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Universidade Federal de São Carlos
     Departamento de Física




  Nanotecnologia Aplicada à Medicina



                                      Monografia referente á disciplina de
                         Engenharia de Dispositivos e Materiais Avançados




        Felipe Bruno Mograbi RA 271594
       Luciana Camargo Cabrelli RA 269492




                   São Carlos
               Dezembro de 2008
1



Índice                                   01


1)Introdução                             02
2)Os Conceitos de Bottom Up e Top Down   05
3)Nanotecnologia no Brasil               06
4)Nanotecnologia e Economia              07
5)Nanomedicina                           09
6)Aplicações da Nanotecnologia           10
         I – Nanoeletrônica              10
         II – Nanomateriais              12
         III – Nanomedicina              12
7)Conclusão                              20
8)Referências                            21
2



1) Introdução




       A Nanociência e a Nanotecnologia têm por objetivo a compreensão e o controle da
matéria em escala nanométrica e o conhecimento da natureza na organização da matéria
átomo por átomo, molécula por molécula, bem como a construção de estruturas e novos
materiais a partir de átomos e moléculas.
       O prefixo nano tem origem grega e significa “anão”, o que de fato caracteriza bem o
mundo da Nanotecnologia, que por definição engloba todo tipo de desenvolvimento
tecnológico dentro da escala nanométrica, geralmente entre 0,1 e 100 nanômetros; incorpora a
produção e aplicação de sistemas físicos, químicos e biológicos em escalas que variam desde
átomos individuais ou moléculas até dimensões submétricas, assim como a integração de
nanoestruturas resultando em sistemas maiores. Um nanômetro equivale a um milionésimo de
um milímetro ou a um bilionésimo de um metro.
       As propriedades da matéria em escala nanométrica não são necessariamente similares
às propriedades da matéria em escalas maiores: na escala nanométrica, as leis da Mecânica
Quântica começam a valer. Por isso, a Nanotecnologia torna-se por um lado um desafio para
os cientistas, mas constitui-se também numa grande oportunidade para o desenvolvimento de
novos materiais com propriedades e funcionalidades antes impossíveis de serem atingidas.
       O campo da Nanotecnologia nasce de investigações ao longo dos anos 70 e 80 de
espécies reativas, como átomos livres e partículas reativas, acopladas com novas técnicas e
instrumentos, tais como microscópios de varredura e tunelamento.
       O microscópio de tunelamento (do inglês, Scanning Tunneling Microscope),
inventado em 1981 por Gerd Binnig e Heinrich Rohrer, permite obter imagens de átomos e
moléculas, utilizando-se uma agulha microscópica na qual se aplica uma tensão elétrica.
3




   Figura 1: Desenho esquemático do funcionamento de um microscópio de tunelamento.
    Fonte: http://www.ced.ufsc.br/men5185/trabalhos/12_nanometria/algo_pequeno.htm.


       As primeiras imagens de átomos foram obtidas com o microscópio iônico de campo,
inventado por Erwin Müller. Outro método pelo qual se podem obter imagens de átomos é
através do microscópio eletrônico de varredura (SEM), apenas capaz de trabalhar em vácuo,
pode resolver escalas nanométricas.
       Já a possibilidade de mover átomos individualmente foi demonstrada em 1990, quando
pesquisadores americanos escreveram o logotipo IBM ao posicionarem átomos de xenônio
sobre uma superfície de níquel. Desde então, o domínio científico e tecnológico da escala
nanométrica está passando por um surto de crescimento graças a novas ferramentas de
pesquisa e a desenvolvimentos experimentais e teóricos. Disto resultam novos produtos e
processos industriais em um ritmo extremamente acelerado. Estão surgindo classes
inteiramente novas de dispositivos e sistemas micro e nanofabricados. Esta nova situação
parece indicar um novo salto da civilização tecnológica, porque oferece oportunidades
científicas e industriais que eram impensáveis, até agora (Martins, 2004).
       Alguns consideram o físico Richard Feynman o primeiro a fazer uma explanação
técnica da Nanotecnologia, em famosa palestra de 1959 na reunião anual da Sociedade
Americana de Física "There's plenty of room at the bottom” (há mais espaços lá embaixo),
mas foi o engenheiro Kim Eric Drexler quem definiu as possibilidades com maior
abrangência e definição de detalhes em suas obras, além de compreender as implicações da
Nanotecnologia e buscar informar o público sobre seus desafios. Drexler obteve o título de
4



primeiro PhD em Nanotecnologia do mundo em 1991, no Massachusetts Institute of
Technology (MIT).
       Nos dias atuais a Nanotecnologia vem surgindo associada a diversas áreas do
conhecimento humano, como: física, engenharia mecânica, biotecnologia, medicina,
construção civil, na química, sendo usada no desenvolvimento de materiais e dispositivos, tais
como sensores, chips, computadores, memórias, polímeros.
       A Nanotecnologia é um dos assuntos mais discutidos na atualidade, devido à
importância que o setor passou a ter na produção industrial. Mais de 500 produtos para
consumo já incorporam algum tipo de benefício por conta da Nanotecnologia aplicada. O
universo de possibilidades criado é tão amplo que a Nanotecnologia já é considerada por
muitos a 5ª Revolução Industrial.
5



2) Os Conceitos de Bottom Up e Top Down




       A síntese de nanomateriais é geralmente pensada em termos de processos de Top-
Down ou Bottom Up. A aproximação Top Down seria a fabricação de um nanomaterial a
partir de um modelo macroscópico, reduzindo suas dimensões até chegar à estrutura desejada.
De acordo com Bunshan (2004), a aproximação top down é muito utilizada em processos de
microfabricação de matérias inorgânicos, como litografia por exemplo.
       A aproximação Bottom Up seria a fabricação de uma estrutura maior a partir de
subunidades menores. No caso de nanomateriais, essas subunidades são de dimensões
nanométricas, podendo assim fazer com que a estrutura apresente características totalmente
diferentes se comparado com uma estrutura feita de maneira íntegra. Quase todas as
macroestruturas biológicas e muitas estruturas biogênicas são feitos pela aproximação bottom
up. Verifica-se também a aproximação bottom up em materiais inorgânicos, como por
exemplo estruturas encontradas em corais, casca de ovo, e em conchas, como é o caso do
molusco Abalone, que produz sua concha com carbonato de cálcio, organizado em camadas
de tijolos nanométricos, resultando em uma estrutura altamente resistente.




Figura 2. Fotografia da estrutura da concha de Abalone.
Fonte: http://www.rist.cst.nihon-u.ac.jp/asr/en.html
6



3) Nanotecnologia no Brasil




       De acordo com Martins (2004), a Nanotecnologia é hoje um dos principais focos das
atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação em todos os países industrializados.
       Existe hoje uma produção científica significativa no Brasil, nos temas de manipulação
de nano objetos, nanoeletrônica, nanomagnetismo, nanoquímica e Nanobiotecnologia,
incluindo os nanofármacos, a nanocatálise e as estruturas nanopoliméricas.
       No relatório de Nanotecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia (2006), são
citados alguns marcos relevantes no desenvolvimento da Nanotecnologia no Brasil:


              1987 – Investimento do CNPq em equipamentos para técnicas de crescimento epitaxial de
              semicondutores;
              2001 - Criadas as 4 redes de Nanotecnologia CNPq/MCT e apoiados 4 Institutos do Milênio
              na área;
              2003 - Criado o Grupo de Trabalho de Nanotecnologia para elaboração do Programa de
              Nanotecnologia;
              2003 – Criada a Coordenação-Geral de Políticas e Programas de Nanotecnologia.
              Atualmente Coordenação de Micro e Nanotecnologias;
              2004 - Início do Programa Desenvolvimento da Nanociência e Nanotecnologia no âmbito do
              PPA – 2007;
              2004 - Criado do GT para estudo sobre a implantação do Laboratório Nacional de Micro e
              Nanotecnologia;
              2004 – Criada a Ação Transversal de Nanotecnologia nos Fundos Setoriais;
              2004 - Instituída a Rede BrasilNano e seu Comitê Diretor;
              2005 - Designados os membros do Conselho Diretor da Rede BrasilNano;
              2005 – Lançado o Programa Nacional de Nanotecnologia (PNN);
              2005 – Assinado o Protocolo de Intenções entre Brasil e Argentina criando o Centro
              Brasileiro-Argentino de Nanotecnologia (CBAN). (Ministério da Ciência e Tecnologia, 2006).


       Algumas atividades desenvolvidas no país como a nanofabricação, apesar de
apresentarem grandes perspectivas de geração de novos produtos e aplicações em diversas
áreas, estão atualmente limitadas ao meio acadêmico, em algumas universidades e centros de
pesquisa que realizam pesquisa e desenvolvimento de técnicas de fabricação, análise e
aplicações em dispositivos eletrônicos, sensores, peneiras, canais para fluídica e membranas.
7



4) Nanotecnologia e Economia




       De acordo com Bunshan (2004) a Nanotecnologia já é um negócio que cada vez mais
atrai mais investimento, em todo o planeta, devido ao seu enorme potencial de aplicação nos
mais variados setores industriais e ao impacto que seus resultados podem dar ao
desenvolvimento tecnológico e econômico.
       Pallone (2006) cita que atualmente existem no Brasil mais de 500 pesquisadores
trabalhando com os temas da Nanociência e Nanotecnologia, espalhados por todo o território
e envolvendo diversas áreas do conhecimento. O governo federal está atento a esse
movimento e tem concretizado seu interesse na criação de linhas de fomento: financiou a
constituição de redes de pesquisa e vem ampliando os recursos ano a ano. O Plano Plurianual
2004-2007 estabeleceu um patamar da ordem de R$ 77,7 milhões para o setor.
       O Brasil, que até em 2002 investiu cerca de R$ 50 milhões em projetos no setor,
dispõe da melhor infra-estrutura em Nanociência e Nanotecnologia da América Latina,
segundo avaliação dos professores Cylon Gonçalves da Silva, coordenador do programa
nacional de Nanociência e Nanotecnologia, do MCT, e Alaor Silvério Chaves, coordenador de
Nanociência de um dos 17 Institutos do Milênio, também do MCT.
       Entre 2001 e 2007 o Brasil investiu cerca de R$ 150 milhões em Nanotecnologia
através de ações do Programa Nacional de Nanotecnologia (PNN), fundos setoriais,
subvenção econômica (aplicação de recursos públicos não-reembolsáveis em empresas) e
editais. Anualmente, Estados Unidos e Japão gastam cerca de U$ 1 bilhão.
       Os maiores investidores em Nanotecnologia são o Japão e os Estados Unidos. Embora
não se saiba exatamente o montante de investimentos do setor privado, o envolvimento de
grandes corporações americanas, como a Xerox, IBM e a HP, e das megaempresas japonesas
indicam que as aplicações pelo setor privado são superiores ao do setor público.
       Nesses países, o setor privado e público investem em áreas distintas da
Nanotecnologia. O setor privado, especialmente as empresas de alta tecnologia, tem
direcionado seus esforços para a miniaturização dos componentes eletrônicos, ou seja, na
corrida para gerar sistemas computacionais de maior desempenho e mais compactos. Embora
algumas empresas, como a Hewlett-Packard, Kodak e Xerox, já invistam em pesquisas de
desenvolvimento de dispositivos moleculares, a Nanotecnologia molecular, para se tornar
competitiva, ainda depende do investimento do Estado.
8



       Dados do Ministério da Ciência e Tecnologia mostram que no Brasil, entre 2002 e
2005, as redes de pesquisa envolveram 300 pesquisadores, 77 instituições de ensino e
pesquisa e 13 empresas, além de publicar mais de mil artigos científicos e depositar mais de
90 patentes.
       De acordo com o relatório de Nanotecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia
(2006), as iniciativas do governo focadas na área de Nanotecnologia iniciaram-se em 2001,
quando foram criadas as 4 redes de pesquisa. Essa iniciativa permitiu o mapeamento das
competências nacionais. Entre 2002 e 2005 as redes envolveram 300 pesquisadores, 77
instituições de ensino e pesquisa, 13 empresas, além de publicar mais de 1000 artigos
científicos e depositar mais de 90 patentes.
       Em 2004, a implementação das ações do Programa “Desenvolvimento da Nanociência
e Nanotecnologia”, no âmbito do PPA 2004 – 2007, focadas na geração de patentes, produtos
e processos na área, assegurou o apoio à pesquisa básica, à pesquisa entre ICT’s e empresas,
fortaleceu as redes existentes e a infra-estrutura laboratorial.
       Uma das primeiras iniciativas do governo em Nanotecnologia data de 1987, quando o
CNPq investiu US$10 milhões em equipamentos para técnicas de crescimento na área de
semicondutores. Até então, o termo Nanotecnologia era pouco utilizado. Em 2001, o governo
brasileiro reconhece a importância da Nanotecnologia para o País e inicia ações focadas na
área, com a criação de 4 redes nacionais.
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5) Nanomedicina




       Ghanem (2006) define a Nanomedicina como “uma área da pesquisa biomédica que
tem por objetivo empregar os avanços da Nanotecnologia para melhorar a saúde”. A aplicação
mais avançada da Nanotecnologia que poderia alterar o curso da medicina para sempre, seria
a introdução de nanorrobôs altamente inteligentes como substitutos dos atuais
macrocirurgiões. Tais robôs não seriam maiores do que uma simples célula de bactéria e
poderiam operar em nanoescala, manipulando moléculas, até mesmo átomos. A
Nanomedicina vem auxiliada pela Nanobiotecnologia, que seria a Nanotecnologia aplicada às
ciências da vida. As pesquisas referentes á nanofármacos e nanorrobôs se devem ao
desenvolvimento da Nanobiotecnologia.
       De acordo com STEINMETZ (2006), a Nanomedicina, originada pela fusão da
medicina com a Nanotecnologia, tem como fundamento o desenvolvimento de ferramentas,
tecnologias e terapias, que irão tratar doenças em diversos níveis e estágios, e não mais
através da prescrição de medicamentos ou realização de cirurgias, mas sim, reorganizando e
fazendo reparos nos nossos próprios átomos.
       De acordo com Ghanem (2006), a Nanotecnologia aplicada á medicina poderia
fornecer novas formulações e novas rotas para liberação de drogas em regiões do corpo antes
inacessíveis, desta forma, ampliando seu potencial. Sensores minúsculos que detectam
doenças no corpo, muito antes das ferramentas diagnósticas existentes, e explodem o tamanho
das moléculas implantadas para liberar as medicações salvadoras de modo preciso onde sejam
necessárias, estão entre as áreas de pesquisas promissoras. Elas poderiam caçar tumores
cancerígenos e destruí-los, eliminar qualquer vírus do HIV encontrado, ou seja, as
possibilidades são infinitas.
       Entre as possíveis aplicações da Nanomedicina estão tratamentos de problemas
cardiovasculares, diabetes, mal de Alzheimer, eliminação de pedra nos rins etc. Mas a
oncologia parece ser uma das áreas mais promissoras para a nova tecnologia, tanto que ela
promete ser a primeira área em que as aplicações clínicas devem ocorrer. Por exemplo,
estudos com nanopartículas magnéticas mostram eficazes para serem utilizados como agentes
contrastantes para melhorar a localização de câncer, utilizando as técnicas de imagem por
ressonância magnética.
       .
10



6) Aplicações da Nanotecnologia




       Em 1959, o físico americano Richard Feynman durante uma palestra na Sociedade
Americana de Física disse: "Os princípios da física, pelo que eu posso perceber, não falam
contra a possibilidade de manipular átomo por átomo. Não seria uma violação da lei, é algo
que, teoricamente, pode ser feito, mas que na prática, nunca foi levado a sério porque somos
grandes de mais".
       Três décadas depois essa idéia começou a tomar formas da Nanotecnologia ou da
Nanociência, que são novas abordagens à investigação e desenvolvimento com objetivo de
controlar a estrutura fundamental e comportamental da matéria em nível de átomos e de
moléculas.
       Com os domínios dessas ciências multidisciplinares temos a possibilidade de
compreender melhor novos fenômenos e de criarmos novas propriedades que podem ser
usadas em pequenas escalas com grandes funcionalidades. Há pesquisa e produção em escala
nanométrica (escala atômica) em diversas áreas como medicina, eletrônica, ciência da
computação, física, química, biologia e engenharia dos materiais.
       Dentro de grandes áreas de pesquisas podemos desenvolver uma investigação e um
desenvolvimento com um futuro promissor, construindo uma nova base de conhecimento
respeitando todos os princípios éticos, trazendo a representação por imagens, manipulação em
escala atômica, a automontagem, as relações biológicas estruturais como ferramentas de
informáticas cada vez mais poderosas.
       Essas mudanças estruturais das propriedades das matérias podem influenciar
fortemente nas suas propriedades físicas e químicas em grande escala. Outro grande desafio
consiste em aumentar potencialmente os métodos de fabricação na indústria. Para estudar a
Nanotecnologia iremos dividi-la em três grandes áreas:


             (I)Nanoeletrônica
       Também, conhecida com eletrônica molecular, foi um desenvolvimento quase que
natural devido à ultra-alta compactação e miniaturização, principalmente para as tecnologias
de informação e computação em escalas significativamente pequenas, permitindo a
manipulação de quantidades de informação extremamente grandes associadas a rápidas
velocidades de processamento. Um exemplo bem forte nos dias de hoje são os LED orgânicos
(OLED) que são dispositivos fabricados posicionando uma série de filmes finos orgânicos
11



entre dois eletrodos. Quando aplicamos uma corrente elétrica, temos a emissão de uma luz
brilhante. Atualmente, é aplicado em equipamentos portáteis.




 Figura 3: Led orgânico (OLED)
 Fonte: http://www.xsreviews.co.uk/glossary/display/organic-leds/




  Figura 4: Transformador micromagnético de película fina em silício para uso em
  futuras aplicações PSOC (fonte de alimentação no chip)
  Fonte: http://www.suframa.gov.br/minapim/news/images/img_artigo/mst_111.3.jpg
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          (II)Nanomaterial
       É a possibilidade de controlar com precisão a morfologia de dimensão nanométrica
das substâncias ou em particular para produzir materiais nanoestruturados. Os instrumentos
utilizando nanomaterial facilitaram medições e manipulação de estruturas ultrapequenas. Os
microscópios de alta resolução, por exemplo, (tunelamento, de varredura ou de transmissão)
são em escala nanométrica.




Figura 5 e 6: Microscopia de varredura de nanotubos de carbono obtidos por decomposição
catalítica de etileno sobre catalisadores de ferro.
Fonte:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010040422004000600025&script=sci_arttext&tlng=pt




Figura 7: Engenharia na escala atômica
Fonte: http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano17.htm

          (III)Nanobiotecnologia
       É uma das áreas com mais enfoque, que podem combinar a engenharia com a biologia
para poder manipular sistemas vivos ou construir materiais biologicamente em escala
nanométrica ou a nível molecular. O estudo com sistemas genéticos, o maior exemplo é o
13



projeto GENOMA (é toda a informação hereditária de um organismo que está codificada em
seu DNA ou, em alguns vírus, no RNA).
       A Nanobiotecnologia foi usada no projeto de identificação e mapeamento de cerca de
80 mil genes que se achava existir no DNA das células do corpo humano, para poder
determinar os quase 3 bilhões de bases químicas que o compõe. Foi usada também para
armazenar essa informação em bancos de dados e desenvolver ferramentas para analisar e por
conseqüência simplificar métodos de diagnósticos de doenças, melhoria de tratamentos
terapêuticos, tornando-os mais eficientes e menos invasivos; e para promover novos sensores,
conhecidos como bionanosensores (ou biosensores) para a investigação e para implementação
de novas técnicas de diagnósticos.
       Agora podemos explicar dois temas desse trabalho que iremos mostrar, o primeiro são
os Lipossomas que foram criados na década de 60, porém, com o avanço da tecnologia e da
Nanotecnologia começaram ser construídos de forma mais especificas para cada uma das suas
utilizações; e segundo caso, seria o estudo de nanopartículas de ouro até o uso para tratamento
de câncer.


       1. Lipossomas:


       Os Lipossomas (corpo gorduroso) são vesículas esféricas artificiais de tamanho
variável (20nm a vários micrômetros de diâmetro), que podem ser produzidas com
fosfolipídios naturais e colesterol. Os lipídeos mais utilizados na formulação dos lipossomas
são os que apresentam uma forma cilíndrica como fosfatidilcolinas, fosfatidilserina,
fosfatidilglicerol e esfingomielina que tendem a formar uma bicamada estável em solução
aquosa. Sendo as fosfatidilcolinas as mais utilizadas para estudos, pois apresentam uma
grande estabilidade frente à variação pH ou concentração de sal no meio.
       Os fosfolipídios são caracterizados por uma temperatura de transição de fase (Tc),
onde a membrana dos lipossomas passa de uma fase inicial em forma de gel (fase que a
cadeias de hidrocarbonada do lipídeo estão de forma ordenada), para uma fase de cristal-
líquido ( fase que as moléculas ficam com movimentos mais livres). Nessa fase os radicais
hidrofílicos agrupados formando complexos hidratados. O comprimento e saturação das
cadeias lipídicas influenciam diretamente na temperatura de transição de fase (Tc). Logo,
diferentes das membranas formados por diferentes tipos de lipídeos podem mostrar diferentes
níveis de fluidez na mesma temperatura.
14



        Essa descoberta foi feita por Alec Baghan em 1961, durante um estudo de
fosfolipídios e coagulação sanguínea. Esse estudo mostrou que quando os fosfolipídios
combinam-se com a água formam imediatamente uma esfera de bicamada, isso ocorre porque
enquanto uma ponta da molécula é solúvel em água, a outra é hidrofóbica, ou seja , repulsão à
água.
        Os Lipossomas podem conter uma única bicamada lipídica ou múltiplas bicamadas em
torno de compartimentos aquoso interno e, portanto, são classificados em unilametar e
multilametar.
        Com isso, os Lipossomas têm sidos usados com grandes possibilidades de
empregabilidade em modelos de membranas celulares na biologia e bioquímica, como
transportadores de cosméticos, de aditivos alimentares e farmacologia.
        Suas grandes vantagens são as:
               Biodegradabilidade;
               Baixa toxicidade;
               Possibilidade de dissolver: substâncias lipofílicas (bicamadas lipídicas) ou
substâncias hidrofílicas (armazenada no seu interior);
               Possibilidade de direcionar o local;
               Possibilidade de controlar a velocidade de liberação de um determinado
fármaco;
               Importante agente inibidor contra um infectante;




        Figura 8: Estrutura de um Lipossomo Fosfolipídico, muito utilizada em liberação
        controlada de fármacos.
        Fonte: http://www.fapepi.pi.gov.br/novafapepi/sapiencia5/pesquisa2.php
15



          Em 1971, o pesquisador Gregoriadis utilizou uma forma de sistema carregador de
  fármacos, e desde então os Lipossomas se tornaram um futuro promissor como um
  mecanismo controlador de drogas.




Figura 9: Características estruturais dos vários tipos de lipossomas: convencionais - (A)
fármaco hidrofílico no interior do lipossoma e (B) fármaco lipofílico adsorvido ou inserido
na bicamada lipídica; catiônico (C); de longa circulação (Stealth®) – com polímero
hidrofílico na superfície (D); sítio-específicos – (E), (F) com anticorpos ligantes e (G) com
peptídeos e proteínas ligantes na superfície; virossomas – com envelope viral na superfície
(H); (I) DNA-plasmídeo encapsulado em lipossomas catiônicos
Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v43n2/02.pdf


          Eles também podem ser classificados quanto às características de interação com
  sistemas biológicos divididos em:
               Lipossomas Convencionais: Lipossomas convencionais são compostos de
                  fosfolipídeos e colesterol, com um lipídeo de carga negativa ou positiva para
                  evitar a agregação das vesículas, aumentando a estabilidade em suspensão
                  (Vemuri, Rhodes, 1995).
               Fármacos hidrossolúveis – os fármacos hidrossolúveis são os que ficam
                  encapsulados no interior da cavidade lipossômica;
               Fármacos lipossolúveis – os fármacos lipossolúveis são incorporados na
                  bicamada lipídica. Para os fármacos lipossolúveis essas bicamadas, podem vir
                  a se fundirem com outras demais bicamadas lipídicas vindo a liberar o seu
                  conteúdo.
               Fármacos lipossomas catiônicos – são fármacos eficientes no carregamento e
                  transfecção de DNA;
               Lipossomas de longa circulação: Lipossomas de longa duração são obtidos
                  por diferentes métodos, incluindo o revestimento da superfície lipossômica
                  com componentes hidrofílicos naturais, essa camada inibe o processo de
16



              reconhecimento molecular e captura de células do sistema fagocitário
              mononuclear, principalmente as do fígado (Needham et al., 1992).
            Lipossomas sítios-específicos: são lipossomas direcionados a sitios-
              específicos, estes utilizam ligantes acoplados em sua superfície, que conferem
              seletividade para distribuir o fármaco encapsulado na região de ação desejada.
              Alguns exemplos de ligantes de reconhecimento são os anticorpos,
              glicopeptídeos, polissacarídeos, proteínas virais e lectinas (Edwards,
              Baeumner, 2006).
            Lipossomas Polimórficos: são lipossomas que se tornam reativos devido à
              mudança na sua estrutura ocasionada por alteração de pH, temperatura ou
              carga eletrostática.
            Lipossomas sensíveis ao pH – esses lipossomas são utilizados para liberar o
              fármaco no citoplasma ou no tecido intersticial de células tumorais, visto que o
              pH desse meio é diferente do fisiológico normal (Derycke,Witte, 2004;
              Carvalho Jr. et al., 2007);
            Lipossomas termosensiveis – são formados por misturas de lipídeos sintéticos
              que possuem transição de fase ligeiramente aumentada da temperatura
              fisiológica, causada de um tecido tumoral (Sandip et al., 2000);
            Lipossomas catiônicos – esses lipossomas apresentam cargas positivas na
              superfície eles tem sido utilizados para liberação de ácidos nucléicos dentro
              das células (Dass, Choong,2006);


       Os primeiros sistemas de Nanotecnologia a serem usados em tratamentos foram os
Lipossomas. Sendo o pioneiro dos medicamentos lisossômicos a serem introduzidos foi o
Doxorrubicina(Doxil/Caelix) em 1995 para o tratamento do Sarcoma de Kaposi associado aos
tratamento da Adis. E nos dia de hoje, já contamos com outras formulações lipossômicas
empregado no tratamento de câncer que já estão sendo usado como: Myocet e DaunoXome.
Outros ainda estão em fazes de testes para demais áreas clinicas e principalmente na indústria
dos cosméticos.


       2. Nanopartículas de ouro
17



       Experiências recentes mostram que nanopartículas de ouro revestidas com alguns
corantes conseguem identificar tumores internos mais cedo e de forma eficiente e mais
detalhada, de forma rápida e menos invasiva.
       O Profº Drº Warren Cahn, e seus colegas da Universidade de Toronto, investigaram
formas e tamanhos de nanopartículas de ouro capazes de relacionar-se com células. As
investigações estudaram casos de nanopartículas variando de 14 nanômetros até 74
nanômetros de diâmetros e também variando sua forma (tubos, anéis, esferas, etc ).
       E partir disso, puderam verificar que cada tipo de forma foi absorvida por diferentes
células. E puderam verificar que as células de tamanho de 50 nanômetros de diâmetro eram
mais eficazes. Com uma absorção maior entre as duas a quatro horas de exposição.
Verificaram, também, que as células de 50 nanômetros de diâmetros foram as que melhores
responderam à produção de calor, no mínimo maiores que o dobro do seu tamanho. As
partículas de formas esféricas foram mais eficazes do que a do tipo tubos. Na mesma forma, a
colocação de proteínas na superfície nas nanopartículas de ouro mostrou-se mais eficiente na
absorção dessas.
       Imagine uma partícula capaz de produzir calor numa área 1000 vezes maior do que o
se próprio diâmetro. Essa combinação pode ser o futuro do combate ao câncer, podendo
identificar e colocar localmente essa nanopartícula no interior de uma célula infectada,
podendo ser ativada pelo um laser, queimando totalmente a célula doente e as do seu redor.
       Em estudo feito pela Universidade de Ohio, nos estados Unidos, pela equipe do Profº
Drº Hugh Richardson em 2006, conseguiram mostrar que essa realidade está cada vez mais
próximo de acontecer para tratamentos clínicos, especialmente o câncer. Nesse estudo
identificaram que partículas de 50 nanômetros de diâmetro podem funcionar como
aquecedores super potentes e precisos. Quando excitados numa freqüência específica com um
laser essas nanopartículas emitem calor suficientes para aquecer uma área 1000 vezes maior
do que ou seu diâmetro. Esse procedimento descobriu não só, a emissão de calor suficiente,
mas que era também muito preciso o que permite que as nanopartículas atinjam alvos pré-
determinados.
       Mas para transportar essas nanopartículas de ouros, seriam preciso mecanismos como
biomarcadores, moléculas especiais construídas para identificar cada tipo de célula.
       Para determinação da intensidade especifica de melhor rendimento, foi elaborado um
estudo de efeito térmico, os pesquisadores desenvolveram um método com uma fina película
de gelo e, em seguida a medição da quantidade de fusão que ocorreu quando as partículas
foram irradiadas. Usando espectroscopia Ranam os pesquisadores foram capazes de
18



determinar qual das intensidades luminosas das partículas era mais eficiente na região
circundante ao derretimento do gelo. A partir daí conseguiram criar um modelo teórico gerado
a partir dos estudos, e os pesquisadores previram um geração de calor em função da
intensidade luminosa, deverá ser útil para desenvolver uma nanoescala térmica para um
possível tratamento como câncer terapêutica.




Figura 10. Um conjunto de nanopartículas do ouro 50 nanômetros no diâmetro criou uma
               cratera muito maior na amostra do gelo, mostrada aqui.
           Fonte: http://news.research.ohiou.edu/news/index.php?item=272


       Até agora, estudamos as nanopartículas de ouro para elas se interagiram com células,
mas não especificamos quais tipos específicos de células interagem com ouro. O estudo do
pesquisador Shuming Nie, publicada em dezembro de 2008 pela “Journal Nature
Biotechnology” que trabalha no Departamento de Engenharia Biomédica na Georgia Tech e
Emory University,nos Estados Unidos.
       Nesse estudo as nanopartículas de ouro estão revestidas com corantes que conseguem
identificar tumores ou células cancerígenas mais cedo e de forma menos invasiva por
enquanto nos estudos de animais. Estudo baseou em anticorpos com fragmentos de ScFv
conhecidos com côo peptídeos que se ligam em células cancerígenas.Quando iluminado por
um raio laser, o tumor é identificado pelo corante que devolve o sinal transmitido.Essa é uma
nova classe de agentes para a segmentação do tumor e de imagem na área de Nanotecnologia.
19




             Figura 11: Nova classes de corantes excitados por infravermelho.
                  Fonte: http://www.rjrconsultores.com.br/nano/wm.pdf


       O pesquisador Dr. Nie, desenvolveu uma luz emissora de cristais semicondutores
capazes de emitir luz conhecidos como “pontos quânticos” em detecção e tratamento de
câncer. Para a construção desses semicondutores, é utilizado partículas de ouro em suspensão
chamado ouro coloidal, tem uma enorme vantagem por ser totalmente atóxico para o
organismo. Além disso, as nanopartículas de ouro produzem um sinal mais forte e mais claro.
Sendo assim, o sinal refletido pelas nanopartículas é específico para cada corante utilizado.
       O ouro coloidal já é utilizado em alguns tratamentos médicos. Mas, nos pontos
quânticos, a sua utilização em humanos tem problemas por conter cádmio, um metal pesado,
que deverá ter seus efeitos sobre os organismos.
       No estudo do Dr. Nie é importante a detecção precoce do câncer, como ainda está
limitado a dimensão do tumor ou em quantidades relativamente pequenas de células. A
conclusão, mostra através de testes que é possível localizar tumores com uma profundidade de
1 a 2 centímetros abaixo da pele. Nessa localização é possível geração de imagens de forma
qualitativa e quantitativa que pode dar uma dimensão e pode ser localizado na cabeça,
pescoço e no pulmão.
20



7)Conclusão




       A Nanotecnologia vem sendo vista como a próxima revolução industrial, trazendo
promessas de desenvolvimento em várias áreas, entre elas na medicina.
       O Brasil vem investindo cada vez mais na área de Nanotecnologia, mais ainda sim o
desenvolvimento dessa área ainda está concentrada em algumas universidades e centros de
pesquisa. Apesar do desenvolvimento da Nanociência e Nanotecnologia no Brasil, se tratar de
uma revolução em sua infância, ainda é possível que o país participe ativamente e inove no
campo da nanotecnologia. É necessário, porém, haver uma mudança de mentalidade do
governo e dos empresários brasileiros.
       Nos últimos anos, a nanomedicina vem sendo apontada como uma das grandes
esperanças da medicina e uma das promessas de que as descobertas no campo da
nanotecnologia promovam mais saúde e longevidade às pessoas.
       Duas    grandes   áreas   em      desenvolvimento   de   Nanobiotecnologia   são   os
nanomedicamentos e nanopartículas, como Lipossomas e nanopartículas, respectivamente, e o
desenvolvimento dessas áreas prometem grandes avanços no diagnóstico e tratamento de
doenças. Espera-se que num futuro não distante, nanopartículas, nanomedicamento e
nanorrobôs estejam presentes no diagnóstico e tratamento de doenças, contribuindo assim
para o avanço da medicina.
21



Referências




ARTIGOS E ENSAIOS. A Nanotecnologia: Da saúde para além do determinismo
tecnológico. Disponível em: < http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v60n2/a24v60n2.pdf>.
Acesso em 22 de novembro de 2008.


BATISTA, Cinthia Meireles; CARVALHO, Cícero M. Barros de; MAGALHÃES Nereide
S.S. Lipossomas e suas aplicações terapêuticas. Revista Brasileira de Ciências
Farmacêuticas, Pernambuco, v.43, n.12, p.166-178, 2007. Disponível em :
<http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v43n2/02.pdf>. Acesso em 27 de novembro de 2008.


BUSHAN, Barat. (Ed). Springer Handbook of Nanotechnology. First Edition, New York,
Springer Verlag, 2004.


CENTER FOR RESPONSIBLE NANOTECHNOLOGY. Introdução á nanotecnologia. O
que é a nanotecnologia? Disponível em:
<http://www.euroresidentes.com/futuro/nanotecnologia/nanotecnologia_responsavel/introduc
ao_nanotecnologia.htm>. Acesso em 27 de novembro de 2008.


GHANEM, Hussein; GHANEM, Mohamed. Possíveis aplicações dos nanorobôs na medicina
sexual: um artigo de revisão. Arquivos H-Ellis, 2006. Disponível em <
http://www.arquivoshellis.com.br/revista/03_011106/03_revista_011106_01.asp>. Acesso em
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LAUBACHER, Sarah. Gold Nanoparticles Emit Intense Heat. In: Research News.
Disponível em: < http://news.research.ohiou.edu/news/index.php?item=272>. Acesso em 20
de novembro de 2008.


MARTINS, Paulo R. Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente No Brasil: Perspectivas e
Desafios. II Encontro da ANPPAS 26 á 29 de maio de 2004. Indaiatuba, São Paulo, Brasil.
Disponível em <
http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro2/GT/GT09/paulo_martins.pdf>. Acesso
em 02 de Dezembro de 2008.
22




MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Relatório de Nanotecnologia do Ministério
da Ciência e Tecnologia. Disponível em <http://www.mct.gov.br/upd_blob/0008/8075.pdf>.
Acesso em 25 de novembro de 2008.


NATIONAL CANCER INSTITUTE. Characterizing Gold Nanoparticles. Disponível em: <
http://nano.cancer.gov/news_center/nanotech_news_2006-04-10a.asp>. Acesso em 22 de
novembro de 2008.


PALLONE, Simone; JORGE, Wanda. Brasil aposta na nanociência e nanotecnologia.
Inovação Uniemp , Campinas, v. 2, n. 1, 2006 . Disponível em:
<http://inovacao.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
23942006000100002&lng=es&nrm=iso>. Acesso em 28 de Novembro de 2008.


STEINMETZ, Maiquel (2006). Nanotecnologia. Anais da 1ª Jornada Científica da Unibratec,
Pernambuco. Disponível em <http://www.unibratec.com.br/jornadacientifica/>. Acesso dia 25
de novembro de 2008.
THE WHISTLE. Scientists enlisting gold in cancer fight. Disponível em:
<http://www.whistle.gatech.edu/archives/08/jan/28/gold.shtml>.Acesso em 24 nov.2008

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  • 1. Universidade Federal de São Carlos Departamento de Física Nanotecnologia Aplicada à Medicina Monografia referente á disciplina de Engenharia de Dispositivos e Materiais Avançados Felipe Bruno Mograbi RA 271594 Luciana Camargo Cabrelli RA 269492 São Carlos Dezembro de 2008
  • 2. 1 Índice 01 1)Introdução 02 2)Os Conceitos de Bottom Up e Top Down 05 3)Nanotecnologia no Brasil 06 4)Nanotecnologia e Economia 07 5)Nanomedicina 09 6)Aplicações da Nanotecnologia 10 I – Nanoeletrônica 10 II – Nanomateriais 12 III – Nanomedicina 12 7)Conclusão 20 8)Referências 21
  • 3. 2 1) Introdução A Nanociência e a Nanotecnologia têm por objetivo a compreensão e o controle da matéria em escala nanométrica e o conhecimento da natureza na organização da matéria átomo por átomo, molécula por molécula, bem como a construção de estruturas e novos materiais a partir de átomos e moléculas. O prefixo nano tem origem grega e significa “anão”, o que de fato caracteriza bem o mundo da Nanotecnologia, que por definição engloba todo tipo de desenvolvimento tecnológico dentro da escala nanométrica, geralmente entre 0,1 e 100 nanômetros; incorpora a produção e aplicação de sistemas físicos, químicos e biológicos em escalas que variam desde átomos individuais ou moléculas até dimensões submétricas, assim como a integração de nanoestruturas resultando em sistemas maiores. Um nanômetro equivale a um milionésimo de um milímetro ou a um bilionésimo de um metro. As propriedades da matéria em escala nanométrica não são necessariamente similares às propriedades da matéria em escalas maiores: na escala nanométrica, as leis da Mecânica Quântica começam a valer. Por isso, a Nanotecnologia torna-se por um lado um desafio para os cientistas, mas constitui-se também numa grande oportunidade para o desenvolvimento de novos materiais com propriedades e funcionalidades antes impossíveis de serem atingidas. O campo da Nanotecnologia nasce de investigações ao longo dos anos 70 e 80 de espécies reativas, como átomos livres e partículas reativas, acopladas com novas técnicas e instrumentos, tais como microscópios de varredura e tunelamento. O microscópio de tunelamento (do inglês, Scanning Tunneling Microscope), inventado em 1981 por Gerd Binnig e Heinrich Rohrer, permite obter imagens de átomos e moléculas, utilizando-se uma agulha microscópica na qual se aplica uma tensão elétrica.
  • 4. 3 Figura 1: Desenho esquemático do funcionamento de um microscópio de tunelamento. Fonte: http://www.ced.ufsc.br/men5185/trabalhos/12_nanometria/algo_pequeno.htm. As primeiras imagens de átomos foram obtidas com o microscópio iônico de campo, inventado por Erwin Müller. Outro método pelo qual se podem obter imagens de átomos é através do microscópio eletrônico de varredura (SEM), apenas capaz de trabalhar em vácuo, pode resolver escalas nanométricas. Já a possibilidade de mover átomos individualmente foi demonstrada em 1990, quando pesquisadores americanos escreveram o logotipo IBM ao posicionarem átomos de xenônio sobre uma superfície de níquel. Desde então, o domínio científico e tecnológico da escala nanométrica está passando por um surto de crescimento graças a novas ferramentas de pesquisa e a desenvolvimentos experimentais e teóricos. Disto resultam novos produtos e processos industriais em um ritmo extremamente acelerado. Estão surgindo classes inteiramente novas de dispositivos e sistemas micro e nanofabricados. Esta nova situação parece indicar um novo salto da civilização tecnológica, porque oferece oportunidades científicas e industriais que eram impensáveis, até agora (Martins, 2004). Alguns consideram o físico Richard Feynman o primeiro a fazer uma explanação técnica da Nanotecnologia, em famosa palestra de 1959 na reunião anual da Sociedade Americana de Física "There's plenty of room at the bottom” (há mais espaços lá embaixo), mas foi o engenheiro Kim Eric Drexler quem definiu as possibilidades com maior abrangência e definição de detalhes em suas obras, além de compreender as implicações da Nanotecnologia e buscar informar o público sobre seus desafios. Drexler obteve o título de
  • 5. 4 primeiro PhD em Nanotecnologia do mundo em 1991, no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Nos dias atuais a Nanotecnologia vem surgindo associada a diversas áreas do conhecimento humano, como: física, engenharia mecânica, biotecnologia, medicina, construção civil, na química, sendo usada no desenvolvimento de materiais e dispositivos, tais como sensores, chips, computadores, memórias, polímeros. A Nanotecnologia é um dos assuntos mais discutidos na atualidade, devido à importância que o setor passou a ter na produção industrial. Mais de 500 produtos para consumo já incorporam algum tipo de benefício por conta da Nanotecnologia aplicada. O universo de possibilidades criado é tão amplo que a Nanotecnologia já é considerada por muitos a 5ª Revolução Industrial.
  • 6. 5 2) Os Conceitos de Bottom Up e Top Down A síntese de nanomateriais é geralmente pensada em termos de processos de Top- Down ou Bottom Up. A aproximação Top Down seria a fabricação de um nanomaterial a partir de um modelo macroscópico, reduzindo suas dimensões até chegar à estrutura desejada. De acordo com Bunshan (2004), a aproximação top down é muito utilizada em processos de microfabricação de matérias inorgânicos, como litografia por exemplo. A aproximação Bottom Up seria a fabricação de uma estrutura maior a partir de subunidades menores. No caso de nanomateriais, essas subunidades são de dimensões nanométricas, podendo assim fazer com que a estrutura apresente características totalmente diferentes se comparado com uma estrutura feita de maneira íntegra. Quase todas as macroestruturas biológicas e muitas estruturas biogênicas são feitos pela aproximação bottom up. Verifica-se também a aproximação bottom up em materiais inorgânicos, como por exemplo estruturas encontradas em corais, casca de ovo, e em conchas, como é o caso do molusco Abalone, que produz sua concha com carbonato de cálcio, organizado em camadas de tijolos nanométricos, resultando em uma estrutura altamente resistente. Figura 2. Fotografia da estrutura da concha de Abalone. Fonte: http://www.rist.cst.nihon-u.ac.jp/asr/en.html
  • 7. 6 3) Nanotecnologia no Brasil De acordo com Martins (2004), a Nanotecnologia é hoje um dos principais focos das atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação em todos os países industrializados. Existe hoje uma produção científica significativa no Brasil, nos temas de manipulação de nano objetos, nanoeletrônica, nanomagnetismo, nanoquímica e Nanobiotecnologia, incluindo os nanofármacos, a nanocatálise e as estruturas nanopoliméricas. No relatório de Nanotecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia (2006), são citados alguns marcos relevantes no desenvolvimento da Nanotecnologia no Brasil: 1987 – Investimento do CNPq em equipamentos para técnicas de crescimento epitaxial de semicondutores; 2001 - Criadas as 4 redes de Nanotecnologia CNPq/MCT e apoiados 4 Institutos do Milênio na área; 2003 - Criado o Grupo de Trabalho de Nanotecnologia para elaboração do Programa de Nanotecnologia; 2003 – Criada a Coordenação-Geral de Políticas e Programas de Nanotecnologia. Atualmente Coordenação de Micro e Nanotecnologias; 2004 - Início do Programa Desenvolvimento da Nanociência e Nanotecnologia no âmbito do PPA – 2007; 2004 - Criado do GT para estudo sobre a implantação do Laboratório Nacional de Micro e Nanotecnologia; 2004 – Criada a Ação Transversal de Nanotecnologia nos Fundos Setoriais; 2004 - Instituída a Rede BrasilNano e seu Comitê Diretor; 2005 - Designados os membros do Conselho Diretor da Rede BrasilNano; 2005 – Lançado o Programa Nacional de Nanotecnologia (PNN); 2005 – Assinado o Protocolo de Intenções entre Brasil e Argentina criando o Centro Brasileiro-Argentino de Nanotecnologia (CBAN). (Ministério da Ciência e Tecnologia, 2006). Algumas atividades desenvolvidas no país como a nanofabricação, apesar de apresentarem grandes perspectivas de geração de novos produtos e aplicações em diversas áreas, estão atualmente limitadas ao meio acadêmico, em algumas universidades e centros de pesquisa que realizam pesquisa e desenvolvimento de técnicas de fabricação, análise e aplicações em dispositivos eletrônicos, sensores, peneiras, canais para fluídica e membranas.
  • 8. 7 4) Nanotecnologia e Economia De acordo com Bunshan (2004) a Nanotecnologia já é um negócio que cada vez mais atrai mais investimento, em todo o planeta, devido ao seu enorme potencial de aplicação nos mais variados setores industriais e ao impacto que seus resultados podem dar ao desenvolvimento tecnológico e econômico. Pallone (2006) cita que atualmente existem no Brasil mais de 500 pesquisadores trabalhando com os temas da Nanociência e Nanotecnologia, espalhados por todo o território e envolvendo diversas áreas do conhecimento. O governo federal está atento a esse movimento e tem concretizado seu interesse na criação de linhas de fomento: financiou a constituição de redes de pesquisa e vem ampliando os recursos ano a ano. O Plano Plurianual 2004-2007 estabeleceu um patamar da ordem de R$ 77,7 milhões para o setor. O Brasil, que até em 2002 investiu cerca de R$ 50 milhões em projetos no setor, dispõe da melhor infra-estrutura em Nanociência e Nanotecnologia da América Latina, segundo avaliação dos professores Cylon Gonçalves da Silva, coordenador do programa nacional de Nanociência e Nanotecnologia, do MCT, e Alaor Silvério Chaves, coordenador de Nanociência de um dos 17 Institutos do Milênio, também do MCT. Entre 2001 e 2007 o Brasil investiu cerca de R$ 150 milhões em Nanotecnologia através de ações do Programa Nacional de Nanotecnologia (PNN), fundos setoriais, subvenção econômica (aplicação de recursos públicos não-reembolsáveis em empresas) e editais. Anualmente, Estados Unidos e Japão gastam cerca de U$ 1 bilhão. Os maiores investidores em Nanotecnologia são o Japão e os Estados Unidos. Embora não se saiba exatamente o montante de investimentos do setor privado, o envolvimento de grandes corporações americanas, como a Xerox, IBM e a HP, e das megaempresas japonesas indicam que as aplicações pelo setor privado são superiores ao do setor público. Nesses países, o setor privado e público investem em áreas distintas da Nanotecnologia. O setor privado, especialmente as empresas de alta tecnologia, tem direcionado seus esforços para a miniaturização dos componentes eletrônicos, ou seja, na corrida para gerar sistemas computacionais de maior desempenho e mais compactos. Embora algumas empresas, como a Hewlett-Packard, Kodak e Xerox, já invistam em pesquisas de desenvolvimento de dispositivos moleculares, a Nanotecnologia molecular, para se tornar competitiva, ainda depende do investimento do Estado.
  • 9. 8 Dados do Ministério da Ciência e Tecnologia mostram que no Brasil, entre 2002 e 2005, as redes de pesquisa envolveram 300 pesquisadores, 77 instituições de ensino e pesquisa e 13 empresas, além de publicar mais de mil artigos científicos e depositar mais de 90 patentes. De acordo com o relatório de Nanotecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia (2006), as iniciativas do governo focadas na área de Nanotecnologia iniciaram-se em 2001, quando foram criadas as 4 redes de pesquisa. Essa iniciativa permitiu o mapeamento das competências nacionais. Entre 2002 e 2005 as redes envolveram 300 pesquisadores, 77 instituições de ensino e pesquisa, 13 empresas, além de publicar mais de 1000 artigos científicos e depositar mais de 90 patentes. Em 2004, a implementação das ações do Programa “Desenvolvimento da Nanociência e Nanotecnologia”, no âmbito do PPA 2004 – 2007, focadas na geração de patentes, produtos e processos na área, assegurou o apoio à pesquisa básica, à pesquisa entre ICT’s e empresas, fortaleceu as redes existentes e a infra-estrutura laboratorial. Uma das primeiras iniciativas do governo em Nanotecnologia data de 1987, quando o CNPq investiu US$10 milhões em equipamentos para técnicas de crescimento na área de semicondutores. Até então, o termo Nanotecnologia era pouco utilizado. Em 2001, o governo brasileiro reconhece a importância da Nanotecnologia para o País e inicia ações focadas na área, com a criação de 4 redes nacionais.
  • 10. 9 5) Nanomedicina Ghanem (2006) define a Nanomedicina como “uma área da pesquisa biomédica que tem por objetivo empregar os avanços da Nanotecnologia para melhorar a saúde”. A aplicação mais avançada da Nanotecnologia que poderia alterar o curso da medicina para sempre, seria a introdução de nanorrobôs altamente inteligentes como substitutos dos atuais macrocirurgiões. Tais robôs não seriam maiores do que uma simples célula de bactéria e poderiam operar em nanoescala, manipulando moléculas, até mesmo átomos. A Nanomedicina vem auxiliada pela Nanobiotecnologia, que seria a Nanotecnologia aplicada às ciências da vida. As pesquisas referentes á nanofármacos e nanorrobôs se devem ao desenvolvimento da Nanobiotecnologia. De acordo com STEINMETZ (2006), a Nanomedicina, originada pela fusão da medicina com a Nanotecnologia, tem como fundamento o desenvolvimento de ferramentas, tecnologias e terapias, que irão tratar doenças em diversos níveis e estágios, e não mais através da prescrição de medicamentos ou realização de cirurgias, mas sim, reorganizando e fazendo reparos nos nossos próprios átomos. De acordo com Ghanem (2006), a Nanotecnologia aplicada á medicina poderia fornecer novas formulações e novas rotas para liberação de drogas em regiões do corpo antes inacessíveis, desta forma, ampliando seu potencial. Sensores minúsculos que detectam doenças no corpo, muito antes das ferramentas diagnósticas existentes, e explodem o tamanho das moléculas implantadas para liberar as medicações salvadoras de modo preciso onde sejam necessárias, estão entre as áreas de pesquisas promissoras. Elas poderiam caçar tumores cancerígenos e destruí-los, eliminar qualquer vírus do HIV encontrado, ou seja, as possibilidades são infinitas. Entre as possíveis aplicações da Nanomedicina estão tratamentos de problemas cardiovasculares, diabetes, mal de Alzheimer, eliminação de pedra nos rins etc. Mas a oncologia parece ser uma das áreas mais promissoras para a nova tecnologia, tanto que ela promete ser a primeira área em que as aplicações clínicas devem ocorrer. Por exemplo, estudos com nanopartículas magnéticas mostram eficazes para serem utilizados como agentes contrastantes para melhorar a localização de câncer, utilizando as técnicas de imagem por ressonância magnética. .
  • 11. 10 6) Aplicações da Nanotecnologia Em 1959, o físico americano Richard Feynman durante uma palestra na Sociedade Americana de Física disse: "Os princípios da física, pelo que eu posso perceber, não falam contra a possibilidade de manipular átomo por átomo. Não seria uma violação da lei, é algo que, teoricamente, pode ser feito, mas que na prática, nunca foi levado a sério porque somos grandes de mais". Três décadas depois essa idéia começou a tomar formas da Nanotecnologia ou da Nanociência, que são novas abordagens à investigação e desenvolvimento com objetivo de controlar a estrutura fundamental e comportamental da matéria em nível de átomos e de moléculas. Com os domínios dessas ciências multidisciplinares temos a possibilidade de compreender melhor novos fenômenos e de criarmos novas propriedades que podem ser usadas em pequenas escalas com grandes funcionalidades. Há pesquisa e produção em escala nanométrica (escala atômica) em diversas áreas como medicina, eletrônica, ciência da computação, física, química, biologia e engenharia dos materiais. Dentro de grandes áreas de pesquisas podemos desenvolver uma investigação e um desenvolvimento com um futuro promissor, construindo uma nova base de conhecimento respeitando todos os princípios éticos, trazendo a representação por imagens, manipulação em escala atômica, a automontagem, as relações biológicas estruturais como ferramentas de informáticas cada vez mais poderosas. Essas mudanças estruturais das propriedades das matérias podem influenciar fortemente nas suas propriedades físicas e químicas em grande escala. Outro grande desafio consiste em aumentar potencialmente os métodos de fabricação na indústria. Para estudar a Nanotecnologia iremos dividi-la em três grandes áreas: (I)Nanoeletrônica Também, conhecida com eletrônica molecular, foi um desenvolvimento quase que natural devido à ultra-alta compactação e miniaturização, principalmente para as tecnologias de informação e computação em escalas significativamente pequenas, permitindo a manipulação de quantidades de informação extremamente grandes associadas a rápidas velocidades de processamento. Um exemplo bem forte nos dias de hoje são os LED orgânicos (OLED) que são dispositivos fabricados posicionando uma série de filmes finos orgânicos
  • 12. 11 entre dois eletrodos. Quando aplicamos uma corrente elétrica, temos a emissão de uma luz brilhante. Atualmente, é aplicado em equipamentos portáteis. Figura 3: Led orgânico (OLED) Fonte: http://www.xsreviews.co.uk/glossary/display/organic-leds/ Figura 4: Transformador micromagnético de película fina em silício para uso em futuras aplicações PSOC (fonte de alimentação no chip) Fonte: http://www.suframa.gov.br/minapim/news/images/img_artigo/mst_111.3.jpg
  • 13. 12 (II)Nanomaterial É a possibilidade de controlar com precisão a morfologia de dimensão nanométrica das substâncias ou em particular para produzir materiais nanoestruturados. Os instrumentos utilizando nanomaterial facilitaram medições e manipulação de estruturas ultrapequenas. Os microscópios de alta resolução, por exemplo, (tunelamento, de varredura ou de transmissão) são em escala nanométrica. Figura 5 e 6: Microscopia de varredura de nanotubos de carbono obtidos por decomposição catalítica de etileno sobre catalisadores de ferro. Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010040422004000600025&script=sci_arttext&tlng=pt Figura 7: Engenharia na escala atômica Fonte: http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano17.htm (III)Nanobiotecnologia É uma das áreas com mais enfoque, que podem combinar a engenharia com a biologia para poder manipular sistemas vivos ou construir materiais biologicamente em escala nanométrica ou a nível molecular. O estudo com sistemas genéticos, o maior exemplo é o
  • 14. 13 projeto GENOMA (é toda a informação hereditária de um organismo que está codificada em seu DNA ou, em alguns vírus, no RNA). A Nanobiotecnologia foi usada no projeto de identificação e mapeamento de cerca de 80 mil genes que se achava existir no DNA das células do corpo humano, para poder determinar os quase 3 bilhões de bases químicas que o compõe. Foi usada também para armazenar essa informação em bancos de dados e desenvolver ferramentas para analisar e por conseqüência simplificar métodos de diagnósticos de doenças, melhoria de tratamentos terapêuticos, tornando-os mais eficientes e menos invasivos; e para promover novos sensores, conhecidos como bionanosensores (ou biosensores) para a investigação e para implementação de novas técnicas de diagnósticos. Agora podemos explicar dois temas desse trabalho que iremos mostrar, o primeiro são os Lipossomas que foram criados na década de 60, porém, com o avanço da tecnologia e da Nanotecnologia começaram ser construídos de forma mais especificas para cada uma das suas utilizações; e segundo caso, seria o estudo de nanopartículas de ouro até o uso para tratamento de câncer. 1. Lipossomas: Os Lipossomas (corpo gorduroso) são vesículas esféricas artificiais de tamanho variável (20nm a vários micrômetros de diâmetro), que podem ser produzidas com fosfolipídios naturais e colesterol. Os lipídeos mais utilizados na formulação dos lipossomas são os que apresentam uma forma cilíndrica como fosfatidilcolinas, fosfatidilserina, fosfatidilglicerol e esfingomielina que tendem a formar uma bicamada estável em solução aquosa. Sendo as fosfatidilcolinas as mais utilizadas para estudos, pois apresentam uma grande estabilidade frente à variação pH ou concentração de sal no meio. Os fosfolipídios são caracterizados por uma temperatura de transição de fase (Tc), onde a membrana dos lipossomas passa de uma fase inicial em forma de gel (fase que a cadeias de hidrocarbonada do lipídeo estão de forma ordenada), para uma fase de cristal- líquido ( fase que as moléculas ficam com movimentos mais livres). Nessa fase os radicais hidrofílicos agrupados formando complexos hidratados. O comprimento e saturação das cadeias lipídicas influenciam diretamente na temperatura de transição de fase (Tc). Logo, diferentes das membranas formados por diferentes tipos de lipídeos podem mostrar diferentes níveis de fluidez na mesma temperatura.
  • 15. 14 Essa descoberta foi feita por Alec Baghan em 1961, durante um estudo de fosfolipídios e coagulação sanguínea. Esse estudo mostrou que quando os fosfolipídios combinam-se com a água formam imediatamente uma esfera de bicamada, isso ocorre porque enquanto uma ponta da molécula é solúvel em água, a outra é hidrofóbica, ou seja , repulsão à água. Os Lipossomas podem conter uma única bicamada lipídica ou múltiplas bicamadas em torno de compartimentos aquoso interno e, portanto, são classificados em unilametar e multilametar. Com isso, os Lipossomas têm sidos usados com grandes possibilidades de empregabilidade em modelos de membranas celulares na biologia e bioquímica, como transportadores de cosméticos, de aditivos alimentares e farmacologia. Suas grandes vantagens são as:  Biodegradabilidade;  Baixa toxicidade;  Possibilidade de dissolver: substâncias lipofílicas (bicamadas lipídicas) ou substâncias hidrofílicas (armazenada no seu interior);  Possibilidade de direcionar o local;  Possibilidade de controlar a velocidade de liberação de um determinado fármaco;  Importante agente inibidor contra um infectante; Figura 8: Estrutura de um Lipossomo Fosfolipídico, muito utilizada em liberação controlada de fármacos. Fonte: http://www.fapepi.pi.gov.br/novafapepi/sapiencia5/pesquisa2.php
  • 16. 15 Em 1971, o pesquisador Gregoriadis utilizou uma forma de sistema carregador de fármacos, e desde então os Lipossomas se tornaram um futuro promissor como um mecanismo controlador de drogas. Figura 9: Características estruturais dos vários tipos de lipossomas: convencionais - (A) fármaco hidrofílico no interior do lipossoma e (B) fármaco lipofílico adsorvido ou inserido na bicamada lipídica; catiônico (C); de longa circulação (Stealth®) – com polímero hidrofílico na superfície (D); sítio-específicos – (E), (F) com anticorpos ligantes e (G) com peptídeos e proteínas ligantes na superfície; virossomas – com envelope viral na superfície (H); (I) DNA-plasmídeo encapsulado em lipossomas catiônicos Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v43n2/02.pdf Eles também podem ser classificados quanto às características de interação com sistemas biológicos divididos em:  Lipossomas Convencionais: Lipossomas convencionais são compostos de fosfolipídeos e colesterol, com um lipídeo de carga negativa ou positiva para evitar a agregação das vesículas, aumentando a estabilidade em suspensão (Vemuri, Rhodes, 1995).  Fármacos hidrossolúveis – os fármacos hidrossolúveis são os que ficam encapsulados no interior da cavidade lipossômica;  Fármacos lipossolúveis – os fármacos lipossolúveis são incorporados na bicamada lipídica. Para os fármacos lipossolúveis essas bicamadas, podem vir a se fundirem com outras demais bicamadas lipídicas vindo a liberar o seu conteúdo.  Fármacos lipossomas catiônicos – são fármacos eficientes no carregamento e transfecção de DNA;  Lipossomas de longa circulação: Lipossomas de longa duração são obtidos por diferentes métodos, incluindo o revestimento da superfície lipossômica com componentes hidrofílicos naturais, essa camada inibe o processo de
  • 17. 16 reconhecimento molecular e captura de células do sistema fagocitário mononuclear, principalmente as do fígado (Needham et al., 1992).  Lipossomas sítios-específicos: são lipossomas direcionados a sitios- específicos, estes utilizam ligantes acoplados em sua superfície, que conferem seletividade para distribuir o fármaco encapsulado na região de ação desejada. Alguns exemplos de ligantes de reconhecimento são os anticorpos, glicopeptídeos, polissacarídeos, proteínas virais e lectinas (Edwards, Baeumner, 2006).  Lipossomas Polimórficos: são lipossomas que se tornam reativos devido à mudança na sua estrutura ocasionada por alteração de pH, temperatura ou carga eletrostática.  Lipossomas sensíveis ao pH – esses lipossomas são utilizados para liberar o fármaco no citoplasma ou no tecido intersticial de células tumorais, visto que o pH desse meio é diferente do fisiológico normal (Derycke,Witte, 2004; Carvalho Jr. et al., 2007);  Lipossomas termosensiveis – são formados por misturas de lipídeos sintéticos que possuem transição de fase ligeiramente aumentada da temperatura fisiológica, causada de um tecido tumoral (Sandip et al., 2000);  Lipossomas catiônicos – esses lipossomas apresentam cargas positivas na superfície eles tem sido utilizados para liberação de ácidos nucléicos dentro das células (Dass, Choong,2006); Os primeiros sistemas de Nanotecnologia a serem usados em tratamentos foram os Lipossomas. Sendo o pioneiro dos medicamentos lisossômicos a serem introduzidos foi o Doxorrubicina(Doxil/Caelix) em 1995 para o tratamento do Sarcoma de Kaposi associado aos tratamento da Adis. E nos dia de hoje, já contamos com outras formulações lipossômicas empregado no tratamento de câncer que já estão sendo usado como: Myocet e DaunoXome. Outros ainda estão em fazes de testes para demais áreas clinicas e principalmente na indústria dos cosméticos. 2. Nanopartículas de ouro
  • 18. 17 Experiências recentes mostram que nanopartículas de ouro revestidas com alguns corantes conseguem identificar tumores internos mais cedo e de forma eficiente e mais detalhada, de forma rápida e menos invasiva. O Profº Drº Warren Cahn, e seus colegas da Universidade de Toronto, investigaram formas e tamanhos de nanopartículas de ouro capazes de relacionar-se com células. As investigações estudaram casos de nanopartículas variando de 14 nanômetros até 74 nanômetros de diâmetros e também variando sua forma (tubos, anéis, esferas, etc ). E partir disso, puderam verificar que cada tipo de forma foi absorvida por diferentes células. E puderam verificar que as células de tamanho de 50 nanômetros de diâmetro eram mais eficazes. Com uma absorção maior entre as duas a quatro horas de exposição. Verificaram, também, que as células de 50 nanômetros de diâmetros foram as que melhores responderam à produção de calor, no mínimo maiores que o dobro do seu tamanho. As partículas de formas esféricas foram mais eficazes do que a do tipo tubos. Na mesma forma, a colocação de proteínas na superfície nas nanopartículas de ouro mostrou-se mais eficiente na absorção dessas. Imagine uma partícula capaz de produzir calor numa área 1000 vezes maior do que o se próprio diâmetro. Essa combinação pode ser o futuro do combate ao câncer, podendo identificar e colocar localmente essa nanopartícula no interior de uma célula infectada, podendo ser ativada pelo um laser, queimando totalmente a célula doente e as do seu redor. Em estudo feito pela Universidade de Ohio, nos estados Unidos, pela equipe do Profº Drº Hugh Richardson em 2006, conseguiram mostrar que essa realidade está cada vez mais próximo de acontecer para tratamentos clínicos, especialmente o câncer. Nesse estudo identificaram que partículas de 50 nanômetros de diâmetro podem funcionar como aquecedores super potentes e precisos. Quando excitados numa freqüência específica com um laser essas nanopartículas emitem calor suficientes para aquecer uma área 1000 vezes maior do que ou seu diâmetro. Esse procedimento descobriu não só, a emissão de calor suficiente, mas que era também muito preciso o que permite que as nanopartículas atinjam alvos pré- determinados. Mas para transportar essas nanopartículas de ouros, seriam preciso mecanismos como biomarcadores, moléculas especiais construídas para identificar cada tipo de célula. Para determinação da intensidade especifica de melhor rendimento, foi elaborado um estudo de efeito térmico, os pesquisadores desenvolveram um método com uma fina película de gelo e, em seguida a medição da quantidade de fusão que ocorreu quando as partículas foram irradiadas. Usando espectroscopia Ranam os pesquisadores foram capazes de
  • 19. 18 determinar qual das intensidades luminosas das partículas era mais eficiente na região circundante ao derretimento do gelo. A partir daí conseguiram criar um modelo teórico gerado a partir dos estudos, e os pesquisadores previram um geração de calor em função da intensidade luminosa, deverá ser útil para desenvolver uma nanoescala térmica para um possível tratamento como câncer terapêutica. Figura 10. Um conjunto de nanopartículas do ouro 50 nanômetros no diâmetro criou uma cratera muito maior na amostra do gelo, mostrada aqui. Fonte: http://news.research.ohiou.edu/news/index.php?item=272 Até agora, estudamos as nanopartículas de ouro para elas se interagiram com células, mas não especificamos quais tipos específicos de células interagem com ouro. O estudo do pesquisador Shuming Nie, publicada em dezembro de 2008 pela “Journal Nature Biotechnology” que trabalha no Departamento de Engenharia Biomédica na Georgia Tech e Emory University,nos Estados Unidos. Nesse estudo as nanopartículas de ouro estão revestidas com corantes que conseguem identificar tumores ou células cancerígenas mais cedo e de forma menos invasiva por enquanto nos estudos de animais. Estudo baseou em anticorpos com fragmentos de ScFv conhecidos com côo peptídeos que se ligam em células cancerígenas.Quando iluminado por um raio laser, o tumor é identificado pelo corante que devolve o sinal transmitido.Essa é uma nova classe de agentes para a segmentação do tumor e de imagem na área de Nanotecnologia.
  • 20. 19 Figura 11: Nova classes de corantes excitados por infravermelho. Fonte: http://www.rjrconsultores.com.br/nano/wm.pdf O pesquisador Dr. Nie, desenvolveu uma luz emissora de cristais semicondutores capazes de emitir luz conhecidos como “pontos quânticos” em detecção e tratamento de câncer. Para a construção desses semicondutores, é utilizado partículas de ouro em suspensão chamado ouro coloidal, tem uma enorme vantagem por ser totalmente atóxico para o organismo. Além disso, as nanopartículas de ouro produzem um sinal mais forte e mais claro. Sendo assim, o sinal refletido pelas nanopartículas é específico para cada corante utilizado. O ouro coloidal já é utilizado em alguns tratamentos médicos. Mas, nos pontos quânticos, a sua utilização em humanos tem problemas por conter cádmio, um metal pesado, que deverá ter seus efeitos sobre os organismos. No estudo do Dr. Nie é importante a detecção precoce do câncer, como ainda está limitado a dimensão do tumor ou em quantidades relativamente pequenas de células. A conclusão, mostra através de testes que é possível localizar tumores com uma profundidade de 1 a 2 centímetros abaixo da pele. Nessa localização é possível geração de imagens de forma qualitativa e quantitativa que pode dar uma dimensão e pode ser localizado na cabeça, pescoço e no pulmão.
  • 21. 20 7)Conclusão A Nanotecnologia vem sendo vista como a próxima revolução industrial, trazendo promessas de desenvolvimento em várias áreas, entre elas na medicina. O Brasil vem investindo cada vez mais na área de Nanotecnologia, mais ainda sim o desenvolvimento dessa área ainda está concentrada em algumas universidades e centros de pesquisa. Apesar do desenvolvimento da Nanociência e Nanotecnologia no Brasil, se tratar de uma revolução em sua infância, ainda é possível que o país participe ativamente e inove no campo da nanotecnologia. É necessário, porém, haver uma mudança de mentalidade do governo e dos empresários brasileiros. Nos últimos anos, a nanomedicina vem sendo apontada como uma das grandes esperanças da medicina e uma das promessas de que as descobertas no campo da nanotecnologia promovam mais saúde e longevidade às pessoas. Duas grandes áreas em desenvolvimento de Nanobiotecnologia são os nanomedicamentos e nanopartículas, como Lipossomas e nanopartículas, respectivamente, e o desenvolvimento dessas áreas prometem grandes avanços no diagnóstico e tratamento de doenças. Espera-se que num futuro não distante, nanopartículas, nanomedicamento e nanorrobôs estejam presentes no diagnóstico e tratamento de doenças, contribuindo assim para o avanço da medicina.
  • 22. 21 Referências ARTIGOS E ENSAIOS. A Nanotecnologia: Da saúde para além do determinismo tecnológico. Disponível em: < http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v60n2/a24v60n2.pdf>. Acesso em 22 de novembro de 2008. BATISTA, Cinthia Meireles; CARVALHO, Cícero M. Barros de; MAGALHÃES Nereide S.S. Lipossomas e suas aplicações terapêuticas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, Pernambuco, v.43, n.12, p.166-178, 2007. Disponível em : <http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v43n2/02.pdf>. Acesso em 27 de novembro de 2008. BUSHAN, Barat. (Ed). Springer Handbook of Nanotechnology. First Edition, New York, Springer Verlag, 2004. CENTER FOR RESPONSIBLE NANOTECHNOLOGY. Introdução á nanotecnologia. O que é a nanotecnologia? Disponível em: <http://www.euroresidentes.com/futuro/nanotecnologia/nanotecnologia_responsavel/introduc ao_nanotecnologia.htm>. Acesso em 27 de novembro de 2008. GHANEM, Hussein; GHANEM, Mohamed. Possíveis aplicações dos nanorobôs na medicina sexual: um artigo de revisão. Arquivos H-Ellis, 2006. Disponível em < http://www.arquivoshellis.com.br/revista/03_011106/03_revista_011106_01.asp>. Acesso em 02 de Dezembro de 2008. LAUBACHER, Sarah. Gold Nanoparticles Emit Intense Heat. In: Research News. Disponível em: < http://news.research.ohiou.edu/news/index.php?item=272>. Acesso em 20 de novembro de 2008. MARTINS, Paulo R. Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente No Brasil: Perspectivas e Desafios. II Encontro da ANPPAS 26 á 29 de maio de 2004. Indaiatuba, São Paulo, Brasil. Disponível em < http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro2/GT/GT09/paulo_martins.pdf>. Acesso em 02 de Dezembro de 2008.
  • 23. 22 MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Relatório de Nanotecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia. Disponível em <http://www.mct.gov.br/upd_blob/0008/8075.pdf>. Acesso em 25 de novembro de 2008. NATIONAL CANCER INSTITUTE. Characterizing Gold Nanoparticles. Disponível em: < http://nano.cancer.gov/news_center/nanotech_news_2006-04-10a.asp>. Acesso em 22 de novembro de 2008. PALLONE, Simone; JORGE, Wanda. Brasil aposta na nanociência e nanotecnologia. Inovação Uniemp , Campinas, v. 2, n. 1, 2006 . Disponível em: <http://inovacao.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808- 23942006000100002&lng=es&nrm=iso>. Acesso em 28 de Novembro de 2008. STEINMETZ, Maiquel (2006). Nanotecnologia. Anais da 1ª Jornada Científica da Unibratec, Pernambuco. Disponível em <http://www.unibratec.com.br/jornadacientifica/>. Acesso dia 25 de novembro de 2008. THE WHISTLE. Scientists enlisting gold in cancer fight. Disponível em: <http://www.whistle.gatech.edu/archives/08/jan/28/gold.shtml>.Acesso em 24 nov.2008