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Universidade de São Paulo




Tecnologia de fibrocimento sem
  amianto: Situação do Brasil
       Prof. Dr. Holmer Savastano Jr.
                   FZEA/USP
        Prof. Dr. Vanderley M. John
             Escola Politécnica/USP
Sobre o Grupo de Pesquisa
• USP                       • Formação de Recursos
  – Escola Politécnica        Humanos
    (2 professores)           – Concluídos
  – Fac. Zootecnia e Eng.        • 3 Doutorados
    Alimentos                    • 3 Mestrados
    (2 professores)           – Em andamento
• UFLA                           • 2 Doutorados
                                 • 3 Mestrados
• 1 Patente depositada
                              – 1 pós-doutorado
  – Gradações funcionais
Sobre o Grupo de Pesquisa
• Publicação de resultados
  – Revistas indexadas (> 20 artigos)
  – Congressos nacionais e internacionais
• Comissão Interministerial do Amianto
  – Documento de Subsídios, 2005
• Organização de conferencia internacional
  – IIBCC 2006 International Inorganic-Bonded Fiber Composites
    Conference
• Comitê de Normas Brasileiras ABNT
  – Coordenação dos trabalhos de atualização da norma de telhas
    onduladas NT
Sobre o Grupo de Pesquisa
• Parceria com empresas
  – Infibra/Permatex – Leme SP
  – Imbralit – Criciuma SC
  – 11 anos de trabalho conjunto
  – Desenvolvimento de materiais sem amianto
Escopo da Pesquisa
• Matérias primas                 • Durabilidade
  –   Fibras (PVA, Celulose...)     – Envelhecimento
  –   Refino de celulose              acelerado
  –   Dispersão & floculação           • Além da norma técnica

  –   Métodos de seleção            – Envelhecimento natural
  –   Métodos de controle         • Processo
• Formulação                        – Métodos de controle
  – Estado fresco (reologia)        – Desempenho do produto
  – Endurecido                      – Inovação
  – Retração & Fissuração
IMPLICAÇÕES TÉCNICAS DA
SUBSTITUIÇÃO DO AMIANTO
Produtos sem amianto:
   Tecnologias existentes no mundo
• Telhas onduladas: cura a baixa temperatura
  – PVA – alto módulo, desempenho comprovado
  – PP – baixo módulo, somente Brasilit
  – Celulose refinada
     • Longa – pinus (importada)
     • Curta, branqueada – eucalipto (brasileira)
  – Problemas: fissuras e durabilidade
• Placas planas: autoclave
  – Celulose + filler de quartzo
Produtos sem amianto:
        Mudanças na formulação
• Aumento do teor de cimento
  – > impacto ambiental (CO2)
• Uso de pozolanas (como sílica ativa)
• Substituição do resíduo de papel jornal
  por celulose virgem refinada
• Adaptação de fillers calcários
Produtos sem amianto:
             Domínio do processo
• Baixas resistências mecânicas das telhas
• Variação acentuada da qualidade do produto
    – Resistência
    – Espessura
•   Falta de aderência entre camadas
•   Fissuras na ondulação
•   Baixa produtividade
•   Fissuras de secagem nas bordas
Produtos sem amianto:
      Adaptação do parque Fabril
• Redimensionamento da alimentação elétrica
• Preparação de celulose virgem
  – Pulper
  – Refinadores
• Silos e preparação de pozolanas
  – Silica ativa
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Produtos sem amianto:
      Adaptação do parque Fabril
• Infraestrutura de aplicação dos floculantes
• Variada adaptação nas máquinas Hatscheck
  – Circuito de água (bombas, controladores de vazão)
  – Pressão de rolo
  – Sistemas de aplicação de polímeros
• Redução inicial do ritmo de produção
• Processo de aprendizagem!
Vista de área de preparo da celulose
Exemplo de problema comum:
        delaminação
Produtos sem amianto:
       Adaptação do Laboratório
• Novas atividades
  – Controle de fibras de celulose e poliméricas
  – Controle de qualidade de polímeros
  – Controle de refino de fibras
  – Avaliação da dispersão de pozolanas
• Aumento da frequência de controle de processo
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PROBLEMAS ASSOCIADOS À
SUBSTITUIÇÃO DO AMIANTO
Durabilidade dos produtos
• Inferior a do cimento-amianto
• Sistema PVA: Provável >20 anos
  – Atende a NBR 15575 – Edifícios Habitacionais -
    Desempenho
• Problema praticamente superado.
Fissuras de secagem nas bordas
Fissuras de secagem nas bordas
Fissuras de secagem nas bordas




 SOUZA, R. B. ; JOHN, V. M. . The Influence Of Silica Fume On The Drying Shrinkage Of Fiber Cement
 Reinforced With Pva Fibers. In: IIBCC, 2010, AalborgUniversity, 2010. v. 1.
Fissuras de secagem nas bordas
   Usuário e Loja devolvem o produto
embora não prejudique desempenho.
Fissuração: Influência do cimento
                              8
                                             CPII-F
Retração por secagem (mm/m)




                                             CPII-F+E ←Adição de escória
                              6



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                                  0              5               10            15                20              25                 30
                                                                           Tempo (dias)

                                      GIORDANO, B. L.; SOUZA, R. B.; JOHN, V. M. Influência do ligante na retração por secagem em
                                                    fibrocimento. Ambiente Construído, v. 9, n. 4, p. 7-16, 2009..
Fissuras de secagem nas bordas
Tendência: aumento da escória e pozolanas.

    Oferta de cimento adequado é um
        problema a ser resolvido.
IMPLICAÇÕES NOS CUSTOS
VARIÁVEIS
Custos de matérias primas e energia
• Aumento da potencia e consumo de energia
  – Refinadores
  – Bombas de maior potencia
• Matérias primais mais caras
  – Fibras poliméricas
  – Fibra de celulose virgem
• Volatilidade do preço
  – Petróleo
  – Demanda
  – Cambio
Evolução do preço das Fibras de PVA
                                   (FOB, China – Dados Infibra)
                     4,5


                     4,0
Preço FOB (US$/kg)




                     3,5


                     3,0


                     2,5


                     2,0
                       abr/05   abr/06   abr/07   abr/08   abr/09   abr/10   abr/11   abr/12
Evolução do preço das Fibras de PVA
                                     (FOB, Japão – Dados Infibra)
                     5,5

                     5,0

                     4,5
Preço FOB (US$/kg)




                     4,0

                     3,5

                     3,0

                     2,5

                     2,0
                       jan/05   jan/06   jan/07   jan/08   jan/09   jan/10   jan/11   jan/12
Oscilação do preço das Fibras de PVA
                                        (Dados Infibra)
                               6,0

                               5,5

                               5,0
  Variação do Preço (USD/kg)




                               4,5

                               4,0

                               3,5

                               3,0

                               2,5

                               2,0
                                     China                Japão
Impacto no Custo
• Custo superior ao cimento amianto
  – Influenciado pelo
     • cambio
     • preço de insumos
  – No passado: 30%
  – Atualmente: 10 a 20%


     Preço do produto deve subir!
DISPONIBILIDADE DE FIBRAS
Capacidade de Produção Mundial de
           Fibra de PVA



                                                Japão, China
          Estimativa Infibra-Imbralit + Tradings
             Verificação parcial na internet.
   Incerteza na China (confusão com fibras solúveis).


              Brasilit PP – 9,5 mil t/ano
    Ikai, S.; Reichert, J. R.; Vasconcellos, A.R.; Zampieri, V.A. Asbestos-free technology with new high tenacity PP –
    Polypropylene fibers in air-cured Hatschek process. 10th IBCC Brasil. São Paulo Nov. 15-18 2006
Demanda Provável de PVA no Brasil
• Produção 2011 de fibrocimento
  – ~3,1 milhões t
  – ~300 milhões m²
• Teor de fibra PVA
  – 160 – 180 g/m²

      Estimativa realizada pela USP converge com a da Infibra/Imbralit
Demanda Provável de PVA no Brasil
                  (adicional ao atual)




• Sem considerar perda de mercado
  – USP Infibra e Imbralit ~40 mil
• Trading –
  – PVA 30 mil
  – PP 9,5 mil
Demanda Provável de PVA no Brasil
             (adicional ao atual)




   Não existe capacidade para atender
        o Brasil imediatamente.
  Quanto tempo para construir fábricas?
A SUBSTITUIÇÃO DO AMIANTO É
TECNICAMENTE POSSÍVEL?
A substituição do amianto é
   tecnicamente possível?


          Sim!
Risco da substituição imediata
    (Prof. Dr. René Mendes Cadernos de Saúde Pública)

• Desemprego para os que trabalham
  atualmente com asbesto-crisotila

• Recomenda:
  – estabelecimento de prazo.
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    afetados com o banimento
Possíveis problemas da substituição
   Tempo p/ajuste da cadeia produtiva
               Produção de fibras?
              Adaptação de fábricas
     Aprendizagem da empresa e trabalhadores
       (risco de baixa qualidade com implicações sociais)
       Desenvolvimento de novos produtos?
     Aumento do custo de produto.
Conclusão
• Existem tecnologias de fibrocimento sem
  amianto
  – Mais caras
  – Menos duráveis
  – Exigem conversão de fábricas
• Transição precisa ser planejada
  – Prazo para ajuste da cadeia produtiva
  – Apoio a trabalhadores e empresas
holmersj@usp.br
vmjohn@usp.br

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  • 1. Universidade de São Paulo Tecnologia de fibrocimento sem amianto: Situação do Brasil Prof. Dr. Holmer Savastano Jr. FZEA/USP Prof. Dr. Vanderley M. John Escola Politécnica/USP
  • 2. Sobre o Grupo de Pesquisa • USP • Formação de Recursos – Escola Politécnica Humanos (2 professores) – Concluídos – Fac. Zootecnia e Eng. • 3 Doutorados Alimentos • 3 Mestrados (2 professores) – Em andamento • UFLA • 2 Doutorados • 3 Mestrados • 1 Patente depositada – 1 pós-doutorado – Gradações funcionais
  • 3. Sobre o Grupo de Pesquisa • Publicação de resultados – Revistas indexadas (> 20 artigos) – Congressos nacionais e internacionais • Comissão Interministerial do Amianto – Documento de Subsídios, 2005 • Organização de conferencia internacional – IIBCC 2006 International Inorganic-Bonded Fiber Composites Conference • Comitê de Normas Brasileiras ABNT – Coordenação dos trabalhos de atualização da norma de telhas onduladas NT
  • 4. Sobre o Grupo de Pesquisa • Parceria com empresas – Infibra/Permatex – Leme SP – Imbralit – Criciuma SC – 11 anos de trabalho conjunto – Desenvolvimento de materiais sem amianto
  • 5. Escopo da Pesquisa • Matérias primas • Durabilidade – Fibras (PVA, Celulose...) – Envelhecimento – Refino de celulose acelerado – Dispersão & floculação • Além da norma técnica – Métodos de seleção – Envelhecimento natural – Métodos de controle • Processo • Formulação – Métodos de controle – Estado fresco (reologia) – Desempenho do produto – Endurecido – Inovação – Retração & Fissuração
  • 7. Produtos sem amianto: Tecnologias existentes no mundo • Telhas onduladas: cura a baixa temperatura – PVA – alto módulo, desempenho comprovado – PP – baixo módulo, somente Brasilit – Celulose refinada • Longa – pinus (importada) • Curta, branqueada – eucalipto (brasileira) – Problemas: fissuras e durabilidade • Placas planas: autoclave – Celulose + filler de quartzo
  • 8. Produtos sem amianto: Mudanças na formulação • Aumento do teor de cimento – > impacto ambiental (CO2) • Uso de pozolanas (como sílica ativa) • Substituição do resíduo de papel jornal por celulose virgem refinada • Adaptação de fillers calcários
  • 9. Produtos sem amianto: Domínio do processo • Baixas resistências mecânicas das telhas • Variação acentuada da qualidade do produto – Resistência – Espessura • Falta de aderência entre camadas • Fissuras na ondulação • Baixa produtividade • Fissuras de secagem nas bordas
  • 10. Produtos sem amianto: Adaptação do parque Fabril • Redimensionamento da alimentação elétrica • Preparação de celulose virgem – Pulper – Refinadores • Silos e preparação de pozolanas – Silica ativa – Metacaulim • Aumento da automatização
  • 11. Produtos sem amianto: Adaptação do parque Fabril • Infraestrutura de aplicação dos floculantes • Variada adaptação nas máquinas Hatscheck – Circuito de água (bombas, controladores de vazão) – Pressão de rolo – Sistemas de aplicação de polímeros • Redução inicial do ritmo de produção • Processo de aprendizagem!
  • 12. Vista de área de preparo da celulose
  • 13. Exemplo de problema comum: delaminação
  • 14. Produtos sem amianto: Adaptação do Laboratório • Novas atividades – Controle de fibras de celulose e poliméricas – Controle de qualidade de polímeros – Controle de refino de fibras – Avaliação da dispersão de pozolanas • Aumento da frequência de controle de processo (retenção de finos, umidade da manta)
  • 16. Durabilidade dos produtos • Inferior a do cimento-amianto • Sistema PVA: Provável >20 anos – Atende a NBR 15575 – Edifícios Habitacionais - Desempenho • Problema praticamente superado.
  • 17. Fissuras de secagem nas bordas
  • 18. Fissuras de secagem nas bordas
  • 19. Fissuras de secagem nas bordas SOUZA, R. B. ; JOHN, V. M. . The Influence Of Silica Fume On The Drying Shrinkage Of Fiber Cement Reinforced With Pva Fibers. In: IIBCC, 2010, AalborgUniversity, 2010. v. 1.
  • 20. Fissuras de secagem nas bordas Usuário e Loja devolvem o produto embora não prejudique desempenho.
  • 21. Fissuração: Influência do cimento 8 CPII-F Retração por secagem (mm/m) CPII-F+E ←Adição de escória 6 4 2 0 0 5 10 15 20 25 30 Tempo (dias) GIORDANO, B. L.; SOUZA, R. B.; JOHN, V. M. Influência do ligante na retração por secagem em fibrocimento. Ambiente Construído, v. 9, n. 4, p. 7-16, 2009..
  • 22. Fissuras de secagem nas bordas Tendência: aumento da escória e pozolanas. Oferta de cimento adequado é um problema a ser resolvido.
  • 24. Custos de matérias primas e energia • Aumento da potencia e consumo de energia – Refinadores – Bombas de maior potencia • Matérias primais mais caras – Fibras poliméricas – Fibra de celulose virgem • Volatilidade do preço – Petróleo – Demanda – Cambio
  • 25. Evolução do preço das Fibras de PVA (FOB, China – Dados Infibra) 4,5 4,0 Preço FOB (US$/kg) 3,5 3,0 2,5 2,0 abr/05 abr/06 abr/07 abr/08 abr/09 abr/10 abr/11 abr/12
  • 26. Evolução do preço das Fibras de PVA (FOB, Japão – Dados Infibra) 5,5 5,0 4,5 Preço FOB (US$/kg) 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 jan/10 jan/11 jan/12
  • 27. Oscilação do preço das Fibras de PVA (Dados Infibra) 6,0 5,5 5,0 Variação do Preço (USD/kg) 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 China Japão
  • 28. Impacto no Custo • Custo superior ao cimento amianto – Influenciado pelo • cambio • preço de insumos – No passado: 30% – Atualmente: 10 a 20% Preço do produto deve subir!
  • 30. Capacidade de Produção Mundial de Fibra de PVA Japão, China Estimativa Infibra-Imbralit + Tradings Verificação parcial na internet. Incerteza na China (confusão com fibras solúveis). Brasilit PP – 9,5 mil t/ano Ikai, S.; Reichert, J. R.; Vasconcellos, A.R.; Zampieri, V.A. Asbestos-free technology with new high tenacity PP – Polypropylene fibers in air-cured Hatschek process. 10th IBCC Brasil. São Paulo Nov. 15-18 2006
  • 31. Demanda Provável de PVA no Brasil • Produção 2011 de fibrocimento – ~3,1 milhões t – ~300 milhões m² • Teor de fibra PVA – 160 – 180 g/m² Estimativa realizada pela USP converge com a da Infibra/Imbralit
  • 32. Demanda Provável de PVA no Brasil (adicional ao atual) • Sem considerar perda de mercado – USP Infibra e Imbralit ~40 mil • Trading – – PVA 30 mil – PP 9,5 mil
  • 33. Demanda Provável de PVA no Brasil (adicional ao atual) Não existe capacidade para atender o Brasil imediatamente. Quanto tempo para construir fábricas?
  • 34. A SUBSTITUIÇÃO DO AMIANTO É TECNICAMENTE POSSÍVEL?
  • 35. A substituição do amianto é tecnicamente possível? Sim!
  • 36. Risco da substituição imediata (Prof. Dr. René Mendes Cadernos de Saúde Pública) • Desemprego para os que trabalham atualmente com asbesto-crisotila • Recomenda: – estabelecimento de prazo. – mecanismos de incentivos fiscais às empresas – programa de treinamento para os trabalhadores afetados com o banimento
  • 37. Possíveis problemas da substituição Tempo p/ajuste da cadeia produtiva Produção de fibras? Adaptação de fábricas Aprendizagem da empresa e trabalhadores (risco de baixa qualidade com implicações sociais) Desenvolvimento de novos produtos? Aumento do custo de produto.
  • 38. Conclusão • Existem tecnologias de fibrocimento sem amianto – Mais caras – Menos duráveis – Exigem conversão de fábricas • Transição precisa ser planejada – Prazo para ajuste da cadeia produtiva – Apoio a trabalhadores e empresas