Este documento conta a história de uma menina que desenvolve uma doença cardíaca grave e precisa de um transplante de coração. Seu pai doa seu próprio coração para salvar a vida da filha. Antes de morrer, ele escreve uma carta para a filha explicando seu gesto de amor e pedindo que ela nunca deixe de dizer que o ama.
1. Papai...quanto me amas?
No dia que nasceu nossa filha, meu marido, não sentiu grande alegria. Por que a
decepção que sentia, parecia ser maior do que o grande conhecimento em ter uma filha.
Ah!!! Eu queria um filho homem!!!! Lamentava!
Em poucos meses ele se deixou cativar pelo sorriso de nossa linda filha e pela infinita
inocência de seu olhar fixo e penetrante, foi então que ele começou a amá-la com loucura.
Seu rostinho, seu sorriso não se apartavam mais dele. Ele fazia planos sobre planos, tudo
seria para nossa filhinha!
Numa tarde estávamos reunidos em família, quando nossa filha perguntou a seu pai: -
Papai,... Quando eu completar quinze anos, qual será meu presente?
Ele lhe respondeu: - Meu amor, você tem apenas sete aninhos, não lhe parece que falta
muito tempo para essa data?
Ela lhe respondeu: - Bem pai,... tu sempre dizes que o tempo passa voando, ainda que eu
nunca o haja visto por aqui.
Ela já tinha quatorze anos e ocupava toda a alegria da casa, especialmente o coração de
seu pai.
Num Domingo fomos a igreja, ela tropeçou, e seu pai de imediato agarrou-a para que
não caísse... Já sentados nos bancos da igreja, vimos como ela foi caindo lentamente e
quase perdeu a consciência.
Seu pai levantou-a e a levou imediatamente para o hospital. Ali permaneceu por dez dias
e foi então que nos informaram que ela padecia de uma grave enfermidade que afetava
seriamente seu coração.
Os dias foram passando, seu pai renunciou a seu trabalho para dedicar-se a ela.
Todavia, sua mãe, decidiu trabalhar, pois não suportava vê-la sofrendo tanto.
Numa manhã, ainda na cama, nossa filha perguntou a seu pai: - Pai? Os médicos te
disseram que eu vou morrer?
Respondeu seu pai: - Não meu amor... não vais morrer, Deus que é tão grande, não
permitiria que eu perca o que mais tenho amado neste mundo.
- Quando a gente morre vai para algum lugar? Podem ver lá de cima sua família? Sabes
se um dia podem voltar?
- Bem filha,... na verdade ninguém regressou de lá e contou algo sobre isso, porém se eu
morrer, não te deixarei só, onde eu estiver buscarei uma maneira de me comunicar contigo,
e em última instância utilizaria o vento para te ver.
- O vento? E como você faria?
- Não tenho a menor ideia filhinha, só sei que se algum dia eu morrer, sentirás que estou
contigo, quando um suave vento roçar teu rosto e uma brisa fresca beijar tua face.
Nesse mesmo dia à tarde, fomos informados pelos médicos que nossa filhinha
necessitava de um transplante de coração, pois do contrário ela só teria mais vinte dias de
vida.
UM CORAÇÃO! ONDE CONSEGUIR UM CORAÇÃO? UM CORAÇÃO! ONDE,
DEUS MEU?
Nesse mesmo mês, ela completaria seus quinze anos. E foi numa sexta-feira á tarde
quando conseguiram um doador. Foi operada e tudo saiu bem.
Ela permaneceu no hospital por quinze dias e em nenhuma vez seu pai foi visitá-la.