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            N O R D E S T E<br />O APAGÃO DO NORDESTE E SUAS CAUSAS<br />O ILUMINA acaba de tomar conhecimento do Relatório de Análise de Perturbação-RAP, oficialmente emitido pelo Operador Nacional do Sistema sob a referência ONS RE 3/0032/2011 e título ANÁLISE DA PERTURBAÇÃO DO DIA 04/02/2011 À 00H21MIN ENVOLVENDO OS ESTADOS DO NORDESTE, que trata da ocorrência popularmente conhecida como o apagão do Nordeste.<br />Reunindo o conteúdo desse Relatório com algumas informações extra-oficiais antes já disponíveis e, também, com dados constantes de outros documentos oficiais a que se teve acesso, o ILUMINA pôde formar um conjunto completo de informações sobre a referida ocorrência que lhe permite oferecer à sociedade nordestina e às autoridades um depoimento técnico isento sobre o evento, detalhando como e porque tudo aconteceu. É o que se faz por meio deste documento. Mas, desde já fazemos questão de expressar que discordamos das conclusões apresentadas pelo ONS no Relatório acima citado.<br />Considerações Preliminares<br /> De início, registramos que logo nos primeiros dias após a ocorrência do citado apagão, quando a grande mídia abria espaços para supostos especialistas apresentarem os mais estapafúrdios diagnósticos sobre as causas do apagão, em 09/02/2011 o ILUMINA publicava no seu site o documento intitulado “O APAGÃO, A IMPRENSA E OS ESPECIALISTAS”, no qual, além de contestar as bobagens que estavam sendo divulgadas, procurava encaminhar a questão para o seu verdadeiro sentido técnico, embora, naturalmente, por falta de dados, ainda de forma superficial.<br />Para bem situar a questão, abaixo será transcrito aquilo que foi de fato explicitado naquele documento para caracterizar tecnicamente o que teria ocorrido a 00h21min após a tentativa frustrada de religamento da primeira linha 500 kV Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, que provocou o desligamento automático da segunda linha 500 kV Sobradinho/Luiz Gonzaga C2 e da Barra B2 da subestação Luiz Gonzaga.<br />“Esta sim foi a grande perturbação cujos efeitos  eletrodinâmicos   provocaram        as oscilações do sistema e certamente a conseqüente violação dos limites de estabilidade dinâmica do sistema naquela configuração da malha restante, quebrando assim o sincronismo entre suas partes e provocando a abertura das interligações com o sistema Norte e com o sistema Sudeste/Centro-Oeste, o que levou ao conseqüente colapso do sistema Nordeste”.<br />Pois bem, conforme está apurado e registrado nos diversos documentos técnicos pertinentes, na sua essência o apagão aconteceu absolutamente dentro dos referenciais colocados pelo ILUMINA no documento do dia 09/02, até mesmo quanto à “possibilidade de uma eventual e concomitante falha humana”, embora muito provavelmente as partes envolvidas não venham a concordar com esta hipótese específica.<br />O entendimento técnico exato de como e por que ocorreu este apagão não estaria ao alcance de pessoas não profissionalmente especializadas. A rigor, não bastaria ser técnico ou engenheiro eletricista para compreender de fato o que ocorre em casos como este. Além de ser um técnico nas questões eletro-energéticas, o profissional precisaria estar familiarizado com as subestações de alta e extra-alta tensão e particularmente com aquelas constituídas com o “arranjo” tecnicamente conhecido como de “disjuntor e meio” e barra dupla, como é a subestação Luiz Gonzaga e a grande maioria das subestações do Sistema Interligado Nacional. <br />Por isto, nos esclarecimentos que serão apresentados neste documento, na medida do possível, se procurará adaptar, ou “traduzir” a linguagem técnica para permitir ao público não especializado o entendimento das informações pertinentes às questões essenciais da ocorrência.<br />Como Ocorreu o Apagão<br />Naquela noite de 3 para 4 de fevereiro de 2011, o sistema elétrico do Nordeste funcionava normalmente, embora uma de suas importantes linhas de transmissão (LT 500 kV São João do Piauí/Milagres) estivesse desligada desde à 17h25min, por solicitação do seu proprietário, para manutenção de emergência.<br />Isto significa que o sistema estava desfalcado de uma peça importante o que, entretanto, não impedia o seu funcionamento normal, porque estava projetado para operar nesta condição de “contingência simples”, que equivale a perda de um de seus elementos, no caso a já citada linha São João do Piauí/Milagres.<br />Nesta situação, à 00h08min do dia 04 de fevereiro, na subestação Luiz Gonzaga, subitamente aconteceu o desligamento automático da linha 500 kV Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, conjuntamente com o desligamento da barra B1 da subestação Luiz Gonzaga, bem como do disjuntor de saída da referida linha na subestação de Sobradinho.<br />Segundo está registrado em todos os documentos oficiais, a única indicação mostrada pelos instrumentos da subestação como causa daquele desligamento era a atuação da proteção de “falha de disjuntor”, no caso o 15C3, que juntamente com o 15D2 conectavam a linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1 às barras da subestação Luiz Gonzaga.<br />Mas, como o sistema também estava preparado para suportar uma eventual “contingência dupla”, isto é, a perda de um segundo elemento, agora a linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, e sendo a subestação Luiz Gonzaga constituída de barra dupla com arranjo  de disjuntor e meio, esta perturbação, de certo modo severa, não causou nenhum problema ao sistema, que continuou operando normalmente. Em outras palavras, nenhum consumidor sequer sentiu que havia ocorrido alguma coisa.<br />Note-se, porém, que após esta ocorrência o sistema elétrico do Nordeste ficou mais vulnerável, porque sua configuração resultou degradada e, assim, não seria capaz de suportar uma “terceira contingência” sem apresentar a correspondente conseqüência. Particularmente, a conexão entre as usinas de Sobradinho e Luiz Gonzaga passara a ser feita apenas por uma linha e a subestação Luiz Gonzaga perdera a flexibilidade operacional das “barras duplas” e agora operava apenas com uma barra (B2), à qual estavam ligadas todas as linhas que entravam ou saiam da subestação, bem como os geradores da usina Luis Gonzaga (por uma circunstância particular que não vem ao caso, dois geradores ficaram operando ligados diretamente à usina de Paulo Afonso IV, através da linha 500 kV Luiz Gonzaga/Paulo Afonso IV.<br />Portanto, diante de tais circunstâncias, tornava-se urgente recompor o sistema e, como não poderia deixar de ser, os operadores em serviço iniciaram as providências para este fim. Ao operador da CHESF, empresa proprietária das instalações em causa, cabe cuidar dos equipamentos, executar as tarefas previstas nos manuais e procedimentos, mas sem autoridade para ligar ou desligar qualquer equipamento sem a expressa autorização do operador do ONS. Ao operador do ONS cumpre controlar e comandar a operação do sistema de acordo com os Procedimentos de Rede aprovados e tomar decisões que se fizerem necessárias em tempo real para ligar ou desligar qualquer equipamento do sistema, autorizando o operador do proprietário (no caso a CHESF) a executar a tarefa.<br />Diante da indicação clara dos instrumentos de que o desligamento acontecera por “falha no disjuntor 15C3”, tudo parecendo que se tratava de uma atuação correta da proteção, os operadores fizeram o que devia ser feito e está previsto nos procedimentos. Primeiro que tudo procederam ao isolamento completo do referido disjuntor 15C3, supostamente avariado, através da abertura das correspondentes chaves seccionadoras, a fim de entregá-lo à manutenção para as necessárias verificações e eventuais reparos.<br />Feito isto, a luz das informações disponíveis tanto à CHESF quanto ao ONS, tudo estava pronto para se iniciar a urgente recomposição do sistema para as condições prévias à perturbação.<br />E aqui se inicia a fase crítica do problema que veio realmente a provocar o apagão. E como as coisas aconteceram? Ora, como havia dois importantes elementos a serem religados para restaurar as condições prévias do sistema, isto é, a Barra B1 da estratégica subestação Luiz Gonzaga e a linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, e não estar previsto nos Procedimentos de Rede qual desses dois elementos deveria ser ligado em primeiro lugar, os operadores tiveram de fazer uma opção na hora, isto é, em tempo real, como se diz no jargão do setor elétrico. Como será visto na sequência, a opção não foi feliz.<br />De fato, não seria tecnicamente difícil avaliar que o elemento mais importante e mais seguro para ser ligado em primeiro lugar seria o Barramento B1, porque assim se restauraria com segurança a configuração daquela estratégica subestação, a qual voltaria a operar com as suas duas barras energizadas, oferecendo aos equipamentos a elas conectados (linhas e geradores) maior segurança operacional. A ligação seria efetuada através do fechamento sucessivo dos disjuntores a ela (barra B1) conectados, naturalmente com a exceção do 15C3 que já havia sido isolado. Uma vez energizada a Barra B1, então se faria normalmente a ligação da linha.<br />A outra opção, a ligação em primeiro lugar da linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, não se apresentava como mais segura nem mais conveniente, porque seria feita sobre a Barra B2 da subestação que naquele momento estava operando na configuração vulnerável de “barramento simples”, o que, sem dúvida, representava um risco, como, aliás, veio a se confirmar.<br />Aqui, cabe registrar que é inteiramente equivocada a afirmativa de que “O restabelecimento desta LT (a linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1) restauraria de imediato as condições de segurança do Sistema Nordeste”. Não é verdade. Não restauraria, justamente porque para isto ainda faltaria a Barra B1 da subestação Luiz Gonzaga, de fundamental e imprescindível importância para a operação segura da subestação e do próprio Sistema Nordeste.<br />Como já se sabe, se a opção tivesse sido pela ligação em primeiro lugar da Barra B1, o apagão não teria acontecido. Mas, como se optou por ligar primeiro a linha, ao se efetuar o comando para tentativa de fechamento do disjuntor 15D2, à 00h21min, além de não se obter sucesso na ligação, se provocou o desligamento automático e simultâneo da segunda linha 500 kV Sobradinho/Luiz Gonzaga C2, da linha 500 kV Luiz Gonzaga/Milagres e da Barra B2 da subestação Luiz Gonzaga pela abertura automática de todos os disjuntores que estavam conectados a essa barra, tudo por conta da atuação da mesma proteção da linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, novamente mediante a indicação de “falha de disjuntor”, agora se referindo ao disjuntor 15D2. Esta repetição inesperada, naturalmente, sugeria que algo de estranho estaria ocorrendo com aquela proteção que, por isso, foi entregue à manutenção para as devidas verificações.<br />Efetivamente pode-se afirmar então que o apagão aconteceu em virtude deste religamento da linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1 antes de se reenergizar a Barra B1. A ligação desta linha não era possível, como de fato não foi, devido à existência de um defeito interno na cadeia de proteção da mesma que provocava a sua atuação acidental indevida, com uma falsa indicação de “falha de disjuntor”, na verdade inexistente, como veio a ser constatado pela equipe de manutenção cerca de cinco horas mais tarde.<br />Assim, os efeitos do desligamento da segunda linha 500 kV Sobradinho/Luiz Gonzaga C2, interrompendo brusca e totalmente a conexão e o fluxo de energia entre as subestações (e usinas) de Sobradinho e Luiz Gonzaga, juntamente com os demais desligamentos ocorridos no mesmo instante, provocaram oscilações dinâmicas no Sistema Nordeste em relação aos Sistemas Norte e Sudeste/Centro-Oeste, as quais ultrapassaram os seus respectivos limites tecnicamente toleráveis, quebrando o necessário sincronismo entre os sistemas e provocando a inevitável abertura das interligações Norte/Nordeste e Nordeste/Sudeste/Centro-Oeste, com o conseqüente ilhamento do Sistema Nordeste. Esta abertura das interligações evitou, inclusive, uma possível propagação dos efeitos da perturbação para o restante do Sistema Interligado Nacional.<br />Como naquele instante (00h21min) o Nordeste encontrava-se na condição de importador de energia, recebendo mais de 3.200 MW, cerca de 40% da carga naquele momento, este déficit instantâneo produziu como efeito técnico natural grandes reduções de tensão em diversos pontos do sistema e da freqüência, que caiu de 60 Hz (ciclos por segundo) para inaceitáveis 56,4 Hz, desencadeando a imediata atuação do Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC) que rapidamente promoveu os primeiros cortes de carga do apagão, praticamente quase nos mesmos 3.200 MW perdidos na geração, de modo que após cerca de 10 segundos do evento, a freqüência já havia sido praticamente restaurada.<br />Todavia, também como conseqüência dos cortes, as tensões em diversos pontos do sistema sofreram variações ainda maiores, apresentando valores anormais, sejam de sobretensões dinâmicas, sejam de subtensões, resultando em novos desligamentos automáticos e maior degradação da configuração do sistema e de suas condições operacionais. Neste processo, após cerca de 40 segundos, em virtude das próprias anomalias por que passava o sistema, ocorreu um evento crucial. Desligaram-se automaticamente cinco geradores da usina de Xingó, conduzindo a novos desligamentos de carga. E com mais 10 segundos, três geradores de usina de Paulo Afonso IV também se desligaram automaticamente.<br />Depois disto, a situação estava definida. Como foi explicitado antes, o sistema não suportaria uma “terceira contingência” sem as correspondentes conseqüências. Durante mais sete minutos o sistema permaneceu operando em condições bastante degradadas de tensão e freqüência, ainda com cerca de 2.300 MW de carga (menos de 30% da carga no início da perturbação), até que à 00h29min completou-se o colapso total, salvando-se apenas parte do sudoeste da Bahia (340 MW), ligada ao Sistema Sudeste, e o Estado do Piauí (473 MW) ligado ao Sistema Norte.<br />Portanto, diante de tudo que foi exposto acima, O ILUMINA-NE reafirma a sua convicção de que o apagão se produziu em razão direta da opção equivocada de se religar primeiro a linha e não a Barra B1 da subestação Luiz Gonzaga. Se a opção tivesse sido pelo religamento primeiro da Barra B1, nada de anormal teria acontecido.<br />Apenas, no instante em que se tentasse religar a linha já previamente energizada pelo terminal de Sobradinho, comprovando que ela estava realmente em condições normais, o problema iria se repetir como na primeira atuação à 00h08min, não se completando a ligação e desconectando-se a Barra B2 com a mesma indicação de “falha de disjuntor” (agora o disjuntor 15D2), mas neste caso mantendo-se íntegras as condições operacionais da subestação através da Barra B1 previamente energizada.<br />Então, se poderia perguntar. Por que não se fez assim? Juntando-se todas as informações disponíveis e em particular a gravação de voz do diálogo entre os operadores do ONS e da CHESF nos instantes imediatamente anteriores ao frustrado religamento da linha, à qual o ILUMINA-NE teve acesso, verifica-se perfeitamente que a opção equivocada que foi adotada decorreu daquilo que se poderia denominar de uma falha humana, no caso uma falha conjunta dos operadores da CHESF e do ONS. <br />Com efeito, à 00h17min, quando já se havia isolado o disjuntor 15C3 e se sabia apenas que o sistema de proteção havia indicado defeito no citado disjuntor, não se dispondo ainda de qualquer outra informação sobre o defeito na malfadada “cartela”, observa-se claramente que os operadores vão começar a recomposição do sistema de forma correta pela energização da Barra B1.<br />No entanto, um minuto depois, à 00h18min, o diálogo é retomado em outra direção, até que o operador do ONS pergunta se “a barra ainda está desenergizada”, ao que o operador da CHESF confirma e diz que “se você autorizar a gente pode botar a linha em carga e também normalizar todos os disjuntores da barra”. Note-se nesta frase a inversão da ordem, primeiro a linha e depois os disjuntores da barra. E aí o operador do ONS confunde-se e diz: “vamos fechar o disjuntor 15D2 lá de Luiz Gonzaga, tá?” E o operador da Chesf responde: “Ok. Fechar o disjuntor 15D2 de Luiz Gonzaga?”. “Isso”, confirma o operador do ONS. E logo os dois completam: “Em seguida normalizar a barra.” Ou seja, inadvertidamente haviam optado por começar pela linha.<br />Talvez esta opção conjuntamente adotada pelos dois operadores tenha sido influenciada pelo fato de que ela era mais simples, pois, já estando a linha energizada pelo terminal de Sobradinho, bastaria apenas o acionamento de um único disjuntor para recolocá-la em serviço, no caso o 15D2, enquanto a correta energização da Barra B1 exigia o acionamento sucessivo de vários disjuntores.<br />Abaixo está sendo reproduzido o referido diálogo, na íntegra, tal como poderá ser verificado no registro físico dos equipamentos correspondentes. O interlocutor indicado como COSR-NE é o operador do ONS, enquanto o interlocutor CORP é o operador da CHESF.<br />HorárioN. ChamadaInterlocutorTranscrição00:17 COSR-NEONS, Leonardo.  CROPÉ do CROP, Roniere.  COSR-NEOi Roniere.  CROPLeonardo, 0:17 está disponível a 05B1de Luiz Gonzaga  COSR-NE05B1. 0:17 disponibilizando?  CROPPositivo!  COSR-NEOk. Se você fechar o 14C3 você vai energizar ela em vazio por Luiz Gonzaga, né?  CROPNão. Mas o 15C3 já está isolado!  COSR-NESim. Eu digo 15C4, no caso?  CROPPositivo! Vai energizar a barra. A partir. Ééé.  COSR-NEPode normalizar a barra e deixar o 15C4 aberto, né?  CROPPode!  COSR-NEIsso, então está bom. Então pode normalizar a barra então de Luiz Gonzaga, tá?  CROPOk!  COSR-NE0:17, e deixando o 15C4 aberto porque a gente vai iniciar a manobra da 05C4 por Sobradinho!  CROPOk. Mas a 05C4 está energizada, ouviu? A que está fora é a C3!  COSR-NEah, é. Exatamente é. A C4 está energizada. Ok.   CROPOk?. Então posso iniciar a normalização da 05B1?  COSR-NEPode sim!  CROPOk!  COSR-NEPode normalizar, até mais!HorárioN. ChamadaInterlocutorTranscrição00:18 COSR-NEONS, Leonardo!  CROPLeonardo. é do CROP, Rui. 05C3 está energizado em vazio por Sobradinhho.  COSR-NEOk.  CROPColoco ela em carga, pelo perminal de Luiz Gonzaga?  COSR-NE122 kV. E isso aí cara? É Quanto a diferença de tensão. Entre barra e linha? Heim Rui?  CROPOi?  COSR-NEÉ Quanto a diferença de tensão. Entre linha e barra?  CROPDeixa eu ver o mínimo. Rapaz, lá não tem muita recomendação não. Pelo que eu estou.  COSR-NEA barra ainda está desenergizada, não é?  CROPPositivo! Se você autorizar a gente pode botar a linha em carga e também normalizar todos os disjuntores da barra.  COSR-NEOk. Então, Rui, vamos fechar o disjuntor 15D2 lá de Luiz Gonzaga, tá?  CROPOk, fechar o disjuntor 15D2 de Luiz Gonzaga?  COSR-NEIsso!  CROPEm seguida normalizar a barra. Pode ser?  COSR-NEEm seguida normalizar a barra!  CROPEm seguida normalizar o 05B1 de Luiz Gonzaga?  COSR-NEIsso!  CROPTranquilo, amigo, tchau!<br />O ILUMINA-NE considera mais adequado denominar esta atuação dos operadores como uma “falha” e não um “erro”, por que o erro se caracterizaria se houvesse um procedimento específico prescrito nos Procedimentos de Rede do ONS a ser seguido pelos operadores e eles tivessem optado por adotar uma ação diferente, o que não foi o caso.<br />Na ocasião, eles tinham duas alternativas a seguir e tinham de escolher uma delas. Embora uma das opções fosse bem mais segura e adequada do que a outra, não se poderia exigir daqueles operadores a obrigação de fazer a melhor escolha em um momento de pressão como aquele, onde o tempo passa rápido e a responsabilidade pesa, prejudicando a capacidade de julgamento. Então, eles foram levados pelo caminho que parecia mais fácil. Infelizmente havia uma “cartela” com defeito nesse caminho.<br />A Cartela  <br />Neste ponto, o ILUMINA-NE julga conveniente esclarecer a questão da tão falada “cartela”, que nos primeiros momentos foi indevidamente responsabilizada pelo apagão. Conforme já ficou perfeitamente claro, a causa real do apagão foi a ligação da linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1 antes de se recompor a subestação Luiz Gonzaga com a reenergização da Barra B1.<br />No entanto, não se pode deixar de registrar que a “cartela” defeituosa exerceu um papel decisivo na ocorrência, criando as circunstâncias que vieram a confundir os técnicos e induzir aos equívocos que finalmente provocaram o apagão<br />Note-se que a “cartela” é apenas um componente de um instrumento cuja função é justamente fazer a proteção de equipamentos principais contra defeitos que possam prejudicar esses equipamentos e/ou o próprio sistema. E, se esse instrumento, ele próprio, entra em defeito, provocando atuações e indicações indevidas, enquanto não for possível identificar esse defeito perde-se a informação do que de fato estava ocorrendo.<br />Assim, a tal “cartela”, pertencente ao dispositivo de proteção da linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, na subestação Luiz Gonzaga, ao entrar em defeito provocou a primeira falsa atuação a 00h08min. Mas não havia meios para se supor de imediato que esta era uma atuação falsa. Somente na sua repetição, à 00h21min, com atuação sobre outro disjuntor, tornou-se possível suspeitar da existência do defeito, que afinal veio a ser comprovado pela manutenção depois das cinco horas da manhã do dia 04/02.<br />Ressalte-se que instrumentos similares, com o mesmo tipo de “cartela”, existem às dezenas na subestação Luiz Gonzaga e em outras subestações do sistema da CHESF funcionando perfeitamente há muitos anos sem qualquer registro de defeito. Agora, tratando-se de instrumentos já antigos, consta que serão substituídos por instrumentos mais modernos.<br />Recomposição do Sistema<br />Embora a recomposição do sistema também merecesse alguns comentários, especialmente quanto a questões levantadas sobre a demora na reenergização de certas cidades, o ILUMINA-NE considera que esta operação reveste-se de bastante complexidade, estando sujeita a certos contratempos que de fato parecem ter ocorrido, mas prefere não se pronunciar sobre esta questão neste momento.<br />Apenas, aproveita a oportunidade para registrar a própria opinião do ONS que, a respeito, expressa o seguinte: “O desempenho das equipes de operação em tempo real foi considerado satisfatório, principalmente por ter sido necessário adotar ações não previstas nos procedimentos operativos, tendo em vista a dimensão sistêmica, a particularidade da ocorrência e ao insucesso na partida da UHE Xingó pelo sistema de auto-restabelecimento.”<br />Posicionamento do ONS<br />Antes de concluir, o ILUMINA faz questão de registrar com surpresa o incompreensível posicionamento assumido pelo ONS no trato desse problema, tanto no conteúdo do RAP quanto em declarações públicas do seu diretor-geral, onde fica patente a falta de isenção e um expresso desejo de culpar exclusivamente o agente (a CHESF) pela ocorrência, colocando-se à margem das responsabilidades. Em uma dessas declarações, como entrevistado, o diretor-geral do ONS chega a se auto atribuir e à sua organização de uma surpreendente inimputabilidade.<br />Sem pretender individualizar no NOS culpa pelo apagão do Nordeste, conforme se pode observar na análise isenta contida em todo este documento, o ILUMINA-NE registra, entretanto, que o ONS é de fato o responsável final pela operação do sistema na sua integralidade. Se a alguém ainda resta alguma dúvida sobre isto, transcreve-se abaixo trecho do Manual de Procedimentos da Operação: conceituação geral.<br />..............................<br />“4 – Responsabilidades Gerais/4.1 Do Operador Nacional do Sistema – ONS/4.1(b) Coordenar, supervisionar e controlar todo o processo de operação do sistema na rede de operação, realizado em tempo real, a partir do qual são emanadas as determinações para os agentes de operação efetuarem os comandos e as execuções na operação das instalações” (grifo nosso).<br />..............................<br />Portanto, de acordo com as atribuições legais previstas para o ONS, não caberia a afirmativa pública do seu diretor-geral de que “Se o agente me libera um equipamento para fechar, eu tenho que fechar o mais rápido possível. Não tenho restrição.” Pois deveria ter.<br />Recife, 27 de abril de 2011.<br />            ILUMINA - NE<br />                      Eng. José Antonio Feijó de Melo<br />     Diretor<br />Eng. João Paulo M. de Aguiar<br />     Diretor<br />Eng. José Araujo Pereira<br />     Diretor<br />
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Apagão Nordeste

  • 1. N O R D E S T E<br />O APAGÃO DO NORDESTE E SUAS CAUSAS<br />O ILUMINA acaba de tomar conhecimento do Relatório de Análise de Perturbação-RAP, oficialmente emitido pelo Operador Nacional do Sistema sob a referência ONS RE 3/0032/2011 e título ANÁLISE DA PERTURBAÇÃO DO DIA 04/02/2011 À 00H21MIN ENVOLVENDO OS ESTADOS DO NORDESTE, que trata da ocorrência popularmente conhecida como o apagão do Nordeste.<br />Reunindo o conteúdo desse Relatório com algumas informações extra-oficiais antes já disponíveis e, também, com dados constantes de outros documentos oficiais a que se teve acesso, o ILUMINA pôde formar um conjunto completo de informações sobre a referida ocorrência que lhe permite oferecer à sociedade nordestina e às autoridades um depoimento técnico isento sobre o evento, detalhando como e porque tudo aconteceu. É o que se faz por meio deste documento. Mas, desde já fazemos questão de expressar que discordamos das conclusões apresentadas pelo ONS no Relatório acima citado.<br />Considerações Preliminares<br /> De início, registramos que logo nos primeiros dias após a ocorrência do citado apagão, quando a grande mídia abria espaços para supostos especialistas apresentarem os mais estapafúrdios diagnósticos sobre as causas do apagão, em 09/02/2011 o ILUMINA publicava no seu site o documento intitulado “O APAGÃO, A IMPRENSA E OS ESPECIALISTAS”, no qual, além de contestar as bobagens que estavam sendo divulgadas, procurava encaminhar a questão para o seu verdadeiro sentido técnico, embora, naturalmente, por falta de dados, ainda de forma superficial.<br />Para bem situar a questão, abaixo será transcrito aquilo que foi de fato explicitado naquele documento para caracterizar tecnicamente o que teria ocorrido a 00h21min após a tentativa frustrada de religamento da primeira linha 500 kV Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, que provocou o desligamento automático da segunda linha 500 kV Sobradinho/Luiz Gonzaga C2 e da Barra B2 da subestação Luiz Gonzaga.<br />“Esta sim foi a grande perturbação cujos efeitos eletrodinâmicos provocaram as oscilações do sistema e certamente a conseqüente violação dos limites de estabilidade dinâmica do sistema naquela configuração da malha restante, quebrando assim o sincronismo entre suas partes e provocando a abertura das interligações com o sistema Norte e com o sistema Sudeste/Centro-Oeste, o que levou ao conseqüente colapso do sistema Nordeste”.<br />Pois bem, conforme está apurado e registrado nos diversos documentos técnicos pertinentes, na sua essência o apagão aconteceu absolutamente dentro dos referenciais colocados pelo ILUMINA no documento do dia 09/02, até mesmo quanto à “possibilidade de uma eventual e concomitante falha humana”, embora muito provavelmente as partes envolvidas não venham a concordar com esta hipótese específica.<br />O entendimento técnico exato de como e por que ocorreu este apagão não estaria ao alcance de pessoas não profissionalmente especializadas. A rigor, não bastaria ser técnico ou engenheiro eletricista para compreender de fato o que ocorre em casos como este. Além de ser um técnico nas questões eletro-energéticas, o profissional precisaria estar familiarizado com as subestações de alta e extra-alta tensão e particularmente com aquelas constituídas com o “arranjo” tecnicamente conhecido como de “disjuntor e meio” e barra dupla, como é a subestação Luiz Gonzaga e a grande maioria das subestações do Sistema Interligado Nacional. <br />Por isto, nos esclarecimentos que serão apresentados neste documento, na medida do possível, se procurará adaptar, ou “traduzir” a linguagem técnica para permitir ao público não especializado o entendimento das informações pertinentes às questões essenciais da ocorrência.<br />Como Ocorreu o Apagão<br />Naquela noite de 3 para 4 de fevereiro de 2011, o sistema elétrico do Nordeste funcionava normalmente, embora uma de suas importantes linhas de transmissão (LT 500 kV São João do Piauí/Milagres) estivesse desligada desde à 17h25min, por solicitação do seu proprietário, para manutenção de emergência.<br />Isto significa que o sistema estava desfalcado de uma peça importante o que, entretanto, não impedia o seu funcionamento normal, porque estava projetado para operar nesta condição de “contingência simples”, que equivale a perda de um de seus elementos, no caso a já citada linha São João do Piauí/Milagres.<br />Nesta situação, à 00h08min do dia 04 de fevereiro, na subestação Luiz Gonzaga, subitamente aconteceu o desligamento automático da linha 500 kV Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, conjuntamente com o desligamento da barra B1 da subestação Luiz Gonzaga, bem como do disjuntor de saída da referida linha na subestação de Sobradinho.<br />Segundo está registrado em todos os documentos oficiais, a única indicação mostrada pelos instrumentos da subestação como causa daquele desligamento era a atuação da proteção de “falha de disjuntor”, no caso o 15C3, que juntamente com o 15D2 conectavam a linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1 às barras da subestação Luiz Gonzaga.<br />Mas, como o sistema também estava preparado para suportar uma eventual “contingência dupla”, isto é, a perda de um segundo elemento, agora a linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, e sendo a subestação Luiz Gonzaga constituída de barra dupla com arranjo de disjuntor e meio, esta perturbação, de certo modo severa, não causou nenhum problema ao sistema, que continuou operando normalmente. Em outras palavras, nenhum consumidor sequer sentiu que havia ocorrido alguma coisa.<br />Note-se, porém, que após esta ocorrência o sistema elétrico do Nordeste ficou mais vulnerável, porque sua configuração resultou degradada e, assim, não seria capaz de suportar uma “terceira contingência” sem apresentar a correspondente conseqüência. Particularmente, a conexão entre as usinas de Sobradinho e Luiz Gonzaga passara a ser feita apenas por uma linha e a subestação Luiz Gonzaga perdera a flexibilidade operacional das “barras duplas” e agora operava apenas com uma barra (B2), à qual estavam ligadas todas as linhas que entravam ou saiam da subestação, bem como os geradores da usina Luis Gonzaga (por uma circunstância particular que não vem ao caso, dois geradores ficaram operando ligados diretamente à usina de Paulo Afonso IV, através da linha 500 kV Luiz Gonzaga/Paulo Afonso IV.<br />Portanto, diante de tais circunstâncias, tornava-se urgente recompor o sistema e, como não poderia deixar de ser, os operadores em serviço iniciaram as providências para este fim. Ao operador da CHESF, empresa proprietária das instalações em causa, cabe cuidar dos equipamentos, executar as tarefas previstas nos manuais e procedimentos, mas sem autoridade para ligar ou desligar qualquer equipamento sem a expressa autorização do operador do ONS. Ao operador do ONS cumpre controlar e comandar a operação do sistema de acordo com os Procedimentos de Rede aprovados e tomar decisões que se fizerem necessárias em tempo real para ligar ou desligar qualquer equipamento do sistema, autorizando o operador do proprietário (no caso a CHESF) a executar a tarefa.<br />Diante da indicação clara dos instrumentos de que o desligamento acontecera por “falha no disjuntor 15C3”, tudo parecendo que se tratava de uma atuação correta da proteção, os operadores fizeram o que devia ser feito e está previsto nos procedimentos. Primeiro que tudo procederam ao isolamento completo do referido disjuntor 15C3, supostamente avariado, através da abertura das correspondentes chaves seccionadoras, a fim de entregá-lo à manutenção para as necessárias verificações e eventuais reparos.<br />Feito isto, a luz das informações disponíveis tanto à CHESF quanto ao ONS, tudo estava pronto para se iniciar a urgente recomposição do sistema para as condições prévias à perturbação.<br />E aqui se inicia a fase crítica do problema que veio realmente a provocar o apagão. E como as coisas aconteceram? Ora, como havia dois importantes elementos a serem religados para restaurar as condições prévias do sistema, isto é, a Barra B1 da estratégica subestação Luiz Gonzaga e a linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, e não estar previsto nos Procedimentos de Rede qual desses dois elementos deveria ser ligado em primeiro lugar, os operadores tiveram de fazer uma opção na hora, isto é, em tempo real, como se diz no jargão do setor elétrico. Como será visto na sequência, a opção não foi feliz.<br />De fato, não seria tecnicamente difícil avaliar que o elemento mais importante e mais seguro para ser ligado em primeiro lugar seria o Barramento B1, porque assim se restauraria com segurança a configuração daquela estratégica subestação, a qual voltaria a operar com as suas duas barras energizadas, oferecendo aos equipamentos a elas conectados (linhas e geradores) maior segurança operacional. A ligação seria efetuada através do fechamento sucessivo dos disjuntores a ela (barra B1) conectados, naturalmente com a exceção do 15C3 que já havia sido isolado. Uma vez energizada a Barra B1, então se faria normalmente a ligação da linha.<br />A outra opção, a ligação em primeiro lugar da linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, não se apresentava como mais segura nem mais conveniente, porque seria feita sobre a Barra B2 da subestação que naquele momento estava operando na configuração vulnerável de “barramento simples”, o que, sem dúvida, representava um risco, como, aliás, veio a se confirmar.<br />Aqui, cabe registrar que é inteiramente equivocada a afirmativa de que “O restabelecimento desta LT (a linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1) restauraria de imediato as condições de segurança do Sistema Nordeste”. Não é verdade. Não restauraria, justamente porque para isto ainda faltaria a Barra B1 da subestação Luiz Gonzaga, de fundamental e imprescindível importância para a operação segura da subestação e do próprio Sistema Nordeste.<br />Como já se sabe, se a opção tivesse sido pela ligação em primeiro lugar da Barra B1, o apagão não teria acontecido. Mas, como se optou por ligar primeiro a linha, ao se efetuar o comando para tentativa de fechamento do disjuntor 15D2, à 00h21min, além de não se obter sucesso na ligação, se provocou o desligamento automático e simultâneo da segunda linha 500 kV Sobradinho/Luiz Gonzaga C2, da linha 500 kV Luiz Gonzaga/Milagres e da Barra B2 da subestação Luiz Gonzaga pela abertura automática de todos os disjuntores que estavam conectados a essa barra, tudo por conta da atuação da mesma proteção da linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, novamente mediante a indicação de “falha de disjuntor”, agora se referindo ao disjuntor 15D2. Esta repetição inesperada, naturalmente, sugeria que algo de estranho estaria ocorrendo com aquela proteção que, por isso, foi entregue à manutenção para as devidas verificações.<br />Efetivamente pode-se afirmar então que o apagão aconteceu em virtude deste religamento da linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1 antes de se reenergizar a Barra B1. A ligação desta linha não era possível, como de fato não foi, devido à existência de um defeito interno na cadeia de proteção da mesma que provocava a sua atuação acidental indevida, com uma falsa indicação de “falha de disjuntor”, na verdade inexistente, como veio a ser constatado pela equipe de manutenção cerca de cinco horas mais tarde.<br />Assim, os efeitos do desligamento da segunda linha 500 kV Sobradinho/Luiz Gonzaga C2, interrompendo brusca e totalmente a conexão e o fluxo de energia entre as subestações (e usinas) de Sobradinho e Luiz Gonzaga, juntamente com os demais desligamentos ocorridos no mesmo instante, provocaram oscilações dinâmicas no Sistema Nordeste em relação aos Sistemas Norte e Sudeste/Centro-Oeste, as quais ultrapassaram os seus respectivos limites tecnicamente toleráveis, quebrando o necessário sincronismo entre os sistemas e provocando a inevitável abertura das interligações Norte/Nordeste e Nordeste/Sudeste/Centro-Oeste, com o conseqüente ilhamento do Sistema Nordeste. Esta abertura das interligações evitou, inclusive, uma possível propagação dos efeitos da perturbação para o restante do Sistema Interligado Nacional.<br />Como naquele instante (00h21min) o Nordeste encontrava-se na condição de importador de energia, recebendo mais de 3.200 MW, cerca de 40% da carga naquele momento, este déficit instantâneo produziu como efeito técnico natural grandes reduções de tensão em diversos pontos do sistema e da freqüência, que caiu de 60 Hz (ciclos por segundo) para inaceitáveis 56,4 Hz, desencadeando a imediata atuação do Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC) que rapidamente promoveu os primeiros cortes de carga do apagão, praticamente quase nos mesmos 3.200 MW perdidos na geração, de modo que após cerca de 10 segundos do evento, a freqüência já havia sido praticamente restaurada.<br />Todavia, também como conseqüência dos cortes, as tensões em diversos pontos do sistema sofreram variações ainda maiores, apresentando valores anormais, sejam de sobretensões dinâmicas, sejam de subtensões, resultando em novos desligamentos automáticos e maior degradação da configuração do sistema e de suas condições operacionais. Neste processo, após cerca de 40 segundos, em virtude das próprias anomalias por que passava o sistema, ocorreu um evento crucial. Desligaram-se automaticamente cinco geradores da usina de Xingó, conduzindo a novos desligamentos de carga. E com mais 10 segundos, três geradores de usina de Paulo Afonso IV também se desligaram automaticamente.<br />Depois disto, a situação estava definida. Como foi explicitado antes, o sistema não suportaria uma “terceira contingência” sem as correspondentes conseqüências. Durante mais sete minutos o sistema permaneceu operando em condições bastante degradadas de tensão e freqüência, ainda com cerca de 2.300 MW de carga (menos de 30% da carga no início da perturbação), até que à 00h29min completou-se o colapso total, salvando-se apenas parte do sudoeste da Bahia (340 MW), ligada ao Sistema Sudeste, e o Estado do Piauí (473 MW) ligado ao Sistema Norte.<br />Portanto, diante de tudo que foi exposto acima, O ILUMINA-NE reafirma a sua convicção de que o apagão se produziu em razão direta da opção equivocada de se religar primeiro a linha e não a Barra B1 da subestação Luiz Gonzaga. Se a opção tivesse sido pelo religamento primeiro da Barra B1, nada de anormal teria acontecido.<br />Apenas, no instante em que se tentasse religar a linha já previamente energizada pelo terminal de Sobradinho, comprovando que ela estava realmente em condições normais, o problema iria se repetir como na primeira atuação à 00h08min, não se completando a ligação e desconectando-se a Barra B2 com a mesma indicação de “falha de disjuntor” (agora o disjuntor 15D2), mas neste caso mantendo-se íntegras as condições operacionais da subestação através da Barra B1 previamente energizada.<br />Então, se poderia perguntar. Por que não se fez assim? Juntando-se todas as informações disponíveis e em particular a gravação de voz do diálogo entre os operadores do ONS e da CHESF nos instantes imediatamente anteriores ao frustrado religamento da linha, à qual o ILUMINA-NE teve acesso, verifica-se perfeitamente que a opção equivocada que foi adotada decorreu daquilo que se poderia denominar de uma falha humana, no caso uma falha conjunta dos operadores da CHESF e do ONS. <br />Com efeito, à 00h17min, quando já se havia isolado o disjuntor 15C3 e se sabia apenas que o sistema de proteção havia indicado defeito no citado disjuntor, não se dispondo ainda de qualquer outra informação sobre o defeito na malfadada “cartela”, observa-se claramente que os operadores vão começar a recomposição do sistema de forma correta pela energização da Barra B1.<br />No entanto, um minuto depois, à 00h18min, o diálogo é retomado em outra direção, até que o operador do ONS pergunta se “a barra ainda está desenergizada”, ao que o operador da CHESF confirma e diz que “se você autorizar a gente pode botar a linha em carga e também normalizar todos os disjuntores da barra”. Note-se nesta frase a inversão da ordem, primeiro a linha e depois os disjuntores da barra. E aí o operador do ONS confunde-se e diz: “vamos fechar o disjuntor 15D2 lá de Luiz Gonzaga, tá?” E o operador da Chesf responde: “Ok. Fechar o disjuntor 15D2 de Luiz Gonzaga?”. “Isso”, confirma o operador do ONS. E logo os dois completam: “Em seguida normalizar a barra.” Ou seja, inadvertidamente haviam optado por começar pela linha.<br />Talvez esta opção conjuntamente adotada pelos dois operadores tenha sido influenciada pelo fato de que ela era mais simples, pois, já estando a linha energizada pelo terminal de Sobradinho, bastaria apenas o acionamento de um único disjuntor para recolocá-la em serviço, no caso o 15D2, enquanto a correta energização da Barra B1 exigia o acionamento sucessivo de vários disjuntores.<br />Abaixo está sendo reproduzido o referido diálogo, na íntegra, tal como poderá ser verificado no registro físico dos equipamentos correspondentes. O interlocutor indicado como COSR-NE é o operador do ONS, enquanto o interlocutor CORP é o operador da CHESF.<br />HorárioN. ChamadaInterlocutorTranscrição00:17 COSR-NEONS, Leonardo.  CROPÉ do CROP, Roniere.  COSR-NEOi Roniere.  CROPLeonardo, 0:17 está disponível a 05B1de Luiz Gonzaga  COSR-NE05B1. 0:17 disponibilizando?  CROPPositivo!  COSR-NEOk. Se você fechar o 14C3 você vai energizar ela em vazio por Luiz Gonzaga, né?  CROPNão. Mas o 15C3 já está isolado!  COSR-NESim. Eu digo 15C4, no caso?  CROPPositivo! Vai energizar a barra. A partir. Ééé.  COSR-NEPode normalizar a barra e deixar o 15C4 aberto, né?  CROPPode!  COSR-NEIsso, então está bom. Então pode normalizar a barra então de Luiz Gonzaga, tá?  CROPOk!  COSR-NE0:17, e deixando o 15C4 aberto porque a gente vai iniciar a manobra da 05C4 por Sobradinho!  CROPOk. Mas a 05C4 está energizada, ouviu? A que está fora é a C3!  COSR-NEah, é. Exatamente é. A C4 está energizada. Ok.   CROPOk?. Então posso iniciar a normalização da 05B1?  COSR-NEPode sim!  CROPOk!  COSR-NEPode normalizar, até mais!HorárioN. ChamadaInterlocutorTranscrição00:18 COSR-NEONS, Leonardo!  CROPLeonardo. é do CROP, Rui. 05C3 está energizado em vazio por Sobradinhho.  COSR-NEOk.  CROPColoco ela em carga, pelo perminal de Luiz Gonzaga?  COSR-NE122 kV. E isso aí cara? É Quanto a diferença de tensão. Entre barra e linha? Heim Rui?  CROPOi?  COSR-NEÉ Quanto a diferença de tensão. Entre linha e barra?  CROPDeixa eu ver o mínimo. Rapaz, lá não tem muita recomendação não. Pelo que eu estou.  COSR-NEA barra ainda está desenergizada, não é?  CROPPositivo! Se você autorizar a gente pode botar a linha em carga e também normalizar todos os disjuntores da barra.  COSR-NEOk. Então, Rui, vamos fechar o disjuntor 15D2 lá de Luiz Gonzaga, tá?  CROPOk, fechar o disjuntor 15D2 de Luiz Gonzaga?  COSR-NEIsso!  CROPEm seguida normalizar a barra. Pode ser?  COSR-NEEm seguida normalizar a barra!  CROPEm seguida normalizar o 05B1 de Luiz Gonzaga?  COSR-NEIsso!  CROPTranquilo, amigo, tchau!<br />O ILUMINA-NE considera mais adequado denominar esta atuação dos operadores como uma “falha” e não um “erro”, por que o erro se caracterizaria se houvesse um procedimento específico prescrito nos Procedimentos de Rede do ONS a ser seguido pelos operadores e eles tivessem optado por adotar uma ação diferente, o que não foi o caso.<br />Na ocasião, eles tinham duas alternativas a seguir e tinham de escolher uma delas. Embora uma das opções fosse bem mais segura e adequada do que a outra, não se poderia exigir daqueles operadores a obrigação de fazer a melhor escolha em um momento de pressão como aquele, onde o tempo passa rápido e a responsabilidade pesa, prejudicando a capacidade de julgamento. Então, eles foram levados pelo caminho que parecia mais fácil. Infelizmente havia uma “cartela” com defeito nesse caminho.<br />A Cartela <br />Neste ponto, o ILUMINA-NE julga conveniente esclarecer a questão da tão falada “cartela”, que nos primeiros momentos foi indevidamente responsabilizada pelo apagão. Conforme já ficou perfeitamente claro, a causa real do apagão foi a ligação da linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1 antes de se recompor a subestação Luiz Gonzaga com a reenergização da Barra B1.<br />No entanto, não se pode deixar de registrar que a “cartela” defeituosa exerceu um papel decisivo na ocorrência, criando as circunstâncias que vieram a confundir os técnicos e induzir aos equívocos que finalmente provocaram o apagão<br />Note-se que a “cartela” é apenas um componente de um instrumento cuja função é justamente fazer a proteção de equipamentos principais contra defeitos que possam prejudicar esses equipamentos e/ou o próprio sistema. E, se esse instrumento, ele próprio, entra em defeito, provocando atuações e indicações indevidas, enquanto não for possível identificar esse defeito perde-se a informação do que de fato estava ocorrendo.<br />Assim, a tal “cartela”, pertencente ao dispositivo de proteção da linha Sobradinho/Luiz Gonzaga C1, na subestação Luiz Gonzaga, ao entrar em defeito provocou a primeira falsa atuação a 00h08min. Mas não havia meios para se supor de imediato que esta era uma atuação falsa. Somente na sua repetição, à 00h21min, com atuação sobre outro disjuntor, tornou-se possível suspeitar da existência do defeito, que afinal veio a ser comprovado pela manutenção depois das cinco horas da manhã do dia 04/02.<br />Ressalte-se que instrumentos similares, com o mesmo tipo de “cartela”, existem às dezenas na subestação Luiz Gonzaga e em outras subestações do sistema da CHESF funcionando perfeitamente há muitos anos sem qualquer registro de defeito. Agora, tratando-se de instrumentos já antigos, consta que serão substituídos por instrumentos mais modernos.<br />Recomposição do Sistema<br />Embora a recomposição do sistema também merecesse alguns comentários, especialmente quanto a questões levantadas sobre a demora na reenergização de certas cidades, o ILUMINA-NE considera que esta operação reveste-se de bastante complexidade, estando sujeita a certos contratempos que de fato parecem ter ocorrido, mas prefere não se pronunciar sobre esta questão neste momento.<br />Apenas, aproveita a oportunidade para registrar a própria opinião do ONS que, a respeito, expressa o seguinte: “O desempenho das equipes de operação em tempo real foi considerado satisfatório, principalmente por ter sido necessário adotar ações não previstas nos procedimentos operativos, tendo em vista a dimensão sistêmica, a particularidade da ocorrência e ao insucesso na partida da UHE Xingó pelo sistema de auto-restabelecimento.”<br />Posicionamento do ONS<br />Antes de concluir, o ILUMINA faz questão de registrar com surpresa o incompreensível posicionamento assumido pelo ONS no trato desse problema, tanto no conteúdo do RAP quanto em declarações públicas do seu diretor-geral, onde fica patente a falta de isenção e um expresso desejo de culpar exclusivamente o agente (a CHESF) pela ocorrência, colocando-se à margem das responsabilidades. Em uma dessas declarações, como entrevistado, o diretor-geral do ONS chega a se auto atribuir e à sua organização de uma surpreendente inimputabilidade.<br />Sem pretender individualizar no NOS culpa pelo apagão do Nordeste, conforme se pode observar na análise isenta contida em todo este documento, o ILUMINA-NE registra, entretanto, que o ONS é de fato o responsável final pela operação do sistema na sua integralidade. Se a alguém ainda resta alguma dúvida sobre isto, transcreve-se abaixo trecho do Manual de Procedimentos da Operação: conceituação geral.<br />..............................<br />“4 – Responsabilidades Gerais/4.1 Do Operador Nacional do Sistema – ONS/4.1(b) Coordenar, supervisionar e controlar todo o processo de operação do sistema na rede de operação, realizado em tempo real, a partir do qual são emanadas as determinações para os agentes de operação efetuarem os comandos e as execuções na operação das instalações” (grifo nosso).<br />..............................<br />Portanto, de acordo com as atribuições legais previstas para o ONS, não caberia a afirmativa pública do seu diretor-geral de que “Se o agente me libera um equipamento para fechar, eu tenho que fechar o mais rápido possível. Não tenho restrição.” Pois deveria ter.<br />Recife, 27 de abril de 2011.<br /> ILUMINA - NE<br /> Eng. José Antonio Feijó de Melo<br /> Diretor<br />Eng. João Paulo M. de Aguiar<br /> Diretor<br />Eng. José Araujo Pereira<br /> Diretor<br />