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Junho/2020
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
JORNALISMO
SEO, CRITÉRIO DE NOTICIABILIDADE E VALOR-NOTÍCIA NO
JORNALISMO DIGITAL: UMA ANÁLISE EM NOTÍCIAS SOBRE BOLSONARO
E AS ELEIÇÕES DE 2018
Erick Nunes da Costa
Niterói
Junho/2020
ii
ERICK NUNES DA COSTA
SEO, CRITÉRIO DE NOTICIABILIDADE E VALOR-NOTÍCIA NO JORNALISMO
DIGITAL: UMA ANÁLISE EM NOTÍCIAS SOBRE BOLSONARO E AS ELEIÇÕES
DE 2018
Monografia apresentada como requisito parcial para
obtenção de grau do título de Bacharel, do curso de
Jornalismo da Universidade Estácio de Sá.
ORIENTADORA: Profa. Dra. Soraya Venegas Ferreira
C837s Costa, Erick Nunes da
SEO, critério de noticiabilidade e valor – notícia no jornalismo digital: uma análise em
notícias sobre Bolsonaro e as eleições de 2018. - Niterói, 2020.
98 f. : il. color.; 30cm.
Orientador: Prof. DSc. Soraya Venegas Ferreira.
Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Universidade
Estácio de Sá, Curso de Jornalismo 2020.
1. Jornalismo digital. 2. SEO 3. Bolsonaro. I. Ferreira, Soraya Venegas.
II. SEO, critério de noticiabilidade e valor – notícia no jornalismo digital: uma análise em
notícias sobre Bolsonaro e as eleições de 2018.
CDD: 070.4
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iii
ERICK NUNES DA COSTA
SEO, CRITÉRIO DE NOTICIABILIDADE E VALOR-NOTÍCIA NO
JORNALISMO DIGITAL: UMA ANÁLISE EM NOTÍCIAS SOBRE BOLSONARO
E AS ELEIÇÕES DE 2018
Grau:
Niterói
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iv
DEDICATÓRIA
Dedico esta Monografia aos meus pais, Fátima e Vicente, que me
acolheram durante toda minha vida e que estão comigo em todas as
minhas escolhas e decisões. Dedico também à minha futura esposa,
Kamilla Andressa, que é a minha inspiração diária e o grande amor
da minha vida. Sem essas pessoas, minha vida não faz sentido algum.
Niterói
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v
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus porque creio que tudo o que acontece, de bom e
ruim, na minha vida é porque Ele permitiu. A conclusão desta Monografia é uma das maiores
conquistas da minha vida e sei que Deus permitiu que eu conseguisse concluir, mesmo diante
todas as dificuldades.
Agradeço a Soraya Venegas que foi mais que uma orientadora, foi aquela que
entendeu todas as minhas necessidades; que organizou as ideias soltas que estavam na minha
cabeça para que eu possa fazer esta Monografia da melhor maneira possível; e que me deu
as melhores palavras de incentivo que precisei durante todo meu último período.
Agradeço aos meus professores que fizeram parte de toda minha trajetória na
Universidade Estácio de Sá, em especial, as professoras Ana Lúcia, Aline Novaes e Helen
Britto e os professores Flávio Nehrer e Marcelo Sosinho. Acredito que os ensinamentos
desses professores nunca serão esquecidos por mim, cada um em sua particularidade
especial.
Agradeço aos meus melhores amigos e amigas que me incentivaram nessa trajetória
e que tenho um carinho especial: Camila Farias; Douglas Soares; Eduardo Andrade; Erick
Levir; Georgete Marins; José Carlos; Igor Ramos; Isabela Alves; Martha Valéria; Mateus
Cavalcante; Matheus Mendes; Padre Wellington Dahan.
Agradeço a todos os envolvidos para que eu pudesse trabalhar, nas redes sociais da
Estácio Brasil, na oitava edição do Rock in Rio e a todos os envolvidos para que eu pudesse
ter a experiência de colaborar no NUCOM, Núcleo de Comunicação da Estácio, em todas as
mídias: Impresso, Rádio e TV.
Gratidão a todos vocês.
Niterói
Junho/2020
vi
“Há uma luz que não se vê
Brilha o tempo todo dentro de você.
Há uma luz em algum lugar
Que vai fazer seu sonho se realizar.”
Rouge
Niterói
Junho/2020
vii
RESUMO
Cada fase do jornalismo possui sua característica e linguagem própria: jornalismo
impresso, o radiojornalismo, o telejornalismo e o jornalismo digital. Desde que o jornalismo
digital se tornou popular, depois do advento da internet, diversas mudanças foram surgindo
na prática jornalística. Uma dessas mudanças foi a necessidade de utilizar as técnicas de
SEO, que significa otimização dos mecanismos de busca, ou seja, técnicas para que o
material jornalístico se posicione bem nos mecanismos de busca, como o Google.
Este trabalho analisará as técnicas de SEO, os critérios de noticiabilidade e valores-
notícia em quatro notícias de quatro veículos distintos sobre o tema: a vitória de Jair
Bolsonaro como presidente da República em 2018. As técnicas de SEO ainda são pouco
praticadas nos grandes veículos de comunicação. Em contrapartida, são bastante praticadas
no portal do G1. Este trabalho pretende reforçar a importância dessa prática no jornalismo
digital.
Palavras-chave: Jornalismo Digital; SEO; Bolsonaro
Niterói
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viii
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1 – Notícia do G1: Jair Bolsonaro é eleito presidente e interrompe série de vitórias
do PT
ANEXO 2 – Notícia do R7: Jair Bolsonaro (PSL) é eleito presidente do Brasil
ANEXO 3 – Notícia da Agência Brasil: Com 100% das urnas apuradas, Bolsonaro obteve
57,7 milhões de votos
ANEXO 4 – Notícia do UOL: Um capitão no Planalto
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10
Capítulo I: A relação entre o jornalismo e o Google ......................................................... 12
1.1 A história do jornalismo digital no Brasil.................................................................. 12
1.2 Surgimento de um gigante ......................................................................................... 16
1.3 O Google no Jornalismo ............................................................................................ 22
Capítulo II: Jornalismo digital e seu valor na sociedade ................................................... 27
2.1 Entendendo o funcionamento da internet e sua aplicabilidade no jornalismo digital 27
2.2 Desmistificando o jornalismo digital e a mídia alternativa presente no ciberespaço 34
2.3 Definindo o que é notícia e a produção noticiosa no jornalismo digital.................... 38
Capítulo III: Concorrência no jornalismo digital e Bolsonaro nas eleições de 2018 ........ 46
3.1 A personalidade de Jair Bolsonaro e as eleições de 2018.......................................... 46
3.2 A concorrência do jornalismo digital nas buscas no Google..................................... 52
3.3 Critérios de noticiabilidade, valores-notícia e técnicas de SEO na produção noticiosa
......................................................................................................................................... 61
CONCLUSÃO.................................................................................................................... 69
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 71
ANEXOS........................................................................................................................79
10
INTRODUÇÃO
O jornalismo digital possui sua característica única, assim como os outros meios
de massa. Essa particularidade é amplamente classificada. Uma dessas classificações é o
SEO, que é pouco explorado em muitos portais noticiosos de grande notoriedade. O tema
desta Monografia é uma análise das técnicas de SEO, bem como os critérios de
noticiabilidade e valores-notícia utilizados em portais de notícia, referentes a Jair
Bolsonaro e a eleição presidencial de 2018. Esse tema foi escolhido por ser um assunto
de âmbito nacional e que, de certa maneira, muitos veículos noticiosos fariam um ou
mais produtos jornalísticos sobre o mesmo tema.
Com esse tema em análise é possível verificar como ocorre a concorrência entre
os veículos jornalísticos dentro das pesquisas no Google. Este trabalho pretende explicar
e conscientizar os produtores de conteúdo sobre quais são os principais caminhos para
alcançar uma maior audiência conquistando as primeiras posições no Google. Isso será
feito através de análises sobre o G1, que será tomado como exemplo, levando em
consideração que é um veículo que adere, à risca, as práticas de SEO.
O objetivo geral desta Monografia é explicar a importância da utilização das
técnicas de SEO na prática profissional diária do jornalista digital. Já o objetivo
específico é revelar como alguns grandes veículos de comunicação utilizam, ou não, as
técnicas de SEO em uma notícia. A metodologia utilizada para a realização desta
Monografia é o estudo de caso, no qual serão analisadas quatro notícias de quatro portais
distintos: G1; R7; Agência Brasil; e UOL.
O primeiro capítulo conta um breve resumo da evolução dos meios de
comunicação no Brasil: jornalismo impresso; radiojornalismo; telejornalismo; até a
chegada do jornalismo digital. Esse capítulo também apresenta a história do Google e
sua ascensão até se tornar a maior empresa de mecanismo de busca do mundo. Além
disso, o primeiro capítulo aborda a relação entre o Google e o jornalismo digital, ou seja,
como o Google pode contribuir para o jornalismo com seus aplicativos e ferramentas
criadas, especificamente, para jornalistas e outras que podem ser utilizadas por diversos
públicos, mas os jornalistas também podem tirar proveito. O segundo capítulo apresenta,
de forma resumida, como funciona a internet de modo geral e como essa prática se aplica
no jornalismo digital. Além disso, esse capítulo revela a escolha pelo termo jornalismo
11
digital, diante de outros como jornalismo online; webjornalismo; ciberjornalismo; e
jornalismo eletrônico. Apresenta, também, alguns conceitos que são características do
jornalismo digital. Nesse segundo capítulo também será explicado as Teorias do
Jornalismo, com ênfase na Teoria do Newsmaking, além de conceitos como critérios de
noticiabilidade e valores-notícia e suas atualizações no jornalismo digital. O terceiro
capítulo apresenta o objeto desta Monografia: Jair Bolsonaro. Esse capítulo conta a
história e trajetória política de Jair, além de conhecer sua personalidade. Além disso,
apresenta a utilização de ferramentas como Google Trends e Ubersuggest para entender,
na prática, a concorrência no Google. Esse capítulo finaliza com uma análise do estudo
de caso desta Monografia, apresentado anteriormente.
12
Capítulo I: A relação entre o jornalismo e o Google
Neste capítulo será apresentada uma breve história da evolução das mídias de
massa até o advento da internet e como surgiu o jornalismo digital no Brasil. Além disso,
será feito um resumo da biografia de uma empresa que está presente na vida da maioria
das pessoas, que utilizam a internet: o Google. Será visto como ela superou todos os seus
concorrentes enquanto ferramenta de pesquisa. Com o intuito de unir o jornalismo digital
e o Google, este capítulo também discorre sobre como o jornalista precisou se adaptar a
uma nova prática que afeta diretamente no ranqueamento da produção jornalística no
mecanismo de busca e como o Google ajuda o jornalista nessa tarefa.
1.1 A história do jornalismo digital no Brasil
Segundo a jornalista Pollyana Ferrari1
, as mudanças do jornalismo, ao longo dos
anos, afetaram diretamente na prática do jornalista e na maneira como o público se
informa. A professora Héris ARNT afirmou que, com o passar dos anos, o jornalismo
impresso foi perdendo seu lugar, na questão da exclusividade da informação:
Com o aparecimento e o aumento gradativo da influência de novos
meios de comunicação, ao longo do século XX, primeiro pelo rádio,
depois pela televisão e na última década, pela tecnologia digital, o
jornal foi perdendo o lugar de fonte exclusiva de informação2
.
Ainda de acordo com ARNT3
, o Jornalismo impresso possui sua característica
própria e mantém o seu potencial e diferencial na questão da credibilidade e ética. Mas,
segundo a professora Joana ZILLER4
, essa característica precisou estar alinhada com a
velocidade da informação e, nesse quesito, o jornal impresso foi insuficiente. A
1
FERRARI, Pollyana. Jornalismo digital. Editora Contexto, 2007.
2
ARNT, Héris. Do jornal impresso ao digital: novas funções comunicacionais. Jornalismo no século XXI: a
cidadania, p.1. Trabalho apresentado no NP02 – Núcleo de Pesquisa Jornalismo, XXV Congresso Anual em
Ciência da Comunicação (Salvador - BA). Intercom, 2002. Disponível em:
http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/1afd5a712c7cd14a1199a27ab1defe9c.pdf. Consultado em março de
2020.
3
Idem, Ibidem. p.1.
4
ZILLER, Joana. Velocidade e credibilidade: algumas consequências da atual estruturação do webjornalismo
brasileiro. Trabalho apresentado ao NP Jornalismo do VI Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom.
Intercom, 2006. Disponível em: http://www.academia.edu/download/6251097/joana_ziller.pdf. Consultado
em março de 2020.
13
instantaneidade da informação chegou quando se iniciou o Radiojornalismo, nos anos
20, conforme as concepções da jornalista Nélia DEL BIANCO5
. Ler as notícias do dia
anterior não era mais a única forma de saber as notícias. Além dessa característica, o
formato da linguagem radiofônica de se noticiar era completamente diferente do
impresso. A coloquialidade e dinamismo estavam presentes naquele meio de
comunicação, segundo as jornalistas Luana CAMPOS e o linguista Plinio BARBOSA6
.
A jornalista Sonia Virgínia MOREIRA7
afirmou que, em 1938, uma dramatização
radiofônica feita pela CBS na véspera do Dia das Bruxas causou pânico nos EUA. A
dramatização da obra Guerra dos Mundos convenceu milhares de pessoas de que estava
ocorrendo uma invasão de alienígenas. Dessa maneira, as características do rádio
trabalham com o imaginário do ouvinte. Ao chegar a imagem em movimento, no Brasil,
com a TV, foi uma novidade importante para a evolução dos meios.
O jornalista Gilvan Ferreira de ARAUJO8
declarou que o primeiro programa de
notícia da Televisão no Brasil, chamado de Imagens do Dia, aconteceu na TV Tupi,
comandado por Maurício Loureiro Gama, em setembro de 1950. No início do
telejornalismo, a linguagem da TV tinha um formato parecido com a do radiojornalismo,
pois as imagens não eram acompanhadas de som, como são os vídeos, então havia a
necessidade de um locutor para narrar as imagens. Segundo o autor, o Repórter Esso
surgiu em abril desse mesmo ano e era como uma espécie de rádio na TV, pois não
podiam explorar as imagens. Alguns anos depois, o Jornal Nacional, foi o primeiro
telejornal a utilizar equipamentos que conseguiam gerar imagens ao vivo:
Com sua estreia datada em 1º de setembro de 1969, o Jornal Nacional
(JN), da Rede Globo, sob a apresentação de Hilton Gomes e Cid
Moreira, foi o primeiro telejornal a ser transmitido em rede a seguinte
5
DEL BIANCO, Nélia. Remediação do radiojornalismo na era da informação. II Encontro Nacional de
Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor (Salvador - Ba, 2004). Disponível em:
http://www.bocc.ubi.pt/~boccmirror/pag/bianco-nelia-remediacao-radiojornalismo-era-da-informacao.pdf.
Consultado em março de 2020.
6
CAMPOS, Luana; BARBOSA, Plinio. Radialista: análise acústica da variação entoacional durante fala
profissional e fala coloquial. In: Anais do Congresso Brasileiro de Prosódia. Disponível em:
http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/anais_coloquio/article/view/1269/1382. Consultado em
março de 2020
7
MOREIRA, Sonia Virgínia. O rádio dos anos 30 nos EUA: antecedentes de “A Guerra dos Mundos”.
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro – RJ, 2011). Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/237772154_O_radio_dos_anos_30_nos_EUA_antecedentes_de_A_
Guerra_dos_Mundos. Consultado em março de 2020.
8
ARAÚJO, Gilvan Ferreira de. Telejornalismo: da história às técnicas. Curitiba: InterSaberes, 2017.
14
frase na voz de Cid Moreira: “É o Brasil ao vivo aí na sua casa. Boa
noite”. Apesar das críticas sobre ter sido criado por interesse do
governo militar, o JN não parou de inovar e agregar novas tecnologias.
Também não parou de acumular prêmios e se tornou o telejornal de
maior audiência do Brasil.9
Tudo aquilo que o Radiojornalismo oferecia, no sentido informacional;
motivacional e emocional, o Telejornalismo também ofereceu em seu advento e com algo
que, para muitos, é fundamental: a imagem em movimento. Para a professora Vera Íris
PATERNOSTRO, esta continua sendo a principal forma de comprovação e impacto da
informação: “Quando existe uma imagem forte de um acontecimento, ela leva vantagem
sobre as palavras. Ela é suficiente para transmitir, ao mesmo tempo, informação e
emoção10
”. Ainda sobre a evolução dos meios, o pesquisador João CANAVILHAS
afirmou que “a rádio diz, a televisão mostra e o jornal explica”11
. Dessa maneira, o autor
complementou que a internet também tem a sua linguagem própria com a possibilidade
de utilização do texto; áudio e da imagem em movimento, além do uso de hipertexto,
como o diferencial exclusivo do meio.
FERRARI declarou que “no Brasil, os sites de conteúdo nasceram dentro das
empresas jornalísticas”12
e que, em fevereiro de 1995, o Jornal do Brasil criou o seu
portal on-line tornando-se o primeiro site jornalístico do Brasil. A jornalista afirmou que
as empresas de mídia tradicional como o Grupo Estado; a Editora Abril; as Organizações
Globo e o Grupo Folha são denominadas “como os maiores conglomerados de mídia do
país, tanto em audiência quanto em receita com publicidade”13
. FERRARI declarou que
os grandes sites jornalísticos brasileiros, de 1997 a 2000, focaram mais na produção de
conteúdo noticioso em massa que ao aprofundamento da matéria.
De acordo com as ideias do jornalista Rosental Calmon ALVES, os meios de
comunicação de massa tiveram que se adaptar para estar presente na internet e não para
competir, se não, o destino poderá resultar na falência do veículo.
9
Idem, Ibidem. p. 64-65.
10
PATERNOSTRO, Vera Íris. O texto na TV: Manual de Telejornalismo. Rio de Janeiro, Editora Campus,
1999, p. 72.
11
CANAVILHAS, João. Webjornalismo: considerações gerais sobre jornalismo na web, p. 2. 2001.
Disponível em:
https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/4358/1/CAP%C3%8DTULO_WebjornalismoConsidera%C3%A
7%C3%B5esgerais.pdf. Consultado em março de 2020.
12
FERRARI, P. Op. Cit. p. 25.
13
FERRARI, P. Op. Cit. p. 28.
15
Com um quadro tão pessimista e tão dramático, chegou a hora de os
jornais desistirem da Internet, certo? Errado. Na realidade, a crise
fortalece a posição estratégica dos jornais no novo ambiente de mídia
que se está formando através da atual revolução tecnológica. Engana-
se quem pensa que a atual crise esteja destruindo ou mesmo diminuindo
a importância da Internet como meio de comunicação de massa. [...] A
miopia dos jornais e de outros meios de comunicação tradicionais que
desistirem da Internet devido aos problemas conjunturais poderá
custar-lhes muito caro no futuro. A Internet não está desaparecendo.
Ao contrário, está se consolidando e se tornando parte da vida diária de
centenas de milhões de consumidores em todo o mundo14
.
Ainda segundo ALVES, assim como a linguagem audiovisual foi a grande
revolução diante da Rádio – suprindo a falta de imagem – a internet supriu a falta de
interatividade inexistente da TV e dos outros meios. Já, para a jornalista Barbara
Zamberlan ALVAREZ15
, não é segredo que a internet tomou conta de uma parte
significativa da população mundial. Quanto mais o tempo passa, mais os brasileiros estão
se conectando e se informando. Não há restrição de idade para o consumo de informação
e notícia, nos tempos atuais. A professora Juliana DORETTO16
afirmou que as crianças
aprendem rápido a pesquisar conteúdos de seus interesses. Já os professores Letícia
MIRANDA e Sidney FARIAS17
afirmaram que os idosos - que passaram boa parte de
sua vida sem internet; celular e redes sociais - hoje procuram se informar através da
internet. A pesquisadora Zélia Leal ADGHIRNI declarou sobre o consumo do jornalismo
na internet:
Quando se sabe que no Brasil hoje existem centenas de sites e portais
que veiculam informações diárias ou em tempo real, muitos dos quais
operados por pessoas que nada tem a ver com o mundo do jornalismo,
14
ALVES, Rosental Calmon. Reinventando o jornal na internet. Almanaque da Comunicação, 2001.
Disponível em: http://www.academia.edu/download/32055771/Texto_Rosental_aula_1.docx. Consultado em
março de 2020.
15
ALVAREZ, Barbara Zamberlan. Cartilha de recomendações de SEO para jornalistas online. Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul. 2011. Disponível em:
http://www.ntctec.org.br/media/files/downloads/cartilha-seo-no-jornalismo.PDF. Consultado em março de
2020.
16
DORETTO, Juliana. ‘Fala Connosco!’: o jornalismo infantil e a participação das crianças, em Portugal e
no Brasil. Lisboa, 2015. 236p. Disponível em:
https://run.unl.pt/bitstream/10362/17002/1/TESE_FINAL23fev.pdf. Consultado em março de 2020.
17
MIRANDA, Leticia Miranda de; FARIAS, Sidney Ferreira. As contribuições da internet para o idoso: uma
revisão de literatura. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 13, n. 29, p. 383-394, 2009. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/icse/v13n29/v13n29a11.pdf. Consultado em março de 2020.
16
como ficam estas leis? Quem pode controlar a Internet? Na medida em
que não existe nenhuma lei que proíba qualquer pessoa de abrir um site
disponibilizando notícias, quem vai controlar quem produz o quê?
Mas, e a credibilidade, perguntarão alguns. Certo. É neste ponto que os
jornalistas (e as empresas que empregam jornalistas) estão se
agarrando. Qualquer que seja o suporte, ninguém sabe fazer notícia
melhor que as empresas jornalísticas que empregam jornalistas. Têm
qualidade, credibilidade e recursos para investir na aquisição dos
serviços de agências nacionais e internacionais. Breve, têm, na base de
sustentação um grande nome, um label de qualidade. O leitor tende a
confiar mais numa Globo.com ou num Correioweb que num “João
Ninguém” que abre um site para divulgar “fofocas” ou promover
personalidades da alta sociedade.18
.
Dessa forma, segundo SARMENTO19
, a responsabilidade dos jornalistas de
mídias tradicionais, presentes na internet, ficou cada vez maior, desde a busca de uma
apuração de qualidade até a uma produção que atenda os quesitos dos mecanismos de
busca como o Google.
1.2 Surgimento de um gigante
O jornalista Steven LEVY20
contou a história de Larry Page, o fundador do
Google, que viveu em Lansing, Michigan. Seus pais eram formados em Ciência da
Computação, por isso Page conhecia a fundo essa área. Larry não era uma pessoa
sociável, falava pouco. No entanto, quando finalmente falava, surgiam ideias brilhantes
de sua mente. Em 1995, Hector Garcia-Molina21
, cofundador do Digital Libraty Project
(Projeto Biblioteca Digital), sabia que a World Wide Web22
faria parte dos projetos
iniciados por Larry Page. Por primeiro, Page criou, com seu amigo próximo Sergey
18
ADGHIRNI, Zélia Leal. Jornalismo Online e Identidade Profissional do Jornalista. Trabalho apresentado
no GT de Jornalismo do X Encontro Nacional da COMPÓS (Brasília, 2001). p.5. Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/biblioteca_1214.pdf. Consultado em março de 2020.
19
SARMENTO, Priscila Bueker. A inversão dos valores na mídia e sua influência na conduta jornalística. e-
Com, v. 10, n. 2, p. 6-15, 2018. Disponível em: https://unibh.emnuvens.com.br/ecom/article/view/2367/1247.
Consultado em março de 2020.
20
LEVY, Steven. Google A Biografia: Como o Google pensa, trabalha e molda nossa vida. São Paulo.
Universo dos Livros Editora, 2012. Disponível em:
https://mundonativodigital.files.wordpress.com/2016/03/google-a-biografia-steven-levy.pdf. Consultado em
abril de 2020.
21
Professor no Departamento de Ciência da Computação e Engenharia Elétrica da Universidade de Stanford.
Biografia disponível em: http://infolab.stanford.edu/people/hector.html. Consultado em abril de 2020.
22
A World Wide Web foi uma criação do engenheiro britânico Tim Berners-Lee, em março de 1989.
17
Brin23
o sistema de BackRub, que fazia o trabalho de saber quais links direcionavam para
uma determinada página.
De acordo com LEVY, Larry e Brin criaram o sistema de PageRank, que
classificava os websites através dos links de entrada. Para o êxito desse sistema, Page
pediu auxílio a Scott Hassan, assistente de pesquisa do Digital Library Project. Hassan
corrigiu a linguagem de programação, deixando de usar o Java24
para utilizar o Python25
,
o que resolveu os erros do sistema e fez com que o BackRub funcionasse conforme as
ideias de Larry. Por esse feito, Hassan foi incluído na equipe de Page. Seu amigo Brin
ficou responsável por organizar, matematicamente, os links coletados pelas pesquisas da
rede. Em março de 1996, a equipe fez um experimento começando pela página principal
do departamento de Ciência da Computação de Stanford. O teste alcançou um bom
resultado, segundo a avaliação da equipe.
Após os testes e o êxito do funcionamento do sistema, Larry e sua equipe
decidiram licenciar essa ferramenta de busca. Em uma reunião com a Excite26
, os
fundadores compraram o BackRub, de Larry, que trabalharia sozinho na empresa em
1997. LEVY informou que o total arrecadado por Page e sua equipe, nesse trabalho de
sete meses com a Excite, foi de 700 mil dólares em ações da Excite. Logo em seguida,
Hassan saiu do projeto e da equipe.
De acordo com as concepções do jornalista David VISE27
, em setembro de
1997, Larry e Brin renomearam o BackRub: pensaram googol - que representa o número
10100
e que faria todo sentido para o projeto. Page não conseguiu registrar o domínio com
esse nome, por já estar em uso. A palavra Google estava disponível e, então, Larry
decretou esse nome ao domínio do site.
Com um logotipo colorido e até mesmo infantil sobre um fundo
puramente branco, as habilidades mágicas do Google em apresentar
respostas rápidas e relevantes centenas de milhões e vezes por dia
23
Cofundador do Google com Larry Page, em 1998.
24
“Java é uma linguagem de programação e plataforma computacional lançada pela primeira vez pela Sun
Microsystems em 1995.” Disponível em: https://www.java.com/pt_BR/download/faq/whatis_java.xml.
Consultado em abril de 2020.
25
Segundo a Pyton.org, é uma Linguagem de programação desenvolvida sob uma licença de código aberto, o
que o torna mais fácil de usar que outras linguagens. Disponível em: https://www.python.org/about/.
Consultado em abril de 2020.
26
Antes chamada de Architext, a Excite é uma empresa de pesquisa iniciada por um grupo de alunos
inteligentes de Stanford cujo domínio é “www.excite.com/”. LEVY, Steven. Op. Cit. p. 32.
27
VISE, David A. Google: a história do negócio de mídia e tecnologia de maior sucesso dos nossos tempos.
Rocco, 2007.
18
mudaram a maneira como as pessoas buscam informações e ficam a
par das notícias. Bordado sobre o tecido do cotidiano, o Google tornou-
se indispensável de uma hora para outra. Milhões de pessoas o utilizam
diariamente em mais de cem idiomas e hoje consideram Google e
Internet indissociáveis. A busca por informação imediata sobre toda e
qualquer coisa é saciada ao "googleá-las" através de um computador
ou aparelho e telefone celular. Homens, mulheres e crianças passaram
a confirmar tanto no Google que hoje não conseguem imaginar como
um dia viveram sem ele.28
Segundo o empresário Alejandro Suárez SÁNCHES-OCAÑA29
, o Google
progrediu tanto que precisou deixar, em 1998, de utilizar as instalações de Stanford.
Dessa maneira, Larry e Brin compraram 120 drivers somando um total de um terabyte
de armazenamento. LEVY comparou as pesquisas nessa ferramenta com uma mágica.
Segundo o autor, as estatísticas do Google, em 1998, apontavam que eram realizadas 10
mil pesquisas por dia nessa ferramenta de pesquisa. A popularidade do Google só crescia,
mas a maior preocupação de Page era procurar melhorias constantes à ferramenta para
que seu destino não fosse o esquecimento, como aconteceu com o AltaVista30
. Além da
popularidade da empresa, ela se expandiu corporativamente: cientistas e programadores
com pensamento inovador, como dos fundadores, se uniram à empresa como
funcionários. Com isso, o Google se tornou, segundo LEVY, “sinônimo de pesquisa”31
,
passando por cima de todos os seus concorrentes.
Os principais concorrentes do Google, enquanto ferramenta de busca, são o
Yahoo! e o Bing. SÁNCHES-OCAÑA informou que o Yahoo! foi iniciado pelos alunos
da Universidade de Stanford: David Filo e Jerry Yang, em 1994, mas apenas em 1995,
foi constituido como empresa. No início do ano 2000, o Yahoo! era considerado o lider
no setor de pesquisa na web. O empresário Aaron GOLDMAN afirmou que, em junho
de 2000, o Google fez um negócio com o Yahoo! para alavancar os resultados de pesquisa
da empresa. Mesmo que o Yahoo! retornasse “exatamente os mesmos resultados que o
Google, cada vez mais pessoas iam diretamente ao google.com. (...) Por que? Simples.
Google significava buscar. Yahoo! significava ficar.”32
. Essa parceria foi encerrada no
ano de 2004. OCAÑA completou que diferente do Google – que pensava em como deixar
28
Idem, Ibidem. p. 9.
29
SÁNCHEZ-OCAÑA, Alejandro Suárez. A verdade por trás do Google. Editora Planeta do Brasil, 2013.
30
Atualmente, o website do Altavista (altavista.com) é automaticamente redirecionado para a homepage do
Yahoo!.
31
LEVY, Steven. Op. Cit. p. 90.
32
GOLDMAN, Aaron. Nos bastidores do Google: Tudo o que sei sobre marketing aprendi com o Google.
Editora Saraiva, 2017. p. 64.
19
a vida do usuário melhor e facilitar a vida dele – o Yahoo! pensava “que o usuário já
estivesse ali, que era secundário e um mero consumidor de publicidade.”33
O segundo grande concorrente do Google, o Bing, conforme contou
GOLDMAN, foi lançado pela Microsoft em junho de 2009. Ele foi apresentado como
uma ferramenta de decisão. A Microsoft acreditava que o usuário buscava a pesquisa
para a partir dela fazer uma escolha. SANCHES-OCAÑA informa , com base no
GlobalStats, que o Bing, que era uma ferramenta integrada às tecnologias do Yahoo!,
chegou no máximo ao segundo lugar como ferramenta de busca na internet, o que ocorreu
em 2011. Em uma entrevista com Brad Smith, vice-presidente sênior e assessor geral da
Microsoft, OCAÑA conseguiu o seguinte depoimento reconhecendo a inferioridade da
ferramenta Bing com relação ao Google:
Sem um acesso adequado ao YouTube, o Bing e outros motores de
busca não podem enfrentar o Google em igualdade de condições para
atender às buscas por vídeos desse site, e isso, claro, afasta os usuários
dos rivais do Google e os encaminha para essa empresa.34
Para SÁNCHES-OCAÑA, o Google era entendido como um mecanismo de
Inteligência Artificial, conseguindo armazenar além dos resultados das buscas o
comportamento dos usuários. Para isso, uma das muitas inovações foi a criação de um
sistema onde se corrigia o usuário após digitar palavras com erros de ortografia. A
aprimoração desse sistema foi a implementação de variados sinônimos para determinadas
palavras. Para atingir a liderança, a ferramenta precisou superar as dificuldades ocorridas
durante o seu desenvolvimento. Entre elas falhas de computadores e erros de indexação
e rastreamento .
O jornalista americano Douglas EDWARDS35
informou que o processo de
transformação é uma constante: entre as melhorias da ferramenta, destacam-se um
sistema que permite o bloqueio de conteúdos pornográficos, além de uma ferramenta que
elimina spam nas buscas. O desenvolvimento dessa ferramenta chamou a atenção de
empresários que passaram a pagar ao Google para estarem entre os primeiros resultados
nas buscas.
33
SÁNCHEZ-OCAÑA, Alejandro Suárez. Op. Cit. p. 100.
34
SÁNCHEZ-OCAÑA, Alejandro Suárez. Op. Cit. p. 128.
35
EDWARDS, Douglas. Estou com sorte. Editoras Houghton Mifflin e Penguin Books, 2011.
20
Contudo, LEVY afirmou que os críticos não acreditavam na ideia de que o
Google não manipulava o resultado do ranqueamento em troca de negócios. O Google
estava no comando das críticas e, para se defender, utilizava o seguinte argumento: “Se
você não confiasse no Google, como poderia confiar no mundo que ele apresentava em
seus resultados?”36
. Um dos avanços para a realização desse pensamento foi a
implementação do sistema Search-as-you-type, que significa procure enquanto digita.
Esse sistema procurava mostrar sugestões de resultados antes mesmo de o usuário
concluir a digitação.
Em 2010, foi detectado que os engenheiros do Google implementaram mais de
600 mudanças de aprimoramento na ferramenta de busca. As criações e
desenvolvimentos dessa empresa são para atender as necessidades dos usuários das mais
variadas áreas. Além de criar, o Google comprou plataformas que são utilizadas
frequentemente por quase todos os usuários da internet. SÁNCHES-OCAÑA discorreu
sobre a expansão do Google:
(...) o crescimento da companhia não se baseou somente no uso da
inovação; utilizou mais vias para sua expansão: uma via evolutiva,
mediante o uso dos avanços tecnológicos de que se dispõe, contando
com um quadro de funcionários de reconhecido prestígio, que é um dos
ativos fundamentais da empresa; e outra via, a econômica , mediante a
compra de uma infinidade de projetos que agora fazem parte do
monstro, o que amplia sua cobertura dentro e fora da Internet.37
Segundo SÁNCHES-OCAÑA, o Gmail, correio eletrônico do Google, foi
criado em 2004. O Gmail possui mais de 7GB de armazenamento. Essa plataforma está
sendo aprimorada e já possui o sistema de Inteligência Artificial. Por exemplo, se o
usuário digitar anexo, no assunto ou corpo do e-mail e não anexar nenhum arquivo, o
Gmail pergunta, por meio de um pop-up, se o usuário deseja anexar antes de enviar.
Sobre o faturamento de 2019, a ação do Google atingiu, segundo a matéria do
Exame38
, o valor de 162,7 bilhões de dólares e seu lucro líquido chegou no valor de 32
bilhões de dólares. Até feveireiro de 2020, o valor de mercado do Google chegou à quase
um trilhão de dólares.
36
LEVY, Steven. Op. Cit. p. 56.
37
SÁNCHEZ-OCAÑA. Op. Cit. p. 47.
38
Exame – Negócio – Alphabet divulga resultados: meta é bater a Microsoft na nuvem. Disponível em:
https://exame.abril.com.br/negocios/alphabet-divulga-resultados-meta-e-bater-a-microsoft-na-nuvem/.
Consultado em abril de 2020.
21
Financeiramente, seu concorrente direto, a Microsoft, possui um faturamento
superior ao Google. Em 2019, segundo a ADVFN Brasil39
, as ações da empresa estava
no valor de US$ 7 bilhões e seu lucro líquido foi de mais de 16 bilhões de dólares. O
valor de mercado da Microsoft, em 2020, chegou à pouco mais de um trilhão e duzentos
milhões de dólares. Foi um salto: segundo o gráfico da investing.com40
, uma cota de
ações da Microsoft que valia no Brasil em torno de R$ 75,00, em 2012, chegou ao valor
de R$ 845,00, em 2020.
O site da ADVFN Brasil41
apontou que as ações da Yahoo! possuiu um valor de
mercado de 27 bilhões de dólares. Seu valor na Bolsa de Valores estava em pouco mais
de 500 milhões de dólares e, em 2019, obteve um prejuizo de mais de 200 milhões de
dólares e nenhum lucro. Embora diversos programas da Microsoft - como os do Pacote
Office42
; da Adobe43
; da Xbox44
; e da Windows45
– sejam pagos pelos usuários, a grande
parte do valor da Microsoft vêm deles.
Já o Google possuiu a grande maioria de sua receita gerada por meio de anúncios
e retorno de seus produtos que, em sua maioria, são gratuitos para usuários. Segundo
VISE, o Google conseguiu gerar bilhões de dólares através dos esforços pela inovação.
Os funcionários do Google são incentivados a ter ideias inovadoras para fazer com que
a ferramenta de busca trabalhe mais rapidamente. “Uma razão pela qual a empresa não
tem necessidade de se auto-promover é que sua cultura favorece um foco preciso ao
atender os interesses dos usuários do Google.”46
.
Após analisar a história do Google e sua expansão como corporação na
sociedade fica evidente o quanto o Google pode ser chamado de gigante, como no título
do subitem deste capítulo. Dessa maneira, é possível verificar que o Google pode ser uma
39
ADVFN - Cotação Microsoft – MSFT. Disponível em: https://br.advfn.com/bolsa-de-
valores/nasdaq/MSFT/cotacao. Consultado em abril de 2020.
40
Investing.com – Microsoft Corporation (MSFT). Disponível em: https://br.investing.com/equities/microsoft-
corp-chart. Consultado em abril de 2020.
41
ADVFN – Cotação Yahoo! Inc. (MM) – YHOO. Disponível em: https://br.advfn.com/bolsa-de-
valores/nasdaq/YHOO/cotacao. Consultado em abril de 2020.
42
O Office 365 é a nova versão do Pacote Office, que reúne os aplicativos: Word, Excel, PowerPoint,
OneDrive, Teams, Outlook e outros. Disponível em: https://products.office.com/pt-br/home. Consultado em
abril de 2020.
43
O Creative Cloud reúne os principais softwares da Adobe, como Photoshop, Premiere Pro, After Effects,
Illustrator, InDesign, entre outros. Disponível em: https://www.adobe.com/br/products/catalog.html.
Consultado em abril de 2020.
44
Console de videogame lançada em 2013. Disponível em: https://www.xbox.com/pt-BR. Consultado em abril
de 2020.
45
Sistema operacional da Microsoft. O mais recente é a versão Windows 10. Disponível em:
https://www.microsoft.com/pt-br/windows/. Consultado em abril de 2020.
46
VISE, David A. Op. Cit. p. 13.
22
porta de entrada para os visitantes dos portais noticiosos, levando em consideração suas
ferramentas específicas para jornalistas.
1.3 O Google no Jornalismo
Como apresentado anteriormente, o Google se esforça para apresentar UX47
de
qualidade. Dessa maneira, a empresa insere sistemas de Inteligência Artificial para
entender o que o usuário está procurando. Segundo o jornalista Jeff JARVIS48
, os
usuários da internet sabem o que querem encontrar. Para o autor, o público é quem deve
determinar as tarefas aos jornalistas. Esse mecanismo de troca fortalece o relacionamento
entre o público e o jornal. JARVIS completa que se os jornalistas não concordarem com
essa realidade é porque não confiam no próprio público-alvo do jornal.
A professora Maria Carolina AVIS49
afirmou que a ferramenta de busca
classifica as melhores notícias, quando o usuário realiza a avaliação delas. Portanto, os
jornalistas devem se atentar a produzir um conteúdo que agrade o público do veículo,
para que o portal seja classificado como relevante para o Google. O jornalismo
participativo revolucionou a dinâmica de produção de notícia fazendo com que não
jornalistas contribuíssem ativamente com opiniões e mídias.
Em harmonia com os ideais de AVIS, os backlinks são os links que compõem a
notícia. Geralmente, ao final das notícias, os jornais tendem a inserir links de outras
notícias relacionadas para que o usuário fique por mais tempo no portal. Segundo a
autora, quanto mais backlinks a notícia receber, mais relevante ela será. Além disso, se o
link de uma notícia for inseria em uma outra página, esse link torna-se relevante para o
Google.
Um dos produtos do Google que utiliza o sistema de busca noticiosa é o Google
Notícias, que, segundo o Doutor em Ciência da Computação, Abhinandan DAS50
,
47
User Experience, em sua tradução, significa Experiência do Usuário. Ela abrange todas as interações do
usuário com a empresa e seus produtos e serviços. Disponível em:
https://www.nngroup.com/articles/definition-user-experience/. Consultado em abril de 2020.
48
JARVIS, Jeff. O que a Google Faria? Como atender às novas exigências do mercado. Editora Manole,
2010.
49
AVIS, Maria Carolina. SEO de verdade: se não está no Google, não existe. Editora InterSaberes, 2019.
50
DAS, Abhinandan S; DATAR, Mayur; GARG, Ashutosh. Google news personalization: scalable online
collaborative filtering. Canadá. In: Proceedings of the 16th international conference on World Wide Web,
2007. p. 271-280. Disponível em: https://dl.acm.org/doi/pdf/10.1145/1242572.1242610?download=true.
Consultado em abril de 2020.
23
apresenta recomendações com base nos interesses e filtros do usuário. De acordo com o
empresário Eric ULKEN51
, as notícias na internet têm sido buscadas com muita
frequência nos tempos atuais. O Google News foi lançado em 2001 e funciona através de
um processo denominado de aranha, indexando as principais e recentes notícias, levando
em consideração seus algoritmos. Esse produto é atualizado a cada 15 minutos.
De acordo com a descrição do aplicativo do Google News52
, as principais
medidas para melhoria da UX é apresentar os desdobramentos mais recentes das notícias
que o usuário pesquisou anteriormente e a possibilidade de o usuário acessar as notícias
em modo off-line. ULKEN afirmou que o Google Notícias sofreu diversas críticas sobre
a forma como seus algoritmos indexavam as notícias. Críticas essas que acusavam o
Google de um viés político, demonstrando preferência por determinados sites. Por mais
que o Google News analise o conteúdo completo para classificação, ela atribui um peso
maior na manchete das notícias. O autor comparou o Google News com seu concorrente,
Yahoo News, e concluiu que se os usuários estão procurando notícias atuais sobre um
candidato político, os melhores resultados estão no Yahoo Notícias. Em contrapartida, se
o usuário desejar variedades de pontos de vistas alternativos, o Google Notícias entregará
as melhores respostas. Já as jornalistas Patricia CURTAIN; Elizabeth DOUGALL; e
Rachel MERSEY53
informaram que o Yahoo News disponibiliza estatísticas, de três dias
de tendências, sobre as notícias mais visitadas, e mais recomendadas pelos usuários.
Através dela é possível obter uma medida comportamental real das preferências das
notícias dos usuários.
Conforme as ideias dos pesquisadores Jiahui LIU, Peter DOLAN e Elin
PEDERSEN54
, a defesa do Google das críticas está na diferença de variação presente de
computador para computador; desktop para desktop; e de dispositivo móvel para
dispositivo móvel. A tendência do Google News se dá de acordo com a frequência de
51
ULKEN, Eric. Question of Balance: Are Google News search results politically biased, 2005. Tese de
mestrado pela USC Annenberg School for Communication. Disponível em:
http://ulken.com/thesis/googlenews-bias-study.pdf. Consultado em abril de 2020.
52
Google Notícias: notícias do Brasil e do Mundo. Disponível em:
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.google.android.apps.magazines&hl=pt_BR. Consultado
em abril de 2020.
53
CURTAIN, Patricia A.; DOUGALL, Elizabeth; MERSEY, Rachel Davis. Study compares Yahoo! news story
preferences. Newspaper Research Journal, v. 28, n. 4, p. 22-35, 2007. Disponível em:
https://www.researchgate.net/profile/Rachel_Mersey/publication/239927303_Study_Compares_Yahoo_New
s_Story_Preferences/links/552b06690cf29b22c9c18dae.pdf. Consultado em abril de 2020.
54
LIU, Jiahui; DOLAN, Peter; PEDERSEN, Elin Rønby. Personalized news recommendation based on click
behavior. Proceedings of the 15th international conference on Intelligent user interfaces, 2010. p. 31-40.
Disponível em: https://dl.acm.org/doi/pdf/10.1145/1719970.1719976. Consultado em abril de 2020.
24
pesquisa individual do usuário. As sugestões das melhores histórias, assim denominadas
pelo Google, são baseadas, além dos algoritmos de comportamentos, em filtros como
idioma e localização do usuário. Além disso, a análise de logs, realizada pelos autores,
revelou que os cliques dos usuários individuais são influenciados pela tendência local de
notícias. Segundo DAS, esse clique é classificado pelo Google Notícias como um voto
positivo para o filtro de perfil. O sistema compara diversos perfis de usuários com
interesses em comum e cria recomendações baseadas nessa filtragem.
Alguns produtos e ferramentas do Google são facilitadores para jornalistas e
veículos noticiosos. Os que serão apresentados, analisados e relacionados ao jornalismo,
neste item são respectivamente: Google Analytics; Google Adsense; Centro do
publicador; The Fact .Check Tools; Iniciativa de Notícias e Google Trends.
Segundo as ideias da autora Sandra RITA55
, o Google Analytics analisa os dados
da empresa e a auxilia na tomada de decisões. O Analytics trabalha em um sistema de
Inteligência Artificial para identificar os comportamentos do usuário e melhorar a
experiência para ele. A autora afirmou que essa ferramenta contém aproximadamente 80
tipos de relatórios. Com isso, o jornalista consegue identificar quem são os usuários que
clicaram no portal noticioso, de onde vieram e quais foram os comportamentos no portal.
Além disso, o jornalista tem a possibilidade de saber quais foram as notícias mais
acessadas, ou seja, consegue analisar a audiência do site.
O Google Adsense é uma iniciativa do Google, iniciada em 2003, para monetizar
sites de acordo com as visitas e cliques em anúncios. Através dela, o jornalista consegue
receber, em dólar, do Google. O valor mínimo para saque é de US$ 100,00. Segundo o
site do Adsense, o Google afirmou que valoriza o conteúdo e que “criar conteúdo é
demorado, mas gerar receita com ele não deveria ser”56
.
Em 2019, o Google criou o novo Centro do publicador57
para os jornalistas.
Segundo o Google, a ferramenta ajuda os criadores de conteúdo a gerenciar a forma como
a notícia é apresentada no Google News. O site afirmou que o jornalista não é
obrigatoriamente necessário inserir o conteúdo no Centro do publicador para estar visível
no Google Notícias, mas há duas vantagens para o jornalista que adere o uso da
55
RITA, Sandra. Dominando as ferramentas do Google. Universo dos Livros Editora, 2008.
56
Google Adsense. Disponível em: https://www.google.com/intl/pt-BR_br/adsense/start/. Consultado em abril
de 2020.
57
Centro do publicador. Ajuda. Disponível em: https://support.google.com/news/publisher-
center/answer/9610084?hl=pt. Consultado em abril de 2020.
25
ferramenta: a primeira vantagem é a possibilidade que o jornalista tem de personalizar as
seções e o conteúdo da publicação; e a segunda vantagem é a oportunidade de apresentar
anúncios na área de conteúdo do Google News.
The Fact Check Tools58
é a ferramenta do Google que visa expor o trabalho de
jornalistas que se dedicam em verificar a veracidade dos fatos presentes na internet. Antes
da criação dessa ferramenta, o site jornalístico de Fact Check precisava ser marcado com
esquemas de dados estruturados ClaimReview, que permite que o Google reconheça o
portal como um site de verificação de fatos. Esse procedimento antigo exigia certo nível
de conhecimento técnico e podia apresentar problemas. Com essa nova ferramenta ficou
mais fácil e seguro a inserção da marcação no portal jornalístico.
O CEO do Google, Sundar Pichai59
, informou que o Google se preocupa com o
jornalismo. Pichai acredita que o conhecimento difundido torna a vida melhor para todos.
Diversas ferramentas e recursos, especialmente para o jornalismo, foram desenvolvidas
pelo Google e foram denominadas como: Iniciativa de Notícias. Com essa novidade,
foram criados produtos para atender as necessidades das organizações de notícias; além
disso, a iniciativa possui a colaboração de parceiros para atender às necessidades de
negócios e desafios do setor; e a iniciativa desenvolveu programas para impulsionar a
inovação nos veículos noticiosos.
Os professores Gorete DINIS; Carlos COSTA; e Osvaldo PACHECO
declararam que o Google Trends é uma ferramenta disponível ao público que “mostra o
quão frequente um determinado termo de pesquisa é pesquisado pelos utilizadores em
relação ao volume de pesquisas total”60
, desde 2012. De acordo com as concepções dos
autores, o jornalista consegue coletar dados de 2004 até o presente. Essa funcionalidade
pode ser utilizada na prática de produção de notícia para que o jornalista analise a
relevância de um determinado assunto, mediante o volume de busca. No Capítulo II deste
trabalho serão apresentados e analisados, à fundo, o uso dessa ferramenta.
Segundo ZAMBERLAN, a relação entre o jornalismo, do século XXI, e o
Google é existente a partir do advento da internet. A autora atentou para a importância
58
Ferramenta de verificação dos fatos. Sobre. Disponível em: https://toolbox.google.com/factcheck/about.
Consultado em abril de 2020.
59
Iniciativa de Notícias Google. Sobre. Disponível em:
https://newsinitiative.withgoogle.com/intl/pt_br/about/. Consultado em abril de 2020.
60
DINIS, Gorete; COSTA, Carlos; e PACHECO, Osvaldo. Nós Googlamos! Utilização da ferramenta Google
Trends para compreender o interesse do público pelo Turismo no Algarve. Dos Algarves: A Multidisciplinary
e-Journal, 26(1), 64-84, 2015. p. 5. Disponível em:
http://dosalgarves.com/index.php/dosalgarves/article/download/75/117. Consultado em abril de 2020.
26
que o jornalista deve dar em relação aos mecanismos de busca. Grande parte da audiência
do portal vem do Google. Além disso, de acordo com as ideias do professor Vinit Kumar
GUNJAN61
, os usuários costumam ir apenas à primeira página de pesquisa, ou seja, se o
conteúdo produzido estiver posicionado na segunda página em diante, o trabalho árduo
de produção da notícia poderá não ser visualizado com a demanda esperada. Por isso, o
jornalista digital deve inserir as técnicas de SEO na rotina de produção das notícias. Essas
técnicas serão apresentadas e analisadas no capítulo seguinte deste trabalho.
61
GUNJAN, Vinit Kumar et al. Search engine optimization with Google. International Journal of Computer
Science Issues, vol. 9, Issue 1, nº 3, p. 206-214, 2012. Disponível em:
https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/34306268/IJCSI-9-1-3-206-214.pdf. Consultado em abril
de 2020
27
Capítulo II: Jornalismo digital e seu valor na sociedade
Neste capítulo serão apresentados a lógica da web de uma maneira mais ampla,
ou seja, como funciona a internet e seu uso no jornalismo digital. Para isso, serão
explicados conceitos como ciberespaço, cibercultura, hipertexto, as gerações da web e
SEO. Em seguida, será desenvolvida, neste capítulo, uma problematização sobre as
denominações do jornalismo praticado na internet e a justificativa da nomenclatura
escolhida, dentre todas, ser o ‘jornalismo digital’. Desse modo, serão esclarecidas as
principais características desse tipo de jornalismo, por meio de conceitos como
convergência midiática, interatividade, assim como a presença da mídia alternativa no
ciberespaço. Na sequência deste item será explicado o que é notícia e como se estrutura
a mesma, fazendo uma apresentação de conceitos como lead e título. Além disso, serão
vistas algumas Teorias do Jornalismo, com ênfase Teoria do Newsmaking para discorrer
sobre a produção noticiosa. No final deste capítulo será feita uma avaliação sobre a
atualização dos critérios de noticiabilidade e valores-notícia, para sua utilização no
jornalismo digital.
2.1 Entendendo o funcionamento da internet e sua aplicabilidade no jornalismo digital
Segundo o doutor em Ciência da Computação, James KUROSE, e o pesquisador
ROSS62
, a internet não é algo fácil de ser entendido. Para entendê-la é necessária uma
divisão entre seus componentes básicos, que são hardware, que são os meios físicos que
fazem a comunicação eficaz entre os componentes da rede; software, que são instruções
dadas a um computador para execução de tarefas específicas; e serviços que a internet
oferece.
KUROSE e ROSS declararam que a internet é uma rede mundial de
computadores que conecta milhões de computadores do mundo inteiro. Os sistemas e
componentes da internet trabalham através de protocolos que organiza a entrada e saída
de informações na internet. Esses sistemas são conectados entre si a partir de links de
comunicação como, por exemplo, cabos de fibra ótica e ondas de rádio. Esses links
62
KUROSE, James F.; ROSS, Keith W. Redes de Computadores e a Internet: uma abordagem top-down.
Pearson Universidades. 6ª Edição, 2013.
28
possuem velocidades de conexão, chamadas de largura de banda. Os autores informaram
que essa comunicação em um local, geralmente, é executada por meio de um roteador.
Ainda de acordo com as concepções de KUROSE e ROSS, a internet fornece
duas categorias de serviços: o serviço orientado e não orientado à conexão. O serviço
orientado é quando qualquer entidade comunicante transfere pacotes de dados entre si.
Esse serviço é denominado de TCP. O IP também faz parte do serviço orientado e possui
o objetivo de descobrir a rota ideal entre o remetente e o destinatário para a transmissão
dos dados. Já o serviço não orientado é chamado de UDP e é quando apenas o servidor
remetente envia os pacotes de dados, não havendo a troca recíproca, como apresentado
no serviço anterior. O UDP não garante o êxito do fluxo dos dados reais, porque o
servidor originador não sabe o certo por onde passam os pacotes de dados.
O professor José Benedicto PINHO63
afirmou que a World Wide Web (WWW)
é um conceito fundado, em 1991, pelo engenheiro Tim Berners-Lee e se denomina como
sinônimo de internet. A WWW é “um modo de organização e da informação e dos
arquivos na rede”64
. Ela é baseada no modelo cliente-servidor que funciona através do
HTTP, que significa o protocolo que estabelece como os componentes da internet devem
interagir para transferir as informações associadas à internet. Todos os sites precisam
passar por esse protocolo para estabelecer a conexão correta e eficaz com a internet. De
acordo com o autor, “a velocidade de disseminação da internet em todo o mundo deve
transformá-la efetivamente na decantada superestrada da informação”65
.
Conforme a explicação anterior, o HTTP e a WWW trabalham juntos. Em razão
disso, cada empresa que desejar estar presente na internet, precisará de um link - que
funciona como um sistema de redirecionamento para páginas específicas da internet – e
esse link pode ser denominado como domínio. Esse domínio, em geral, é pago. Os
domínios gratuitos, em sua maioria, são aqueles que estão atrelados à empresa onde se
fez o registro. No capítulo anterior deste trabalho foi contado como os fundadores do
Google registraram o domínio e é dessa maneira que funciona, geralmente. Não é
possível existir dois links com os mesmos caracteres.
O hipertexto é a linguagem da internet, pois está ligado diretamente ao link. O
pesquisador Pierre LÉVY explicou que o hipertexto é “um conjunto de nós ligados por
63
PINHO, José Benedito. Jornalismo na internet: Planejamento e produção da informação on-line. Summus
Editorial. 2ª Edição, 2003.
64
Idem, Ibidem. p. 33.
65
Idem, Ibidem. p. 5.
29
conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou parte de gráficos,
seqüências sonoras, documentos complexos que podem ser eles mesmos hipertextos.”66
.
A não-linearidade dos itens é a principal característica do hipertexto.
Para complementar a ideia da internet como um amplo ambiente, LÉVY67
utilizou, também, um conceito chamado ciberespaço - termo inventado por Wiliam
Gibson, em 1984 - que significa o novo meio de comunicação criado a partir do
surgimento da intenet. É por meio da extensão do ciberespaço que aumenta a
virtualização da economia e da sociedade, ou seja, é por causa dele que surgiu o mundo
virtual, que consiste nas informações em um local contínuo, como por exemplo, o
videogame. O autor complementou que o crescimento das conexões no ciberespaço
aumentou a aproximação social:
Uma das principais funções do ciberespaço é o acesso a distância aos
diversos recursos de um computador. Por exemplo, contanto que eu
tenha esse direito, posso, com a ajuda de um pequeno computador
pessoal, conectar-me a um enorme computador situado a milhares de
quilômetros e fazer com que ele execute, em alguns minutos ou
algumas horas, cálculos (...) que meu computador pessoal levaria dias
ou meses para executar.68
O termo cibercultura foi criado pelo autor Pierre Lévy para determinar o
conjunto de atitudes, pensamentos, práticas, técnicas, e valores criados a partir da
expansão do ciberespaço. A cibercultura está ligada a universalidade, mas é o “universal
sem totalidade (...) porque sua forma ou sua ideia implicam de direito o conjunto dos
seres humanos”69
. LÉVY classificou a cibercultura em três princípios: a interconexão,
que significa a humanidade em comunicação, interação e contato virtual de forma
universal; as comunidades virtuais, que são pessoas que se organizam por meio de correio
eletrônico universal; e inteligência coletiva, que significa uma inteligência compartilhada
por um grupo de comunidade virtual com a finalidade de colaborar, contribuir e inovar.
Dentro desse cenário, o engenheiro André LEMOS criou um termo denominado
cibercidade, que “nada mais é do que um conceito que visa colocar o acento sobre as
66
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Tradução:
Carlos Irineu da Costa. p. 20. Disponível em:
https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/32078159/As-Tecnologias-da-Inteligencia.pdf.
Consultado em abril de 2020.
67
Idem. Cibercultura. Editora 34, 2010.
68
Idem, Ibidem. p. 93.
69
Idem, Ibidem. p. 119.
30
formas de impacto das novas redes telemáticas no espaço urbano”70
, em outras palavras,
é a cidade dentro da cibercultura. A cibercidade, segundo o autor, faz com que as práticas
da sociedade sejam mudadas com novas tecnologias de comunicação.
A internet ou, simplesmente, web passou por quatro gerações. A cada geração,
ocorreram mudanças significativas de tecnologias e hábitos na sociedade dentro do
ciberespaço. A primeira geração da web, de acordo com o professor Henrique Teixeira
GIL71
, é a geração da novidade. Uma nova sociedade foi iniciada: a sociedade da
informação, onde se conseguia consultar tudo a qualquer hora do dia. A professora
Adelina MOURA72
definiu que a segunda geração da web foi marcada pela
popularização de aplicativos e ferramentas que permitiram fazer com que qualquer
usuário da internet pudesse se transformar em produtor de conteúdo. Além disso, a web
2.0 foi a porta de entrada para a popularização dos dispositivos móveis.
O professor de Sistemas da Computação, Seiji ISOTANI, et al.73
, chamou a web
3.0 de Web Semântica Social porque, nessa geração, foi possível gerar sistemas de
conhecimento coletivo onde os significados das informações são compartilhados,
organizados e estruturados. É nessa geração que surgem os conceitos de cibercultura e
inteligência coletiva, explicadas anteriormente. A quarta geração da web foi classificada
pela mestre em Engenharia de Sistemas e Computação, Patricia Lima QUINTÃO, et al.,
como a geração da inteligência artificial:
A web 4.0 busca soluções para questões ainda não levantadas, ou
problemas que ainda não existem, como, por exemplo, a câmera digital,
que passou a fazer parte dos notebooks, celulares e até canetas; mesma
funcionalidade em aparelhos extremamente distintos, por isso, na
perspectiva do autor, essa geração da web é, portanto, baseada muito
mais em hardware do que em software74
.
70
LEMOS, André (org). Cibercidades: um modelo de inteligência coletiva. Cibercidade. As cidades na
cibercultura. Editora e-papers. p. 19-26, 2004. p. 1.
71
GIL, Henrique. A passagem da Web 1.0 para a Web 2.0 e… Web 3.0: potenciais consequências para uma
«humanização» em contexto educativo. Educatic: boletim informativo, p. 1-2, 2014. Disponível em:
https://repositorio.ipcb.pt/bitstream/10400.11/2404/1/A%20passagem%20da%20Web%20Henrique.pdf.
Consultado em abril de 2020.
72
MOURA, Adelina. A web 2.0 e as tecnologias móveis. In: Manual de Ferramentas da Web 2.0 para
Professores. 2008. Disponível em:
http://repositorio.uportu.pt/jspui/bitstream/11328/506/2/web%202.0%20e%20as%20tecnologias%20moveis.
2008.pdf. Consultado em abril de 2020.
73
ISOTANI, Seiji et al. Web 3.0 - Os rumos da Web semântica e da Web 2.0 nos ambientes educacionais. In:
Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. 2008. p. 785-795.
74
QUINTÃO, Patricia Lima; et al. Análise dos desafios e melhores práticas para resguardar a segurança e
privacidade dos dispositivos móveis no uso das redes sociais. In: Conferência IADIS Ibero-Americana
31
A autora completou que conforme novas tecnologias vão surgindo e se
disseminando na sociedade, É analisada a necessidade da criação de uma nova geração
da web. Portanto, no período deste trabalho até 2030, estaremos vivenciando os impactos
e efeitos da web 4.0.
A internet é um espaço onde estão inúmeros arquivos, sites e informações de
diversas áreas e linguagens distintas. É função das ferramentas de busca organizar todo
esse conteúdo e oferecer as respostas corretas para o usuário da internet. No primeiro
capítulo deste trabalho foi apresentada a história do Google como a maior empresa de
ferramenta de busca do mundo. Mas como funciona um mecanismo de busca? Após
apresentada a lógica do funcionamento da internet, o entendimento de como a busca
consegue retornar os resultados desejados pelo o usuário será desenvolvido nos próximos
parágrafos.
Segundo a pesquisadora Regina Meyer BRANSKI75
, os sites que funcionam
como mecanismo de pesquisa possuem um armazenamento de dados amplo. Todas as
páginas da internet possuem um sitemap - que é um arquivo que lista todos os links do
respectivo site – e o mesmo pode ser enviado ou não para os mecanismos de busca. As
principais plataformas de criação de sites, como WordPress76
e Wix77
possuem essa
opção para o site ser indexado ou não nas ferramentas de pesquisa. Na maioria dos casos,
a opção de não indexação é usada quando o site está em teste e não quer obter acesso no
momento. Além disso, as ferramentas de busca conseguem encontrar sites, informações
e dados automaticamente, sem precisar do envio do desenvolvedor do site. Esse sistema
é denominado de spider. Esse procedimento de armazenamento, por sua vez, é mais lento
que o primeiro apresentado.
Ainda conforme BRANSKI, cada ferramenta de busca possui um modo
diferente de classificar os links. O Google, como demonstrado no capítulo anterior,
entrega um número maior de resultados que seus concorrentes. Os sistemas dos
mecanismos de buscas organizam os resultados da pesquisa com uma listagem de links e
WWW/Internet, 2010. p. 5. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/274706269. Consultado
em abril de 2020.
75
BRANSKI, Regina Meyer. Localização de informações na internet: características e formas de
funcionamento dos mecanismos de busca. Transinformação, v. 12, nº 1, p. 11-19, 2000. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/tinf/v12n1/08.pdf. Consultado em abril de 2020.
76
Site disponível em: https://br.wordpress.org/. Consultado em abril de 2020.
77
Site disponível em: https://pt.wix.com/. Consultado em abril de 2020.
32
hipertextos de acordo com a relevância da página. Essa relevância será explicada ainda
no decorrer deste item.
Levando em consideração a importância da presença de um site nas primeiras
posições dos mecanismos de busca; que o Google é a melhor ferramenta de pesquisa do
mundo; e que boa parte da audiência dos sites vem através da busca na internet, existem
técnicas que ajudam os sites na conquista por um posicionamento melhor. Essa ajuda
pode ser denominada de otimização de sites para mecanismo de busca, ou SEO. O Google
criou o manual: Otimização de sites para Mecanismos de Pesquisa (SEO) - Guia do
Google para Iniciantes78
, para recomendar as principais técnicas necessárias para estar
bem ranqueado no Google, especificamente, mas funciona para o bom posicionamento
em outras ferramentas de busca, por se tratar de práticas e melhorias de conteúdo na
liguagem voltada para web. O conjunto da maioria dessas práticas representa a relevância
da página para os mecanismos de busca.
As primeiras recomendações do guia são sobre o título da página ou publicação
que precisa ser coerente com o assunto que a página se define, evitando nomes genéricos;
sobre a definição da descrição da página que precisa ser um breve resumo sobre o que a
página se trata, evitando conteúdos extensos; e sobre a estrutura dos links da página, que
precisa ser renomeada de acordo com o conteúdo apresentado, evitando caracteres
abstratos. Em seguida, as recomendações tratam da navegabilidade do site, que precisa
ser fácil para o usuário navegar, ou seja, o site precisa ter um sitemap bem hierarquizado,
estruturado e organizado por categorias e subcategorias, utilizando o breadcrumb, que
significa uma estrutura de links organizados hierarquialmente que permite o usuário do
site voltar para uma página anterior ou para a principal.
O guia recomenda também que o desenvolvedor crie conteúdos com a escrita de
qualidade, isto é: evitar duplicação de conteúdo; evitar erros ortográficos; separar títulos
e seções para a troca de assuntos; distribuir links internos e externos na página e esses
links precisam ser descritivos, evitando palavras vagas; utilizar hierarquia de cabeçalho
para as seções do texto da página, por exemplo, no título é preferível utilizar a tag <h1>,
para o subtítulo, <h2> e assim por diante; e utilizar as palavras-chave corretas para
78
Equipe da Qualidade de pesquisa do Google. Otimização de sites para Mecanismos de Pesquisa (SEO) -
Guia do Google para Iniciantes. Disponível em:
https://static.googleusercontent.com/media/www.google.com/en//intl/pt-BR/webmasters/docs/guia-
otimizacao-para-mecanismos-de-pesquisa-pt-br.pdf. Consultado em abril de 2020.
33
melhor indexação da página. Essa última sugestão será explicada no decorrer deste item.
O guia trata ainda da publicação correta das imagens, pois precisam ser renomeadas de
forma a conter informações sobre a imagem. Além disso, ela precisa de atributos
descritivos, chamados de atributo alternativo, para que essa descrição possa ser mostrada
caso não apareça para o usuário do site.
Outro fator determinante no ranqueamento da página no mecanismo de busca é
seu tempo de carregamento. O PageSpeed Insights79
é uma ferramenta do Google que
mede o desempenho do site, em celulares e computadores, e sugere recomendações e
melhoras para que a página carregue mais rapidamente. A ferramenta pontua o site de 0
a 100. Outra ferramenta que mede a otimização dos sites, sua performace e velocidade é
o GTmetrix80
, que utiliza o score do PageSpeed e possui mais de 500 milhões de sites
analisados. Ambas ferramentas são gratuitas para o usuário. Uma ferramenta paga que
auxilia o site no desempenho e performace de SEO é o Ryte81
. Essa ferramenta não é
focada apenas na velocidade do site, mas também na relevância do conteúdo do site. O
Ryte ajuda o criador de conteúdo a chegar mais próximo de um conteúdo que agrade tanto
os mecanismos de busca quanto o visitante. A ferramenta possui mais de um milhão de
usuários.
Escolher as palavras-chave certas para o conteúdo é uma prática fundamental
para conseguir produzir um conteúdo que atenda os mecanismos de busca, mas o que são
palavras-chave? Elas são uma ou um conjunto de palavras que define(m) ou resume(m)
o conteúdo. Dessa forma, para saber a relevância da(s) palavra(s) é necessário realizar
uma consulta em ferramentas que permitem mostrar o volume de tendências de busca,
denominado como Trends. As principais ferramentas gratuitas de consulta de trends são
o Google Trends82
e os assuntos do momento do Twitter83
. Existem, também, ferramentas
pagas para examinar a relevância das palavras, como a Brand2484
.
Uma das características do jornalista digital é a necessidade de utilização dessas
ferramentas, gratuitas ou pagas, para conhecer as tendências de pesquisa e construir um
material jornalístico relevante para o público.
79
Site disponível em: https://developers.google.com/speed/pagespeed/insights/. Consultado em abril de 2020.
80
Site disponível em: https://gtmetrix.com/. Consultado em abril de 2020.
81
Site disponível em: https://en.ryte.com/. Consultado em abril de 2020.
82
Site disponível em: https://trends.google.com.br/trends/. Consultado em abril de 2020.
83
Site disponível em: https://twitter.com/explore. Consultado em abril de 2020.
84
Site disponível em: https://brand24.com/. Consultado em abril de 2020.
34
2.2 Desmistificando o jornalismo digital e a mídia alternativa presente no ciberespaço
De acordo com a jornalista Luciana MIELNICZUK85
, ainda não existe um
acordo definitivo entre os teóricos e autores para a nomenclatura correta para o
jornalismo presente na internet. Os termos mais utilizados são ciberjornalismo;
jornalismo digital; jornalismo eletrônico; jornalismo online; e webjornalismo. Cada
termo possui sua particularidade. O ciberjornalismo é o termo referente à prática
jornalistica no ciberespaço; o jornalismo digital abrange as tecnologias digitais, não
somente a internet; o termo jornalismo eletrônico é utilizado quando o profissional usa
aparelhos eletrônicos para espalhar informações; jornalismo online é o termo empregado
quando há o desenvolvimento do material jornalístico com o auxílio de tecnologias de
transmissão de dados em tempo real; e o conceito webjornalismo é adequado quando se
quer falar de uma parte específica da internet, ou seja, a web.
MIELNICZUK classificou esses termos de acordo com sua abrangência: o mais
amplo é o jornalismo eletrônico, respectivamente seguido de jornalismo digital,
ciberjornalismo, jornalismo online e webjornalismo. A autora escolheu utilizar o
conceito webjornalismo pelo fato de seu artigo ser focado na evolução da web,
características da web, notícias presentes na web, interatividade e edição de conteúdos
na web. O termo escolhido para este trabalho é o jornalismo digital, por questão pessoal
do autor e por ser um termo que, segundo MIELNICZUK, se assemelha ao jornalismo
multimídia, “pois implica na possibilidade da manipulação conjunta de dados
digitalizados de diferentes naturezas: texto, som e imagem”86
. É o termo abrangente que
faz todo o sentido para as análises abordadas no terceiro capítulo deste trabalho, onde
serão analisados diversos detalhes de dados utilizados antes de publicar o produto
jornalístico, sejam eles texto, imagem, som, vídeo e SEO.
Segundo o sociólogo Gustavo CARDOSO87
, antes do advento da internet, a
comunicação jornalística possuia a característica denominada como comunicação de
massa, ou seja, uma única mensagem distribuída para um público com amplitude não
85
MIELNICZUK, Luciana. Jornalismo na Web: uma contribuição para o estudo do formato da notícia na
escrita hipertextual. 2003. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/6057/1/Luciana-
Mielniczuk.pdf. Consultado em abril de 2020.
86
Idem, Ibidem. p. 25.
87
Cardoso, Gustavo. Da comunicação de massa à comunicação em rede: modelos comunicacionais e a
sociedade de informação, 2009. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/301789805_Da_Comunicacao_em_Massa_a_Comunicacao_em_Re
de_Modelos_Comunicacionais_e_a_Sociedade_de_Informacao. Consultado em abril de 2020.
35
delimitada. Esse tipo de comunicação é característica do telejornalismo, do
radiojornalismo e do jornalismo impresso, cujo nível de interatividade é pequeno ou
limitado. A interatividade será explicada ainda neste item.
De acordo com as concepções dos professores Ângela Cristina MARQUES e
Dimas KÜNSCH88
a comunicação em rede é um termo para explicar a comunicação de
muitos para muitos. Segundo os autores, “a comunicação em rede retoma e requer uma
nova reflexão sobre como processos comunicativos se articulam e se definem
relacionalmente, em um fenômeno sempre mais presente, amplo e complexo de
conteúdos virtuais atualizados no contato intersubjetivo.”89
A comunicação em rede
mudou a forma como o jornalista produz o material noticioso. O jornalismo digital busca
transformar uma linguagem hermética, ou seja, de difícil compreensão, para uma
linguagem acessível para públicos de diversos níveis de conhecimento intelectual. Além
disso, o jornalista digital precisou se adaptar à novas práticas definindo-se como
jornalista multimídia, isto é, o profissional que precisa fazer diversas funções para além
do trabalho de pautar, apurar e redigir.
O professor Marcelo KISCHINHEVSKY comentou sobre o papel do jornalista
mediante a convergência midiática e o jornalista multitarefa:
o discurso sobre a inevitabilidade da convergência midiática vem
prevalecendo, tornando-se uma ideologia que permeia todo o fazer
jornalístico na grande imprensa. (...) O jornalista precisa repensar seu
papel diante das novas tecnologias digitais, para não se tornar um mero
apertador de botões, um malabarista da informação, equilibrando
diversos aparelhos eletrônicos – gravadores, filmadoras, celulares com
câmera fotográfica, notebooks.90
Segundo a jornalista Magaly DO PRADO91
, uma das principais características
do jornalismo digital é a mobilidade, pois o internauta consigue acessar o conteúdo
noticioso (texto, imagem, gráfico, som e vídeo) em tempo real e de onde estiver, com o
88
MARQUES, Ângela Cristina Salgueiro; KÜNSCH, Dimas A. Diferentes interfaces entre comunicação em
rede, esfera pública e jornalismo. Líbero. v. 13, nº 25, p. 9-18. São Paulo, 2010. Disponível em:
http://seer.casperlibero.edu.br/index.php/libero/article/view/452/424. Consultado em abril de 2020.
89
Idem, Ibidem. p. 9.
90
KISCHINHEVSKY, Marcelo. O discurso da convergência inevitável: a construção do jornalista multitarefa
nas páginas de O Globo. In: Revista Eptic, v. 12, nº 3, 2010. p. 17. Disponível em:
https://pdfs.semanticscholar.org/a715/952fcafaca8351d5983cba6b4c33d4fce601.pdf. Consultado em abril de
2020.
91
DO PRADO, Magaly Parreira. Jovens jornalistas e o consumo de informação imediata nas redes sociais.
In: ISSN nº 2447-4266, vol. 2, nº 3, 2016. Disponível em: https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-
01571112/document. Consultado em abril de 2020.
36
auxílio de um dispositivo móvel com acesso a internet. Além disso, os grandes
conglomerados de comunicação, os chamados veículos tradicionais, estão
disponibilizando seus produtos de forma digital. Henry Jenkins, em 2008, criou o termo
para esse tipo de transformação: convergência midiática, que “ocorre dentro dos cérebros
de consumidores individuais e em suas interações sociais com outros”92
.
O jornal e as revistas impressas precisaram estar disponíveis, também, na
internet. Para isso acontecer, a maneira como esse meio se comunica com o público teve
que ser adaptado. Um exemplo dessa adaptação é que, inicialmente, o público teria que
pagar para acessar o conteúdo de revistas ou jornais. Nos tempos atuais, alguns conteúdos
são disponibilizados nas redes sociais ou portal dessas empresas, gratuitamente, para
conquistar leitores. Para exemplificar essa afirmação, a Revista Época93
e a Revista
Veja94
não deixaram de publicar as edições da revista semanal. Elas utilizam um canal
de assinatura onde, além de acessar a revista digital, o usuário possui acesso a conteúdos
exclusivos. O mesmo acontece com o jornal O Globo95
e o Estadão96
. Mesmo assim,
alguns conteúdos de editorias específicas são possíveis de ser acessadas pelo não
assinante.
A convergência ocorreu, também no veículo rádio. Segundo o pesquisador
Emanoel SANTOS97
, o advento dos dispositivos móveis foi um ânimo para esse meio de
comunicação. Além da mobilidade em se conseguir consumir o conteúdo radiofônico, a
audiência foi ampliada com os usuários da internet. Dessa maneira foi criado o termo
Rádio Online ou Web Rádio, que rompe a limitação do mundo analógico para o mundo
digital. Elas estão presentes em plataformas mais amplas, como sites, aplicativos e TV
por assinatura. De acordo com os pesquisadores Gílian BARROS e Eziquiel MENTA,
foi criado outro conceito, em 2004, pelo jornalista Bem Hammersley: PodCast que
significa “programa de rádio personalizado (...) que permite que se assine os programas
recebendo as informações sem precisar ir ao site do produtor”98
. As grandes emissoras
de rádio, assim como os grandes conglomerados de comunicação, que estão presentes na
92
JENKINS, Henry. Cultura da convergência. Aleph, 2015. p. 31.
93
Site disponível em: https://epoca.globo.com/. Consultado em 2020.
94
Site disponível em: https://veja.abril.com.br/. Consultado em abril de 2020.
95
Site disponível em: https://oglobo.globo.com/. Consultado em abril de 2020.
96
Site disponível em: https://www.estadao.com.br/. Consultado em abril de 2020.
97
SANTOS, Emanoel Leonardo dos. O radiojornalismo em tempos de internet. Edufrn. Natal-RN, 2017.
98
BARROS, Gílian C.; MENTA, Eziquiel. Podcast: produções de áudio para educação de forma crítica,
criativa e cidadã. In: Revista Eptic, vol. 9, nº 1, 2007. p. 2-3. Disponível em:
https://seer.ufs.br/index.php/eptic/article/download/217/186. Consultado em abril de 2020.
37
internet, possuem programas de PodCast, em seu respectivo portal ou rede social. A
jornalista Nair PRATA comentou sobre mais uma novidade no rádio presente no
ciberespaço: “com a internet, o texto e a imagem agora também fazem parte da
webradio”99
.
Assim como a mobilidade é uma característica da Web Rádio, assim também é
para a TV. De acordo com a jornalista Elaide MARTINS a linguagem, os formatos,
modelos e as narrativas desse meio de massa foram modificados a partir da chegada da
era digital. Para demonstrar a utilização dessa transição, o aplicativo Globoplay100
, criado
em 2015 pelo Grupo Globo, oferece aos assinantes conteúdos televisivos antigos e novos.
Para o público geral, o aplicativo e site disponibilizam a programação, em tempo real, da
mídia televisiva da emissora. MARTINS declarou que “A televisão, agora, acompanha o
telespectador que, por sua vez, já pode colaborar, comentar, opinar e compartilhar
mensagens devido à interatividade horizontal proporcionada pela internet”101
. Essa é uma
das principais características da convergência midiática da televisão: a interatividade,
cuja explicação será apresentada nos próximos parágrafos. A participação ativa da
audiência mudou a forma de se fazer o telejornalismo.
Como exposto anteriormente, o jornalismo digital possui uma característica que
desafia a comunicação em rede: a interatividade que, segundo LEMOS, “nada mais é que
uma nova forma de interação técnica, de cunho eletrônico-digital, diferente da interação
analógica que caracterizou os media tradicionais”102
. Na perspectiva do autor, o que
diferencia a interatividade da interação é que a interatividade é uma especificidade de
interação, ou seja um diálogo entre o ser humano com a máquina, já a interação é quando
o usuário da tecnologia, seja ela qual for, consegue ter algum tipo de participação ou
interferência no uso da mesma.
No item anterior foi apresentada a importância que jornalista digital deve dar ao
produzir um produto jornalístico de acordo com o público do veículo. Isso acontece
99
PRATA, Nair. Webradio: novos gêneros, novas formas de interação. In: Intercom. XXXI Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação – Natal, RN, 2008. Disponível em:
https://www.ufrgs.br/estudioderadio/wp-admin/textos/webradio_novos_generos.pdf. Consultado em maio de
2020.
100
Site disponível em: https://globoplay.globo.com/. Consultado em abril de 2020.
101
MARTINS, Elaide. Telejornalismo na era digital: aspectos da narrativa transmídia na televisão de papel.
Brazilian Journalism Research, vol. 8, nº 2, p. 97-117, 2012. p. 98. Disponível em:
https://bjr.sbpjor.org.br/bjr/article/viewFile/434/383. Consultado em abril de 2020.
102
LEMOS, André. Anjos interativos e retribalização do mundo: sobre interatividade e interfaces digitais,
1997. p. 1. Disponível em: https://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/interativo.pdf. Consultado em abril
de 2020.
38
porque a interatividade presente no ciberespaço se torna visível em forma de feedback,
que significa a resposta dada a algo ou alguém. Com a possibilidade do feedback, o
usuário consegue, de forma pública, avaliar, questionar e/ou discutir, tanto positiva
quanto negativamente, o conteúdo produzido pelo jornalista digital. O pesquisador
Marcos PALACIOS comentou sobre o modelo do jornalismo digital participativo frente
aos diversos meios de massa:
As projeções dos especialistas de que a tecnologia digital permitiria o
fim de um modelo de comunicação em mão única, o chamado “um para
muitos”, em que somente um dos extremos emite para grandes massas,
como ocorre com a televisão aberta ou as tradicionais estações de rádio,
estão longe de se concretizar diante da observação da forma de
funcionamento das publicações jornalísticas na internet.103
De acordo com as ideias de PALACIOS, a interação entre o público e a redação
jornalística, possível por causa do jornalismo digital, não alterou definitivamente a rotina
de produção noticiosa e completa que são raras “as exceções em que o público pode
intervir na criação das pautas ou, ao menos, na sugestão de fontes para as matérias
elencadas para cada edição”104
. A imperfeição das informações ditas pelo autor está em
quando o texto foi escrito: 1997. Ainda eram tempos da web 1.0, conceito explicado
anteriormente. Nessa época, a interação se dava, por exemplo, a partir de testemunhos de
pessoas, ao vivo, em entrevista com âncoras do telejornalismo ou radiojornalismo.
Para avaliar as características do jornalismo digital é necessário entender o
processo de produção de notícia, valores-notícia e critérios de noticiabilidade.
2.3 Definindo o que é notícia e a produção noticiosa no jornalismo digital
Para entender como é o processo de produção noticiosa no jornalismo digital,
se faz necessário compreender primeiro o que é notícia. Alguns autores, para explicar o
significado de notícia, discorrem sobre o porquê das notícias serem como elas são.
Segundo o jornalista Nilson LAGE, a notícia é “o relato de uma série de fatos a partir do
103
PALÁCIOS, Marcos Silva; GONÇALVES, Elias Machado. Manual de Jornalismo na Internet: conceitos,
noções práticas e um guia comentado das principais publicações jornalísticas digitais brasileiras e
internacionais. Salvador, 1994. p. 116. Disponível em: http://gjol.net/wp-content/uploads/2012/12/book-
manual-jornalismo.pdf. Consultado em abril de 2020.
104
Idem, Ibidem.
39
fato mais importante ou interessante; e de cada fato, a partir do aspecto mais importante
ou interessante”105
. Em outras palavras, notícia é a divulgação de acontecimentos que são
julgados antecipadamente e escolhidos, por meio de critérios de seleção. Esses critérios
serão analisados ainda neste item.
Como LAGE afirmou, a notícia é um relato, mas como se estrutura esse relato
de forma padrão para os jornalistas? O autor complementou que a notícia apresenta, não
narra. Dessa maneira, a narração do acontecimento é descrever o que aconteceu de forma
sequencial, por exemplo: “O bandido entrou na agência bancária, olhou para todos os
lados, aproximou-se do caixa e disse: ‘É um assalto’. O caixa acionou imediatamente o
botão de alarme com o joelho”106
. A apresentação do fato, por sua vez, será exposta por
ordem decrescente de interesse ou importância de um determinado acontecimento. É
obrigação do jornalista apresentar a notícia na terceira pessoa, dando o menos destaque
possível para quem produziu a notícia e sim para o fato em si.
Ainda sobre a estrutura da notícia, LAGE explicou o conceito de lead clássico,
que possui sua essência na ideia de pirâmide invertida, ou seja é “o relato do fato
principal de uma série, o que é mais importante ou mais interessante. (…) informa quem
fez o que, a quem, quando, onde, como, por que e para quê.”107
. O tempo verbal da
notícia deverá ser coerente ao fato: se for apresentado um fato que já aconteceu, a notícia
será exposta no pretérito perfeito; se for sobre algo que ainda irá acontecer, a notícia será
exibida no futuro próximo. O autor afirmou que a exposição da notícia no presente é
utilizada “muito raramente”108
, mas com a possibilidade de entrada ao vivo dos
repórteres, na contemporaneidade, o tempo verbal que deve ser utilizado é o presente
concominante e isso ocorre frequentemente em diversos noticiários. Independente do
tempo da notícia, é obrigatório para o jornalista apresentar o título da matéria com o
tempo verbal no presente - quando se trata de um acontecimento já ocorrido - porque a
notícia pretende ser uma novidade para o receptor. LAGE ainda afirmou que a notícia
deve ser apresentada em discurso direto, evitando o discurso indireto. Existem outros
tipos de leads – segundo o autor, existem mais de dez tipos – que se diferenciam do lead
clássico, como, por exemplo, o lead interpretativo e o lead narrativo.
105
LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. Editora Ática, 1987. p. 16.
106
Idem, Ibidem.
107
Idem, Ibidem. p. 27
108
Idem, Ibidem. p. 28.
40
Sobre a importância do título na estrutura da notícia, a jornalista Cremilda
MEDINA afirmou:
O título anuncia o fato, o título resume a notícia, o título embeleza a
página. (...) o título deve ser informativo, deve ser conciso e preciso,
deve basear-se em substantivos e verbos. (...) Se o fato, por si, for
emocional, o título conciso e preciso transporta sua força (Morreu o
Presidente fulano); se o fato não espelhar diretamente emoção, o título
se perde como um rótulo de meio tom. (...) Na realidade, o título
sempre deixa transparecer a posição opinativa do grupo empresarial,
mesmo aqueles que se dizem imparciais.109
De acordo com as concepções do professor Leandro COMASSETTO110
, o
subtítulo é utilizado quando existem duas informações igualmente importantes. Dessa
forma, o título deve ser dividido em duas partes de acordo com o grau de importância ou
interesse, sendo elas: título e subtítulo. O autor declarou que o subtítulo pode também
detalhar ou explicar o título. Ambos e o lead devem ser produzidos para prender a atenção
do receptor para que possam ler ou assistir a notícia completa.
Esses são alguns elementos padrões que constitui a notícia. Existe outra maneira
que o jornalista pode produzir para informar sobre um acontecimento. Essa forma distinta
é chamada de reportagem, que LAGE denomina como “gênero jornalístico que consiste
no levantamento de assuntos para contar uma história verdadeira, expor uma situação ou
interpretar fatos”111
. Ou seja, é uma cobertura mais abrangente dos acontecimentos, o
que se difere da notícia. Para COMASSETTO, o uso do lead na reportagem não é
obrigatório como na notícia. Contudo, o bom lead na reportagem é aquele que “consegue
agregar criatividade à ideia núcleo do texto, ou seja. que consegue apresentar de forma
dinâmica, curiosa e atiativa o que desencadeará o restante da matéria.”112
.
Os veículos jornalísticos recebem e encontram, diariamente, diversos
acontecimentos e precisam de um filtro para que algumas entrem no jornal e outras não.
Os jornalistas Felipe PENA113
e Nelson TRAQUINA114
apresentaram as teorias do
109
MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto à venda: jornalismo na sociedade urbana e industrial. Summus
Editorial, 6ª Edição, 1998. p. 119.
110
COMASSETTO, Leandro Ramires. As razões do título e do lead: uma abordagem cognitiva da estrutura
da notícia, Florianópolis, 2001. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/80216/180597.pdf?sequence=1. Consultado em maio
de 2020.
111
LAGE, Nilson. Op. Cit. p. 61.
112
COMASSETTO, Leandro Ramires. Op. Cit. p. 92.
113
PENA, Felipe. Teoria do Jornalismo. Editora Contexto, 2005.
114
TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo. Editora Insular, 2005.
41
jornalismo que explicam o porquê das notícias serem como elas são. As teorias que serão
destacadas neste trabalho são: Teoria do Espelho; Teoria do Gatekeeper; Teoria
Organizacional; e Teoria do Newsmaking.
Segundo PENA, a Teoria do Espelho diz respeito de que a notícia reflete a
realidade. Essa teoria apresenta o jornalista como um desinteressado, ou seja, que se
preocupa apenas em relatar os acontecimentos sem oferecer opiniões, sendo objetivo. Já
TRAQUINA observou que a Teoria do Espelho reflete a legitimidade e a credibilidade
do jornalista e que mentira ou invenção dos acontecimentos são dois dos maiores
desrespeitos às éticas e normas jornalísticas.De acordo com PENA, a notícia não reflete
a realidade e apresentou outra teoria do jornalismo que diz respeito à essência da notícia,
que é a chamada Teoria do Gatekeeper, que se destina ao ser que decide qual notícia vai
entrar no jornal ou não. Essa pessoa, ou seja, o jornalista, é como se fosse um porteiro da
notícia, por isso a versão em inglês gatekeeper. As razões pela qual ocorre esse filtro de
quais fatos são mais importante ou não para se transformar em notícia são das mais
variadas. Já TRAQUINA afirmou que a Teoria do Gatekeeper possui uma abordagem
micro-sociológica, ou seja, apenas no nível pessoal e individual, o que é uma uma visão
limitada, pois ignora as possibilidades como a organização, que pode ser quem seleciona
as notícias.
A Teoria Organizacional, segundo PENA, está baseada em que a notícia é
produzida através dos interesses da organização jornalística. Um dos maiores fatores para
a organização selecionar as notícias é o fator econômico, pois, segundo o autor, “o
jornalismo é um negócio. E, como tal, busca o lucro.”115
. TRAQUINA informou que
através dessa teoria, a publicidade tem voz e espaço no jornal, dessa forma, a publicidade
interfere diretamente na produção noticiosa. Além disso, mediante a Teoria
Organizacional, acontece a luta de concorrência entre os veículos jornalísticos, onde
quem publicar determinada notícia primeiro será a pioneira de todo desdobramento da
mesma.
Outra teoria, que terá um destaque especial neste trabalho, é a Teoria do
Newsmaking, que, de acordo com PENA, “é no trabalho da enunciação que os jornalistas
produzem os discursos, que, submetidos a uma série de operações e pressões sociais,
constituem o que o senso comum das redações chama de notícia”116
. Ou seja, a notícia
115
PENA, Felipe. Op. Cit. p. 135.
116
Idem, Ibidem. p. 128.
42
não pode ser o espelho da realidade por ela ser contada por uma profissional que está
submetido a seus pré-conceitos sobre determinadas situações, além da linha editorial do
veículo em que trabalha. Essa teoria tem o foco na produção noticiosa, por isso será
realizada uma explicação da mesma com maior abrangência, neste trabalho.
Para explicar o a Teoria do Newsmaking , o sociólogo Mauro WOLF discorreu
sobre a noticiabilidade:
A noticiabilidade é constituída pelo conjunto de requisitos que se
exigem dos acontecimentos - do ponto de vista da estrutura do trabalho
nos órgãos de informação e do ponto de vista do profissionalismo dos
jornalistas - para adquirirem a existência pública de notícias. Tudo o
que não corresponde a esses requisitos é ‘excluído’, por não ser
adequado às rotinas produtivas e aos cânones da cultura profissional.
Não adquirindo o estatuto de notícia, permanece simplesmente um
acontecimento que se perde entre a ‘matéria-prima’ que o órgão de
informação não consegue transformar e que, por conseguinte, não irá
fazer parte dos conhecimentos do mundo adquiridos pelo público
através das comunicações de massa. Pode também dizer-se que a
noticiabilidade corresponde ao conjunto de critérios, operações e
instrumentos com os quais os órgãos de informação enfrentam a tarefa
de escolher, quotidianamente, de entre um número imprevisível e
indefinido de factos, uma quantidade finita e tendencialmente estável
de notícias.117
Citando a socióloga Gaye Tuchman118
, PENA afirmou que a produção noticiosa
é realizada através de uma rotina industrial e limites organizacionais. Ou seja, o jornalista
não tem autonomia na construção da realidade, o mesmo é submisso a um planejamento
produtivo. Essa ideia, segundo o autor, livra o jornalista de uma acusação, por exemplo,
de uma suposta manipulação da notícia, onde a culpa seria colocada nas normas
ocupacionais e imposições da produção noticiosa. Dessa forma, a Teoria do Newsmaking
parte do paradigma da construção social da realidade, pelo fato da produção noticiosa
depender tanto das iniciativas do jornalista, quanto da demanda da sociedade e da rotina
profissional. Em suma, a partir dessa teoria, a notícia é construída de maneira interativa.
Contudo, a noticiabilidade parte de critérios de seleção e valores-notícia, que serão
detalhados mais adiante, neste item.
117
WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Editorial Presença, 1987. p. 189.
118
Socióloga e professora, denominada por Felipe Pena como uma das principais fontes sobre o newsmaking.
43
De acordo com o professor e pesquisador Leonel Azevedo DE AGUIAR119
,
citando Gaye Tuchman, o jornalista precisa cumprir três obrigações para produzir a
notícia: a primeira é reconhecer o fato que merece ser noticiado, mediante a tantos
acontecimentos; a segunda obrigação é que a forma de noticiar não deve ser
idiossincrática, ou seja, produzida de modo particular para atingir uma única pessoa; e a
terceira obrigação é a organização para que os acontecimentos selecionados tenham
ligação para um ponto em comum.
Para selecionar os acontecimentos, os jornalistas, baseados na Teoria do
Newsmaking, classificam valores que são dadas aos acontecimentos para que sejam, ou
não, noticiados. Dessa maneira, o mestre em comunicação Renan VIEIRA afirmou que
“os valores-notícia são conceitos considerados como parte integrante da noção de
Noticiabilidade e, por conta disso, auxiliam a compreender os recursos que as empresas
midiáticas e seus integrantes aplicam para organizar os assuntos considerados propensos
a serem veiculados.”120
. WOLF definiu valor-notícia como a resposta para a seguinte
questão: “quais os acontecimentos que são considerados suficientemente interessantes,
significativos e relevantes para serem transformados em notícia?”121
. Ou seja, busca
compreender a relevância da notícia através de algumas metodologias. Segundo o autor,
os critérios devem ser aplicados rapidamente na decisão da seleção da notícia.
Os valores-notícia estão ligados diretamente aos critérios de noticiabilidade. A
professora Gislene SILVA classificou esses critérios como:
(1) critérios de noticiabilidade na origem do fato (seleção primária dos
fatos / valores-notícia), com abordagem sobre atributos como conflito,
curiosidade, tragédia, proximidade etc; (2) critérios de noticiabilidade
no tratamento dos fatos, centrados na seleção hierárquica dos fatos e na
produção da notícia, desde condições organizacionais e materiais até
cultura profissional; (3) critérios de noticiabilidade na visão dos fatos,
sobre fundamentos ético-epistemológicos.122
119
DE AGUIAR, Leonel Azevedo, apud. TUCHMAN. Teoria do Jornalismo: instrumento pedagógico para o
ensino das práticas profissionais. In: Comunicação e Informação, v. 10, nº 1. p. 82-91, 2007. Disponível em:
https://pdfs.semanticscholar.org/25fe/0078681ae19dac79bad969f35083b5b3dbb4.pdf. Consultado em maio
de 2020.
120
VIEIRA, Renan Milanez; et. al. O acontecimento, o Newsmaking e as relações de concorrência entre os
meios de comunicação. In: Intercom. XX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste –
Uberlândia - MG, 2015. Disponível em: http://portalintercom.org.br/anais/sudeste2015/resumos/R48-0795-
1.pdf. Consultado em maio de 2020.
121
WOLF, Mauro. Op. Cit. p. 195.
122
SILVA, Gislene. Para pensar critérios de noticiabilidade. p. 51-69. In: Critérios de noticiabilidade:
problemas conceituais e aplicações. Editora Insular, Florianópolis, 2014. p. 51.
44
A autora declarou que existem valores-notícias que funcionam como “macro-
valores-notícia ou pré-requisitos para qualquer seleção jornalística”123
. Esses valores são
classificados em 12 tipos: impacto (mediante à grandes quantidades, sejam elas de
dinheiro ou pessoas); proeminência (relacionada à notoriedade, celebridade, presidente
da república, entre outros); conflito (mediante às guerras, conflitos, greves,
manifestações, entre outros); tragédia/drama (referente aos crimes, acidentes, mortes,
entre outros); proximidade (associada à localidade geográfica ou cultura do local);
raridade (ligada ao inusitado, original ou incomum); surpresa (algo inesperado,
surpreendente); governo (relacionado às eleições, pronunciamentos oficiais, entre
outros); polêmica (ligada aos acontecimentos de escândalos); justiça (mediante às
denúncias, investigações, julgamentos, entre outros); entretenimento/curiosidade
(relacionado à esporte, aventura, divertimento, entre outros); conhecimento/cultura
(associado às invenções, religiões, descobertas, pesquisas, entre outros). Esses valores,
citados por SILVA, sofrem alterações, conforme ela mesma indica, para “ganhar mais
validade, testando sua operacionalidade no estudo dos acontecimentos selecionados”124
.
O professor Ivan SATUF, em seu artigo: A rua manda notícias: dispositivos
móveis e manifestações sociais na atualização dos critérios de noticiabilidade125
,
analisou os critérios de noticiabilidade e valores-notícia tradicionais e acrescentou mais
três conceitos. Os mesmos são ligadas às novas práticas dos jornalistas digitais. O
primeiro conceito é a hashtag que, segundo SATUF, tem como sua principal
característica “facilitar a busca e a agregação automáticas de conteúdo”126
, em outras
palavras, ajuda o jornalista na apuração e a analisar o que está sendo mais discutido pelas
pessoas nas redes. A partir dos Trending Topcs do Twitter, por exemplo, o jornalista
consegue se guiar pelos assuntos mais tuitados e, a partir disso, ter uma base para vender
uma pauta na redação.
O segundo novo valor-notícia e critério de seleção que SATUF apresentou é a
redundância. O autor afirmou que “um evento que possui vários ângulos feitos por
muitas pessoas têm maior possibilidade de virar notícia, pois a redundância aumenta a
123
Idem, Ibidem. p. 63.
124
Idem, Ibidem. p. 64.
125
SATUF, Ivan. A rua manda notícias: dispositivos móveis e manifestações sociais na atualização dos
critérios de noticiabilidade. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v.10, n.1, p.317- 329, 2014. Disponível em:
http://revista.ibict.br/liinc/article/view/3522/3032. Consultado em março de 2020.
126
Idem, Ibidem. p. 326.
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MONOGRAFIA (ERICK NUNES): SEO, CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE E VALOR-NOTÍCIA: UMA ANÁLISE EM NOTÍCIAS SOBRE BOLSONARO E AS ELEIÇÕES DE 2018

  • 1. Niterói Junho/2020 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ JORNALISMO SEO, CRITÉRIO DE NOTICIABILIDADE E VALOR-NOTÍCIA NO JORNALISMO DIGITAL: UMA ANÁLISE EM NOTÍCIAS SOBRE BOLSONARO E AS ELEIÇÕES DE 2018 Erick Nunes da Costa
  • 2. Niterói Junho/2020 ii ERICK NUNES DA COSTA SEO, CRITÉRIO DE NOTICIABILIDADE E VALOR-NOTÍCIA NO JORNALISMO DIGITAL: UMA ANÁLISE EM NOTÍCIAS SOBRE BOLSONARO E AS ELEIÇÕES DE 2018 Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção de grau do título de Bacharel, do curso de Jornalismo da Universidade Estácio de Sá. ORIENTADORA: Profa. Dra. Soraya Venegas Ferreira
  • 3. C837s Costa, Erick Nunes da SEO, critério de noticiabilidade e valor – notícia no jornalismo digital: uma análise em notícias sobre Bolsonaro e as eleições de 2018. - Niterói, 2020. 98 f. : il. color.; 30cm. Orientador: Prof. DSc. Soraya Venegas Ferreira. Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Universidade Estácio de Sá, Curso de Jornalismo 2020. 1. Jornalismo digital. 2. SEO 3. Bolsonaro. I. Ferreira, Soraya Venegas. II. SEO, critério de noticiabilidade e valor – notícia no jornalismo digital: uma análise em notícias sobre Bolsonaro e as eleições de 2018. CDD: 070.4
  • 4. Niterói Junho/2020 iii ERICK NUNES DA COSTA SEO, CRITÉRIO DE NOTICIABILIDADE E VALOR-NOTÍCIA NO JORNALISMO DIGITAL: UMA ANÁLISE EM NOTÍCIAS SOBRE BOLSONARO E AS ELEIÇÕES DE 2018 Grau:
  • 5. Niterói Junho/2020 iv DEDICATÓRIA Dedico esta Monografia aos meus pais, Fátima e Vicente, que me acolheram durante toda minha vida e que estão comigo em todas as minhas escolhas e decisões. Dedico também à minha futura esposa, Kamilla Andressa, que é a minha inspiração diária e o grande amor da minha vida. Sem essas pessoas, minha vida não faz sentido algum.
  • 6. Niterói Junho/2020 v AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus porque creio que tudo o que acontece, de bom e ruim, na minha vida é porque Ele permitiu. A conclusão desta Monografia é uma das maiores conquistas da minha vida e sei que Deus permitiu que eu conseguisse concluir, mesmo diante todas as dificuldades. Agradeço a Soraya Venegas que foi mais que uma orientadora, foi aquela que entendeu todas as minhas necessidades; que organizou as ideias soltas que estavam na minha cabeça para que eu possa fazer esta Monografia da melhor maneira possível; e que me deu as melhores palavras de incentivo que precisei durante todo meu último período. Agradeço aos meus professores que fizeram parte de toda minha trajetória na Universidade Estácio de Sá, em especial, as professoras Ana Lúcia, Aline Novaes e Helen Britto e os professores Flávio Nehrer e Marcelo Sosinho. Acredito que os ensinamentos desses professores nunca serão esquecidos por mim, cada um em sua particularidade especial. Agradeço aos meus melhores amigos e amigas que me incentivaram nessa trajetória e que tenho um carinho especial: Camila Farias; Douglas Soares; Eduardo Andrade; Erick Levir; Georgete Marins; José Carlos; Igor Ramos; Isabela Alves; Martha Valéria; Mateus Cavalcante; Matheus Mendes; Padre Wellington Dahan. Agradeço a todos os envolvidos para que eu pudesse trabalhar, nas redes sociais da Estácio Brasil, na oitava edição do Rock in Rio e a todos os envolvidos para que eu pudesse ter a experiência de colaborar no NUCOM, Núcleo de Comunicação da Estácio, em todas as mídias: Impresso, Rádio e TV. Gratidão a todos vocês.
  • 7. Niterói Junho/2020 vi “Há uma luz que não se vê Brilha o tempo todo dentro de você. Há uma luz em algum lugar Que vai fazer seu sonho se realizar.” Rouge
  • 8. Niterói Junho/2020 vii RESUMO Cada fase do jornalismo possui sua característica e linguagem própria: jornalismo impresso, o radiojornalismo, o telejornalismo e o jornalismo digital. Desde que o jornalismo digital se tornou popular, depois do advento da internet, diversas mudanças foram surgindo na prática jornalística. Uma dessas mudanças foi a necessidade de utilizar as técnicas de SEO, que significa otimização dos mecanismos de busca, ou seja, técnicas para que o material jornalístico se posicione bem nos mecanismos de busca, como o Google. Este trabalho analisará as técnicas de SEO, os critérios de noticiabilidade e valores- notícia em quatro notícias de quatro veículos distintos sobre o tema: a vitória de Jair Bolsonaro como presidente da República em 2018. As técnicas de SEO ainda são pouco praticadas nos grandes veículos de comunicação. Em contrapartida, são bastante praticadas no portal do G1. Este trabalho pretende reforçar a importância dessa prática no jornalismo digital. Palavras-chave: Jornalismo Digital; SEO; Bolsonaro
  • 9. Niterói Junho/2020 viii LISTA DE ANEXOS ANEXO 1 – Notícia do G1: Jair Bolsonaro é eleito presidente e interrompe série de vitórias do PT ANEXO 2 – Notícia do R7: Jair Bolsonaro (PSL) é eleito presidente do Brasil ANEXO 3 – Notícia da Agência Brasil: Com 100% das urnas apuradas, Bolsonaro obteve 57,7 milhões de votos ANEXO 4 – Notícia do UOL: Um capitão no Planalto
  • 10. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10 Capítulo I: A relação entre o jornalismo e o Google ......................................................... 12 1.1 A história do jornalismo digital no Brasil.................................................................. 12 1.2 Surgimento de um gigante ......................................................................................... 16 1.3 O Google no Jornalismo ............................................................................................ 22 Capítulo II: Jornalismo digital e seu valor na sociedade ................................................... 27 2.1 Entendendo o funcionamento da internet e sua aplicabilidade no jornalismo digital 27 2.2 Desmistificando o jornalismo digital e a mídia alternativa presente no ciberespaço 34 2.3 Definindo o que é notícia e a produção noticiosa no jornalismo digital.................... 38 Capítulo III: Concorrência no jornalismo digital e Bolsonaro nas eleições de 2018 ........ 46 3.1 A personalidade de Jair Bolsonaro e as eleições de 2018.......................................... 46 3.2 A concorrência do jornalismo digital nas buscas no Google..................................... 52 3.3 Critérios de noticiabilidade, valores-notícia e técnicas de SEO na produção noticiosa ......................................................................................................................................... 61 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 69 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 71 ANEXOS........................................................................................................................79
  • 11. 10 INTRODUÇÃO O jornalismo digital possui sua característica única, assim como os outros meios de massa. Essa particularidade é amplamente classificada. Uma dessas classificações é o SEO, que é pouco explorado em muitos portais noticiosos de grande notoriedade. O tema desta Monografia é uma análise das técnicas de SEO, bem como os critérios de noticiabilidade e valores-notícia utilizados em portais de notícia, referentes a Jair Bolsonaro e a eleição presidencial de 2018. Esse tema foi escolhido por ser um assunto de âmbito nacional e que, de certa maneira, muitos veículos noticiosos fariam um ou mais produtos jornalísticos sobre o mesmo tema. Com esse tema em análise é possível verificar como ocorre a concorrência entre os veículos jornalísticos dentro das pesquisas no Google. Este trabalho pretende explicar e conscientizar os produtores de conteúdo sobre quais são os principais caminhos para alcançar uma maior audiência conquistando as primeiras posições no Google. Isso será feito através de análises sobre o G1, que será tomado como exemplo, levando em consideração que é um veículo que adere, à risca, as práticas de SEO. O objetivo geral desta Monografia é explicar a importância da utilização das técnicas de SEO na prática profissional diária do jornalista digital. Já o objetivo específico é revelar como alguns grandes veículos de comunicação utilizam, ou não, as técnicas de SEO em uma notícia. A metodologia utilizada para a realização desta Monografia é o estudo de caso, no qual serão analisadas quatro notícias de quatro portais distintos: G1; R7; Agência Brasil; e UOL. O primeiro capítulo conta um breve resumo da evolução dos meios de comunicação no Brasil: jornalismo impresso; radiojornalismo; telejornalismo; até a chegada do jornalismo digital. Esse capítulo também apresenta a história do Google e sua ascensão até se tornar a maior empresa de mecanismo de busca do mundo. Além disso, o primeiro capítulo aborda a relação entre o Google e o jornalismo digital, ou seja, como o Google pode contribuir para o jornalismo com seus aplicativos e ferramentas criadas, especificamente, para jornalistas e outras que podem ser utilizadas por diversos públicos, mas os jornalistas também podem tirar proveito. O segundo capítulo apresenta, de forma resumida, como funciona a internet de modo geral e como essa prática se aplica no jornalismo digital. Além disso, esse capítulo revela a escolha pelo termo jornalismo
  • 12. 11 digital, diante de outros como jornalismo online; webjornalismo; ciberjornalismo; e jornalismo eletrônico. Apresenta, também, alguns conceitos que são características do jornalismo digital. Nesse segundo capítulo também será explicado as Teorias do Jornalismo, com ênfase na Teoria do Newsmaking, além de conceitos como critérios de noticiabilidade e valores-notícia e suas atualizações no jornalismo digital. O terceiro capítulo apresenta o objeto desta Monografia: Jair Bolsonaro. Esse capítulo conta a história e trajetória política de Jair, além de conhecer sua personalidade. Além disso, apresenta a utilização de ferramentas como Google Trends e Ubersuggest para entender, na prática, a concorrência no Google. Esse capítulo finaliza com uma análise do estudo de caso desta Monografia, apresentado anteriormente.
  • 13. 12 Capítulo I: A relação entre o jornalismo e o Google Neste capítulo será apresentada uma breve história da evolução das mídias de massa até o advento da internet e como surgiu o jornalismo digital no Brasil. Além disso, será feito um resumo da biografia de uma empresa que está presente na vida da maioria das pessoas, que utilizam a internet: o Google. Será visto como ela superou todos os seus concorrentes enquanto ferramenta de pesquisa. Com o intuito de unir o jornalismo digital e o Google, este capítulo também discorre sobre como o jornalista precisou se adaptar a uma nova prática que afeta diretamente no ranqueamento da produção jornalística no mecanismo de busca e como o Google ajuda o jornalista nessa tarefa. 1.1 A história do jornalismo digital no Brasil Segundo a jornalista Pollyana Ferrari1 , as mudanças do jornalismo, ao longo dos anos, afetaram diretamente na prática do jornalista e na maneira como o público se informa. A professora Héris ARNT afirmou que, com o passar dos anos, o jornalismo impresso foi perdendo seu lugar, na questão da exclusividade da informação: Com o aparecimento e o aumento gradativo da influência de novos meios de comunicação, ao longo do século XX, primeiro pelo rádio, depois pela televisão e na última década, pela tecnologia digital, o jornal foi perdendo o lugar de fonte exclusiva de informação2 . Ainda de acordo com ARNT3 , o Jornalismo impresso possui sua característica própria e mantém o seu potencial e diferencial na questão da credibilidade e ética. Mas, segundo a professora Joana ZILLER4 , essa característica precisou estar alinhada com a velocidade da informação e, nesse quesito, o jornal impresso foi insuficiente. A 1 FERRARI, Pollyana. Jornalismo digital. Editora Contexto, 2007. 2 ARNT, Héris. Do jornal impresso ao digital: novas funções comunicacionais. Jornalismo no século XXI: a cidadania, p.1. Trabalho apresentado no NP02 – Núcleo de Pesquisa Jornalismo, XXV Congresso Anual em Ciência da Comunicação (Salvador - BA). Intercom, 2002. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/1afd5a712c7cd14a1199a27ab1defe9c.pdf. Consultado em março de 2020. 3 Idem, Ibidem. p.1. 4 ZILLER, Joana. Velocidade e credibilidade: algumas consequências da atual estruturação do webjornalismo brasileiro. Trabalho apresentado ao NP Jornalismo do VI Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom. Intercom, 2006. Disponível em: http://www.academia.edu/download/6251097/joana_ziller.pdf. Consultado em março de 2020.
  • 14. 13 instantaneidade da informação chegou quando se iniciou o Radiojornalismo, nos anos 20, conforme as concepções da jornalista Nélia DEL BIANCO5 . Ler as notícias do dia anterior não era mais a única forma de saber as notícias. Além dessa característica, o formato da linguagem radiofônica de se noticiar era completamente diferente do impresso. A coloquialidade e dinamismo estavam presentes naquele meio de comunicação, segundo as jornalistas Luana CAMPOS e o linguista Plinio BARBOSA6 . A jornalista Sonia Virgínia MOREIRA7 afirmou que, em 1938, uma dramatização radiofônica feita pela CBS na véspera do Dia das Bruxas causou pânico nos EUA. A dramatização da obra Guerra dos Mundos convenceu milhares de pessoas de que estava ocorrendo uma invasão de alienígenas. Dessa maneira, as características do rádio trabalham com o imaginário do ouvinte. Ao chegar a imagem em movimento, no Brasil, com a TV, foi uma novidade importante para a evolução dos meios. O jornalista Gilvan Ferreira de ARAUJO8 declarou que o primeiro programa de notícia da Televisão no Brasil, chamado de Imagens do Dia, aconteceu na TV Tupi, comandado por Maurício Loureiro Gama, em setembro de 1950. No início do telejornalismo, a linguagem da TV tinha um formato parecido com a do radiojornalismo, pois as imagens não eram acompanhadas de som, como são os vídeos, então havia a necessidade de um locutor para narrar as imagens. Segundo o autor, o Repórter Esso surgiu em abril desse mesmo ano e era como uma espécie de rádio na TV, pois não podiam explorar as imagens. Alguns anos depois, o Jornal Nacional, foi o primeiro telejornal a utilizar equipamentos que conseguiam gerar imagens ao vivo: Com sua estreia datada em 1º de setembro de 1969, o Jornal Nacional (JN), da Rede Globo, sob a apresentação de Hilton Gomes e Cid Moreira, foi o primeiro telejornal a ser transmitido em rede a seguinte 5 DEL BIANCO, Nélia. Remediação do radiojornalismo na era da informação. II Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor (Salvador - Ba, 2004). Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/~boccmirror/pag/bianco-nelia-remediacao-radiojornalismo-era-da-informacao.pdf. Consultado em março de 2020. 6 CAMPOS, Luana; BARBOSA, Plinio. Radialista: análise acústica da variação entoacional durante fala profissional e fala coloquial. In: Anais do Congresso Brasileiro de Prosódia. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/anais_coloquio/article/view/1269/1382. Consultado em março de 2020 7 MOREIRA, Sonia Virgínia. O rádio dos anos 30 nos EUA: antecedentes de “A Guerra dos Mundos”. Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro – RJ, 2011). Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/237772154_O_radio_dos_anos_30_nos_EUA_antecedentes_de_A_ Guerra_dos_Mundos. Consultado em março de 2020. 8 ARAÚJO, Gilvan Ferreira de. Telejornalismo: da história às técnicas. Curitiba: InterSaberes, 2017.
  • 15. 14 frase na voz de Cid Moreira: “É o Brasil ao vivo aí na sua casa. Boa noite”. Apesar das críticas sobre ter sido criado por interesse do governo militar, o JN não parou de inovar e agregar novas tecnologias. Também não parou de acumular prêmios e se tornou o telejornal de maior audiência do Brasil.9 Tudo aquilo que o Radiojornalismo oferecia, no sentido informacional; motivacional e emocional, o Telejornalismo também ofereceu em seu advento e com algo que, para muitos, é fundamental: a imagem em movimento. Para a professora Vera Íris PATERNOSTRO, esta continua sendo a principal forma de comprovação e impacto da informação: “Quando existe uma imagem forte de um acontecimento, ela leva vantagem sobre as palavras. Ela é suficiente para transmitir, ao mesmo tempo, informação e emoção10 ”. Ainda sobre a evolução dos meios, o pesquisador João CANAVILHAS afirmou que “a rádio diz, a televisão mostra e o jornal explica”11 . Dessa maneira, o autor complementou que a internet também tem a sua linguagem própria com a possibilidade de utilização do texto; áudio e da imagem em movimento, além do uso de hipertexto, como o diferencial exclusivo do meio. FERRARI declarou que “no Brasil, os sites de conteúdo nasceram dentro das empresas jornalísticas”12 e que, em fevereiro de 1995, o Jornal do Brasil criou o seu portal on-line tornando-se o primeiro site jornalístico do Brasil. A jornalista afirmou que as empresas de mídia tradicional como o Grupo Estado; a Editora Abril; as Organizações Globo e o Grupo Folha são denominadas “como os maiores conglomerados de mídia do país, tanto em audiência quanto em receita com publicidade”13 . FERRARI declarou que os grandes sites jornalísticos brasileiros, de 1997 a 2000, focaram mais na produção de conteúdo noticioso em massa que ao aprofundamento da matéria. De acordo com as ideias do jornalista Rosental Calmon ALVES, os meios de comunicação de massa tiveram que se adaptar para estar presente na internet e não para competir, se não, o destino poderá resultar na falência do veículo. 9 Idem, Ibidem. p. 64-65. 10 PATERNOSTRO, Vera Íris. O texto na TV: Manual de Telejornalismo. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1999, p. 72. 11 CANAVILHAS, João. Webjornalismo: considerações gerais sobre jornalismo na web, p. 2. 2001. Disponível em: https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/4358/1/CAP%C3%8DTULO_WebjornalismoConsidera%C3%A 7%C3%B5esgerais.pdf. Consultado em março de 2020. 12 FERRARI, P. Op. Cit. p. 25. 13 FERRARI, P. Op. Cit. p. 28.
  • 16. 15 Com um quadro tão pessimista e tão dramático, chegou a hora de os jornais desistirem da Internet, certo? Errado. Na realidade, a crise fortalece a posição estratégica dos jornais no novo ambiente de mídia que se está formando através da atual revolução tecnológica. Engana- se quem pensa que a atual crise esteja destruindo ou mesmo diminuindo a importância da Internet como meio de comunicação de massa. [...] A miopia dos jornais e de outros meios de comunicação tradicionais que desistirem da Internet devido aos problemas conjunturais poderá custar-lhes muito caro no futuro. A Internet não está desaparecendo. Ao contrário, está se consolidando e se tornando parte da vida diária de centenas de milhões de consumidores em todo o mundo14 . Ainda segundo ALVES, assim como a linguagem audiovisual foi a grande revolução diante da Rádio – suprindo a falta de imagem – a internet supriu a falta de interatividade inexistente da TV e dos outros meios. Já, para a jornalista Barbara Zamberlan ALVAREZ15 , não é segredo que a internet tomou conta de uma parte significativa da população mundial. Quanto mais o tempo passa, mais os brasileiros estão se conectando e se informando. Não há restrição de idade para o consumo de informação e notícia, nos tempos atuais. A professora Juliana DORETTO16 afirmou que as crianças aprendem rápido a pesquisar conteúdos de seus interesses. Já os professores Letícia MIRANDA e Sidney FARIAS17 afirmaram que os idosos - que passaram boa parte de sua vida sem internet; celular e redes sociais - hoje procuram se informar através da internet. A pesquisadora Zélia Leal ADGHIRNI declarou sobre o consumo do jornalismo na internet: Quando se sabe que no Brasil hoje existem centenas de sites e portais que veiculam informações diárias ou em tempo real, muitos dos quais operados por pessoas que nada tem a ver com o mundo do jornalismo, 14 ALVES, Rosental Calmon. Reinventando o jornal na internet. Almanaque da Comunicação, 2001. Disponível em: http://www.academia.edu/download/32055771/Texto_Rosental_aula_1.docx. Consultado em março de 2020. 15 ALVAREZ, Barbara Zamberlan. Cartilha de recomendações de SEO para jornalistas online. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. 2011. Disponível em: http://www.ntctec.org.br/media/files/downloads/cartilha-seo-no-jornalismo.PDF. Consultado em março de 2020. 16 DORETTO, Juliana. ‘Fala Connosco!’: o jornalismo infantil e a participação das crianças, em Portugal e no Brasil. Lisboa, 2015. 236p. Disponível em: https://run.unl.pt/bitstream/10362/17002/1/TESE_FINAL23fev.pdf. Consultado em março de 2020. 17 MIRANDA, Leticia Miranda de; FARIAS, Sidney Ferreira. As contribuições da internet para o idoso: uma revisão de literatura. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 13, n. 29, p. 383-394, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/v13n29/v13n29a11.pdf. Consultado em março de 2020.
  • 17. 16 como ficam estas leis? Quem pode controlar a Internet? Na medida em que não existe nenhuma lei que proíba qualquer pessoa de abrir um site disponibilizando notícias, quem vai controlar quem produz o quê? Mas, e a credibilidade, perguntarão alguns. Certo. É neste ponto que os jornalistas (e as empresas que empregam jornalistas) estão se agarrando. Qualquer que seja o suporte, ninguém sabe fazer notícia melhor que as empresas jornalísticas que empregam jornalistas. Têm qualidade, credibilidade e recursos para investir na aquisição dos serviços de agências nacionais e internacionais. Breve, têm, na base de sustentação um grande nome, um label de qualidade. O leitor tende a confiar mais numa Globo.com ou num Correioweb que num “João Ninguém” que abre um site para divulgar “fofocas” ou promover personalidades da alta sociedade.18 . Dessa forma, segundo SARMENTO19 , a responsabilidade dos jornalistas de mídias tradicionais, presentes na internet, ficou cada vez maior, desde a busca de uma apuração de qualidade até a uma produção que atenda os quesitos dos mecanismos de busca como o Google. 1.2 Surgimento de um gigante O jornalista Steven LEVY20 contou a história de Larry Page, o fundador do Google, que viveu em Lansing, Michigan. Seus pais eram formados em Ciência da Computação, por isso Page conhecia a fundo essa área. Larry não era uma pessoa sociável, falava pouco. No entanto, quando finalmente falava, surgiam ideias brilhantes de sua mente. Em 1995, Hector Garcia-Molina21 , cofundador do Digital Libraty Project (Projeto Biblioteca Digital), sabia que a World Wide Web22 faria parte dos projetos iniciados por Larry Page. Por primeiro, Page criou, com seu amigo próximo Sergey 18 ADGHIRNI, Zélia Leal. Jornalismo Online e Identidade Profissional do Jornalista. Trabalho apresentado no GT de Jornalismo do X Encontro Nacional da COMPÓS (Brasília, 2001). p.5. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/biblioteca_1214.pdf. Consultado em março de 2020. 19 SARMENTO, Priscila Bueker. A inversão dos valores na mídia e sua influência na conduta jornalística. e- Com, v. 10, n. 2, p. 6-15, 2018. Disponível em: https://unibh.emnuvens.com.br/ecom/article/view/2367/1247. Consultado em março de 2020. 20 LEVY, Steven. Google A Biografia: Como o Google pensa, trabalha e molda nossa vida. São Paulo. Universo dos Livros Editora, 2012. Disponível em: https://mundonativodigital.files.wordpress.com/2016/03/google-a-biografia-steven-levy.pdf. Consultado em abril de 2020. 21 Professor no Departamento de Ciência da Computação e Engenharia Elétrica da Universidade de Stanford. Biografia disponível em: http://infolab.stanford.edu/people/hector.html. Consultado em abril de 2020. 22 A World Wide Web foi uma criação do engenheiro britânico Tim Berners-Lee, em março de 1989.
  • 18. 17 Brin23 o sistema de BackRub, que fazia o trabalho de saber quais links direcionavam para uma determinada página. De acordo com LEVY, Larry e Brin criaram o sistema de PageRank, que classificava os websites através dos links de entrada. Para o êxito desse sistema, Page pediu auxílio a Scott Hassan, assistente de pesquisa do Digital Library Project. Hassan corrigiu a linguagem de programação, deixando de usar o Java24 para utilizar o Python25 , o que resolveu os erros do sistema e fez com que o BackRub funcionasse conforme as ideias de Larry. Por esse feito, Hassan foi incluído na equipe de Page. Seu amigo Brin ficou responsável por organizar, matematicamente, os links coletados pelas pesquisas da rede. Em março de 1996, a equipe fez um experimento começando pela página principal do departamento de Ciência da Computação de Stanford. O teste alcançou um bom resultado, segundo a avaliação da equipe. Após os testes e o êxito do funcionamento do sistema, Larry e sua equipe decidiram licenciar essa ferramenta de busca. Em uma reunião com a Excite26 , os fundadores compraram o BackRub, de Larry, que trabalharia sozinho na empresa em 1997. LEVY informou que o total arrecadado por Page e sua equipe, nesse trabalho de sete meses com a Excite, foi de 700 mil dólares em ações da Excite. Logo em seguida, Hassan saiu do projeto e da equipe. De acordo com as concepções do jornalista David VISE27 , em setembro de 1997, Larry e Brin renomearam o BackRub: pensaram googol - que representa o número 10100 e que faria todo sentido para o projeto. Page não conseguiu registrar o domínio com esse nome, por já estar em uso. A palavra Google estava disponível e, então, Larry decretou esse nome ao domínio do site. Com um logotipo colorido e até mesmo infantil sobre um fundo puramente branco, as habilidades mágicas do Google em apresentar respostas rápidas e relevantes centenas de milhões e vezes por dia 23 Cofundador do Google com Larry Page, em 1998. 24 “Java é uma linguagem de programação e plataforma computacional lançada pela primeira vez pela Sun Microsystems em 1995.” Disponível em: https://www.java.com/pt_BR/download/faq/whatis_java.xml. Consultado em abril de 2020. 25 Segundo a Pyton.org, é uma Linguagem de programação desenvolvida sob uma licença de código aberto, o que o torna mais fácil de usar que outras linguagens. Disponível em: https://www.python.org/about/. Consultado em abril de 2020. 26 Antes chamada de Architext, a Excite é uma empresa de pesquisa iniciada por um grupo de alunos inteligentes de Stanford cujo domínio é “www.excite.com/”. LEVY, Steven. Op. Cit. p. 32. 27 VISE, David A. Google: a história do negócio de mídia e tecnologia de maior sucesso dos nossos tempos. Rocco, 2007.
  • 19. 18 mudaram a maneira como as pessoas buscam informações e ficam a par das notícias. Bordado sobre o tecido do cotidiano, o Google tornou- se indispensável de uma hora para outra. Milhões de pessoas o utilizam diariamente em mais de cem idiomas e hoje consideram Google e Internet indissociáveis. A busca por informação imediata sobre toda e qualquer coisa é saciada ao "googleá-las" através de um computador ou aparelho e telefone celular. Homens, mulheres e crianças passaram a confirmar tanto no Google que hoje não conseguem imaginar como um dia viveram sem ele.28 Segundo o empresário Alejandro Suárez SÁNCHES-OCAÑA29 , o Google progrediu tanto que precisou deixar, em 1998, de utilizar as instalações de Stanford. Dessa maneira, Larry e Brin compraram 120 drivers somando um total de um terabyte de armazenamento. LEVY comparou as pesquisas nessa ferramenta com uma mágica. Segundo o autor, as estatísticas do Google, em 1998, apontavam que eram realizadas 10 mil pesquisas por dia nessa ferramenta de pesquisa. A popularidade do Google só crescia, mas a maior preocupação de Page era procurar melhorias constantes à ferramenta para que seu destino não fosse o esquecimento, como aconteceu com o AltaVista30 . Além da popularidade da empresa, ela se expandiu corporativamente: cientistas e programadores com pensamento inovador, como dos fundadores, se uniram à empresa como funcionários. Com isso, o Google se tornou, segundo LEVY, “sinônimo de pesquisa”31 , passando por cima de todos os seus concorrentes. Os principais concorrentes do Google, enquanto ferramenta de busca, são o Yahoo! e o Bing. SÁNCHES-OCAÑA informou que o Yahoo! foi iniciado pelos alunos da Universidade de Stanford: David Filo e Jerry Yang, em 1994, mas apenas em 1995, foi constituido como empresa. No início do ano 2000, o Yahoo! era considerado o lider no setor de pesquisa na web. O empresário Aaron GOLDMAN afirmou que, em junho de 2000, o Google fez um negócio com o Yahoo! para alavancar os resultados de pesquisa da empresa. Mesmo que o Yahoo! retornasse “exatamente os mesmos resultados que o Google, cada vez mais pessoas iam diretamente ao google.com. (...) Por que? Simples. Google significava buscar. Yahoo! significava ficar.”32 . Essa parceria foi encerrada no ano de 2004. OCAÑA completou que diferente do Google – que pensava em como deixar 28 Idem, Ibidem. p. 9. 29 SÁNCHEZ-OCAÑA, Alejandro Suárez. A verdade por trás do Google. Editora Planeta do Brasil, 2013. 30 Atualmente, o website do Altavista (altavista.com) é automaticamente redirecionado para a homepage do Yahoo!. 31 LEVY, Steven. Op. Cit. p. 90. 32 GOLDMAN, Aaron. Nos bastidores do Google: Tudo o que sei sobre marketing aprendi com o Google. Editora Saraiva, 2017. p. 64.
  • 20. 19 a vida do usuário melhor e facilitar a vida dele – o Yahoo! pensava “que o usuário já estivesse ali, que era secundário e um mero consumidor de publicidade.”33 O segundo grande concorrente do Google, o Bing, conforme contou GOLDMAN, foi lançado pela Microsoft em junho de 2009. Ele foi apresentado como uma ferramenta de decisão. A Microsoft acreditava que o usuário buscava a pesquisa para a partir dela fazer uma escolha. SANCHES-OCAÑA informa , com base no GlobalStats, que o Bing, que era uma ferramenta integrada às tecnologias do Yahoo!, chegou no máximo ao segundo lugar como ferramenta de busca na internet, o que ocorreu em 2011. Em uma entrevista com Brad Smith, vice-presidente sênior e assessor geral da Microsoft, OCAÑA conseguiu o seguinte depoimento reconhecendo a inferioridade da ferramenta Bing com relação ao Google: Sem um acesso adequado ao YouTube, o Bing e outros motores de busca não podem enfrentar o Google em igualdade de condições para atender às buscas por vídeos desse site, e isso, claro, afasta os usuários dos rivais do Google e os encaminha para essa empresa.34 Para SÁNCHES-OCAÑA, o Google era entendido como um mecanismo de Inteligência Artificial, conseguindo armazenar além dos resultados das buscas o comportamento dos usuários. Para isso, uma das muitas inovações foi a criação de um sistema onde se corrigia o usuário após digitar palavras com erros de ortografia. A aprimoração desse sistema foi a implementação de variados sinônimos para determinadas palavras. Para atingir a liderança, a ferramenta precisou superar as dificuldades ocorridas durante o seu desenvolvimento. Entre elas falhas de computadores e erros de indexação e rastreamento . O jornalista americano Douglas EDWARDS35 informou que o processo de transformação é uma constante: entre as melhorias da ferramenta, destacam-se um sistema que permite o bloqueio de conteúdos pornográficos, além de uma ferramenta que elimina spam nas buscas. O desenvolvimento dessa ferramenta chamou a atenção de empresários que passaram a pagar ao Google para estarem entre os primeiros resultados nas buscas. 33 SÁNCHEZ-OCAÑA, Alejandro Suárez. Op. Cit. p. 100. 34 SÁNCHEZ-OCAÑA, Alejandro Suárez. Op. Cit. p. 128. 35 EDWARDS, Douglas. Estou com sorte. Editoras Houghton Mifflin e Penguin Books, 2011.
  • 21. 20 Contudo, LEVY afirmou que os críticos não acreditavam na ideia de que o Google não manipulava o resultado do ranqueamento em troca de negócios. O Google estava no comando das críticas e, para se defender, utilizava o seguinte argumento: “Se você não confiasse no Google, como poderia confiar no mundo que ele apresentava em seus resultados?”36 . Um dos avanços para a realização desse pensamento foi a implementação do sistema Search-as-you-type, que significa procure enquanto digita. Esse sistema procurava mostrar sugestões de resultados antes mesmo de o usuário concluir a digitação. Em 2010, foi detectado que os engenheiros do Google implementaram mais de 600 mudanças de aprimoramento na ferramenta de busca. As criações e desenvolvimentos dessa empresa são para atender as necessidades dos usuários das mais variadas áreas. Além de criar, o Google comprou plataformas que são utilizadas frequentemente por quase todos os usuários da internet. SÁNCHES-OCAÑA discorreu sobre a expansão do Google: (...) o crescimento da companhia não se baseou somente no uso da inovação; utilizou mais vias para sua expansão: uma via evolutiva, mediante o uso dos avanços tecnológicos de que se dispõe, contando com um quadro de funcionários de reconhecido prestígio, que é um dos ativos fundamentais da empresa; e outra via, a econômica , mediante a compra de uma infinidade de projetos que agora fazem parte do monstro, o que amplia sua cobertura dentro e fora da Internet.37 Segundo SÁNCHES-OCAÑA, o Gmail, correio eletrônico do Google, foi criado em 2004. O Gmail possui mais de 7GB de armazenamento. Essa plataforma está sendo aprimorada e já possui o sistema de Inteligência Artificial. Por exemplo, se o usuário digitar anexo, no assunto ou corpo do e-mail e não anexar nenhum arquivo, o Gmail pergunta, por meio de um pop-up, se o usuário deseja anexar antes de enviar. Sobre o faturamento de 2019, a ação do Google atingiu, segundo a matéria do Exame38 , o valor de 162,7 bilhões de dólares e seu lucro líquido chegou no valor de 32 bilhões de dólares. Até feveireiro de 2020, o valor de mercado do Google chegou à quase um trilhão de dólares. 36 LEVY, Steven. Op. Cit. p. 56. 37 SÁNCHEZ-OCAÑA. Op. Cit. p. 47. 38 Exame – Negócio – Alphabet divulga resultados: meta é bater a Microsoft na nuvem. Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/alphabet-divulga-resultados-meta-e-bater-a-microsoft-na-nuvem/. Consultado em abril de 2020.
  • 22. 21 Financeiramente, seu concorrente direto, a Microsoft, possui um faturamento superior ao Google. Em 2019, segundo a ADVFN Brasil39 , as ações da empresa estava no valor de US$ 7 bilhões e seu lucro líquido foi de mais de 16 bilhões de dólares. O valor de mercado da Microsoft, em 2020, chegou à pouco mais de um trilhão e duzentos milhões de dólares. Foi um salto: segundo o gráfico da investing.com40 , uma cota de ações da Microsoft que valia no Brasil em torno de R$ 75,00, em 2012, chegou ao valor de R$ 845,00, em 2020. O site da ADVFN Brasil41 apontou que as ações da Yahoo! possuiu um valor de mercado de 27 bilhões de dólares. Seu valor na Bolsa de Valores estava em pouco mais de 500 milhões de dólares e, em 2019, obteve um prejuizo de mais de 200 milhões de dólares e nenhum lucro. Embora diversos programas da Microsoft - como os do Pacote Office42 ; da Adobe43 ; da Xbox44 ; e da Windows45 – sejam pagos pelos usuários, a grande parte do valor da Microsoft vêm deles. Já o Google possuiu a grande maioria de sua receita gerada por meio de anúncios e retorno de seus produtos que, em sua maioria, são gratuitos para usuários. Segundo VISE, o Google conseguiu gerar bilhões de dólares através dos esforços pela inovação. Os funcionários do Google são incentivados a ter ideias inovadoras para fazer com que a ferramenta de busca trabalhe mais rapidamente. “Uma razão pela qual a empresa não tem necessidade de se auto-promover é que sua cultura favorece um foco preciso ao atender os interesses dos usuários do Google.”46 . Após analisar a história do Google e sua expansão como corporação na sociedade fica evidente o quanto o Google pode ser chamado de gigante, como no título do subitem deste capítulo. Dessa maneira, é possível verificar que o Google pode ser uma 39 ADVFN - Cotação Microsoft – MSFT. Disponível em: https://br.advfn.com/bolsa-de- valores/nasdaq/MSFT/cotacao. Consultado em abril de 2020. 40 Investing.com – Microsoft Corporation (MSFT). Disponível em: https://br.investing.com/equities/microsoft- corp-chart. Consultado em abril de 2020. 41 ADVFN – Cotação Yahoo! Inc. (MM) – YHOO. Disponível em: https://br.advfn.com/bolsa-de- valores/nasdaq/YHOO/cotacao. Consultado em abril de 2020. 42 O Office 365 é a nova versão do Pacote Office, que reúne os aplicativos: Word, Excel, PowerPoint, OneDrive, Teams, Outlook e outros. Disponível em: https://products.office.com/pt-br/home. Consultado em abril de 2020. 43 O Creative Cloud reúne os principais softwares da Adobe, como Photoshop, Premiere Pro, After Effects, Illustrator, InDesign, entre outros. Disponível em: https://www.adobe.com/br/products/catalog.html. Consultado em abril de 2020. 44 Console de videogame lançada em 2013. Disponível em: https://www.xbox.com/pt-BR. Consultado em abril de 2020. 45 Sistema operacional da Microsoft. O mais recente é a versão Windows 10. Disponível em: https://www.microsoft.com/pt-br/windows/. Consultado em abril de 2020. 46 VISE, David A. Op. Cit. p. 13.
  • 23. 22 porta de entrada para os visitantes dos portais noticiosos, levando em consideração suas ferramentas específicas para jornalistas. 1.3 O Google no Jornalismo Como apresentado anteriormente, o Google se esforça para apresentar UX47 de qualidade. Dessa maneira, a empresa insere sistemas de Inteligência Artificial para entender o que o usuário está procurando. Segundo o jornalista Jeff JARVIS48 , os usuários da internet sabem o que querem encontrar. Para o autor, o público é quem deve determinar as tarefas aos jornalistas. Esse mecanismo de troca fortalece o relacionamento entre o público e o jornal. JARVIS completa que se os jornalistas não concordarem com essa realidade é porque não confiam no próprio público-alvo do jornal. A professora Maria Carolina AVIS49 afirmou que a ferramenta de busca classifica as melhores notícias, quando o usuário realiza a avaliação delas. Portanto, os jornalistas devem se atentar a produzir um conteúdo que agrade o público do veículo, para que o portal seja classificado como relevante para o Google. O jornalismo participativo revolucionou a dinâmica de produção de notícia fazendo com que não jornalistas contribuíssem ativamente com opiniões e mídias. Em harmonia com os ideais de AVIS, os backlinks são os links que compõem a notícia. Geralmente, ao final das notícias, os jornais tendem a inserir links de outras notícias relacionadas para que o usuário fique por mais tempo no portal. Segundo a autora, quanto mais backlinks a notícia receber, mais relevante ela será. Além disso, se o link de uma notícia for inseria em uma outra página, esse link torna-se relevante para o Google. Um dos produtos do Google que utiliza o sistema de busca noticiosa é o Google Notícias, que, segundo o Doutor em Ciência da Computação, Abhinandan DAS50 , 47 User Experience, em sua tradução, significa Experiência do Usuário. Ela abrange todas as interações do usuário com a empresa e seus produtos e serviços. Disponível em: https://www.nngroup.com/articles/definition-user-experience/. Consultado em abril de 2020. 48 JARVIS, Jeff. O que a Google Faria? Como atender às novas exigências do mercado. Editora Manole, 2010. 49 AVIS, Maria Carolina. SEO de verdade: se não está no Google, não existe. Editora InterSaberes, 2019. 50 DAS, Abhinandan S; DATAR, Mayur; GARG, Ashutosh. Google news personalization: scalable online collaborative filtering. Canadá. In: Proceedings of the 16th international conference on World Wide Web, 2007. p. 271-280. Disponível em: https://dl.acm.org/doi/pdf/10.1145/1242572.1242610?download=true. Consultado em abril de 2020.
  • 24. 23 apresenta recomendações com base nos interesses e filtros do usuário. De acordo com o empresário Eric ULKEN51 , as notícias na internet têm sido buscadas com muita frequência nos tempos atuais. O Google News foi lançado em 2001 e funciona através de um processo denominado de aranha, indexando as principais e recentes notícias, levando em consideração seus algoritmos. Esse produto é atualizado a cada 15 minutos. De acordo com a descrição do aplicativo do Google News52 , as principais medidas para melhoria da UX é apresentar os desdobramentos mais recentes das notícias que o usuário pesquisou anteriormente e a possibilidade de o usuário acessar as notícias em modo off-line. ULKEN afirmou que o Google Notícias sofreu diversas críticas sobre a forma como seus algoritmos indexavam as notícias. Críticas essas que acusavam o Google de um viés político, demonstrando preferência por determinados sites. Por mais que o Google News analise o conteúdo completo para classificação, ela atribui um peso maior na manchete das notícias. O autor comparou o Google News com seu concorrente, Yahoo News, e concluiu que se os usuários estão procurando notícias atuais sobre um candidato político, os melhores resultados estão no Yahoo Notícias. Em contrapartida, se o usuário desejar variedades de pontos de vistas alternativos, o Google Notícias entregará as melhores respostas. Já as jornalistas Patricia CURTAIN; Elizabeth DOUGALL; e Rachel MERSEY53 informaram que o Yahoo News disponibiliza estatísticas, de três dias de tendências, sobre as notícias mais visitadas, e mais recomendadas pelos usuários. Através dela é possível obter uma medida comportamental real das preferências das notícias dos usuários. Conforme as ideias dos pesquisadores Jiahui LIU, Peter DOLAN e Elin PEDERSEN54 , a defesa do Google das críticas está na diferença de variação presente de computador para computador; desktop para desktop; e de dispositivo móvel para dispositivo móvel. A tendência do Google News se dá de acordo com a frequência de 51 ULKEN, Eric. Question of Balance: Are Google News search results politically biased, 2005. Tese de mestrado pela USC Annenberg School for Communication. Disponível em: http://ulken.com/thesis/googlenews-bias-study.pdf. Consultado em abril de 2020. 52 Google Notícias: notícias do Brasil e do Mundo. Disponível em: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.google.android.apps.magazines&hl=pt_BR. Consultado em abril de 2020. 53 CURTAIN, Patricia A.; DOUGALL, Elizabeth; MERSEY, Rachel Davis. Study compares Yahoo! news story preferences. Newspaper Research Journal, v. 28, n. 4, p. 22-35, 2007. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Rachel_Mersey/publication/239927303_Study_Compares_Yahoo_New s_Story_Preferences/links/552b06690cf29b22c9c18dae.pdf. Consultado em abril de 2020. 54 LIU, Jiahui; DOLAN, Peter; PEDERSEN, Elin Rønby. Personalized news recommendation based on click behavior. Proceedings of the 15th international conference on Intelligent user interfaces, 2010. p. 31-40. Disponível em: https://dl.acm.org/doi/pdf/10.1145/1719970.1719976. Consultado em abril de 2020.
  • 25. 24 pesquisa individual do usuário. As sugestões das melhores histórias, assim denominadas pelo Google, são baseadas, além dos algoritmos de comportamentos, em filtros como idioma e localização do usuário. Além disso, a análise de logs, realizada pelos autores, revelou que os cliques dos usuários individuais são influenciados pela tendência local de notícias. Segundo DAS, esse clique é classificado pelo Google Notícias como um voto positivo para o filtro de perfil. O sistema compara diversos perfis de usuários com interesses em comum e cria recomendações baseadas nessa filtragem. Alguns produtos e ferramentas do Google são facilitadores para jornalistas e veículos noticiosos. Os que serão apresentados, analisados e relacionados ao jornalismo, neste item são respectivamente: Google Analytics; Google Adsense; Centro do publicador; The Fact .Check Tools; Iniciativa de Notícias e Google Trends. Segundo as ideias da autora Sandra RITA55 , o Google Analytics analisa os dados da empresa e a auxilia na tomada de decisões. O Analytics trabalha em um sistema de Inteligência Artificial para identificar os comportamentos do usuário e melhorar a experiência para ele. A autora afirmou que essa ferramenta contém aproximadamente 80 tipos de relatórios. Com isso, o jornalista consegue identificar quem são os usuários que clicaram no portal noticioso, de onde vieram e quais foram os comportamentos no portal. Além disso, o jornalista tem a possibilidade de saber quais foram as notícias mais acessadas, ou seja, consegue analisar a audiência do site. O Google Adsense é uma iniciativa do Google, iniciada em 2003, para monetizar sites de acordo com as visitas e cliques em anúncios. Através dela, o jornalista consegue receber, em dólar, do Google. O valor mínimo para saque é de US$ 100,00. Segundo o site do Adsense, o Google afirmou que valoriza o conteúdo e que “criar conteúdo é demorado, mas gerar receita com ele não deveria ser”56 . Em 2019, o Google criou o novo Centro do publicador57 para os jornalistas. Segundo o Google, a ferramenta ajuda os criadores de conteúdo a gerenciar a forma como a notícia é apresentada no Google News. O site afirmou que o jornalista não é obrigatoriamente necessário inserir o conteúdo no Centro do publicador para estar visível no Google Notícias, mas há duas vantagens para o jornalista que adere o uso da 55 RITA, Sandra. Dominando as ferramentas do Google. Universo dos Livros Editora, 2008. 56 Google Adsense. Disponível em: https://www.google.com/intl/pt-BR_br/adsense/start/. Consultado em abril de 2020. 57 Centro do publicador. Ajuda. Disponível em: https://support.google.com/news/publisher- center/answer/9610084?hl=pt. Consultado em abril de 2020.
  • 26. 25 ferramenta: a primeira vantagem é a possibilidade que o jornalista tem de personalizar as seções e o conteúdo da publicação; e a segunda vantagem é a oportunidade de apresentar anúncios na área de conteúdo do Google News. The Fact Check Tools58 é a ferramenta do Google que visa expor o trabalho de jornalistas que se dedicam em verificar a veracidade dos fatos presentes na internet. Antes da criação dessa ferramenta, o site jornalístico de Fact Check precisava ser marcado com esquemas de dados estruturados ClaimReview, que permite que o Google reconheça o portal como um site de verificação de fatos. Esse procedimento antigo exigia certo nível de conhecimento técnico e podia apresentar problemas. Com essa nova ferramenta ficou mais fácil e seguro a inserção da marcação no portal jornalístico. O CEO do Google, Sundar Pichai59 , informou que o Google se preocupa com o jornalismo. Pichai acredita que o conhecimento difundido torna a vida melhor para todos. Diversas ferramentas e recursos, especialmente para o jornalismo, foram desenvolvidas pelo Google e foram denominadas como: Iniciativa de Notícias. Com essa novidade, foram criados produtos para atender as necessidades das organizações de notícias; além disso, a iniciativa possui a colaboração de parceiros para atender às necessidades de negócios e desafios do setor; e a iniciativa desenvolveu programas para impulsionar a inovação nos veículos noticiosos. Os professores Gorete DINIS; Carlos COSTA; e Osvaldo PACHECO declararam que o Google Trends é uma ferramenta disponível ao público que “mostra o quão frequente um determinado termo de pesquisa é pesquisado pelos utilizadores em relação ao volume de pesquisas total”60 , desde 2012. De acordo com as concepções dos autores, o jornalista consegue coletar dados de 2004 até o presente. Essa funcionalidade pode ser utilizada na prática de produção de notícia para que o jornalista analise a relevância de um determinado assunto, mediante o volume de busca. No Capítulo II deste trabalho serão apresentados e analisados, à fundo, o uso dessa ferramenta. Segundo ZAMBERLAN, a relação entre o jornalismo, do século XXI, e o Google é existente a partir do advento da internet. A autora atentou para a importância 58 Ferramenta de verificação dos fatos. Sobre. Disponível em: https://toolbox.google.com/factcheck/about. Consultado em abril de 2020. 59 Iniciativa de Notícias Google. Sobre. Disponível em: https://newsinitiative.withgoogle.com/intl/pt_br/about/. Consultado em abril de 2020. 60 DINIS, Gorete; COSTA, Carlos; e PACHECO, Osvaldo. Nós Googlamos! Utilização da ferramenta Google Trends para compreender o interesse do público pelo Turismo no Algarve. Dos Algarves: A Multidisciplinary e-Journal, 26(1), 64-84, 2015. p. 5. Disponível em: http://dosalgarves.com/index.php/dosalgarves/article/download/75/117. Consultado em abril de 2020.
  • 27. 26 que o jornalista deve dar em relação aos mecanismos de busca. Grande parte da audiência do portal vem do Google. Além disso, de acordo com as ideias do professor Vinit Kumar GUNJAN61 , os usuários costumam ir apenas à primeira página de pesquisa, ou seja, se o conteúdo produzido estiver posicionado na segunda página em diante, o trabalho árduo de produção da notícia poderá não ser visualizado com a demanda esperada. Por isso, o jornalista digital deve inserir as técnicas de SEO na rotina de produção das notícias. Essas técnicas serão apresentadas e analisadas no capítulo seguinte deste trabalho. 61 GUNJAN, Vinit Kumar et al. Search engine optimization with Google. International Journal of Computer Science Issues, vol. 9, Issue 1, nº 3, p. 206-214, 2012. Disponível em: https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/34306268/IJCSI-9-1-3-206-214.pdf. Consultado em abril de 2020
  • 28. 27 Capítulo II: Jornalismo digital e seu valor na sociedade Neste capítulo serão apresentados a lógica da web de uma maneira mais ampla, ou seja, como funciona a internet e seu uso no jornalismo digital. Para isso, serão explicados conceitos como ciberespaço, cibercultura, hipertexto, as gerações da web e SEO. Em seguida, será desenvolvida, neste capítulo, uma problematização sobre as denominações do jornalismo praticado na internet e a justificativa da nomenclatura escolhida, dentre todas, ser o ‘jornalismo digital’. Desse modo, serão esclarecidas as principais características desse tipo de jornalismo, por meio de conceitos como convergência midiática, interatividade, assim como a presença da mídia alternativa no ciberespaço. Na sequência deste item será explicado o que é notícia e como se estrutura a mesma, fazendo uma apresentação de conceitos como lead e título. Além disso, serão vistas algumas Teorias do Jornalismo, com ênfase Teoria do Newsmaking para discorrer sobre a produção noticiosa. No final deste capítulo será feita uma avaliação sobre a atualização dos critérios de noticiabilidade e valores-notícia, para sua utilização no jornalismo digital. 2.1 Entendendo o funcionamento da internet e sua aplicabilidade no jornalismo digital Segundo o doutor em Ciência da Computação, James KUROSE, e o pesquisador ROSS62 , a internet não é algo fácil de ser entendido. Para entendê-la é necessária uma divisão entre seus componentes básicos, que são hardware, que são os meios físicos que fazem a comunicação eficaz entre os componentes da rede; software, que são instruções dadas a um computador para execução de tarefas específicas; e serviços que a internet oferece. KUROSE e ROSS declararam que a internet é uma rede mundial de computadores que conecta milhões de computadores do mundo inteiro. Os sistemas e componentes da internet trabalham através de protocolos que organiza a entrada e saída de informações na internet. Esses sistemas são conectados entre si a partir de links de comunicação como, por exemplo, cabos de fibra ótica e ondas de rádio. Esses links 62 KUROSE, James F.; ROSS, Keith W. Redes de Computadores e a Internet: uma abordagem top-down. Pearson Universidades. 6ª Edição, 2013.
  • 29. 28 possuem velocidades de conexão, chamadas de largura de banda. Os autores informaram que essa comunicação em um local, geralmente, é executada por meio de um roteador. Ainda de acordo com as concepções de KUROSE e ROSS, a internet fornece duas categorias de serviços: o serviço orientado e não orientado à conexão. O serviço orientado é quando qualquer entidade comunicante transfere pacotes de dados entre si. Esse serviço é denominado de TCP. O IP também faz parte do serviço orientado e possui o objetivo de descobrir a rota ideal entre o remetente e o destinatário para a transmissão dos dados. Já o serviço não orientado é chamado de UDP e é quando apenas o servidor remetente envia os pacotes de dados, não havendo a troca recíproca, como apresentado no serviço anterior. O UDP não garante o êxito do fluxo dos dados reais, porque o servidor originador não sabe o certo por onde passam os pacotes de dados. O professor José Benedicto PINHO63 afirmou que a World Wide Web (WWW) é um conceito fundado, em 1991, pelo engenheiro Tim Berners-Lee e se denomina como sinônimo de internet. A WWW é “um modo de organização e da informação e dos arquivos na rede”64 . Ela é baseada no modelo cliente-servidor que funciona através do HTTP, que significa o protocolo que estabelece como os componentes da internet devem interagir para transferir as informações associadas à internet. Todos os sites precisam passar por esse protocolo para estabelecer a conexão correta e eficaz com a internet. De acordo com o autor, “a velocidade de disseminação da internet em todo o mundo deve transformá-la efetivamente na decantada superestrada da informação”65 . Conforme a explicação anterior, o HTTP e a WWW trabalham juntos. Em razão disso, cada empresa que desejar estar presente na internet, precisará de um link - que funciona como um sistema de redirecionamento para páginas específicas da internet – e esse link pode ser denominado como domínio. Esse domínio, em geral, é pago. Os domínios gratuitos, em sua maioria, são aqueles que estão atrelados à empresa onde se fez o registro. No capítulo anterior deste trabalho foi contado como os fundadores do Google registraram o domínio e é dessa maneira que funciona, geralmente. Não é possível existir dois links com os mesmos caracteres. O hipertexto é a linguagem da internet, pois está ligado diretamente ao link. O pesquisador Pierre LÉVY explicou que o hipertexto é “um conjunto de nós ligados por 63 PINHO, José Benedito. Jornalismo na internet: Planejamento e produção da informação on-line. Summus Editorial. 2ª Edição, 2003. 64 Idem, Ibidem. p. 33. 65 Idem, Ibidem. p. 5.
  • 30. 29 conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou parte de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem ser eles mesmos hipertextos.”66 . A não-linearidade dos itens é a principal característica do hipertexto. Para complementar a ideia da internet como um amplo ambiente, LÉVY67 utilizou, também, um conceito chamado ciberespaço - termo inventado por Wiliam Gibson, em 1984 - que significa o novo meio de comunicação criado a partir do surgimento da intenet. É por meio da extensão do ciberespaço que aumenta a virtualização da economia e da sociedade, ou seja, é por causa dele que surgiu o mundo virtual, que consiste nas informações em um local contínuo, como por exemplo, o videogame. O autor complementou que o crescimento das conexões no ciberespaço aumentou a aproximação social: Uma das principais funções do ciberespaço é o acesso a distância aos diversos recursos de um computador. Por exemplo, contanto que eu tenha esse direito, posso, com a ajuda de um pequeno computador pessoal, conectar-me a um enorme computador situado a milhares de quilômetros e fazer com que ele execute, em alguns minutos ou algumas horas, cálculos (...) que meu computador pessoal levaria dias ou meses para executar.68 O termo cibercultura foi criado pelo autor Pierre Lévy para determinar o conjunto de atitudes, pensamentos, práticas, técnicas, e valores criados a partir da expansão do ciberespaço. A cibercultura está ligada a universalidade, mas é o “universal sem totalidade (...) porque sua forma ou sua ideia implicam de direito o conjunto dos seres humanos”69 . LÉVY classificou a cibercultura em três princípios: a interconexão, que significa a humanidade em comunicação, interação e contato virtual de forma universal; as comunidades virtuais, que são pessoas que se organizam por meio de correio eletrônico universal; e inteligência coletiva, que significa uma inteligência compartilhada por um grupo de comunidade virtual com a finalidade de colaborar, contribuir e inovar. Dentro desse cenário, o engenheiro André LEMOS criou um termo denominado cibercidade, que “nada mais é do que um conceito que visa colocar o acento sobre as 66 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Tradução: Carlos Irineu da Costa. p. 20. Disponível em: https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/32078159/As-Tecnologias-da-Inteligencia.pdf. Consultado em abril de 2020. 67 Idem. Cibercultura. Editora 34, 2010. 68 Idem, Ibidem. p. 93. 69 Idem, Ibidem. p. 119.
  • 31. 30 formas de impacto das novas redes telemáticas no espaço urbano”70 , em outras palavras, é a cidade dentro da cibercultura. A cibercidade, segundo o autor, faz com que as práticas da sociedade sejam mudadas com novas tecnologias de comunicação. A internet ou, simplesmente, web passou por quatro gerações. A cada geração, ocorreram mudanças significativas de tecnologias e hábitos na sociedade dentro do ciberespaço. A primeira geração da web, de acordo com o professor Henrique Teixeira GIL71 , é a geração da novidade. Uma nova sociedade foi iniciada: a sociedade da informação, onde se conseguia consultar tudo a qualquer hora do dia. A professora Adelina MOURA72 definiu que a segunda geração da web foi marcada pela popularização de aplicativos e ferramentas que permitiram fazer com que qualquer usuário da internet pudesse se transformar em produtor de conteúdo. Além disso, a web 2.0 foi a porta de entrada para a popularização dos dispositivos móveis. O professor de Sistemas da Computação, Seiji ISOTANI, et al.73 , chamou a web 3.0 de Web Semântica Social porque, nessa geração, foi possível gerar sistemas de conhecimento coletivo onde os significados das informações são compartilhados, organizados e estruturados. É nessa geração que surgem os conceitos de cibercultura e inteligência coletiva, explicadas anteriormente. A quarta geração da web foi classificada pela mestre em Engenharia de Sistemas e Computação, Patricia Lima QUINTÃO, et al., como a geração da inteligência artificial: A web 4.0 busca soluções para questões ainda não levantadas, ou problemas que ainda não existem, como, por exemplo, a câmera digital, que passou a fazer parte dos notebooks, celulares e até canetas; mesma funcionalidade em aparelhos extremamente distintos, por isso, na perspectiva do autor, essa geração da web é, portanto, baseada muito mais em hardware do que em software74 . 70 LEMOS, André (org). Cibercidades: um modelo de inteligência coletiva. Cibercidade. As cidades na cibercultura. Editora e-papers. p. 19-26, 2004. p. 1. 71 GIL, Henrique. A passagem da Web 1.0 para a Web 2.0 e… Web 3.0: potenciais consequências para uma «humanização» em contexto educativo. Educatic: boletim informativo, p. 1-2, 2014. Disponível em: https://repositorio.ipcb.pt/bitstream/10400.11/2404/1/A%20passagem%20da%20Web%20Henrique.pdf. Consultado em abril de 2020. 72 MOURA, Adelina. A web 2.0 e as tecnologias móveis. In: Manual de Ferramentas da Web 2.0 para Professores. 2008. Disponível em: http://repositorio.uportu.pt/jspui/bitstream/11328/506/2/web%202.0%20e%20as%20tecnologias%20moveis. 2008.pdf. Consultado em abril de 2020. 73 ISOTANI, Seiji et al. Web 3.0 - Os rumos da Web semântica e da Web 2.0 nos ambientes educacionais. In: Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. 2008. p. 785-795. 74 QUINTÃO, Patricia Lima; et al. Análise dos desafios e melhores práticas para resguardar a segurança e privacidade dos dispositivos móveis no uso das redes sociais. In: Conferência IADIS Ibero-Americana
  • 32. 31 A autora completou que conforme novas tecnologias vão surgindo e se disseminando na sociedade, É analisada a necessidade da criação de uma nova geração da web. Portanto, no período deste trabalho até 2030, estaremos vivenciando os impactos e efeitos da web 4.0. A internet é um espaço onde estão inúmeros arquivos, sites e informações de diversas áreas e linguagens distintas. É função das ferramentas de busca organizar todo esse conteúdo e oferecer as respostas corretas para o usuário da internet. No primeiro capítulo deste trabalho foi apresentada a história do Google como a maior empresa de ferramenta de busca do mundo. Mas como funciona um mecanismo de busca? Após apresentada a lógica do funcionamento da internet, o entendimento de como a busca consegue retornar os resultados desejados pelo o usuário será desenvolvido nos próximos parágrafos. Segundo a pesquisadora Regina Meyer BRANSKI75 , os sites que funcionam como mecanismo de pesquisa possuem um armazenamento de dados amplo. Todas as páginas da internet possuem um sitemap - que é um arquivo que lista todos os links do respectivo site – e o mesmo pode ser enviado ou não para os mecanismos de busca. As principais plataformas de criação de sites, como WordPress76 e Wix77 possuem essa opção para o site ser indexado ou não nas ferramentas de pesquisa. Na maioria dos casos, a opção de não indexação é usada quando o site está em teste e não quer obter acesso no momento. Além disso, as ferramentas de busca conseguem encontrar sites, informações e dados automaticamente, sem precisar do envio do desenvolvedor do site. Esse sistema é denominado de spider. Esse procedimento de armazenamento, por sua vez, é mais lento que o primeiro apresentado. Ainda conforme BRANSKI, cada ferramenta de busca possui um modo diferente de classificar os links. O Google, como demonstrado no capítulo anterior, entrega um número maior de resultados que seus concorrentes. Os sistemas dos mecanismos de buscas organizam os resultados da pesquisa com uma listagem de links e WWW/Internet, 2010. p. 5. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/274706269. Consultado em abril de 2020. 75 BRANSKI, Regina Meyer. Localização de informações na internet: características e formas de funcionamento dos mecanismos de busca. Transinformação, v. 12, nº 1, p. 11-19, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tinf/v12n1/08.pdf. Consultado em abril de 2020. 76 Site disponível em: https://br.wordpress.org/. Consultado em abril de 2020. 77 Site disponível em: https://pt.wix.com/. Consultado em abril de 2020.
  • 33. 32 hipertextos de acordo com a relevância da página. Essa relevância será explicada ainda no decorrer deste item. Levando em consideração a importância da presença de um site nas primeiras posições dos mecanismos de busca; que o Google é a melhor ferramenta de pesquisa do mundo; e que boa parte da audiência dos sites vem através da busca na internet, existem técnicas que ajudam os sites na conquista por um posicionamento melhor. Essa ajuda pode ser denominada de otimização de sites para mecanismo de busca, ou SEO. O Google criou o manual: Otimização de sites para Mecanismos de Pesquisa (SEO) - Guia do Google para Iniciantes78 , para recomendar as principais técnicas necessárias para estar bem ranqueado no Google, especificamente, mas funciona para o bom posicionamento em outras ferramentas de busca, por se tratar de práticas e melhorias de conteúdo na liguagem voltada para web. O conjunto da maioria dessas práticas representa a relevância da página para os mecanismos de busca. As primeiras recomendações do guia são sobre o título da página ou publicação que precisa ser coerente com o assunto que a página se define, evitando nomes genéricos; sobre a definição da descrição da página que precisa ser um breve resumo sobre o que a página se trata, evitando conteúdos extensos; e sobre a estrutura dos links da página, que precisa ser renomeada de acordo com o conteúdo apresentado, evitando caracteres abstratos. Em seguida, as recomendações tratam da navegabilidade do site, que precisa ser fácil para o usuário navegar, ou seja, o site precisa ter um sitemap bem hierarquizado, estruturado e organizado por categorias e subcategorias, utilizando o breadcrumb, que significa uma estrutura de links organizados hierarquialmente que permite o usuário do site voltar para uma página anterior ou para a principal. O guia recomenda também que o desenvolvedor crie conteúdos com a escrita de qualidade, isto é: evitar duplicação de conteúdo; evitar erros ortográficos; separar títulos e seções para a troca de assuntos; distribuir links internos e externos na página e esses links precisam ser descritivos, evitando palavras vagas; utilizar hierarquia de cabeçalho para as seções do texto da página, por exemplo, no título é preferível utilizar a tag <h1>, para o subtítulo, <h2> e assim por diante; e utilizar as palavras-chave corretas para 78 Equipe da Qualidade de pesquisa do Google. Otimização de sites para Mecanismos de Pesquisa (SEO) - Guia do Google para Iniciantes. Disponível em: https://static.googleusercontent.com/media/www.google.com/en//intl/pt-BR/webmasters/docs/guia- otimizacao-para-mecanismos-de-pesquisa-pt-br.pdf. Consultado em abril de 2020.
  • 34. 33 melhor indexação da página. Essa última sugestão será explicada no decorrer deste item. O guia trata ainda da publicação correta das imagens, pois precisam ser renomeadas de forma a conter informações sobre a imagem. Além disso, ela precisa de atributos descritivos, chamados de atributo alternativo, para que essa descrição possa ser mostrada caso não apareça para o usuário do site. Outro fator determinante no ranqueamento da página no mecanismo de busca é seu tempo de carregamento. O PageSpeed Insights79 é uma ferramenta do Google que mede o desempenho do site, em celulares e computadores, e sugere recomendações e melhoras para que a página carregue mais rapidamente. A ferramenta pontua o site de 0 a 100. Outra ferramenta que mede a otimização dos sites, sua performace e velocidade é o GTmetrix80 , que utiliza o score do PageSpeed e possui mais de 500 milhões de sites analisados. Ambas ferramentas são gratuitas para o usuário. Uma ferramenta paga que auxilia o site no desempenho e performace de SEO é o Ryte81 . Essa ferramenta não é focada apenas na velocidade do site, mas também na relevância do conteúdo do site. O Ryte ajuda o criador de conteúdo a chegar mais próximo de um conteúdo que agrade tanto os mecanismos de busca quanto o visitante. A ferramenta possui mais de um milhão de usuários. Escolher as palavras-chave certas para o conteúdo é uma prática fundamental para conseguir produzir um conteúdo que atenda os mecanismos de busca, mas o que são palavras-chave? Elas são uma ou um conjunto de palavras que define(m) ou resume(m) o conteúdo. Dessa forma, para saber a relevância da(s) palavra(s) é necessário realizar uma consulta em ferramentas que permitem mostrar o volume de tendências de busca, denominado como Trends. As principais ferramentas gratuitas de consulta de trends são o Google Trends82 e os assuntos do momento do Twitter83 . Existem, também, ferramentas pagas para examinar a relevância das palavras, como a Brand2484 . Uma das características do jornalista digital é a necessidade de utilização dessas ferramentas, gratuitas ou pagas, para conhecer as tendências de pesquisa e construir um material jornalístico relevante para o público. 79 Site disponível em: https://developers.google.com/speed/pagespeed/insights/. Consultado em abril de 2020. 80 Site disponível em: https://gtmetrix.com/. Consultado em abril de 2020. 81 Site disponível em: https://en.ryte.com/. Consultado em abril de 2020. 82 Site disponível em: https://trends.google.com.br/trends/. Consultado em abril de 2020. 83 Site disponível em: https://twitter.com/explore. Consultado em abril de 2020. 84 Site disponível em: https://brand24.com/. Consultado em abril de 2020.
  • 35. 34 2.2 Desmistificando o jornalismo digital e a mídia alternativa presente no ciberespaço De acordo com a jornalista Luciana MIELNICZUK85 , ainda não existe um acordo definitivo entre os teóricos e autores para a nomenclatura correta para o jornalismo presente na internet. Os termos mais utilizados são ciberjornalismo; jornalismo digital; jornalismo eletrônico; jornalismo online; e webjornalismo. Cada termo possui sua particularidade. O ciberjornalismo é o termo referente à prática jornalistica no ciberespaço; o jornalismo digital abrange as tecnologias digitais, não somente a internet; o termo jornalismo eletrônico é utilizado quando o profissional usa aparelhos eletrônicos para espalhar informações; jornalismo online é o termo empregado quando há o desenvolvimento do material jornalístico com o auxílio de tecnologias de transmissão de dados em tempo real; e o conceito webjornalismo é adequado quando se quer falar de uma parte específica da internet, ou seja, a web. MIELNICZUK classificou esses termos de acordo com sua abrangência: o mais amplo é o jornalismo eletrônico, respectivamente seguido de jornalismo digital, ciberjornalismo, jornalismo online e webjornalismo. A autora escolheu utilizar o conceito webjornalismo pelo fato de seu artigo ser focado na evolução da web, características da web, notícias presentes na web, interatividade e edição de conteúdos na web. O termo escolhido para este trabalho é o jornalismo digital, por questão pessoal do autor e por ser um termo que, segundo MIELNICZUK, se assemelha ao jornalismo multimídia, “pois implica na possibilidade da manipulação conjunta de dados digitalizados de diferentes naturezas: texto, som e imagem”86 . É o termo abrangente que faz todo o sentido para as análises abordadas no terceiro capítulo deste trabalho, onde serão analisados diversos detalhes de dados utilizados antes de publicar o produto jornalístico, sejam eles texto, imagem, som, vídeo e SEO. Segundo o sociólogo Gustavo CARDOSO87 , antes do advento da internet, a comunicação jornalística possuia a característica denominada como comunicação de massa, ou seja, uma única mensagem distribuída para um público com amplitude não 85 MIELNICZUK, Luciana. Jornalismo na Web: uma contribuição para o estudo do formato da notícia na escrita hipertextual. 2003. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/6057/1/Luciana- Mielniczuk.pdf. Consultado em abril de 2020. 86 Idem, Ibidem. p. 25. 87 Cardoso, Gustavo. Da comunicação de massa à comunicação em rede: modelos comunicacionais e a sociedade de informação, 2009. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/301789805_Da_Comunicacao_em_Massa_a_Comunicacao_em_Re de_Modelos_Comunicacionais_e_a_Sociedade_de_Informacao. Consultado em abril de 2020.
  • 36. 35 delimitada. Esse tipo de comunicação é característica do telejornalismo, do radiojornalismo e do jornalismo impresso, cujo nível de interatividade é pequeno ou limitado. A interatividade será explicada ainda neste item. De acordo com as concepções dos professores Ângela Cristina MARQUES e Dimas KÜNSCH88 a comunicação em rede é um termo para explicar a comunicação de muitos para muitos. Segundo os autores, “a comunicação em rede retoma e requer uma nova reflexão sobre como processos comunicativos se articulam e se definem relacionalmente, em um fenômeno sempre mais presente, amplo e complexo de conteúdos virtuais atualizados no contato intersubjetivo.”89 A comunicação em rede mudou a forma como o jornalista produz o material noticioso. O jornalismo digital busca transformar uma linguagem hermética, ou seja, de difícil compreensão, para uma linguagem acessível para públicos de diversos níveis de conhecimento intelectual. Além disso, o jornalista digital precisou se adaptar à novas práticas definindo-se como jornalista multimídia, isto é, o profissional que precisa fazer diversas funções para além do trabalho de pautar, apurar e redigir. O professor Marcelo KISCHINHEVSKY comentou sobre o papel do jornalista mediante a convergência midiática e o jornalista multitarefa: o discurso sobre a inevitabilidade da convergência midiática vem prevalecendo, tornando-se uma ideologia que permeia todo o fazer jornalístico na grande imprensa. (...) O jornalista precisa repensar seu papel diante das novas tecnologias digitais, para não se tornar um mero apertador de botões, um malabarista da informação, equilibrando diversos aparelhos eletrônicos – gravadores, filmadoras, celulares com câmera fotográfica, notebooks.90 Segundo a jornalista Magaly DO PRADO91 , uma das principais características do jornalismo digital é a mobilidade, pois o internauta consigue acessar o conteúdo noticioso (texto, imagem, gráfico, som e vídeo) em tempo real e de onde estiver, com o 88 MARQUES, Ângela Cristina Salgueiro; KÜNSCH, Dimas A. Diferentes interfaces entre comunicação em rede, esfera pública e jornalismo. Líbero. v. 13, nº 25, p. 9-18. São Paulo, 2010. Disponível em: http://seer.casperlibero.edu.br/index.php/libero/article/view/452/424. Consultado em abril de 2020. 89 Idem, Ibidem. p. 9. 90 KISCHINHEVSKY, Marcelo. O discurso da convergência inevitável: a construção do jornalista multitarefa nas páginas de O Globo. In: Revista Eptic, v. 12, nº 3, 2010. p. 17. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/a715/952fcafaca8351d5983cba6b4c33d4fce601.pdf. Consultado em abril de 2020. 91 DO PRADO, Magaly Parreira. Jovens jornalistas e o consumo de informação imediata nas redes sociais. In: ISSN nº 2447-4266, vol. 2, nº 3, 2016. Disponível em: https://hal.archives-ouvertes.fr/hal- 01571112/document. Consultado em abril de 2020.
  • 37. 36 auxílio de um dispositivo móvel com acesso a internet. Além disso, os grandes conglomerados de comunicação, os chamados veículos tradicionais, estão disponibilizando seus produtos de forma digital. Henry Jenkins, em 2008, criou o termo para esse tipo de transformação: convergência midiática, que “ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com outros”92 . O jornal e as revistas impressas precisaram estar disponíveis, também, na internet. Para isso acontecer, a maneira como esse meio se comunica com o público teve que ser adaptado. Um exemplo dessa adaptação é que, inicialmente, o público teria que pagar para acessar o conteúdo de revistas ou jornais. Nos tempos atuais, alguns conteúdos são disponibilizados nas redes sociais ou portal dessas empresas, gratuitamente, para conquistar leitores. Para exemplificar essa afirmação, a Revista Época93 e a Revista Veja94 não deixaram de publicar as edições da revista semanal. Elas utilizam um canal de assinatura onde, além de acessar a revista digital, o usuário possui acesso a conteúdos exclusivos. O mesmo acontece com o jornal O Globo95 e o Estadão96 . Mesmo assim, alguns conteúdos de editorias específicas são possíveis de ser acessadas pelo não assinante. A convergência ocorreu, também no veículo rádio. Segundo o pesquisador Emanoel SANTOS97 , o advento dos dispositivos móveis foi um ânimo para esse meio de comunicação. Além da mobilidade em se conseguir consumir o conteúdo radiofônico, a audiência foi ampliada com os usuários da internet. Dessa maneira foi criado o termo Rádio Online ou Web Rádio, que rompe a limitação do mundo analógico para o mundo digital. Elas estão presentes em plataformas mais amplas, como sites, aplicativos e TV por assinatura. De acordo com os pesquisadores Gílian BARROS e Eziquiel MENTA, foi criado outro conceito, em 2004, pelo jornalista Bem Hammersley: PodCast que significa “programa de rádio personalizado (...) que permite que se assine os programas recebendo as informações sem precisar ir ao site do produtor”98 . As grandes emissoras de rádio, assim como os grandes conglomerados de comunicação, que estão presentes na 92 JENKINS, Henry. Cultura da convergência. Aleph, 2015. p. 31. 93 Site disponível em: https://epoca.globo.com/. Consultado em 2020. 94 Site disponível em: https://veja.abril.com.br/. Consultado em abril de 2020. 95 Site disponível em: https://oglobo.globo.com/. Consultado em abril de 2020. 96 Site disponível em: https://www.estadao.com.br/. Consultado em abril de 2020. 97 SANTOS, Emanoel Leonardo dos. O radiojornalismo em tempos de internet. Edufrn. Natal-RN, 2017. 98 BARROS, Gílian C.; MENTA, Eziquiel. Podcast: produções de áudio para educação de forma crítica, criativa e cidadã. In: Revista Eptic, vol. 9, nº 1, 2007. p. 2-3. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/eptic/article/download/217/186. Consultado em abril de 2020.
  • 38. 37 internet, possuem programas de PodCast, em seu respectivo portal ou rede social. A jornalista Nair PRATA comentou sobre mais uma novidade no rádio presente no ciberespaço: “com a internet, o texto e a imagem agora também fazem parte da webradio”99 . Assim como a mobilidade é uma característica da Web Rádio, assim também é para a TV. De acordo com a jornalista Elaide MARTINS a linguagem, os formatos, modelos e as narrativas desse meio de massa foram modificados a partir da chegada da era digital. Para demonstrar a utilização dessa transição, o aplicativo Globoplay100 , criado em 2015 pelo Grupo Globo, oferece aos assinantes conteúdos televisivos antigos e novos. Para o público geral, o aplicativo e site disponibilizam a programação, em tempo real, da mídia televisiva da emissora. MARTINS declarou que “A televisão, agora, acompanha o telespectador que, por sua vez, já pode colaborar, comentar, opinar e compartilhar mensagens devido à interatividade horizontal proporcionada pela internet”101 . Essa é uma das principais características da convergência midiática da televisão: a interatividade, cuja explicação será apresentada nos próximos parágrafos. A participação ativa da audiência mudou a forma de se fazer o telejornalismo. Como exposto anteriormente, o jornalismo digital possui uma característica que desafia a comunicação em rede: a interatividade que, segundo LEMOS, “nada mais é que uma nova forma de interação técnica, de cunho eletrônico-digital, diferente da interação analógica que caracterizou os media tradicionais”102 . Na perspectiva do autor, o que diferencia a interatividade da interação é que a interatividade é uma especificidade de interação, ou seja um diálogo entre o ser humano com a máquina, já a interação é quando o usuário da tecnologia, seja ela qual for, consegue ter algum tipo de participação ou interferência no uso da mesma. No item anterior foi apresentada a importância que jornalista digital deve dar ao produzir um produto jornalístico de acordo com o público do veículo. Isso acontece 99 PRATA, Nair. Webradio: novos gêneros, novas formas de interação. In: Intercom. XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Natal, RN, 2008. Disponível em: https://www.ufrgs.br/estudioderadio/wp-admin/textos/webradio_novos_generos.pdf. Consultado em maio de 2020. 100 Site disponível em: https://globoplay.globo.com/. Consultado em abril de 2020. 101 MARTINS, Elaide. Telejornalismo na era digital: aspectos da narrativa transmídia na televisão de papel. Brazilian Journalism Research, vol. 8, nº 2, p. 97-117, 2012. p. 98. Disponível em: https://bjr.sbpjor.org.br/bjr/article/viewFile/434/383. Consultado em abril de 2020. 102 LEMOS, André. Anjos interativos e retribalização do mundo: sobre interatividade e interfaces digitais, 1997. p. 1. Disponível em: https://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/interativo.pdf. Consultado em abril de 2020.
  • 39. 38 porque a interatividade presente no ciberespaço se torna visível em forma de feedback, que significa a resposta dada a algo ou alguém. Com a possibilidade do feedback, o usuário consegue, de forma pública, avaliar, questionar e/ou discutir, tanto positiva quanto negativamente, o conteúdo produzido pelo jornalista digital. O pesquisador Marcos PALACIOS comentou sobre o modelo do jornalismo digital participativo frente aos diversos meios de massa: As projeções dos especialistas de que a tecnologia digital permitiria o fim de um modelo de comunicação em mão única, o chamado “um para muitos”, em que somente um dos extremos emite para grandes massas, como ocorre com a televisão aberta ou as tradicionais estações de rádio, estão longe de se concretizar diante da observação da forma de funcionamento das publicações jornalísticas na internet.103 De acordo com as ideias de PALACIOS, a interação entre o público e a redação jornalística, possível por causa do jornalismo digital, não alterou definitivamente a rotina de produção noticiosa e completa que são raras “as exceções em que o público pode intervir na criação das pautas ou, ao menos, na sugestão de fontes para as matérias elencadas para cada edição”104 . A imperfeição das informações ditas pelo autor está em quando o texto foi escrito: 1997. Ainda eram tempos da web 1.0, conceito explicado anteriormente. Nessa época, a interação se dava, por exemplo, a partir de testemunhos de pessoas, ao vivo, em entrevista com âncoras do telejornalismo ou radiojornalismo. Para avaliar as características do jornalismo digital é necessário entender o processo de produção de notícia, valores-notícia e critérios de noticiabilidade. 2.3 Definindo o que é notícia e a produção noticiosa no jornalismo digital Para entender como é o processo de produção noticiosa no jornalismo digital, se faz necessário compreender primeiro o que é notícia. Alguns autores, para explicar o significado de notícia, discorrem sobre o porquê das notícias serem como elas são. Segundo o jornalista Nilson LAGE, a notícia é “o relato de uma série de fatos a partir do 103 PALÁCIOS, Marcos Silva; GONÇALVES, Elias Machado. Manual de Jornalismo na Internet: conceitos, noções práticas e um guia comentado das principais publicações jornalísticas digitais brasileiras e internacionais. Salvador, 1994. p. 116. Disponível em: http://gjol.net/wp-content/uploads/2012/12/book- manual-jornalismo.pdf. Consultado em abril de 2020. 104 Idem, Ibidem.
  • 40. 39 fato mais importante ou interessante; e de cada fato, a partir do aspecto mais importante ou interessante”105 . Em outras palavras, notícia é a divulgação de acontecimentos que são julgados antecipadamente e escolhidos, por meio de critérios de seleção. Esses critérios serão analisados ainda neste item. Como LAGE afirmou, a notícia é um relato, mas como se estrutura esse relato de forma padrão para os jornalistas? O autor complementou que a notícia apresenta, não narra. Dessa maneira, a narração do acontecimento é descrever o que aconteceu de forma sequencial, por exemplo: “O bandido entrou na agência bancária, olhou para todos os lados, aproximou-se do caixa e disse: ‘É um assalto’. O caixa acionou imediatamente o botão de alarme com o joelho”106 . A apresentação do fato, por sua vez, será exposta por ordem decrescente de interesse ou importância de um determinado acontecimento. É obrigação do jornalista apresentar a notícia na terceira pessoa, dando o menos destaque possível para quem produziu a notícia e sim para o fato em si. Ainda sobre a estrutura da notícia, LAGE explicou o conceito de lead clássico, que possui sua essência na ideia de pirâmide invertida, ou seja é “o relato do fato principal de uma série, o que é mais importante ou mais interessante. (…) informa quem fez o que, a quem, quando, onde, como, por que e para quê.”107 . O tempo verbal da notícia deverá ser coerente ao fato: se for apresentado um fato que já aconteceu, a notícia será exposta no pretérito perfeito; se for sobre algo que ainda irá acontecer, a notícia será exibida no futuro próximo. O autor afirmou que a exposição da notícia no presente é utilizada “muito raramente”108 , mas com a possibilidade de entrada ao vivo dos repórteres, na contemporaneidade, o tempo verbal que deve ser utilizado é o presente concominante e isso ocorre frequentemente em diversos noticiários. Independente do tempo da notícia, é obrigatório para o jornalista apresentar o título da matéria com o tempo verbal no presente - quando se trata de um acontecimento já ocorrido - porque a notícia pretende ser uma novidade para o receptor. LAGE ainda afirmou que a notícia deve ser apresentada em discurso direto, evitando o discurso indireto. Existem outros tipos de leads – segundo o autor, existem mais de dez tipos – que se diferenciam do lead clássico, como, por exemplo, o lead interpretativo e o lead narrativo. 105 LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. Editora Ática, 1987. p. 16. 106 Idem, Ibidem. 107 Idem, Ibidem. p. 27 108 Idem, Ibidem. p. 28.
  • 41. 40 Sobre a importância do título na estrutura da notícia, a jornalista Cremilda MEDINA afirmou: O título anuncia o fato, o título resume a notícia, o título embeleza a página. (...) o título deve ser informativo, deve ser conciso e preciso, deve basear-se em substantivos e verbos. (...) Se o fato, por si, for emocional, o título conciso e preciso transporta sua força (Morreu o Presidente fulano); se o fato não espelhar diretamente emoção, o título se perde como um rótulo de meio tom. (...) Na realidade, o título sempre deixa transparecer a posição opinativa do grupo empresarial, mesmo aqueles que se dizem imparciais.109 De acordo com as concepções do professor Leandro COMASSETTO110 , o subtítulo é utilizado quando existem duas informações igualmente importantes. Dessa forma, o título deve ser dividido em duas partes de acordo com o grau de importância ou interesse, sendo elas: título e subtítulo. O autor declarou que o subtítulo pode também detalhar ou explicar o título. Ambos e o lead devem ser produzidos para prender a atenção do receptor para que possam ler ou assistir a notícia completa. Esses são alguns elementos padrões que constitui a notícia. Existe outra maneira que o jornalista pode produzir para informar sobre um acontecimento. Essa forma distinta é chamada de reportagem, que LAGE denomina como “gênero jornalístico que consiste no levantamento de assuntos para contar uma história verdadeira, expor uma situação ou interpretar fatos”111 . Ou seja, é uma cobertura mais abrangente dos acontecimentos, o que se difere da notícia. Para COMASSETTO, o uso do lead na reportagem não é obrigatório como na notícia. Contudo, o bom lead na reportagem é aquele que “consegue agregar criatividade à ideia núcleo do texto, ou seja. que consegue apresentar de forma dinâmica, curiosa e atiativa o que desencadeará o restante da matéria.”112 . Os veículos jornalísticos recebem e encontram, diariamente, diversos acontecimentos e precisam de um filtro para que algumas entrem no jornal e outras não. Os jornalistas Felipe PENA113 e Nelson TRAQUINA114 apresentaram as teorias do 109 MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto à venda: jornalismo na sociedade urbana e industrial. Summus Editorial, 6ª Edição, 1998. p. 119. 110 COMASSETTO, Leandro Ramires. As razões do título e do lead: uma abordagem cognitiva da estrutura da notícia, Florianópolis, 2001. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/80216/180597.pdf?sequence=1. Consultado em maio de 2020. 111 LAGE, Nilson. Op. Cit. p. 61. 112 COMASSETTO, Leandro Ramires. Op. Cit. p. 92. 113 PENA, Felipe. Teoria do Jornalismo. Editora Contexto, 2005. 114 TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo. Editora Insular, 2005.
  • 42. 41 jornalismo que explicam o porquê das notícias serem como elas são. As teorias que serão destacadas neste trabalho são: Teoria do Espelho; Teoria do Gatekeeper; Teoria Organizacional; e Teoria do Newsmaking. Segundo PENA, a Teoria do Espelho diz respeito de que a notícia reflete a realidade. Essa teoria apresenta o jornalista como um desinteressado, ou seja, que se preocupa apenas em relatar os acontecimentos sem oferecer opiniões, sendo objetivo. Já TRAQUINA observou que a Teoria do Espelho reflete a legitimidade e a credibilidade do jornalista e que mentira ou invenção dos acontecimentos são dois dos maiores desrespeitos às éticas e normas jornalísticas.De acordo com PENA, a notícia não reflete a realidade e apresentou outra teoria do jornalismo que diz respeito à essência da notícia, que é a chamada Teoria do Gatekeeper, que se destina ao ser que decide qual notícia vai entrar no jornal ou não. Essa pessoa, ou seja, o jornalista, é como se fosse um porteiro da notícia, por isso a versão em inglês gatekeeper. As razões pela qual ocorre esse filtro de quais fatos são mais importante ou não para se transformar em notícia são das mais variadas. Já TRAQUINA afirmou que a Teoria do Gatekeeper possui uma abordagem micro-sociológica, ou seja, apenas no nível pessoal e individual, o que é uma uma visão limitada, pois ignora as possibilidades como a organização, que pode ser quem seleciona as notícias. A Teoria Organizacional, segundo PENA, está baseada em que a notícia é produzida através dos interesses da organização jornalística. Um dos maiores fatores para a organização selecionar as notícias é o fator econômico, pois, segundo o autor, “o jornalismo é um negócio. E, como tal, busca o lucro.”115 . TRAQUINA informou que através dessa teoria, a publicidade tem voz e espaço no jornal, dessa forma, a publicidade interfere diretamente na produção noticiosa. Além disso, mediante a Teoria Organizacional, acontece a luta de concorrência entre os veículos jornalísticos, onde quem publicar determinada notícia primeiro será a pioneira de todo desdobramento da mesma. Outra teoria, que terá um destaque especial neste trabalho, é a Teoria do Newsmaking, que, de acordo com PENA, “é no trabalho da enunciação que os jornalistas produzem os discursos, que, submetidos a uma série de operações e pressões sociais, constituem o que o senso comum das redações chama de notícia”116 . Ou seja, a notícia 115 PENA, Felipe. Op. Cit. p. 135. 116 Idem, Ibidem. p. 128.
  • 43. 42 não pode ser o espelho da realidade por ela ser contada por uma profissional que está submetido a seus pré-conceitos sobre determinadas situações, além da linha editorial do veículo em que trabalha. Essa teoria tem o foco na produção noticiosa, por isso será realizada uma explicação da mesma com maior abrangência, neste trabalho. Para explicar o a Teoria do Newsmaking , o sociólogo Mauro WOLF discorreu sobre a noticiabilidade: A noticiabilidade é constituída pelo conjunto de requisitos que se exigem dos acontecimentos - do ponto de vista da estrutura do trabalho nos órgãos de informação e do ponto de vista do profissionalismo dos jornalistas - para adquirirem a existência pública de notícias. Tudo o que não corresponde a esses requisitos é ‘excluído’, por não ser adequado às rotinas produtivas e aos cânones da cultura profissional. Não adquirindo o estatuto de notícia, permanece simplesmente um acontecimento que se perde entre a ‘matéria-prima’ que o órgão de informação não consegue transformar e que, por conseguinte, não irá fazer parte dos conhecimentos do mundo adquiridos pelo público através das comunicações de massa. Pode também dizer-se que a noticiabilidade corresponde ao conjunto de critérios, operações e instrumentos com os quais os órgãos de informação enfrentam a tarefa de escolher, quotidianamente, de entre um número imprevisível e indefinido de factos, uma quantidade finita e tendencialmente estável de notícias.117 Citando a socióloga Gaye Tuchman118 , PENA afirmou que a produção noticiosa é realizada através de uma rotina industrial e limites organizacionais. Ou seja, o jornalista não tem autonomia na construção da realidade, o mesmo é submisso a um planejamento produtivo. Essa ideia, segundo o autor, livra o jornalista de uma acusação, por exemplo, de uma suposta manipulação da notícia, onde a culpa seria colocada nas normas ocupacionais e imposições da produção noticiosa. Dessa forma, a Teoria do Newsmaking parte do paradigma da construção social da realidade, pelo fato da produção noticiosa depender tanto das iniciativas do jornalista, quanto da demanda da sociedade e da rotina profissional. Em suma, a partir dessa teoria, a notícia é construída de maneira interativa. Contudo, a noticiabilidade parte de critérios de seleção e valores-notícia, que serão detalhados mais adiante, neste item. 117 WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Editorial Presença, 1987. p. 189. 118 Socióloga e professora, denominada por Felipe Pena como uma das principais fontes sobre o newsmaking.
  • 44. 43 De acordo com o professor e pesquisador Leonel Azevedo DE AGUIAR119 , citando Gaye Tuchman, o jornalista precisa cumprir três obrigações para produzir a notícia: a primeira é reconhecer o fato que merece ser noticiado, mediante a tantos acontecimentos; a segunda obrigação é que a forma de noticiar não deve ser idiossincrática, ou seja, produzida de modo particular para atingir uma única pessoa; e a terceira obrigação é a organização para que os acontecimentos selecionados tenham ligação para um ponto em comum. Para selecionar os acontecimentos, os jornalistas, baseados na Teoria do Newsmaking, classificam valores que são dadas aos acontecimentos para que sejam, ou não, noticiados. Dessa maneira, o mestre em comunicação Renan VIEIRA afirmou que “os valores-notícia são conceitos considerados como parte integrante da noção de Noticiabilidade e, por conta disso, auxiliam a compreender os recursos que as empresas midiáticas e seus integrantes aplicam para organizar os assuntos considerados propensos a serem veiculados.”120 . WOLF definiu valor-notícia como a resposta para a seguinte questão: “quais os acontecimentos que são considerados suficientemente interessantes, significativos e relevantes para serem transformados em notícia?”121 . Ou seja, busca compreender a relevância da notícia através de algumas metodologias. Segundo o autor, os critérios devem ser aplicados rapidamente na decisão da seleção da notícia. Os valores-notícia estão ligados diretamente aos critérios de noticiabilidade. A professora Gislene SILVA classificou esses critérios como: (1) critérios de noticiabilidade na origem do fato (seleção primária dos fatos / valores-notícia), com abordagem sobre atributos como conflito, curiosidade, tragédia, proximidade etc; (2) critérios de noticiabilidade no tratamento dos fatos, centrados na seleção hierárquica dos fatos e na produção da notícia, desde condições organizacionais e materiais até cultura profissional; (3) critérios de noticiabilidade na visão dos fatos, sobre fundamentos ético-epistemológicos.122 119 DE AGUIAR, Leonel Azevedo, apud. TUCHMAN. Teoria do Jornalismo: instrumento pedagógico para o ensino das práticas profissionais. In: Comunicação e Informação, v. 10, nº 1. p. 82-91, 2007. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/25fe/0078681ae19dac79bad969f35083b5b3dbb4.pdf. Consultado em maio de 2020. 120 VIEIRA, Renan Milanez; et. al. O acontecimento, o Newsmaking e as relações de concorrência entre os meios de comunicação. In: Intercom. XX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Uberlândia - MG, 2015. Disponível em: http://portalintercom.org.br/anais/sudeste2015/resumos/R48-0795- 1.pdf. Consultado em maio de 2020. 121 WOLF, Mauro. Op. Cit. p. 195. 122 SILVA, Gislene. Para pensar critérios de noticiabilidade. p. 51-69. In: Critérios de noticiabilidade: problemas conceituais e aplicações. Editora Insular, Florianópolis, 2014. p. 51.
  • 45. 44 A autora declarou que existem valores-notícias que funcionam como “macro- valores-notícia ou pré-requisitos para qualquer seleção jornalística”123 . Esses valores são classificados em 12 tipos: impacto (mediante à grandes quantidades, sejam elas de dinheiro ou pessoas); proeminência (relacionada à notoriedade, celebridade, presidente da república, entre outros); conflito (mediante às guerras, conflitos, greves, manifestações, entre outros); tragédia/drama (referente aos crimes, acidentes, mortes, entre outros); proximidade (associada à localidade geográfica ou cultura do local); raridade (ligada ao inusitado, original ou incomum); surpresa (algo inesperado, surpreendente); governo (relacionado às eleições, pronunciamentos oficiais, entre outros); polêmica (ligada aos acontecimentos de escândalos); justiça (mediante às denúncias, investigações, julgamentos, entre outros); entretenimento/curiosidade (relacionado à esporte, aventura, divertimento, entre outros); conhecimento/cultura (associado às invenções, religiões, descobertas, pesquisas, entre outros). Esses valores, citados por SILVA, sofrem alterações, conforme ela mesma indica, para “ganhar mais validade, testando sua operacionalidade no estudo dos acontecimentos selecionados”124 . O professor Ivan SATUF, em seu artigo: A rua manda notícias: dispositivos móveis e manifestações sociais na atualização dos critérios de noticiabilidade125 , analisou os critérios de noticiabilidade e valores-notícia tradicionais e acrescentou mais três conceitos. Os mesmos são ligadas às novas práticas dos jornalistas digitais. O primeiro conceito é a hashtag que, segundo SATUF, tem como sua principal característica “facilitar a busca e a agregação automáticas de conteúdo”126 , em outras palavras, ajuda o jornalista na apuração e a analisar o que está sendo mais discutido pelas pessoas nas redes. A partir dos Trending Topcs do Twitter, por exemplo, o jornalista consegue se guiar pelos assuntos mais tuitados e, a partir disso, ter uma base para vender uma pauta na redação. O segundo novo valor-notícia e critério de seleção que SATUF apresentou é a redundância. O autor afirmou que “um evento que possui vários ângulos feitos por muitas pessoas têm maior possibilidade de virar notícia, pois a redundância aumenta a 123 Idem, Ibidem. p. 63. 124 Idem, Ibidem. p. 64. 125 SATUF, Ivan. A rua manda notícias: dispositivos móveis e manifestações sociais na atualização dos critérios de noticiabilidade. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v.10, n.1, p.317- 329, 2014. Disponível em: http://revista.ibict.br/liinc/article/view/3522/3032. Consultado em março de 2020. 126 Idem, Ibidem. p. 326.