A denotação de uma palavra é o seu significado mais básico e objetivo, aquilo que ela designa em si. Já a conotação é o significado subjetivo que uma palavra pode evocar, as ideias e sentimentos associados a ela além de seu significado denotativo.
No texto 1, a palavra "rosa" é usada para denotar as vítimas dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, comparando seus ferimentos à cor de uma rosa. Porém, o poema também traz conotações de dor, sofrimento e morte associadas a essa imagem.
2. Governo Federal
Ministério da Educação
Secretaria de Educação a Distância
Professora - Autora
Maria Isolina de Castro Soares
Equipe Técnica
Antonio Jonas Pinotti
José Mário Costa Júnior
Revisão
Maria Isolina de Castro Soares
Antonio Jonas Pinotti
Projeto Gráfico
Moreno Cunha
Diagramação
Edson Maltez Heringer
Juliana Cristina da Silva
Crédito de Imagens (Capa e Interior)
Fonte: site sxc.hu
Ilustrador(es)
Equipe CEAD
S676p SOARES, Maria Isolina de Castro.
Português / Maria Isolina de Castro Soares. –
Colatina: CEAD / Ifes, 2009.
74p. ; il.
1. Português. 2. Educação a distância. 2. Educação
profissional em nível técnico.
I. Título.
CDD - 469.5
3. Caros alunos
Bem-vindos ao Curso Técnico de Informática que o Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito
Santo (Ifes) lhes oferece, contando com a parceria das
Prefeituras e do Governo Federal.
Vocês estão de parabéns por optarem pelo ensino a
distância, modalidade que está, a passos rápidos,
incorporando-se à nossa cultura. O avanço acelerado das
tecnologias de informação e de comunicação tem colocado
as possibilidades de acesso ao conhecimento à disposição de
um contingente cada vez maior de pessoas interessadas em
ampliar seu campo educacional. A velocidade com que os
equipamentos na área da informática têm evoluído e o
aprimoramento das conexões com a web tornaram o ensino
a distância uma proposta eficiente de se ensinar e de se
aprender. Muitos de vocês já navegam pela rede, utilizando-
se de e-mails, chats, blogs, pesquisa on-line e cursos dados
por videoconferência, tornando o ambiente virtual tão
familiar quanto era a sala de aula para os mais velhos.
Este curso oferecerá a vocês, alunos, material impresso e
virtual de aprendizagem. Em ambos haverá teoria e
variadas atividades para fixação do conhecimento.
A disciplina Português, oferecida no módulo I,
proporcionará autonomia e articulação de
conteúdos e conhecimentos visando àquilo que os
alunos do Curso Técnico de Informática necessitam como
suporte para leitura e produção de textos tanto como
estudantes quanto como profissionais ao ingressarem no
mercado de trabalho. A disciplina oferecerá,
também, conteúdos para o desenvolvimento das
competências comunicativa e linguística.
Por apresentar uma metodologia flexível, nossa proposta
favorece o ritmo de aprendizado de cada aluno. É preciso,
no entanto, ficar atento aos prazos de sedimentação dos
conteúdos e resolução das atividades avaliativas, para que
vocês não se sobrecarreguem nem percam o ritmo de estudo.
Sucesso a todos!
4. Veja, abaixo, alguns símbolos utilizados neste material para guiá-lo em
seus estudos.
ICONOGRAFIA
Fala do professor.
Conceitos importantes. Fique atento!
Atividades que devem ser elaboradas por você,
após a leitura dos textos.
Indicação de leituras complementares,
referentes ao conteúdo estudado.
Destaque de algo importante, referente
ao conteúdo apresentado. Atenção!
Reflexão/questionamento sobre algo importante,
referente ao conteúdo apresentado.
Espaço reservado para as anotações
que você julgar necessárias.
5. SUMÁRIO
1. COMUNICAÇÃO ..............................................................................................9
1.1. CONCEITO DE COMUNICAÇÃO.
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO .......................................................9
1.2. A LINGUAGEM COMO SISTEMA DE SIGNOS:
SIGNO LINGUÍSTICO E OUTROS SIGNOS........................................11
1.3. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO .............................................................14
1.4. NÍVEIS DE LINGUAGEM OU REGISTROS LINGUÍSTICOS ...........16
2. A NOÇÃO DE TEXTO ...................................................................................20
2.1. TEXTO E TEXTUALIDADE ..................................................................20
2.2. COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAIS ...................................................24
2.2.1 Mecanismos de coesão ..................................................................24
2.2.2 Tipos de coerência textual .............................................................29
2.3. DIFICULDADES FREQUENTES EM LÍNGUA PORTUGUESA ........33
3. PRODUÇÃO DE TEXTO ...............................................................................39
3.1. O PARÁGRAFO COMO UNIDADE DE COMPOSIÇÃO .....................39
3.2. O PARÁGRAFO-PADRÃO .....................................................................40
3.2.1. Tópico frasal ..................................................................................40
3.2.2. Desenvolvimento ............................................................................41
3.2.3. Conclusão.......................................................................................41
3.3 TIPOS DE ARGUMENTAÇÃO ...............................................................45
3.3.1. Argumentação por causa e efeito (ou consequência) ..................45
3.3.2. Argumentação por exemplificação................................................48
3.4 MÉTODOS BÁSICOS DE DESENVOLVER O RACIOCÍNIO ............51
3.4.1. Raciocínio indutivo ........................................................................51
3.4.2. Raciocínio dedutivo .......................................................................53
4. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS.
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL .............................................................55
4.1. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS......................................55
4.2. COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL ........................................................64
4.2.1. Relatório .........................................................................................64
4.2.2. Cartas comerciais ..........................................................................66
4.2.3. Requerimentos ................................................................................69
4.2.4. Ata ..................................................................................................70
REFERÊNCIAS .....................................................................................................73
7. Olá!
Meu nome é Maria Isolina de Castro Soares e sou
professora especialista da disciplina Português neste curso
a distância de Técnico em Informática.
Atuo no magistério há muitos anos. Fui professora da rede
estadual de ensino e da rede particular, no município de
Colatina. Em 1993 fui aprovada em concurso público para
o campus de Colatina do Ifes, e, a partir de 1994, passei a
atuar em regime de Dedicação Exclusiva naquele campus.
Sou graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) e Mestre em Estudos Literários pela
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Quero dizer-lhes que, como vocês, optei por um curso
técnico quando ia cursar o ensino médio. Sou técnica em
Meteorologia, atividade que exerci por alguns anos até
concluir meu curso de Letras. Um curso técnico de nível
médio é o melhor caminho, creio, para ter uma profissão
que possibilite entrar logo no mercado de trabalho. E,
como no meu caso e no de milhares de pessoas, é uma
chance de trabalhar para continuar estudando.
Para qualquer dúvida, podem pedir ao tutor a distância que
entre em contato comigo. Meu desejo é que todos consigam
desenvolver as atividades desta disciplina com prazer.
Sucesso para todos.
Professora Isolina
10. Ifes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ES
Página 10
Curso Técnico em Informática
ATIVIDADE 1.1:
Escreva a leitura que você fez da figura 1, sem se
preocupar com noções como certo ou errado, apenas as
impressões que a imagem 1 provocou em você.
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ATIVIDADE 1.2:
Que relação você estabelece entre a imagem 1 e o texto 1?
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Podemos concluir que a imagem 1 e o texto 1 têm o mesmo tema. Ambos
nos comunicam uma mesma realidade.
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Português
O que é comunicação? Quais os elementos envolvidos
num ato de comunicação?
Comunicação é o processo pelo qual os seres humanos
trocam entre si informações.
Acomunicação faz parte de nossa vida.Atodo momento
estamos nos comunicando, seja através da fala, da
escrita, de gestos, de um sorriso ou através da leitura de
documentos, jornais e revistas.
Ao realizar qualquer ato comunicativo, temos presentes
os seguintes elementos:
• emissor ou remetente: é aquele que envia a mensa-
gem (uma pessoa, uma empresa, uma emissora de
televisão etc.),
• destinatário: é aquele a quem a mensagem é ende-
reçada (um indivíduo ou um grupo),
• mensagem: é o conteúdo das informações transmitidas,
• canal de comunicação: é o meio pelo qual a men-
sagem será transmitida (carta, palestra, jornal tele-
visivo, etc.),
• código: é o conjunto de signos e de regras de combi-
nação desses signos utilizados para elaborar a men-
sagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá
decodificar,
• contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se
refere.
Material modificado a partir de:
http://www.brasilescola.com/redacao/elementos-presentes-no-ato-
comunicacao.htm
1.2. A LINGUAGEM COMO SISTEMA DE SIGNOS:
SIGNO LINGUÍSTICO E OUTROS SIGNOS
O homem usa a linguagem para se comunicar.
Linguagem é todo sistema organizado de sinais que
serve de meio de comunicação entre os indivíduos.
Temos dois tipos de linguagem:
1. Linguagem não-verbal – sinais, sons, gravuras, sím-
bolos, convenções, música, mímica, gestos, expres-
sões fisionômicas, ou seja, qualquer código que não
utiliza palavras.
12. Ifes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ES
Página 12
Curso Técnico em Informática
2. Linguagem verbal – código que utiliza a palavra
falada ou escrita.
Língua é a linguagem verbal utilizada por um grupo de
indivíduos.
Fala ou discurso é a utilização individual da língua.
ATIVIDADE 1.3:
Compare a linguagem utilizada na imagem 1 com a
utilizada no texto 1 e responda: que tipo de linguagem
foi utilizado em cada um deles? Apresente uma justifi-
cativa para cada linguagem identificada.
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Cultura é a soma de todas as realizações do homem. É
todo fazer humano que pode ser transmitido de geração
a geração.
A linguagem é elemento cultural e é fator essencial
para que haja cultura
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Curso Técnico em Informática
Agora, responda:
Asac e ogof são signos linguísticos? Por quê?
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1.3. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Leia atentamente os textos a seguir:
Texto 1:
A rosa de Hiroshima
Vinícius de Moraes
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
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Português
Texto 2:
Bomba atômica é uma arma explosiva cuja energia deriva de uma reação
nuclear e tem um poder destrutivo imenso — uma única bomba é capaz
de destruir uma cidade grande inteira. Bombas atômicas só foram usadas
duas vezes em guerra, ambas pelos Estados Unidos contra o Japão, nas
cidades de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial
(consistindo em um dos maiores ataques a uma população civil, quase
200 mil mortos, já ocorridos na história). No entanto, elas já foram
usadas centenas de vezes em testes nucleares por vários países.
(HTTP://pt.wikipedia.org – Acesso em 2/12/2008)
As palavras do texto de Vinícius de Moraes assumiram uma significação
diferente do habitual, mais ricas e figurativas do que as palavras do
verbete bomba atômica.
Atenção aos conceitos:
De acordo com seu nível de significação, as palavras
podem ser denotativas ou conotativas.
Chama-se Denotação ao nível de significação restrito
e comum da palavra, isto é, seu uso habitual, o sentido
do dicionário, como ocorre no texto 2.
Chama-se Conotação ao nível de significação figurado
e incomum que a palavra assume em certos contextos,
como nos exemplifica o texto 1.
Tarefa de avaliação:
ATIVIDADE 1.5
Copie de um dicionário os significados da palavra
estrela. Destaque o sentido denotativo dessa palavra e
copie no quadro abaixo. Depois, produza um parágrafo
utilizando o sentido conotativo da mesma palavra.
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Curso Técnico em Informática
1.4. NÍVEIS DE LINGUAGEM OU
REGISTROS LINGUÍSTICOS
Atenção aos conceitos:
Níveis de Linguagem ou Registros Linguísticos são os
diferentes modos de falar, de acordo com a situação em
que o falante se encontra. Em consequência, teremos:
a) Língua Culta ou Formal – aquela que se prende aos
modelos da Gramática Normativa, tradicional, e é
empregada pelas elites sociais escolarizadas. É a mo-
dalidade linguística tomada como padrão de ensino e
nela se redigem os textos e documentos oficiais do
país.
Exemplo:
“A questão da segurança pública deve ser vista de
forma interdisciplinar. É preciso planejar e executar po-
líticas de segurança que vislumbrem a prevenção, in-
clusive envolvendo comunidades; que sejam eficazes
na apuração dos crimes, nos processos judiciais e na
condenação dos culpados; que garantam a punição. É
preciso planejar com inteligência e estratégia e não ape-
nas ostensivamente em ações isoladas e periféricas re-
lacionadas somente à ponta da linha, ou seja, aos sinto-
mas da violência.
(Dr. Antonio A. Genelhu Junior, presidente da Ordem os Advogados do
Brasil, seção Espírito Santo, A GAZETA, 26/10/2008: Ações isoladas –
artigo de opinião; página 6, 1º caderno)
b) Língua Coloquial ou Informal – aquela usada dia-
riamente pelas pessoas, sem preocupação em aten-
der às regras da Gramática Normativa. É a lingua-
gem descontraída, porém que não foge muito dos
padrões estabelecidos.
Exemplo:
“Me faz um favor? Fecha essa porta pra mim, tá?”
c) Linguagem Popular ou Linguajar – aquela usada
pelas pessoas não escolarizadas, desprovida de qual-
quer preocupação com a correção gramatical.
Miriam Lemle, pesquisadora, surpreende em seminário.
“Reforma ortográfica é uma proposta ingênua ou
pilantra?” Possuída pelo espírito de Edmilson, um
carregador de feira, baiano de 17 anos, improvisa bem
humorada um discurso, falando de sua dificuldade para
aprender a ler e escrever Português.
17. Ifes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ES Página 17
Português
Entre “cês, cumê, docês, preguiçoso e mixuruca”, o
Edmilson “desletrado” dá uma decisão. “ – Cês qué sabê
o que eu acho? Cês tinha que dixá em paz a fala da
gente e a escrita docês. Cês exprica pras fessora que é
prá não vim fazê poco caso da manera que a gente tem
de falá não, que pra nóis tá certo assim mesmo. Si nóis
si intendi cum ela, pru que qui tá errado?”
(A Gazeta, Caderno Dois, O Dilema do Português, Vitória, 23/04/95)
d) Línguas Especiais – são aquelas usadas por grupos
que compartilham um mesmo conhecimento técnico
ou interesses comuns; no primeiro caso, temos as
línguas técnicas e no segundo, as gírias ou calões.
Exemplo de línguas técnicas:
A internet é representada por alguns técnicos como
uma nuvem. A comparação é resultado de sua estrutura
maleável, com um centro indefinido e contornos em
constante mutação. Por isso, o uso da web como um
computador foi batizado de cloud computing (computação
na nuvem). Na prática, o modelo é conhecido. Ele move
as engrenagens do Google. A cada busca, o site faz uma
varredura em mais de 40 bilhões de páginas da internet.
Selecionadas, as informações são devolvidas à tela do
computador do usuário sob a forma de uma lista com
milhares de links. O computador pessoal (PC) faz muito
pouco nesse processo. Ele é apenas a porta de acesso à
nuvem.Amesma lógica operacional aplica-se a endereços
virtuais como oYahoo!, o eBay, a loja on-lineAmazon, o
Orkut e o YouTube.
(Um lugar nas nuvens. Veja nº 2078 Ano 41 Especial Tecnologia. Editora
Abril. Setembro de 2008, p. 24)
Gíria ou calão:
“Sabe qualé o dos cara mermão? Eles qué que tu dá
uma passada nuns troços pra sacá o que o tô falando!”
(http://www.geocities.com/Area51/Quadrant/6996/
dicionariodegirias.htm - Acesso feito em 01/12/2008)
e) Língua Literária – elaboração artística do código
linguístico, visando provocar o prazer estético.
A Ilha do Dia Anterior
Era a alvorada, o sol ainda não atingia os vidros: foi
até a galeria, sentiu o cheiro do mar, afastou um pouco
o batente da janela, e, com os olhos entreabertos, tentou
fixar a praia.
18. Ifes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ES
Página 18
Curso Técnico em Informática
No Amarillii, onde o dia não saía do convés, Roberto
ouvira os passageiros falarem a respeito de auroras
avermelhadas, como se o sol estivesse impaciente em
dardejar o mundo, enquanto agora via, sem lacrimejar,
cores pastel: um céu espumante de nuvens escuras
levemente franjadas de perolado, enquanto uma nuance,
um leve matiz de rosa, estava subindo atrás da Ilha, que
parecia colorida de turquesa num papel grosseiro.
(Umberto Eco. A Ilha do Dia Anterior. Rio de Janeiro: Record. 1995)
Tarefa:
ATIVIDADE 1.6
Leia atentamente o texto a seguir e escolha algumas
expressões com a palavra boca e dê seu significado
conotativo.
Boca a Boca
Luís Fernando Veríssimo
Começou à boca pequena entre frases do tipo ‘boca-de-siri’ e ‘cala-
te boca’ e ‘deixa eu guardar minha boca pra comer pirão’ mas aos
poucos enquanto o presidente dizia que íamos estourar a boca do
balão e muita gente fazia boquinha às histórias da boca livre em
que tinha se transformado o país (parecia coisa do Bocage) foram
passando de boca em boca mas a meia boca até que alguém botou
a boca no trombone e outros botaram a boca no mundo e outros
deram com a língua nos dentes e pegaram gente com a boca na botija
o que deixou muita gente de boca aberta e tem um bocado de gente
dizendo que agora sim o Brasil toma jeito o que é ótimo. Se não
for, claro, só da boca pra fora.
Mas por que esta impressão de que alguém em algum lugar está
dando uma gargalhada?
(Revista Domingo. Jornal do Brasil)
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Português
Procure num dicionário o significado da palavra
polissemia e veja se o conceito que você encontrou pode
ser utilizado para explicar o jogo linguístico que Luis
Fernando Veríssimo usou para construir seu texto.
Justifique sua resposta.
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Português
Item 3:
Chuva é um fenômeno meteorológico que consiste na precipitação
de água no estado líquido sobre a superfície da Terra.
(<http://pt.wikipedia.org/wiki/Chuva Acesso em 07/12/2008>)
Agora responda: Quais dos itens acima podem ser con-
siderados textos?Anote abaixo sua resposta, a partir dos
conhecimentos que você possui, sem se preocupar com
teorias.
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Vamos à teoria? Depois, reveja sua resposta e reformule-
a, se houver necessidade.
Chamamos de texto uma produção cultural com a qual
um interlocutor pretende interagir, numa determinada
situação. Essa produção cultural pode ser verbal (por
intermédio de palavras, expressas de forma oral ou
escrita), ou não-verbal (gestos, imagens, sons...).
Uma produção cultural, para ser considerada um texto,
precisa fazer sentido. Em textos verbais, por exemplo,
o autor fala ou escreve a partir do seu conhecimento
prévio, tentando propor significados ao ouvinte ou leitor.
O ouvinte/leitor tenta construir sentidos usando também
o seu conhecimento prévio. É nessa relação que se
estabelecem possíveis sentidos.
EVANGELISTA,AracyAlves Martins. Literatura Infantil e Textualidade.
In: Literatura Infantil na Escola: Leitores e Textos em Construção.
Cadernos CEALE volume II, ano I, maio/96. p.10-1.
22. Ifes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ES
Página 22
Curso Técnico em Informática
É importante observar que:
Não se pode construir o sentido de qualquer produção
cultural unilateralmente. Produtor e receptor fazem o seu
trabalho, para o qual concorre o conhecimento prévio de
cada um deles. O conhecimento prévio abrange: o
conhecimento de mundo, o conhecimento textual (formas
de organização de textos), o conhecimento linguístico.
Na construção da leitura, o leitor procura atribuir sentidos
a pistas que encontra no texto, produzidas pelo autor no
trabalho de construção da escrita.
Reformulação de minha resposta
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ATIVIDADE 2.1:
Faça a leitura dos textos a seguir, expressando os sentidos
que você percebeu na forma criativa como eles foram
produzidos. Observe os tipos de linguagem utilizados
(verbal/não-verbal) e dê especial atenção aos signos não-
linguísticos utilizados pelos emissores/produtores:
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Curso Técnico em Informática
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2.2. COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAIS
2.2.1 Mecanismos de coesão
É importante observar que alguns fatores, como coerência
e coesão, concorrem para a textualidade de um discurso
qualquer.
ATIVIDADE 2.2:
Postar uma mensagem no fórum: O que é um texto?
“Coerência é a unidade do texto. Um texto coerente é
um conjunto harmônico, em que todas as partes se
encaixam de maneira complementar, de modo que não
haja nada destoante, nada ilógico, nada contraditório,
nada desconexo. No texto coerente, não há nenhuma
parte que não se solidarize com as demais.”
(PLATÃO & FIORIN. Para entender o texto. Leitura e Redação. 5 ed.
São Paulo: Ática, 1997)
“A coesão é explicitamente revelada através de marcas
linguísticas, índices formais na estrutura da sequência
linguística e superficial do texto, sendo, portanto, de
caráter linear, já que se manifesta na organização
sequencial do texto. É nitidamente sintática e gramatical,
mas é também semântica, pois, como afirma Halliday e
25. Ifes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ES Página 25
Português
Hasan (1976), a coesão é a relação semântica entre um
elemento do texto e um outro elemento que é crucial para
sua interpretação. A coesão é, então, a ligação entre os
elementos superficiais do texto, o modo como eles se
relacionam, o modo como frases ou parte delas se
combinam para assegurar um desenvolvimento
proposicional.” (Kock & Travaglia, 1999) www.faetec.br
A coerência diz respeito, então à capacidade de relacionar
fatos e argumentos e de organizá-los de forma a extrair
deles conclusões apropriadas, produzindo uma relação
de sentido clara e consistente entre as ideias.
Exemplo:
“A terapia com células-tronco pode ser considerada como o futuro da
medicina regenerativa. Entre as áreas mais promissoras, está o tratamento
para diabetes, doenças neuromusculares, como as distrofias musculares
progressivas e a doença de Parkinson. Com as células-tronco, também
se poderá promover a regeneração de tecidos lesionados por causas não
hereditárias, como acidentes, ou pelo câncer. O tratamento do diabetes
é muito promissor porque depende da regeneração específica de células
que produzem insulina, o que é mais fácil do que regenerar por completo
um órgão complexo.As células-tronco vão permitir que as pessoas vivam
muito mais e de forma saudável. Uma pessoa que precise de um
transplante de coração ou de fígado, se tiver a possibilidade de fazer
uma terapia com células-tronco em vez de esperar anos numa fila por
um órgão novo, terá uma qualidade de vida muito melhor.”
(Resposta dada pela bióloga Mayana Zatz em entrevista à Revista Veja edição 2050 – ano 41-
nº 9 Editora Abril – 5 de março de 2008 - http://veja.abril.com.br/050308/entrevista.shtml)
Observe que a pesquisadora faz uma afirmação:
A terapia com células-tronco pode ser considerada como o futuro da
medicina regenerativa.
Relaciona fatos e argumentos para justificar sua afirmação, para dar
consistência a ela:
Entre as áreas mais promissoras, está o tratamento para diabetes, doenças
neuromusculares, como as distrofias musculares progressivas e a doença
de Parkinson. Com as células-tronco, também se poderá promover a
regeneração de tecidos lesionados por causas não hereditárias, como
acidentes, ou pelo câncer. O tratamento do diabetes é muito promissor
porque depende da regeneração específica de células que produzem
insulina, o que é mais fácil do que regenerar por completo um órgão
complexo.
26. Ifes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ES
Página 26
Curso Técnico em Informática
E conclui sua ideia, produzindo uma relação de sentido clara e
consistente e ainda reforçando sua tese, ou seja, a afirmação com que
inicia sua resposta:
As células-tronco vão permitir que as pessoas vivam muito mais e de
forma saudável. Uma pessoa que precise de um transplante de coração
ou de fígado, se tiver a possibilidade de fazer uma terapia com células-
tronco em vez de esperar anos numa fila por um órgão novo, terá uma
qualidade de vida muito melhor.
A coesão representa a capacidade de empregar adequa-
damente os recursos vocabulares, sintáticos e semânti-
cos da língua na construção de um texto. Fazer uso, por
exemplo, do vocabulário adequado, dos pronomes cor-
retos, dos conectivos e de outros elementos gramaticais
é imprescindível para manter a coesão textual.
Exemplo:
A revista VEJA listou 50 perguntas e respostas sobre a questão ambiental
contemporânea. Observe uma dessas perguntas e a resposta a ela dada:
As estimativas de que a temperatura média do planeta subirá até 4
graus até 2100 são confiáveis?
Esse é o cenário mais pessimista projetado pelos cientistas do Painel
Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), que reúne as
maiores autoridades do mundo nesse ramo da pesquisa. É um cenário
catastrófico, mas ele só ocorrerá, na avaliação dos cientistas, se nada
for feito. A projeção mais otimista dá conta de que o aumento projetado
seria de 1,8 grau. Isso exigiria um corte de até 70% nas emissões de
gases até o ano 2050.
(O planeta tem pressa - http://veja.abril.com.br/070508/p_094.shtml - VEJA Edição 2059 - 7 de
maio de 2008)
Elementos de coesão em negrito no texto:
Esse cenário – expressão com pronome demonstrativo que substitui
algo já dito: a temperatura média do planeta subirá até 4 graus até 2100.
que – pronome que se relaciona ao antecedente Painel Intergoverna-
mental sobre Mudança Climática (IPCC), substituindo esse antece-
dente na oração que reúne as maiores autoridades do mundo nesse
ramo da pesquisa.
nesse ramo da pesquisa – expressão que substitui em Mudança
Climática. O pronome nesse foi empregado porque a expressão que
ele substitui já havia sido citada.
ele – pronome que substitui o antecedente um cenário catastrófico.
isso – o aumento de 1,8 grau, que representa a projeção mais otimista.
27. Ifes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ES Página 27
Português
Exercite o que aprendeu, resolvendo as questões a seguir:
1. (UFPR) No texto abaixo, várias expressões retomam
ou antecipam outras para conferir coesão ao texto.
Marque a(s) alternativa(s) que aponta(m) correta-
mente essas ligações.
A cidade das calçadas jurássicas
O padre italiano Giuseppe Leonardi, um dos maiores paleontólogos
do mundo, estava viajando pelo interior paulista em 1976 quando
uma súbita dor de dente o obrigou a fazer uma parada emAraraquara.
Ao pisar nas lajes cor-de-rosa usadas como calçamento na cidade,
reparou em algo estranho. Ficou tão entusiasmado que até se esqueceu
de ir ao dentista. A análise das marcas confirmou o seu palpite. Ali
estavam impressas pegadas de répteis que habitaram a região de
Araraquara 180 milhões de anos atrás.As lajes tinham sido arrancadas
das rochas de uma pedreira, nos arredores da cidade. Lá ficaram
gravados os únicos registros de dinossauros brasileiros do período
jurássico. Leonardi explicou ao prefeito que precisava arrancar os
trechos de calçadas com pegadas de dinos. O prefeito riu da cara dele
e negou o pedido. Mas o padre-cientista não se abalou. Esperou o
Carnaval, quando a cidade inteira estava muito ocupada em se divertir,
para meter a picareta no calçamento e levar o tesouro para o
Departamento Nacional de Produção Mineral, no Rio de Janeiro, que
o guarda até hoje.
(SUPERINTERESSANTE - Abril 1999.)
( ) Ali estavam impressas pegadas de répteis... ⇒ lajes cor-de-rosa
usadas como calçamento na cidade.
( ) Lá ficaram gravados os únicos registros de dinossauros
brasileiros... ⇒ rochas de uma pedreira, nos arredores da cidade.
( ) ... levar o tesouro para o Departamento Nacional de Produção
Mineral, no Rio de Janeiro, que o guarda até hoje. ⇒ Rio de Janeiro.
( ) O prefeito riu da cara dele e negou o pedido. ⇒ O padre Giuseppe
Leonardi.
( ) ... quando uma súbita dor de dente o obrigou a fazer uma parada
em Araraquara. ⇒ O interior paulista.
( ) ... levar o tesouro para o Departamento Nacional de Produção
Mineral, no Rio de Janeiro, que o guarda até hoje. ⇒ Os répteis
que habitavam a região.
( ) Ao pisar nas lajes cor-de-rosa usadas como calçamento na cidade,
reparou em algo estranho. ⇒ Pegadas de répteis.
28. Ifes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ES
Página 28
Curso Técnico em Informática
2. Reforço nas praias
As investidas das prefeituras em reprimir o barulho no litoral durante
o verão foram sinônimo de tranquilidade de quem buscou o local para
relaxar, aliada à redução da violência.
Mas nem bem acabou a programação de verão, os secretários municipais
já pensam em manter ou intensificar as medidas contra o som alto.
(Trecho de notícia em A TRIBUNA - VITÓRIA-ES - sexta-feira - 15/02/ 2008 página 3 -
http://pdf.redetribuna.com.br/ Acesso feito em 18/02/2008)
O trecho acima apresenta uma incoerência provocada por emprego
inadequado de elemento de coesão.
a) Descubra o elemento de coesão mal empregado;
b) Reescreva o período, corrigindo-o para não apresentar incoerência.
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Português
2.2.2 Tipos de coerência textual
1. Coerência narrativa
Uma personagem só pode fazer aquilo que puder ou
souber fazer. Constitui incoerência relatar uma ação
realizada por uma personagem que não tinha
competência para realizá-la.
Exemplo de coerência narrativa:
Vamos acabar com esta folga
O negócio aconteceu num café. Tinha uma porção de sujeitos,
sentados nesse café, tomando umas e outras. Havia brasileiros,
portugueses, franceses, argelinos, alemães, o diabo.
De repente, um alemão forte pra cachorro levantou e gritou que não
via homem pra ele ali dentro. Houve a surpresa inicial, motivada
pela provocação e logo um turco, tão forte como o alemão, levantou-
se de lá e perguntou:
Isso é comigo?
Pode ser com você também – respondeu o alemão.
Aí então o turco avançou para o alemão e levou uma traulitada tão
segura que caiu no chão. Vai daí o alemão repetiu que não havia
homem ali dentro pra ele. Queimou-se então um português que era
maior ainda do que o turco. Queimou-se e não conversou. Partiu
pra cima do alemão e não teve outra sorte. Levou um murro debaixo
dos queixos e caiu sem sentidos.
O alemão limpou as mãos, deu mais um gole no chope e fez ver aos
presentes que o que dizia era certo. Não havia homem para ele ali
naquele café. Levantou-se então um inglês troncudo pra cachorro e
também entrou bem. E depois do inglês foi a vez de um francês, depois
um norueguês, etc., etc.. Até que lá do canto do café levantou-se um
brasileiro magrinho, cheio de picardia para perguntar, como os outros:
Isso é comigo?
O alemão voltou a dizer que podia ser. Então o brasileiro deu um
sorriso cheio de bossa e veio vindo, gingando assim pro lado do
alemão. Parou perto, balançou o corpo e... pimba! O alemão deu-
lhe uma porrada na cabeça com tanta força que quase desmonta o
brasileiro.
(Stanislaw Ponte Preta)
Seria incoerência se o brasileiro magrinho derrubasse o alemão.
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Página 30
Curso Técnico em Informática
2. Coerência figurativa
É a articulação harmônica das figuras do texto, com base
nas relações de significado que mantêm entre si. As
várias figuras que ocorrem num texto devem articular-
se de maneira coerente para constituir um único bloco
temático, pertencer ao mesmo universo de significado.
(PLATÃO & FIORIN. Para entender o texto. Leitura e Redação. 5 ed.
São Paulo: Ática, 1997)
Exemplo:
Eu havia acabado de me vestir e não devia mais mexer nos quadros
e nas estátuas, mas um dos cavalos chineses de porcelana ficaria melhor
na mesinha baixa de mogno. Coloquei o pôster com Lord Jim na parede
oposta ao grande espelho, o cavalo de bronze embaixo e o de madeira
ao lado. Eram treze estatuetas – três de porcelana, quatro de bronze,
duas de aço, três de cerâmica e uma de madeira – e dez posters, cinco
em preto e branco e cinco coloridos, todos cavalos. Não gostei do
número treze para as estatuetas e retirei uma delas, de bronze,
pesadona, e levei-a para a sala íntima onde estava o piano.Aarrumação
ficou boa, mas eu continuei sentindo o mesmo sobressalto no coração.
Olhei-me no espelho demoradamente, quando a campainha tocou.
(FONSECA, Rubem. 74 degraus. In: Feliz Ano Novo. 2 ed. São Paulo: Companhia das
letras, 1989)
Percebe-se a caracterização de um ambiente sofisticado,
de riqueza, com a utilização de elementos que compõem
um campo semântico de sofisticação.
3. Coerência argumentativa
Num texto argumentativo, utilizam-se dados e pressupostos dos quais
se fazem inferências ou chegam-se a conclusões. Essas inferências e
conclusões devem estar verdadeiramente relacionadas com os elementos
lançados como base do raciocínio, da argumentação que se quer
apresentar. A essa harmonia dá-se o nome de coerência argumentativa.
Exemplo:
Estima-se que existam no Brasil cerca de 30 sites de relacionamento
com aproximadamente cinco milhões de internautas navegando neles.
É muita gente e por isso é preciso tomar cuidado. Uma precaução
básica, por exemplo, é não se sentir nas nuvens com “massagens
no ego” que venham pela rede porque isso pode cegar a razão. “Eu
não enxergava nada da realidade”, diz a gaúcha Isabel Stasiak, que
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Português
procurou a sua cara-metade num site. Achou que levara sorte porque
ele apareceu em uma semana e, a partir daí, a paquera levou seis
meses. Ela: ex-modelo, 50 anos, e, conforme admite, “tímida e
carente”. Ele: carioca, engenheiro de uma estatal, 44 anos. Isabel
foi teclando mil detalhes de sua vida, o moço manteve-se reservado.
Hora de se conhecer pessoalmente: “Éramos praticamente vizinhos,
mas não sabíamos, e fiquei feliz porque ele é bonito, alto e moreno”,
diz ela. Apareceu, porém, um detalhe não tão detalhe que fez o
príncipe virar sapo: o moço era casado. Rolou o barraco: apaixonada,
Isabel foi atrás da mulher dele e contou tudo. Rolou então a violência:
o bonitão, altão e morenão, que se dizia amoroso na internet,
quebrou-lhe os dentes e o romance acabou num boletim de
ocorrência. Não são todos os trapaceados, no entanto, que vão à
delegacia. Tímida demais, a professora baiana Antonia Dias sentiu-
se envergonhada para contar o golpe no qual caíra até mesmo para
um delegado. Ela conheceu em uma sala de bate-papo um homem
que se mostrou educado, romântico e gentil. Conheceram-se
pessoalmente e num piscar de olhos estavam no cartório diante de
um juiz de paz. Casamento e lua-de-mel consumados, imediatamente
o marido apaixonado revelou-se um golpista obstinado. Antonia foi
forçada a quitar-lhe dívidas e teve o seu cartão de crédito detonado.
Do dia para a noite o homem se deletou de sua vida. “Deve estar
por aí frequentando os sites de relacionamento”, diz ela.
(trecho da reportagem - Por dentro da rede. Revista ISTOÉ. 14/03/2007)
Observe que o parágrafo inicia-se com dados sobre os
sites de relacionamento e a advertência sobre riscos:
“Estima-se que existam no Brasil cerca de 30 sites de
relacionamento com aproximadamente cinco milhões
de internautas navegando neles. É muita gente e por isso
é preciso tomar cuidado”.
A partir daí, o jornalista reforça a tese apresentada e a
fundamenta com sugestões de atitudes e exemplos de
pessoas que tiveram problemas na rede. Seu parágrafo
é coerente com a tese apresentada na introdução.
O parágrafo seria incoerente se, após advertir para ter
cuidado, o autor do texto passasse a dar exemplos de
pessoas que tiveram relacionamentos felizes na rede.
ATIVIDADE 2.3:
Procure em jornais, revistas, sites e blogs textos com
problemas de coesão e de coerência. Envie esses textos
como tarefa on line, explicando os problemas encontrados.
34. Ifes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ES
Página 34
Curso Técnico em Informática
( ) Na foto aparecem duas pessoas. O primeiro plano destaca um
homem que segura um ancinho. Esse homem tem parte do rosto
oculta pela sombra projetada pelo chapéu que ele usa. Ao longe,
o outro homem parece pronto para ir embora do local.
( ) A foto mostra, de corpo inteiro, um homem que traja roupa de
trabalhador rural e empunha uma espécie de ancinho. Sua
expressão denota seriedade. Uma outra pessoa, ao longe, parece
observar a cena.
Nas descrições apresentadas para a gravura, percebem-se muitos problemas
relacionados à língua padrão. Alguns desses problemas:
“Um homem com roupas típicas de trabalhador rural, onde é
mostrado...” – emprego errado do pronome relativo onde
“como se estivesse protegendo ele” – pronome pessoal do caso reto
como objeto direto: ele
“Na foto, mostra um homem...” – uso de adjunto adverbial inadequado
– na foto –, em lugar de “a foto”, com a função sintática de sujeito.
Assim, preste atenção para algumas regras elementares
que farão diferença na hora de escrever qualquer texto:
Pronome relativo
Os pronomes relativos se referem a um termo anterior –
o antecedente –, introduzindo uma oração adjetiva
subordinada a esse antecedente. Cumprem, portanto, um
papel duplo: substituem ou especificam um antecedente
e introduzem uma oração subordinada. Atuam, assim,
como pronomes e conectivos a um só tempo.
Buscam-se soluções para a violência que há anos acontece
no país.
Desdobrando-se o período acima, temos:
Buscam-se soluções para a violência. Aviolência há anos
acontece no país.
Os pronomes relativos da língua portuguesa são:
Que
Quem
Cujo, cuja, cujos, cujas
O qual, a qual, os quais, as quais
Onde
Quando
Quanto, quantos, quantas
Como
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Português
Observações:
1. O pronome que é o relativo mais empregado. Pode
ser usado com referência a pessoas ou coisas, no sin-
gular ou plural.
2. O qual e variações são exclusivamente pronomes rela-
tivos.
3. O pronome cujo e suas flexões estabelecem relação de
posse entre o antecedente e o termo que especificam:
É uma pessoa cujas ideias são aprovadas por todos.
4. Quem refere-se normalmente a pessoa.
5. Onde tem sentido aproximado de em que; deve ser
usado apenas na indicação de lugar.
6. Quanto, quantos e quantas são pronomes relativos
quando seguem os pronomes indefinidos tudo, todos
ou todas:
Esqueci tudo quanto foi dito aquela noite.
7. Quando e como são relativos que exprimem noções
de tempo e modo, respectivamente:
É a hora quando todos se calam.
Não entendi até agora a maneira como ela me tratou.
Sintaxe do verbo haver
Emprega-se como impessoal, isto é, sem sujeito, quando
significa “existir” ou quando indica tempo decorrido.
Nesses casos, conjuga-se apenas na 3ª pessoa do singular.
Há várias pessoas interessadas em adquirir essas obras.
Havia homens vendendo redes; havia crianças jogando
bola; havia mulheres dourando seus corpos.
Partira havia quinze anos.
Há oito dias que não dava notícias.
Muitas vezes, nas situações diárias de comunicação oral ou escrita, temos
dúvidas sobre o emprego ou a grafia de algumas palavras ou expressões.
Apresentamos, a seguir, algumas dessas dúvidas para que tenhamos
mais segurança na hora de falar ou escrever.
Mas – conjunção adversativa.
Ele correu muito mas não chegou a tempo de pegar o trem.
Mais – advérbio de intensidade.
36. Ifes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do ES
Página 36
Curso Técnico em Informática
Pedro é o garoto mais bonito da sala.
Mal – advérbio ou substantivo.
Ela escreve mal.
O mal que o aflige não tem cura.
Mau – adjetivo.
Seu mau caráter afasta-o das pessoas.
Aonde – advérbio usado com verbos de movimento,
indicando aproximação, em oposição a donde, que
indica afastamento.
Aonde você irá depois das aulas de sábado?
Donde você vem, tão apressado?
Onde – Advérbio empregado para indicar lugar em que
se está ou em que se passa algum fato. Usado com verbos
de estado ou permanência.
Onde você mora? Onde fica a cidade de Bauru?
A – preposição empregada na indicação de tempo futuro
e na indicação de distância.
Estávamos a dois dias de finalizar os projetos.
Daqui a 3 semanas terminaremos este módulo.
Os estudantes moravam a 4 quilômetros da escola.
Por que; por quê; porque; porquê.
Por que – preposição mais pronome interrogativo.
Usado em interrogações diretas e indiretas.
Por que você está triste?
Não sei por que você não me obedece.
Por quê – mesma composição sintática, só que empregado
no final da frase:
Você está triste por quê?
Por que – preposição mais pronome relativo. Equivale a
pelo qual e variações e, em certos contextos, a para que.
A estrada por que deveríamos passar está interditada.
Porque – conjunção equivalente a pois, já que, uma
vez que, como. Pode, raramente na língua atual, indicar
finalidade, equivalendo a para que, a fim de.
Ele desistiu da candidatura porque os amigos não o
apoiariam.
O vestibular foi adiado porque a universidade entrou em
greve.
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Português
Não julgues porque não te julguem.
Porquê– substantivo, equivalente a causa, razão,motivo.
Não sei o porquê de sua decisão.
Precisamos descobrir os porquês da crise que se instalou
no país.
Acerca de – locução prepositiva equivalente a sobre, a
respeito de.
Muito se discute acerca da reforma ortográfica.
Hácercade–expressãoqueindicaumperíodoaproximado
de tempo transcorrido.
Ele pesquisa sobre redação há cerca de 10 anos.
Na medida em que – exprime relação de causa e equivale
a porque, já que, uma vez que.
Na medida em que os projetos foram abandonados, a
população ficou entregue à própria sorte.
À medida que – indica proporção, desenvolvimento
simultâneo e gradual. Equivale a à proporção que:
A ansiedade aumentava à medida que o prazo ia chegando
ao fim.
ATIVIDADE 2.5:
Resolva os exercícios a seguir, referentes às dificuldades
relacionadas à norma culta da língua.
1. (Unicamp) LIXEIRO É MORTO POR PEGAR
DOCE COM A MÃO
O lixeiro Olívio Martinho de Souza foi morto com dois
tiros nas costas anteontem por ter posto a mão em um
doce em uma lanchonete que não ia comprar. O assassino
seria o dono da lanchonete Vinícius Gennari, 65, que,
segundo a polícia, estava foragido até a noite de ontem.
(Folha de São Paulo)
O texto acima apresenta pronome relativo empregado
inadequadamente:
a) diga em que consiste essa inadequação;
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Curso Técnico em Informática
b) reescreva o texto, tornando-o mais claro.
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2. Complete com a palavra adequada:
a) ______ chegamos ao balneário, o ________ tempo
começou. (mau – mal)
b) Cheguei ________ cedo à escola _____ o professor
de Física já havia saído. (mas – mais)
c) Você saberia dizer ________Aline faltou à aula? Você
sabe o ________. ________ será? É difícil saber
________? (porque, porquê, por que, por quê)
d) ____________ de dez oradores falando ________ de
aquecimento global. (acerca – há cerca)
e) ____ pouco saímos do cinema. Daqui ______ pouco
chegaremos à praça municipal. (há – a)
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Português
3. PRODUÇÃO DE TEXTO
3.1. O PARÁGRAFO COMO UNIDADE DE COMPOSIÇÃO
O que é um parágrafo? Como podemos produzir textos que nos permitam
desenvolver, de forma clara, sucinta, objetiva, uma determinada ideia?
É o que estudaremos a seguir:
“O parágrafo é uma unidade de composição constituída
por um ou mais de um período, em que se desenvolve
uma ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras,
secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e
logicamente decorrentes dela.”
(Othon M. Garcia – Comunicação em Prosa Moderna – Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 1996)
“O parágrafo é uma unidade de composição suficiente-
mente ampla para conter um processo completo de ra-
ciocínio e suficientemente curta para nos permitir a
análise dos componentes desse processo, na medida em
que contribuem para a tarefa da comunicação.”
(Francis X. Trainor e Brian K. McLaughlin – citados por Othon M. Garcia
– Comunicação em Prosa Moderna – Rio de Janeiro: Fundação Getúlio
Vargas, 1996)
Exemplo de parágrafo:
O lema da campanha da Igreja é: “Escolhe, pois, a vida”. Achei
fantástico, porque essa também é a escolha dos cientistas. Estamos
preocupados com os pacientes que morrem por causa de doenças
neurodegenerativas ou que estão imobilizados por causa de acidentes.
Por isso é preciso que se entenda a diferença entre aborto e pesquisa
com células-tronco embrionárias. No aborto, há uma vida dentro
do útero de uma mulher. Se não houver intervenção humana, essa
vida continuará. Já na reprodução assistida, é exatamente o contrário:
não houve fertilização natural. Quem procura as clínicas de
fertilização são os casais que não conseguem procriar pelo método
convencional. Só há junção do espermatozóide com o óvulo por
intervenção humana. E, novamente, não haverá vida se não houver
uma intervenção humana para colocar o embrião no útero.
(Resposta a uma pergunta feita à bióloga e pesquisadora Mayana Zatz pela Revista Veja
edição 2050 – ano 41- nº 9 Editora Abril – 5 de março de 2008 -
http://veja.abril.com.br/050308/entrevista.shtml)
A pesquisadora apresenta a sua ideia – a escolha da vida – e a desenvolve
a partir do lema da Campanha da Fraternidade, expondo argumentos
que mostram que o ponto de vista dos cientistas é o mesmo do da Igreja
Católica.
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Curso Técnico em Informática
3.2. O PARÁGRAFO-PADRÃO
O parágrafo-padrão possui uma ideia-núcleo + ideias secundárias; é ao
mesmo tempo amplo (pois comporta um processo completo de raciocínio)
e curto (pois permite a análise dos componentes desse processo).
Leia atentamente o seguinte parágrafo:
A crise atual decorre de uma combinação de causas: colheitas ruins,
especulação de preços, aumento excepcional do barril de petróleo e
a explosão dos biocombustíveis. Mas o que ajudará a perpetuar o
problema é o aumento do consumo de alimentos, sobretudo na China
e na Índia, as locomotivas asiáticas que, juntas, têm mais de um terço
da população mundial. A China, em especial, tem peso fenomenal.
Se cada chinês comer um frango a mais, dentro de cinco anos explodirá
o mercado de milho, a ração básica da ave. “O frango é um milho
com asa”, brinca o professor Mauro de Rezende Lopes, economista
da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro. “E, quanto maior o
poder aquisitivo, mais carne as pessoas consomem.” Com a economia
crescendo a 10% e o consumo de calorias aumentando 20%, a China,
essa terra onde aconteceram mais de 1 500 ondas de fome na era
cristã, está formando uma imensa classe média – que quer comer carne.
O problema é que, para cada quilo de carne que a vaca engorda, são
necessários 8 quilos de grãos para alimentá-la. Considerando que boa
parte é gordura e osso, a conta muda: para cada quilo de carne boa
vão 13 quilos de grãos. É preciso produzir isso tudo.
(http://veja.abril.com.br/280508/p_068.shtml - VEJA Edição 2062 28 de maio de 2008
- Especial Vai ter para todo mundo? André Petry, de Nova York)
Ao analisarmos um parágrafo-padrão dissertativo, encontraremos:
3.2.1. Tópico frasal
Tópico-frasal é a ideia-núcleo, a ideia central que se quer
defender e que aparece logo no início do parágrafo.
Constitui a Introdução do parágrafo-padrão. Trata-se
da colocação sucinta de uma ideia-núcleo, que pode ser
uma opinião pessoal, um juízo, uma declaração de
qualquer tipo.
Exemplo:
A crise atual decorre de uma combinação de causas: colheitas ruins,
especulação de preços, aumento excepcional do barril de petróleo
e a explosão dos biocombustíveis. Mas o que ajudará a perpetuar o
problema é o aumento do consumo de alimentos, sobretudo na China
e na Índia, as locomotivas asiáticas que, juntas, têm mais de um
terço da população mundial.
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Português
3.2.2. Desenvolvimento
É a justificação, a fundamentação da ideia-núcleo.
Exemplo:
A China, em especial, tem peso fenomenal. Se cada chinês comer
um frango a mais, dentro de cinco anos explodirá o mercado de milho,
a ração básica da ave. “O frango é um milho com asa”, brinca o
professor Mauro de Rezende Lopes, economista da Fundação Getulio
Vargas, no Rio de Janeiro. “E, quanto maior o poder aquisitivo, mais
carne as pessoas consomem.” Com a economia crescendo a 10% e o
consumo de calorias aumentando 20%, a China, essa terra onde
aconteceram mais de 1 500 ondas de fome na era cristã, está formando
uma imensa classe média – que quer comer carne. O problema é que,
para cada quilo de carne que a vaca engorda, são necessários 8 quilos
de grãos para alimentá-la. Considerando que boa parte é gordura e
osso, a conta muda: para cada quilo de carne boa vão 13 quilos de
grãos.
3.2.3. Conclusão
Reafirmação da ideia-núcleo.
Exemplo:
É preciso produzir isso tudo.
ATIVIDADE 3.1:
Reconheça, no parágrafo a seguir, o tópico-frasal, o de-
senvolvimento e a conclusão.
São dois os papéis da escola quando se trata do
envolvimento do adolescente num ato infracional. O
primeiro é de caráter preventivo, com a promoção de uma
cultura de paz e tolerância, por meio de uma sólida
formação para os valores. O segundo é receber o
adolescente que já se tornou um infrator e retorna à vida
de estudante. A atitude básica da escola nesse caso deve
ser de inclusão. O sistema de ensino precisa se preparar
para lidar melhor com esses jovens e os problemas que
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Página 42
Curso Técnico em Informática
trazem consigo. A educação é um direito de todos, sem
exceção, e o adolescente que tenha um conflito com a lei
não pode ser excluído. Nós, educadores, somos preparados
para lidar com crianças e jovens que não apresentam
problemas de conduta. Se olharmos a realidade atual, no
entanto, percebemos claramente que crianças e
adolescentes em situação de risco fazem parte da clientela
da educação. Professores, diretores, supervisores e
orientadores não recebem capacitação específica para lidar
com esse contexto. Essa é uma grande falha das redes
pública e particular de ensino. Nós temos de ser preparados
para não separar o jovem de seu meio. A escola deve ser
capaz de acolher o aluno e sua realidade familiar,
comunitária ou cultural. Hoje, infelizmente, a regra geral
é eliminar o problema pela exclusão do jovem.
(Antonio Carlos Gomes da Costa é pedagogo e consultor do Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Secretaria Nacional de Direitos
Humanos. Foi redator do Estatuto da Criança e do Adolescente Revista
Nova Escola EdiçãoNº170 - março de 2004.
http://novaescola.abril.com.br/ed/170_mar04/html/maioridade.htm
Acesso em 21 de maio de 2007)
Tópico frasal:
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Desenvolvimento:
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Português
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Conclusão:
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ATIVIDADE 3.2:
Com as informações a seguir, escreva um parágrafo-
padrão:
• O consumo de água cresceu seis vezes no último
século. Um terço da população mundial vive em re-
giões com escassez de água, proporção que deve
dobrar até 2025. Metade dos africanos, asiáticos e
latino-americanos sofre de alguma doença relacio-
nada à falta de acesso a uma fonte de água limpa.
• O uso de petróleo aumentou sete vezes nos últimos
cinquenta anos. A queima de combustíveis fósseis
contribui para a poluição do ar, que, segundo esti-
mativa da Organização Mundial de Saúde, mata 3
milhões de pessoas por ano.
• Os gases emitidos por automóveis, pela indústria, pela
decomposição do lixo e pelo desmatamento de florestas
tropicais contribuem para acelerar o aquecimento
global. Nas últimas décadas, a temperatura média do
planeta subiu 1 grau. Como resultado, 40% do gelo
do Ártico derreteu no último meio século, fazendo subir
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Curso Técnico em Informática
lentamente o nível dos oceanos. O desequilíbrio
climático traduziu-se também em maior quantidade
de secas em algumas regiões e inundações em outras.
(Acegueira das civilizações - Revista VEJA- Edição 1921 –7 de setembro
de 2005)
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3.3 TIPOS DE ARGUMENTAÇÃO
A essência do parágrafo dissertativo e, por extensão, da redação como
um todo está na capacidade de relacionar ponto de vista & argumentação.
Para argumentar, isto é, para fundamentar reflexivamente os pontos de
vista que defendemos num texto dissertativo, utilizamo-nos essencialmente
de raciocínios e de fatos. Portanto, os tipos básicos de argumentação
existentes são a argumentação pelo raciocínio de causa e consequência
e a argumentação por exemplificação.
3.3.1. Argumentação por causa e efeito
(ou consequência)
O principal elemento constitutivo dos textos dissertati-
vos está na relação adequada entre ponto de vista e ar-
gumentação.
Os pontos de vista defendidos nesse tipo de texto de-
vem ser avaliados pela capacidade de argumentação que
possuem, o que implica critérios como coerência, cla-
reza e organização lógica das ideias.
Nesse sentido, o aspecto mais importante do texto dis-
sertativo é o processo de argumentar, de fundamentar
competentemente aquilo que se afirma.
Para desencadear esse processo, precisamos nos pergun-
tar o que e por que pensamos o que pensamos: o que
pensamos sobre o tema? Por quê?
Ao fazê-lo, encontramos a principal relação lógico-ar-
gumentativa: a de causa e consequência, premissa e
conclusão.
Chamamos de causas ou premissas os fundamentos, as
justificativas de nossa opinião. E de consequências ou
conclusões as decorrências, os desdobramentos da opi-
nião, do ponto de vista que defendemos.
Exemplo:
“Agora existe um consenso mundial entre os cientistas de todas as
tendências de que o planeta está se aquecendo. Menos consensual,
mas majoritária, é a noção de que o aquecimento é causado pelo atual
estágio civilizatório humano, em especial as atividades industrial e
de consumo.”
(A cegueira das civilizações - Revista VEJA - Edição 1921 - 7 de setembro de 2005)
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Curso Técnico em Informática
Como detectar as causas e consequências do parágrafo
acima?
Vamos perguntar: o que se afirma? Temos, com a resposta, a consequência:
Afirma-se que há um consenso mundial entre os cientistas de que o
planeta está se aquecendo.
Por que o planeta está se aquecendo? Temos, com essa pergunta, a causa
ou as causas que procuramos: Porque não comporta mais as atividades
industrial e de consumo do atual estágio civilizatório.
ATIVIDADE 3.3:
Identifique as causas e as consequências nos seguintes
parágrafos:
1. Na América Latina, temos campos sem ninguém e
enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do
mundo, e as mais injustas. Expulsos pela agricultura
moderna de exportação e pela erosão das suas terras,
os camponeses invadem os subúrbios.
(Trecho de “O império do consumo”, de Eduardo Galeano)
2. Emissões recentes de gases do efeito estufa colocam
a Terra perigosamente próxima de mudanças climá-
ticas dramáticas que poderiam fugir de controle, com
graves perigos para os seres humanos e outras cria-
turas.
(A Terra em risco iminente - Rogério Grassetto Teixeira da Cunha)
Parágrafo 1:
Causas:
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Consequências:
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3.3.2. Argumentação por exemplificação
Podemos fundamentar nossas posições, num texto
dissertativo, por meio de outros recursos argumentativos,
como a exemplificação, a apresentação de dados e fatos.
Os fatos e dados, colhidos tanto da experiência vivida
quanto de informações das mais diferentes fontes –
revistas, jornais, livros etc – constituem uma espécie de
alicerce de nossos textos dissertativos, uma vez que
tornam as ideias concretas, vivas, materializadas diante
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Português
do leitor. Isso faz com que ele possa não apenas raciocinar,
mas perceber sensorialmente conosco o que estamos
procurando defender.
Assim, a exemplificação não só constitui um elemento
de persuasão, mas também auxilia a formular o raciocínio,
podendo diminuir problemas de clareza que aconteçam
na apresentação de nossas ideias e/ou no entendimento
delas por parte do leitor.
Comdadosquefuncionemcomofatos-exemplos,podemos,
então, proporcionar maior solidez às nossas dissertações,
desde que saibamos interpretá-los, quer dizer, desde que
percebamos se são pertinentes, se são suficientes, se há
coerência entre eles e o que estamos afirmando.
(Othon M. Garcia – Comunicação em Prosa Moderna – Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 1996)
Exemplo:
Apesar de recente, a lei que estabelece multas, prisão e pagamento
de fiança para motoristas com qualquer teor de álcool no sangue
vem sendo defendida por autoridades públicas ligadas diretamente
ao problema. Para justificar a aplicação das punições estabelecidas
pela nova legislação fazem uso das estatísticas. ‘Os acidentes nas
rodovias estaduais diminuíram’, diz o Batalhão de Polícia de Trânsito
Rodoviário e Urbano (BPRv). O número de embriagados flagrados
durante as blitze e o de internações por acidentes de trânsito também.
Dados do Batalhão de Polícia de Trânsito Rodoviário e Urbano
(BPRv) mostram que de 21de junho a 10 de julho do ano passado
foram registrados 1.034 acidentes nas estradas estaduais contra 952
no mesmo período deste ano, uma redução de 7,9%. O número de
feridos caiu de 361 para 293, o que representa queda de 18,5%. Já
o número de vítimas fatais em acidentes, de nove no ano passado
foram registradas seis este ano.
O comandante do Batalhão de Polícia de Trânsito Rodoviário e
Urbano (BPRv), tenente-coronel Valdir Leopoldino, comemora os
resultados. “O número de acidentes por ano na área de atuação do
Batalhão costuma ser de 500 a 600 a mais todo ano e neste ano
está diminuindo, o que não costuma acontecer. Isso é fantástico”.
(Lei Seca: Governo atribui redução de acidentes a novas regras 14/07/2008 - 22h04 -
Daniella Zanotti - Redação Gazeta Rádios e Internet)
Observe que, para defender a lei que estabelece punição rigorosa aos
motoristas que dirijam depois de ingerir bebida alcoólica, as autoridades
recorrem a fatos (os acidentes diminuíram), a dados (1.034 acidentes
contra 952) e estatísticas (queda de 18,5%). Temos um exemplo muito
bom de argumentação por exemplificação.
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Curso Técnico em Informática
ATIVIDADE 3.5:
Formule um raciocínio, um argumento que possa ser
exemplificado pelas informações a seguir. Construa,
então, um parágrafo começando pelo argumento e
continuando com os dados que você selecionou.
De 20 de maio a 13 de junho de 2008, o Hospital São
Lucas atendeu a 216 vítimas contra 187 casos registrados
de 20 de junho a 13 de julho, o equivalente a uma queda
de 13,42% no número de pacientes em um mês. No
Dório Silva a redução foi ainda maior: 28,3%, foram
194 casos contra 139 no mesmo período.
(Lei Seca: governo atribui redução de acidentes a novas regras 14/07/
2008 - 22h04 - Daniella Zanotti - Redação Gazeta Rádios e Internet)
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3.4 MÉTODOS BÁSICOS DE
DESENVOLVER O RACIOCÍNIO
Quando escrevemos, podemos optar por alguns métodos
básicos de desenvolver o raciocínio e, por conseguinte,
o texto. São esses métodos que se explicitam, a seguir:
3.4.1. Raciocínio indutivo
Chama-se indução ao raciocínio que se baseia na obser-
vação de elementos conhecidos, concretos (o particular),
para, por meio deles, chegar-se a uma conclusão ou a
uma hipótese possível sobre uma determinada ideia ou
fato (o geral).
Exemplo:
Violência mata mais entre os jovens
De cada 10 jovens brasileiros entre 15 e 18 anos mortos no ano de
1993, 6 deles foram assassinados. A pesquisa revela que, atualmente,
o homicídio está em primeiro lugar entre as causas da morte da
juventude. A pesquisa foi feita pelo CBIA (Centro Brasileiro para a
Infância e Adolescência), órgão vinculado ao Ministério do Bem-
Estar Social. Apesar da fragilidade estatística e do aumento da
consciência dos governantes sobre a situação da infância, os índices
de violência continuam crescendo.
(Gilberto Dimenstein. Folha de São Paulo, 26 jun. 1994. Caderno Especial: Brasil 95.)
O autor do texto parte do particular – dados da pesquisa feita pelo CBIA
para chegar a uma conclusão – os índices de violência continuam
aumentando, apesar do aumento da consciência dos governantes sobre o
problema: o geral.
ATIVIDADE 3.6:
Selecione os dados e exemplos que o autor utilizou, no
texto abaixo, para construir seu raciocínio indutivo.
Resuma a conclusão a que ele chegou.
Paredes sem ouvidos
Uma parte significativa dos teens de hoje dorme com o namorado ou
a namorada... na casa dos pais. Ou na casa do sogrão. Isso mesmo:
23% dos adolescentes já fizeram sexo no quarto onde dormem. Isso
significa que uma em quatro famílias brasileiras pode estar se
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Curso Técnico em Informática
acostumando à ideia de colocar uma xícara extra para o namorado
da filha – ou a namorada do filho – na hora do café da manhã. Há até
casos de pais que incentivam esse contato, digamos, assim, doméstico.
A representante comercial Nádia Dombkowitsch, de Porto Alegre,
que é divorciada, chegou a presentear a filha Paula, de 18 anos, com
uma cama de casal no dia em que a moça recebeu o diploma do ensino
médio.
Há duas interpretações possíveis para o fato. A primeira, mais
romântica, é que a geração “sexo, drogas e rock’ n roll” está levando
a teoria à prática. Gritos e sussurros no quarto ao lado seriam
impensáveis para os que tinham filhos adolescentes em casa nos anos
50. Para a turma que hoje tem 40 anos, essa ideia não é tão assustadora.
A segunda explicação tem a ver com a preocupação com a segurança.
Os pais aceitam que os filhos façam sexo em casa porque estacionar
o carro numa rua deserta é perigosíssimo, e ir à noite até um motel
distante também pode ser arriscado. [...]
(Cecília Negrão. Veja Edição Especial Jovens. Parte integrante de Veja ano 34, nº 38, 26/
09/2001)
O particular:
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O geral:
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3.4.2. Raciocínio dedutivo
O tipo de raciocínio conhecido como dedução segue o
caminho inverso ao da indução. No raciocínio dedutivo,
partimos do geral para o particular, do desconhecido
para o conhecido. Obedecemos, geralmente, aos seguin-
tes passos:
a) formulamos uma hipótese abstrata, de caráter geral;
b) fazemos uma relação de fatos e provas (elementos
concretos, conhecidos, observáveis): o particular;
c) podemos ou não colocar uma conclusão que confir-
me a hipótese geral.
Exemplo:
As expectativas num namoro são, na maioria das vezes, muito
diferentes para meninos e meninas. (hipótese geral) Enquanto a maioria
dos rapazes está doida para beijar, tocar a menina e ter o máximo de
intimidade sexual que puder, ela geralmente está interessada em sair
com ele, namorá-lo, apreciar sua companhia. (fatos particulares que
exemplificam a hipótese geral)
(SUPLICY, Marta. Sexo para adolescentes. São Paulo: FTD, 1988, p.82)
ATIVIDADE 3.7:
Desenvolva um texto utilizando o raciocínio dedutivo
e partindo da seguinte afirmação:
“A iniciação na vida amorosa geralmente é muito tensa,
muito intensa, muito turbulenta, muito permeada de gozos
e agruras.”
(Veja Edição Especial Jovens. Set. 2001. p. 87)
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ATIVIDADE 3.8:
Utilize a frase abaixo, do psiquiatra paulista Dr. Içami
Tiba, como hipótese para desenvolver um texto pela
dedução.
“Os pais dos jovens de hoje foram educados de forma
autoritária e, com medo de repetir o erro com os própri-
os filhos, acabaram caindo no extremo oposto, que é a
permissividade.”
(Veja Edição Especial Jovens. Set. 2001. p. 69)
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4. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS.
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL.
4.1. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Neste capítulo, vocês terão oportunidade de exercitar a
competência relacionada à leitura de textos diversos.
Terão, também, a oportunidade de conhecer a tipologia
de alguns textos necessários ao mercado de trabalho.
Ler significa compreender, interpretar textos, dados e
fatos e, ainda, estabelecer relações entre os textos e os
contextos a que se referem. A memorização e repetição
acrítica de um determinado conjunto de informações não
é a verdadeira leitura.
Ler é ter capacidade de análise, de reconhecer e explicitar
o papel desempenhado por diferentes recursos linguísticos
na organização de textos de diferentes níveis de
linguagem.
Leia o seguinte texto e sua apresentação na prova do Enem (98):
Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal
da Língua Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto
discursivo. Para exemplificar este fato, seu professor de Língua
Portuguesa convida-o a ler o texto Aí, Galera, de Luís Fernando
Veríssimo. No texto, o autor brinca com situações de discurso oral
que fogem à expectativa do ouvinte.
Aí, Galera
Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por
exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo
“estereotipação”? E, no entanto, por que não?
– Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
– Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas,
aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
– Como é?
– Aí, galera.
– Quais são as instruções do técnico?
– Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção
coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam
as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um
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Curso Técnico em Informática
contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade,
valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto,
surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
– Ahn?
– É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
– Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
– Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez
mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões,
inclusive, genéticas?
– Pode.
– Uma saudação para a minha progenitora.
– Como é?
– Alô, mamãe!
– Estou vendo que você é um, um...
– Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à
expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade
de expressão e assim sabota a estereotipação?
– Estereoquê?
– Um chato?
– Isso.
(Correio Braziliense, 13/05/1998)
Percebe-se, pela leitura do texto, que o autor criou uma situação
humorística ao romper com a previsibilidade que esperamos da linguagem
de um jogador de futebol. Os termos que o jogador usa soam fora de
lugar numa entrevista em final de jogo. O Enem cobrou uma questão
sobre essa inadequação, além de outras duas, aproveitando o assunto:
ATIVIDADE 4.1:
1. O texto retrata duas situações relacionadas que fo-
gem à expectativa do público. São elas:
a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início
da entrevista, e a saudação final dirigida à sua mãe.
b) a linguagem muito formal do jogador, inadequada
à situação da entrevista, e um jogador que fala,
com desenvoltura, de modo muito rebuscado.
c) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevis-
tador, e da expressão “progenitora”, por parte do
jogador.
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Português
d) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da
palavra “estereotipação”, e a fala do jogador em
“é pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles
sem calça”.
e) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas
de estereotipação e o jogador entrevistado não
corresponder ao estereótipo.
2. O texto mostra uma situação em que a linguagem
usada é inadequada ao contexto. Considerando as
diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale
a opção que representa também uma inadequação da
linguagem usada ao contexto:
a) “o carro bateu e capotô, mas num deu pra vê
direito” – um pedestre que assistiu ao acidente
comenta com o outro que vai passando.
b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” – um jovem
que fala para um amigo.
c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer
uma observação” – alguém comenta em uma
reunião de trabalho.
d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-
me ao cargo de Secretária Executiva desta
conceituada empresa” – alguém que escreve uma
carta candidatando-se a um emprego.
e) “Porque se a gente não resolve as coisas como
têm que ser, a gente corre o risco de termos, num
futuro próximo, muito pouca comida nos lares
brasileiros” – um professor universitário em um
congresso internacional.
3. A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser subs-
tituída, sem comprometimento de sentido, em lín-
gua culta, formal, por:
a) pegá-los na mentira.
b) pegá-los desprevenidos.
c) pegá-los em flagrante.
d) pegá-los rapidamente.
e) pegá-los momentaneamente.
Se você marcou para 1 a letra B; para 2 a letra E e para
3 a letra B, você acertou as questões.
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Curso Técnico em Informática
Algumas sugestões para uma boa leitura:
1. Compreender os propósitos implícitos e explícitos
da leitura;
2. Ativar e aportar à leitura os conhecimentos prévios
relevantes para o conteúdo em questão;
3. Dirigir a atenção ao fundamental, em detrimento do
que pode parecer mais trivial;
4. Avaliar a consistência interna do conteúdo expressa-
do pelo texto e sua compatibilidade com o conheci-
mento prévio e com o ‘sentido comum’;
5. Comprovar continuamente se a compreensão ocorre
mediante a revisão e a recapitulação periódica e a auto-
interrogação;
6. Elaborar e provar inferências de diversos tipos, como
interpretações, hipóteses, previsões e conclusões”.
(SOLÉ, 1998, 73 apud Dalla Vecchia, Adriana; Gavron Thaís Fernanda in
Projeto da Oficina de leitura: uma experiência em sala de aula)
Agora você vai testar sua habilidade de leitura.
ATIVIDADE 4.2:
Leia o seguinte texto e responda às questões a seguir:
NoBrasildasúltimasdécadas,amisériatevediversascaras.
Houve um tempo em que, romântica, ela batia à nossa
porta. Pedia-nos um prato de comida. Algumas vezes,
suplicava por uma roupinha velha.
Conhecíamos os nossos mendigos. Cabiam nos dedos
de uma das mãos. Eram parte da vizinhança. Ao ali-
mentá-los e vesti-los, aliviávamos nossas consciências.
Dormíamos o sono dos justos.
A urbanização do Brasil deu à miséria certa impessoali-
dade. Ela passou a apresentar-se como um elemento da
paisagem. Algo para ser visto pela janelinha do
carro, ora esparramada sobre a calçada, ora refugiada sob
o viaduto.
A modernidade trouxe novas formas de contato com a
riqueza. Logo a miséria estava batendo, suja, esfarrapada,
no vidro de nosso carro.