Natana, Iura e Taynara Sistemas Estruturais Bambu.pdf
1. Sistemas Estruturais
Bambu como
material estrutural
Iura Mendonça
Natana Oliveira
Taynara Canedo
2. PROCURA POR TECNOLOGIA E RECURSOS ALTERNATIVOS
São inúmeros os impactos ambientais negativos causados à natureza em
todo o planeta e estes são evidenciados através do aumento da
temperatura, do degelo das calotas polares, da poluição dos meios
aquáticos e atmosféricos, da degradação dos solos, da diminuição das
áreas florestais, da exploração de espécies animais e vegetais, da extinção
de espécies e da redução das reservas de águas potáveis no planeta. Essa
realidade se deve, principalmente, ao nosso modo de vida, o qual se baseia
na capitalização infindável de bens, que, por sua vez, dependem na sua
maioria dos recursos naturais de fauna e flora, gerando a degradação
ambiental.
Nos dias atuais, observa-se uma notável busca pelo uso de materiais e
tecnologias que não agridam o meio ambiente. Nota-se grande interesse
pela utilização de tecnologias e recursos alternativos com este propósito,
onde novos materiais tem sido amplamente divulgados. O emprego de
materiais alternativos, sustentáveis e de baixo custo para a produção de
casas econômicas, que possam substituir ou complementar os materiais ou
sistemas construtivos tradicionais, sem comprometer a durabilidade, o
conforto e a qualidade das construções, principalmente das habitações
econômicas
4. Bambu é o nome que se dá às plantas da subfamília Bambusoideae, da família
das gramíneas (Gramineae). Essa sub-família se subdivide em duas tribos, a
Bambuseae (os bambus chamados de lenhosos) e a Olyrae (os bambus chamados
herbáceos).
Fonte: http://www.orebrasil.com.br/
Fonte: http://jardinagemepaisagismo.com/
O bambu possui caules lenhificados utilizados na fabricação de diversos objetos
como instrumentos musicais, móveis, cestos e até na construção civil, onde é
utilizado em construções de edifícios a prova de terremotos.
Edifício “Bambu”, Madrid
Fonte: www.flickr.com/photos/javier
5. O bambu é um material eco sustentável pois possui facilidade de cultivo, manejo
e produção de insumos. Bem como possibilita a diminuição considerável com gastos
de energia.
Possibilita, em áreas degradadas, a recuperação de solos, contenção da erosão
e aumento da umidade relativa do ar onde for plantado, dando suporte ao
crescimento das espécies nativas.
Fonte: http://bambusc.org.br/?p=451&lang=pt-br
6.
7. Pode-se se dizer que o bambu é uma planta que segue os requisitos de
material sustentável, entre tantos, por 5 motivos:
1 - É uma cultura nativa – O Brasil possui em torno de 250 espécies nativas.
Habitam uma alta gama de condições climáticas (zonas tropicais e temperadas) e
topográficas (do nível do mar até acima de 4000 metros). O bambu é a planta de
maior crescimento na terra e tem alto poder de seqüestro de carbono (CO2) e
reflorestamento de áreas devastadas.
Espécies de bambu
Fonte: http://goianojardinagem.blogspot.com/2010/09/curiosidades-de-plantas.html
2 - Promove geração de renda – O Bambu viabiliza, com o plantio, também o
incremento de renda nas comunidades onde for produzido.
8. 3 - Produção em larga escala – Em países como o Japão, China e Índia o bambu
é componente forte da economia. Ele encontra-se presente nas construções e em
torno de mais de mil produtos, manufaturados e industrializados.
4 - Possui tecnologia acessível – O bambu serve para muitas utilidades na
construção. É usado na estruturação como coluna, vigas e lastros. Serve como
telha, forro e maçaneta. É adequado para determinados encanamentos de água.
Possui custo reduzido de produção, com alta produtividade, facilidade de transporte
e trabalhabilidade. Pode ser utilizados para evitar erosão de encostas e se plantado
nos locais onde se deseja edificar, minimiza o transporte e conseqüentemente
diminuição de custo de construção.
Projeto de casa totalmente
construída em bambu
Fonte: http://estadodeminas.lugarcerto.com.br/app/noticia/show-
room/2009/03/16/interna_showroom,29533/material-do-futuro.shtml
5 - Geração de energia - No campo enérgico é possível o carvão de bambu e
existem estudos de que pode-se produzir álcool etanol a partir do bambu.
9. DESEMPENHO ESTRUTURAL
O bambu possui uma forma tubular acabada, estruturalmente estável, de baixa
massa específica, geometricamente circular, oca, com otimizada resistência
mecânica pela massa do material (em termos da razão).
Fonte: http://www.estruturasdemadeira.blogspot.com/
Em contrapartida, o bambu possui baixa durabilidade natural, possui variações
consideráveis em presença de umidade, baixa aderência a aglomerantes e seções
reduzidas. Possui, também, presença inibidora a pega do cimento e dificuldade de
efetuar ligações.
10. ETAPAS DE PRODUÇÃO QUE LEVAM AO MELHOR DESEMPENHO
DA RESISTÊNCIA ESTRUTURAL DO BAMBU E SUA LONGEVIDADE
Colheita (corte) - é necessário saber para que se destina e, neste caso, a idade
é fator importante. Para fins de construção, pela experiência, deve-se usar os
bambus maduros, mas não podres, com cerca de três a quatro anos, quando
atingiram sua resistência ideal.
A Colheita do Bambu
Amarelo - Kugler
Fonte: http://www.aestheticcircle.com/2009_04_01_archive.html
O colmo cortado ainda estará úmido por dentro, e, desejando utilizar-se o bambu
para fins de construção de objetos ou estruturas, deve-se secá-lo, eficazmente,
para aumentar o ganho físico e mecânico e, assim, evitar a perda de massa por
insetos.
11. Cura - a cura é utilizada para tornar o material menos propenso ao ataque de
insetos.
Cura por imersão - consiste em submergir
os talos na água, retirando a seiva do
interior das paredes do bambu. A cura por
imersão tem uma duração de 4 semanas
Fonte: http://mundodaimpermeabilizacao.blogspot.com/2011/01/
Fonte: http://petropolis.olx.com.br/curso-de-bambu-iid-24934954
Cura na mata - consiste em colocar os talos
cortados verticalmente sem remover as ramas e
as folhas, ficando devidamente isolados do
solo, sobre pedras ou suportes. A etapa é 4 a 8
semanas.
12. Secagem - é o momento em que existem variações dimensionais e de massa
específica. A secagem correta permite reduzir consideravelmente a massa do
colmo, proporciona melhoria nas propriedades mecânicas. Esta é a operação que
determina as etapas seguintes de processamento do bambu, tais como: a colagem
e a composição com outros materiais.
Secagem ao ar livre - o período de secagem
do bambu ao ar livre é de 6 a 12 semanas
para se atingir maior resistência e evitar
fissuras.
Fonte: http://bambujungle.com.br
Tratamento - Consiste em utilizar produtos químicos preservativos para proteger
o bambu, pois a falta de tratamento compromete o desempenho, favorecendo o
apodrecimento por fungos, o ataque de insetos e as rachaduras.
13. PROPRIEDADES FÍSICAS DO BAMBU
As propriedades físicas do bambu de maior interesse para a engenharia são
peso específico, umidade natural, absorção de água, variações dimensionais e
coeficiente de dilatação. O peso específico interessa para se avaliar o peso próprio
das estruturas de bambu; a umidade natural serve para se fazer correções de
resistência em relação à umidade padrão de 12%; a absorção e variações
dimensionais são necessárias para se verificar possíveis mudanças de volume das
peças de bambu. O coeficiente de dilatação térmica permite obter as variações de
dimensões das peças de bambu.
Fonte: http://tilz.tearfund.org/Portugues/Passo+a+Passo+21-
30/Passo+a+Passo+23/Cultivo+de+bambu.htm
Fonte: http://bamboo.ning.com/profiles/blog/
14. PROPRIEDADES MECÂNICAS DO BAMBU
O bambu possui alto desempenho sustentável, físico e mecânico para ser
aplicado na construção civil.
A partir de ensaios pode-se estimar resistência à compressão, à tração, flexão e
cisalhamento. Os resultados dos ensaios são influenciados pela espécie, idade, tipo
de solo, condições climáticas, época da colheita, corte, teor de umidade da
amostra, cura e secagem.
Gráfico da resistência à compressão
Tabela dos corpos-de-prova de
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/19382/1/A-Utilizacao-do-Bambu-em-Casas-Populares/pagina1.html
compressão/resultado
15. Os colmos do bambu possuem excelentes propriedades
físicas e mecânicas que podem ser utilizadas em lugar do
aço para fabricação de estruturas de concretos.
O uso do bambu substituindo as armaduras de aço na produção do concreto.
16. -A cor, a altura total, a distância entre os nós,o diâmetro do mesmo e a
espessura da parede, tudo isso depende da espécie e do período e idade
do corte do bambu.
-O bambu alcança sua resistência máxima a partir dos três anos, quando
atinge a maturidade.
-Colmos maduros são mais resistentes que os verdes ele tem a
capacidade de absorver umidade do ar o bambu dilata-se com o aumento
da umidade e contrai-se com a sua perda.
17. Países que utilizam o bambu
Aplicação do bambu na engenharia civil datam desde
1914 na China e Estados Unidos, e posteriormente na
Alemanha, Japão, Índia, Filipinas e em outros países.
Tira-se pouco proveito do bambu em nosso país, onde
seu uso restringe-se praticamente a confecção de peças
artesanais e detalhes paisagísticos, ao contrário de
alguns países da Ásia, como a China e a Índia, e países
da América Latina, como o Equador e a Colômbia, onde a
cultura do bambu na construção civil é largamente
difundida.
18. Na Colômbia, o bambu é o material de origem vegetal empregado
com maior assiduidade, ultrapassando o uso da madeira. Colômbia é
o país que detém a melhor tecnologia construtiva com o uso do
bambu no mundo, sendo o país de origem de grandes nomes da
arquitetura de bambu como Oscar Hidalgo López, Simón Vélez,
Marcelo Villegas, Hector Fabio Silva e outros.
Em Bangladesh, país com mais de 5 milhões de habitantes, 90% das
habitações são feitas de bambu.
Na China, o bambu foi utilizado para a construção dos primeiros
pórticos e também para pontes, conseguindo vencer vãos superiores
a 100m.
19. Construção de bambu na Colômbia. Pavilhão Zeri, Manizales,
Colômbia. Taj Mahal, Índia. As cúpulas do monumento hindu
foram feitas de bambu
Vista noturna da Catedral de Bambu, Nuestra Señora de la Pobreza.
Projeto do Arq. Simón Vélez, Colombia.
Bambu utilizado como andaime na China
20. Os diversos usos do bambu
O bambu vem sendo utilizado de diversas formas, tais como medicinais,
farmacêuticas e químicas, como afrodisíaco, cosméticos, enzimas, hormônios,
cultivo de bactérias, carvão, óleos combustíveis, biomasa, tecidos, aqueodutos,
cordas, ponte, papel, artesanato, construção civil e rural, materiais pra
engenharia e alimentos. Como meio de transporte, em forma de bicicleta, pode-
se observar o uso do bambu na fabricação de uma bicicleta.
Ponte suspensa de bambu, projeto de Jorg Stamm
21. ASSOCIAÇÃO DO BAMBU COM OUTROS MATERIAIS
Como o bambu possui baixa aderência com o concreto e argamassas, alguns
experimentos foram realizados onde se constatou algumas medidas que devem ser
tomadas para aumentar a eficiência. Uma delas é a impermeabilização para evitar
variações dimensionais, pela absorção de água, principalmente em contato com a
argamassa de revestimento e no bambucreto.
O bambu por ser um material higroscópio,
quando usado como reforço no concreto,
absorve água, durante a cura aumentando as
dimensões provocando microfissuras quando
começa a secar. Quando começa a perder
água se retrai e perde a aderência.
Quando se utiliza bambus imaturos, em
geral, surgem fissuras no concreto antes que
se desenvolva a aderência. Os colmos
tratados quimicamente desenvolvem uma
maior aderência do que os não tratados.
Fonte: http://estoes.sabersinfin.com/wp-content/uploads/2010/04/VIVIENDA-
POPULAR-RURAL-A-BASE-DE-BAMBU.jpg
22. O bambu pode ser utilizado
em combinação com vários
outros tipos de materiais
como o concreto, o tijolo
aparente, a madeira (nos
encaixes), telhas de barro,
argamassa de reboco e
outros.
Uma das dificuldades
encontradas ao se executar
construções com o bambu, é
que o mesmo não apresenta
uma linearidade em seus
colmos, ou seja, a peça não
é totalmente uniforme.
Isso acaba por dificultar
soluções totalmente
Casa de bambu e tijolo aparente: composição de materiais distintos retilíneas na construção civil.
23. Pilares de Bambu
O bambu é utilizado como pilar nas edificações, e por ser um
material bastante resistente, suporta construções de vários
pavimentos, por vários anos. A base do pilar de bambu deve ser
feita obedecendo à regra de não colocá-lo em contato direto no
solo.
Assim, é necessário
utilizar blocos de
concreto ou outro
material, como base
para a proteção do
bambu contra a
umidade dos solos e
dos pisos.
24. Pilares de bambu com base
Pilares de bambu apoiados de concreto
em bases de concreto
Pilares de bambu. Centro de Desarrollo Artesanal de
Risalda, Colômbia.
25. Vigas e treliças
As vigas e treliças construídas
com o uso dos bambus, também
são realizadas com muito esmero
por quem conhece esta técnica
construtiva. São altamente
resistentes e apresentam alta
resistência mecânica e espacial.
Como estrutura, as vigas e treliças
de bambu conferem alto grau de
eficácia em regiões que possuem
abalos sísmicos periódicos. A
largura de vigas e arcos varia de
acordo com o comprimento.
26. Treliça plana (viga), construída na Treliça plana (viga), construída na Terra
Terra Indígena dos Krahô,TO. Indígena dos Krahô,TO.
Laje feita de bambu em edificação
de dois pavimentos
27. Painéis de vedação vertical
O bambu na forma de painel de vedação pode constituir-se de
varas verticais ou ripas inseridas em molduras, podendo ser
de bambu ou de madeira, dependendo da necessidade ou
preferência. Além disso, os painéis de vedação feitos de
bambu podem ser preenchidos com barro ou podem ser
argamassados simplesmente. Estes painéis são de grande
flexibilidade, de fácil execução e passíveis de futuras
ampliações.
Casa feita de Bambu com o uso das esteiras, tradição deixada pelos
antepassados nas construções atuais
28. Painéis de bambu para vedação vertical das habitações
Painel feito de bambus estacados nos dois sentidos, uma das
técnicas mais simples
30. PAVILHÃO DO MENINO PESCADOR, CENTRO CULTURAL O MENINO E O
MAR, UBATUBA – SP
ARQº RUY OTAKE;
DETALHE DO PAINEL DE
BAMBU TRANÇADO, UTILIZA
COMO VEDAÇÃO.
31. Painéis de bambu preenchidos com barro
Além das formas já citadas, as estruturas construídas de bambu
podem ser preenchidas ou simplesmente rebocadas com barro ou
argila. Ambos os processos são facilmente identificados em
projetos de habitações de baixo custo na América Latina, onde as
técnicas variam de região para região e de acordo com a
necessidade do projeto. Este tipo de painel utiliza bambus inteiros
(guadua) no interior da estrutura, e ripas de madeira ou bambu são
fixadas horizontalmente nos lados internos e externos do bambu. A
estrutura então é preenchida com barro, que pode ser misturado
com palhas ou fibras naturais.
DETALHES CONSTRUTIVOS DOS PAINÉIS
PREENCHIDOS COM BARRO
32. A ESTRUTURA FEITA DE BAMBU TOMA FORMA DE PAREDE,
SENDO POSTERIORMENTE PREENCHIDA COM UMA MISTURA
DE BARRO E PALHA
33. Estruturas de telhado
É possível construir várias estruturas de telhados utilizando o
bambu como principal material, na forma de triângulos, arcos etc,
assim pode-se valorizar a estrutura, aliando-se a preocupação
estética ao método construtivo. Há uma variedade de formas de
estruturas de telhados, como por exemplo, cilíndricos e elípticos.
Assim, o bambu pode ter muitas aplicações na construção de
telhados, preconizando belas formas e soluções em suas
aplicações
34. Estrutura de telhado, tendo o bambu como
principal material de construção.
Estrutura de bambu criada pelo arquiteto Simon
Vélez, na Colômbia.
35. Telhas
É possível se produzir telhas feitas de bambu, que
constituem um elemento a mais na construção de
habitações. As telhas devem ser amarradas umas às outras
com arame galvanizado, evitando que o vento as tire do
lugar.
37. Escadas artesanais
O bambu é um elemento que pode ser utilizado na
construção de escadas, demonstrando resistência,
praticidade na execução, segurança e excelente efeito
estético.
38. Escada de bambu, projeto da Arq. Ana Maria França, em
Goiânia, feita sobre base de concreto, evitando o contato direto
dos colmos com o solo.
39. As escadas, entretanto, podem ser feitas de bambu desde que
alguns cuidados sejam obedecidos. Na junção dos degraus
podem ser utilizados elementos metálicos, fibras naturais, etc,
que contribuem com a e estruturação das escadas de bambu.
Escada de bambu, projeto da Arq. Ana Maria França, em
Goiânia, feita sobre base de concreto, evitando o contato
direto dos colmos com o solo.
40. Ligações e conexões de bambu
O bambu tem baixa resistência ao cisalhamento devendo
ser considerado no desenho arquitetônico das juntas. A
presença dos nós nas ligações aumenta em 50% a
resistência ao cisalhamento, atingindo um valor médio de 1,
67 MPa. O bambu não tem boa resistência às pregações,
devido a sua constituição basicamente composta por fibras
paralelas muito longas, com densidade específica muito
alta, principalmente nas paredes externas, com grade
tendência ao cisalhamento. As ligações mais
recomendadas são as parafusadas, por proporcionarem
maior estabilidade. Este procedimento provoca um corte
nas fibras, porém, sem provocar o afastamento das
mesmas, evitando-se assim o fendilhamento longitudinal.
41. Conexões das peças de bambu
União de peças de bambu com peças do próprio bambu.
42. De acordo com o uso e a necessidade da ligação, pode-se criar
diversas formas de convergir os pontos das canas de bambu. Em
construções tradicionais de bambu, cordas, fibras de coco, de
palha e outros materiais são amarrados nas junções, cobrindo as
conexões.
Detalhe de amarração da conexão de
bambu, com fibras naturais.
43. Projeto Malabar - Manizales / Caldas, Colômbia.
Manizales é uma cidade pequena, capital do Departamento de Caldas,
Colômbia, situada a 2500 m acima do nível do mar, a oeste da área
crescente de Bogotá. Sofreu com a escassez de alojamentos urbanos por
algum tempo, e para reduzir esta escassez, o ICT - Instituto de Crédito
Territorial da Região da Manizales, buscando uma política emergencial
para minimizar o problema, teve como meta criar alojamentos em terreno
desapropriado e localizado em declives íngremes, que freqüentemente
tinham baixa densidade de alojamento.
Este projeto foi concebido pelo Engenheiro Civil Jorge Arcila, que também
gerenciou a sua construção. O Projeto de Manizales, também conhecido
como Projeto Malabar, é apenas um dos inúmeros conjuntos residenciais
construídos pelo ICT, onde buscou-se construir sob a consideração de
valores sociais e culturais com o uso de materiais regionais. A grande
maioria do material utilizado na construção é o bambu. Inicialmente, a
estrutura das casas é toda de bambu, tendo suas colunas principais
apoiadas em fundações de concreto, sendo presas por meio de
“travamentos suspensórios diagonais”, Posteriormente, as estruturas que
formam as paredes são cobertas com esteiras de bambu, antes de serem
rebocadas. O conjunto habitacional fica apenas com a estrutura de bambu
aparente e tem suas paredes rebocadas e pintadas.
47. Técnicas de juntas de bambu
Inspirado em usos tradicionais, o arquiteto Simón Vélez desenvolveu uma
técnica que traz as juntas de bambu em edifícios de alta tecnologia.
Considerando que o bambu tem uma enorme resistência à tração, Vélez
desenvolveu um sistema para construções sujeito à vetores elásticos.
Primeiro, as seções do fim do bambu são ligadas e preenchidas com
concreto, e no concreto inserem-se elementos de metal. As partes que
usam as ligações de metal então podem ser conectadas. Por conseguinte,
uma proporção alta da força é adquirida e transferida às paredes, e o
processo de lascamento, que normalmente acontece nas canas ocas, é
evitado, aliando esforços tradicionais aos usos tecnológicos modernos
48. Técnica construtiva de ligação do bambu
com bases de concreto,através de peças
metálicas
Detalhe da ligação dos bambus
49. Detalhes construtivos
Pela resistência e segurança, o bambu apresenta resultados
satisfatórios na sua utilização como guarda-corpos,
marquises, varandas, decks, bancadas, lavatórios, cercas,
portões e outros, conferindo praticidade e leveza à
edificação.
56. Painéis do tipo bahareque com esteiras duplas
Os painéis do tipo bahareque são formados por uma estrutura de
bambu ou madeira, que em seguida é vedada por esteiras de
bambu, tanto na parte externa como na interna.
Posteriormente, os painéis são
argamassados e recebem
pintura como acabamento final.
Esta técnica apresenta-se como
uma solução tecnológica do
espaço construído de muitas
culturas milenares.
57. Detalhes construtivos dos painéis do tipo bahareque Esta edificação de quatro pavimentos foi construída por volta de
1930, em Salamina, Colômbia, e somente nos anos setenta as
esteiras de bambu foram substituídas e rebocadas.
58. Painéis do tipo tendinous ou tencionados
Este tipo de painel consiste em uma estrutura de bambu, semelhante a
uma moldura (formada de base inferior, superior e lateral), espaçada de
1,20 em 1,20 metros. Em seguida, arames farpados são fixados
horizontalmente ou diagonalmente entre as molduras, com 20 cm de
espaçamento entre eles.
Aplica-se então uma “aniagem” (tela ou tecido
grosso, feita de juta ou outra fibra vegetal) em um
dos lados do arame farpado, fixando-o
verticalmente com o auxilio de arame galvanizado.
Esta tecnologia originalmente desenvolvida na Índia,
há muitos anos atrás, não obteve bons resultados
devido a aniagem de baixa qualidade utilizada. Em
1983, através de estudos realizados na Faculdade de
Arquitetura da Valley Universidad (Calí, Colômbia),
foi possível desenvolver esta tecnologia, que nos
dias atuais é considerada como a melhor tecnologia Telas de tecido grosso são aplicados
nas estruturas de bambu, facilitando. A
para a construção de painéis de bambu. aplicação da argamassa de
revestimento dos painéis
59. Painéis de bambu pré-fabricados
A) Painéis com moldura de madeira e canas ou varas de bambu
São muitas as possibilidades do uso do bambu para a produção de
painéis, sejam estes artesanais ou industrializados. Porém, nos dias
atuais busca-se cada vez mais a racionalização das obras civis, na
tentativa de evitar desperdícios, perda de tempo e aumento de
produtividade.
A Fundação Nacional de Bambu, FUNBAMBU, na Costa Rica, em seu
projeto denominado Projeto Nacional del Bambu, iniciado no ano de
1981 para a produção de casas econômicas, criou uma fábrica para a
produção em grande escala de painéis de bambu.
Logomarca da fundação FUNBAMBU.
Fábrica de painéis de bambu pré-fabricados na Costa Rica.
60. Os bambus utilizados para a
produção dos painéis são
imunizados à base de substâncias
solúveis em água, sendo a mais
utilizada o boro, através do
Método Boucherie, descrito
anteriormente. Constatouse que
os painéis funcionam
estruturalmente como um
Fábrica de painéis de bambu pré-fabricados na Costa Rica. diafragma rígido, sendo a estrutura
ou moldura construída com madeira e o fechamento feito com bambus
roliços do tipo “cana –brava”.
Os painéis são confeccionados de acordo com as exigências dos projetos
das habitações e seguindo o dimensionamento e forma desejada, como
mostra a Figura 92. Os principais tipos de painéis produzidos são o
retangular e o trapezoidal, constituídos por peças de madeira com secções
de 5,0 x 5,0 cm e 2,5 x 5,0 cm.
62. Para a produção dos painéis utilizam-se fôrmas metálicas ou de madeira
como gabarito, para facilitar e padronizar o processo de montagem. Para
fixação dos bambus roliços na moldura de madeira, são utilizados
grampeadores à ar comprimido , evitando assim o uso de parafusos, que
podem fendilhar as varas de bambu.
Montagem do painel.
Gabarito para a produção do painel
O uso de grampeador para a fixação das varas de bambu.
63. Após a fabricação, os painéis são transportados para a obra em
caminhões ou caminhonetes, de acordo com a dimensão dos mesmos.
Transporte dos painéis pré-fabricados.
64. Algumas características podem ser atribuídas a este tipo de painel,
as quais são:
Baixo peso – O peso dos painéis, com reboco à base de cimento, varia
entre 90 a 130 kg/m², equivalendo a 35% do peso de uma parede similar
de blocos de concreto com 12 cm de espessura e aproximadamente 250
kg/m².
b) Alta resistência – Os painéis demonstram grande capacidade
estrutural. Foram obtidos em testes de resistência ao cisalhamento
valores de até 1.500 kg/m2, permitindo que a construção absorva as
forças do sismo dentro da faixa elástica, sem fissuras na extensão do
painel.
c) Integridade estrutural – A fundação em radiê produz uma resposta
monolítica e integral, evitando as fissuras por deslocamentos
diferenciais das fundações.
65. B)Painéis pré-fabricados com esterilhas de bambu
As esteiras de bambu são criadas dividindo-se os colmos em fitas
longitudinais, podendo ser utilizadas para a fabricação de produtos como
forros, pisos, fôrmas para concreto armado, mobiliário, utensílios
domésticos e painéis de vedação para edificações.
As varas são colocadas no solo e com a ajuda de um machado, são feitas
aberturas profundas ao redor de cada um dos nós e também
perpendicular a eles, sendo que estas aberturas devem ter de 1 e 3 cm.
Em seguida, com a ajuda de uma pá, abre-se longitudinalmente a vara por
um dos lados, rompendo ao mesmo tempo os tabiques ou diafragmas
interiores (parte interna do nó). Finalmente, abre-se a esteira com as
mãos até que suas duas bordas se encostem no chão. Usa-se pisar na
esteira e caminhar sobre ela, para que fique totalmente plana.
66. Abertura do bambu Remoção dos nós internos do bambu, sentido longitudinal
67. As esteiras de bambu possuem uma grande diversidade de aplicações em
habitações rurais ou urbanas. No Equador, as esteiras de bambu são a
base mais importante para a indústria da construção civil, sendo a forma
mais utilizada para a produção de painéis que podem ser rebocados ou
podem ficar aparentes.
Esteiras de bambu como painéis de vedação. Esteiras de bambu empilhadas, prontas para a fabricação de painéis.
68. Produção dos quadros de madeira, a estrutura do painel. Aparam-se as arestas das esteiras.
Painel finalizado, feito com esteiras de bambu.
69. Processo construtivo de uma casa de bambu feita com o uso de
painéis do tipo esterilha pré-fabricada.
Preparação da fundação com previsão dos pontos hidráulicos. Fixação dos painéis na fundação.
Casa sendo vedada pelos painéis