livro sobre a dor física e existencial de um homem, que é o Livro de Jó. E é 
desse livro e desse homem que tiramos estas expressões: 
"Por que não morri ao nascer? Por que não expirei ao vir à luz? Por que me 
receberam os joelhos? E por que os seios, para que eu mamasse? Pois 
agora estaria deitado e quieto: teria dormido e estaria em repouso, ou, 
como aborto oculto, eu não teria existido, como as crianças que nunca 
viram a luz. Não tenho repouso, nem sossego, nem descanso; mas vem a 
perturbação" (Jó 3.11-13, 16, 26), 
porque Jó estava falando dessa dor tão grande que sentia no seu corpo. Há 
uma descrição da sua enfermidade que diz: 
"Os meus parentes se afastam, e os meus conhecidos se esquecem de mim. 
Os meus domésticos e as minhas servas me têm por estranho; vim a ser 
um estrangeiro aos seus olhos. Chamo ao meu criado, e ele não me 
responde; tenho que suplicar-lhe com a minha boca. O meu hálito é 
intolerável à minha mulher; sou repugnante aos filhos de minha mãe. Até 
os pequeninos me desprezam; quando me levanto, falam contra mim. 
Todos os meus amigos íntimos me abominan, e até os que eu amava se 
tornaram contra mim. Os meus ossos se apegam à minha pele e à minha 
carne, e só escapei com a pele dos meus dentes" (Jó 19.14-20). 
Mas é, também, um livro sobre a fé, porque no final, depois de falar de 
sofrimento, ele fala de fé, e diz: "Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas 
agora te vêem os meus olhos" (Jó 42.5). Essa é a razão porque, junto ao 
que sofre, temos que pensar no Cristo crucificado, no Cristo do Calvário, no 
Cristo de Quem foi dito setecentos anos antes que viesse ao mundo: 
"Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e 
experimentado nos sofrimentos; e como um de quem os homens escondiam 
o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente 
ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas 
dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele 
foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das 
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas 
suas pisaduras fomos sarados" (Is 53.3-5). 
SHALOM = SAÚDE TOTAL 
O problema é olhar o paciente, e vê-lo só como um corpo doente, um corpo 
sofrido, e não lembrar o seu espírito talvez mais doente que o seu corpo. É 
evidente que o paciente não é um eletrodoméstico que vai à oficina de 
reparos, não é um objeto. É uma pessoa que, atingida por uma disfunção 
do corpo ou da mente, muda seu comportamento, e, até mesmo, sua vida 
13
de si própria, de seu presente ou de seu futuro. Ele se desequilibra, ele se 
atormenta, tem sérias crises de comunicação consigo próprio, com o mundo 
que o cerca, porque ele não tem liberdade, está fora do lar. Tem conflitos 
de comunicação com a família, com as práticas religiosas, com Deus, até. 
Na verdade, o que buscamos para o enfermo, para o hospitalizado, é aquilo 
que os profetas do povo de Israel apregoavam: o shalom, a paz integral, a 
integridade, a inteireza, a plenitude, a restauração, o bem-estar total. 
Platão, nos seus Diálogos deixou claro: 
"Assim como você não deveria tentar curar... a cabeça sem o corpo, da 
mesma forma não deveria tentar curar o corpo sem curar a alma... porque 
uma parte nunca pode estar bem a menos que o todo esteja bem... Por 
isso, se quiser que a cabeça e o corpo estejam bem, você deve começar 
cuidando a alma." 
E nessa linha, Carl Jung, Erich Fromm, Viktor Frankl, Rollo May, e outros 
tantos sustentam que problemas religiosos devem ser vistos como sintomas 
de problemas psicológicos mais profundos. Há problemas psicológicos 
enraizados na patologia espiritual. O Pastor Dr. Wayne Oates, professor de 
Psicologia Pastoral no Seminário Batista de Louisville, nos EUA, escreveu, 
entre as mais de quarenta obras que assinou, uma muito interessante 
intitulada, Quando a Religião Fica Doente (When Religions Gets Sick), onde 
aborda essas manifestações patológicas, enfermiças de expressão religiosa. 
Talvez possamos, até, em certos casos parodiar e dizer "Quando o Doente 
Fica Religioso", tão doente que agora se apega aos céus, produto dessa 
ansiedade incontida, e maior que o espírito, o coração e a fé de quem a 
manifesta. Mas a única maneira construtiva de lidar com essa ansiedade 
existencial é uma vida religiosa autêntica que torne possível a imagem de 
Deus dentro da pessoa. 
O renovado interesse pela saúde e cura totais por parte das igrejas 
evangélicas tem raízes na herança bíblica. Porque Jesus é chamado "O 
Grande Médico", porque Jesus é chamado "Médico dos médicos" desde os 
primeiros dias da era cristã. E o pastor é um profissional da escuta, é o 
profissional do ouvido-amigo, o conselheiro. Por essa razão, temos que ver 
alguns princípios para a saúde total, a saúde do corpo e do espírito: 
Saúde é mais que a ausência de doença: é a presença de "bem-estar de 
alto nível". É o shalom bíblico, a integridade da pessoa humana. E bem-estar 
de alto nível é inteireza, é plenitude em várias dimensões que são 
interdependentes da pessoa: a dimensão física, a dimensão psicológica, a 
dimensão interpessoal, a dimensão ambiental, a dimensão institucional e a 
dimensão espiritual. "Deus criou o corpo humano com capacidade para se 
recuperar de uma doença: é um processo lento, natural, que obedece ao 
plano de Deus". Deus está nesse processo efetuando a cura: pastores não 
fazem milagres. Mas Deus em sua soberania faz milagres através da força 
total interior de cada indivíduo, força física e não-física. Enquanto o médico 
examina, diagnostica, e prescreve o tratamento, o pastor tem a 
responsabilidade de liberar essas energias para ajudar o paciente a se 
recuperar. O médico facilita a recuperação dando ajuda ao corpo do 
paciente, mas o pastor a facilita ajudando esse paciente a dispor dos 
poderes do espírito. Daí a energia total no processo da recuperação. 
A PALAVRA QUE SARA 
Não é fácil, não pode ser fácil estar enfermo, porque isso significa grandes 
perdas. O paciente perde espaço: seu mundo se reduz a um quarto; sua 
mobilidade é exígua, ao máximo vai ao corredor, e quantas vezes com toda 
14
uma parafernália de tubos e drenos. Ele perde o controle sobre os que 
invadem seu espaço. Perde o controle do tempo. Perde o controle do 
próprio corpo. Perde o contato com outras pessoas, e tem, por essa razão, 
crises de solidão, crises de isolamento, e de desamparo. E esse é o motivo 
porque as igrejas buscam ministrar, servir, atender espiritualmente a esses 
solitários, isolados e desamparados. É o que o Corpo de Psicólogos e 
Psiquiatras Cristãos (CPPC) chama de "Vocação Terapêutica da Igreja." 
Ministrar e servir ao enfermo, e à família do enfermo, e dizer-lhe que "Deus 
é o nosso refúgio e fortaleza, e socorro bem presente na angústia; aquietai-vos, 
e sabei que eu sou Deus" (Sl 46. 10a) e também "O Senhor o 
sustentará no leito da enfermidade; tu lhe amaciarás a cama na sua 
doença" ( Sl 41.3; cf. Sl 3.5; 4.8). 
O Dr. Flamínio Fávero, professor emérito da Faculdade de medicina da USP, 
e evangélico, em seu trabalho Humanização da Medicina, publicado na obra 
coletiva A Palavra que Sara que dá o título a este trabalho, lembra que a 
Medicina visa ao homem, lembra que o médico é objeto de amor e de ódio, 
e cita uma trova vinda da Escola Médica de Salerno, na Itália: 
"Tem três faces o médico. 
É julgado anjo, demo ou suprema divindade! 
Anjo, se acode, logo que é chamado 
E forte, enfrenta a dura enfermidade! 
Se o doente melhora, tão amado 
Não é o próprio Deus na Eternidade! 
Mas, quando a conta manda do trabalho, 
Nem mesmo Satanás é tão bandalho." 
E ensina que "a verdadeira medicina não tem pátria, não tem inimigos, não 
tem prevenções raciais, religiosas e outras que sejam, porque ela deve ser, 
como o evangelho, manifestação e reflexo da sua fonte de origem: Deus. 
Sim; há algo no ser humano que a biologia e a química não podem explicar. 
Talvez, por isso, São Paulo diz que "somos poemas de Deus" , e Davi 
exclama, "pouco abaixo de Deus fizeste [o ser humano], de glória e de 
honra o coroaste" . Tem, no entanto, o ser humano a tendência de viver em 
níveis baixos e degradados. Mas algo traz à sua mente que não foi criado 
para o lixo, mas para as estrelas, para os céus, para o infinito. E daí 
caminhamos para a Suprema Terapia, a Grande Cura que é a ressurreição 
final dos corpos, a Gloriosa Restauração dos corpos, sem que haja mais 
sofrimento, pavor ou gemido, ou, na linguagem da Bíblia: "Ele enxugará de 
seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais 
pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas" 
(Ap 21.4). 
INTERCESSÕES 
Huub Oosterhuis 
Por todos os que são crucificados, 
Como teu Filho 
Por todos os homens abandonados, 
Nós te rogamos. 
Por todos os que não podem mais 
Suportar a situação em que se acham, 
Por todos os que vivem no sofrimento, 
Não percebendo o seu sentido, nem seu fim, 
Nós te rogamos, Senhor. 
15
Por todos os que se revoltam, 
Que não sabem mais irradiar, nem agir. 
Por todos os implacáveis e rancorosos, 
Os arrogantes e os cínicos; 
Torna-os, Senhor, mais indulgentes, 
Abre de novo seus olhos 
Para a bondade possível entre os homens, 
Para que vejam tua criação 
E o futuro que lhes reservas. 
Por todos os que são acusados, 
Que vivem oprimidos pela perseguição e calúnia. 
Por todos os que, por sua dureza 
Para com os outros, 
Perderam a confiança em si mesmos. 
Por todos os que não encontram compreensão, 
Nem uma palavra sequer de lenitivo, 
Que não encontram alguém que os queira aceitar. 
Por todos os que são inibidos ou ansiosos, 
Por todos os angustiados e tensos, 
Por todos os que são vítimas 
De chantagem ou corrupção, 
Por todos os que são obrigados 
A viver na injustiça, 
Presos nas engrenagens de um sistema inumano, 
Sem dele poderem sair, 
Nós te rogamos, Senhor. 
Por todos os que mergulham no desânimo, 
Vendo o mal espalhado no mundo. 
Por todos os otimistas, 
Por todos os corajosos 
E por todos que sabem ser amigos, 
Para que permaneçam firmes na hora da provação 
E que seu apoio nunca nos falte. 
Oremos por todos aqueles 
Que não tem beleza nem encanto, 
Atraindo os olhares. 
Por todos os que não são semelhantes aos outros, 
Os mongolóides e excepcionais, 
Os instáveis e mutilados, 
Os doentes incuráveis. 
Pedimos, Senhor, que nos ajude a descobrir 
O sentido da sua presença neste mundo. 
A PÍLULA DO HOMEM: UMA PERSPECTIVA PASTORAL 
ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE 
ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL 
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Em vias de comercialização, o primeiro contraceptivo oral masculino do 
mundo chega ao Brasil, e com ele, algumas indagações de cristãos sobre a 
legalidade Bíblica de um homem crente usar a "pílula" para não ter filhos. 
16
A questão interessa a muitos cristãos. Muitos jovens casais têm evitado 
filhos nos dias de hoje. As razões geralmente apresentadas são a explosão 
demográfica das grandes cidades onde vivem, a depravação e corrupção 
cada vez maiores do ambiente onde seus filhos haveriam de crescer, tal 
como o uso de drogas e a delinqüência infantil e juvenil. Alega-se ainda a 
falta de segurança que sentem em relação a filhos: saberei dar respostas? 
Será que serei capaz de viver uma vida exemplar? E, por fim, o argumento 
mais forte, o alto custo financeiro hoje de se criar filhos. Para os que 
pensam assim, filhos atrapalhariam os planos financeiros de se ter uma vida 
financeira mais tranqüila. 
Por outro lado, há algumas boas razões para se enfrentar as dificuldades 
mencionadas acima. 
1) Filhos são fonte de grande alegria, isto a Bíblia deixa muito claro, mas 
especifica que especialmente os filhos que andam nos caminhos do Senhor 
(ler Pv 28.7; 29.3,17). Filhos que crescem sem disciplina vão para o 
mundo, desobedecendo a Deus, e dão grande dor a seus pais (Pv 17.21,25; 
28.7; 29-3,15). "Grandemente se regozijará o pai do justo, e quem gerar 
um filho sábio nele se alegrará" (Pv 23.24). Filhos sábios não crescem em 
árvores: são fruto de toda uma vida de disciplina, instrução, 
companheirismo, amor, e orientação nos caminhos de Deus. Mas o 
resultado vale a pena. 
2) Filhos são bênção do Senhor. Os Salmos 127 e 128 comemoram a 
felicidade do justo em ter muitos filhos, como bênção de Deus. Muitos 
jovens casais cristãos, ao contrário do ensino bíblico, vêem os filhos como 
sendo um tropeço, um estorvo às suas carteiras profissionais, aos planos de 
divertir-se, conhecer o mundo... quem pode fazer isto com filhos 
pendurados nas calças? 
É possível que estes cristãos mudem de idéia, quando já for muito tarde, 
quando estiverem aposentados, doentes, velhos e sozinhos largados num 
asilo de idosos, sem ninguém que venha visitá-los, conversar com eles, e 
alegrá-los. 
3) Filhos fazem parte da estratégia de Deus em transformar o mundo. 
Filhos criados em famílias cristãs sólidas são via de regra os melhores 
crentes e, portanto, os mais aptos a cumprir o que Jesus ensinou, que a 
corrupção da sociedade poderá ser neutralizada por homens e mulheres 
santos (Mt 5.13-16), agindo como sal e luz deste mundo. É em lares 
cristãos fortes que jovens, que serão o sal e a luz deste mundo, são 
devidamente equipados. Deus deseja que o mundo ouça o Evangelho (Mt 
18.18-20). Nossos filhos podem ser os instrumentos necessários para isso, 
como disse B. Ray: "O propósito de Deus em nos dar filhos é que 
conquistemos o mundo para ele". 
Na minha opinião, à luz do ensino bíblico sobre o plano de Deus para a 
família e os filhos, constitui-se uma transgressão do propósito divino o 
evitar filhos por motivos egoístas quer seja com contraceptivos masculinos 
ou femininos. Gente que não quer o trabalho de criar crianças e casam pelo 
sexo e companhia se esquecem que tiveram um pai e uma mãe que 
pensaram diferente. O sexo e o companheirismo trazidos pelo casamento 
não são a sua única finalidade. Criar filhos é bem menos complicado e difícil 
do que se pensa, quando o casal o faz na dependência de Deus. 
Por outro lado, creio que não vai contra o propósito de Deus o casal 
controlar o número de filhos, e mesmo chegar a uma época em que decida 
evitá-los. Minha esposa e eu temos quatro filhos. Na realidade queríamos 
17
ter cinco, mas por problemas de saúde dela, tivemos de parar nos quatro. 
Creio que já demos nossa contribuição para encher o mundo e dominá-lo! E 
não nos sentimos constrangidos em evitar que ela engravide mais uma vez. 
Assim, creio que nada há contrário ao uso da pílula masculina por um 
cristão, desde que pelos motivos corretos. Sobre o fato de ser "masculina", 
não, vejo nada nas Escrituras que condenem a pílula por isto. A pílula 
masculina ainda tem a vantagem sobre alguns contraceptivos femininos de 
evitar uma outra questão ética relacionada com o controle da natalidade, 
que é a do uso de métodos que são abortivos. 
A POLÍTICA À LUZ DA BÍBLIA 
ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE 
ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL 
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1. A idéia bíblica 
O que a Bíblia tem a dizer sobre política? Na verdade não encontramos na 
Bíblia a palavra “política” nem uma definição da mesma. Obviamente não 
poderia porque a Escritura Sagrada não é um manual ou tratado político. 
Entretanto, encontramos nela, do Gênesis ao Apocalipse, a idéia explícita de 
política. Folheando suas páginas verificamos que o conceito bíblico de 
política é o conceito do próprio Deus e de Seus escritores sagrados. A arte 
de bem governar e administrar com competência são exigências constantes 
de Deus. Basta lermos, à guisa de exemplo, o livro do profeta Isaías. Isaías 
é corretamente denominado pelos estudiosos de “profeta da justiça social”. 
Sua reivindicação pela justiça social como resultado de uma política 
responsável e consciente era a reivindicação do próprio Deus que o enviara 
a profetizar. 
2. Causa e solução das crises 
A causa das crises sócio-econômicas a nível mundial está numa política 
defeituosa. E qual seria, por sinal, a causa deste defeito? É simples: a 
maioria dos líderes políticos estão querendo dirigir o mundo sem Deus e 
sem a Bíblia. Acredite, o maior e melhor programa de governo de todos os 
tempos é a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Leia Deuteronômio 17.18-20. 
Além disso, observe o exemplo do povo de Israel na Bíblia. Leia a história 
dos reis de Israel. Os reis que governaram sob o temor de Deus e em 
obediência à Sua Palavra foram bem sucedidos. O segredo de uma política 
eficiente não está na forma de governo (monarquia, democracia, etc) e nem 
no regime político (parlamentarismo, presidencialismo), mas na aplicação 
prática dos princípios morais e civis da lei de Deus. Não estou dizendo que 
devemos restabelecer a teocracia que Israel por fim acabou abandonando. 
No mundo de pecado em que vivemos é impossível um governo 
eminentemente teocrático, contudo, quando os princípios bíblicos regem a 
conduta e a moral dos dirigentes Deus abençoa a nação. Quando João 
Calvino (1509-1564) aplicou em Genebra (Suíça) os princípios da 
“constituição de Deus”, a Bíblia, ele revolucionou de maneira extraordinária 
a vida daquela cidade. A reforma religiosa e político-social de Calvino é um 
marco da história que comprova, entre tantos outros exemplos 
semelhantes, que fé em Deus e administração pública é uma mistura que 
dá certo. 
3. Jesus, Pedro e Paulo e a política 
O maior conceito de política que a Bíblia nos apresenta foi dado pelo Senhor 
18
Jesus Cristo. Certa feita o mestre foi interpelado por pessoas mal 
intencionadas sobre a questão do pagamento de impostos ao imperador 
romano. “É lícito pagar tributo a César, ou não?”, perguntaram. Jesus pediu 
que mostrassem uma moeda e interrogou: “De quem é esta efígie e 
inscrição?”. “De César”, responderam. Então lhes disse: “Dai, pois, a César 
o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Em outras palavras o Mestre 
queria dizer: “Sim, devemos pagar imposto. Honrar a Deus não significa 
desonrar o imperador”. 
Sem dúvida os apóstolos Pedro e Paulo tinham em suas mentes o ensino de 
Jesus ao tratarem em suas cartas de “alguns temas políticos”. Ambos 
enfatizam a importância da obediência e honra às autoridades pelo simples 
fato de serem “ministros de Deus”, conforme a expressão usada por Paulo. 
A desobediência civil é justificada na Bíblia somente quando as autoridades 
intencionalmente se opõem ao evangelho de Jesus para cometerem 
injustiças (cf. At 4.18,19). E se a desobediência civil não fosse justificável 
somente nesse sentido, Pedro e Paulo jamais insistiriam em suas epístolas 
pela obediência às autoridades (Rm 13.1-7; I Tm 2.1,2; I Pe 2.11-17). É 
interessante esse apelo apostólico porque Pedro e Paulo e as igrejas a quem 
eles se dirigiam viviam, naquela época, sob o governo déspota e tirano do 
imperador Nero. Porém, a recomendação de deveres não era pelo que o 
imperador e as demais autoridades significavam em si mesmos, e sim, 
porque ocupavam a posição político-administrativa instituída por Deus. 
Lembremos que quando Pilatos disse a Jesus: “Não sabes que tenho 
autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar?”, a resposta do 
nosso Senhor foi: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima (de 
Deus) não te fosse dada”. Quando Jesus diz em Mateus 22.21 “Dai a César 
o que é de César, e a Deus o que é de Deus” não quis dizer, como bem 
observou Francis Schaeffer: 
DEUS e CÉSAR 
Foi, é e sempre será assim: 
DEUS 
e 
CÉSAR 
Por causa dessa autoridade que vem de Deus é que o povo tem deveres 
para com as autoridades constituídas. E por causa dessa mesma autoridade 
vinda de Deus é que os políticos devem tratar o povo com justiça e 
respeito. 
4. O propósito da política segundo a Bíblia 
Observe que de acordo com a Bíblia, a política em si é boa porque foi 
instituída por Deus. O problema está no fato de que nem sempre a política 
é devidamente utilizada. Isso acontece porque nem todos estão aptos para 
entender o propósito da política. Qual a finalidade da política? Acredito que 
os teólogos da assembléia de Westminster, Inglaterra (1643-1648), 
definiram biblicamente o propósito da política quando disseram: “Deus, o 
Senhor Supremo e Rei de todo o mundo, para a sua glória e para o bem 
público, constituiu sobre o povo magistrados civis (líderes políticos) que 
lhes são sujeitos, e a este fim, os armou com o poder da espada para 
defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores”. Veja nessa 
declaração que a finalidade da política é dupla. Deus a constituiu para 1) a 
Sua própria glória e 2) o bem público. Perguntar não ofende: Será que este 
duplo propósito da política está sendo cumprido em termos de Brasil? É 
evidente que não, pois notamos ainda na declaração de Westminster que as 
19
autoridades receberam da parte de Deus o poder da espada para a defesa 
dos bons e castigo dos maus. A impunidade desonra a Deus. 
Em suma a Bíblia valoriza a política e os políticos. A primeira porque faz 
parte da própria essência administrativa de Deus. Os segundos porque são 
agentes de Deus (quer estejam conscientes ou não disso; quer acreditem 
ou não nisso) a fim de governarem com seriedade para que Deus seja 
glorificado e o povo respeitado. 
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A VIOLÊNCIA SOB A ÓTICA PASTORAL 
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Não é possível para nenhum de nós deixar passar despercebidamente o que 
tem acontecido em nossa sociedade nestes últimos dias. Foi com muita 
indignação e frustração que lemos nos jornais e vimos as cenas na TV, do 
desfecho do seqüestro do ônibus no Rio de Janeiro. 
Pior ainda é ver que a classe política e também nós cidadãos de uma 
maneira geral, nos tornamos insensíveis a tudo isso que tem acontecido em 
nossa sociedade. Parece até que perdemos a capacidade de nos indignar 
contra este tipo de coisa. 
Esta barbaridade, se tornou tão comum em nosso meio, a televisão 
banalizou de tal forma a violência, que para a grande maioria de nós esta 
foi mais uma tragédia dentre as muitas que acontecem todos os dias no 
Brasil. As cenas do policial vindo em direção ao assaltante e disparando 
nele, mais pareciam as cenas de um filme policial qualquer de Hollywood, 
que já nem mexem mais com nossa sensibilidade ou nossa capacidade de 
ficar indignados. 
Diante dessa gigantesca tragédia social em que todos nós estamos imersos, 
parece-nos que uma das alternativas que encontramos é ser indiferentes a 
esse tipo de realidade que nos cerca e continuar a nossa existência fingindo 
que tudo isso não nos afeta. Enclausurados em nossos castelos e ilhas de 
prosperidade, cercados por todos os lados de pobreza e miséria estamos 
seguros. 
Ainda, um outro sentimento que talvez permeie as nossas mentes, nessas 
horas seja o da impotência, de não poder fazer nada, de não poder mudar 
nada, de não poder levantar a voz e ficar quietos, porque afinal de contas 
quem somos nós para mudar alguma coisa? 
Qual deve ser a postura do cristão em meio a toda essa violência que nos 
cerca? Qual a postura que a comunidade cristã deve assumir diante de tudo 
isso? Como podemos nos fazer ouvir e tentar pelo menos fazer conhecidos 
os valores do Reino de Deus nestes casos? 
Em primeiro lugar, creio que como cristãos, indistintamente devemos 
levantar a nossa voz e orar pela paz da cidade. Queremos evocar, como 
pastores que somos, o livro de Jeremias, no Antigo Testamento, quando 
este convoca os judeus cativos da Babilônia, dizendo "procurai a paz da 
20
cidade..., e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz." A 
violência nos afeta a todos, e orar é algo que todos nós enquanto 
comunidade cristã podemos fazer. 
Em segundo lugar, cremos que devemos recuperar a voz profética que foi 
tão característica dos homens e mulheres de Deus em meio a uma 
sociedade corrompida e cheia de injustiça e violência. Foi assim com 
Habacuque, num outro livro do Antigo Testamento, que vendo a iniquidade 
e a opressão ao seu redor, clama por respostas, diante de Deus. Qual o 
porquê de tanta violência, "até quando clamarei eu e tu não me escutarás? 
Gritar-te-ei violência e não salvarás?" A lição que aprendemos com 
Habacuque é de que o Senhor, reto juiz, trará juízo no seu próprio tempo e 
ele nos chama para anunciar este juízo sobre os perversos, soberbos, 
violentos, corruptos e aqueles cujo poder é o seu deus. 
Em terceiro lugar, cremos que precisamos resgatar o espírito dos ensinos 
de Jesus. Talvez, até quem sabe, fazer uma nova leitura deles, 
especialmente neste caso de Mateus 5:9. Diante de situações como as que 
vivemos dia a dia, quando o Senhor nos fala que são "bem aventurados os 
pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus." Todo cristão, de 
acordo com esta palavra de Jesus, deve ser um pacificador, tanto na igreja 
como na sociedade. 
Concluindo gostaríamos de alertar para uma questão que muitas vezes não 
nos damos conta. Que podemos, através da ação individual transformarmos 
esse tipo de realidade. Como? Através do exercício da nossa cidadania. 
Colocando em prática valores como dignidade humana, justiça, paz, amor, 
respeito ao próximo e acima de tudo consciência crítica diante deste 
contexto gerador de morte. Fica a responsabilidade de cada um de nós 
cidadãos, a fazer uso, por exemplo da força do nosso voto, para que as 
estruturas geradoras de morte possam com a nossa intervenção social, 
serem vencidas. E isso só acontecerá quando nos conscientizamos da 
necessidade que temos de nos voltarmos para Deus e os valores do seu 
Reino e termos consciência que ele é o Senhor da Vida e da História. 
ABORTO: OS DOIS PONTOS CRUCIAIS 
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A legislação sobre o assunto 
O artigo 128 do Código Penal brasileiro (que é de 1940) permite o aborto 
quando há risco de vida para a mãe e quando a gravidez resulta de estupro. 
Porém, apenas sete hospitais no pais faziam o aborto legal. Esse ano, a 
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados 
aprovou a obrigatoriedade de o SUS (Sistema Único de Saúde) realizar o 
aborto nos termos da lei. O projeto, porém, permite ao médico (não ao 
hospital) recusar-se a fazer o aborto, por razão de consciência – um 
reconhecimento de que o assunto é polêmico e que envolve mais que 
procedimentos médicos mecânicos. Por exemplo, o ministro da Saúde, 
Carlos Albuquerque, disse ser contrário à lei e comparou aborto a um 
assassinato. Além disto, médicos podem ter uma resistência natural, pela 
própria formação deles (obrigação de lutar pela vida). "O juiz que autoriza o 
aborto é co-autor do crime. Isso fere o direito à vida", disse o 
desembargador José Geraldo Fonseca, do Tribunal de Justiça de São Paulo, 
21
em entrevista ao jornal Estado de São Paulo (22/09/97). Segundo ele, o 
artigo 128 do Código Penal não autoriza o aborto nesses casos, mas apenas 
não prevê pena para quem o pratica. No momento, existem projetos de 
ampliar a lei, garantindo o aborto também no caso de malformação do feto, 
com pouca possibilidade de vida após o parto. 
O ensino bíblico 
O assunto é particularmente agudo para os cristãos comprometidos com a 
Palavra de Deus. É verdade que não há um preceito legal na Bíblia proibindo 
diretamente o aborto, como "Não abortarás". Mas a razão é clara. Era tão 
inconcebível que uma mulher israelita desejasse um aborto que não havia 
necessidade de proibi-lo explicitamente na lei de Moisés. Crianças era 
consideradas como um presente ou herança de Deus (Gn 33.5; Sl 113.9; 
127.3). Era Deus quem abria a madre e permitia a gravidez (Gn 29.33; 
30.22; 1 Sm. 1.19-20). Não ter filhos era considerado uma maldição, já que 
o nome de família do marido não poderia ser perpetuado (Dt 25.6; Rt 4.5). 
O aborto era algo tão contrário à mentalidade israelita que bastava um 
mandamento genérico, "Não matarás" (Êx 20.13). Mas os tempos 
mudaram. A sociedade ocidental moderna vê filhos como empecilho à 
concretização do sonho de realização pessoal do casal, da mulher em 
especial, de ter uma boa posição financeira, de aproveitar a vida, de ter 
lazer, e de trabalhar. A Igreja, entretanto, deve guiar-se pela Palavra de 
Deus, e não pela ética da sociedade onde está inserida. 
A humanidade do feto 
Há dois pontos cruciais em torno dos quais gira as questões éticas e morais 
relacionadas com o aborto provocado. O primeiro é quanto à humanidade 
do feto. Esse ponto tem a ver com a resposta à pergunta: quando é que, no 
processo de concepção, gestação e nascimento, o embrião se torna um ser 
humano, uma pessoa, adquirindo assim o direito à vida? Muitos que são a 
favor do aborto argumentam que o embrião (e depois o feto), só se torna 
um ser humano após determinado período de gestação, antes do qual 
abortar não seria assassinato. Por exemplo, o aborto é permitido na 
Inglaterra até 7 meses de gestação. Outros são mais radicais. Em 1973 a 
Suprema Corte dos Estados Unidos passou uma lei permitindo o aborto, 
argumentando que uma criança não nascida não é uma pessoa no sentido 
pleno do termo, e portanto, não tem direito constitucional à vida, liberdade 
e propriedades. Entretanto, muitos biólogos, geneticistas e médicos 
concordam que a vida biológica inicia-se desde a concepção. As Escrituras 
confirmam este conceito ensinando que Deus considera sagrada vida de 
crianças não nascidas. Veja, por exemplo, Êx 4.11; 21.21-25; Jó 10.8-12; 
Sl 139.13-16; Jr. 1.5; Mt 1.18; e Lc 1.39-44. Apesar de algumas dessas 
passagens terem pontos de difícil interpretação, não é difícil de ver que a 
Bíblia ensina que o corpo, a vida e as faculdades morais do homem se 
originam simultaneamente na concepção. 
Os Pais da Igreja, que vieram logo após os apóstolos, reconheceram esta 
verdade, como aparece claramente nos escritos de Tertuliano, Jerônimo, 
Agostinho, Clemente de Alexandria e outros. No Império Romano pagão, o 
aborto era praticado livremente, mas os cristãos se posicionaram contra a 
prática. Em 314 o concílio de Ancira (moderna Ankara) decretou que 
deveriam ser excluídos da ceia do Senhor durante 10 anos todos os que 
procurassem provocar o aborto ou fizesse drogas para provocá-lo. 
Anteriormente, o sínodo de Elvira (305-306) havia excluído até a morte os 
que praticassem tais coisas. Assim, a evidência biológica e bíblica é que 
22
crianças não nascidas são seres humanos, são pessoas, e que matá-las é 
assassinato. 
A santidade da vida 
O segundo ponto tem a ver com a santidade da vida. Ainda que as crianças 
fossem reconhecidas como seres humanos, como pessoas, antes de nascer, 
ainda assim suas vidas estariam ameaçadas pelo aborto. Vivemos em uma 
sociedade que perdeu o conceito da santidade da vida. O conceito bíblico de 
que o homem é uma criatura especial, feito à imagem de Deus, diferente de 
todas as demais formas de vida, e que possui uma alma imortal, tem sido 
substituído pelo conceito humanista do evolucionismo, que vê o homem 
simplesmente como uma espécie a mais, o Homo sapiens, sem nada que 
realmente o faça distinto das demais espécies. A vida humana perdeu seu 
valor. O direito à continuar existindo não é mais determinado pelo alto valor 
que se dava ao homem por ser feito à imagem de Deus, mas por fatores 
financeiros, sociológicos e de conveniência pessoal, geralmente utilitaristas 
e egoístas. Em São Paulo, por exemplo, um médico declarou "Faço aborto 
com o mesmo respeito com que faço uma cesárea. É um procedimento tão 
ético como uma cauterização". E perguntado se faria aborto em sua filha, 
respondeu: "Faria, se ela considerasse a gravidez inoportuna por algum 
motivo. Eu mesmo já fiz sete abortos de namoradas minhas que não 
podiam sustentar a gravidez" (A Folha de São Paulo, 29 de agosto de 
1997). 
Conclusão 
Esses pontos devem ser encarados por todos os cristãos. Evidentemente, 
existem situações complexas e difíceis, como no caso da gravidez de risco e 
do estupro. Meu ponto é que as soluções sempre devem ser a favor da vida. 
C. Everett Koop, ex-cirurgião geral dos Estados Unidos, escreveu: "Nos 
meus 36 anos de cirurgia pediátrica, nunca vi um caso em que o aborto 
fosse a única saída para que a mãe sobrevivesse". Sua prática nestes casos 
raros era provocar o nascimento prematuro da criança e dar todas as 
condições para sua sobrevivência. Ao mesmo tempo, é preciso que a Igreja 
se compadeça e auxilie os cristãos que se vêem diante deste terrível 
dilema. Condenação não irá substituir orientação, apoio e 
acompanhamento. A dor, a revolta e o sofrimento de quem foi estuprada 
não se resolverá matando o ser humano concebido em seu ventre. Por 
outro lado, a Igreja não pode simplesmente abandonar à sua sorte as 
estupradas grávidas que resolvem ter a criança. É preciso apoio, 
acompanhamento e orientação. 
Fonte: Revista Fides Reformata 
AOS MEUS IRMÃOS EM CRISTO QUE MILITAM NA POLÍTICA 
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O Livro dos Provérbios pertence à literatura de sabedoria, literatura 
didática, pedagógica, que circulava em diversas culturas orientais antigas, 
notadamente a babilônica, a egípcia, a cananéia e a israelita, com a variável 
de ser esta última considerada inspirada de acordo com os cânones hebreus 
e cristãos. A essa literatura pertencem na Bíblia Sagrada livros como o de 
Jó, Eclesiastes e certos salmos. 
23
São os ensinos e escritos dos sábios de Israel, os conselheiros dos seus 
governantes e políticos(1). Era o caso de Daniel, conselheiro do rei da 
Babilônia, de acordo com o livro que tem o seu nome(2). 
O conceito de sabedoria é importante e merece ser entendido, pois é 
compreendida como a "a habilidade de viver em equilíbrio com a ordem 
moral do mundo", razão porque Provérbios 14.8 ensina que "A sabedoria do 
prudente é entender o seu caminho", ou como traduz o afamado mestre do 
Antigo Testamento, Dr. R. B. Y. Scott, "A sabedoria de um homem brilhante 
o faz se conduzir inteligentemente". 
Essa é a literatura que circulava, e servia de instrução e texto-base nas 
Escolas de Administração Pública das cortes do Antigo Oriente Próximo. Daí 
tanta menção à arte de governar e de se conduzir à frente do povo, como 
ocorre no Livro dos Provérbios: 
"Na multidão do povo está a glória do rei, mas na falta de povo a ruína do 
príncipe"(14.28); 
"O príncipe que tem falta de entendimento multiplica as opressões, mas o 
que odeia a avareza prolongará os seus dias" (28.16); 
"O governador que dá atenção às palavras mentirosas, descobrirá que 
todos os seus servos são ímpios" (29.12); 
"Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem 
dos príncipes desejar bebida forte, para que não bebam, e se esqueçam da 
lei, e privem todos os aflitos dos seus direitos(3)" (31.4,5). 
Ensina, ainda, a Bíblia que são deveres da autoridade: 
Governar no temor de Deus (2Cr 19.7); 
Conhecer a lei de Deus (Ed 7.25); 
Fazer executar essas leis (Ed 7.26); 
Recusar propinas e benesses alheas às inerentes ao cargo (Ex 23.8). 
Do Livros dos Provérbios, tiramos três recomendações, lembretes ou 
advertências que imprimirão aos seus mandatos uma distinção sem par 
entre os mandatos dos seus pares. 
"O TEMOR DO SENHOR É O PRINCÍPIO DA SABEDORIA" (Pv 1.7a.) 
Uma característica muito relevante quanto à sabedoria é que sua 
aprendizagem nunca termina (cf. Pv 1.5, 6). Por outro lado, o verso 7, 
acima citado em parte, é o clímax desse programa, e destaca palavras e 
expressões que necessitam ser entendidas para serem bem apreciadas, e, 
sobretudo, bem vividas. 
O "temor do Senhor" tem ênfases variadas no Antigo Testamento. Pode ser 
usado como referência à conduta social considerada como geralmente 
aceita: "Respondeu Abraão: Eu disse comigo mesmo: Certamente não há 
temor neste lugar..." (Gn 20.11). 
Quando usado em relação ao culto divino significa reverência na adoração e 
obediência a Deus: "Diante das cãs te levantarás, honrarás a face do 
ancião, e temerás o teu Deus" (Lv 19.32) e "Vinde, meninos, ouvi-me; eu 
vos ensinarei o temor do Senhor" (Sl 34.11). 
Talvez a questão mais pertinente neste ponto seja: "Sim; ‘o temor do 
Senhor é o princípio da sabedoria’, mas, que Senhor?" A que Deus 
tememos? 
Esse é o problema! O brasileiro criou um "Deus" que não é o da revelação 
bíblica: é o "Deus brasileiro", criado à imagem e semelhança do brasileiro; é 
o deus cuja ética é a do brasileiro, e, lamentavelmente, vezes tantas, a lei 
desse "Deus" é "a do Gérson" (coitado do Gérson)?! 
24
É o "Deus" que vai resolver para nós as coisas, e não para a equipe do país 
adversário no campo de futebol porque, afinal, "Deus é brasileiro", é o que 
se diz... 
Um "Deus" meio malandro que, no dizer de Afonso Arinos de Melo Franco, 
"levantando a túnica com um brilho maroto nos olhos, [vai] ensinar aos 
governantes do Brasil, o ‘pulo da onça’que os tirará da dificuldade". É o 
"Deus" que vestido de mortalha ou abada, é invocado para abençoar o 
carnaval. É um "Deus" sem poder. Aliás, o diabo é até mais respeitado no 
Brasil que Deus. 
Apesar de tudo, é um "Deus brasileiro", um ‘"Deus" burocrata, muito ao 
espírito das coisas públicas deste país. Por isso, contrariamente ao ensino 
da Bíblia, criaram-se tantos pistolões e intermediários para falar com "ele". 
Diz, no entanto, a Palavra Santa que Deus é o Senhor do Universo: 
"Louvai ao Senhor, invocai o seu nome, fazei conhecidos entre os povos os 
seus feitos.(...) Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que 
buscam ao Senho.(...) Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus 
prodígios e dos juízos da sua boca. (...) Proclamai entre as nações a sua 
glória, entre todos os povos as suas maravilhas. Pois grande é o Senhor, e 
mui digno de louvor, e mais temível do que todos os deuses. Pois todos os 
deuses das nações são ídolos, porém o Senhor fez os céus. Majestade e 
esplendor há diante dele, força e alegria no lugar da sua habitação" (1Cr 
16.8, 10, 12, 24-27) (4). 
E, ainda, 
"O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e 
da terra, não habita em templos feitos por mãos dos homens. (...) Pois nele 
vivemos, e nos movemos , e existimos" (At 17.24,28). 
A Escritura não somente aponta para Deus como Senhor do universo, mas 
nos faz lembrar que é o ser humano; seja o Exmo Sr. Presidente da 
República, seus Ministros, Senadores. Deputados nas várias esferas, 
Governadores, Prefeitos, Vereadores, ou o mais simples cidadãos desta 
terra brasileira. E diz, também, que Deus dignifica esse ser humano, pois o 
fez à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26, 27), um pouco abaixo de Sua 
Pessoa (Sl 8.5, 6), e assumiu a encarnação em Jesus Cristo (Jo 1.14). 
"Temei a Deus", então, é confiar nEle, em vez de na própria e desamparada 
inteligência; é evitar o erro, a injustiça e transgressão, e aceitar a 
desventura como disciplina enviada por Deus. É, conforme Deuteronômio 
10.12, andar nos caminhos do Senhor, amá-Lo e servi-Lo com todo o ser e 
veras da alma; é odiar o mal, abominar a soberba, rejeitar a arrogância, 
fugir do meu caminho e da calúnia. Tudo isso de acordo com Provérbios 
8.13. Debruynne lembrou exortando que "viver é lutar para os 
compromissos jamais findarem em comprometimentos"(5). 
A outra expressão é "princípio da sabedoria"Ou seja, ponto inicial, essência, 
propósito. E isso, no entendimento da Escritura Sagrada é algo tão sério, 
seriíssimo, até, que, diz a Bíblia, só os insensatos rejeitam a sabedoria, bem 
como a instrução. 
A história sagrada conta que Salomão, rei de Israel, pediu a Deus a 
sabedoria necessário para administrar os negócios do seu reino, ao dizer, 
"Dá-me agora sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar 
perante este povo, pois quem poderia julgar a este teu povo, que é tão 
grande?" (2Cr 1.10; cf. 1Rs 3.9). Registra, ainda, a Escritura como Josias, o 
rei, fez uma aliança com o Senhor prometendo "andar após o Senhor, e 
para guardar os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus 
25
estatutos, de todo o seu coração, e de toda a sua alma, cumprindo as 
palavras da aliança que estavam escritas naquele livro"(2Cr 34.31). 
Não será idêntico pedido e idêntica promessa adequados, pertinentes, 
necessários, mesmo, a cada um de nós, cidadãos, e para os meus irmãos 
que militam na política?(6) 
Não é desdouro, irmão político, pedir a orientação de Deus. Na verdade, 
estes são dias nos quais a sabedoria é de uma urgência gritante. O mundo 
está em julgamento, e a Bíblia Sagrada até destaca as palavras do Senhor 
em Deuteronômio 30.14, 15: "Pois esta palavra está muito perto de ti, na 
tua boca e no teu coração, para a cumprires. Vê, hoje te proponho a vida e 
o bem, a morte e o mal". 
Não é desdouro ter fé, pois diz igualmente o Livro Santo que "sem fé é 
impossível agradar a Deus"(Hb 11.6). No entanto, nem toda fé agrada a 
Deus. Depois da I Guerra Mundial, tornou-se sinal de fraqueza ter fé; após 
a II Guerra Mundial, a fé voltou a ser estimada. Porém, fé em quê? Ou em 
quem? Não é qualquer fé, não é crendice, pois a fé só é boa quando 
comprometida com a verdade, e a fé verdadeira exige que creiamos em 
tudo o que Deus disse acerca de Si mesmo, e em tudo o que Ele disse a 
respeito de nós: quem somos, e Quem Deus é. 
É crer que somos pequenos e dependentes, e crer que Deus é Grande, 
Clemente, Misericordioso e Salvador, e que seu mandato, meu irmão, terá 
raiz, profundidade, substância com Deus à frente, porque proclama a 
Escritura que "feliz é a nação cujo Deus é o Senhor". Sua sabedoria, meu 
irmão político, será guardar os mandamentos de Deus, pois, "Guardai-os e 
praticai-os, pois esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento aos 
olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande 
povo é realmente sábio e entendido" (Dt 4.6). 
"NÃO NEGUES O BEM A QUEM DE DIREITO, ESTANDO NO TEU PODER 
FAZÊ-LO" (Pv 3.27) 
Este provérbio ilustra um dos modos prioritários como a sabedoria que os 
meus irmãos que militam na política estão pedindo a Deus há de ser 
exercida. E quanto a isso, um biblista de nossos dias vai dizer que este é o 
princípio da caridade, e que sua medida é a necessidade do outro, do 
próximo, do requerente, e o limite se estabelece pela expressão, "estando 
no teu poder", muito se aproximando do apóstolo Paulo em Gálatas 6.10: 
"Enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos..." 
Creio que Agostinho, um dos teólogos da Igreja Antiga, e pastor da cidade 
de Hipona, bem o expressou quando deixou o ensino, "Faça-se a justiça, 
ainda que o mundo pereça". O problema é a freqüente constatação da 
ineficácia, da inoperância, e deformação da justiça. E porque somos tão 
inclinados à injustiça, a Bíblia nos recorda com veemência, "Assim diz o 
Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o oprimido das mãos do 
opressor. Não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva, e não 
façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar"(Jr 22.30) (7). 
A fórmula romana clássica para a justiça era "Viver honestamente, a 
ninguém ofender e atribuir o seu a seu dono". Pois é, meu irmão que milita 
na política, a lei natural é a da "primeira milha", mas a lei bíblica percorre 
toda a primeira milha e vai adiante como Jesus ensinou. Veja-o em Mateus 
5.41. 
A justiça humana é distributiva, corretiva e retributiva; a divina, além 
dessas qualifdades, é restaurativa, criativa e redentiva. Pois bem, meu 
irmão, a Bíblia reconhece a autoridade e o seu direito de exercer a justiça. 
26
O evangelho não se alheia às realidades políticas, e diz, "Exorto, pois, antes 
de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por 
todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade" (1Tm 
2.1,2a) (8). Mas reconhece, igualmente, os direitos fundamentais do ser 
humano como: 
O direito de igualdade: que todas as prerrogativas, franquias, concessões e 
regalias atribuídas a uma pessoa se comunicam às demais sem restrição; 
O direito de fraternidade: todo ser humano tem o direito de ser tratado 
como irmão pelos outros; 
O direito de trabalho pleno: pois é com ele que cada cidadão adquire o 
necessário para si para sua família; 
O direito de buscar a felicidade: que corresponde ao de ir e vir, de entrar e 
sair de seu país ou de sua região; 
O direito de receber proteção do Estado: educação como base de tudo o 
mais, saúde, moradia adequada, transporte abundante, fácil e fácil, 
segurança física, e outros tantos. 
E essa não é uma tarefa fácil, meus irmãos que militam na política. Nós 
tanto o reconhecemos que oramos por vocês. Pois a Bíblia o recomenda, 
como exposto acima. 
"QUANDO NÃO HÁ SÁBIA DIREÇÃO, O POVO CAI; MAS NA MULTIDÃO DE 
CONSELHEIROS HÁ SEGURANÇA" (Pv 11.14) 
Tradução adequadíssima é a da chamada Bíblia de Jerusalém: "Por falta de 
direção um povo se arruína, e se salva por muitos conselheiros". 
"Direção" é a arte de pilotar, de segurar as rédeas de um fogoso corcel em 
disparada; é sustentar com segurança e firmeza o volante de um automóvel 
a 140 km por hora. Essa arte de segurar as rédeas, sustentar o volante, 
pilotar, enfim, é essencial para o bem-estar do nosso povo. Mas diz a Bíblia 
que ‘quando não há sábia direção, o povo cai". E seus irmãos de fé sabemos 
que desejam imprimir sabedoria, correção e justiça ao seus mandatos. 
Então, irmãos que militam na política, apelem para os seus pastores e seus 
conselheiros, porque "na multidão de conselheiros há segurança". 
Quem são os seus conselheiros? Observem: 
São os seus amigos. Aqueles que proclamam suas virtudes e conhecem (e 
talvez escondam) os seus pontos fracos; 
São os seus inimigos, que conhecem (e talvez escondam) as suas virtudes e 
proclamam seus pontos fracos; 
É o evangelho, pois 2Timóteo 3.16 é texto tão claro quando ensina que 
"Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para 
repreender, para corrigir, para instruir em justiça". 
Pois é; ouçam os seus amigos, aqueles que os amam e os apóiam, pois é, 
ainda, a Escritura Sagrada que registra que "Os projetos se firmam pelos 
conselhos; faze a guerra com prudência. O mexeriqueiro trai a confiança; 
portanto, evita o que muito abre os seus lábios" (Pv 20.18,19). 
Analisem o que dizem os seus adversários políticos. No mínimo, vocês terão 
mais força para continuar se o que deles vier, for falsidade e calúnia. 
Quando os muros de Jerusalém estava sendo reconstruídos, após o retorno 
dos israelitas da Babilônia, a inveja, a calúnia e a murmuração campearam 
em todos os arraiais. Não houve desfalecimento porque "o coração do povo 
se inclinava a trabalhar" (Ne 4.6; cf. v.17). Quando desafiados a baixar o 
nível de trabalho ou de diálogo, digam como Neemias: "Estou fazendo uma 
grande obra, e não poderei descer". 
27
Confiem no seu povo, meus irmãos, seus irmãos de fé que têm sobrevivido 
com o desemprego, alguns com o sub-emprego, com baixos salários, mas 
muito fiéis na entrega de suas vidas e de seus dízimos para o sustento da 
Causa do Senhor. 
Trabalhem pelo nobre povo do Brasil. Roquette Pinto fez uma séria 
declaração acerca de nossa gente: "O homem do Brasil precisa ser 
educado, e não substituído". 
Dêem ouvidos à ética da Bíblia; ao que Jesus disse. Leiam, amem a Bíblia 
Sagrada; coloquem-na ao lado da Constituição Federal e da Constituição 
dos estados que representam como seus livros de normas e rotinas de 
trabalho e vida. O próprio Senhor Jesus Cristo afirmou, "Errais não 
conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus". Não é o caso de vocês que 
já conhecem a Palavra e como Deus Se manifestou Salvador em suas vidas. 
Creio, meus irmãos que militam na política, que um bom texto para finalizar 
nossa reflexão é o de 2Crônicas 19.9: "Assim andai no temor do Senhor 
com fidelidade e inteireza de coração". A recomendação do profeta Jeú a 
Josafá, governante do povo de Judá foi cristalina: 
"no temor do Senhor", pois "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria", 
e deve ser o princípio dos seus mandatos; 
"com fidelidade", assim, "Não negues o bem a quem de direito"; sejam 
fiéis, irmãos meus; 
"com coração perfeito", visto que "quando não há sábia direção, o povo 
cai", se arruína. 
Essa palavra profética resume tudo o que foi dito. Com certeza, meus 
irmãos que militam na política, outras advertências, conselhos, palavras, 
reflexões poderiam ser destacadas a partir da Bíblia Sagrada como 
Provérbios 16.7; 24.5 ou 29.12. Permitam-me, no entanto, terminar com 
uma página poética, muito a propósito daqueles momentos em que vocês 
estiverem cansados, incompreendidos, talvez sós: 
SE POR ACASO 
Se por acaso perdeste a motivação do trabalho 
e os deveres te pesam; 
se perdeste uma série de amigos 
e a solidão te castiga; 
se por acaso perdeste o último raio de luz 
e andas no escuro; 
se teus objetivos parecem cada vez mais distantes 
e o ânimo de prosseguir desfalece; 
se alimentas as melhores intenções 
e, assim mesmo, te criticam; 
se teus pés feridos ostentam a marca 
das jornadas infinitas em busca de soluções 
que o tempo ainda não trouxe; 
se tuas mãos se alongam trêmulas na ânsia 
de segurar outra mão que não podes reter, 
porque não é tua; 
se teus ombros se alargam 
e a cruz ainda não cabe, 
porque é árdua demais; 
se ergues os olhos e o céu não responde 
às súplicas que fizeste; 
se amas o chão firme e tens a impressão 
28
de afundar no pântano da insegurança; 
se queres mar alto e areias seguram 
o navio de teus sonhos; 
se falas, se gritas até, 
e o vazio não devolve o eco à tua voz; 
se gostarias d ser inteiro total, 
e te sentes parcelado, repartido, fragmentado, 
um trapo de gente, talvez; 
se os nervos afloram 
e beiras os limiares do abismo da estafa; 
se a fé parece conversa fiada 
e nada do eterno te traz ressonância; 
se choraste tanto que já não descobres 
as estrelas no alto. 
Então, levante o olhar para a cruz, 
fixando Cristo bem nos olhos. 
No lenho do Calvário, encontram-se 
todas as respostas para aqueles que sofrem 
e perdem a vontade de sorrir, de lutar, de viver. 
Ajoelha-te aos pés de Cristo Ressuscitado, 
como Tomé, o apóstolo incrédulo, 
e repete com ele: 
"Meu Senhor e meu Deus!" 
NOTAS 
(1) Cf. Is 19.11, 12; 29. 14, 15. 
(2) Cf. 1.4, 17-20; 4.18,27. 
(3) Cf Pv 8.12,15,16; 22.29; 23.1. 
(4) Cf. Sl 24.1; 50.1,2,6; 97; 98; Na 1. 
(5) Cf. Dt 6.2; 5.33; 6.5,13; 30.16; Pv 16.6; Ec 12.13; 
Mq 6.8; Mt 22.37. 
(6) Cf. Sl 51.6; Tg 1.5; Pv 2.3-7. 
(7) Cf. Pv 3.27; Mq 6.8; Os 12.6; Gn. 18.19; Is 1.17; Zc 7.9. 
(8) Cf. Rm 13.1, 2, 5; Pv 8.15, 16. 
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ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE 
ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL 
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"No dia seguinte a grande multidão que viera à festa ouviu que Jesus 
estava a caminho de Jerusalém. Tomaram ramos de palmeiras, e saíram ao 
seu encontro, gritando: Hosana! Bendito é aquele que vem em nome do 
Senhor! Bendito é o rei de Israel! Ora, havia alguns gregos entre os que 
tinham subido a adorar no dia da festa. Dirigiram-se a Filipe, que era de 
Betsaida da Galiléia, e lhe rogaram: Senhor, gostaríamos de ver a Jesus" 
(João 12.12,13,20,21) 
"E desvendou-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito 
que propusera em Cristo, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, na 
dispensação da plenitude dos tempos, tantos as que estão nos céus como 
as que estão na terra" (Ef 1.10) 
O ministério terreno de Jesus está chegando ao fim. No texto acima está o 
relato de quando o Mestre falou sobre ser, Ele mesmo, a ressurreição e a 
29
vida. Fala, igualmente, João da trama armada para matar a Jesus, e, ainda, 
de ter sido o Mestre ungido na cidade de Betânia, mencionando, a seguir, a 
entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. 
Betânia, é uma vila, é uma cidade pequena ainda hoje a cerca de três 
quilômetros de Jerusalém. Daquela vila, Jesus foi para Jerusalém, onde fez 
uma entrada triunfal pelos seus muros sob o aplauso e o louvor das 
multidões. Observe-se que a mesma multidão que O aplaudira na Sua 
entrada, será a mesma que vai exigir a Sua crucificação. Duas lições a 
serem aprendidas: (1) o pensamento da massa é volúvel; e (2) durante os 
anos do Seu ministério entre os homens, Jesus Cristo jamais perdeu de 
vista a Sua missão universal. 
Apesar de tudo, Ele tinha um propósito, um alvo para Sua vida. Todo 
mestre precisa ter um alvo, o de Jesus era: "Eu vim para que tenham vida 
e a tenham em abundância". Por esse motivo, Ele convidou os cansados e 
os oprimidos a que viessem a Ele para que pudessem encontrar o descanso, 
o repouso. E, no entanto, diz a Bíblia que Ele "veio para o que era seu e os 
seus não receberam". Que tristeza nessa palavra de João, o evangelista, em 
1.11. Porém, por causa da Sua missão universal, os gregos vieram a Ele. E 
é nesse ponto que nós destacamos o nosso país. Vamos nos identificar com 
os gregos que buscaram a Jesus. 
DE QUE É QUE O NOSSO PAÍS NECESSITA? 
Nunca sou tão procurado quanto nas proximidades das eleições. 
Praticamente, todos os candidatos a vereador de nossa cidade, a deputado 
estadual e federal, a prefeito anda me procurando. De repente, a igreja 
ficou famosa, e todos querem os votos dos seus membros. Mas, como sou 
procurado no gabinete para mostrar plataforma de trabalho, planos, o que é 
que planeja para acontecer na nossa cidade. É desse fato que nos vem a 
idéia desta reflexão: que é que o nosso país realmente precisa? 
Nosso Povo Necessita De Cristo... Para Que Aprenda A Amar. 
Nosso país precisa de Jesus Cristo, a rocha dos séculos. Nosso país, nossa 
cidade, nosso estado, e isso para que aprenda a amar. 
Um teólogo judeu perguntou a Jesus sobre qual era o grande mandamento. 
E a resposta de Jesus está em Mateus no capítulo 22, "Amarás ao Senhor 
de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento e 
continuou, e amarás ao teu próximo como a ti mesmo". Nosso povo precisa 
de aprender a amar. Indo ao Apocalipse, capítulo 1, versos 5 e 6, 
encontraremos, 
"Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e 
nos fez reino e sacerdotes para Deus seu Pai, a ele seja glória e domínio 
pelo séculos dos séculos". 
Nós aprendemos dEle o amor eterno, e seus efeitos na vida, na nossa alma, 
e na nossa consciência. Porque nós somos libertos do pecado, purificados 
do nosso mal e feitos intercessores. É o amor que foi consolação para os 
discípulos nos momentos de perseguição. É o amor que, imutável, tem 
ainda hoje a intensidade de quando Jesus se entregou na cruz do Calvário. 
Nosso povo tem que olhar para Jesus Cristo ressuscitado, tem que olhar 
para Jesus Cristo glorioso, soberano, salvador e perdoador, compassivo e 
restaurador para aprender com Ele que amar não é dividir o meu prato de 
comida com quem não tem. Essa é uma idéia do assistencialismo. Metade é 
sua, metade é minha. Não é não! Amar é lutar para que ele tenha um prato 
de comida igual ao meu. Não dividir o meu, mas, que ele possa ter 
condições de ter um prato igual. Não é eu dar a minha camisa usada para 
30
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Apostila estudo sobre sociedade

  • 1. FATEBRA FACULDADE TEOLÓGICA DO BRASIL “Entidade Educacional Com Jurisdição Nacional” ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL WWW.CGADOB.COM.BR www.fatebra.com.br APOSTILA – 30 ESTUDOS SOBRE SOCIEDADE TOTAL – 67 - PAGINAS 11 - ASSUNTOS! ESTUDO SOBRE SOCIEDADE  A Bíblia fala sobre a família  A igreja e a política dos evangélicos no século 21  A palavra que sara  A Pílula do Homem: Uma Perspectiva Pastoral  A política à luz da Bíblia  A violência sob a ótica pastoral  Aborto: Os dois pontos cruciais  Aos meus irmãos em Cristo que militam na política  De quem necessita nossa pátria?  Jesus E A Mulher Samaritana: Repensando Velhos Conceitos  O Mito do Sexo Seguro  Negritude e Cristianismo  O Ensino de Calvino Sobre a Responsabilidade Social Da Igreja  Santo Sexo  Terapia das lembranças  Visão: enxergar além da maioria A BÍBLIA FALA SOBRE A FAMÍLIA ESTUDO SOBRE SOCIEDADE ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL WWW.CGADOB.COM.BR www.fatebra.com. br fatebra@fatebra.com.br A família é a primeira sociedade natural, tipo e princípio de todas as outras 1
  • 2. sociedades. O baiano Ruy Barbosa explicou: "a pátria é a família amplificada", e a Igreja, diz a Bíblia Sagrada, é a família de Deus. Assim, quem destruir a família destrói a sociedade e o próprio ser humano. Os inimigos da família são conseqüência de uma concepção naturalística, materialista, mesmo, da vida: por isso, tantas separações, crianças abandonadas, filhos desobedientes. Não há motivos nobres orientando: a irreligião domina, o ceticismo, o secularismo porque os princípios espirituais e morais estão sendo destruídos, a religião é pressionada, não nasce do coração, é mecânica, ritual, mas não vivida e sentida. Não diz a Escritura que "o que perturba a sua casa herdará o vento", e que "toda mulher sábia edifica a sua casa; a insensata, porém, derruba com as suas mãos”? CRISES DO MUNDO MODERNO Crise de autoridade e disciplina. O mundo sofre de uma crise de autoridade e disciplina que tem sua raiz na mesma situação porque passa a família. As causas são diversas: Conflito de Gerações, ou seja, conflito entre adultos e jovens, pais e filhos, uma forma de pensamento e outra, uma ideologia e outra. Isso não é novidade! 2Samuel 15 narra como Absalão se tornou rebelde contra o pai, e como questionou sua autoridade e subverteu a ordem reinante. Era um líder nato, conquistou muitos adeptos, e planejou derrubar o próprio pai do trono. Seu fim foi trágico, e é narrado em 2Samuel 18. 9, 14, 15. Há alguns anos, na China, 25 milhões de jovens, os chamados "Guardas Vermelhos", foram contra tudo o que representava herança das gerações anteriores. Houve destruição, quebra-quebra, mortes; eram iconoclastas com respeito ao passado e à tradição. De quando em vez, ressurgem manisfestações do antigo chamado movimento hippie. Os verdadeiros hippies eram jovens das classes média e alta norte-americanas que renegaram o estilo de vida de seus pais, e adotaram uma postura desleixada, desinibida, e, mesmo, anti-higiênica. O objetivo era chocar pelo contraste. Adotaram o lema "Faça o amor, não faça a guerra"; saudavam-se e aos outros com a expressão "Paz e Amor!" Afirmando amar a todos, havia muita permissividade, sexo livre e irresponsável, drogas, tóxicos, vícios. Alguém disse com muita propriedade que "hippie era alguém que amava todo mundo, menos os pais". Uma segunda causa são as Mudanças no Ambiente Social. É a necessidade da mãe trabalhar fora (e por vezes não há outra escolha). Com isso, há pouca (ou nenhuma) oportunidade de encontro da família: pais, tanto ricos quanto pobres, vão ao trabalho e deixam as crianças entregues a elas mesmas ou a outras pessoas, algumas absolutamente sem formação, para cuidar das crianças ou à babá eletrônica, a TV, eficiente geradora de violência, reclamando a seguir que os filhos estão agressivos e rebeldes. Uma professora contou sobre um resultado típico de uma greve de professores sobre crianças urbanas. Durante os trinta dias de duração da greve, as crianças foram deixadas em casa porque os pais tinham que sair. Foram, então, aprisionadas nas quatro paredes do apartamento e entregues a elas mesmas. Quando voltaram à escola, um garoto da terceira série bateu em outro. Levado à Orientadora Educacional, não soube explicar porque batera no colega?! Temos em casa um grande modelador da vontade e do caráter: a TV! A propaganda por ela veiculada modela o nosso querer: cria a necessidade de coisas de que não precisamos, nivela nossa maneira de pensar, o que é 2
  • 3. bom e o que não presta são igualmente espalhados, e, inúmeras vezes, o que não presta até com mais ênfase; a moral é questionada. E tudo isso mexe com a família, com o relacionamento marido/mulher, filhos/pais, com o lar, enfim. O mundo é uma grande competição, e muita gente não se importa de pisar outras para subir na vida, nem de se vender. Um moço conversava conosco no Gabinete Pastoral sobre emprego. Disse ele que quando chegava ao local anunciado no jornal, já havia doze a quinze pessoas. Disse-nos que, quando falava sobre a sua pretensão salarial, outro era escolhido porque pedira menos. O vestibular para as universidades é uma tremenda competição havendo, em certos casos, vinte e sete, trinta candidatos para uma vaga! Crise de autoridade e disciplina, quando se discute a autoridade dos pais, onde se defende o sexo livre, onde há violência em todos os sentidos, onde se experimenta o vazio e a solidão, onde há desejo de ter em vez do anseio por ser. Há famílias que em nome da democracia se tornaram uma perfeita anarquia: todos mandam e ninguém obedece, não há uma cabeça pensante. No propósito de Deus, a família é uma sociedade bem ordenada. O pai é o chefe natural tanto do subsistema conjugal (marido e mulher), quanto do subsistema fraternal (filhos). É conferir Colossenses 3.18,20 "Vós, mulheres, sede submissas a vossos maridos, como convém no Senhor.... Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais; porque isto é agradável ao Senhor." O espírito de família baseado no respeito e confiança desaparece: os pais discutem com os filhos, e toleram sua falta de respeito e zombaria até; espetáculos de intimidade conjugal são testemunhados aviltando a dignidade e o decoro! Há quem fale em conflito de gerações. Ora, sempre tem havido e sempre haverá, uma brecha entre as gerações. É preciso que exista; o que não pode é ser aumentada e abusada. O conflito de gerações não é coisa de hoje. Num túmulo egípcio de 6.000 anos atrás (c. 4000 a.C.) foi encontrado: "Vivemos numa era decadente. Os jovens já não respeitam seus pais. São grosseiros e impacientes. Passam o tempo nas tabernas e não possuem qualquer domínio sobre si mesmos". E a revista Newsweek (de nossos dias, portanto): "Este não é um tempo fácil para se ser pai ou mãe". A história de Davi e Absalão é na Bíblia um registro desse conflito de gerações. Absalão, amado pelo pai, foi um moço cheio de frustrações. Belo rapaz, rebelou-se contra o pai, e fugiu de casa. Comandou uma insurreição contra Davi, que deu uma ordem aos seus oficiais. Morto, foi pranteado pelo pai. Crise, revolução, rebelião, revolta, desespero , desconfiança, ceticismo, falta de fé, revolução em todos os quadrantes do mundo e também dentro de casa. Crise de Identidade e Mudança de Valores. A família contemporânea tem sido abalada pela falta de identidade de alguns de seus membros,. Refiro-me à distinção entre os sexos: a homem sem acanhamento de ser homem; mulher sem pedir desculpas por ser mulher. Referimo-nos a homem com modos apropriados, vestes adequadas, comportamento de homem; refiro-me a mulher com maneiras perfeitas, gestos femininos e conduta de mulher. Sem mistura e sem unissex. A família de hoje tem sofrido de mudança de valores: o que é mau está travestido de bom, e o bom, considerado fora de moda. As drogas têm se 3
  • 4. tornado uma questão de segurança nacional em todo o mundo. Dizem as estatísticas que de cada oito americanos, um é viciado em drogas. Até há poucos anos no Irã, havia uma taxa de cinco mil suicídios/ano por causa das drogas. sexo livre e irresponsável. Não é coisa nova.. Nossa cultura está saturada de sexo como bem o demonstra os títulos de alguns filmes. A experiência sexual antes do casamento e a permissividade têm virado normalidade e rotina nas novelas de TV e na vida das famílias. O homossexualismo tem sido aceito por segmentos da família brasileira sem restrições. Aliás, é chamado de "preferência ou opção sexual"(?!). O número especial de Ultimato sobre "A Questão Gay" (abril de 1987) traz um comentário sobre um documento publicado pelo Grupo Gay da Bahia. É documento dirigido aos crentes em Jesus Cristo, e tem o título O que todo crente deve saber sobre o homossexualismo apresentando um sem número de aberrações de hermenêutica bíblica. Por exemplo: "Não há na Bíblia nenhuma só vez a palavra homossexual nem homossexualidade". É verdade, mas aparecem as palavras impuros, efeminados e sodomitas.. "A prática homossexual foi proibida porque é uma relação não reprodutiva". A resposta é muito elucidativa. O homossexualismo é chamado de "amor inocente", mas a resposta se encontra em Romanos 1. 26, 27 onde a prática homossexual é chamada de torpe e depravada. O problema destes dias é condenar a conseqüência e não a fonte: condena-se a AIDS, mas não o homossexualismo, e nessa base estão as campanhas dos nossos governos pelos jornais, revistas, outdoors e TV. Lembremos que condenamos o pecado, mas amamos o pecador, por isso temos que estender-lhe a mensagem de purificação, de mudanças, de salvação em Jesus Cristo. Não é novidade a subversão de valores. Isaías, o profeta, há 2.700 anos denunciava a subversão de seus dias: "Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que põem as trevas por luz, e a luz por trevas, e o amargo por doce, e o doce por amargo!" "O vosso país está assolado; as vossas cidades abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença, e está devastada, como por uma pilhagem de estrangeiros." Todos falam da crise moral e espiritual que tenta dominar nosso país; a ética sofre de anemia porque Deus e Sua Palavra não são prioridade para nosso povo. A lei de Deus tem sido ignorada, e, no entanto, a Escritura diz que Deus é o Senhor das nações: "Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão diante de ti, Senhor, e glorificarão o teu nome." "Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações". Na sociedade de hoje, parece que o bem virou mal e o mal se tornou correto; vive-se a cobiça do dinheiro, do luxo desenfreado; vive-se a desumanização da personalidade por uma época dirigida pela máquina. Crise de fé. A irreligião, quando não a anti-religião, é vivida: leviandade quanto à fé, coração vazio de nobreza e fé, frivolidade no lar, falta de vida na família, falha de pais que não vivem o que pregam. Talvez resultado de um tempo quando a máquina substitui o músculo, e, até, o cérebro. Talvez porque seja in descrer do espiritual e crer na tecnologia. Há o caso da fé mal-dirigida. Aliás, na Antigüidade, famílias inteiras mal-dirigiam sua atitude de fé: "Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha para fazerem bolos à rainha do céu, e oferecem libações a outros deuses, a fim de me provocarem à ira". 4
  • 5. Não parece o quadro das procissões marítimas, ebós e semelhantes? É tempo de orar pela família; é tempo de orar por essa falta de autoridade e disciplina; é tempo de orar pela falta de identidade, mudança de valores e suas conseqüências; é tempo de orar pela falta de fé. AJUDANDO A FAMÍLIA Ajudando os pais. Espera-se que os pais cristãos sejam pessoas que amem a Palavra de Deus e a repassem aos filhos. A Bíblia pontua a disciplina, e com a Bíblia os pais cristãos hão de vencer a crise de autoridade e disciplina. A Bíblia ensina que é preciso firmeza e que o "sim" há de ser "SIM", e o "não" há de ser "NÃO". A crise de mudança de valores será vencida quando os pais derem tempo e mais de si aos filhos. Um adesivo no vidro de um carro dizia: "Você já abraçou seu filho hoje?" Compreendendo os filhos. Paulo diz em Efésios 6.4 e Colossenses 3.21: "não provoqueis à ira vossos filhos" e "não irriteis a vossos filhos". Na verdade, colhemos o que plantamos: se plantamos amor e compreensão, colheremos compreensão e amor. Há um ministério em escutar: de escutar os filhos. Há um ministério de comunicar: o modo como se fala com os filhos diz se eles são aceitos, se criticados, rejeitados ou amados. Há um ministério no disciplinar: disciplina adequada, equilibrada, apropriada, graduada, disciplina com amor. Há um ministério no respeitar: o respeito pelas opiniões e decisões dos filhos porque podem ser diferentes das suas, respeito pelos seus direitos pessoais, a sua privacidade. Amar os filhos. Por isso passar-lhe o ensino da lealdade, da honestidade, do respeito, do amor, das coisas do Espírito, da confiança em Deus. Tudo em nome do amor: "coisas que temos ouvido e sabido, e que nossos pais nos têm contado. Não os encobriremos aos seus filhos, cantaremos às gerações vindouras os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que tem feito, a fim de que pusessem em Deus a sua esperança, e não se esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos"; Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele". Pais necessitam possuir um alicerce moral e espiritual sobre o qual apoiem suas vidas e que possa suportar a prova do tempo, que seja eterno. Isso em nome do amor, e assim os filhos se identifiquem com os pais de modo que aceitem e incorporem os seus valores. Assim foi com Abraão: "Visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e por meio dele serão benditas todas as nações da terra? Porque eu o tenho escolhido, a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para praticarem retidão e justiça; a fim de que o Senhor faça vir sobre Abraão o que a respeito dele tem falado". Ajudando os filhos. Que linda oração no Salmo 144, 12,15: "Sejam os nossos filhos, na sua mocidade, como plantas bem desenvolvidas e as nossas filhas como pedras angulares lavradas, como as de um palácio. Bem-aventurado o povo a quem assim sucede! Bem-aventurado o povo cujo Deus é o Senhor", Porque a Bíblia vê os filhos como bênção de Deus. Por isso, há um enorme privilégio e maior dever, ainda, em serem os filhos bênçãos, luzes, 5
  • 6. esperança para seus lares e famílias, e, por extensão, para sua nação, a "família amplificada". Assim: "Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensino de tua mãe"; "Um filho sábio alegra a seu pai; mas um filho insensato é a tristeza de sua mãe" ; "O que aflige a seu pai, e faz fugir a sua mãe, é filho que envergonha e desonra." Essa ajuda se manifesta pela orientação a vencer a crise de identidade pela construção do auto-conceito, pelo orgulho de ser homem ou de se mulher com as características próprias de seu sexo, pelo assumir a identidade como crente em Jesus Cristo. A vencer a crise de fé ensinando-os a orar com regularidade, honestidade e perseverança, despertando, assim, a sua sensibilidade espiritual. Estabelecendo alvos nos quais esqueçam o passado (como Paulo ensinou, "esquecendo-me das coisas que para trás ficam..."), e prossigam adiante. Filhos abençoados... No Antigo Testamento, a submissão aos pais é o segredo da bênção: "Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra". Afinal, receber uma herança é receber bênçãos, e a Bíblia diz que os filhos são herança de Deus. A oração do Salmo 144.12: "Sejam os nossos filhos, na sua mocidade, como plantas bem desenvolvidas, e as nossas filhas como pedras angulares lavradas, como as de um palácio", está na linha da ordem de Deus a Abraão em Gênesis 12.2b : "Tu, sê uma bênção". Filhos que promovam bênçãos nesse mundo de barulho, violência e frustração, mundo, porém, que herdaram das gerações que os antecederam. O segredo do sucesso e crescimento da família cristã é o próprio Senhor Jesus Cristo. Em Efésios 5 e 6, Jesus Cristo é o filtro em cada relacionamento no lar: entre a esposa e o marido, o marido e sua mulher, entre os filhos e os pais, entre os pais e os filhos, entre os empregados e os patrões, e entre os patrões e os empregados. Família unida é a que desenvolveu o senso de comunhão: a que ama a Deus, a que ama a Sua Palavra, a que ama a seus membros individualmente. Mesmo a Bíblia fala de pais vivendo na compreensão, no amor, na amizade dos filhos, e de filhos se pautando e retornando essa compreensão, amor e comunhão: "E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição" . Pedro apóstolo fala da "estrela d'alva ", estrela da manhã, que é Jesus, nascendo em nosso coração: "E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações", e diz Malaquias 4.2: "Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo curas nas suas asas; e vós saireis e saltareis como bezerros da estrebaria." . Não há alternativa: é Jesus primeiro, pois "buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serào acrescentadas". Esse é o segredo do viver cristão individual e da vida cristã na família. Trevas não afastam trevas, mas a luz, sim: ódio não espanta ódio, mas o amor, sim, a fonte, 6
  • 7. porém, da luz, do amor, o caminho da vida é Cristo Jesus, o Filho de Deus, nosso Salvador. Se for o caso, que haja refeitura do ambiente familiar. A família não se compra feita, ela se constrói: uma casa você adquire, mas um lar é construído a custa de sacrifício, trabalho, sofrimento, até. Que haja dignidade da pessoa humana. A criança tem dignidade, pois Cristo disse: "Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus", e João registrou, "Eu vos escrevi, meninos, porque conheceis o Pai". O adolescente e o jovem têm dignidade: "Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o Maligno. Eu vos escrevi, jovens porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e já vencestes o Maligno" . O adulto tem dignidade: "Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que é desde o princípio". "Eu vos escreví, pais, porque conheceis aquele que é desde o princípio". O idoso tem suprema dignidade: "Os vossos anciões terão sonhos" Há que inspirar a fé. O crente em Jesus Cristo entende que a fé é para a família inteira, razão porque o policial de Filipos ouviu: "Crê e serás salvo, tu e a tua casa", e se o amor é o fundamento do casamento e da conseqüente família, dois outros elementos teológicos não podem ser afastados: paz e segurança. O amor traz o senso de serviço o prestar atendimento, a fé faz o amor se enraizar em Deus, e a esperança baseia-se na fé porque é crer nos bens e bênçãos familiares que possuímos em semente; é crer que o outro pode chegar à plenitude como ser humano e cristão e trabalhar para isso em amor. Nossa oração é que possamos afirmar como Josué o fez, "eu e a minha casa serviremos ao Senhor" . Com Cristo, a família será ajudada, instruída: "Congrega o povo, homens, mulheres e pequeninos, e os estrangeiros que estão dentro das vossas portas, para que ouçam e aprendam, e temam ao Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei; e que seus filhos que não a souberem ouçam, e aprendam a temer ao Senhor vosso Deus", e nós chegaremos a conhecer a glória do Senhor: "Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor". A IGREJA E A POLÍTICA DOS EVANGÉLICOS NO SÉCULO 21 ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL WWW.CGADOB.COM.BR www.fatebra.com.br fatebra@fatebra.com.br Um dos mais respeitáveis teólogos da atualidade, fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana, Samuel Escobar, considera que "o mundo de amanhã não precisa de latino-americanos que aspirem por viver na comodidade e no luxo (...), mas de latino-americanos que convençam seus parceiros norte-americanos e europeus de que se pode viver com simplicidade e alegria, com os meios estritamente necessários para realizar 7
  • 8. a obra, e um senso de satisfação que vem da fidelidade ao chamado de Deus". No alvorecer dos século 21, os evangélicos latino-americanos reconhecem que é impossível ao homem do futuro viver a experiência da graça salvadora de Deus, sem recuperar a visão bíblica do ser humano como ser social, cuja transformação é vivida no contexto de sua própria comunidade. É na igreja que se vive as dimensões do pessoal e do comunitário da salvação. Ao contrário do século 20, que se construiu voltado para o imediato da vida, o desgaste das grandes correntes político-ideológicas coloca o homem do século 21 diante de uma perspectiva que muitos acreditavam morta: a vivência da espiritualidade como opção válida para a construção de uma humanidade solidária. Estamos presenciando em toda a América Latina a redescoberta da realidade da vida espiritual e da dimensão religiosa. Nesse sentido, tanto a tecnologia como a formação intelectual deixam de ser dimensões antagônicas à fé, para ocupar o lugar que sempre lhes pertenceu, de ferramentas imprescindíveis ao conhecimento humano. É verdade, que a redescoberta da dimensão espiritual do homem nos leva a dois problemas que devem ser condenados claramente. De um lado, existem aqueles que se aproveitam da crescente fome espiritual da humanidade para acumular riquezas e poder. E por outro, é um erro olhar a Europa e os Estados Unidos como sociedades cristãs, que através de suas políticas expandem o cristianismo no mundo. O que não é verdade. A Europa e os Estados Unidos traduzem a triste realidade de culturas pós-cristãs e suas políticas nacionais pouquíssimas vezes traduzem a ética e a fraternidade propostas pelo Cristo. Esses dois alertas são fundamentais, pois mostram que a redescoberta da espiritualidade pelo homem pós-moderno não está isenta de problemas. De todas as maneiras, é bom lembrar que dos 5,5 bilhões de habitantes do mundo, um terço nomeia-se cristão e que a cada dia 70 mil pessoas adotam o cristianismo como fé e religião. Por isso, a partir de uma releitura de Sulla teologia del mondo, de Johann Baptist Metz, 1968, sugerimos a formulação de uma práxis política evangélica que deve, estrategicamente, partir de duas tarefas: uma negativa e outra positiva. 1. A pars destruens consiste em realizar a crítica da tendência da teologia à privatização. O iluminismo rompeu a unidade entre existência religiosa e existência social, e o marxismo definiu a religião como superestrutura ideológica de determinada práxis social e de determinadas relações de poder. Assim, o iluminismo e o marxismo definiram a impossibilidade do sagrado no mundo e a teologia acabou por refugiar-se na esfera do privado: "Ela [...] privatizou esta mensagem em seu núcleo essencial e reduziu a práxis da fé à decisão amundana do indivíduo. Essa teologia procurou resolver o problema surgido com o Iluminismo, eliminando-o. Para a consciência religiosa, determinada por essa teologia, a realidade social e política tem apenas uma existência efêmera. As categorias que essa teologia utiliza para explicar a mensagem [cristã] são predominantemente categorias do íntimo, do privado, do apolítico" [J. B. Metz, Sulla teologia del mondo, 1968, p. 106]. 8
  • 9. 2. A pars construens consiste em desenvolver as implicações sociais da mensagem cristã. Não se trata de eliminar o problema levantado pelo iluminismo e pelo marxismo - como o fazem a metafísica e a teologia existencial --, mas em responder teologicamente aos desafios, assumindo a tarefa de desenvolver uma nova relação entre teoria e prática. A teologia pode e deve fazê-lo, pois as promessas escatológicas da tradição bíblica, de liberdade, de paz, de justiça e de reconciliação, não constituem um horizonte vazio na expectativa cristã, mas têm uma dimensão política, que é preciso fazer valer na sua função crítica do processo histórico-social. "A salvação a que se refere a esperança da fé cristã não é uma salvação privada. A proclamação desta salvação empurrou Jesus para um conflito mortal com os poderes políticos de seu tempo. Sua cruz não está no privatissimum da esfera indivíduo/pessoa, e muito menos no sanctissimum da esfera puramente religiosa. Ela está além do umbral da reservada esfera privada ou da protegida esfera puramente religiosa. Ela está 'fora', como formula a teologia da Carta aos Hebreus. O véu do templo foi definitivamente rasgado. O escândalo e a promessa desta salvação são públicos" [Id., ibid., p. 110]. Assim, na elaboração de uma teologia política evangélica, à igreja cabe a tarefa de proclamar o evangelho da salvação, exercendo função crítica diante da sociedade. A igreja pode e deve assumir essa tarefa, apesar dos muitos erros que cometeu. Esta tarefa deve ser exercida na defesa do indivíduo, de sua pessoalidade -- que não podem ser vistos simplesmente como material e meio para a construção do futuro tecnológico -- e na mobilização do poder crítico do amor que está no centro da tradição cristã. A função crítica da igreja frente à sociedade produzirá sempre repercussões na própria igreja: promoverá uma nova consciência no interior da igreja e criará uma transformação das relações da igreja com a sociedade. A PALAVRA QUE SARA ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL WWW.CGADOB.COM.BR www.fatebra.com.br fatebra@fatebra.com.br Daí graças ao Senhor, porque Ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre; pois ele satisfaz a alma sedenta, e enche de bens a alma faminta. Tirou-os das trevas e da sombra da morte, e quebrou-lhes as prisões. Enviou a sua palavra, e os sarou, e os livrou da destruição. Quem é sábio observe essas coisas, e considere atentamente as benignidades do Senhor." ( Sl 107. 1,9,14,20,43 ) Seja na área das ciências biológicas ou das ciências humanas; seja na Teologia ou na Medicina, para bem conduzir o rumo das coisas, torna-se necessária uma compreensão da natureza humana. É evidente que a antropologia contemporânea reserva-se o direito de guardar traços??? das culturas passadas. No entanto, como divergiam essas culturas! ... Sumérios, Caldeus, Assírios e Babilônios, ou seja, os povos mesopotâmicos, viam a natureza humana como algo essencialmente inferior. Marduque, seu deus principal, reinava sobre pequenos deuses que podiam favorecer ou complicar miseravelmente a vida dos pobres seres humanos. Havia um fatalismo nessas culturas mesopotâmicas que era desumanizador a todas dominando. 9
  • 10. Os gregos olhavam o ser humano com otimismo. No portal do oráculo de Delfos, havia uma inscrição que dizia "Conhece-te a ti mesmo", expressão que, na verdade, queria dizer o seguinte: "Você é apenas um ser humano, um mero homem, nada mais que isso. Você precisa se conhecer". Harold Ellens enfatiza que esse é excelente lembrete para terapeutas, psicólogos, psiquiatras e médicos cristãos, para quem trabalha com o ser humano na mente, no espírito ou no corpo de um modo geral, pois, se enfrentarmos com honestidade e com o coração aberto nossas próprias realidades, já estaremos no meio da jornada para lidar com ela construtiva e positivamente. Mas uma coisa é ser simplesmente humano, como queria o Oráculo de Delfos; outra é ser compassivamente humano. E o conceito grego do ser humano evoluiu dessa ansiedade original e humilhante, para a segurança do humanismo de Sócrates. Para os gregos, ser humano era, acima de tudo, ser o palco de uma tremenda luta entre a mente e a carne, entre a psychê e a sarx que deveria ser submetida ao domínio do espírito. E os hebreus? Que disseram sobre isso? O conceito do ser humano entre os hebreus é muito simples. Simples, porém majestosamente monumental, porque tinham uma visão unitária da pessoa humana, quer dizer, não há divisão do homem em corpo, alma e espírito. O ser humano é um todo; a visão hebréia do ser humano é circular, sistêmica. O ser humano é cooperador de Deus num mundo que é de Deus, razão porque não há separação entre o secular e o sagrado. E, realmente, o sacerdote entre os hebreus era o homem de religião a quem se recorria, até, em assuntos de saúde. Em Levítico, livro de regulamentos rituais, culturais, civis e religiosos, encontramos : "Quando o homem tiver na pele da sua carne inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, e esta se tornar na sua pele como praga de lepra, então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um dos seus filhos, os sacerdotes" (Lv 13.2 ) e daí em diante, vem toda uma prescrição sobre esse assunto. Isso aconteceu há quase 4.000 anos. Mas essas antropologias persistem hoje ainda nas mentes de homens e mulheres da Medicina e da Teologia, e moldam a nossa vida, e nossa visão do ser humano como paciente, ou aquele a quem ministramos na igreja. UM TOQUE HUMANO A Bíblia Sagrada apresenta um conceito de "ser pessoa" iluminado e modificado pelo pensamento divino. Sem esse conceito, torna-se muito difícil cultivar o caráter relacional do ser humano. Diz Gênesis 1.26, 27 que o ser humano foi criado à imagem moral e semelhança espiritual do Ser Divino. E essa é a diferença estabelecida entre os peixes do mar, as aves do céu, os répteis, e os animais ditos inferiores. Por natureza, pertencemos a essa ordem, pois somos marcados pelos mesmos elementos naturais: sais minerais, proteínas, ácidos, elementos físicos e substâncias químicas, e, por isso, nos identificamos substancialmente com esses animais que devemos subjugar (segundo a ordem do Criador), e, mesmo, com o solo do qual, em sua linguagem metáforica e gráfica, fomos retirados. Uma filigrana lingüística é que, em hebraico, "ser humano", "humanidade" se diz adam; "barro, argila, solo" é adamah (forma feminina de adam), jogo de palavras que seria como se disséssemos "do humus foi o homem tirado". Pois bem, esse ser humano feito à imagem de Deus (o apóstolo Paulo diz que "poemas de Deus somos nós", Ef 2. 10), tem uma vocação que determina o seu caráter, e uma posição diante do Criador: é administrador, 10
  • 11. gerente, fiel depositário do patrimônio divino na Terra (Sl 24.1; Gn 1. 26, 28; 2.15). É sua vocação, é nossa vocação! Esse ser humano, que a Escritura chama adam, foi criado macho e fêmea, varão e varoa, homem e mulher com suas peculiaridades, e particularidades, e idiossincrasias, e funções próprias, diferenças próprias, das quais dá conta e busca resolver os problemas a própria Medicina em suas especialidades Há diferenças na ordem natural entre o homem e a mulher: a sexualidade, e é por isso que logo depois da Escritura Sagrada dizer que Deus criou o adam (o ser humano, a humanidade), diz que essa humanidade foi criada de duas maneiras: ish e ishah. E esse ish e essa ishah, esse homem e essa mulher são atraídos um pelo outro pelo amor hormonal, visceral, biológico que os gregos chamam de eros. Boa palavra para designar a atração sexual, e que só pode ser de um homem por uma mulher, ou de uma mulher por um homem; nunca (e a Bíblia a isso chama de "perversão") de um homem por um homem, de uma mulher por outra mulher, de adulto por criança, ou de um ser humano por um animal. Por outro lado, esses dois seres (ish e ishah) têm outra qualidade que é a complementariedade. São diferentes em sexualidade, em funcionalidade, não em competição, mas complementam-se o homem e a mulher, o ish e a ishah da história bíblica para que, unindo-se os dois, forme-se o adam, e o ser humano físico, emocional e espiritual seja restabelecido. Apesar de diferentes, são iguais em ordem natural e destino sobrenatural, têm idêntica vocação e idêntica satisfação: complementam-se tanto que homem e mulher se procuram e aceitam-se como a parte que falta no outro. O ser humano não é, como quer o pensamento materialista, apenas matéria em movimento. Ou como disse Emerson, "um ser em ruínas", ou Jonathan Swift, autor das Aventuras de Gulliver, "o homem é a espécie de verme mais perniciosa e degradante que a natureza jamais permitiu que rastejasse na face da terra", ou, ainda, Martin Heidegger, o filósofo alemão: "um-ser-para- a-morte, cuja marcha final é o Nada, onde não se reconhece Deus, onde não se reconhece descanso, nem salvação. Nada. Nada". Rollo May salienta que as características do homem moderno são o senso de vazio, tremendo vazio dentro de si; a solidão, imensa solidão tão escura quanto a noite; e essa ansiedade que machuca, corrói as entranhas do coração. E não é revelador que a Bíblia tem para cada uma destas características respostas diretas? Diretas e eternas? Por exemplo: para o sentimento de vazio do ser humano, encontramos nas Sagradas Letras esta palavra de São Paulo que diz "Nele [ em Cristo] habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e tendes a vossa plenitude nele, que é a cabeça de todo principado e potestade" (Cl 2.9,10; cf. Jo 1.16; Ef 3.17-19). Encontramos, ainda, na Escritura que, com respeito ao problema tão sério da solidão, a Bíblia diz: "Deus faz que o solitário viva em família" (Sl 68. 6a). E no que toca à ansiedade, quem toma a palavra é São Pedro ao dizer "Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (1Pe 5. 6,7; cf. Sl 37.5; 55.22; Mt 6.25, 26). O CUIDADO Durante muito tempo, o cuidado de pessoas ansiosas e desesperadas era considerado responsabilidade dos homens da religião. E, na verdade, uma "abordagem clínica" em países do Primeiro Mundo inclui a presença de um 11
  • 12. capelão preparado, não só em Psicologia Pastoral , mas, também, com estágio supervisionado em hospitais, clínicas e casas de saúde. E a idéia básica é a restauração do bem-estar físico pelo médico, e da plenitude do ser pela reconstrução psicoterapêutica da personalidade. Isso quer dizer que médicos e pastores são agentes da esperança. O pastor precisa ter uma visão clínica daquele que sofre ou convalesce; mas o médico precisa ter uma visão pastoral do seu paciente. Quantos problemas de ordem psicossomática em vez de um placebo, poderiam ter recebido o cuidado pastoral, a atenção espiritual, o aconselhamento, a confissão e o perdão! E é nessa linha que Tiago vai escrever: "Está aflito alguém entre nós? Ore... Está doente algum do vós? Chame os anciões [os pastores] da igreja, e estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo [era um tratamento, uma terapia da época] em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados". E ele continua "Confessai, portanto os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados" (Tg 5.13a, 14-16). Vejam se não há aqui todo um somatismo de problemas interiores, mentais, emocionais, jogados para fora do corpo! Sem dúvida, como já foi dito, a Medicina estava ligada ao sacerdócio: " Quando um homem tiver na pele da sua carne inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, e esta se tornar na sua pele como praga de lepra, então será levado a Arão o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes, e o sacerdote examinará a praga na pele da carne. Se o pelo na praga se tiver tornado branco, e a praga parecer mais profunda que a pele, é praga de lepra; o sacerdote, verificando isto, o declarará imundo. Mas, se a mancha lustrosa na sua pele for branca, e não parecer mais profunda que a pele, e o pelo não se tiver tornado branco, o sacerdote encerrará por sete dias aquele que tem a praga. Ao sétimo dia o sacerdote o examinará; se a praga, na sua opinião, tiver parado e não se tiver estendido na pele, o sacerdote o encerrará por outros sete dias. Ao sétimo dia o sacerdote o examinará outra vez: se a praga tiver escurecido, não se estendido na pele, o sacerdote o declarará limpo; é uma pústula. O homem lavará as suas vestes, e será limpo" (Lv 13.2-6; cf. Lv 12.6,7) . E até mesmo a genética era regulada pelos sacerdotes. Vejam que curiosidade da Palavra de Deus, isso há quanto tempo antes de Cristo foi escrito?! "Nenhum de vós se chegará àquela que lhe é próxima por sangue, para descobrir a sua nudez. Eu sou o Senhor. A nudez de tua irmã por parte de pai ou por parte de mãe, quer nascida em casa ou fora de casa, não a descobrirás. Nem tampouco descobrirás a nudez da filha de teu filho, ou da filha de tua filha; porque é tua nudez. A nudez da filha da mulher de teu pai, gerada de teu pai, a qual é tua irmã, não a descobrirás. Não descobrirás a nudez da irmã de teu pai; ela é parenta chegada de teu pai. Não descobrirás a nudez da irmã de tua mãe, pois ela é parenta chegada de tua mãe" (Lv 18.6, 9, 10-13). "Descobrir a nudez" é um eufemismo semitico para designar relações sexuais. Toda essa regulação visava a evitar problemas na geração de filhos. Sim, e havia, até, normas especiais (numa era précientifica?!) Para prevenção de doenças infecto-contagiosas conforme podemos ler no livro de Números, capítulo 5. É impressionante que quase há 4.000 anos o hebreu no deserto, na caminhada do Egito para Canaã, fosse instruído na Palavra de Deus a fazer uma coisa que parece medicina sanitária dos dias de hoje?! 12
  • 13. "Entre os teus utensílios terás uma pá [e aqui a explicação: todo hebreu, homem ou mulher tinha que ter uma pequena pá consigo] e quando te assentares lá fora [fora do acampamento num lugar reservado, cf. Dt 23.12], então com ela cavarás e, virando-te, cobrirás o teu excremento" (Dt 23. 12, 13; cf. Nm 5.2, 3; 19.11, 16). Isso é medicina sanitária há 4.000 anos?! O tema do sofrimento ou da enfermidade é sempre abordado com receio, com escrúpulos ou com respeito. Mas são problemas tocados de perto seja por quem lida com a enfermidade mental, ou com a espiritual. O homem é um todo: o corpo influi no espírito, o espírito influi no corpo. Daí essas enfermidades psicossomáticas a que nos referimos. Mas a doença é uma revelação. Revelação de nossa finitude, de nossa fragilidade, de nossa condição de ser vivo. É revelação de um mistério que abrigamos dentro de nós: o mistério da dor. Há aliás, na Bíblia, todo um livro sobre a dor física e existencial de um homem, que é o Livro de Jó. E é desse livro e desse homem que tiramos estas expressões: "Por que não morri ao nascer? Por que não expirei ao vir à luz? Por que me receberam os joelhos? E por que os seios, para que eu mamasse? Pois agora estaria deitado e quieto: teria dormido e estaria em repouso, ou, como aborto oculto, eu não teria existido, como as crianças que nunca viram a luz. Não tenho repouso, nem sossego, nem descanso; mas vem a perturbação" (Jó 3.11-13, 16, 26), porque Jó estava falando dessa dor tão grande que sentia no seu corpo. Há uma descrição da sua enfermidade que diz: "Os meus parentes se afastam, e os meus conhecidos se esquecem de mim. Os meus domésticos e as minhas servas me têm por estranho; vim a ser um estrangeiro aos seus olhos. Chamo ao meu criado, e ele não me responde; tenho que suplicar-lhe com a minha boca. O meu hálito é intolerável à minha mulher; sou repugnante aos filhos de minha mãe. Até os pequeninos me desprezam; quando me levanto, falam contra mim. Todos os meus amigos íntimos me abominan, e até os que eu amava se tornaram contra mim. Os meus ossos se apegam à minha pele e à minha carne, e só escapei com a pele dos meus dentes" (Jó 19.14-20). Mas é, também, um livro sobre a fé, porque no final, depois de falar de sofrimento, ele fala de fé, e diz: "Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos" (Jó 42.5). Essa é a razão porque, junto ao que sofre, temos que pensar no Cristo crucificado, no Cristo do Calvário, no Cristo de Quem foi dito setecentos anos antes que viesse ao mundo: "Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Is 53.3-5). SHALOM = SAÚDE TOTAL O problema é olhar o paciente, e vê-lo só como um corpo doente, um corpo sofrido, e não lembrar o seu espírito talvez mais doente que o seu corpo. É evidente que o paciente não é um eletrodoméstico que vai à oficina de reparos, não é um objeto. É uma pessoa que, atingida por uma disfunção do corpo ou da mente, muda seu comportamento, e, até mesmo, sua vida 13
  • 14. de si própria, de seu presente ou de seu futuro. Ele se desequilibra, ele se atormenta, tem sérias crises de comunicação consigo próprio, com o mundo que o cerca, porque ele não tem liberdade, está fora do lar. Tem conflitos de comunicação com a família, com as práticas religiosas, com Deus, até. Na verdade, o que buscamos para o enfermo, para o hospitalizado, é aquilo que os profetas do povo de Israel apregoavam: o shalom, a paz integral, a integridade, a inteireza, a plenitude, a restauração, o bem-estar total. Platão, nos seus Diálogos deixou claro: "Assim como você não deveria tentar curar... a cabeça sem o corpo, da mesma forma não deveria tentar curar o corpo sem curar a alma... porque uma parte nunca pode estar bem a menos que o todo esteja bem... Por isso, se quiser que a cabeça e o corpo estejam bem, você deve começar cuidando a alma." E nessa linha, Carl Jung, Erich Fromm, Viktor Frankl, Rollo May, e outros tantos sustentam que problemas religiosos devem ser vistos como sintomas de problemas psicológicos mais profundos. Há problemas psicológicos enraizados na patologia espiritual. O Pastor Dr. Wayne Oates, professor de Psicologia Pastoral no Seminário Batista de Louisville, nos EUA, escreveu, entre as mais de quarenta obras que assinou, uma muito interessante intitulada, Quando a Religião Fica Doente (When Religions Gets Sick), onde aborda essas manifestações patológicas, enfermiças de expressão religiosa. Talvez possamos, até, em certos casos parodiar e dizer "Quando o Doente Fica Religioso", tão doente que agora se apega aos céus, produto dessa ansiedade incontida, e maior que o espírito, o coração e a fé de quem a manifesta. Mas a única maneira construtiva de lidar com essa ansiedade existencial é uma vida religiosa autêntica que torne possível a imagem de Deus dentro da pessoa. O renovado interesse pela saúde e cura totais por parte das igrejas evangélicas tem raízes na herança bíblica. Porque Jesus é chamado "O Grande Médico", porque Jesus é chamado "Médico dos médicos" desde os primeiros dias da era cristã. E o pastor é um profissional da escuta, é o profissional do ouvido-amigo, o conselheiro. Por essa razão, temos que ver alguns princípios para a saúde total, a saúde do corpo e do espírito: Saúde é mais que a ausência de doença: é a presença de "bem-estar de alto nível". É o shalom bíblico, a integridade da pessoa humana. E bem-estar de alto nível é inteireza, é plenitude em várias dimensões que são interdependentes da pessoa: a dimensão física, a dimensão psicológica, a dimensão interpessoal, a dimensão ambiental, a dimensão institucional e a dimensão espiritual. "Deus criou o corpo humano com capacidade para se recuperar de uma doença: é um processo lento, natural, que obedece ao plano de Deus". Deus está nesse processo efetuando a cura: pastores não fazem milagres. Mas Deus em sua soberania faz milagres através da força total interior de cada indivíduo, força física e não-física. Enquanto o médico examina, diagnostica, e prescreve o tratamento, o pastor tem a responsabilidade de liberar essas energias para ajudar o paciente a se recuperar. O médico facilita a recuperação dando ajuda ao corpo do paciente, mas o pastor a facilita ajudando esse paciente a dispor dos poderes do espírito. Daí a energia total no processo da recuperação. A PALAVRA QUE SARA Não é fácil, não pode ser fácil estar enfermo, porque isso significa grandes perdas. O paciente perde espaço: seu mundo se reduz a um quarto; sua mobilidade é exígua, ao máximo vai ao corredor, e quantas vezes com toda 14
  • 15. uma parafernália de tubos e drenos. Ele perde o controle sobre os que invadem seu espaço. Perde o controle do tempo. Perde o controle do próprio corpo. Perde o contato com outras pessoas, e tem, por essa razão, crises de solidão, crises de isolamento, e de desamparo. E esse é o motivo porque as igrejas buscam ministrar, servir, atender espiritualmente a esses solitários, isolados e desamparados. É o que o Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC) chama de "Vocação Terapêutica da Igreja." Ministrar e servir ao enfermo, e à família do enfermo, e dizer-lhe que "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, e socorro bem presente na angústia; aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus" (Sl 46. 10a) e também "O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; tu lhe amaciarás a cama na sua doença" ( Sl 41.3; cf. Sl 3.5; 4.8). O Dr. Flamínio Fávero, professor emérito da Faculdade de medicina da USP, e evangélico, em seu trabalho Humanização da Medicina, publicado na obra coletiva A Palavra que Sara que dá o título a este trabalho, lembra que a Medicina visa ao homem, lembra que o médico é objeto de amor e de ódio, e cita uma trova vinda da Escola Médica de Salerno, na Itália: "Tem três faces o médico. É julgado anjo, demo ou suprema divindade! Anjo, se acode, logo que é chamado E forte, enfrenta a dura enfermidade! Se o doente melhora, tão amado Não é o próprio Deus na Eternidade! Mas, quando a conta manda do trabalho, Nem mesmo Satanás é tão bandalho." E ensina que "a verdadeira medicina não tem pátria, não tem inimigos, não tem prevenções raciais, religiosas e outras que sejam, porque ela deve ser, como o evangelho, manifestação e reflexo da sua fonte de origem: Deus. Sim; há algo no ser humano que a biologia e a química não podem explicar. Talvez, por isso, São Paulo diz que "somos poemas de Deus" , e Davi exclama, "pouco abaixo de Deus fizeste [o ser humano], de glória e de honra o coroaste" . Tem, no entanto, o ser humano a tendência de viver em níveis baixos e degradados. Mas algo traz à sua mente que não foi criado para o lixo, mas para as estrelas, para os céus, para o infinito. E daí caminhamos para a Suprema Terapia, a Grande Cura que é a ressurreição final dos corpos, a Gloriosa Restauração dos corpos, sem que haja mais sofrimento, pavor ou gemido, ou, na linguagem da Bíblia: "Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas" (Ap 21.4). INTERCESSÕES Huub Oosterhuis Por todos os que são crucificados, Como teu Filho Por todos os homens abandonados, Nós te rogamos. Por todos os que não podem mais Suportar a situação em que se acham, Por todos os que vivem no sofrimento, Não percebendo o seu sentido, nem seu fim, Nós te rogamos, Senhor. 15
  • 16. Por todos os que se revoltam, Que não sabem mais irradiar, nem agir. Por todos os implacáveis e rancorosos, Os arrogantes e os cínicos; Torna-os, Senhor, mais indulgentes, Abre de novo seus olhos Para a bondade possível entre os homens, Para que vejam tua criação E o futuro que lhes reservas. Por todos os que são acusados, Que vivem oprimidos pela perseguição e calúnia. Por todos os que, por sua dureza Para com os outros, Perderam a confiança em si mesmos. Por todos os que não encontram compreensão, Nem uma palavra sequer de lenitivo, Que não encontram alguém que os queira aceitar. Por todos os que são inibidos ou ansiosos, Por todos os angustiados e tensos, Por todos os que são vítimas De chantagem ou corrupção, Por todos os que são obrigados A viver na injustiça, Presos nas engrenagens de um sistema inumano, Sem dele poderem sair, Nós te rogamos, Senhor. Por todos os que mergulham no desânimo, Vendo o mal espalhado no mundo. Por todos os otimistas, Por todos os corajosos E por todos que sabem ser amigos, Para que permaneçam firmes na hora da provação E que seu apoio nunca nos falte. Oremos por todos aqueles Que não tem beleza nem encanto, Atraindo os olhares. Por todos os que não são semelhantes aos outros, Os mongolóides e excepcionais, Os instáveis e mutilados, Os doentes incuráveis. Pedimos, Senhor, que nos ajude a descobrir O sentido da sua presença neste mundo. A PÍLULA DO HOMEM: UMA PERSPECTIVA PASTORAL ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL WWW.CGADOB.COM.BR www.fatebra.com.br fatebra@fatebra.com.br Em vias de comercialização, o primeiro contraceptivo oral masculino do mundo chega ao Brasil, e com ele, algumas indagações de cristãos sobre a legalidade Bíblica de um homem crente usar a "pílula" para não ter filhos. 16
  • 17. A questão interessa a muitos cristãos. Muitos jovens casais têm evitado filhos nos dias de hoje. As razões geralmente apresentadas são a explosão demográfica das grandes cidades onde vivem, a depravação e corrupção cada vez maiores do ambiente onde seus filhos haveriam de crescer, tal como o uso de drogas e a delinqüência infantil e juvenil. Alega-se ainda a falta de segurança que sentem em relação a filhos: saberei dar respostas? Será que serei capaz de viver uma vida exemplar? E, por fim, o argumento mais forte, o alto custo financeiro hoje de se criar filhos. Para os que pensam assim, filhos atrapalhariam os planos financeiros de se ter uma vida financeira mais tranqüila. Por outro lado, há algumas boas razões para se enfrentar as dificuldades mencionadas acima. 1) Filhos são fonte de grande alegria, isto a Bíblia deixa muito claro, mas especifica que especialmente os filhos que andam nos caminhos do Senhor (ler Pv 28.7; 29.3,17). Filhos que crescem sem disciplina vão para o mundo, desobedecendo a Deus, e dão grande dor a seus pais (Pv 17.21,25; 28.7; 29-3,15). "Grandemente se regozijará o pai do justo, e quem gerar um filho sábio nele se alegrará" (Pv 23.24). Filhos sábios não crescem em árvores: são fruto de toda uma vida de disciplina, instrução, companheirismo, amor, e orientação nos caminhos de Deus. Mas o resultado vale a pena. 2) Filhos são bênção do Senhor. Os Salmos 127 e 128 comemoram a felicidade do justo em ter muitos filhos, como bênção de Deus. Muitos jovens casais cristãos, ao contrário do ensino bíblico, vêem os filhos como sendo um tropeço, um estorvo às suas carteiras profissionais, aos planos de divertir-se, conhecer o mundo... quem pode fazer isto com filhos pendurados nas calças? É possível que estes cristãos mudem de idéia, quando já for muito tarde, quando estiverem aposentados, doentes, velhos e sozinhos largados num asilo de idosos, sem ninguém que venha visitá-los, conversar com eles, e alegrá-los. 3) Filhos fazem parte da estratégia de Deus em transformar o mundo. Filhos criados em famílias cristãs sólidas são via de regra os melhores crentes e, portanto, os mais aptos a cumprir o que Jesus ensinou, que a corrupção da sociedade poderá ser neutralizada por homens e mulheres santos (Mt 5.13-16), agindo como sal e luz deste mundo. É em lares cristãos fortes que jovens, que serão o sal e a luz deste mundo, são devidamente equipados. Deus deseja que o mundo ouça o Evangelho (Mt 18.18-20). Nossos filhos podem ser os instrumentos necessários para isso, como disse B. Ray: "O propósito de Deus em nos dar filhos é que conquistemos o mundo para ele". Na minha opinião, à luz do ensino bíblico sobre o plano de Deus para a família e os filhos, constitui-se uma transgressão do propósito divino o evitar filhos por motivos egoístas quer seja com contraceptivos masculinos ou femininos. Gente que não quer o trabalho de criar crianças e casam pelo sexo e companhia se esquecem que tiveram um pai e uma mãe que pensaram diferente. O sexo e o companheirismo trazidos pelo casamento não são a sua única finalidade. Criar filhos é bem menos complicado e difícil do que se pensa, quando o casal o faz na dependência de Deus. Por outro lado, creio que não vai contra o propósito de Deus o casal controlar o número de filhos, e mesmo chegar a uma época em que decida evitá-los. Minha esposa e eu temos quatro filhos. Na realidade queríamos 17
  • 18. ter cinco, mas por problemas de saúde dela, tivemos de parar nos quatro. Creio que já demos nossa contribuição para encher o mundo e dominá-lo! E não nos sentimos constrangidos em evitar que ela engravide mais uma vez. Assim, creio que nada há contrário ao uso da pílula masculina por um cristão, desde que pelos motivos corretos. Sobre o fato de ser "masculina", não, vejo nada nas Escrituras que condenem a pílula por isto. A pílula masculina ainda tem a vantagem sobre alguns contraceptivos femininos de evitar uma outra questão ética relacionada com o controle da natalidade, que é a do uso de métodos que são abortivos. A POLÍTICA À LUZ DA BÍBLIA ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL WWW.CGADOB.COM.BR www.fatebra.com.br fatebra@fatebra.com.br 1. A idéia bíblica O que a Bíblia tem a dizer sobre política? Na verdade não encontramos na Bíblia a palavra “política” nem uma definição da mesma. Obviamente não poderia porque a Escritura Sagrada não é um manual ou tratado político. Entretanto, encontramos nela, do Gênesis ao Apocalipse, a idéia explícita de política. Folheando suas páginas verificamos que o conceito bíblico de política é o conceito do próprio Deus e de Seus escritores sagrados. A arte de bem governar e administrar com competência são exigências constantes de Deus. Basta lermos, à guisa de exemplo, o livro do profeta Isaías. Isaías é corretamente denominado pelos estudiosos de “profeta da justiça social”. Sua reivindicação pela justiça social como resultado de uma política responsável e consciente era a reivindicação do próprio Deus que o enviara a profetizar. 2. Causa e solução das crises A causa das crises sócio-econômicas a nível mundial está numa política defeituosa. E qual seria, por sinal, a causa deste defeito? É simples: a maioria dos líderes políticos estão querendo dirigir o mundo sem Deus e sem a Bíblia. Acredite, o maior e melhor programa de governo de todos os tempos é a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Leia Deuteronômio 17.18-20. Além disso, observe o exemplo do povo de Israel na Bíblia. Leia a história dos reis de Israel. Os reis que governaram sob o temor de Deus e em obediência à Sua Palavra foram bem sucedidos. O segredo de uma política eficiente não está na forma de governo (monarquia, democracia, etc) e nem no regime político (parlamentarismo, presidencialismo), mas na aplicação prática dos princípios morais e civis da lei de Deus. Não estou dizendo que devemos restabelecer a teocracia que Israel por fim acabou abandonando. No mundo de pecado em que vivemos é impossível um governo eminentemente teocrático, contudo, quando os princípios bíblicos regem a conduta e a moral dos dirigentes Deus abençoa a nação. Quando João Calvino (1509-1564) aplicou em Genebra (Suíça) os princípios da “constituição de Deus”, a Bíblia, ele revolucionou de maneira extraordinária a vida daquela cidade. A reforma religiosa e político-social de Calvino é um marco da história que comprova, entre tantos outros exemplos semelhantes, que fé em Deus e administração pública é uma mistura que dá certo. 3. Jesus, Pedro e Paulo e a política O maior conceito de política que a Bíblia nos apresenta foi dado pelo Senhor 18
  • 19. Jesus Cristo. Certa feita o mestre foi interpelado por pessoas mal intencionadas sobre a questão do pagamento de impostos ao imperador romano. “É lícito pagar tributo a César, ou não?”, perguntaram. Jesus pediu que mostrassem uma moeda e interrogou: “De quem é esta efígie e inscrição?”. “De César”, responderam. Então lhes disse: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Em outras palavras o Mestre queria dizer: “Sim, devemos pagar imposto. Honrar a Deus não significa desonrar o imperador”. Sem dúvida os apóstolos Pedro e Paulo tinham em suas mentes o ensino de Jesus ao tratarem em suas cartas de “alguns temas políticos”. Ambos enfatizam a importância da obediência e honra às autoridades pelo simples fato de serem “ministros de Deus”, conforme a expressão usada por Paulo. A desobediência civil é justificada na Bíblia somente quando as autoridades intencionalmente se opõem ao evangelho de Jesus para cometerem injustiças (cf. At 4.18,19). E se a desobediência civil não fosse justificável somente nesse sentido, Pedro e Paulo jamais insistiriam em suas epístolas pela obediência às autoridades (Rm 13.1-7; I Tm 2.1,2; I Pe 2.11-17). É interessante esse apelo apostólico porque Pedro e Paulo e as igrejas a quem eles se dirigiam viviam, naquela época, sob o governo déspota e tirano do imperador Nero. Porém, a recomendação de deveres não era pelo que o imperador e as demais autoridades significavam em si mesmos, e sim, porque ocupavam a posição político-administrativa instituída por Deus. Lembremos que quando Pilatos disse a Jesus: “Não sabes que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar?”, a resposta do nosso Senhor foi: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima (de Deus) não te fosse dada”. Quando Jesus diz em Mateus 22.21 “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” não quis dizer, como bem observou Francis Schaeffer: DEUS e CÉSAR Foi, é e sempre será assim: DEUS e CÉSAR Por causa dessa autoridade que vem de Deus é que o povo tem deveres para com as autoridades constituídas. E por causa dessa mesma autoridade vinda de Deus é que os políticos devem tratar o povo com justiça e respeito. 4. O propósito da política segundo a Bíblia Observe que de acordo com a Bíblia, a política em si é boa porque foi instituída por Deus. O problema está no fato de que nem sempre a política é devidamente utilizada. Isso acontece porque nem todos estão aptos para entender o propósito da política. Qual a finalidade da política? Acredito que os teólogos da assembléia de Westminster, Inglaterra (1643-1648), definiram biblicamente o propósito da política quando disseram: “Deus, o Senhor Supremo e Rei de todo o mundo, para a sua glória e para o bem público, constituiu sobre o povo magistrados civis (líderes políticos) que lhes são sujeitos, e a este fim, os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores”. Veja nessa declaração que a finalidade da política é dupla. Deus a constituiu para 1) a Sua própria glória e 2) o bem público. Perguntar não ofende: Será que este duplo propósito da política está sendo cumprido em termos de Brasil? É evidente que não, pois notamos ainda na declaração de Westminster que as 19
  • 20. autoridades receberam da parte de Deus o poder da espada para a defesa dos bons e castigo dos maus. A impunidade desonra a Deus. Em suma a Bíblia valoriza a política e os políticos. A primeira porque faz parte da própria essência administrativa de Deus. Os segundos porque são agentes de Deus (quer estejam conscientes ou não disso; quer acreditem ou não nisso) a fim de governarem com seriedade para que Deus seja glorificado e o povo respeitado. ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL WWW.CGADOB.COM.BR www.fatebra.com.br fatebra@fatebra.com.br A VIOLÊNCIA SOB A ÓTICA PASTORAL ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL WWW.CGADOB.COM.BR www.fatebra.com.br fatebra@fatebra.com.br Não é possível para nenhum de nós deixar passar despercebidamente o que tem acontecido em nossa sociedade nestes últimos dias. Foi com muita indignação e frustração que lemos nos jornais e vimos as cenas na TV, do desfecho do seqüestro do ônibus no Rio de Janeiro. Pior ainda é ver que a classe política e também nós cidadãos de uma maneira geral, nos tornamos insensíveis a tudo isso que tem acontecido em nossa sociedade. Parece até que perdemos a capacidade de nos indignar contra este tipo de coisa. Esta barbaridade, se tornou tão comum em nosso meio, a televisão banalizou de tal forma a violência, que para a grande maioria de nós esta foi mais uma tragédia dentre as muitas que acontecem todos os dias no Brasil. As cenas do policial vindo em direção ao assaltante e disparando nele, mais pareciam as cenas de um filme policial qualquer de Hollywood, que já nem mexem mais com nossa sensibilidade ou nossa capacidade de ficar indignados. Diante dessa gigantesca tragédia social em que todos nós estamos imersos, parece-nos que uma das alternativas que encontramos é ser indiferentes a esse tipo de realidade que nos cerca e continuar a nossa existência fingindo que tudo isso não nos afeta. Enclausurados em nossos castelos e ilhas de prosperidade, cercados por todos os lados de pobreza e miséria estamos seguros. Ainda, um outro sentimento que talvez permeie as nossas mentes, nessas horas seja o da impotência, de não poder fazer nada, de não poder mudar nada, de não poder levantar a voz e ficar quietos, porque afinal de contas quem somos nós para mudar alguma coisa? Qual deve ser a postura do cristão em meio a toda essa violência que nos cerca? Qual a postura que a comunidade cristã deve assumir diante de tudo isso? Como podemos nos fazer ouvir e tentar pelo menos fazer conhecidos os valores do Reino de Deus nestes casos? Em primeiro lugar, creio que como cristãos, indistintamente devemos levantar a nossa voz e orar pela paz da cidade. Queremos evocar, como pastores que somos, o livro de Jeremias, no Antigo Testamento, quando este convoca os judeus cativos da Babilônia, dizendo "procurai a paz da 20
  • 21. cidade..., e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz." A violência nos afeta a todos, e orar é algo que todos nós enquanto comunidade cristã podemos fazer. Em segundo lugar, cremos que devemos recuperar a voz profética que foi tão característica dos homens e mulheres de Deus em meio a uma sociedade corrompida e cheia de injustiça e violência. Foi assim com Habacuque, num outro livro do Antigo Testamento, que vendo a iniquidade e a opressão ao seu redor, clama por respostas, diante de Deus. Qual o porquê de tanta violência, "até quando clamarei eu e tu não me escutarás? Gritar-te-ei violência e não salvarás?" A lição que aprendemos com Habacuque é de que o Senhor, reto juiz, trará juízo no seu próprio tempo e ele nos chama para anunciar este juízo sobre os perversos, soberbos, violentos, corruptos e aqueles cujo poder é o seu deus. Em terceiro lugar, cremos que precisamos resgatar o espírito dos ensinos de Jesus. Talvez, até quem sabe, fazer uma nova leitura deles, especialmente neste caso de Mateus 5:9. Diante de situações como as que vivemos dia a dia, quando o Senhor nos fala que são "bem aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus." Todo cristão, de acordo com esta palavra de Jesus, deve ser um pacificador, tanto na igreja como na sociedade. Concluindo gostaríamos de alertar para uma questão que muitas vezes não nos damos conta. Que podemos, através da ação individual transformarmos esse tipo de realidade. Como? Através do exercício da nossa cidadania. Colocando em prática valores como dignidade humana, justiça, paz, amor, respeito ao próximo e acima de tudo consciência crítica diante deste contexto gerador de morte. Fica a responsabilidade de cada um de nós cidadãos, a fazer uso, por exemplo da força do nosso voto, para que as estruturas geradoras de morte possam com a nossa intervenção social, serem vencidas. E isso só acontecerá quando nos conscientizamos da necessidade que temos de nos voltarmos para Deus e os valores do seu Reino e termos consciência que ele é o Senhor da Vida e da História. ABORTO: OS DOIS PONTOS CRUCIAIS ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL WWW.CGADOB.COM.BR www.fatebra.com.br fatebra@fatebra.com.br A legislação sobre o assunto O artigo 128 do Código Penal brasileiro (que é de 1940) permite o aborto quando há risco de vida para a mãe e quando a gravidez resulta de estupro. Porém, apenas sete hospitais no pais faziam o aborto legal. Esse ano, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou a obrigatoriedade de o SUS (Sistema Único de Saúde) realizar o aborto nos termos da lei. O projeto, porém, permite ao médico (não ao hospital) recusar-se a fazer o aborto, por razão de consciência – um reconhecimento de que o assunto é polêmico e que envolve mais que procedimentos médicos mecânicos. Por exemplo, o ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, disse ser contrário à lei e comparou aborto a um assassinato. Além disto, médicos podem ter uma resistência natural, pela própria formação deles (obrigação de lutar pela vida). "O juiz que autoriza o aborto é co-autor do crime. Isso fere o direito à vida", disse o desembargador José Geraldo Fonseca, do Tribunal de Justiça de São Paulo, 21
  • 22. em entrevista ao jornal Estado de São Paulo (22/09/97). Segundo ele, o artigo 128 do Código Penal não autoriza o aborto nesses casos, mas apenas não prevê pena para quem o pratica. No momento, existem projetos de ampliar a lei, garantindo o aborto também no caso de malformação do feto, com pouca possibilidade de vida após o parto. O ensino bíblico O assunto é particularmente agudo para os cristãos comprometidos com a Palavra de Deus. É verdade que não há um preceito legal na Bíblia proibindo diretamente o aborto, como "Não abortarás". Mas a razão é clara. Era tão inconcebível que uma mulher israelita desejasse um aborto que não havia necessidade de proibi-lo explicitamente na lei de Moisés. Crianças era consideradas como um presente ou herança de Deus (Gn 33.5; Sl 113.9; 127.3). Era Deus quem abria a madre e permitia a gravidez (Gn 29.33; 30.22; 1 Sm. 1.19-20). Não ter filhos era considerado uma maldição, já que o nome de família do marido não poderia ser perpetuado (Dt 25.6; Rt 4.5). O aborto era algo tão contrário à mentalidade israelita que bastava um mandamento genérico, "Não matarás" (Êx 20.13). Mas os tempos mudaram. A sociedade ocidental moderna vê filhos como empecilho à concretização do sonho de realização pessoal do casal, da mulher em especial, de ter uma boa posição financeira, de aproveitar a vida, de ter lazer, e de trabalhar. A Igreja, entretanto, deve guiar-se pela Palavra de Deus, e não pela ética da sociedade onde está inserida. A humanidade do feto Há dois pontos cruciais em torno dos quais gira as questões éticas e morais relacionadas com o aborto provocado. O primeiro é quanto à humanidade do feto. Esse ponto tem a ver com a resposta à pergunta: quando é que, no processo de concepção, gestação e nascimento, o embrião se torna um ser humano, uma pessoa, adquirindo assim o direito à vida? Muitos que são a favor do aborto argumentam que o embrião (e depois o feto), só se torna um ser humano após determinado período de gestação, antes do qual abortar não seria assassinato. Por exemplo, o aborto é permitido na Inglaterra até 7 meses de gestação. Outros são mais radicais. Em 1973 a Suprema Corte dos Estados Unidos passou uma lei permitindo o aborto, argumentando que uma criança não nascida não é uma pessoa no sentido pleno do termo, e portanto, não tem direito constitucional à vida, liberdade e propriedades. Entretanto, muitos biólogos, geneticistas e médicos concordam que a vida biológica inicia-se desde a concepção. As Escrituras confirmam este conceito ensinando que Deus considera sagrada vida de crianças não nascidas. Veja, por exemplo, Êx 4.11; 21.21-25; Jó 10.8-12; Sl 139.13-16; Jr. 1.5; Mt 1.18; e Lc 1.39-44. Apesar de algumas dessas passagens terem pontos de difícil interpretação, não é difícil de ver que a Bíblia ensina que o corpo, a vida e as faculdades morais do homem se originam simultaneamente na concepção. Os Pais da Igreja, que vieram logo após os apóstolos, reconheceram esta verdade, como aparece claramente nos escritos de Tertuliano, Jerônimo, Agostinho, Clemente de Alexandria e outros. No Império Romano pagão, o aborto era praticado livremente, mas os cristãos se posicionaram contra a prática. Em 314 o concílio de Ancira (moderna Ankara) decretou que deveriam ser excluídos da ceia do Senhor durante 10 anos todos os que procurassem provocar o aborto ou fizesse drogas para provocá-lo. Anteriormente, o sínodo de Elvira (305-306) havia excluído até a morte os que praticassem tais coisas. Assim, a evidência biológica e bíblica é que 22
  • 23. crianças não nascidas são seres humanos, são pessoas, e que matá-las é assassinato. A santidade da vida O segundo ponto tem a ver com a santidade da vida. Ainda que as crianças fossem reconhecidas como seres humanos, como pessoas, antes de nascer, ainda assim suas vidas estariam ameaçadas pelo aborto. Vivemos em uma sociedade que perdeu o conceito da santidade da vida. O conceito bíblico de que o homem é uma criatura especial, feito à imagem de Deus, diferente de todas as demais formas de vida, e que possui uma alma imortal, tem sido substituído pelo conceito humanista do evolucionismo, que vê o homem simplesmente como uma espécie a mais, o Homo sapiens, sem nada que realmente o faça distinto das demais espécies. A vida humana perdeu seu valor. O direito à continuar existindo não é mais determinado pelo alto valor que se dava ao homem por ser feito à imagem de Deus, mas por fatores financeiros, sociológicos e de conveniência pessoal, geralmente utilitaristas e egoístas. Em São Paulo, por exemplo, um médico declarou "Faço aborto com o mesmo respeito com que faço uma cesárea. É um procedimento tão ético como uma cauterização". E perguntado se faria aborto em sua filha, respondeu: "Faria, se ela considerasse a gravidez inoportuna por algum motivo. Eu mesmo já fiz sete abortos de namoradas minhas que não podiam sustentar a gravidez" (A Folha de São Paulo, 29 de agosto de 1997). Conclusão Esses pontos devem ser encarados por todos os cristãos. Evidentemente, existem situações complexas e difíceis, como no caso da gravidez de risco e do estupro. Meu ponto é que as soluções sempre devem ser a favor da vida. C. Everett Koop, ex-cirurgião geral dos Estados Unidos, escreveu: "Nos meus 36 anos de cirurgia pediátrica, nunca vi um caso em que o aborto fosse a única saída para que a mãe sobrevivesse". Sua prática nestes casos raros era provocar o nascimento prematuro da criança e dar todas as condições para sua sobrevivência. Ao mesmo tempo, é preciso que a Igreja se compadeça e auxilie os cristãos que se vêem diante deste terrível dilema. Condenação não irá substituir orientação, apoio e acompanhamento. A dor, a revolta e o sofrimento de quem foi estuprada não se resolverá matando o ser humano concebido em seu ventre. Por outro lado, a Igreja não pode simplesmente abandonar à sua sorte as estupradas grávidas que resolvem ter a criança. É preciso apoio, acompanhamento e orientação. Fonte: Revista Fides Reformata AOS MEUS IRMÃOS EM CRISTO QUE MILITAM NA POLÍTICA ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL WWW.CGADOB.COM.BR www.fatebra.com.br fatebra@fatebra.com.br O Livro dos Provérbios pertence à literatura de sabedoria, literatura didática, pedagógica, que circulava em diversas culturas orientais antigas, notadamente a babilônica, a egípcia, a cananéia e a israelita, com a variável de ser esta última considerada inspirada de acordo com os cânones hebreus e cristãos. A essa literatura pertencem na Bíblia Sagrada livros como o de Jó, Eclesiastes e certos salmos. 23
  • 24. São os ensinos e escritos dos sábios de Israel, os conselheiros dos seus governantes e políticos(1). Era o caso de Daniel, conselheiro do rei da Babilônia, de acordo com o livro que tem o seu nome(2). O conceito de sabedoria é importante e merece ser entendido, pois é compreendida como a "a habilidade de viver em equilíbrio com a ordem moral do mundo", razão porque Provérbios 14.8 ensina que "A sabedoria do prudente é entender o seu caminho", ou como traduz o afamado mestre do Antigo Testamento, Dr. R. B. Y. Scott, "A sabedoria de um homem brilhante o faz se conduzir inteligentemente". Essa é a literatura que circulava, e servia de instrução e texto-base nas Escolas de Administração Pública das cortes do Antigo Oriente Próximo. Daí tanta menção à arte de governar e de se conduzir à frente do povo, como ocorre no Livro dos Provérbios: "Na multidão do povo está a glória do rei, mas na falta de povo a ruína do príncipe"(14.28); "O príncipe que tem falta de entendimento multiplica as opressões, mas o que odeia a avareza prolongará os seus dias" (28.16); "O governador que dá atenção às palavras mentirosas, descobrirá que todos os seus servos são ímpios" (29.12); "Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte, para que não bebam, e se esqueçam da lei, e privem todos os aflitos dos seus direitos(3)" (31.4,5). Ensina, ainda, a Bíblia que são deveres da autoridade: Governar no temor de Deus (2Cr 19.7); Conhecer a lei de Deus (Ed 7.25); Fazer executar essas leis (Ed 7.26); Recusar propinas e benesses alheas às inerentes ao cargo (Ex 23.8). Do Livros dos Provérbios, tiramos três recomendações, lembretes ou advertências que imprimirão aos seus mandatos uma distinção sem par entre os mandatos dos seus pares. "O TEMOR DO SENHOR É O PRINCÍPIO DA SABEDORIA" (Pv 1.7a.) Uma característica muito relevante quanto à sabedoria é que sua aprendizagem nunca termina (cf. Pv 1.5, 6). Por outro lado, o verso 7, acima citado em parte, é o clímax desse programa, e destaca palavras e expressões que necessitam ser entendidas para serem bem apreciadas, e, sobretudo, bem vividas. O "temor do Senhor" tem ênfases variadas no Antigo Testamento. Pode ser usado como referência à conduta social considerada como geralmente aceita: "Respondeu Abraão: Eu disse comigo mesmo: Certamente não há temor neste lugar..." (Gn 20.11). Quando usado em relação ao culto divino significa reverência na adoração e obediência a Deus: "Diante das cãs te levantarás, honrarás a face do ancião, e temerás o teu Deus" (Lv 19.32) e "Vinde, meninos, ouvi-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor" (Sl 34.11). Talvez a questão mais pertinente neste ponto seja: "Sim; ‘o temor do Senhor é o princípio da sabedoria’, mas, que Senhor?" A que Deus tememos? Esse é o problema! O brasileiro criou um "Deus" que não é o da revelação bíblica: é o "Deus brasileiro", criado à imagem e semelhança do brasileiro; é o deus cuja ética é a do brasileiro, e, lamentavelmente, vezes tantas, a lei desse "Deus" é "a do Gérson" (coitado do Gérson)?! 24
  • 25. É o "Deus" que vai resolver para nós as coisas, e não para a equipe do país adversário no campo de futebol porque, afinal, "Deus é brasileiro", é o que se diz... Um "Deus" meio malandro que, no dizer de Afonso Arinos de Melo Franco, "levantando a túnica com um brilho maroto nos olhos, [vai] ensinar aos governantes do Brasil, o ‘pulo da onça’que os tirará da dificuldade". É o "Deus" que vestido de mortalha ou abada, é invocado para abençoar o carnaval. É um "Deus" sem poder. Aliás, o diabo é até mais respeitado no Brasil que Deus. Apesar de tudo, é um "Deus brasileiro", um ‘"Deus" burocrata, muito ao espírito das coisas públicas deste país. Por isso, contrariamente ao ensino da Bíblia, criaram-se tantos pistolões e intermediários para falar com "ele". Diz, no entanto, a Palavra Santa que Deus é o Senhor do Universo: "Louvai ao Senhor, invocai o seu nome, fazei conhecidos entre os povos os seus feitos.(...) Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam ao Senho.(...) Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos da sua boca. (...) Proclamai entre as nações a sua glória, entre todos os povos as suas maravilhas. Pois grande é o Senhor, e mui digno de louvor, e mais temível do que todos os deuses. Pois todos os deuses das nações são ídolos, porém o Senhor fez os céus. Majestade e esplendor há diante dele, força e alegria no lugar da sua habitação" (1Cr 16.8, 10, 12, 24-27) (4). E, ainda, "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos dos homens. (...) Pois nele vivemos, e nos movemos , e existimos" (At 17.24,28). A Escritura não somente aponta para Deus como Senhor do universo, mas nos faz lembrar que é o ser humano; seja o Exmo Sr. Presidente da República, seus Ministros, Senadores. Deputados nas várias esferas, Governadores, Prefeitos, Vereadores, ou o mais simples cidadãos desta terra brasileira. E diz, também, que Deus dignifica esse ser humano, pois o fez à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26, 27), um pouco abaixo de Sua Pessoa (Sl 8.5, 6), e assumiu a encarnação em Jesus Cristo (Jo 1.14). "Temei a Deus", então, é confiar nEle, em vez de na própria e desamparada inteligência; é evitar o erro, a injustiça e transgressão, e aceitar a desventura como disciplina enviada por Deus. É, conforme Deuteronômio 10.12, andar nos caminhos do Senhor, amá-Lo e servi-Lo com todo o ser e veras da alma; é odiar o mal, abominar a soberba, rejeitar a arrogância, fugir do meu caminho e da calúnia. Tudo isso de acordo com Provérbios 8.13. Debruynne lembrou exortando que "viver é lutar para os compromissos jamais findarem em comprometimentos"(5). A outra expressão é "princípio da sabedoria"Ou seja, ponto inicial, essência, propósito. E isso, no entendimento da Escritura Sagrada é algo tão sério, seriíssimo, até, que, diz a Bíblia, só os insensatos rejeitam a sabedoria, bem como a instrução. A história sagrada conta que Salomão, rei de Israel, pediu a Deus a sabedoria necessário para administrar os negócios do seu reino, ao dizer, "Dá-me agora sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo, pois quem poderia julgar a este teu povo, que é tão grande?" (2Cr 1.10; cf. 1Rs 3.9). Registra, ainda, a Escritura como Josias, o rei, fez uma aliança com o Senhor prometendo "andar após o Senhor, e para guardar os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus 25
  • 26. estatutos, de todo o seu coração, e de toda a sua alma, cumprindo as palavras da aliança que estavam escritas naquele livro"(2Cr 34.31). Não será idêntico pedido e idêntica promessa adequados, pertinentes, necessários, mesmo, a cada um de nós, cidadãos, e para os meus irmãos que militam na política?(6) Não é desdouro, irmão político, pedir a orientação de Deus. Na verdade, estes são dias nos quais a sabedoria é de uma urgência gritante. O mundo está em julgamento, e a Bíblia Sagrada até destaca as palavras do Senhor em Deuteronômio 30.14, 15: "Pois esta palavra está muito perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cumprires. Vê, hoje te proponho a vida e o bem, a morte e o mal". Não é desdouro ter fé, pois diz igualmente o Livro Santo que "sem fé é impossível agradar a Deus"(Hb 11.6). No entanto, nem toda fé agrada a Deus. Depois da I Guerra Mundial, tornou-se sinal de fraqueza ter fé; após a II Guerra Mundial, a fé voltou a ser estimada. Porém, fé em quê? Ou em quem? Não é qualquer fé, não é crendice, pois a fé só é boa quando comprometida com a verdade, e a fé verdadeira exige que creiamos em tudo o que Deus disse acerca de Si mesmo, e em tudo o que Ele disse a respeito de nós: quem somos, e Quem Deus é. É crer que somos pequenos e dependentes, e crer que Deus é Grande, Clemente, Misericordioso e Salvador, e que seu mandato, meu irmão, terá raiz, profundidade, substância com Deus à frente, porque proclama a Escritura que "feliz é a nação cujo Deus é o Senhor". Sua sabedoria, meu irmão político, será guardar os mandamentos de Deus, pois, "Guardai-os e praticai-os, pois esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento aos olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é realmente sábio e entendido" (Dt 4.6). "NÃO NEGUES O BEM A QUEM DE DIREITO, ESTANDO NO TEU PODER FAZÊ-LO" (Pv 3.27) Este provérbio ilustra um dos modos prioritários como a sabedoria que os meus irmãos que militam na política estão pedindo a Deus há de ser exercida. E quanto a isso, um biblista de nossos dias vai dizer que este é o princípio da caridade, e que sua medida é a necessidade do outro, do próximo, do requerente, e o limite se estabelece pela expressão, "estando no teu poder", muito se aproximando do apóstolo Paulo em Gálatas 6.10: "Enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos..." Creio que Agostinho, um dos teólogos da Igreja Antiga, e pastor da cidade de Hipona, bem o expressou quando deixou o ensino, "Faça-se a justiça, ainda que o mundo pereça". O problema é a freqüente constatação da ineficácia, da inoperância, e deformação da justiça. E porque somos tão inclinados à injustiça, a Bíblia nos recorda com veemência, "Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o oprimido das mãos do opressor. Não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva, e não façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar"(Jr 22.30) (7). A fórmula romana clássica para a justiça era "Viver honestamente, a ninguém ofender e atribuir o seu a seu dono". Pois é, meu irmão que milita na política, a lei natural é a da "primeira milha", mas a lei bíblica percorre toda a primeira milha e vai adiante como Jesus ensinou. Veja-o em Mateus 5.41. A justiça humana é distributiva, corretiva e retributiva; a divina, além dessas qualifdades, é restaurativa, criativa e redentiva. Pois bem, meu irmão, a Bíblia reconhece a autoridade e o seu direito de exercer a justiça. 26
  • 27. O evangelho não se alheia às realidades políticas, e diz, "Exorto, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade" (1Tm 2.1,2a) (8). Mas reconhece, igualmente, os direitos fundamentais do ser humano como: O direito de igualdade: que todas as prerrogativas, franquias, concessões e regalias atribuídas a uma pessoa se comunicam às demais sem restrição; O direito de fraternidade: todo ser humano tem o direito de ser tratado como irmão pelos outros; O direito de trabalho pleno: pois é com ele que cada cidadão adquire o necessário para si para sua família; O direito de buscar a felicidade: que corresponde ao de ir e vir, de entrar e sair de seu país ou de sua região; O direito de receber proteção do Estado: educação como base de tudo o mais, saúde, moradia adequada, transporte abundante, fácil e fácil, segurança física, e outros tantos. E essa não é uma tarefa fácil, meus irmãos que militam na política. Nós tanto o reconhecemos que oramos por vocês. Pois a Bíblia o recomenda, como exposto acima. "QUANDO NÃO HÁ SÁBIA DIREÇÃO, O POVO CAI; MAS NA MULTIDÃO DE CONSELHEIROS HÁ SEGURANÇA" (Pv 11.14) Tradução adequadíssima é a da chamada Bíblia de Jerusalém: "Por falta de direção um povo se arruína, e se salva por muitos conselheiros". "Direção" é a arte de pilotar, de segurar as rédeas de um fogoso corcel em disparada; é sustentar com segurança e firmeza o volante de um automóvel a 140 km por hora. Essa arte de segurar as rédeas, sustentar o volante, pilotar, enfim, é essencial para o bem-estar do nosso povo. Mas diz a Bíblia que ‘quando não há sábia direção, o povo cai". E seus irmãos de fé sabemos que desejam imprimir sabedoria, correção e justiça ao seus mandatos. Então, irmãos que militam na política, apelem para os seus pastores e seus conselheiros, porque "na multidão de conselheiros há segurança". Quem são os seus conselheiros? Observem: São os seus amigos. Aqueles que proclamam suas virtudes e conhecem (e talvez escondam) os seus pontos fracos; São os seus inimigos, que conhecem (e talvez escondam) as suas virtudes e proclamam seus pontos fracos; É o evangelho, pois 2Timóteo 3.16 é texto tão claro quando ensina que "Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça". Pois é; ouçam os seus amigos, aqueles que os amam e os apóiam, pois é, ainda, a Escritura Sagrada que registra que "Os projetos se firmam pelos conselhos; faze a guerra com prudência. O mexeriqueiro trai a confiança; portanto, evita o que muito abre os seus lábios" (Pv 20.18,19). Analisem o que dizem os seus adversários políticos. No mínimo, vocês terão mais força para continuar se o que deles vier, for falsidade e calúnia. Quando os muros de Jerusalém estava sendo reconstruídos, após o retorno dos israelitas da Babilônia, a inveja, a calúnia e a murmuração campearam em todos os arraiais. Não houve desfalecimento porque "o coração do povo se inclinava a trabalhar" (Ne 4.6; cf. v.17). Quando desafiados a baixar o nível de trabalho ou de diálogo, digam como Neemias: "Estou fazendo uma grande obra, e não poderei descer". 27
  • 28. Confiem no seu povo, meus irmãos, seus irmãos de fé que têm sobrevivido com o desemprego, alguns com o sub-emprego, com baixos salários, mas muito fiéis na entrega de suas vidas e de seus dízimos para o sustento da Causa do Senhor. Trabalhem pelo nobre povo do Brasil. Roquette Pinto fez uma séria declaração acerca de nossa gente: "O homem do Brasil precisa ser educado, e não substituído". Dêem ouvidos à ética da Bíblia; ao que Jesus disse. Leiam, amem a Bíblia Sagrada; coloquem-na ao lado da Constituição Federal e da Constituição dos estados que representam como seus livros de normas e rotinas de trabalho e vida. O próprio Senhor Jesus Cristo afirmou, "Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus". Não é o caso de vocês que já conhecem a Palavra e como Deus Se manifestou Salvador em suas vidas. Creio, meus irmãos que militam na política, que um bom texto para finalizar nossa reflexão é o de 2Crônicas 19.9: "Assim andai no temor do Senhor com fidelidade e inteireza de coração". A recomendação do profeta Jeú a Josafá, governante do povo de Judá foi cristalina: "no temor do Senhor", pois "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria", e deve ser o princípio dos seus mandatos; "com fidelidade", assim, "Não negues o bem a quem de direito"; sejam fiéis, irmãos meus; "com coração perfeito", visto que "quando não há sábia direção, o povo cai", se arruína. Essa palavra profética resume tudo o que foi dito. Com certeza, meus irmãos que militam na política, outras advertências, conselhos, palavras, reflexões poderiam ser destacadas a partir da Bíblia Sagrada como Provérbios 16.7; 24.5 ou 29.12. Permitam-me, no entanto, terminar com uma página poética, muito a propósito daqueles momentos em que vocês estiverem cansados, incompreendidos, talvez sós: SE POR ACASO Se por acaso perdeste a motivação do trabalho e os deveres te pesam; se perdeste uma série de amigos e a solidão te castiga; se por acaso perdeste o último raio de luz e andas no escuro; se teus objetivos parecem cada vez mais distantes e o ânimo de prosseguir desfalece; se alimentas as melhores intenções e, assim mesmo, te criticam; se teus pés feridos ostentam a marca das jornadas infinitas em busca de soluções que o tempo ainda não trouxe; se tuas mãos se alongam trêmulas na ânsia de segurar outra mão que não podes reter, porque não é tua; se teus ombros se alargam e a cruz ainda não cabe, porque é árdua demais; se ergues os olhos e o céu não responde às súplicas que fizeste; se amas o chão firme e tens a impressão 28
  • 29. de afundar no pântano da insegurança; se queres mar alto e areias seguram o navio de teus sonhos; se falas, se gritas até, e o vazio não devolve o eco à tua voz; se gostarias d ser inteiro total, e te sentes parcelado, repartido, fragmentado, um trapo de gente, talvez; se os nervos afloram e beiras os limiares do abismo da estafa; se a fé parece conversa fiada e nada do eterno te traz ressonância; se choraste tanto que já não descobres as estrelas no alto. Então, levante o olhar para a cruz, fixando Cristo bem nos olhos. No lenho do Calvário, encontram-se todas as respostas para aqueles que sofrem e perdem a vontade de sorrir, de lutar, de viver. Ajoelha-te aos pés de Cristo Ressuscitado, como Tomé, o apóstolo incrédulo, e repete com ele: "Meu Senhor e meu Deus!" NOTAS (1) Cf. Is 19.11, 12; 29. 14, 15. (2) Cf. 1.4, 17-20; 4.18,27. (3) Cf Pv 8.12,15,16; 22.29; 23.1. (4) Cf. Sl 24.1; 50.1,2,6; 97; 98; Na 1. (5) Cf. Dt 6.2; 5.33; 6.5,13; 30.16; Pv 16.6; Ec 12.13; Mq 6.8; Mt 22.37. (6) Cf. Sl 51.6; Tg 1.5; Pv 2.3-7. (7) Cf. Pv 3.27; Mq 6.8; Os 12.6; Gn. 18.19; Is 1.17; Zc 7.9. (8) Cf. Rm 13.1, 2, 5; Pv 8.15, 16. DE QUEM NECESSITA NOSSA PÁTRIA? ESTUDO SOBRE A SOCIEDADE ASSEMBLEIA DE DEUS ORGANIZADA DO BRASIL WWW.CGADOB.COM.BR www.fatebra.com.br fatebra@fatebra.com.br "No dia seguinte a grande multidão que viera à festa ouviu que Jesus estava a caminho de Jerusalém. Tomaram ramos de palmeiras, e saíram ao seu encontro, gritando: Hosana! Bendito é aquele que vem em nome do Senhor! Bendito é o rei de Israel! Ora, havia alguns gregos entre os que tinham subido a adorar no dia da festa. Dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e lhe rogaram: Senhor, gostaríamos de ver a Jesus" (João 12.12,13,20,21) "E desvendou-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tantos as que estão nos céus como as que estão na terra" (Ef 1.10) O ministério terreno de Jesus está chegando ao fim. No texto acima está o relato de quando o Mestre falou sobre ser, Ele mesmo, a ressurreição e a 29
  • 30. vida. Fala, igualmente, João da trama armada para matar a Jesus, e, ainda, de ter sido o Mestre ungido na cidade de Betânia, mencionando, a seguir, a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. Betânia, é uma vila, é uma cidade pequena ainda hoje a cerca de três quilômetros de Jerusalém. Daquela vila, Jesus foi para Jerusalém, onde fez uma entrada triunfal pelos seus muros sob o aplauso e o louvor das multidões. Observe-se que a mesma multidão que O aplaudira na Sua entrada, será a mesma que vai exigir a Sua crucificação. Duas lições a serem aprendidas: (1) o pensamento da massa é volúvel; e (2) durante os anos do Seu ministério entre os homens, Jesus Cristo jamais perdeu de vista a Sua missão universal. Apesar de tudo, Ele tinha um propósito, um alvo para Sua vida. Todo mestre precisa ter um alvo, o de Jesus era: "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância". Por esse motivo, Ele convidou os cansados e os oprimidos a que viessem a Ele para que pudessem encontrar o descanso, o repouso. E, no entanto, diz a Bíblia que Ele "veio para o que era seu e os seus não receberam". Que tristeza nessa palavra de João, o evangelista, em 1.11. Porém, por causa da Sua missão universal, os gregos vieram a Ele. E é nesse ponto que nós destacamos o nosso país. Vamos nos identificar com os gregos que buscaram a Jesus. DE QUE É QUE O NOSSO PAÍS NECESSITA? Nunca sou tão procurado quanto nas proximidades das eleições. Praticamente, todos os candidatos a vereador de nossa cidade, a deputado estadual e federal, a prefeito anda me procurando. De repente, a igreja ficou famosa, e todos querem os votos dos seus membros. Mas, como sou procurado no gabinete para mostrar plataforma de trabalho, planos, o que é que planeja para acontecer na nossa cidade. É desse fato que nos vem a idéia desta reflexão: que é que o nosso país realmente precisa? Nosso Povo Necessita De Cristo... Para Que Aprenda A Amar. Nosso país precisa de Jesus Cristo, a rocha dos séculos. Nosso país, nossa cidade, nosso estado, e isso para que aprenda a amar. Um teólogo judeu perguntou a Jesus sobre qual era o grande mandamento. E a resposta de Jesus está em Mateus no capítulo 22, "Amarás ao Senhor de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento e continuou, e amarás ao teu próximo como a ti mesmo". Nosso povo precisa de aprender a amar. Indo ao Apocalipse, capítulo 1, versos 5 e 6, encontraremos, "Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos fez reino e sacerdotes para Deus seu Pai, a ele seja glória e domínio pelo séculos dos séculos". Nós aprendemos dEle o amor eterno, e seus efeitos na vida, na nossa alma, e na nossa consciência. Porque nós somos libertos do pecado, purificados do nosso mal e feitos intercessores. É o amor que foi consolação para os discípulos nos momentos de perseguição. É o amor que, imutável, tem ainda hoje a intensidade de quando Jesus se entregou na cruz do Calvário. Nosso povo tem que olhar para Jesus Cristo ressuscitado, tem que olhar para Jesus Cristo glorioso, soberano, salvador e perdoador, compassivo e restaurador para aprender com Ele que amar não é dividir o meu prato de comida com quem não tem. Essa é uma idéia do assistencialismo. Metade é sua, metade é minha. Não é não! Amar é lutar para que ele tenha um prato de comida igual ao meu. Não dividir o meu, mas, que ele possa ter condições de ter um prato igual. Não é eu dar a minha camisa usada para 30