Astrid Fontenelle fala sobre carreira e maternidade
1. 00agosto de 2010
CAPA
32 agosto de 2010
i. Eu sou a Astrid e é com o maior prazer
que estou aqui para anunciar que está no ar a MTV Brasil.”Era outubro de 1990,e a apre-
sentadora e jornalista Astrid Fontenelle inaugurava o canal que virou febre entre os
jovens brasileiros e mudou a forma de consumir música no Brasil. Até a chegada da
Music Television, o acesso a clipes internacionais e ao trabalho de novos artistas era
bem mais restrito. Não é à toa que ela se orgulha dos nove anos que passou na emisso-
ra, em diferentes funções, e considera o período como o momento mais importante de
sua carreira.
Nascida na Zona Norte do Rio de Janeiro, Astrid mudou-se para São Paulo aos 16
anos, acompanhada da mãe. Cursou jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC), onde já mostrava talento diante das câmeras. O primeiro emprego foi
como assessora de imprensa, mas logo se encaminhou para a televisão, quando apre-
sentou, na Rede Globo, o Hollywood Rock (1985), ao lado de Pedro Bial. Depois, trabalhou
como repórter na TV Gazeta, no TV Mix, dirigido por Fernando Meirelles – pelo qual
ganhou o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) como apresentado-
ra revelação. Passou ainda pela TV Manchete antes de ingressar na MTV. Em 1999, foi
para a Bandeirantes, onde participou das atrações Programaço e Melhor da Tarde.
Hoje,aos 49 anos,ela apresenta o programa de debates Happy Hour,do canal GNT.
Astrid já esteve à frente da atração de 2007 a 2008, quando resolveu sair para cuidar de
um importante projeto pessoal: ter um filho. Agora mais realizada e completa ao lado
de Gabriel, adotado em 2008, e do marido Fausto Franco (produtor da banda Chiclete
com Banana, com quem se casou em janeiro de 2010), ela se diz sem pressa para reali-
De bem com a vida
À frente do programa Happy Hour e realizada com
a maternidade, a apresentadora Astrid Fontenelle
comemora suas conquistas e afirma que nasceu
programada para ser feliz
Texto KATIA CALSAVARA Fotos TONI PIRES
“O
2. 00agosto de 2010
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00 agosto de 2010
i. Eu sou a Astrid e é com o maior prazer
que estou aqui para anunciar que está no ar a MTV Brasil.”Era outubro de 1990,e a apre-
sentadora e jornalista Astrid Fontenelle inaugurava o canal que virou febre entre os
jovens brasileiros e mudou a forma de consumir música no Brasil. Até a chegada da
Music Television, o acesso a clipes internacionais e ao trabalho de novos artistas era
bem mais restrito. Não é à toa que ela se orgulha dos nove anos que passou na emisso-
ra, em diferentes funções, e considera o período como o momento mais importante de
sua carreira.
Nascida na Zona Norte do Rio de Janeiro, Astrid mudou-se para São Paulo aos 16
anos, acompanhada da mãe. Cursou jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC), onde já mostrava talento diante das câmeras. O primeiro emprego foi
como assessora de imprensa, mas logo se encaminhou para a televisão, quando apre-
sentou, na Rede Globo, o Hollywood Rock (1985), ao lado de Pedro Bial. Depois, trabalhou
como repórter na TV Gazeta, no TV Mix, dirigido por Fernando Meirelles – pelo qual
ganhou o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) como apresentado-
ra revelação. Passou ainda pela TV Manchete antes de ingressar na MTV. Em 1999, foi
para a Bandeirantes, onde participou das atrações Programaço e Melhor da Tarde.
Hoje,aos 49 anos,ela apresenta o programa de debates Happy Hour,do canal GNT.
Astrid já esteve à frente da atração de 2007 a 2008, quando resolveu sair para cuidar de
um importante projeto pessoal: ter um filho. Agora mais realizada e completa ao lado
de Gabriel, adotado em 2008, e do marido Fausto Franco (produtor da banda Chiclete
com Banana, com quem se casou em janeiro de 2010), ela se diz sem pressa para reali-
De bem com a vida
À frente do programa Happy Hour e realizada com
a maternidade, a apresentadora Astrid Fontenelle
comemora suas conquistas e afirma que nasceu
programada para ser feliz
Texto KATIA CALSAVARA Fotos TONI PIRES
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3. CAPA
34 agosto de 2010
zar e, mais do que nunca, quer apenas continuar a fazer seu trabalho bem
feito. Na entrevista concedida à Revista VOE, a apresentadora, que diz que
foi “programada com o chip da felicidade”, fala da carreira e da família.
REVISTA VOE – Você foi a primeira VJ do canal MTV Brasil. Como avalia essa
fase de sua carreira?
Astrid Fontenelle – Até agora, esse foi o momento mais importante da
minha carreira. Participei da implementação do canal, fui a primeira a
entrar no ar apresentando a MTV para o Brasil e vi um número enorme de
bandas saírem da garagem para o mundo. A partir da MTV, a música no
Brasil deixou definitivamente de ser um hobby para ser uma possibilidade.
VOE – Em que momento de sua carreira como jornalista você percebeu que
tinha talento para a TV?
Astrid – Sempre falei que queria ser a Glória Maria... e fui estudar para isso.
Já no primeiro ano do curso de jornalismo, o professor da cadeira de telejor-
nalismo, Gabriel Priolli, começou a me incentivar bastante.Viu que ali pode-
ria dar samba. E acho que deu! (risos)
VOE – No comando do Happy Hour, você tem a oportunidade de falar, ao
vivo, sobre os mais diversos assuntos. Como você e seu parceiro, Fred Lessa,
se preparam para debater os assuntos do dia?
Astrid – Eu me preparo bastante. Leio dois jornais por dia, muitas revistas e
estou ligada na Internet. Sugerir pautas é meu forte: a partir daí já estou
com meio caminho andado. Além disso, cada programa tem sua pesquisa
específica.Diariamente,à tarde,estudo o programa do dia.Hoje mesmo,por
exemplo, para fazer um programa sobre diversidade, li os três livros infantis
do Walcyr Carrasco. Foi bem importante apresentá-lo, comentar sobre os
livros e falar que me emocionei com determinadas passagens. Estava claro
que fiz o dever de casa. E mesmo quando não faço, estou ali para aprender
junto com meu telespectador. Não tenho vergonha de falar que não sei ou
não sabia...
VOE – O programa é interativo e atual. Como você se relaciona com as novas
tecnologias?
Astrid – Eu amo. Fui a grande incentivadora para termos o Twitter do pro-
grama. Sou uma usuária assídua. E se me lembro de como era a vida de um
jornalista sem o Google, quero esquecer... (risos)
35agosto de 2010
Agricolae insectat oratori. Agricolae fermentet verecundus apparatus bellis, quamquam g
4. 37agosto de 2010
CAPA
36 agosto de 2010
VOE – Houve um momento em que você abriu mão do trabalho no Happy
Hour para voltar para São Paulo e cuidar de seu casamento, colocando a
família em primeiro lugar. Para você, qual a importância da família diante
da profissão?
Astrid – Naquele momento, a família me importava mais do que o trabalho:
ter um filho era fundamental pra mim. Tudo estava muito sem propósito,
inclusive o dinheiro. Ganhar dinheiro pra quê? Hoje já é bem diferente. Meu
filho chegou para me dar um rumo. Agora voltei a ter foco, objetivos. Claro
que o dinheiro é importante, mas o conhecimento adquirido com o progra-
ma também. Brinco dizendo que, quando quero aprender alguma coisa,
faço um programa – e é verdade.
VOE – Como está sua vida de mãe? O que mudou com a chegada do
Gabriel?
Astrid – Tudo, tudo. Fiquei até mais magra. O moleque só corre! (risos) Mas
estou mais tranquila com relação ao universo. Nada, nem ninguém, é mais
urgente do que meu filho. E conheci o verdadeiro amor incondicional.
Nunca mais vou dizer para um homem que não vivo sem ele. Bobagem.Vive
sim! — muito embora eu viva uma história de amor que muito me agrada
e que, graças a essa maturidade que o Gabriel me trouxe, é uma história de
amor tranquila e segura.
VOE – Como foi o processo de adoção e o que você diria para quem quer
adotar um filho e passa por muitas burocracias e dificuldades?
Astrid – O processo de adoção precisa começar na pessoa, em uma vontade
intrínseca, verdadeira. Não pode ser porque não está dando certo uma téc-
nica “x” para a fertilização. É preciso, sobretudo, querer ser mãe. E ser mãe é
pauleira. Uma das boas vantagens que tenho é a de ser mais velha. Já fui a
todas as baladas que quis, namorei muito, sofri por amor... a prioridade
agora é meu filho. Estou 100% disponível pra ele. Esse pensamento é funda-
mental no processo. A Justiça procura pais e mães que queiram ser 100%
pais e mães. Conheço algumas mães que ainda não “adotaram” seus pró-
prios filhos biológicos. Outra coisa importante pra quem pensa no assunto:
adoção não é escolha. De alguma forma, quem te escolhe é a criança. Um
bom juiz sabe fazer isso direitinho. Eles estão o tempo todo batalhando
para achar bons pais para uma determinada criança.