Iracema é sempre comparada a natureza e sempre se sobressai a ela
1. Iracema é sempre comparada a natureza e sempre se sobressai a ela. Essa índia era
muito importante para a vida cultural do local, sendo assim não poderia se entregar a
qualquer um e correr o risco de ter tudo isso destruído. Ela agradava os deuses e os
deuses por sua vez, protegiam tudo o que possuíam.
Martim, colonizador, explorava terras e as "tomava" para o seu país, pois é isso o que
um colonizador faz. Assim, precisaria colonizar esta terra descoberta e sabemos que não
se coloniza nada se não é você quem impõe as leis. Assim, a cultura do país colonizador
deve ser imposta ao país colonizado, bem como sua língua e deve manter-se totalmente
dependente de quem o colonizou.
Martim poderia ter tido muitas belas índias, mas desejou Iracema.
Iracema, via o visitante como uma bênção e o droga e se entrega a ele. Ao fazer isso,
perde sua força perante os deuses e a cultura local é destruída.
Claro que Martim desejava Iracema, mas, ao possuí-la, não estava em seu "juízo
perfeito" fazendo tudo inconscientemente. Assim também os colonizadores, não tinham
consciência do mal que estavam causando ao destruírem as florestas, apenas se
preocupavam com o bem que lhes trazia a colonização.
Ao possuir Iracema, Martim destruiu a virgem, assim como os colonizadores destruíram
as matas. Martim estava feliz com Iracema, mas esta não era sua terra de verdade, não
era sua vida, e Iracema não era sua esposa. Ele volta para sua terra e não leva Iracema.
Os colonizados não são bem vindos na terra que os controla.
Mas o fruto da colonização nasce e Iracema morre. Ao morrer Iracema a cultura
(Jandaia) se cala e não fala (canta) mais. O filho não pode ouvir o cantar da Jandaia. O
pai retorna e leva o filho com ele. Agora, o filho falará sua língua, terá seus costumes e
não mais se importará com o que sua mãe foi ou com a importância que ela tinha, pois
os mortos não transmitem ensinamentos a menos que o tenham deixado durante suas
vidas.
José de Alencar demonstra um incrível senso de ecologia já naquela época. Seu amor a
natureza é manifesto por representá-la poeticamente sem nada que possa macular sua
beleza, ou seja, não há mosquitos, não há espinhos, não há falhas geológicas, tudo é
perfeito... Assim como Iracema não tem espinhas, seus cabelos não são queimados pelo
sol e nem maltratados pelas águas do mar. É alta, não possui a estatura do nordestino
cearense. Está mais para uma índia norte-americana.
O amor aqui consumado, não via em frente, não só por seguir a característica romântica,
mas também por não poder haver amor duradouro entre colonizador e colonizado.
PERSONAGENS
• Iracema: Índia da tribo dos tabajaras, filha de Araquém, velho pajé; era uma
espécie de vestal (no sentido de ter a sua virgindade consagrada à divindade) por
guardar o segredo de Jurema (bebida mágica utilizada nos rituais religiosos);
anagrama de América."A virgem dos lábios de mel.
• Martim: Guerreiro branco, amigo dos pitiguaras, habitantes do litoral,
adversários dos tabajaras; os pitiguaras lhe deram o nome de Coatiabo.
• Moacir: Filho de Iracema e Martim, o primeiro brasileiro miscigenado.
2. • Poti: Herói dos pitiguaras, amigo (que se considerava irmão) de Martim.
• Irapuã: Chefe dos guerreiros tabajaras; apaixonado por Iracema.
• Caubi: Índio tabajara, irmão de Iracema.
• Jacaúna: Chefe dos guerreiros pitiguaras, irmão de Poti.
• Araquém: Pajé da tribo Tabajara. Pai de Iracema e Caubi.
• Batuirité: o avô de Poti, o qual denomina Martim Gavião Branco, fazendo,
antes de morrer, a profecia da destruição de seu povo pelos brancos.