Este documento discute a evolução da família em Portugal, incluindo novos tipos de família como coabitação e famílias homossexuais. Também descreve mudanças nos papéis familiares e parentais, com maior igualdade de gênero e diálogo entre pais e filhos. Finalmente, fornece estatísticas demográficas que mostram como a família portuguesa mudou desde 1960, com taxas de nupcialidade em queda e divórcios em alta.
2. Índice
Noção
Estrutura
Tipos de Família
Novos Tipos de Família
Agregados Domésticos
Funções da Família
Família Portuguesa – Alguns Indicadores Demográficos
Portugal – Evolução dos principais indicadores demográficos
Novos Papéis Familiares
Novos Papéis Parentais
3. Noção
É um grupo social doméstico baseado em relações de
parentesco entre os seus membros (sangue, casamento ou
adoção).
4. Estrutura
A família extensa ou consanguínea estende-se por mais duas gerações, incluindo os pais,
os filhos casados ou solteiros, os genros e noras, os netos, os tios e os primos.
No entanto, a família é usualmente pensada em termos de um grupo mais fechado, isto é,
o pai, a mãe e os filhos. A isto chama-se família conjugal ou nuclear.
Em qualquer dos casos, a família partilha uma residência comum e os seus membros
cooperam para a satisfação das suas necessidades.
Independentemente da sua dimensão, os dois elementos institucionais centrais da família
são casamento e paternidade/maternidade.
O casamento é o padrão socialmente aprovado para que duas ou mais pessoas
estabeleçam uma família, e envolve as regras que governam as relações entre marido e
mulher. Essas regras definem como deverá ser estabelecida a relação conjugada e como
esta poderá ser dissolvida, os direitos e as obrigações dos cônjuges. O tipo e o processo
de casamento varia de sociedade para sociedade, consoante os valores, as práticas
sociais e cultura das diferentes sociedades.
Para a sociedade ocidental apenas existe um casamento, o monogâmico (um homem
para uma mulher). No entanto, a maioria das sociedades no mundo já conheceu a família
composta, isto é, a família que se baseia no casamento polígamo, que permite a
pluralidade de cônjuges.
5. Tipos de família
Família Nuclear – É um grupo doméstico formado por pai,
mãe e filhos.
Família Monoparental – É uma família formada por pais ou
mães e filhos. É fruto da viuvez, divórcio ou escolha de um
dos progenitores.
Família Recomposta – Estas famílias resultam de um novo
casamento (ou união) com reunião dos filhos de casamento
anteriores.
6. Novos Tipos de Família
Coabitação – É uma forma de vida familiar em que o casal mantém uma
relação sexual estável, vive em conjunto mas não efetuou um casamento.
Em Portugal, este novo tipo de família chama-se de União de Facto.
Família Homossexual – É um novo tipo de família em que o casal é
formado por dois indivíduos do mesmo sexo.
A “Geração Canguru” – Outro novo tipo de família que consiste na vida
dos filhos em idade adulta em casa dos seus pais.
“Sós” ou Monorresidência – Carateriza-se pelo facto das pessoas viverem
sós e abrange transversalmente a sociedade: jovens, indivíduos em idade
adulta por opção ou em situação transitória e idosos.
7. Agregados Domésticos
Agregado Doméstico de famílias simples:
- Inclui as famílias formadas a partir do 1ºcasamento e as famílias
recompostas:
Casal com filhos;
Casal sem filhos.
- Famílias monoparentais.
Agregado Doméstico de famílias complexas:
- Inclui as famílias simples alargadas e os agregados domésticos de
famílias múltiplas.
Agregado Doméstico sem núcleo familiar:
- Inclui pessoas a viver sós ou várias pessoas sem laços familiares entre
si.
8. Funções da família
Função Sexual – A família é a principal instituição através da qual a
sociedade regula a satisfação das necessidades sexuais e organiza a
procriação.
Socialização – A socialização do género, que reproduz modelos
sociais instituídos, é uma das funções que a cultura dominante atribui
às famílias. Mas a aprendizagem dos modelos sociais é também
exercida no contexto do grupo social de pertença; isto é: viver e
crescer numa família é, afinal, uma preparação para uma situação de
classe. Os valores, os hábitos de vida, as normas que a criança
interioriza contribuem para a sua colocação social.
9. Funções da família
Função Económica – Nas sociedades ditas tradicionais, a família
constituía a unidade económica fundamental. A satisfação das
necessidades exigia que os seus membros trabalhassem em conjunto,
partilhando o resultado da produção. Esta situação modificou-se, pois
a industrialização deslocou o centro de produção da família para a
fábrica. A obtenção de mais-valias era indispensável à sobrevivência
das empresas num mundo tão competitivo. Já não era viável que a
produção estivesse entregue às famílias; era no interior das fábricas
de grande dimensão que este processe teria lugar. De camponesas e
artesãs, muitas das famílias passaram, então, a assalariadas,
possuindo apenas a força de trabalho que vendiam no mercado em
troca de um salário para o seu sustento ou consumo. Por isso, a
família, hoje, já não constitui a unidade-base da produção, é apenas a
unidade-base consumo. O consumo torna-se, assim, numa das
funções das famílias e condição de sustentabilidade das modernas
economias industrializadas – as sociedades de consumo.
10. Família Portuguesa
Desde os anos 60 que as famílias têm sofrido alterações nos seus
padrões de nupcialidade e de conjugalidade. Portugal não tem fugido
dessas mudanças.
Na área da nupcialidade:
- O aumento do casamento civil contra o religioso;
- O aumento dos divórcios;
- A queda das taxas de nupcialidade;
- O aumento do número de filhos fora do casamento;
- O aumento da idade média do primeiro casamento para ambos os
sexos.
Na área das formas de conjugalidade, observa-se:
- A existência de outras formas de conjugalidade, como a união de
facto como experiência de pré-casamento ou como alternativa ao
casamento;
- Uma mudança na forma como é vivida a conjugalidade assumindo o
afeto, a intimidade, a partilha e a “proteção”, valores estruturantes.
12. Novos Papéis Familiares
A entrada da mulher no mercado de trabalho contribuiu para a
alteração dos papéis familiares e para a emergência de um novo
modelo de família.
Deste modo, o modelo de segmentação de papéis masculinos e
femininos foi substituído por um modelo de paridade entre o casal.
Quer isto dizer que os cônjuges passam a ter estatutos semelhantes
e a partilhar responsabilidades na gestão da vida familiar, na
educação e no cuidado dos filhos.
Nas gerações mais jovens e com níveis de escolaridade mais
elevados a partilha do trabalho doméstico é mais visível.
Também se alteraram os quadros valorativos relativamente ao modo
de viver o namoro, a sexualidade, a conjugalidade ou até mesmo a
procriação.
13. Novos Papéis Parentais
Novos valores presidem às relações familiares intergeracionais –
entre pais e filhos. Esses valores baseiam-se, agora, numa maior
abertura e diálogo e capacidade de negociação.
A criança passa a estar no centro da vida familiar, devido em parte ao
controlo da fecundidade, adquire um estatuto e personalidade própria
e é considerada como o fruto do amor dos pais, fazendo parte do seu
projeto familiar, dependente da sua vontade, em suma, um filho
desejado.
No enquadramento das relações familiares verifica-se uma relação
mais democrática entre pais e filhos em detrimento do dever de
obediência cega dos filhos relativamente ao pai (enquanto chefe de
família) e, posteriormente, aos pais (depois do desaparecimento da
figura do chefe de família).