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Aspectos a serem avaliados na aquisição de Cofres e Congêneres
1. Introdução
Na área de segurança, muito se tem falado e escrito em jornais e revistas especializados sobre equipamentos eletro-
eletrônicos (alarmes, sensores, C.F.T.V., monitoramentos, gestores de segurança) e sobre a capacitação do profissional
como elo dentro da área.
Vidros, Policarbonato e, mais atualmente, os Acrílicos de alta
densidade ganham espaço na blindagem de carros e de áreas
que requerem este tipo de produto. Já temos até uma
NBR15.000 para transparentes e opacos.
Farto material já esta disponível no mercado brasileiro para
quem quiser adquirir conhecimento ou informação acerca
destes produtos. No entanto, uma área de grande
importância e que ainda vive na sombra são os cofres, portas
fortes, portas blindadas.
Pouco se sabe, nesta área, dos meios disponíveis para a aferição de qualidade; quais os testes, homologações ou
informações que existem para se efetuar uma aquisição segura, satisfatória. Estes produtos são como uma enorme “Caixa
Preta”…
O segmento destes equipamentos nos últimos anos tem sofrido alterações significativas, mas perdura ainda um alto grau
de informalidade, por não haver ainda uma classificação que possa apontar ou medir a eficiência destes produtos.
Temos hoje uma situação limite, na qual o mercado divide-se entre empresas que possuem conhecimento de normas e
técnicas de fabricação americana ou europeia e as demais, sem as mínimas qualificações, mas que ostentam em seus
equipamentos os rótulos “Cofres… Portas Fortes…” lesando profundamente o proprietário do bem guardado em caso de
sinistro.
Alguns fabricantes ainda sobrevivem graças à expectativa do futuro comprador de que o bem adquirido irá atender ao
objetivo ou qualidade imaginada; ou ainda a relação entre o valor pago pelo produto e sua eficiência. No entanto, poucos
usuários e técnicos sabem como avaliar adequadamente o equipamento que está sendo adquirido.
O momento é oportuno para esclarecer, chamar atenção e trazer informações que são vitais na hora da aquisição.
1. Normalização
No Brasil, quem poderia adotar tendências, referências, especificar ou orientar níveis de resistência é o Instituto de
Resseguros do Brasil (I.R.B) por exemplo.
No entanto, as exigências são mínimas: não há homologações ou testes indicados.
No início dos anos 80, houve um movimento dos fabricantes, bancos, engenharias e demais segmentos representativos
com o objetivo de normatizar tais equipamentos. Sob a orientação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e
dentro do Sistema Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial buscou-se especificar e normatizar estes
produtos. O projeto foi elaborado mas nunca fixado.
Na época foram descritas quatro classes de resistência (D15 – C30 – B30 – A60) . Esta classificação era indicada para cofres
resistentes a roubo e havia um paralelo com a norma U.L.
 O projeto elaborado continha as definições de:
a) Ferramentas de ataque
b) Sistemas construtivos
c) Fechamento
d) Tempos líquidos de trabalho (Ataque)
e) Blindagens mínimas da carcaça (Aço, Concreto em milímetros e sua resistência em MPa).
f) Portas
g) Dobradiças
h) Travamento
i) Execução de métodos
j) Amostras
 No Brasil a lei n. 9017 de 30/03/1995 altera dispositivos da lei 7102 de 20/06/1983 que dispõem sobre segurança para
estabelecimentos financeiros, serviços de vigilância e transporte de valores. Segundo a lei 7102:
Art.1- É vedado o funcionamento de qualquer estabelecimento financeiro onde haja guarda de valores ou movimentação
de numerário, que não possua sistemas de segurança aprovado pelo Banco Central do Brasil, na forma desta lei.
Parágrafo único. Os estabelecimentos financeiros referidos neste artigo compreendem bancos oficiais ou privados, caixas
econômicas, sociedades de créditos, associações de poupanças, suas agências, subagências e seções.
Art.2- O sistema de segurança referido no artigo anterior inclui pessoas adequadamente preparadas, assim chamadas
vigilantes; alarmes capaz de permitir, com segurança, comunicação entre o estabelecimento financeiro e outro da mesma
instituição, empresa de vigilância ou órgão policial mais próximo; e, pelo menos, mais um dos seguintes dispositivos:
 Equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens que possibilitem a identificação dos assaltantes;
 Artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua perseguição, identificação ou captura;
 Cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilante durante o expediente para o público e enquanto houver
movimentação de numerário no interior do estabelecimento.
Parágrafo único. O Banco Central do Brasil poderá aprovar o sistema de segurança dos estabelecimentos financeiros
localizados em dependência das sedes de órgãos da União, Distrito Federal, Estados, Municípios e Territórios,
independentemente das exigências deste artigo.
 No mundo de hoje poderíamos dizer que há uma tendência para as normas UNDERWRITER LABORATORIES INC. (U.L.) ou
EUROPEAN SAFE RATING COMMITTEE – norma EN1143-1.
 A norma europeia (EN1143-1) descreve os requerimentos, classificação e métodos de testes para avaliação dos produtos
na unificação da Europa. Ela fixa pontos comuns para os fabricantes destes equipamentos, buscando assegurar um
padrão de qualidade mensurável.
 Norma EN 1143-1, fixa 11 níveis de classificação para cofres e 14 níveis para Portas Fortes / Caixas Fortes.
 Normas UNDERWRITES LABORATORIES INC (U.L)
A normatização de produtos de segurança no mercado norte americano submetem-se a:
 Combinações de Segredo – U.L 768
 Fechaduras de Tempo – (Delay) U.L 887
 Portas Fortes / Painéis Modulares – U.L 608
Classe 1 – ½ Hora
Classe 2 – 1 Hora
Classe 3 – 3 Horas
 Relocking Devices (Safes e Vaults) – U.L 140
 Cofres
TL 15 – TL 15×6
TL 30 – TL 30×6
TRTL 15 – TRTL 15×6
TRTL 30 – TRTL 30×6
TRTL – 60×6
TXTL – 60
*TL, TR, TX: Padronização de ensaios.
*15/30/60: Tempo liquido de ataque em laboratório (na porta).
*x6: Indicativo que o tempo de ataque é padrão para qualquer face do cofre.
 Comparação de classes
Classe 8 11 12 15 17 18 21 22 23
Euro / Cen I II III IV V VI VII
U.L.
TL 15
TL 15×6
TL 30
TL
30×6
TRTL 30 TRTL 15×6
TRTL
30×6
TRTL
60×6
TXTL –
60
1. Avaliações Preliminares
Em nosso dia a dia, quem trabalha na área ou envolvido com a temática de segurança, sempre vai direcionar seu olhar para
a variável tempo.
Nunca conseguiremos ter do trinômio Ferramentas, Habilidade e Tempo as três variáveis.
Ferramentas e habilidade do agressor sempre serão uma incógnita, seja para o assalto, roubo ou infidelidade. No entanto,
todos os segmentos quer sejam eletrônicos, vigilância humana ou física (fechaduras, blindagens, vidros, cofres,
interpostos fisicamente) sempre tentam criar barreiras de tempo para retardar, frustrar, persuadir o ataque.
Níveis maiores de segurança, seleciona-se o tipo de agressor, impondo ao mesmo uma maior especialização para o
respectivo ataque. Por outro lado, interpondo-se os níveis de dificuldade, diminui-se sobremaneira o ataque e sua
reincidência.
O ponto ótimo da segurança virá do equilíbrio nos investimentos entre segurança eletrônica, humana e física (lembrando
aqui que segurança física reporta a: Cofres, Portas Blindadas, Fechaduras, Vidros ou qualquer meio físico que se interponha
no caminho do agressor) .
Um sistema bem planejado e balanceado permitirá um gasto adequado para uma situação de risco.
1. Meios de Ataque
Podemos destacar três formas básicas: mecânica, térmica e explosivos, com suas respectivas ferramentas e metodologias
de ataques.
As ferramentas empregadas no ataque indicam o grau de conhecimento, a técnica e o perfil do agressor; separam os
oportunistas dos profissionais, enfim, mostram o grau de capacitação do agressor.
 Oxi-acetilênicas
O aço de modo geral funde-se na faixa de 1100 o C, é facilmente atacado por ferramentas térmicas do tipo oxi-acetilênicas
ou ainda com o plasma.
Os equipamentos oxi-acetilênicos são facilmente encontrados e adquiridos no mercado, visto que são utilizados por vários
segmentos industriais.
Seu poder de ataque relaciona-se com quantidades de gases disponíveis em seus cilindros. Chapas grossas consomem mais
mistura dos gases, mas mesmo os equipamentos portáteis são letais.
O operador tem que saber regular a chama para atingir a quantidade de graus necessária para a destruição do aço.
 Plasma
O plasma é também largamente utilizado na industria metalúrgica. Em linhas gerais, é um canhão de elétrons capaz de
gerar temperaturas de até 16.000oC com equipamentos portáteis como uma C.P.U. de computador e é dependente de um
pequeno compressor. Seu funcionamento é simples, silencioso; o ataque é pontual. Pode abrir rasgos que variam desde
milímetros até polegadas de espessura.
O usuário não precisa ter conhecimentos técnicos específicos. A destrutividade nas famílias de aços é muito alta.
 Esmeril Diamante
Outra arma de grande poder de destruição é o disco de corte ou esmeril diamante.
Seu ataque é também pontual e seu poder de destruição fica subordinado à capacidade de potência (W) da máquina e do
disco de corte utilizado. Normalmente utilizam-se derivados de óxido de alumínio (corindum) na fabricação do disco, em
função de seu elevado poder de dureza (9 mohs). Novas famílias de abrasivos como o Carbeto de Silicio, estão aparecendo
no mercado e com eficiências próximas ao diamante em termos de sua dureza.
Estes abrasivos como Carbeto de Silicio* são utilizados para fabricar lixas de pedras preciosas – lapidar diamantes. Mesmo
com os discos mais modernos, tem a desvantagem de fazer barulho, causado pelo motor e atrito.
Chapas de aço com alto teor de carbono (1045/1090) ou mescladas com manganês são as recomendadas para retardar ou
até persuadir o ataque. A espessura é sempre de vital importância.
* Carbeto de Silício é produzido em forno elétrico através da reação de sílica de alta pureza (quartzo) com o carbono (coke)
à temperatura de 2450 ºC. É um produto largamente utilizado em rebolos abrasivos, discos, lixas, rebolos magnesianos e
refratários por apresentar altíssima dureza.
 Lança Térmica (Burning Bar)
Equipamento pouco conhecido, com elevado grau de dificuldade em sua utilização.
Composto em linhas gerais, de um tubo de 3 a 6 metros com filamentos de alumínio ou outro material em seu interior. Em
um dos pontos da entrada injeta-se uma mistura de gases inflamáveis sob pressão. Após ignição destes gases, a ponta
oposta chega rapidamente acima dos 2500 o C perfurando paredes, aço etc.. Uma arma letal, mas tem suas desvantagens:
em função de suas dimensões, há a necessidade do operador ter um alto grau de conhecimento, o uso de roupas e
máscaras térmicas, pois o ambiente rapidamente ficará com temperatura insuportável; e, por fim, a possibilidade de
destruição do objeto de valor visado no ataque; por isso é pouco utilizado. Misturas de componentes à base de cerâmica
causam o retardamento no ataque.
 Marteletes – Elétricos / Hidráulicos
Utilizados essencialmente para ataques de destruição do concreto.
Os equipamentos podem ser elétricos ou hidráulicos com performance ótima tanto maior for a potência do
mesmo. Ataque pontual de grande eficiência; o barulho e a vibração, entretanto, depõem contra sua utilização.
 Furadeiras / Furadeiras de Impacto
Sua característica é a potência. No entanto, o principal neste item é que o agressor terá que ter um grande conhecimento
de brocas e, principalmente, afiação.
Esta será sempre uma marca de índice técnico do ataque de um agressor de muita perícia.
O agressor deve ser altamente qualificado, na medida em que deve conhecer os diversos materiais e ligas empregados na
constituição das blindagens dos cofres, portas fortes ou paredes…
O aço e suas famílias, alumínio e outras ligas requerem conhecimento profundo no ângulo de afiação de brocas e modos de
ataque. Isto exige perda de tempo e o esforço físico exagerado.
O concreto, sua espessura e dureza requerem outros modelos e ângulos de afiação, o que eleva o tempo de ataque. Um
equivoco na afiação adequada inviabiliza ou frusta o ataque.
Já as furadeiras de base magnéticas com serra de copo de aço rápido ou com diamante são orientadas para ataques em
Cash´s ou Atm´s. Sua ação é letal e rápida. Hoje largamente utilizada em ataques pelo seu alto poder administrativo
 Marretas, ponteiros, talhadeiras, alavancas e cunhas.
Um ataque destrutivo impõe circunstâncias específicas e denuncia a habilidade do agressor.
Apesar de simples, estas ferramentas são empregadas largamente. Nestes casos, a força física é uma marca. A utilização de
cunhas e alavancas, por outro lado, mostra uma habilidade criteriosa, refinada e um grau profundo de ataque.
 Informação
Colocamos aqui a informação como ferramenta, dada importância da mesma na elaboração do ataque.
Conhecer as informações que vazam para o exterior da empresa é de grande importância.
Gerir, acompanhar o trânsito destas informações, é fundamental; assim como é fundamental conhecer também todos os
demais meios empregados como defesa. Isso vale inclusive para o “técnico” que conserta o equipamento dentro da
empresa ou da residência etc….
Uma informação criteriosa em mãos estranhas é capaz de romper com vários níveis de segurança e expor, fragilizar tanto o
Cliente quanto funcionários e o próprio equipamento.
Existem soluções simples que ajudam, colaboram, para que estas situações sejam minimizadas.
Caso a caso pode-se implementar e implantar informações que visem criar uma atmosfera de defesa.
Converse com o seu consultor de segurança sobre as possibilidades.
 Mixas e Gazuas.
Nos EUA existe um órgão centralizador de informações sobre os “chaveiros” (Locksmith). Estes profissionais têm livros,
publicações com detalhes construtivos da maioria dos equipamentos e metodologias para abertura técnica (arrombamento
técnico) do mundo inteiro.
Mixas e Gazuas são pequenas hastes de metal que visam a desarmar os segredos contidos nas fechaduras tipo gorja e
outras.
Fechaduras de alto nível não permitem serem abertas por estes procedimentos, dificultam a cópia de suas chaves, e apenas
a destruição da fechadura em si pode provocar a abertura do equipamento.
 Explosivos
De todos o mais complexo seja para fabricar, adquirir ou operar.
Seu uso é restrito e as conseqüências de sua utilização nem sempre atende à expectativa.
Pouco utilizado.
 Aspectos técnicos a serem avaliados na aquisição de cofres
A concepção, o estudo e a construção de cofres fortes devem considerar critérios específicos de segurança. O estudo deve,
em consequência, passar por um exame detalhado sobre:
 Carcaça
Os invólucros externos e internos são produzidos a partir do aço carbono SAE 1020 (1) devido a suas características físicas de
ductilidade (dobramento) e dureza.
(1) SAE 1020 – Especificação técnica do teor de carbono presente em ligas de ferro.
A característica 10 indica a família do aço e 20 a quantidade de carbono presente na liga. Este teor ótimo permite o
trabalho de dobras e usinagem.
A nomenclatura usada é de abrangência internacional
As espessuras mais comumente utilizadas são: 1,2 mm, 1,5 mm, 1,9 mm e 3,0, 4,75 e 6,35 mm tanto interna quanto externa
ou sua mescla. Ressaltamos que, quanto maior a espessura das chapas, maior é o tempo gasto no rompimento da
carcaça. Por causa disto, o agressor deverá utilizar mais acetileno, mais disco de desbaste, desgaste físico, em
consequência aumenta-se a perda de tempo.
O limite na área industrial é inerente à capacidade de dobra (espessura de chapa), corte e peso final do produto.
Uma espessura adequada compreenderia algo em torno de 3,0 a 6,35 mm tanto externa quanto na caixa interna. Os
fornecedores de aço atendem normas ABNT e internacionais quanto à normatização e nomenclatura, assegurando chapas
de aço de ótima qualidade.
 A tendência europeia é a utilização de estruturas cada vez mais finas, chegando a utilizar chapas de 0,7mm de espessura
nos invólucros. Por outro lado, os europeus desenvolveram concretos de excepcionais durezas, conferindo um melhor
desempenho quando sob ataque por oxi-corte e disco de corte e destruição.
 No mercado americano as chapas grossas de aço dominam o mercado, em função de disporem de grandes reservas de
minerais, de terem uma estrutura industrial mais direcionada a sistemas pré-montados e, além disso, garantirem um
baixo preço.
Deve-se ressaltar ainda que muito dos desenvolvimentos de blindagens de cofres deve-se ao ataque em si. As ferramentas
e técnicas empregadas sempre reforçam a orientação para este ou aquele tipo de blindagem mais adequada.
Um agravante na era moderna é o peso. A verticalização na construção civil - prédios (carga na laje) e elevadores – obriga
a equipamentos mais leves e ao mesmo tempo mais robustos.
 A norma EN1143-1 europeia, impõe a ancoragem ou o chumbamento de cofres tipicamente abaixo de 1.000 Kg.
 Concreto
O concreto é obtido a partir de misturas adequadas de cimento, areia, pedra e agregados, levando-se em conta as
características de seus componentes.
A resistência do concreto modifica-se de acordo com um grande número de parâmetros:
- Resistência do cimento,
- Dosagem entre cimento e água,
- Natureza e curvas granulométricas dos agregados,
- Condições de mistura e de vibração.
O concreto novo é maleável, e permite deformação durante algumas horas. O concreto endurece progressivamente para
ficar como um tipo de rocha artificial resistente e econômica.
Os agregados devem ser de boa qualidade mineral, duros e limpos: cascalho com resistência à compressão superior a 1.400
Kg/cm2 e uma areia silicosa muito limpa com modo de finura de aproximadamente 2,2 a 2,8 mm.
Com a evolução dos aditivos, pode-se elevar a resistência final do concreto, tanto para diminuir a espessura final das
paredes do produto e, em conseqüência, diminuir o peso, bem como para garantir uma dificuldade maior no
arrombamento.
Tradicionalmente obtêm-se resistência entre 16 a 45 MPa(1).
(1)MPa – Resistência à compressão, dada em Kgf por centímetro quadrado.
Com a utilização de agregados como a sílica ativa e plastificantes obtêm-se resistências finais à compressão entre 45 a 100
MPa com adensamento otimizado. A resistência final é obtida após 28 dias e é vedado o uso de aditivos aceleradores de
pega.
Hoje recomenda-se, basicamente, para determinados níveis de segurança, entre 45 e 80 MPa e, em casos especiais, até
100 MPa.
Salientamos ainda que o concreto, uma vez consolidado, é uma rocha – inflexível, um monólito (como a coluna de um
prédio em que, se não houver ferros estruturantes, haverá o aparecimento de trincas e rachaduras, colocando-a em risco).
Para contornar este problema os fabricantes de concreto brasileiros sugerem a introdução de uma proporção adequada de
Dramix(1) ou telas de aço.
(1) Dramix: Material largamente empregado pela construção civil na elaboração de pisos e colunas; são agulhas de aço de
várias medidas e espessuras que, em proporção adequada na massa do concreto, uma vez solidificado, formam uma tela
flexível, o que dificulta o arrancamento (degradação) por impacto no concreto; além disso, previnem o aparecimento de
trincas e fendas.
O Dramix é também o melhor aliado contra o ataque por disco de corte, promovendo o deterioramento acentuado da
ferramenta. Dada a sua condição de agregado, uma vez rompido o invólucro externo do cofre, ele provoca o
desfibramento do disco de corte.
As espessuras de concretos recomendadas devem variar de um mínimo de 50mm a 150mm – com resistência final (28 dias)
de 80 MPa ou 815 Kgf/cm2 para níveis hierárquicos de segurança.
A massa constituinte poderá ser testada em laboratório brasileiro para certificação e garantia da qualidade. Exija.
Sugerimos ainda para adequação a U.L. TL30x6, no caso dos cofres, a inclusão de chapa de 3 mm de aço manganês nas seis
faces ou um sistema tipo veneziano em aço SAE 1045 ou 1070.
O aço manganês, possui uma característica muito particular que faz com que, quando atacado por instrumentos tipo broca,
disco de corte, abrasivos de modo geral, seus grãos aglutinem-se, criando uma alta resistência à abrasão. (Vale lembrar
que peças críticas no meio automobilístico, como rolamentos, são sempre e exclusivamente em aço manganês em função
de sua qualidade única).
O aço manganês é, ainda hoje, uma das melhores defesas contra essas ferramentas de abrasão.
No Brasil uma novidade recente são chapas de aço carbono revestida por soldagem com liga do tipo Carboneto de Cromo
com elementos adicionais formadores de carbonetos, nióbio e boro. As placas são fornecidas em medidas padrões. O
modelo em ondas com pequenas mudanças na orientação do curso dos cordões de solda gera vários benefícios na
resistência ao desgaste da placa. Aplicações-Revestimento de partes e peças contra altas taxas de abrasão e erosão.
Características Mecânicas – Dureza: 50 a 55 HRc
 Dobradiças, Pivôs e Mancais
O lay-out de fabricação do corpo e da porta deve contemplar reentrâncias e saliências para, justapor um sistema tipo
macho e fêmea no lado das dobradiças. Esta solução obtém melhor performance do que a inserção de pivôs fixos ou
moveis.
As dobradiças ou pivôs são elementos de articulação e devem garantir, em caso de arrancamento ou destruição, a fixação
da porta à estrutura do corpo.
Normalmente em aço carbono SAE 1020 trefilado, usinado contendo rolamentos axiais e radiais.
Deverão estar bem dimensionados em função do peso da porta e devem possibilitar o giro de 180 graus.
 Chapa frontal
Em aço carbono SAE 1020, espessuras mínimas indicadas seriam ente 4,75 ou 6,35mm, podendo adotar-se espessuras
maiores.
Esta chapa deverá estar ancorada ao concreto através de nervuras tipo “Z” ou barras retorcidas, evitando-se seu
arrancamento.
 Blindagem Química
A blindagem química é um recurso utilizado contra a utilização do ataque térmico como o oxi-acetilêno.
Existem vários tipos e composições de blindagens químicas, porém as mais utilizadas são dos tipos sufocantes, vomitivas e
lacrimôgenicas.
Há ainda as neurotóxicas, altamente tóxicas e as hemotóxicas, mas sua utilização é restrita e impõe autorização militar.
São utilizados em cofres e portas fortes de níveis maiores de segurança.
Em caso de ataque por maçarico (temperatura igual ou maior que 1100 o C), há a emissão de gases pela ação do calor e,
após o rompimento da chapa de aço, os gases expelidos entram em incandescência. Na combustão, emitem fumaça
sufocante, de modo a obrigar o agressor a paralisar o ataque ou a utilizar máscaras e roupas especiais.
Defesa pontual e significativa contra a utilização do maçarico; sua eficiência é incontestada.
Normalmente constituída de uma camada de 15 a 20 mm de uma mistura entre breu e enxofre com uma manta de asfalto
oxidado (ulha). Sua aplicação se dá quente e requer cuidados especiais.
 Placa de fixação do segredo ou chapa intermediária
Chapa de aço carbono SAE 1020 com espessura mínima de 3mm , idealmente é indicado de ½´´ ou 12,7 mm. Soldada com a
almofada, fecha a câmara de blindagem do concreto.
É preciso garantir uma ancoragem firme e que a mesma suporte a fixação de acessórios adequadamente como TIME
DELAY, Triplecronométricas, trava de gestores etc.
 Elemento de defesa frontal
O ataque de nível técnico caracteriza-se pela perfuração através da chapa frontal para além das camadas sucessivas de
blindagens, com o objetivo de romper as travas internas, quais sejam, lingüeta da combinação de segredo e fechadura.
É um ataque pontual, de grande eficiência e mostra que o agressor é perito.
Sabendo-se tamanho da caixa de segredo e fechadura, estuda-se o local adequado para perfuração por broca e a
conseqüente inutilização da trava.
Para criar um alto grau de dificuldade, podemos sugerir:
 Após a camada de blindagem química, a utilização do óxido de alumínio (corindum) com dureza de 9 MOHS. Mineral
natural de dureza inferior apenas ao diamante, tem a finalidade de desgastar a ponta da broca e disco de corte. Eficiência
elevada.
 Placas de aço manganês precedendo os órgãos de trancamento. Espessuras entre 03 e 08mm, são indicadas, ou
 No Brasil uma novidade recente são chapas de aço carbono revestida por soldagem com liga do tipo Carboneto de Cromo
com elementos adicionais formadores de carbonetos, nióbio e boro. As placas são fornecidas em medidas padrões. O
modelo em ondas com pequenas mudanças na orientação do curso dos cordões de solda gera vários benefícios na
resistência ao desgaste da placa. Aplicações-Revestimento de partes e peças contra altas taxas de abrasão e
erosão. Características Mecânicas – Dureza: 63 a 65 HRc
 Relocking – Intertravamento
Deverão atender às recomendações contidas na norma U.L.-140.
Confeccionado em aço carbono SAE 1020 trefilado com diâmetro mínimo de ½” no ponto de trava .
O sistema é montado após a chapa intermediária sobre lâmina de cristal plano temperado de 6mm que abrange todo o
perímetro da área de segredo ou fechadura. A lâmina deve ter furos que permitam a passagem do eixo do segredo, chaves
e ponto de fixação das travas. A placa deve ser fixada com o uso de coxins de borracha para que impeçam o contato direto
do vidro com a estrutura .
Este sistema é largamente utilizado e garante uma performance ótima contra vários tipos de ataque de ataque.
O sistema é simples e de alta eficiência. Em linhas gerais, se uma broca varar todo o sistema de blindagens sucessivas e
atravessar a chapa intermediária objetivando as lingüetas de trava, esta tocará no vidro. O vidro, ao ser submetido à
tensão, se romperá, liberando as travas internas que lacrarão definitivamente a porta. Obrigará a novos ataques para a
liberação das travas ou à destruição significativa da porta. (O controle de profissionais capacitados e autorizados que
prestem assistência técnica é de fundamental importância para que preservem a integridade do sistema de segurança; com
isso, evita-se a marcação de pontos de ataque e o vazamento de informações.).
As travas são ativadas por molas e possuem dispositivos que impedem o seu retorno.
Deverá ainda haver uma trava de viagem para que se evite o travamento da porta em caso de quebra acidental do vidro
durante o transporte ou instalação do equipamento.
As instruções para a remoção da trava de viagem deverão acompanhar a chave do cofre e o manual da combinação de
segredo.
 Eixo do mecanismo
Atenção deverá ser dada ao eixo do mecanismo, pois, em caso de alavancagem, sofrerá a transferência de potência para os
sistemas de trava, que culminará com sua destruição.
Para evitar-se tal situação, o eixo deverá ser em aço carbono SAE 1020 trefilado, usinado, de tal forma a possuir um
limitador de torque (fusível), próximo à área externa da porta através de redução de sua secção transversal.
O limitador de toque, mesmo rompido, deverá impedir acessos diretos do meio exterior.
 Combinação de segredo
Peça chave no trancamento do cofre.
Cuidados especiais deverão ser observados sobre a combinação de segredo para que esta ofereça garantia de idoneidade
e durabilidade e também propicie ao proprietário da senha a troca do número de segredo sempre que se fizer necessária.
¨ A fragilidade da combinação de segredo fabricada no Brasil propicia situações de infidelidade. Na maior parte das
vezes, o número da combinação vem de fábrica, não permitindo ao usuário a troca do número sem assistência do fabricante
e, pior, permite a localização do número pelo sistema tátil e/ou auditivo que qualquer chaveiro pode executar. O
consumidor é lesado ao comprar um equipamento que não atende sua necessidade e, no momento do ataque, estará
completamente exposto .
¨ No Brasil, os cofres de melhor qualidade utilizam-se das combinações mecânica e eletrônica via LaGard e Kaba (EUA)
e RENCH (Argentina).
Sugere-se como mínimo a classe II de três combinações. Para níveis mais críticos, a classe I de alta segurança com 04 discos
é a recomendada.
A Classe I permite o mínimo de 1.000.000 de combinações pelo usuário, com uma chave especial para troca de segredo.
Existe trava na caixa de alojamento que impede o movimento dos discos em caso de remoção da tampa.
Produtos como este suportam em média 20.000 ciclos completos de abertura. Suas peças móveis são feitas à base de latão
ou outro material resistente à corrosão e auto lubrificadas.
A caixa de alojamento também deve ser bicromatizada e o conjunto deve suportar a exposição à névoa salina por 72 horas
com funcionamento normal a posteriori.
O dial deve ser preferencialmente de visão restrita (antíespia).
 Fechadura
Preferencialmente deve-se optar por chaves do tipo volumétrica, em função dos diversos graus de dificuldade, tanto para a
cópia das chaves como para a mixagem .
 perfil tubular, oferece maior proteção, sendo a caixa de alojamento do mecanismo instalada após todas as camadas de
blindagem e possibilitando o uso dos relockings. As chaves devem dispor de fusível ou limitador de torque.
As peças (caixa de alojamento e mecanismos) que não forem de latão, devem ser bicromatizadas ou possuírem tratamento
anti-corrosão.
É preciso buscar empresas preparadas para atender as exigências das normas nacionais e internacionais de fabricação em
nossos produtos, sempre objetivando a conformidade com essas exigências.
Normas Internacionais
Underwriters Laboratories – UL 291 (segurança para caixa de autoatendimento)
EN1143-1 (métodos de ensaio para cofres de caixa de autoatendimento)
EN1143-2 Sistemas de Deposito,
EN14450 Armários de Segurança,
EN1300 Fechaduras de segurança
UL 72 (testes de resistência ao fogo de equipamentos de proteção de registro)
UL 140 (dispositivos trancando para cofres e armários de segurança)
UL 294 (unidades do sistema de controle de acesso)
UL 437 (fechaduras)
UL 608 (portas fortes Roubo-resistente)
UL 687 (cofres roubo-resistente)
UL 768 (fechaduras) Combinação de Segredo
UL 786 (sistemas de bloqueio com chave)
UL 887 (Time mecanismo de travamento)
UL 1034 (Roubo resistente mecanismos de bloqueio eletrônico
UL 2058 (fechaduras de alta segurança eletrônica)
Bernardo Marques de Abreu Neto – Ex diretor da Fichet Bauche Brasil / Blindaseg Comercio e Serviços Ltda., Firesafe
Sistemas de Segurança, Blindafort, Fichet Brasil.
Material escrito para revista GUS (Guia do Usuário de Segurança)/2000 para distribuição na Exposec.
Tags:blindagem, blindagens, cofre, portas blindadas, segurança, normas, Ul, EM, sistemas de segurança.

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Aspectos a serem avaliados na aquisição de cofres e congêneres

  • 1. Aspectos a serem avaliados na aquisição de Cofres e Congêneres 1. Introdução Na área de segurança, muito se tem falado e escrito em jornais e revistas especializados sobre equipamentos eletro- eletrônicos (alarmes, sensores, C.F.T.V., monitoramentos, gestores de segurança) e sobre a capacitação do profissional como elo dentro da área. Vidros, Policarbonato e, mais atualmente, os Acrílicos de alta densidade ganham espaço na blindagem de carros e de áreas que requerem este tipo de produto. Já temos até uma NBR15.000 para transparentes e opacos. Farto material já esta disponível no mercado brasileiro para quem quiser adquirir conhecimento ou informação acerca destes produtos. No entanto, uma área de grande importância e que ainda vive na sombra são os cofres, portas fortes, portas blindadas. Pouco se sabe, nesta área, dos meios disponíveis para a aferição de qualidade; quais os testes, homologações ou informações que existem para se efetuar uma aquisição segura, satisfatória. Estes produtos são como uma enorme “Caixa Preta”… O segmento destes equipamentos nos últimos anos tem sofrido alterações significativas, mas perdura ainda um alto grau de informalidade, por não haver ainda uma classificação que possa apontar ou medir a eficiência destes produtos. Temos hoje uma situação limite, na qual o mercado divide-se entre empresas que possuem conhecimento de normas e técnicas de fabricação americana ou europeia e as demais, sem as mínimas qualificações, mas que ostentam em seus equipamentos os rótulos “Cofres… Portas Fortes…” lesando profundamente o proprietário do bem guardado em caso de sinistro. Alguns fabricantes ainda sobrevivem graças à expectativa do futuro comprador de que o bem adquirido irá atender ao objetivo ou qualidade imaginada; ou ainda a relação entre o valor pago pelo produto e sua eficiência. No entanto, poucos usuários e técnicos sabem como avaliar adequadamente o equipamento que está sendo adquirido. O momento é oportuno para esclarecer, chamar atenção e trazer informações que são vitais na hora da aquisição. 1. Normalização No Brasil, quem poderia adotar tendências, referências, especificar ou orientar níveis de resistência é o Instituto de Resseguros do Brasil (I.R.B) por exemplo. No entanto, as exigências são mínimas: não há homologações ou testes indicados. No início dos anos 80, houve um movimento dos fabricantes, bancos, engenharias e demais segmentos representativos com o objetivo de normatizar tais equipamentos. Sob a orientação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e dentro do Sistema Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial buscou-se especificar e normatizar estes produtos. O projeto foi elaborado mas nunca fixado. Na época foram descritas quatro classes de resistência (D15 – C30 – B30 – A60) . Esta classificação era indicada para cofres resistentes a roubo e havia um paralelo com a norma U.L.
  • 2.  O projeto elaborado continha as definições de: a) Ferramentas de ataque b) Sistemas construtivos c) Fechamento d) Tempos líquidos de trabalho (Ataque) e) Blindagens mínimas da carcaça (Aço, Concreto em milímetros e sua resistência em MPa). f) Portas g) Dobradiças h) Travamento i) Execução de métodos j) Amostras  No Brasil a lei n. 9017 de 30/03/1995 altera dispositivos da lei 7102 de 20/06/1983 que dispõem sobre segurança para estabelecimentos financeiros, serviços de vigilância e transporte de valores. Segundo a lei 7102: Art.1- É vedado o funcionamento de qualquer estabelecimento financeiro onde haja guarda de valores ou movimentação de numerário, que não possua sistemas de segurança aprovado pelo Banco Central do Brasil, na forma desta lei. Parágrafo único. Os estabelecimentos financeiros referidos neste artigo compreendem bancos oficiais ou privados, caixas econômicas, sociedades de créditos, associações de poupanças, suas agências, subagências e seções. Art.2- O sistema de segurança referido no artigo anterior inclui pessoas adequadamente preparadas, assim chamadas vigilantes; alarmes capaz de permitir, com segurança, comunicação entre o estabelecimento financeiro e outro da mesma instituição, empresa de vigilância ou órgão policial mais próximo; e, pelo menos, mais um dos seguintes dispositivos:  Equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens que possibilitem a identificação dos assaltantes;  Artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua perseguição, identificação ou captura;  Cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilante durante o expediente para o público e enquanto houver movimentação de numerário no interior do estabelecimento. Parágrafo único. O Banco Central do Brasil poderá aprovar o sistema de segurança dos estabelecimentos financeiros localizados em dependência das sedes de órgãos da União, Distrito Federal, Estados, Municípios e Territórios, independentemente das exigências deste artigo.  No mundo de hoje poderíamos dizer que há uma tendência para as normas UNDERWRITER LABORATORIES INC. (U.L.) ou EUROPEAN SAFE RATING COMMITTEE – norma EN1143-1.  A norma europeia (EN1143-1) descreve os requerimentos, classificação e métodos de testes para avaliação dos produtos na unificação da Europa. Ela fixa pontos comuns para os fabricantes destes equipamentos, buscando assegurar um padrão de qualidade mensurável.  Norma EN 1143-1, fixa 11 níveis de classificação para cofres e 14 níveis para Portas Fortes / Caixas Fortes.  Normas UNDERWRITES LABORATORIES INC (U.L) A normatização de produtos de segurança no mercado norte americano submetem-se a:  Combinações de Segredo – U.L 768  Fechaduras de Tempo – (Delay) U.L 887  Portas Fortes / Painéis Modulares – U.L 608
  • 3. Classe 1 – ½ Hora Classe 2 – 1 Hora Classe 3 – 3 Horas  Relocking Devices (Safes e Vaults) – U.L 140  Cofres TL 15 – TL 15×6 TL 30 – TL 30×6 TRTL 15 – TRTL 15×6 TRTL 30 – TRTL 30×6 TRTL – 60×6 TXTL – 60 *TL, TR, TX: Padronização de ensaios. *15/30/60: Tempo liquido de ataque em laboratório (na porta). *x6: Indicativo que o tempo de ataque é padrão para qualquer face do cofre.  Comparação de classes Classe 8 11 12 15 17 18 21 22 23 Euro / Cen I II III IV V VI VII U.L. TL 15 TL 15×6 TL 30 TL 30×6 TRTL 30 TRTL 15×6 TRTL 30×6 TRTL 60×6 TXTL – 60 1. Avaliações Preliminares Em nosso dia a dia, quem trabalha na área ou envolvido com a temática de segurança, sempre vai direcionar seu olhar para a variável tempo. Nunca conseguiremos ter do trinômio Ferramentas, Habilidade e Tempo as três variáveis. Ferramentas e habilidade do agressor sempre serão uma incógnita, seja para o assalto, roubo ou infidelidade. No entanto, todos os segmentos quer sejam eletrônicos, vigilância humana ou física (fechaduras, blindagens, vidros, cofres, interpostos fisicamente) sempre tentam criar barreiras de tempo para retardar, frustrar, persuadir o ataque. Níveis maiores de segurança, seleciona-se o tipo de agressor, impondo ao mesmo uma maior especialização para o respectivo ataque. Por outro lado, interpondo-se os níveis de dificuldade, diminui-se sobremaneira o ataque e sua reincidência. O ponto ótimo da segurança virá do equilíbrio nos investimentos entre segurança eletrônica, humana e física (lembrando aqui que segurança física reporta a: Cofres, Portas Blindadas, Fechaduras, Vidros ou qualquer meio físico que se interponha no caminho do agressor) . Um sistema bem planejado e balanceado permitirá um gasto adequado para uma situação de risco. 1. Meios de Ataque Podemos destacar três formas básicas: mecânica, térmica e explosivos, com suas respectivas ferramentas e metodologias de ataques. As ferramentas empregadas no ataque indicam o grau de conhecimento, a técnica e o perfil do agressor; separam os oportunistas dos profissionais, enfim, mostram o grau de capacitação do agressor.
  • 4.  Oxi-acetilênicas O aço de modo geral funde-se na faixa de 1100 o C, é facilmente atacado por ferramentas térmicas do tipo oxi-acetilênicas ou ainda com o plasma. Os equipamentos oxi-acetilênicos são facilmente encontrados e adquiridos no mercado, visto que são utilizados por vários segmentos industriais. Seu poder de ataque relaciona-se com quantidades de gases disponíveis em seus cilindros. Chapas grossas consomem mais mistura dos gases, mas mesmo os equipamentos portáteis são letais. O operador tem que saber regular a chama para atingir a quantidade de graus necessária para a destruição do aço.  Plasma O plasma é também largamente utilizado na industria metalúrgica. Em linhas gerais, é um canhão de elétrons capaz de gerar temperaturas de até 16.000oC com equipamentos portáteis como uma C.P.U. de computador e é dependente de um pequeno compressor. Seu funcionamento é simples, silencioso; o ataque é pontual. Pode abrir rasgos que variam desde milímetros até polegadas de espessura. O usuário não precisa ter conhecimentos técnicos específicos. A destrutividade nas famílias de aços é muito alta.  Esmeril Diamante Outra arma de grande poder de destruição é o disco de corte ou esmeril diamante. Seu ataque é também pontual e seu poder de destruição fica subordinado à capacidade de potência (W) da máquina e do disco de corte utilizado. Normalmente utilizam-se derivados de óxido de alumínio (corindum) na fabricação do disco, em função de seu elevado poder de dureza (9 mohs). Novas famílias de abrasivos como o Carbeto de Silicio, estão aparecendo no mercado e com eficiências próximas ao diamante em termos de sua dureza. Estes abrasivos como Carbeto de Silicio* são utilizados para fabricar lixas de pedras preciosas – lapidar diamantes. Mesmo com os discos mais modernos, tem a desvantagem de fazer barulho, causado pelo motor e atrito. Chapas de aço com alto teor de carbono (1045/1090) ou mescladas com manganês são as recomendadas para retardar ou até persuadir o ataque. A espessura é sempre de vital importância. * Carbeto de Silício é produzido em forno elétrico através da reação de sílica de alta pureza (quartzo) com o carbono (coke) à temperatura de 2450 ºC. É um produto largamente utilizado em rebolos abrasivos, discos, lixas, rebolos magnesianos e refratários por apresentar altíssima dureza.  Lança Térmica (Burning Bar) Equipamento pouco conhecido, com elevado grau de dificuldade em sua utilização. Composto em linhas gerais, de um tubo de 3 a 6 metros com filamentos de alumínio ou outro material em seu interior. Em um dos pontos da entrada injeta-se uma mistura de gases inflamáveis sob pressão. Após ignição destes gases, a ponta oposta chega rapidamente acima dos 2500 o C perfurando paredes, aço etc.. Uma arma letal, mas tem suas desvantagens: em função de suas dimensões, há a necessidade do operador ter um alto grau de conhecimento, o uso de roupas e máscaras térmicas, pois o ambiente rapidamente ficará com temperatura insuportável; e, por fim, a possibilidade de destruição do objeto de valor visado no ataque; por isso é pouco utilizado. Misturas de componentes à base de cerâmica causam o retardamento no ataque.
  • 5.  Marteletes – Elétricos / Hidráulicos Utilizados essencialmente para ataques de destruição do concreto. Os equipamentos podem ser elétricos ou hidráulicos com performance ótima tanto maior for a potência do mesmo. Ataque pontual de grande eficiência; o barulho e a vibração, entretanto, depõem contra sua utilização.  Furadeiras / Furadeiras de Impacto Sua característica é a potência. No entanto, o principal neste item é que o agressor terá que ter um grande conhecimento de brocas e, principalmente, afiação. Esta será sempre uma marca de índice técnico do ataque de um agressor de muita perícia. O agressor deve ser altamente qualificado, na medida em que deve conhecer os diversos materiais e ligas empregados na constituição das blindagens dos cofres, portas fortes ou paredes… O aço e suas famílias, alumínio e outras ligas requerem conhecimento profundo no ângulo de afiação de brocas e modos de ataque. Isto exige perda de tempo e o esforço físico exagerado. O concreto, sua espessura e dureza requerem outros modelos e ângulos de afiação, o que eleva o tempo de ataque. Um equivoco na afiação adequada inviabiliza ou frusta o ataque. Já as furadeiras de base magnéticas com serra de copo de aço rápido ou com diamante são orientadas para ataques em Cash´s ou Atm´s. Sua ação é letal e rápida. Hoje largamente utilizada em ataques pelo seu alto poder administrativo  Marretas, ponteiros, talhadeiras, alavancas e cunhas. Um ataque destrutivo impõe circunstâncias específicas e denuncia a habilidade do agressor. Apesar de simples, estas ferramentas são empregadas largamente. Nestes casos, a força física é uma marca. A utilização de cunhas e alavancas, por outro lado, mostra uma habilidade criteriosa, refinada e um grau profundo de ataque.  Informação Colocamos aqui a informação como ferramenta, dada importância da mesma na elaboração do ataque. Conhecer as informações que vazam para o exterior da empresa é de grande importância. Gerir, acompanhar o trânsito destas informações, é fundamental; assim como é fundamental conhecer também todos os demais meios empregados como defesa. Isso vale inclusive para o “técnico” que conserta o equipamento dentro da empresa ou da residência etc…. Uma informação criteriosa em mãos estranhas é capaz de romper com vários níveis de segurança e expor, fragilizar tanto o Cliente quanto funcionários e o próprio equipamento. Existem soluções simples que ajudam, colaboram, para que estas situações sejam minimizadas. Caso a caso pode-se implementar e implantar informações que visem criar uma atmosfera de defesa. Converse com o seu consultor de segurança sobre as possibilidades.  Mixas e Gazuas. Nos EUA existe um órgão centralizador de informações sobre os “chaveiros” (Locksmith). Estes profissionais têm livros, publicações com detalhes construtivos da maioria dos equipamentos e metodologias para abertura técnica (arrombamento técnico) do mundo inteiro. Mixas e Gazuas são pequenas hastes de metal que visam a desarmar os segredos contidos nas fechaduras tipo gorja e outras.
  • 6. Fechaduras de alto nível não permitem serem abertas por estes procedimentos, dificultam a cópia de suas chaves, e apenas a destruição da fechadura em si pode provocar a abertura do equipamento.  Explosivos De todos o mais complexo seja para fabricar, adquirir ou operar. Seu uso é restrito e as conseqüências de sua utilização nem sempre atende à expectativa. Pouco utilizado.  Aspectos técnicos a serem avaliados na aquisição de cofres A concepção, o estudo e a construção de cofres fortes devem considerar critérios específicos de segurança. O estudo deve, em consequência, passar por um exame detalhado sobre:  Carcaça Os invólucros externos e internos são produzidos a partir do aço carbono SAE 1020 (1) devido a suas características físicas de ductilidade (dobramento) e dureza. (1) SAE 1020 – Especificação técnica do teor de carbono presente em ligas de ferro. A característica 10 indica a família do aço e 20 a quantidade de carbono presente na liga. Este teor ótimo permite o trabalho de dobras e usinagem. A nomenclatura usada é de abrangência internacional As espessuras mais comumente utilizadas são: 1,2 mm, 1,5 mm, 1,9 mm e 3,0, 4,75 e 6,35 mm tanto interna quanto externa ou sua mescla. Ressaltamos que, quanto maior a espessura das chapas, maior é o tempo gasto no rompimento da carcaça. Por causa disto, o agressor deverá utilizar mais acetileno, mais disco de desbaste, desgaste físico, em consequência aumenta-se a perda de tempo. O limite na área industrial é inerente à capacidade de dobra (espessura de chapa), corte e peso final do produto. Uma espessura adequada compreenderia algo em torno de 3,0 a 6,35 mm tanto externa quanto na caixa interna. Os fornecedores de aço atendem normas ABNT e internacionais quanto à normatização e nomenclatura, assegurando chapas de aço de ótima qualidade.  A tendência europeia é a utilização de estruturas cada vez mais finas, chegando a utilizar chapas de 0,7mm de espessura nos invólucros. Por outro lado, os europeus desenvolveram concretos de excepcionais durezas, conferindo um melhor desempenho quando sob ataque por oxi-corte e disco de corte e destruição.  No mercado americano as chapas grossas de aço dominam o mercado, em função de disporem de grandes reservas de minerais, de terem uma estrutura industrial mais direcionada a sistemas pré-montados e, além disso, garantirem um baixo preço. Deve-se ressaltar ainda que muito dos desenvolvimentos de blindagens de cofres deve-se ao ataque em si. As ferramentas e técnicas empregadas sempre reforçam a orientação para este ou aquele tipo de blindagem mais adequada. Um agravante na era moderna é o peso. A verticalização na construção civil - prédios (carga na laje) e elevadores – obriga a equipamentos mais leves e ao mesmo tempo mais robustos.  A norma EN1143-1 europeia, impõe a ancoragem ou o chumbamento de cofres tipicamente abaixo de 1.000 Kg.
  • 7.  Concreto O concreto é obtido a partir de misturas adequadas de cimento, areia, pedra e agregados, levando-se em conta as características de seus componentes. A resistência do concreto modifica-se de acordo com um grande número de parâmetros: - Resistência do cimento, - Dosagem entre cimento e água, - Natureza e curvas granulométricas dos agregados, - Condições de mistura e de vibração. O concreto novo é maleável, e permite deformação durante algumas horas. O concreto endurece progressivamente para ficar como um tipo de rocha artificial resistente e econômica. Os agregados devem ser de boa qualidade mineral, duros e limpos: cascalho com resistência à compressão superior a 1.400 Kg/cm2 e uma areia silicosa muito limpa com modo de finura de aproximadamente 2,2 a 2,8 mm. Com a evolução dos aditivos, pode-se elevar a resistência final do concreto, tanto para diminuir a espessura final das paredes do produto e, em conseqüência, diminuir o peso, bem como para garantir uma dificuldade maior no arrombamento. Tradicionalmente obtêm-se resistência entre 16 a 45 MPa(1). (1)MPa – Resistência à compressão, dada em Kgf por centímetro quadrado. Com a utilização de agregados como a sílica ativa e plastificantes obtêm-se resistências finais à compressão entre 45 a 100 MPa com adensamento otimizado. A resistência final é obtida após 28 dias e é vedado o uso de aditivos aceleradores de pega. Hoje recomenda-se, basicamente, para determinados níveis de segurança, entre 45 e 80 MPa e, em casos especiais, até 100 MPa. Salientamos ainda que o concreto, uma vez consolidado, é uma rocha – inflexível, um monólito (como a coluna de um prédio em que, se não houver ferros estruturantes, haverá o aparecimento de trincas e rachaduras, colocando-a em risco). Para contornar este problema os fabricantes de concreto brasileiros sugerem a introdução de uma proporção adequada de Dramix(1) ou telas de aço. (1) Dramix: Material largamente empregado pela construção civil na elaboração de pisos e colunas; são agulhas de aço de várias medidas e espessuras que, em proporção adequada na massa do concreto, uma vez solidificado, formam uma tela flexível, o que dificulta o arrancamento (degradação) por impacto no concreto; além disso, previnem o aparecimento de trincas e fendas. O Dramix é também o melhor aliado contra o ataque por disco de corte, promovendo o deterioramento acentuado da ferramenta. Dada a sua condição de agregado, uma vez rompido o invólucro externo do cofre, ele provoca o desfibramento do disco de corte. As espessuras de concretos recomendadas devem variar de um mínimo de 50mm a 150mm – com resistência final (28 dias) de 80 MPa ou 815 Kgf/cm2 para níveis hierárquicos de segurança. A massa constituinte poderá ser testada em laboratório brasileiro para certificação e garantia da qualidade. Exija. Sugerimos ainda para adequação a U.L. TL30x6, no caso dos cofres, a inclusão de chapa de 3 mm de aço manganês nas seis faces ou um sistema tipo veneziano em aço SAE 1045 ou 1070. O aço manganês, possui uma característica muito particular que faz com que, quando atacado por instrumentos tipo broca, disco de corte, abrasivos de modo geral, seus grãos aglutinem-se, criando uma alta resistência à abrasão. (Vale lembrar
  • 8. que peças críticas no meio automobilístico, como rolamentos, são sempre e exclusivamente em aço manganês em função de sua qualidade única). O aço manganês é, ainda hoje, uma das melhores defesas contra essas ferramentas de abrasão. No Brasil uma novidade recente são chapas de aço carbono revestida por soldagem com liga do tipo Carboneto de Cromo com elementos adicionais formadores de carbonetos, nióbio e boro. As placas são fornecidas em medidas padrões. O modelo em ondas com pequenas mudanças na orientação do curso dos cordões de solda gera vários benefícios na resistência ao desgaste da placa. Aplicações-Revestimento de partes e peças contra altas taxas de abrasão e erosão. Características Mecânicas – Dureza: 50 a 55 HRc  Dobradiças, Pivôs e Mancais O lay-out de fabricação do corpo e da porta deve contemplar reentrâncias e saliências para, justapor um sistema tipo macho e fêmea no lado das dobradiças. Esta solução obtém melhor performance do que a inserção de pivôs fixos ou moveis. As dobradiças ou pivôs são elementos de articulação e devem garantir, em caso de arrancamento ou destruição, a fixação da porta à estrutura do corpo. Normalmente em aço carbono SAE 1020 trefilado, usinado contendo rolamentos axiais e radiais. Deverão estar bem dimensionados em função do peso da porta e devem possibilitar o giro de 180 graus.  Chapa frontal Em aço carbono SAE 1020, espessuras mínimas indicadas seriam ente 4,75 ou 6,35mm, podendo adotar-se espessuras maiores. Esta chapa deverá estar ancorada ao concreto através de nervuras tipo “Z” ou barras retorcidas, evitando-se seu arrancamento.  Blindagem Química A blindagem química é um recurso utilizado contra a utilização do ataque térmico como o oxi-acetilêno. Existem vários tipos e composições de blindagens químicas, porém as mais utilizadas são dos tipos sufocantes, vomitivas e lacrimôgenicas. Há ainda as neurotóxicas, altamente tóxicas e as hemotóxicas, mas sua utilização é restrita e impõe autorização militar. São utilizados em cofres e portas fortes de níveis maiores de segurança. Em caso de ataque por maçarico (temperatura igual ou maior que 1100 o C), há a emissão de gases pela ação do calor e, após o rompimento da chapa de aço, os gases expelidos entram em incandescência. Na combustão, emitem fumaça sufocante, de modo a obrigar o agressor a paralisar o ataque ou a utilizar máscaras e roupas especiais. Defesa pontual e significativa contra a utilização do maçarico; sua eficiência é incontestada. Normalmente constituída de uma camada de 15 a 20 mm de uma mistura entre breu e enxofre com uma manta de asfalto oxidado (ulha). Sua aplicação se dá quente e requer cuidados especiais.  Placa de fixação do segredo ou chapa intermediária Chapa de aço carbono SAE 1020 com espessura mínima de 3mm , idealmente é indicado de ½´´ ou 12,7 mm. Soldada com a almofada, fecha a câmara de blindagem do concreto. É preciso garantir uma ancoragem firme e que a mesma suporte a fixação de acessórios adequadamente como TIME DELAY, Triplecronométricas, trava de gestores etc.
  • 9.  Elemento de defesa frontal O ataque de nível técnico caracteriza-se pela perfuração através da chapa frontal para além das camadas sucessivas de blindagens, com o objetivo de romper as travas internas, quais sejam, lingüeta da combinação de segredo e fechadura. É um ataque pontual, de grande eficiência e mostra que o agressor é perito. Sabendo-se tamanho da caixa de segredo e fechadura, estuda-se o local adequado para perfuração por broca e a conseqüente inutilização da trava. Para criar um alto grau de dificuldade, podemos sugerir:  Após a camada de blindagem química, a utilização do óxido de alumínio (corindum) com dureza de 9 MOHS. Mineral natural de dureza inferior apenas ao diamante, tem a finalidade de desgastar a ponta da broca e disco de corte. Eficiência elevada.  Placas de aço manganês precedendo os órgãos de trancamento. Espessuras entre 03 e 08mm, são indicadas, ou  No Brasil uma novidade recente são chapas de aço carbono revestida por soldagem com liga do tipo Carboneto de Cromo com elementos adicionais formadores de carbonetos, nióbio e boro. As placas são fornecidas em medidas padrões. O modelo em ondas com pequenas mudanças na orientação do curso dos cordões de solda gera vários benefícios na resistência ao desgaste da placa. Aplicações-Revestimento de partes e peças contra altas taxas de abrasão e erosão. Características Mecânicas – Dureza: 63 a 65 HRc  Relocking – Intertravamento Deverão atender às recomendações contidas na norma U.L.-140. Confeccionado em aço carbono SAE 1020 trefilado com diâmetro mínimo de ½” no ponto de trava . O sistema é montado após a chapa intermediária sobre lâmina de cristal plano temperado de 6mm que abrange todo o perímetro da área de segredo ou fechadura. A lâmina deve ter furos que permitam a passagem do eixo do segredo, chaves e ponto de fixação das travas. A placa deve ser fixada com o uso de coxins de borracha para que impeçam o contato direto do vidro com a estrutura . Este sistema é largamente utilizado e garante uma performance ótima contra vários tipos de ataque de ataque. O sistema é simples e de alta eficiência. Em linhas gerais, se uma broca varar todo o sistema de blindagens sucessivas e atravessar a chapa intermediária objetivando as lingüetas de trava, esta tocará no vidro. O vidro, ao ser submetido à tensão, se romperá, liberando as travas internas que lacrarão definitivamente a porta. Obrigará a novos ataques para a liberação das travas ou à destruição significativa da porta. (O controle de profissionais capacitados e autorizados que prestem assistência técnica é de fundamental importância para que preservem a integridade do sistema de segurança; com isso, evita-se a marcação de pontos de ataque e o vazamento de informações.). As travas são ativadas por molas e possuem dispositivos que impedem o seu retorno. Deverá ainda haver uma trava de viagem para que se evite o travamento da porta em caso de quebra acidental do vidro durante o transporte ou instalação do equipamento. As instruções para a remoção da trava de viagem deverão acompanhar a chave do cofre e o manual da combinação de segredo.  Eixo do mecanismo Atenção deverá ser dada ao eixo do mecanismo, pois, em caso de alavancagem, sofrerá a transferência de potência para os sistemas de trava, que culminará com sua destruição. Para evitar-se tal situação, o eixo deverá ser em aço carbono SAE 1020 trefilado, usinado, de tal forma a possuir um limitador de torque (fusível), próximo à área externa da porta através de redução de sua secção transversal. O limitador de toque, mesmo rompido, deverá impedir acessos diretos do meio exterior.  Combinação de segredo Peça chave no trancamento do cofre.
  • 10. Cuidados especiais deverão ser observados sobre a combinação de segredo para que esta ofereça garantia de idoneidade e durabilidade e também propicie ao proprietário da senha a troca do número de segredo sempre que se fizer necessária. ¨ A fragilidade da combinação de segredo fabricada no Brasil propicia situações de infidelidade. Na maior parte das vezes, o número da combinação vem de fábrica, não permitindo ao usuário a troca do número sem assistência do fabricante e, pior, permite a localização do número pelo sistema tátil e/ou auditivo que qualquer chaveiro pode executar. O consumidor é lesado ao comprar um equipamento que não atende sua necessidade e, no momento do ataque, estará completamente exposto . ¨ No Brasil, os cofres de melhor qualidade utilizam-se das combinações mecânica e eletrônica via LaGard e Kaba (EUA) e RENCH (Argentina). Sugere-se como mínimo a classe II de três combinações. Para níveis mais críticos, a classe I de alta segurança com 04 discos é a recomendada. A Classe I permite o mínimo de 1.000.000 de combinações pelo usuário, com uma chave especial para troca de segredo. Existe trava na caixa de alojamento que impede o movimento dos discos em caso de remoção da tampa. Produtos como este suportam em média 20.000 ciclos completos de abertura. Suas peças móveis são feitas à base de latão ou outro material resistente à corrosão e auto lubrificadas. A caixa de alojamento também deve ser bicromatizada e o conjunto deve suportar a exposição à névoa salina por 72 horas com funcionamento normal a posteriori. O dial deve ser preferencialmente de visão restrita (antíespia).  Fechadura Preferencialmente deve-se optar por chaves do tipo volumétrica, em função dos diversos graus de dificuldade, tanto para a cópia das chaves como para a mixagem .  perfil tubular, oferece maior proteção, sendo a caixa de alojamento do mecanismo instalada após todas as camadas de blindagem e possibilitando o uso dos relockings. As chaves devem dispor de fusível ou limitador de torque. As peças (caixa de alojamento e mecanismos) que não forem de latão, devem ser bicromatizadas ou possuírem tratamento anti-corrosão. É preciso buscar empresas preparadas para atender as exigências das normas nacionais e internacionais de fabricação em nossos produtos, sempre objetivando a conformidade com essas exigências. Normas Internacionais Underwriters Laboratories – UL 291 (segurança para caixa de autoatendimento) EN1143-1 (métodos de ensaio para cofres de caixa de autoatendimento) EN1143-2 Sistemas de Deposito, EN14450 Armários de Segurança, EN1300 Fechaduras de segurança UL 72 (testes de resistência ao fogo de equipamentos de proteção de registro) UL 140 (dispositivos trancando para cofres e armários de segurança) UL 294 (unidades do sistema de controle de acesso) UL 437 (fechaduras) UL 608 (portas fortes Roubo-resistente) UL 687 (cofres roubo-resistente) UL 768 (fechaduras) Combinação de Segredo UL 786 (sistemas de bloqueio com chave)
  • 11. UL 887 (Time mecanismo de travamento) UL 1034 (Roubo resistente mecanismos de bloqueio eletrônico UL 2058 (fechaduras de alta segurança eletrônica) Bernardo Marques de Abreu Neto – Ex diretor da Fichet Bauche Brasil / Blindaseg Comercio e Serviços Ltda., Firesafe Sistemas de Segurança, Blindafort, Fichet Brasil. Material escrito para revista GUS (Guia do Usuário de Segurança)/2000 para distribuição na Exposec. Tags:blindagem, blindagens, cofre, portas blindadas, segurança, normas, Ul, EM, sistemas de segurança.