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Sistemas Estruturais




  Bambu como
material estrutural


                           Iura Mendonça
                           Natana Oliveira
                           Taynara Canedo
PROCURA POR TECNOLOGIA E RECURSOS ALTERNATIVOS


São inúmeros os impactos ambientais negativos causados à natureza em
todo o planeta e estes são evidenciados através do aumento da
temperatura, do degelo das calotas polares, da poluição dos meios
aquáticos e atmosféricos, da degradação dos solos, da diminuição das
áreas florestais, da exploração de espécies animais e vegetais, da extinção
de espécies e da redução das reservas de águas potáveis no planeta. Essa
realidade se deve, principalmente, ao nosso modo de vida, o qual se baseia
na capitalização infindável de bens, que, por sua vez, dependem na sua
maioria dos recursos naturais de fauna e flora, gerando a degradação
ambiental.
Nos dias atuais, observa-se uma notável busca pelo uso de materiais e
tecnologias que não agridam o meio ambiente. Nota-se grande interesse
pela utilização de tecnologias e recursos alternativos com este propósito,
onde novos materiais tem sido amplamente divulgados. O emprego de
materiais alternativos, sustentáveis e de baixo custo para a produção de
casas econômicas, que possam substituir ou complementar os materiais ou
sistemas construtivos tradicionais, sem comprometer a durabilidade, o
conforto e a qualidade das construções, principalmente das habitações
econômicas
Distribuição natural do Bambu no mundo
Bambu é o nome que se dá às plantas da subfamília Bambusoideae, da família
das gramíneas (Gramineae). Essa sub-família se subdivide em duas tribos, a
Bambuseae (os bambus chamados de lenhosos) e a Olyrae (os bambus chamados
herbáceos).




                  Fonte: http://www.orebrasil.com.br/
                                                        Fonte: http://jardinagemepaisagismo.com/



     O bambu possui caules lenhificados utilizados na fabricação de diversos objetos
como instrumentos musicais, móveis, cestos e até na construção civil, onde é
utilizado em construções de edifícios a prova de terremotos.




                                                                      Edifício “Bambu”, Madrid
                                                                       Fonte: www.flickr.com/photos/javier
O bambu é um material eco sustentável pois possui facilidade de cultivo, manejo
e produção de insumos. Bem como possibilita a diminuição considerável com gastos
de energia.

   Possibilita, em áreas degradadas, a recuperação de solos, contenção da erosão
e aumento da umidade relativa do ar onde for plantado, dando suporte ao
crescimento das espécies nativas.




                                           Fonte: http://bambusc.org.br/?p=451&lang=pt-br
Pode-se se dizer que o bambu é uma planta que segue os requisitos de
material sustentável, entre tantos, por 5 motivos:

  1 - É uma cultura nativa – O Brasil possui em torno de 250 espécies nativas.
Habitam uma alta gama de condições climáticas (zonas tropicais e temperadas) e
topográficas (do nível do mar até acima de 4000 metros). O bambu é a planta de
maior crescimento na terra e tem alto poder de seqüestro de carbono (CO2) e
reflorestamento de áreas devastadas.




                                                                                                   Espécies de bambu
                Fonte: http://goianojardinagem.blogspot.com/2010/09/curiosidades-de-plantas.html




  2 - Promove geração de renda – O Bambu viabiliza, com o plantio, também o
incremento de renda nas comunidades onde for produzido.
3 - Produção em larga escala – Em países como o Japão, China e Índia o bambu
é componente forte da economia. Ele encontra-se presente nas construções e em
torno de mais de mil produtos, manufaturados e industrializados.

  4 - Possui tecnologia acessível – O bambu serve para muitas utilidades na
construção. É usado na estruturação como coluna, vigas e lastros. Serve como
telha, forro e maçaneta. É adequado para determinados encanamentos de água.
Possui custo reduzido de produção, com alta produtividade, facilidade de transporte
e trabalhabilidade. Pode ser utilizados para evitar erosão de encostas e se plantado
nos locais onde se deseja edificar, minimiza o transporte e conseqüentemente
diminuição de custo de construção.




                                                         Projeto de casa totalmente
                                                           construída em bambu


                                                       Fonte: http://estadodeminas.lugarcerto.com.br/app/noticia/show-
                                                       room/2009/03/16/interna_showroom,29533/material-do-futuro.shtml




  5 - Geração de energia - No campo enérgico é possível o carvão de bambu e
existem estudos de que pode-se produzir álcool etanol a partir do bambu.
DESEMPENHO ESTRUTURAL


  O bambu possui uma forma tubular acabada, estruturalmente estável, de baixa
massa específica, geometricamente circular, oca, com otimizada resistência
mecânica pela massa do material (em termos da razão).




                                  Fonte: http://www.estruturasdemadeira.blogspot.com/




   Em contrapartida, o bambu possui baixa durabilidade natural, possui variações
consideráveis em presença de umidade, baixa aderência a aglomerantes e seções
reduzidas. Possui, também, presença inibidora a pega do cimento e dificuldade de
efetuar ligações.
ETAPAS DE PRODUÇÃO QUE LEVAM AO MELHOR DESEMPENHO
DA RESISTÊNCIA ESTRUTURAL DO BAMBU E SUA LONGEVIDADE

 Colheita (corte) - é necessário saber para que se destina e, neste caso, a idade
é fator importante. Para fins de construção, pela experiência, deve-se usar os
bambus maduros, mas não podres, com cerca de três a quatro anos, quando
atingiram sua resistência ideal.




                                                                                            A Colheita do Bambu
                                                                                              Amarelo - Kugler
                            Fonte: http://www.aestheticcircle.com/2009_04_01_archive.html


  O colmo cortado ainda estará úmido por dentro, e, desejando utilizar-se o bambu
para fins de construção de objetos ou estruturas, deve-se secá-lo, eficazmente,
para aumentar o ganho físico e mecânico e, assim, evitar a perda de massa por
insetos.
Cura - a cura é utilizada para tornar o material menos propenso ao ataque de
insetos.



                                                                                                                                            Cura por imersão - consiste em submergir
                                                                                                                                            os talos na água, retirando a seiva do
                                                                                                                                            interior das paredes do bambu. A cura por
                                                                                                                                            imersão tem uma duração de 4 semanas


                                                                             Fonte: http://mundodaimpermeabilizacao.blogspot.com/2011/01/
           Fonte: http://petropolis.olx.com.br/curso-de-bambu-iid-24934954




                                                                                                                                      Cura na mata - consiste em colocar os talos
                                                                                                                                      cortados verticalmente sem remover as ramas e
                                                                                                                                      as folhas, ficando devidamente isolados do
                                                                                                                                      solo, sobre pedras ou suportes. A etapa é 4 a 8
                                                                                                                                      semanas.
Secagem - é o momento em que existem variações dimensionais e de massa
específica. A secagem correta permite reduzir consideravelmente a massa do
colmo, proporciona melhoria nas propriedades mecânicas. Esta é a operação que
determina as etapas seguintes de processamento do bambu, tais como: a colagem
e a composição com outros materiais.




                                                           Secagem ao ar livre - o período de secagem
                                                           do bambu ao ar livre é de 6 a 12 semanas
                                                           para se atingir maior resistência e evitar
                                                           fissuras.


                        Fonte: http://bambujungle.com.br




 Tratamento - Consiste em utilizar produtos químicos preservativos para proteger
o bambu, pois a falta de tratamento compromete o desempenho, favorecendo o
apodrecimento por fungos, o ataque de insetos e as rachaduras.
PROPRIEDADES FÍSICAS DO BAMBU
   As propriedades físicas do bambu de maior interesse para a engenharia são
peso específico, umidade natural, absorção de água, variações dimensionais e
coeficiente de dilatação. O peso específico interessa para se avaliar o peso próprio
das estruturas de bambu; a umidade natural serve para se fazer correções de
resistência em relação à umidade padrão de 12%; a absorção e variações
dimensionais são necessárias para se verificar possíveis mudanças de volume das
peças de bambu. O coeficiente de dilatação térmica permite obter as variações de
dimensões das peças de bambu.




                                                                          Fonte: http://tilz.tearfund.org/Portugues/Passo+a+Passo+21-
                                                                          30/Passo+a+Passo+23/Cultivo+de+bambu.htm


                           Fonte: http://bamboo.ning.com/profiles/blog/
PROPRIEDADES MECÂNICAS DO BAMBU

        O bambu possui alto desempenho sustentável, físico e mecânico para ser
     aplicado na construção civil.

        A partir de ensaios pode-se estimar resistência à compressão, à tração, flexão e
     cisalhamento. Os resultados dos ensaios são influenciados pela espécie, idade, tipo
     de solo, condições climáticas, época da colheita, corte, teor de umidade da
     amostra, cura e secagem.




        Gráfico da resistência à compressão

                                                                                                          Tabela dos corpos-de-prova de
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/19382/1/A-Utilizacao-do-Bambu-em-Casas-Populares/pagina1.html
                                                                                                              compressão/resultado
Os colmos do bambu possuem excelentes propriedades
físicas e mecânicas que podem ser utilizadas em lugar do
aço para fabricação de estruturas de concretos.




O uso do bambu substituindo as armaduras de aço na produção do concreto.
-A cor, a altura total, a distância entre os nós,o diâmetro do mesmo e a
espessura da parede, tudo isso depende da espécie e do período e idade
do corte do bambu.

-O bambu alcança sua resistência máxima a partir dos três anos, quando
atinge a maturidade.

-Colmos maduros são mais resistentes que os verdes ele tem a
capacidade de absorver umidade do ar o bambu dilata-se com o aumento
da umidade e contrai-se com a sua perda.
Países que utilizam o bambu

Aplicação do bambu na engenharia civil datam desde
1914 na China e Estados Unidos, e posteriormente na
Alemanha, Japão, Índia, Filipinas e em outros países.

Tira-se pouco proveito do bambu em nosso país, onde
seu uso restringe-se praticamente a confecção de peças
artesanais e detalhes paisagísticos, ao contrário de
alguns países da Ásia, como a China e a Índia, e países
da América Latina, como o Equador e a Colômbia, onde a
cultura do bambu na construção civil é largamente
difundida.
Na Colômbia, o bambu é o material de origem vegetal empregado
com maior assiduidade, ultrapassando o uso da madeira. Colômbia é
o país que detém a melhor tecnologia construtiva com o uso do
bambu no mundo, sendo o país de origem de grandes nomes da
arquitetura de bambu como Oscar Hidalgo López, Simón Vélez,
Marcelo Villegas, Hector Fabio Silva e outros.


Em Bangladesh, país com mais de 5 milhões de habitantes, 90% das
habitações são feitas de bambu.


Na China, o bambu foi utilizado para a construção dos primeiros
pórticos e também para pontes, conseguindo vencer vãos superiores
a 100m.
Construção de bambu na Colômbia. Pavilhão Zeri, Manizales,
Colômbia.                                                          Taj Mahal, Índia. As cúpulas do monumento hindu
                                                                   foram feitas de bambu




                                                  Vista noturna da Catedral de Bambu, Nuestra Señora de la Pobreza.
                                                  Projeto do Arq. Simón Vélez, Colombia.
 Bambu utilizado como andaime na China
Os diversos usos do bambu
O bambu vem sendo utilizado de diversas formas, tais como medicinais,
farmacêuticas e químicas, como afrodisíaco, cosméticos, enzimas, hormônios,
cultivo de bactérias, carvão, óleos combustíveis, biomasa, tecidos, aqueodutos,
cordas, ponte, papel, artesanato, construção civil e rural, materiais pra
engenharia e alimentos. Como meio de transporte, em forma de bicicleta, pode-
se observar o uso do bambu na fabricação de uma bicicleta.




                                        Ponte suspensa de bambu, projeto de Jorg Stamm
ASSOCIAÇÃO DO BAMBU COM OUTROS MATERIAIS


   Como o bambu possui baixa aderência com o concreto e argamassas, alguns
experimentos foram realizados onde se constatou algumas medidas que devem ser
tomadas para aumentar a eficiência. Uma delas é a impermeabilização para evitar
variações dimensionais, pela absorção de água, principalmente em contato com a
argamassa de revestimento e no bambucreto.

                                                                               O bambu por ser um material higroscópio,
                                                                            quando usado como reforço no concreto,
                                                                            absorve água, durante a cura aumentando as
                                                                            dimensões provocando microfissuras quando
                                                                            começa a secar. Quando começa a perder
                                                                            água se retrai e perde a aderência.

                                                                                Quando se utiliza bambus imaturos, em
                                                                            geral, surgem fissuras no concreto antes que
                                                                            se desenvolva a aderência. Os colmos
                                                                            tratados quimicamente desenvolvem uma
                                                                            maior aderência do que os não tratados.

Fonte: http://estoes.sabersinfin.com/wp-content/uploads/2010/04/VIVIENDA-
POPULAR-RURAL-A-BASE-DE-BAMBU.jpg
O bambu pode ser utilizado
                                                                     em combinação com vários
                                                                     outros tipos de materiais
                                                                     como o concreto, o tijolo
                                                                     aparente, a madeira (nos
                                                                     encaixes), telhas de barro,
                                                                     argamassa de reboco e
                                                                     outros.
                                                                     Uma       das     dificuldades
                                                                     encontradas ao se executar
                                                                     construções com o bambu, é
                                                                     que o mesmo não apresenta
                                                                     uma linearidade em seus
                                                                     colmos, ou seja, a peça não
                                                                     é totalmente uniforme.
                                                                     Isso acaba por dificultar
                                                                     soluções            totalmente
Casa de bambu e tijolo aparente: composição de materiais distintos   retilíneas na construção civil.
Pilares de Bambu

O bambu é utilizado como pilar nas edificações, e por ser um
material bastante resistente, suporta construções de vários
pavimentos, por vários anos. A base do pilar de bambu deve ser
feita obedecendo à regra de não colocá-lo em contato direto no
solo.
 Assim, é necessário
utilizar blocos de
concreto ou outro
material, como base
para a proteção do
bambu      contra a
umidade dos solos e
dos pisos.
Pilares de bambu com base
Pilares de bambu apoiados                                                         de concreto
em bases de concreto




                            Pilares de bambu. Centro de Desarrollo Artesanal de
                            Risalda, Colômbia.
Vigas e treliças

As vigas e treliças construídas
com o uso dos bambus, também
são realizadas com muito esmero
por quem conhece esta técnica
construtiva.    São     altamente
resistentes e apresentam alta
resistência mecânica e espacial.
Como estrutura, as vigas e treliças
de bambu conferem alto grau de
eficácia em regiões que possuem
abalos sísmicos periódicos. A
largura de vigas e arcos varia de
acordo com o comprimento.
Treliça plana (viga), construída na                                       Treliça plana (viga), construída na Terra
Terra Indígena dos Krahô,TO.                                              Indígena dos Krahô,TO.




                                      Laje feita de bambu em edificação
                                      de dois pavimentos
Painéis de vedação vertical
O bambu na forma de painel de vedação pode constituir-se de
varas verticais ou ripas inseridas em molduras, podendo ser
de bambu ou de madeira, dependendo da necessidade ou
preferência. Além disso, os painéis de vedação feitos de
bambu podem ser preenchidos com barro ou podem ser
argamassados simplesmente. Estes painéis são de grande
flexibilidade, de fácil execução e passíveis de futuras
ampliações.




           Casa feita de Bambu com o uso das esteiras, tradição deixada pelos
           antepassados nas construções atuais
Painéis de bambu para vedação vertical das habitações




Painel feito de bambus estacados nos dois sentidos, uma das
técnicas mais simples
PAINÉIS DE BAMBU FORMANDO DETALHES VAZADOS E VARIADOS
PAVILHÃO DO MENINO PESCADOR, CENTRO CULTURAL O MENINO E O
MAR, UBATUBA – SP
ARQº RUY OTAKE;




DETALHE DO PAINEL DE
BAMBU TRANÇADO, UTILIZA
COMO VEDAÇÃO.
Painéis de bambu preenchidos com barro

Além das formas já citadas, as estruturas construídas de bambu
podem ser preenchidas ou simplesmente rebocadas com barro ou
argila. Ambos os processos são facilmente identificados em
projetos de habitações de baixo custo na América Latina, onde as
técnicas variam de região para região e de acordo com a
necessidade do projeto. Este tipo de painel utiliza bambus inteiros
(guadua) no interior da estrutura, e ripas de madeira ou bambu são
fixadas horizontalmente nos lados internos e externos do bambu. A
estrutura então é preenchida com barro, que pode ser misturado
com palhas ou fibras naturais.




         DETALHES CONSTRUTIVOS DOS PAINÉIS
         PREENCHIDOS COM BARRO
A ESTRUTURA FEITA DE BAMBU TOMA FORMA DE PAREDE,
SENDO POSTERIORMENTE PREENCHIDA COM UMA MISTURA
DE BARRO E PALHA
Estruturas de telhado
É possível construir várias estruturas de telhados utilizando o
bambu como principal material, na forma de triângulos, arcos etc,
assim pode-se valorizar a estrutura, aliando-se a preocupação
estética ao método construtivo. Há uma variedade de formas de
estruturas de telhados, como por exemplo, cilíndricos e elípticos.
Assim, o bambu pode ter muitas aplicações na construção de
telhados, preconizando belas formas e soluções em suas
aplicações
Estrutura de telhado, tendo o bambu como
                                                 principal material de construção.




Estrutura de bambu criada pelo arquiteto Simon
Vélez, na Colômbia.
Telhas

É possível se produzir telhas feitas de bambu, que
constituem um elemento a mais na construção de
habitações. As telhas devem ser amarradas umas às outras
com arame galvanizado, evitando que o vento as tire do
lugar.
Telhas de bambu
Escadas artesanais

O bambu é um elemento que pode ser utilizado na
construção de escadas, demonstrando resistência,
praticidade na execução, segurança e excelente efeito
estético.
Escada de bambu, projeto da Arq. Ana Maria França, em
Goiânia, feita sobre base de concreto, evitando o contato direto
dos colmos com o solo.
As escadas, entretanto, podem ser feitas de bambu desde que
alguns cuidados sejam obedecidos. Na junção dos degraus
podem ser utilizados elementos metálicos, fibras naturais, etc,
que contribuem com a e estruturação das escadas de bambu.




                                    Escada de bambu, projeto da Arq. Ana Maria França, em
                                    Goiânia, feita sobre base de concreto, evitando o contato
                                    direto dos colmos com o solo.
Ligações e conexões de bambu

O bambu tem baixa resistência ao cisalhamento devendo
ser considerado no desenho arquitetônico das juntas. A
presença dos nós nas ligações aumenta em 50% a
resistência ao cisalhamento, atingindo um valor médio de 1,
67 MPa. O bambu não tem boa resistência às pregações,
devido a sua constituição basicamente composta por fibras
paralelas muito longas, com densidade específica muito
alta, principalmente nas paredes externas, com grade
tendência     ao    cisalhamento.    As    ligações   mais
recomendadas são as parafusadas, por proporcionarem
maior estabilidade. Este procedimento provoca um corte
nas fibras, porém, sem provocar o afastamento das
mesmas, evitando-se assim o fendilhamento longitudinal.
Conexões das peças de bambu




               União de peças de bambu com peças do próprio bambu.
De acordo com o uso e a necessidade da ligação, pode-se criar
diversas formas de convergir os pontos das canas de bambu. Em
construções tradicionais de bambu, cordas, fibras de coco, de
palha e outros materiais são amarrados nas junções, cobrindo as
conexões.




                                            Detalhe de amarração da conexão de
                                            bambu, com fibras naturais.
Projeto Malabar - Manizales / Caldas, Colômbia.
Manizales é uma cidade pequena, capital do Departamento de Caldas,
Colômbia, situada a 2500 m acima do nível do mar, a oeste da área
crescente de Bogotá. Sofreu com a escassez de alojamentos urbanos por
algum tempo, e para reduzir esta escassez, o ICT - Instituto de Crédito
Territorial da Região da Manizales, buscando uma política emergencial
para minimizar o problema, teve como meta criar alojamentos em terreno
desapropriado e localizado em declives íngremes, que freqüentemente
tinham baixa densidade de alojamento.
Este projeto foi concebido pelo Engenheiro Civil Jorge Arcila, que também
gerenciou a sua construção. O Projeto de Manizales, também conhecido
como Projeto Malabar, é apenas um dos inúmeros conjuntos residenciais
construídos pelo ICT, onde buscou-se construir sob a consideração de
valores sociais e culturais com o uso de materiais regionais. A grande
maioria do material utilizado na construção é o bambu. Inicialmente, a
estrutura das casas é toda de bambu, tendo suas colunas principais
apoiadas em fundações de concreto, sendo presas por meio de
“travamentos suspensórios diagonais”, Posteriormente, as estruturas que
formam as paredes são cobertas com esteiras de bambu, antes de serem
rebocadas. O conjunto habitacional fica apenas com a estrutura de bambu
aparente e tem suas paredes rebocadas e pintadas.
Corte esquemático das residências de bambu
Paredes cobertas com esteiras de
                                  bambu antes do reboco.




Vista das habitações em terreno
íngreme no Projeto Malabar
CURIOSIDADES
Técnicas de juntas de bambu

Inspirado em usos tradicionais, o arquiteto Simón Vélez desenvolveu uma
técnica que traz as juntas de bambu em edifícios de alta tecnologia.
Considerando que o bambu tem uma enorme resistência à tração, Vélez
desenvolveu um sistema para construções sujeito à vetores elásticos.
Primeiro, as seções do fim do bambu são ligadas e preenchidas com
concreto, e no concreto inserem-se elementos de metal. As partes que
usam as ligações de metal então podem ser conectadas. Por conseguinte,
uma proporção alta da força é adquirida e transferida às paredes, e o
processo de lascamento, que normalmente acontece nas canas ocas, é
evitado, aliando esforços tradicionais aos usos tecnológicos modernos
Técnica construtiva de ligação do bambu
                                com bases de concreto,através de peças
                                metálicas




Detalhe da ligação dos bambus
Detalhes construtivos

Pela resistência e segurança, o bambu apresenta resultados
satisfatórios na sua utilização como guarda-corpos,
marquises, varandas, decks, bancadas, lavatórios, cercas,
portões e outros, conferindo praticidade e leveza à
edificação.
Guarda corpo de bambu.
Fechamento feito com bambus, formando desenhos geométricos.
Marquise de bambu, criada por Simon Vélez. Pouso do Frade Resort, Rio de Janeiro, Brasil
Bambu utilizado como portão
Esquadria do tipo pivotante, feita de bambu.
Lavatório feito de bambu, apresentado na Mostra Casa Cor Goiás 97
Painéis do tipo bahareque com esteiras duplas

Os painéis do tipo bahareque são formados por uma estrutura de
bambu ou madeira, que em seguida é vedada por esteiras de
bambu, tanto na parte externa como na interna.

Posteriormente, os painéis são
argamassados        e  recebem
pintura como acabamento final.
Esta técnica apresenta-se como
uma solução tecnológica do
espaço construído de muitas
culturas milenares.
Detalhes construtivos dos painéis do tipo bahareque   Esta edificação de quatro pavimentos foi construída por volta de
                                                      1930, em Salamina, Colômbia, e somente nos anos setenta as
                                                      esteiras de bambu foram substituídas e rebocadas.
Painéis do tipo tendinous ou tencionados

Este tipo de painel consiste em uma estrutura de bambu, semelhante a
uma moldura (formada de base inferior, superior e lateral), espaçada de
1,20 em 1,20 metros. Em seguida, arames farpados são fixados
horizontalmente ou diagonalmente entre as molduras, com 20 cm de
espaçamento entre eles.
Aplica-se então uma “aniagem” (tela ou tecido
grosso, feita de juta ou outra fibra vegetal) em um
dos lados do arame farpado, fixando-o
verticalmente com o auxilio de arame galvanizado.
Esta tecnologia originalmente desenvolvida na Índia,
há muitos anos atrás, não obteve bons resultados
devido a aniagem de baixa qualidade utilizada. Em
1983, através de estudos realizados na Faculdade de
Arquitetura da Valley Universidad (Calí, Colômbia),
foi possível desenvolver esta tecnologia, que nos
dias atuais é considerada como a melhor tecnologia Telas de tecido grosso são aplicados
                                                     nas estruturas de bambu, facilitando. A
para a construção de painéis de bambu.               aplicação da argamassa de
                                                                  revestimento dos painéis
Painéis de bambu pré-fabricados
A) Painéis com moldura de madeira e canas ou varas de bambu
São muitas as possibilidades do uso do bambu para a produção de
painéis, sejam estes artesanais ou industrializados. Porém, nos dias
atuais busca-se cada vez mais a racionalização das obras civis, na
tentativa de evitar desperdícios, perda de tempo e aumento de
produtividade.
A Fundação Nacional de Bambu, FUNBAMBU, na Costa Rica, em seu
projeto denominado Projeto Nacional del Bambu, iniciado no ano de
1981 para a produção de casas econômicas, criou uma fábrica para a
produção em grande escala de painéis de bambu.




    Logomarca da fundação FUNBAMBU.
                                         Fábrica de painéis de bambu pré-fabricados na Costa Rica.
Os bambus utilizados para a
                                                             produção     dos     painéis    são
                                                             imunizados à base de substâncias
                                                             solúveis em água, sendo a mais
                                                             utilizada o boro, através do
                                                             Método      Boucherie,     descrito
                                                             anteriormente. Constatouse que
                                                             os        painéis        funcionam
                                                             estruturalmente      como       um
 Fábrica de painéis de bambu pré-fabricados na Costa Rica.   diafragma rígido, sendo a estrutura
ou moldura construída com madeira e o fechamento feito com bambus
roliços do tipo “cana –brava”.
Os painéis são confeccionados de acordo com as exigências dos projetos
das habitações e seguindo o dimensionamento e forma desejada, como
mostra a Figura 92. Os principais tipos de painéis produzidos são o
retangular e o trapezoidal, constituídos por peças de madeira com secções
de 5,0 x 5,0 cm e 2,5 x 5,0 cm.
Projeto arquitetônico dos Painéis




Estrutura de painéis de bambu retangular e trapezoidal.
Para a produção dos painéis utilizam-se fôrmas metálicas ou de madeira
como gabarito, para facilitar e padronizar o processo de montagem. Para
fixação dos bambus roliços na moldura de madeira, são utilizados
grampeadores à ar comprimido , evitando assim o uso de parafusos, que
podem fendilhar as varas de bambu.




                                                                                 Montagem do painel.
     Gabarito para a produção do painel




                                      O uso de grampeador para a fixação das varas de bambu.
Após a fabricação, os painéis são transportados para a obra em
caminhões ou caminhonetes, de acordo com a dimensão dos mesmos.




                   Transporte dos painéis pré-fabricados.
Algumas características podem ser atribuídas a este tipo de painel,
as quais são:


Baixo peso – O peso dos painéis, com reboco à base de cimento, varia
entre 90 a 130 kg/m², equivalendo a 35% do peso de uma parede similar
de blocos de concreto com 12 cm de espessura e aproximadamente 250
kg/m².
b) Alta resistência – Os painéis demonstram grande capacidade
estrutural. Foram obtidos em testes de resistência ao cisalhamento
valores de até 1.500 kg/m2, permitindo que a construção absorva as
forças do sismo dentro da faixa elástica, sem fissuras na extensão do
painel.
c) Integridade estrutural – A fundação em radiê produz uma resposta
monolítica e integral, evitando as fissuras por deslocamentos
diferenciais das fundações.
B)Painéis pré-fabricados com esterilhas de bambu
As esteiras de bambu são criadas dividindo-se os colmos em fitas
longitudinais, podendo ser utilizadas para a fabricação de produtos como
forros, pisos, fôrmas para concreto armado, mobiliário, utensílios
domésticos e painéis de vedação para edificações.
As varas são colocadas no solo e com a ajuda de um machado, são feitas
aberturas profundas ao redor de cada um dos nós e também
perpendicular a eles, sendo que estas aberturas devem ter de 1 e 3 cm.
Em seguida, com a ajuda de uma pá, abre-se longitudinalmente a vara por
um dos lados, rompendo ao mesmo tempo os tabiques ou diafragmas
interiores (parte interna do nó). Finalmente, abre-se a esteira com as
mãos até que suas duas bordas se encostem no chão. Usa-se pisar na
esteira e caminhar sobre ela, para que fique totalmente plana.
Abertura do bambu   Remoção dos nós internos do bambu, sentido longitudinal
As esteiras de bambu possuem uma grande diversidade de aplicações em
habitações rurais ou urbanas. No Equador, as esteiras de bambu são a
base mais importante para a indústria da construção civil, sendo a forma
mais utilizada para a produção de painéis que podem ser rebocados ou
podem ficar aparentes.




 Esteiras de bambu como painéis de vedação.   Esteiras de bambu empilhadas, prontas para a fabricação de painéis.
Produção dos quadros de madeira, a estrutura do painel.                       Aparam-se as arestas das esteiras.




                                           Painel finalizado, feito com esteiras de bambu.
Processo construtivo de uma casa de bambu feita com o uso de
 painéis do tipo esterilha pré-fabricada.




Preparação da fundação com previsão dos pontos hidráulicos.   Fixação dos painéis na fundação.




                                                                   Casa sendo vedada pelos painéis
Painéis sendo rebocados.   Casa totalmente rebocado.
Casa finalizada, com pintura e acabamentos.
Referências bibliográficas

BERALDO, Antonio L.; AZZINI Anísio. Protótipo de edificação com uso de diferentes espécies de
bambu. Faculdade de Engenharia Agrícola- UNICAMP. Campinas, 2000.

TIRELLI, Zaira. Avaliação do desempenho do bambu na construção. 2007.
<http://www.orebrasil.com.br/tag/bambu-na-construcao-civil/>
Acesso em: 20/04/2011

<http://bamboo.ning.com/profiles/blogs/bambu-e-alternativa-para>
Acesso em: 20/04/2011

<http://bamboobali.com.br/html/construcaodecasa.html>
Acesso em: 20/04/2011

DIAS, Alan. Estrutura de bambu. São Paulo, 2009. Disponível em:
<http://estruturasdemadeira.blogspot.com/2009/05/estruturas-de-bambu.html>. Acesso em: 25/04/2011

<http://sleekfreak.ath.cx:81/3wdev/VITAHTML/SUBLEV/PO1/BAMBOO.HTM>
Acesso em: 25/04/2011

<http://www.bambubrasileiro.com/info/arq/index.html>
Acesso em: 25/04/2011

<www.arq.ufsc.br/.../processo_construtivos.htm>
Acesso em: 27/04/2011

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  • 1. Sistemas Estruturais Bambu como material estrutural Iura Mendonça Natana Oliveira Taynara Canedo
  • 2. PROCURA POR TECNOLOGIA E RECURSOS ALTERNATIVOS São inúmeros os impactos ambientais negativos causados à natureza em todo o planeta e estes são evidenciados através do aumento da temperatura, do degelo das calotas polares, da poluição dos meios aquáticos e atmosféricos, da degradação dos solos, da diminuição das áreas florestais, da exploração de espécies animais e vegetais, da extinção de espécies e da redução das reservas de águas potáveis no planeta. Essa realidade se deve, principalmente, ao nosso modo de vida, o qual se baseia na capitalização infindável de bens, que, por sua vez, dependem na sua maioria dos recursos naturais de fauna e flora, gerando a degradação ambiental. Nos dias atuais, observa-se uma notável busca pelo uso de materiais e tecnologias que não agridam o meio ambiente. Nota-se grande interesse pela utilização de tecnologias e recursos alternativos com este propósito, onde novos materiais tem sido amplamente divulgados. O emprego de materiais alternativos, sustentáveis e de baixo custo para a produção de casas econômicas, que possam substituir ou complementar os materiais ou sistemas construtivos tradicionais, sem comprometer a durabilidade, o conforto e a qualidade das construções, principalmente das habitações econômicas
  • 3. Distribuição natural do Bambu no mundo
  • 4. Bambu é o nome que se dá às plantas da subfamília Bambusoideae, da família das gramíneas (Gramineae). Essa sub-família se subdivide em duas tribos, a Bambuseae (os bambus chamados de lenhosos) e a Olyrae (os bambus chamados herbáceos). Fonte: http://www.orebrasil.com.br/ Fonte: http://jardinagemepaisagismo.com/ O bambu possui caules lenhificados utilizados na fabricação de diversos objetos como instrumentos musicais, móveis, cestos e até na construção civil, onde é utilizado em construções de edifícios a prova de terremotos. Edifício “Bambu”, Madrid Fonte: www.flickr.com/photos/javier
  • 5. O bambu é um material eco sustentável pois possui facilidade de cultivo, manejo e produção de insumos. Bem como possibilita a diminuição considerável com gastos de energia. Possibilita, em áreas degradadas, a recuperação de solos, contenção da erosão e aumento da umidade relativa do ar onde for plantado, dando suporte ao crescimento das espécies nativas. Fonte: http://bambusc.org.br/?p=451&lang=pt-br
  • 6.
  • 7. Pode-se se dizer que o bambu é uma planta que segue os requisitos de material sustentável, entre tantos, por 5 motivos: 1 - É uma cultura nativa – O Brasil possui em torno de 250 espécies nativas. Habitam uma alta gama de condições climáticas (zonas tropicais e temperadas) e topográficas (do nível do mar até acima de 4000 metros). O bambu é a planta de maior crescimento na terra e tem alto poder de seqüestro de carbono (CO2) e reflorestamento de áreas devastadas. Espécies de bambu Fonte: http://goianojardinagem.blogspot.com/2010/09/curiosidades-de-plantas.html 2 - Promove geração de renda – O Bambu viabiliza, com o plantio, também o incremento de renda nas comunidades onde for produzido.
  • 8. 3 - Produção em larga escala – Em países como o Japão, China e Índia o bambu é componente forte da economia. Ele encontra-se presente nas construções e em torno de mais de mil produtos, manufaturados e industrializados. 4 - Possui tecnologia acessível – O bambu serve para muitas utilidades na construção. É usado na estruturação como coluna, vigas e lastros. Serve como telha, forro e maçaneta. É adequado para determinados encanamentos de água. Possui custo reduzido de produção, com alta produtividade, facilidade de transporte e trabalhabilidade. Pode ser utilizados para evitar erosão de encostas e se plantado nos locais onde se deseja edificar, minimiza o transporte e conseqüentemente diminuição de custo de construção. Projeto de casa totalmente construída em bambu Fonte: http://estadodeminas.lugarcerto.com.br/app/noticia/show- room/2009/03/16/interna_showroom,29533/material-do-futuro.shtml 5 - Geração de energia - No campo enérgico é possível o carvão de bambu e existem estudos de que pode-se produzir álcool etanol a partir do bambu.
  • 9. DESEMPENHO ESTRUTURAL O bambu possui uma forma tubular acabada, estruturalmente estável, de baixa massa específica, geometricamente circular, oca, com otimizada resistência mecânica pela massa do material (em termos da razão). Fonte: http://www.estruturasdemadeira.blogspot.com/ Em contrapartida, o bambu possui baixa durabilidade natural, possui variações consideráveis em presença de umidade, baixa aderência a aglomerantes e seções reduzidas. Possui, também, presença inibidora a pega do cimento e dificuldade de efetuar ligações.
  • 10. ETAPAS DE PRODUÇÃO QUE LEVAM AO MELHOR DESEMPENHO DA RESISTÊNCIA ESTRUTURAL DO BAMBU E SUA LONGEVIDADE Colheita (corte) - é necessário saber para que se destina e, neste caso, a idade é fator importante. Para fins de construção, pela experiência, deve-se usar os bambus maduros, mas não podres, com cerca de três a quatro anos, quando atingiram sua resistência ideal. A Colheita do Bambu Amarelo - Kugler Fonte: http://www.aestheticcircle.com/2009_04_01_archive.html O colmo cortado ainda estará úmido por dentro, e, desejando utilizar-se o bambu para fins de construção de objetos ou estruturas, deve-se secá-lo, eficazmente, para aumentar o ganho físico e mecânico e, assim, evitar a perda de massa por insetos.
  • 11. Cura - a cura é utilizada para tornar o material menos propenso ao ataque de insetos. Cura por imersão - consiste em submergir os talos na água, retirando a seiva do interior das paredes do bambu. A cura por imersão tem uma duração de 4 semanas Fonte: http://mundodaimpermeabilizacao.blogspot.com/2011/01/ Fonte: http://petropolis.olx.com.br/curso-de-bambu-iid-24934954 Cura na mata - consiste em colocar os talos cortados verticalmente sem remover as ramas e as folhas, ficando devidamente isolados do solo, sobre pedras ou suportes. A etapa é 4 a 8 semanas.
  • 12. Secagem - é o momento em que existem variações dimensionais e de massa específica. A secagem correta permite reduzir consideravelmente a massa do colmo, proporciona melhoria nas propriedades mecânicas. Esta é a operação que determina as etapas seguintes de processamento do bambu, tais como: a colagem e a composição com outros materiais. Secagem ao ar livre - o período de secagem do bambu ao ar livre é de 6 a 12 semanas para se atingir maior resistência e evitar fissuras. Fonte: http://bambujungle.com.br Tratamento - Consiste em utilizar produtos químicos preservativos para proteger o bambu, pois a falta de tratamento compromete o desempenho, favorecendo o apodrecimento por fungos, o ataque de insetos e as rachaduras.
  • 13. PROPRIEDADES FÍSICAS DO BAMBU As propriedades físicas do bambu de maior interesse para a engenharia são peso específico, umidade natural, absorção de água, variações dimensionais e coeficiente de dilatação. O peso específico interessa para se avaliar o peso próprio das estruturas de bambu; a umidade natural serve para se fazer correções de resistência em relação à umidade padrão de 12%; a absorção e variações dimensionais são necessárias para se verificar possíveis mudanças de volume das peças de bambu. O coeficiente de dilatação térmica permite obter as variações de dimensões das peças de bambu. Fonte: http://tilz.tearfund.org/Portugues/Passo+a+Passo+21- 30/Passo+a+Passo+23/Cultivo+de+bambu.htm Fonte: http://bamboo.ning.com/profiles/blog/
  • 14. PROPRIEDADES MECÂNICAS DO BAMBU O bambu possui alto desempenho sustentável, físico e mecânico para ser aplicado na construção civil. A partir de ensaios pode-se estimar resistência à compressão, à tração, flexão e cisalhamento. Os resultados dos ensaios são influenciados pela espécie, idade, tipo de solo, condições climáticas, época da colheita, corte, teor de umidade da amostra, cura e secagem. Gráfico da resistência à compressão Tabela dos corpos-de-prova de Fonte: http://www.webartigos.com/articles/19382/1/A-Utilizacao-do-Bambu-em-Casas-Populares/pagina1.html compressão/resultado
  • 15. Os colmos do bambu possuem excelentes propriedades físicas e mecânicas que podem ser utilizadas em lugar do aço para fabricação de estruturas de concretos. O uso do bambu substituindo as armaduras de aço na produção do concreto.
  • 16. -A cor, a altura total, a distância entre os nós,o diâmetro do mesmo e a espessura da parede, tudo isso depende da espécie e do período e idade do corte do bambu. -O bambu alcança sua resistência máxima a partir dos três anos, quando atinge a maturidade. -Colmos maduros são mais resistentes que os verdes ele tem a capacidade de absorver umidade do ar o bambu dilata-se com o aumento da umidade e contrai-se com a sua perda.
  • 17. Países que utilizam o bambu Aplicação do bambu na engenharia civil datam desde 1914 na China e Estados Unidos, e posteriormente na Alemanha, Japão, Índia, Filipinas e em outros países. Tira-se pouco proveito do bambu em nosso país, onde seu uso restringe-se praticamente a confecção de peças artesanais e detalhes paisagísticos, ao contrário de alguns países da Ásia, como a China e a Índia, e países da América Latina, como o Equador e a Colômbia, onde a cultura do bambu na construção civil é largamente difundida.
  • 18. Na Colômbia, o bambu é o material de origem vegetal empregado com maior assiduidade, ultrapassando o uso da madeira. Colômbia é o país que detém a melhor tecnologia construtiva com o uso do bambu no mundo, sendo o país de origem de grandes nomes da arquitetura de bambu como Oscar Hidalgo López, Simón Vélez, Marcelo Villegas, Hector Fabio Silva e outros. Em Bangladesh, país com mais de 5 milhões de habitantes, 90% das habitações são feitas de bambu. Na China, o bambu foi utilizado para a construção dos primeiros pórticos e também para pontes, conseguindo vencer vãos superiores a 100m.
  • 19. Construção de bambu na Colômbia. Pavilhão Zeri, Manizales, Colômbia. Taj Mahal, Índia. As cúpulas do monumento hindu foram feitas de bambu Vista noturna da Catedral de Bambu, Nuestra Señora de la Pobreza. Projeto do Arq. Simón Vélez, Colombia. Bambu utilizado como andaime na China
  • 20. Os diversos usos do bambu O bambu vem sendo utilizado de diversas formas, tais como medicinais, farmacêuticas e químicas, como afrodisíaco, cosméticos, enzimas, hormônios, cultivo de bactérias, carvão, óleos combustíveis, biomasa, tecidos, aqueodutos, cordas, ponte, papel, artesanato, construção civil e rural, materiais pra engenharia e alimentos. Como meio de transporte, em forma de bicicleta, pode- se observar o uso do bambu na fabricação de uma bicicleta. Ponte suspensa de bambu, projeto de Jorg Stamm
  • 21. ASSOCIAÇÃO DO BAMBU COM OUTROS MATERIAIS Como o bambu possui baixa aderência com o concreto e argamassas, alguns experimentos foram realizados onde se constatou algumas medidas que devem ser tomadas para aumentar a eficiência. Uma delas é a impermeabilização para evitar variações dimensionais, pela absorção de água, principalmente em contato com a argamassa de revestimento e no bambucreto. O bambu por ser um material higroscópio, quando usado como reforço no concreto, absorve água, durante a cura aumentando as dimensões provocando microfissuras quando começa a secar. Quando começa a perder água se retrai e perde a aderência. Quando se utiliza bambus imaturos, em geral, surgem fissuras no concreto antes que se desenvolva a aderência. Os colmos tratados quimicamente desenvolvem uma maior aderência do que os não tratados. Fonte: http://estoes.sabersinfin.com/wp-content/uploads/2010/04/VIVIENDA- POPULAR-RURAL-A-BASE-DE-BAMBU.jpg
  • 22. O bambu pode ser utilizado em combinação com vários outros tipos de materiais como o concreto, o tijolo aparente, a madeira (nos encaixes), telhas de barro, argamassa de reboco e outros. Uma das dificuldades encontradas ao se executar construções com o bambu, é que o mesmo não apresenta uma linearidade em seus colmos, ou seja, a peça não é totalmente uniforme. Isso acaba por dificultar soluções totalmente Casa de bambu e tijolo aparente: composição de materiais distintos retilíneas na construção civil.
  • 23. Pilares de Bambu O bambu é utilizado como pilar nas edificações, e por ser um material bastante resistente, suporta construções de vários pavimentos, por vários anos. A base do pilar de bambu deve ser feita obedecendo à regra de não colocá-lo em contato direto no solo. Assim, é necessário utilizar blocos de concreto ou outro material, como base para a proteção do bambu contra a umidade dos solos e dos pisos.
  • 24. Pilares de bambu com base Pilares de bambu apoiados de concreto em bases de concreto Pilares de bambu. Centro de Desarrollo Artesanal de Risalda, Colômbia.
  • 25. Vigas e treliças As vigas e treliças construídas com o uso dos bambus, também são realizadas com muito esmero por quem conhece esta técnica construtiva. São altamente resistentes e apresentam alta resistência mecânica e espacial. Como estrutura, as vigas e treliças de bambu conferem alto grau de eficácia em regiões que possuem abalos sísmicos periódicos. A largura de vigas e arcos varia de acordo com o comprimento.
  • 26. Treliça plana (viga), construída na Treliça plana (viga), construída na Terra Terra Indígena dos Krahô,TO. Indígena dos Krahô,TO. Laje feita de bambu em edificação de dois pavimentos
  • 27. Painéis de vedação vertical O bambu na forma de painel de vedação pode constituir-se de varas verticais ou ripas inseridas em molduras, podendo ser de bambu ou de madeira, dependendo da necessidade ou preferência. Além disso, os painéis de vedação feitos de bambu podem ser preenchidos com barro ou podem ser argamassados simplesmente. Estes painéis são de grande flexibilidade, de fácil execução e passíveis de futuras ampliações. Casa feita de Bambu com o uso das esteiras, tradição deixada pelos antepassados nas construções atuais
  • 28. Painéis de bambu para vedação vertical das habitações Painel feito de bambus estacados nos dois sentidos, uma das técnicas mais simples
  • 29. PAINÉIS DE BAMBU FORMANDO DETALHES VAZADOS E VARIADOS
  • 30. PAVILHÃO DO MENINO PESCADOR, CENTRO CULTURAL O MENINO E O MAR, UBATUBA – SP ARQº RUY OTAKE; DETALHE DO PAINEL DE BAMBU TRANÇADO, UTILIZA COMO VEDAÇÃO.
  • 31. Painéis de bambu preenchidos com barro Além das formas já citadas, as estruturas construídas de bambu podem ser preenchidas ou simplesmente rebocadas com barro ou argila. Ambos os processos são facilmente identificados em projetos de habitações de baixo custo na América Latina, onde as técnicas variam de região para região e de acordo com a necessidade do projeto. Este tipo de painel utiliza bambus inteiros (guadua) no interior da estrutura, e ripas de madeira ou bambu são fixadas horizontalmente nos lados internos e externos do bambu. A estrutura então é preenchida com barro, que pode ser misturado com palhas ou fibras naturais. DETALHES CONSTRUTIVOS DOS PAINÉIS PREENCHIDOS COM BARRO
  • 32. A ESTRUTURA FEITA DE BAMBU TOMA FORMA DE PAREDE, SENDO POSTERIORMENTE PREENCHIDA COM UMA MISTURA DE BARRO E PALHA
  • 33. Estruturas de telhado É possível construir várias estruturas de telhados utilizando o bambu como principal material, na forma de triângulos, arcos etc, assim pode-se valorizar a estrutura, aliando-se a preocupação estética ao método construtivo. Há uma variedade de formas de estruturas de telhados, como por exemplo, cilíndricos e elípticos. Assim, o bambu pode ter muitas aplicações na construção de telhados, preconizando belas formas e soluções em suas aplicações
  • 34. Estrutura de telhado, tendo o bambu como principal material de construção. Estrutura de bambu criada pelo arquiteto Simon Vélez, na Colômbia.
  • 35. Telhas É possível se produzir telhas feitas de bambu, que constituem um elemento a mais na construção de habitações. As telhas devem ser amarradas umas às outras com arame galvanizado, evitando que o vento as tire do lugar.
  • 37. Escadas artesanais O bambu é um elemento que pode ser utilizado na construção de escadas, demonstrando resistência, praticidade na execução, segurança e excelente efeito estético.
  • 38. Escada de bambu, projeto da Arq. Ana Maria França, em Goiânia, feita sobre base de concreto, evitando o contato direto dos colmos com o solo.
  • 39. As escadas, entretanto, podem ser feitas de bambu desde que alguns cuidados sejam obedecidos. Na junção dos degraus podem ser utilizados elementos metálicos, fibras naturais, etc, que contribuem com a e estruturação das escadas de bambu. Escada de bambu, projeto da Arq. Ana Maria França, em Goiânia, feita sobre base de concreto, evitando o contato direto dos colmos com o solo.
  • 40. Ligações e conexões de bambu O bambu tem baixa resistência ao cisalhamento devendo ser considerado no desenho arquitetônico das juntas. A presença dos nós nas ligações aumenta em 50% a resistência ao cisalhamento, atingindo um valor médio de 1, 67 MPa. O bambu não tem boa resistência às pregações, devido a sua constituição basicamente composta por fibras paralelas muito longas, com densidade específica muito alta, principalmente nas paredes externas, com grade tendência ao cisalhamento. As ligações mais recomendadas são as parafusadas, por proporcionarem maior estabilidade. Este procedimento provoca um corte nas fibras, porém, sem provocar o afastamento das mesmas, evitando-se assim o fendilhamento longitudinal.
  • 41. Conexões das peças de bambu União de peças de bambu com peças do próprio bambu.
  • 42. De acordo com o uso e a necessidade da ligação, pode-se criar diversas formas de convergir os pontos das canas de bambu. Em construções tradicionais de bambu, cordas, fibras de coco, de palha e outros materiais são amarrados nas junções, cobrindo as conexões. Detalhe de amarração da conexão de bambu, com fibras naturais.
  • 43. Projeto Malabar - Manizales / Caldas, Colômbia. Manizales é uma cidade pequena, capital do Departamento de Caldas, Colômbia, situada a 2500 m acima do nível do mar, a oeste da área crescente de Bogotá. Sofreu com a escassez de alojamentos urbanos por algum tempo, e para reduzir esta escassez, o ICT - Instituto de Crédito Territorial da Região da Manizales, buscando uma política emergencial para minimizar o problema, teve como meta criar alojamentos em terreno desapropriado e localizado em declives íngremes, que freqüentemente tinham baixa densidade de alojamento. Este projeto foi concebido pelo Engenheiro Civil Jorge Arcila, que também gerenciou a sua construção. O Projeto de Manizales, também conhecido como Projeto Malabar, é apenas um dos inúmeros conjuntos residenciais construídos pelo ICT, onde buscou-se construir sob a consideração de valores sociais e culturais com o uso de materiais regionais. A grande maioria do material utilizado na construção é o bambu. Inicialmente, a estrutura das casas é toda de bambu, tendo suas colunas principais apoiadas em fundações de concreto, sendo presas por meio de “travamentos suspensórios diagonais”, Posteriormente, as estruturas que formam as paredes são cobertas com esteiras de bambu, antes de serem rebocadas. O conjunto habitacional fica apenas com a estrutura de bambu aparente e tem suas paredes rebocadas e pintadas.
  • 44. Corte esquemático das residências de bambu
  • 45. Paredes cobertas com esteiras de bambu antes do reboco. Vista das habitações em terreno íngreme no Projeto Malabar
  • 47. Técnicas de juntas de bambu Inspirado em usos tradicionais, o arquiteto Simón Vélez desenvolveu uma técnica que traz as juntas de bambu em edifícios de alta tecnologia. Considerando que o bambu tem uma enorme resistência à tração, Vélez desenvolveu um sistema para construções sujeito à vetores elásticos. Primeiro, as seções do fim do bambu são ligadas e preenchidas com concreto, e no concreto inserem-se elementos de metal. As partes que usam as ligações de metal então podem ser conectadas. Por conseguinte, uma proporção alta da força é adquirida e transferida às paredes, e o processo de lascamento, que normalmente acontece nas canas ocas, é evitado, aliando esforços tradicionais aos usos tecnológicos modernos
  • 48. Técnica construtiva de ligação do bambu com bases de concreto,através de peças metálicas Detalhe da ligação dos bambus
  • 49. Detalhes construtivos Pela resistência e segurança, o bambu apresenta resultados satisfatórios na sua utilização como guarda-corpos, marquises, varandas, decks, bancadas, lavatórios, cercas, portões e outros, conferindo praticidade e leveza à edificação.
  • 50. Guarda corpo de bambu.
  • 51. Fechamento feito com bambus, formando desenhos geométricos.
  • 52. Marquise de bambu, criada por Simon Vélez. Pouso do Frade Resort, Rio de Janeiro, Brasil
  • 54. Esquadria do tipo pivotante, feita de bambu.
  • 55. Lavatório feito de bambu, apresentado na Mostra Casa Cor Goiás 97
  • 56. Painéis do tipo bahareque com esteiras duplas Os painéis do tipo bahareque são formados por uma estrutura de bambu ou madeira, que em seguida é vedada por esteiras de bambu, tanto na parte externa como na interna. Posteriormente, os painéis são argamassados e recebem pintura como acabamento final. Esta técnica apresenta-se como uma solução tecnológica do espaço construído de muitas culturas milenares.
  • 57. Detalhes construtivos dos painéis do tipo bahareque Esta edificação de quatro pavimentos foi construída por volta de 1930, em Salamina, Colômbia, e somente nos anos setenta as esteiras de bambu foram substituídas e rebocadas.
  • 58. Painéis do tipo tendinous ou tencionados Este tipo de painel consiste em uma estrutura de bambu, semelhante a uma moldura (formada de base inferior, superior e lateral), espaçada de 1,20 em 1,20 metros. Em seguida, arames farpados são fixados horizontalmente ou diagonalmente entre as molduras, com 20 cm de espaçamento entre eles. Aplica-se então uma “aniagem” (tela ou tecido grosso, feita de juta ou outra fibra vegetal) em um dos lados do arame farpado, fixando-o verticalmente com o auxilio de arame galvanizado. Esta tecnologia originalmente desenvolvida na Índia, há muitos anos atrás, não obteve bons resultados devido a aniagem de baixa qualidade utilizada. Em 1983, através de estudos realizados na Faculdade de Arquitetura da Valley Universidad (Calí, Colômbia), foi possível desenvolver esta tecnologia, que nos dias atuais é considerada como a melhor tecnologia Telas de tecido grosso são aplicados nas estruturas de bambu, facilitando. A para a construção de painéis de bambu. aplicação da argamassa de revestimento dos painéis
  • 59. Painéis de bambu pré-fabricados A) Painéis com moldura de madeira e canas ou varas de bambu São muitas as possibilidades do uso do bambu para a produção de painéis, sejam estes artesanais ou industrializados. Porém, nos dias atuais busca-se cada vez mais a racionalização das obras civis, na tentativa de evitar desperdícios, perda de tempo e aumento de produtividade. A Fundação Nacional de Bambu, FUNBAMBU, na Costa Rica, em seu projeto denominado Projeto Nacional del Bambu, iniciado no ano de 1981 para a produção de casas econômicas, criou uma fábrica para a produção em grande escala de painéis de bambu. Logomarca da fundação FUNBAMBU. Fábrica de painéis de bambu pré-fabricados na Costa Rica.
  • 60. Os bambus utilizados para a produção dos painéis são imunizados à base de substâncias solúveis em água, sendo a mais utilizada o boro, através do Método Boucherie, descrito anteriormente. Constatouse que os painéis funcionam estruturalmente como um Fábrica de painéis de bambu pré-fabricados na Costa Rica. diafragma rígido, sendo a estrutura ou moldura construída com madeira e o fechamento feito com bambus roliços do tipo “cana –brava”. Os painéis são confeccionados de acordo com as exigências dos projetos das habitações e seguindo o dimensionamento e forma desejada, como mostra a Figura 92. Os principais tipos de painéis produzidos são o retangular e o trapezoidal, constituídos por peças de madeira com secções de 5,0 x 5,0 cm e 2,5 x 5,0 cm.
  • 61. Projeto arquitetônico dos Painéis Estrutura de painéis de bambu retangular e trapezoidal.
  • 62. Para a produção dos painéis utilizam-se fôrmas metálicas ou de madeira como gabarito, para facilitar e padronizar o processo de montagem. Para fixação dos bambus roliços na moldura de madeira, são utilizados grampeadores à ar comprimido , evitando assim o uso de parafusos, que podem fendilhar as varas de bambu. Montagem do painel. Gabarito para a produção do painel O uso de grampeador para a fixação das varas de bambu.
  • 63. Após a fabricação, os painéis são transportados para a obra em caminhões ou caminhonetes, de acordo com a dimensão dos mesmos. Transporte dos painéis pré-fabricados.
  • 64. Algumas características podem ser atribuídas a este tipo de painel, as quais são: Baixo peso – O peso dos painéis, com reboco à base de cimento, varia entre 90 a 130 kg/m², equivalendo a 35% do peso de uma parede similar de blocos de concreto com 12 cm de espessura e aproximadamente 250 kg/m². b) Alta resistência – Os painéis demonstram grande capacidade estrutural. Foram obtidos em testes de resistência ao cisalhamento valores de até 1.500 kg/m2, permitindo que a construção absorva as forças do sismo dentro da faixa elástica, sem fissuras na extensão do painel. c) Integridade estrutural – A fundação em radiê produz uma resposta monolítica e integral, evitando as fissuras por deslocamentos diferenciais das fundações.
  • 65. B)Painéis pré-fabricados com esterilhas de bambu As esteiras de bambu são criadas dividindo-se os colmos em fitas longitudinais, podendo ser utilizadas para a fabricação de produtos como forros, pisos, fôrmas para concreto armado, mobiliário, utensílios domésticos e painéis de vedação para edificações. As varas são colocadas no solo e com a ajuda de um machado, são feitas aberturas profundas ao redor de cada um dos nós e também perpendicular a eles, sendo que estas aberturas devem ter de 1 e 3 cm. Em seguida, com a ajuda de uma pá, abre-se longitudinalmente a vara por um dos lados, rompendo ao mesmo tempo os tabiques ou diafragmas interiores (parte interna do nó). Finalmente, abre-se a esteira com as mãos até que suas duas bordas se encostem no chão. Usa-se pisar na esteira e caminhar sobre ela, para que fique totalmente plana.
  • 66. Abertura do bambu Remoção dos nós internos do bambu, sentido longitudinal
  • 67. As esteiras de bambu possuem uma grande diversidade de aplicações em habitações rurais ou urbanas. No Equador, as esteiras de bambu são a base mais importante para a indústria da construção civil, sendo a forma mais utilizada para a produção de painéis que podem ser rebocados ou podem ficar aparentes. Esteiras de bambu como painéis de vedação. Esteiras de bambu empilhadas, prontas para a fabricação de painéis.
  • 68. Produção dos quadros de madeira, a estrutura do painel. Aparam-se as arestas das esteiras. Painel finalizado, feito com esteiras de bambu.
  • 69. Processo construtivo de uma casa de bambu feita com o uso de painéis do tipo esterilha pré-fabricada. Preparação da fundação com previsão dos pontos hidráulicos. Fixação dos painéis na fundação. Casa sendo vedada pelos painéis
  • 70. Painéis sendo rebocados. Casa totalmente rebocado.
  • 71. Casa finalizada, com pintura e acabamentos.
  • 72. Referências bibliográficas BERALDO, Antonio L.; AZZINI Anísio. Protótipo de edificação com uso de diferentes espécies de bambu. Faculdade de Engenharia Agrícola- UNICAMP. Campinas, 2000. TIRELLI, Zaira. Avaliação do desempenho do bambu na construção. 2007. <http://www.orebrasil.com.br/tag/bambu-na-construcao-civil/> Acesso em: 20/04/2011 <http://bamboo.ning.com/profiles/blogs/bambu-e-alternativa-para> Acesso em: 20/04/2011 <http://bamboobali.com.br/html/construcaodecasa.html> Acesso em: 20/04/2011 DIAS, Alan. Estrutura de bambu. São Paulo, 2009. Disponível em: <http://estruturasdemadeira.blogspot.com/2009/05/estruturas-de-bambu.html>. Acesso em: 25/04/2011 <http://sleekfreak.ath.cx:81/3wdev/VITAHTML/SUBLEV/PO1/BAMBOO.HTM> Acesso em: 25/04/2011 <http://www.bambubrasileiro.com/info/arq/index.html> Acesso em: 25/04/2011 <www.arq.ufsc.br/.../processo_construtivos.htm> Acesso em: 27/04/2011