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Rita Ribeiro de Almeida 11º K

À espera de perecer

E um dia pensar que um sentimento perece durante o tempo que for preciso.
E que tempo é esse que, por vezes, não chega a chegar ou a durar até?...
Tempo suficiente… Esse nunca o é…
E o porquê de aparecer? Aparece, sim, nas horas mais inconvenientes, às
pessoas erradas.
 Não se me deu conta do seu aparecer, foi como uma pequena malha numa
camisola que, à medida que os tempos passam, vai aumentando e
aumentando. Mas não esquecer que à medida que a malha vai aumentando,
a camisola vai diminuindo, é como que o corroer da camisola.
 Depois, esconde-se, omite-se, engana-se, teme-se tal sentimento, e ganha-se
coragem para finalmente representar para esse público mais difícil do
mundo, de uma só pessoa, que não aplaude nem grita “Bravo!”.
 Soam agora as três pancadas por de trás desses grandes panos vermelhos
bordados a ouro.
 É agora! Já oiço este ser de dois batimentos por segundo a falar, a cantar a
gritar, a bradar aos céus!
Abre-se um corredor entre esses grandes e vermelhos portais, onde terá
lugar a comédia, o drama, a tragédia, de onde inclusivamente já vejo teus
olhos, calmos, meigos e misteriosos, impressionados com tremendo
acontecimento…
Um feixe de luz desce agora por entre as bambolinas… Em mim está
colocado. Da garganta nem som, nem música… O ser que bradava aos
céus, ali ficou. De lá do fundo gritou, mas de que lhe serviu? De nada, digo
eu! Garganta fina e coração grande…
 O público… Hum… Esse, curiosamente, aplaudiu, e “Bravo!” gritou, mas
o papel de encenador… esse não o quis.
 - Talento! – disse com convicção. Mas de que me serve o talento sem o
encenador?
E agora digo:
Que não sou dotada de palavra.
Que melhor não me posso expressar.
Que o sentimento não perece, nem sei quando pretende perecer.
Que apenas espero o tempo chegar.

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