Diferença e Diferente: uma análise conceitual e histórica
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS I
COMPONENTE CURRICULAR: EDUCAÇÃO INCLUSIVA
DOCENTE: PATRICIA MAGRIS
DISCENTE: BERTA CUNHA
DIFERENÇA E DIFERENTE
Ao falar de diferença e diferente inicialmente precisamos compreender a
perspectiva conceitual, etimológica, da palavra. Desta forma, inicio com o
conceito de “diferença”, a qual designa uma problematização na dicotomia
normalidade – anormalidade. A concepção contemporânea da diferença como
parte da natureza humana tem provocado tensões “essenciais” na sociedade.
esta questão tem se tornado alvo de muitas discussões e contrapontos
provocando rupturas e deslocamentos nas certezas em relação a consenso
sociais.
No que tange a analise de “diferente” tem uma significação social voltada ao
que não é igual. Na sociedade atual, estes dois termos se fundem e em
alguns momentos tornam-se até sinônimos.
Para refletir sobre este tema, diferença e diferente, proponho a retomada
das raízes históricas e epistemológicas que convencionaram as
conceituações de normalidade e anormalidade. Esta retomada faz-se
necessária, pois, a análise da origem das palavras fornece a compreensão de
significados simbólicos, que estão sendo usadas na sociedade, elas retratam
a visão e conceitos intrincados em tais palavras, demonstrando assim a
percepção de mundo de tal momento histórico.
2. Nas contingências históricas, as categorias normalidade/anormalidade e
consequentemente os processos de exclusão/inclusão foram se modificando
de acordo com a configuração social, econômica, cultural e política de cada
época. Em alguns períodos, a anormalidade/doença era vista como
possessão; em outros como desequilíbrio da totalidade do homem; em
outros, ainda, como reação do organismo em busca da cura e, mais
modernamente, como desvio do funcionamento regular do humano.
Até o século XVIII, a loucura não era considerada ameaçadora, e estava
intimamente ligada com a deficiência, que por sua vez estava ligada a
anormalidade. Entretanto com a reconfiguração familiar, a partir do século
XIX, os loucos, os pobres e os doentes passaram a ser considerados um
problema para a sociedade.
Estudos indicam o período que transcorre do final do século XIX e início do
século XX como uma época violenta para os sujeitos “diferentes”, pois
culmina com o domínio dos movimentos eugênicos nos Estados Unidos e
parte da Europa. Estes movimentos, acreditando na transmissão hereditária
de características socialmente indesejáveis, justificavam práticas seletivas
e discriminatórias como a esterilização obrigatória de pobres, doentes,
bêbados e deficientes, a fim de evitar o nascimento de crianças “menos-
válidas”.
Nesse sentido alguns autores, relatam sobre a dualidade entre o modelo
social e o modelo médico, referente à concepção de deficiência. No qual o
primeiro refere-se à deficiência como algo imposto por um sistema que não
aceita o diferente, e o segundo, afirma que a deficiência é decorrente de
uma lesão.
Enfim, o debate sobre “deficiência” e “deficiente” é longo e complexo.
Entretanto o fato de estar tendo uma visibilidade e a oportunidade de
3. discussão já são indícios de uma possível ruptura etimológica e social, em
torno de tais palavras.