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Belloṷesus Īsarnos 
A 
Religião 
Céltica 
5º. EBDRC 
Recife – PE 
18 a 20/04/2014 
ANDEDION UEDIIUMI DIIIUION RISUN ARTIU MAPON ARUERIIATIN LOPITES SNIEÐÐDIC SOS BRIXTIA ANDERON
A Religião Céltica 
I Paleografia 
• Galo-grega 
• Galo-romana 
II Arqueologia & Iconografia 
III Literatura 
IV Conclusões 
• Antes da Conquista Romana 
• Período Céltico-Romano 
• Além da Gallia: Britannia, Germania, Hispania 
• Antiguidade tardia: cristianismo x tradição
Inscrição de Segomaros (Vaison-la-Romaine, 1840) 
Belesama 
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СЄΓΟΜΑΡΟС 
ΟΥΙΛΛΟΝЄΟϹ 
ΤΟΟΥΤ ΙΟΥϹ 
ΝΑΜΑΥϹΑΤΙϹ 
ЄΙѠΡΟΥΒΗΛΗ 
ϹΑΜΙϹΟϹΙΝ 
ΝЄΜΗΤΟΝ 
Segomaros 
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toṷtius 
Namaṷsatis 
eiōru Bēlē 
sami sosin 
nemēton 
Segomaros, 
filho de Willonis, 
cidadão 
de Namausos, ofereceu a Bele 
sama este 
nemeton.
Inscrição de Ṷebrumaros 
Ṷebrumaros 
dede Taranoṷ 
bratu decantem 
Ο Υ Η Β Ρ Ο Υ Μ Α Ρ Ο Ϲ 
Δ Є Δ Є ΤΑ ΡΑ Ν Ο Ο Υ 
ΒΡΑΤΟΥ ΔЄΚΑΝΤЄΜ Ṷebrumaros 
deu/ofereceu a Taranus 
em agradecimento a décima.
Inscrição de Martialis (Mont Auxois, Alise-Sainte-Reine, 1839) 
Ucuetis
Martialis, filho de 
Dannotalos, ofereceu 
este edifício a Ucuetis 
e aos ferreiros que 
adoram Ucuetis em 
Alésia. 
MARTIALIS DANNOTAL 
I EVRV . VCVETE . SOSIN 
CELICNON  ETIC 
GOBEDBI . DVGIIONTIO 
 VCVETIN  
IN [...] ALISIIA
Inscrição de Chamalières (1971)
andedíon uediíumí diíiuion risun 
artiu mapon arueriíatin [ou aritu?] 
lopites sníeđđic sos brixtía anderon [ou lotites?] 
c lucion floron nigrínon adgarion aemilí 
on paterin claudíon legitumon caelion 
pelign claudío pelign marcion uictorin asiatí
con ađđedillí etic se couitoncnaman [ou poncnaman?] 
tonc siíontío meíon ponc se sit bue 
tid ollon reguccambion exsops 
pissíiumí tsoc cantírtssu ison son [ou rissuis onson?] 
bissíet luge dessummiíis luge 
dessumíis luge dessumíís luxe
Puy-de-Dôme, 
maciço central, nas 
proximidades de 
Clermont-Ferrand 
(Augustodunum) 
No topo, as ruínas do 
templo (3.600 m2, c. 140 
d. C.) dedicado a 
Mercurius, descobertas 
em 1873. 
II Arqueologia 
& Iconografia
Reconstrução artística
Mercurius 
Clássico 
e Gaulês
Templo de Hercules Magusanus, deus 
maior dos Batavos, em Empel, Germania 
Inferior (atualmente Países Baixos) 
Templo de Nehalennia, 
em Cuijk, Países Baixos
Templo galo-romano de 
Lenus Mars (Martberg, 
Eifel, Alemanha) 
Ancamna 
Xulsigiae
Templo clássico romano: Minerva Sulis 
(Aquae Sulis, hoje Bath, county Somerset, Inglaterra) 
• Aedes: a habitação do deus, a estrutura que abriga a imagem da 
deidade. 
• * Delubrum 
• Templum: recinto sacrado; tecnicamente, o espaço definido para a 
prática augural. 
• Fanum: área de chão consagrado e o santuário nela construído. Na Gallia 
romana, os fana eram frequentemente construídos sobre um sítio sagrado 
céltico e influenciados pelas estruturas anteriormente existentes. 
Possuíam um espaço central (cella) e uma galeria deambulatória ao redor, 
ambos quadrados. Esses santuários também podem ser encontrados na 
Grã-Bretanha romana.
T I B [E R I O] C A E S A R E 
AVG[VSTO] IOVI OPTVM[O] 
MAXSUMO 
N A V T A E P A R I S I A C I 
[P V] B L I C E P O S I E R V 
N[T] 
A Tibério César Augusto 
e a Júpiter, o Melhor e 
Maior, os marinheiros 
parísios publicamente 
ergueram este 
monumento. 
Reconstrução do Pilar dos Marinheiros
Bloco inferior: Fort[una] 
com Iuno?; duas deusas; 
Mars com consorte 
(Venus?); Mercurius com 
Rosmerta? 
Segundo bloco: dedicatória; 3 
homens armados imberbes; 
Eurises (3 homens armados 
barbados); Senan[t] V[-]tlon[-- 
--] (três figuras de perfil, 
coroadas e vestindo túnicas, 
sendo 2 femininas e 1 
masculina)
Terceiro bloco: 
[C]ernunnos; Smer[trios]; 
Castor; [Pollux] 
Bloco superior: Iouis; Esus; 
Taruos Trigaranus; Volcanus
III. a - Antes da Conquista Romana 
Sópatros (séc. III a. C.) apud Athenaios 
Naukratites (séc. III d. C.), Deipnosophistes (O 
Banquete dos Sábios), IV, 51. 
E Magnus, imediatamente tomando a palavra 
disse: "O universalmente excelentíssimo 
Laurentius enfrentou bem e de forma 
inteligente esse cão faminto quanto à sopa de 
lentilhas. Eu, entretanto, como os ‘Gálatas’ do 
páfio Sópatros, entre os quais é costume, 
sempre que alcançam grande sucesso na 
guerra, sacrificar seus prisioneiros aos deuses" 
[...]
Kallimakhos (310/305 - 240 a. C.), Eis Dēlon (Hino a Delos), 
v. 171-185. 
"Sim, e num dia em teu porvir cairá sobre nós uma luta 
comum, quando os Titãs de uma época recente levantarem 
contra os helenos a espada bárbara e a guerra céltica, e 
desde o mais distante ocidente arremeterem como flocos de 
neve e numerosos como as estrelas ao agrupar-se mais 
densamente no céu; fortalezas também (e as aldeias lócrias 
e os cumes de Delfos) e as planícies de Crisa e os vales 
continentais ficarão apinhados de uma ponta à outra e 
contemplarão a densa fumaça de seu vizinho que arde em 
chamas e não mais apenas por ouvir falar; porém já junto ao 
templo verão as fileiras dos inimigos e já junto a minhas 
trípodes as espadas e os cinturões cruéis e os odiosos 
escudos, que provocarão uma jornada maléfica à insensata 
tribo dos Gálatas".
Anyte de Tegea (séc. III a. C.), in Anthologia Graeca (começo do séc. XIV d. C.). 
Sobre as Virgens de Mileto 
Vamos então, querida Mileto! Doce terra nativa, adeus! 
Os males ultrajantes temeremos dos gauleses desregrados enquanto aqui 
vivermos, 
Três virgens da raça milésia a esse destino terrível constrangidas 
Pelo Ares céltico; entretanto, contentes morremos por não termos jamais 
testemunhado 
Sanguinolentos esponsais, nem nos termos rebaixado a ser vis escravas de 
nossos inimigos. 
Ao contrário, a Hades agradecemos, gentil curador de nossos padecimentos.
Pseudo-Aristotéles (384 - 322 A. C.), Magikos (Sobre a Magia) e Sotíon (séc. II a. 
C.), Diadokhe ton philosophon (Sucessão dos Filósofos) apud Diógenes Laértios 
(séc. III d. C.), Bioi kai gnomais ton en philosophian eudokimesanton (Vidas e 
Opiniões dos Filósofos Eminentes). 
I, § 1: Há alguns que dizem ter o estudo da filosofia iniciado entre os bárbaros. 
Salientam que os persas têm seus Magos, os babilônios ou assírios seus Caldeus e 
os indianos seus Gimnosofistas; e entre os celtas e os gauleses há as pessoas 
chamadas Druidas ou Semnotheoi ("os Sagrados"?), citando para essa afirmação 
a autoridade do “Sobre a Magia" de Aristotéles e de Sotíon no vigésimo terceiro 
livro da sua "Sucessão dos Filósofos". 
I, § 6: Entretanto, aqueles que defendem a teoria da origem da filosofia entre os 
bárbaros prosseguem explicando as diferentes formas que esta assumiu em 
diferentes países. Quanto aos Gimnosofistas e aos Druidas, dizem-nos que 
comunicam sua filosofia por meio de enigmas, exortando os homens a 
reverenciar os deuses, abster-se de fazer o mal e praticar a bravura.
Tiberius Catius Asconius Silius Italicus (ca. 28 - ca. 103 d. C.), Punicorum Libri 
Septemdecim (Poema em Dezessete Livros sobre a Guerra Púnica, 218 - 201 a. 
C.), III, v. 340 - 43. 
Os celtas conhecidos como Hiberi também vieram. 
Para eles é glorioso cair em combate, 
mas consideram errado cremar um guerreiro que morre desse modo. 
Eles acreditam que ele será transportado aos deuses se seu corpo, 
jazendo no campo de batalha, for devorado por um abutre faminto.
Marcus Tullius Cicero (106-43 a.C.), Oratio pro Marco Fonteio (Discurso em 
Defesa de Marcus Fonteius). 
§§ 9-10: [...] Pois outras nações empreendem guerras em defesa de seus 
sentimentos religiosos; eles [os gauleses] intentam batalhas contra a religião de 
todos os outros povos. Outras nações, ao engajar-se na guerra, imploram a 
sanção e o perdão dos deuses; eles empreenderam guerra contra os próprios 
deuses imortais. Essas são as nações que no passado marcharam tão longe de 
suas terras até atingir Delfos para atacar e pilhar o santuário de Apolo Pítico e o 
oráculo do mundo inteiro. Por essas mesmas nações, tão piedosas, tão 
escrupulosas em dar seu testemunho, foi o Capitólio sitiado e esse Júpiter, sob 
cujo nome nossas ancestrais decidiram que a boa fé de todas as testemunhas 
seria prometida. Por fim, pode qualquer coisa parecer sagrada ou solene aos 
olhos desses homens que, quando sob a influência de um medo qualquer e 
chegando a acreditar ser necessário propiciar os deuses imortais, poluem seus 
altares e templos com vítimas humanas? Assim, não podem prestar à religião a 
honra devida sem primeiro a violar com sua perversidade. Pois quem ignora que, 
ainda nos dias de hoje, conservam o costume bárbaro e selvagem de sacrificar 
homens?
Gaius Iulis Caesar (100 - 44 a. C.), Commentarii de Bello Gallico 
(Comentários sobre a Guerra da Gallia). 
VI, 13: Uma grande quantidade de rapazes vem aos Druidas para 
instrução, tendo-os em grande respeito. Sem dúvida, os Druidas são os 
juízes em todas as controvérsias públicas e privadas. Se qualquer crime foi 
cometido, se qualquer homicídio foi perpetrado, se há quaisquer 
questões relativas a herança, ou qualquer controvérsia a respeito de 
limites, os Druidas decidem o caso e determinam as punições. Se 
qualquer um ignorar sua decisão, essa pessoa é banida de todos os 
sacrifícios – uma punição extremamente severa entre os gauleses. 
Aqueles que são assim condenados são considerados criminosos 
detestáveis. Todos se afastam deles e não lhes falarão, temendo algum 
dano por causa do contato com eles e não recebem justiça nem honra 
por qualquer feito digno.
Gaius Iulis Caesar (100 - 44 a. C.), Commentarii de Bello Gallico 
(Comentários sobre a Guerra da Gália). 
VI, 16: Todos os gauleses são muito devotados à religião e, por causa 
disso, aqueles que são afligidos com alguma doença terrível ou enfrentam 
perigos na batalha realizarão sacrifícios humanos ou, ao menos, 
prometerão fazê-lo. Os Druidas são os ministros em tais ocasiões. Eles 
acreditam que, a menos que a vida de um homem seja oferecida pela 
vida de outro, a dignidade dos deuses imortais será insultada. Isso é 
verdade para os sacrifícios públicos e para os privados. Alguns construirão 
enormes figuras que enchem com pessoas vivas e então lhes põem fogo, 
perecendo todos nas chamas. Eles acreditam que a execução de ladrões e 
de outros criminosos é a mais agradável aos deuses, mas, quando for 
reduzido o número de pessoas culpadas, eles matarão também os 
inocentes.
Gaius Iulis Caesar (100 - 44 a. C.), Commentarii de Bello Gallico 
(Comentários sobre a Guerra da Gália). 
VI, 17: O principal deus dos gauleses é Mercúrio e há imagens dele em 
toda parte. Diz-se que é o inventor de todas as artes, o guia de cada 
viagem e jornada e o deus mais influente nos negócios e questões 
financeiras. Depois dele, adoram Apolo, Marte, Júpiter e Minerva. Esses 
deuses têm as mesmas áreas de influência que entre os outros povos. 
Apolo afasta as doenças, Minerva é a mais influente nos ofícios, Júpiter 
governa o céu e Marte é o deus da guerra.
III.b - Período Céltico-Romano 
Valerius Maximus (reinado de Tiberius, 14 a 37 d. C.), Factorum et Dictorum 
Memorabilium, II, 6, §§ 10-11. 
Deixando Marselha, encontramos este antigo costume dos gauleses. Estes 
dizem que muitas vezes se emprestavam somas de dinheiro a ser pagas no 
mundo inferior, pois estavam convencidos de que as almas são imortais. Diria 
que são tolos esses homens vestidos de calças, caso sua opinião não fosse a 
mesma de Pitágoras com seu manto. 
Se a filosofia dos gauleses trai seu amor ao lucro e à usura, a dos Cimbros e 
Celtiberos exala paixão e coragem. Estes de fato estremecem de alegria no 
campo de batalha, na esperança de encontrar um fim glorioso e abençoado. 
Quando adoecem, ficam tristes como as pessoas condenadas a uma morte 
vergonhosa e miserável. Os Celtiberos também consideram como um ultraje 
sobreviver em batalha àquele a cuja existência dedicaram a sua. Admiremos a 
magnanimidade desses dois povos que fizeram questão de garantir por meio de 
seu valor a salvação do país e de mostrar a seus amigos uma lealdade sem 
falhas.
Marcus Annaeus Lucanus (39 - 65 d. C.), Bellum Civile siue Pharsalia (Sobre a 
Guerra Civil ou Farsália), L. I, v. 392-465. 
[...] e aqueles que com sangue maldito pacificam 
o selvagem Teutates, de Esus os santuários hórridos, 
e os altares de Taranis, cruéis como aqueles 
amados pela Diana dos Citas. 
Também vós, Bardos, que por vossos louvores 
Escolheis as almas valentes daqueles que pereceram em batalha 
Para conduzi-los a uma morada imortal, espalhastes agora sem temor 
Vossos cantos incontáveis. 
E vós, ó Druidas, depostas as armas, 
a ritos bárbaros e a costumes retornais sinistros. 
A vós somente os deuses e numes celestes 
é dado conhecerdes ou não os conhecerdes; bosques retirados 
vossas moradas e florestas longínquas; 
se veraz quanto cantais, dos homens as sombras 
não as silentes moradas de Érebo e do profundo Dis 
os reinos pálidos buscam: dirige-os o sopro da vida 
a outro mundo; de uma longa vida, se quanto cantais conheceis, 
a morte é o meio.
Pomponius Mela (séc. I d. C.), De Chorographia (ou De situ orbis, Descrição do 
Mundo). 
III, 2, §§ 14 - 15: Ela [refere-se à costa exterior da Gallia] é habitada por povos 
orgulhosos, supersticiosos e outrora tão bárbaros que viam os sacrifícios 
humanos como o gênero de holocausto mais eficaz e o mais agradável aos 
deuses. Esse costume abominável não mais existe, porém dele ainda restam 
traços, pois, conquanto agora se abstenham de imolar os homens que escolhem, 
conduzem-nos ao altar e tiram-lhes um pouco de sangue. Possuem, contudo, 
seu próprio tipo de eloquência e professores de sabedoria, druidas. Estes 
afirmam conhecer o tamanho e a forma do mundo, os movimentos dos céus e a 
vontade dos deuses. Ensinam muitas coisas aos mais nobres da nação em um 
período de formação que dura até vinte anos, encontrando-se em segredo, seja 
numa gruta ou em bosques isolados. Um de seus preceitos chegou ao 
conhecimento comum, a saber, que as almas são eternas e há outra vida junto 
aos mortos e isso foi permitido manifestamente porque torna a multidão mais 
pronta para a guerra e é também por essa razão que queimam ou enterram com 
seus mortos coisas que lhes seriam apropriadas em vida e que, em tempos 
passados, até costumavam adiar a conclusão de negócios e o pagamento das 
dívidas até sua chegada ao outro mundo e havia alguns que se lançavam de 
bom grado às piras funerárias de seus parentes para com estes compartilhar a 
nova vida.
Claudius Aelianus (175 - 235 d. C.), Poikílē Historía (Histórias Variadas, título 
em latim: Varia Historia), XXII, § 23. 
Da bravura dos celtas. Ouço dizer que, dentre todas as nações, nenhuma 
enfrenta os perigos com tanta intrepidez quanto os celtas. Àqueles que nos 
prélios sucumbiram gloriosamente, compõem canções para celebrá-los e vão 
coroados de flores para os combates. Orgulhosos de seus grandes feitos, 
elevam troféus para os legar à posteridade, conforme o costume grego. 
Parece-lhes tão vergonhoso fugir de um perigo que muitas vezes não se 
dignam a sair de uma casa que está a desabar e desmoronar e que as 
chamas começam a envolver. Muitos aguardam resolutamente a preamar. 
Alguns avançam totalmente armados contra a correnteza e suportam o 
choque das ondas, opondo-lhes suas lanças e espadas desembainhadas, 
como se pudessem atemorizar ou ferir um tal inimigo.
Gaius Plinius Secundus (23 d. C. - 79 d. C.), Naturalis Historia (História 
Natural), XXX, § 13. 
Ritos bárbaros eram encontrados na Gallia até uma época de que eu 
mesmo posso lembrar. Pois foi então que o imperador Tiberius passou um 
decreto por meio do Senado colocando fora da lei seus Druidas e esses tipos 
de adivinhos e médicos. Mas por que menciono isso a respeito de uma prática 
que cruzou o mar e alcançou os confins da terra? Pois mesmo hoje a Britannia 
realiza ritos com tal cerimônia que acreditarias terem sido eles a fonte dos 
extravagantes persas. É surpreendente como povos distantes são tão 
semelhantes em tais práticas. E não se pode superestimar a dívida enorme 
que temos para com os Romanos por dar um fim a tais horrores, que 
consideravam ato sumamente sagrado matar um ser humano e 
absolutamente salutar comê-lo.
III. c - Além da Gallia: Britannia, Germania, Hispania 
Strábon (64/63 a. C. - 24 d. C.), Geographiká (Geografia), L. IV, V, §4. 
Além de algumas pequenas ilhas ao redor da Britannia, há também uma 
grande ilha, Ierne, que se estende paralelamente à Britannia ao norte, sendo 
sua largura maior que seu comprimento. A respeito dessa ilha nada tenho de 
preciso a dizer, exceto que seus habitantes são mais selvagens do que os 
Britanos, uma vez que são antropófagos e também glutões, bem como porque, 
uma vez que consideram como algo honroso devorar seus pais quando de sua 
morte e abertamente têm intercurso não somente com as outras mulheres, 
porém também com suas mães e irmãs; entretanto, estou dizendo isso apenas 
com o entendimento de que não tenho testemunhas confiáveis para tais 
informações; ainda assim no tocante à questão da antropofagia, diz-se que esse 
é também o costume dos citas e que, em casos de necessidade provocada pelos 
cercos, os Celtas, os Iberos e diversos outros povos praticaram-na.
Lucius (ou Claudius) Cassius Dio Cocceianus (c. 155 - 235 d. C.), Historia 
Romana, L. LXII, VII, §3. 
Aqueles capturados pelos Britanos eram submetidos a todas as 
torturas imagináveis. A pior e mais terrível atrocidade era a seguinte: 
despidas, suspendiam as mais nobres mulheres [da colônia romana] e então 
cortavam seus seios e costuravam-nos em suas bocas, de modo que as 
vítimas parecessem estar comendo-os; depois, impalavam essas mulheres 
em estacas afiadas em todo o comprimento de seus corpos. Tudo isso fazia-se 
acompanhar de sacrifícios, banquetes e indecência geral, tanto no 
conjunto de seus santuários como particularmente no bosque sagrado de 
Andate. Esse é o nome que dão à deusa Victoria, a quem dedicam a mais 
alta reverência.
Publius (ou Gaius) Cornelius Tacitus (c. 56 – c. 117 d. C.), Germania, §39. 
Os Semnones afirmam ser os mais antigos e nobres do Sueui e sua 
posição é apoiada pela religião. Em datas predeterminadas, cada uma de 
suas linhagens envia um representante ao bosque sacro consagrado por 
presságios ancestrais e temor primevo e onde uma matança pública de 
vítimas humanas celebra as origens terríveis de seus ritos bárbaros.
Strábon (64/63 a. C. - 24 d. C.), Geographiká (Geografia), L. III, IV, §16. 
[...] os habitantes [da Iberia] têm padrões morais muito baixos, pois não 
mostram nenhuma estima pelo viver racional, mas almejam somente saciar 
suas necessidades físicas e instintos animais. A menos, claro está, que se 
considere viver racionalmente o banhar-se em urina choca e com esta lavar 
os dentes, pois sabe-se que o fazem tanto os Iberos como suas mulheres e 
os Cantabros juntamente com os povos circundantes. Esse costume, bem 
como o hábito de dormir no chão, é compartilhado pelos Celtas. Alguns 
dizem que os Galaicos não têm deuses, mas os Celtiberos e outros ao norte 
sacrificam a um deus do ciclo lunar sem nome à noite, em frente às portas 
de suas casas, com a família inteira dançando junta por toda a noite.
III.d - Antiguidade tardia: cristianismo x tradição 
Hippolytus (170 – 235 d. C.), Philosophúmena 
(Ensinamentos Filosóficos; título alternativo: Katà 
pasôn hairéseon élenkhos/Refutatio Omnium 
Haeresium, i. e., Refutação de Todas as Heresias), I, 
22. 
E os druidas célticos exploraram com a máxima 
minúcia a filosofia pitagórica depois que Zamolxis, 
trácio de nascimento, um servo de Pitágoras, tornou-se 
para eles o fomentador dessa doutrina. Eis que, 
após a morte de Pitágoras, Zamolxis, para lá dirigindo-se, 
tornou-se-lhes o desenvolvedor dessa filosofia. Os 
celtas consideram-nos profetas e videntes em razão 
de lhes predizerem certos eventos futuros por meio 
de cálculos e números conforme a arte pitagórica, a 
respeito de cujos métodos não ficaremos em silêncio, 
uma vez que alguns neles encontraram inspiração 
para heresias; os druidas, no entanto, recorrem 
também a ritos mágicos.
Eusebius Sophronius Hieronymus (c. 347 – 
30/09/420 d. C.), Adversus Iouinianum Libri Duo 
(Dois Livros contra Iouinianus), II, §7. 
Porque deveria falar de outras nações quando 
eu mesmo, então um jovem em visita à Gallia, ouvi 
que os Atticoti, uma tribo britânica, comem carne 
humana e que, embora se deparem com manadas 
de suínos e rebanhos de gado grande ou diminuto 
nas florestas, têm o costume de cortar as nádegas 
dos pastores e os seios de suas mulheres e 
consideram-nos coma as mais excelentes 
guloseimas? Os Escotos não possuem esposas 
próprias; não obstante leiam a República de Plato e 
tomem Cato como seu líder, homem algum entre 
eles tem sua própria esposa, porém, como animais 
selvagens, entregam-se à luxúria que toma seus 
corações.
Concilium Arelatense (Concílio de Arles, c. 452), 
cânon 23. 
Se na diocese de qualquer bispo houver 
descrentes ou celebrações do fogo ou veneração 
das árvores, fontes ou pedras, caso tal bispo 
negligenciar sua erradicação, ele será 
considerado com culpado de blasfêmia. 
Menir de Plouguernével, Côtes-d’Armor, 
Bretanha
Concilium Namnetense (Concílio de Nantes, c. 658), 
cânon 20. 
Solicita-se aos bispos e a seus assistentes que 
tenham grande cuidado para que as árvores 
consagradas aos demônios, que as pessoas comuns 
adoram e veneram tanto que não ousam quebrar-lhes 
sequer um galho, sejam arrancadas inclusive com suas 
raízes e totalmente incineradas. Também as pedras, que 
se encontram no locais arruinados e nas sedes 
arborizadas de enganos demoníacos, são tolamente 
veneradas e recebem juramentos e reverência; devem 
ser escavadas inteiramente e lançadas em locais onde 
seus adoradores jamais possam encontrá-las. E deve-se 
ressaltar a todos o pecado terrível que é a adoração dos 
ídolos.
Vita Sancti Symphoriani, Vida de São Symphorianus (Gallia, séc. IV d. C.), III. 
[...] pois os cultos de Berecynthia, Apollo e Diana são praticados com 
especial entusiasmo. por conseguinte, uma multidão de pessoas fora 
convocada à celebração pagão de Berecynthia, a mãe dos demônios. [...] 
Symphorianus disse: "Os estudos dos santos têm mostrado que também 
Diana é um demônio, o qual, passando pelos vales estreitos e banhando-se 
em locais escondidos da floresta, tem semeado as sementes venenosas de 
sua arte mágica nas mentes de homens desavisados, pois seu epíteto é 
Triuia e ela fica à espera onde três caminhos se cruzam.
Vita Sancti Eugendi, Vida de São Eugendus (começo do séc. VIII d. C.), § 32. 
Eu, Eugendus, servo de Cristo, ensino-te esta fórmula escrita: "Espírito 
da cobiça e do ódio e da fornicação e do amor, espírito da loucura e da 
possessão diânica e do meio-dia e do dia e da noite e todos os tipos de 
espírito impuro, parti de quem quer que carregue este escrito consigo. 
Ordeno-te pelo próprio filho do Deus vivo: que saiais rapidamente e 
tenhais cuidado de nunca mais retornes a esta pessoa. Amém. Aleluia.
Algumas observâncias da religião popular na Gallaecia do séc. VI d. C. 
Martinus Dumiensis (ca. 515 – 579/80), De Correctione Rusticorum (Sobre a 
Correção dos Campônios). 
I. Determinadas árvores eram objeto de especial veneração, pois acreditava-se 
fossem habitadas por espíritos benignos. 
II. Jogar pão nas fontes (para aliviar doenças, aumentar a fertilidade?). 
III. Reverenciar certas pedras como sagradas, nelas acendendo velas, bem como 
em encruzilhadas e em determinadas fontes e árvores. 
IV. Murmurar encantamentos e nomes de deuses sobre ervas e fazer amarrações. 
V. Oferecer frutas e vinho a um tronco de árvore (em uma lareira?). 
VI. Cerimônias domésticas de purificação realizadas por especialistas. 
VII. Borrifar as paredes de uma casa recém-construída com o sangue de uma ave 
sacrificada. 
VIII. Colocar um ramo de loureiro na entrada da casa. 
IX. Invocar a deusa dos ofícios durante a realização destes. 
X. Encantamentos para prejudicar uma pessoa por meio de dano a algo que com 
ela tivesse estado em contato. 
XI. Observar com que pé uma pessoa adentra um recinto e disso retirar um 
presságio. 
XII. Retirar presságios do voo dos pássaros e de espirros. 
XIII. Celebrar o primeiro dia de cada mês como sagrado para Juno.
XIV. Mulheres esperarem até a quinta-feira para casar. 
XV. Recorrer à astrologia para determinar os melhores dias para iniciar a 
construção de uma casa, uma plantação e casar. 
XVI. Começar o ano no 1º. de janeiro, venerando ratos e traças nessa ocasião e 
honrando os deuses com alimentos dispostos em uma mesa, para que 
retribuíssem com abundância no resto do ano. 
XVII. Mascarar-se de animais em 1º. de janeiro. 
XVIII. Venerar Mercúrio na quarta-feira e fazer pilhas de pedras nas 
encruzilhadas, lançando uma pedra a cada vez que se passa pelo local, e 
dedicando-as a Mercúrio. 
XIX. Adorar os espíritos do mar, fontes e florestas. 
XX. Não trabalhar na quinta-feira em honra a Júpiter.
Indiculum Superstitionum et Paganiarum 
É uma coleção de capitulares (atos administrativos e legislativos emanados da 
corte dos francos nas dinastias merovíngias e carolíngias, especialmente na época 
de Carlos Magno, 742/747/748 - 814; eram formalmente divididas em capitula, 
plural de capitulum) que identificavam e condenavam crenças pagãs no norte da 
Gallia e entre os saxões à época de sua subjugação e conversão por Carlos Magno 
durante as Guerras Saxônicas (772-804). 
I. De sacrilegio ad sepulchra mortuorum. 
II. De sacrilegio super defunctos id est dadsisas. 
III. De spurcalibus in Februario. 
IV. De casulis id est fanis. 
V. De sacrilegiis per aecclesias. 
VI. De sacris siluarum quae nimidas uocant. 
VII. De hiis quae faciunt super petras. 
VIII. De sacris Mercurii, uel Iouis. 
IX. De sacrificio quod fit alicui sanctorum. 
X. De filacteriis et ligaturis. 
XI. De fontibus sacrificiorum. 
XII. De incantationibus. 
XIII. De auguriis uel auium uel equorum uel bouum stercora uel sternutationes. 
XIV. De diuinis vel sortilogis.
XV. De igne fricato de ligno id est nodfyr. 
XVI. De cerebro animalium. 
XVII. De obseruatione pagana in foco, uel in inchoatione rei alicuius. 
XVIII. De incertis locis que colunt pro sacris. 
XIX. De petendo quod boni uocant sanctae Mariae. 
XX. De feriis quae faciunt Ioui vel Mercurio. 
XXI. De lunae defectione, quod dicunt Vinceluna. 
XXII. De tempestatibus et cornibus et cocleis. 
XXIII. De sulcis circa uillas. 
XXIV. De pagano cursu quem yrias nominant, scissis pannis uel calciamentis. 
XXV. De eo, quod sibi sanctos fingunt quoslibet mortuos. 
XXVI. De simulacro de consparsa farina. 
XXVII. De simulacris de pannis factis. 
XXVIII. De simulacro quod per campos portant. 
XXIX. De ligneis pedibus vel manibus pagano ritu. 
XXX. De eo, quod credunt, quia femine lunam comendet, quod possint corda 
hominum tollere juxta paganos.
Pequeno Índice das Superstições e Práticas Pagãs 
É uma coleção de capitulares (atos administrativos e legislativos emanados da 
corte dos francos nas dinastias merovíngias e carolíngias, especialmente na época 
de Carlos Magno, 742/747/748 - 814; eram formalmente divididas em capitula, 
plural de capitulum) que identificavam e condenavam crenças pagãs no norte da 
Gallia e entre os saxões à época de sua subjugação e conversão por Carlos Magno 
durante as Guerras Saxônicas (772-804). 
I. Dos sacrilégios junto aos túmulos dos mortos. 
II. Dos sacrilégios com relação aos mortos, isto é dadsisas (valgaldr). 
III. Dos ritos pagãos (spurcalia, "profanações") celebrados em fevereiro. 
IV. Das cabanas ou pequenos templos. 
V. Dos sacrilégios nas igrejas. 
VI. Dos santuários nos bosques a que chamam nimidas. 
VII. Do que está sendo feito nas pedras. 
VIII. Dos sacrifícios a Mercurius (Woden) ou Iuppiter (Donar). 
IX. Dos serviços sacrificiais para certos entes tidos como sagrados. 
X. Do uso de amuletos e ligaduras. 
XI. Dos sacrifícios nas fontes. 
XII. Sobre os encantamentos (galdr).
XIII. Dos augúrios ou predições pelo esterco ou espirros das aves, dos cavalos e do 
gado (völva ou spákona). 
XIV. Dos videntes e adivinhos. 
XV. Do fogo da madeira friccionada, isto é, nodfyr (need-fire). 
XVI. Dos cérebros de animais. 
XVII. Sobre a observação pagã do fogo ou no início de cada coisa. 
XVIII. Sobre lugares duvidosos que consideram como sagrados (nemeta). 
XIX. Das invocações que os bem intencionados dizem ser de Santa Maria. 
XX. Das celebrações que fazem para Iuppiter (Donar) ou Mercurius (Woden). 
XXI. Do eclipse da lua, que chamam uinceluna. 
XXII. Das tempestades e chifres de touros e lesmas. 
XXIII. Dos sulcos ao redor das herdades. 
XXIV. Do costume pagão a que chamam frias (ou yrias), roupas rasgadas ou 
calçados. 
XXV. Daqueles que consideram ser santos todos os mortos. 
XXVI. Da imagem feita com farinha espalhada. 
XXVII. Da imagem feita com pano. 
XXVIII. Da imagem que carregam pelos campos. 
XXIX. Da oferenda de mãos e pés de madeira conforme o rito pagão. 
XXX. Daqueles que acreditam que as mulheres que podem encantar a lua possam 
tomar os corações dos homens conforme os pagãos.
Conclusão 1 
 Fontes antigas não podem ser usadas para: 
 Reconstruir com precisão a religião gaulesa no período da independência. 
 Tirar conclusões definitivas sobre a religião da Irlanda pré-cristã. 
 Mapear as características da antiga religião céltica. 
• Adoração sem imagens 
• Prática muito difundida do sacrifício humano 
• A doutrina druídica da metempsicose 
• A importância dos "bosques sagrados" 
Motivos muito difundidos 
na imaginação greco-romana 
a respeito das 
religiões das culturas do 
norte da Europa e 
generalizados demais para 
permitir seu uso como 
testemunho confiável a 
respeito das realidades dos 
celtas antigos. 
IV - Conclusões
Conclusão 2 
Fontes antigas podem ser usadas para: 
 Examinar a disseminação e uso de lugares-comuns narrativos. 
 Argumentar em favor de um modo etnográfico relativamente estático 
na maior parte da literatura antiga. 
 Destacar a dependência da literatura medieval em relação a esses 
motivos. 
 Enfatizar a amplitude a o caráter intercambiável das representações 
mentais romanas sobre os povos ditos bárbaros da Europa setentrional. 
 Demonstrar a diferença entre os estereótipos literários da elite e a 
religião popular galo-romana. 
 Verificar que o preconceito religioso era sobretudo passivo, podendo 
ser ativado em momentos de ameaça externa ou insegurança interna.
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A Religiao Céltica

  • 1. Belloṷesus Īsarnos A Religião Céltica 5º. EBDRC Recife – PE 18 a 20/04/2014 ANDEDION UEDIIUMI DIIIUION RISUN ARTIU MAPON ARUERIIATIN LOPITES SNIEÐÐDIC SOS BRIXTIA ANDERON
  • 2. A Religião Céltica I Paleografia • Galo-grega • Galo-romana II Arqueologia & Iconografia III Literatura IV Conclusões • Antes da Conquista Romana • Período Céltico-Romano • Além da Gallia: Britannia, Germania, Hispania • Antiguidade tardia: cristianismo x tradição
  • 3. Inscrição de Segomaros (Vaison-la-Romaine, 1840) Belesama I P A L E O G R A F I A
  • 4. СЄΓΟΜΑΡΟС ΟΥΙΛΛΟΝЄΟϹ ΤΟΟΥΤ ΙΟΥϹ ΝΑΜΑΥϹΑΤΙϹ ЄΙѠΡΟΥΒΗΛΗ ϹΑΜΙϹΟϹΙΝ ΝЄΜΗΤΟΝ Segomaros Ṷilloneos toṷtius Namaṷsatis eiōru Bēlē sami sosin nemēton Segomaros, filho de Willonis, cidadão de Namausos, ofereceu a Bele sama este nemeton.
  • 5. Inscrição de Ṷebrumaros Ṷebrumaros dede Taranoṷ bratu decantem Ο Υ Η Β Ρ Ο Υ Μ Α Ρ Ο Ϲ Δ Є Δ Є ΤΑ ΡΑ Ν Ο Ο Υ ΒΡΑΤΟΥ ΔЄΚΑΝΤЄΜ Ṷebrumaros deu/ofereceu a Taranus em agradecimento a décima.
  • 6. Inscrição de Martialis (Mont Auxois, Alise-Sainte-Reine, 1839) Ucuetis
  • 7. Martialis, filho de Dannotalos, ofereceu este edifício a Ucuetis e aos ferreiros que adoram Ucuetis em Alésia. MARTIALIS DANNOTAL I EVRV . VCVETE . SOSIN CELICNON  ETIC GOBEDBI . DVGIIONTIO  VCVETIN  IN [...] ALISIIA
  • 9. andedíon uediíumí diíiuion risun artiu mapon arueriíatin [ou aritu?] lopites sníeđđic sos brixtía anderon [ou lotites?] c lucion floron nigrínon adgarion aemilí on paterin claudíon legitumon caelion pelign claudío pelign marcion uictorin asiatí
  • 10. con ađđedillí etic se couitoncnaman [ou poncnaman?] tonc siíontío meíon ponc se sit bue tid ollon reguccambion exsops pissíiumí tsoc cantírtssu ison son [ou rissuis onson?] bissíet luge dessummiíis luge dessumíis luge dessumíís luxe
  • 11. Puy-de-Dôme, maciço central, nas proximidades de Clermont-Ferrand (Augustodunum) No topo, as ruínas do templo (3.600 m2, c. 140 d. C.) dedicado a Mercurius, descobertas em 1873. II Arqueologia & Iconografia
  • 14.
  • 15. Templo de Hercules Magusanus, deus maior dos Batavos, em Empel, Germania Inferior (atualmente Países Baixos) Templo de Nehalennia, em Cuijk, Países Baixos
  • 16. Templo galo-romano de Lenus Mars (Martberg, Eifel, Alemanha) Ancamna Xulsigiae
  • 17. Templo clássico romano: Minerva Sulis (Aquae Sulis, hoje Bath, county Somerset, Inglaterra) • Aedes: a habitação do deus, a estrutura que abriga a imagem da deidade. • * Delubrum • Templum: recinto sacrado; tecnicamente, o espaço definido para a prática augural. • Fanum: área de chão consagrado e o santuário nela construído. Na Gallia romana, os fana eram frequentemente construídos sobre um sítio sagrado céltico e influenciados pelas estruturas anteriormente existentes. Possuíam um espaço central (cella) e uma galeria deambulatória ao redor, ambos quadrados. Esses santuários também podem ser encontrados na Grã-Bretanha romana.
  • 18. T I B [E R I O] C A E S A R E AVG[VSTO] IOVI OPTVM[O] MAXSUMO N A V T A E P A R I S I A C I [P V] B L I C E P O S I E R V N[T] A Tibério César Augusto e a Júpiter, o Melhor e Maior, os marinheiros parísios publicamente ergueram este monumento. Reconstrução do Pilar dos Marinheiros
  • 19. Bloco inferior: Fort[una] com Iuno?; duas deusas; Mars com consorte (Venus?); Mercurius com Rosmerta? Segundo bloco: dedicatória; 3 homens armados imberbes; Eurises (3 homens armados barbados); Senan[t] V[-]tlon[-- --] (três figuras de perfil, coroadas e vestindo túnicas, sendo 2 femininas e 1 masculina)
  • 20. Terceiro bloco: [C]ernunnos; Smer[trios]; Castor; [Pollux] Bloco superior: Iouis; Esus; Taruos Trigaranus; Volcanus
  • 21. III. a - Antes da Conquista Romana Sópatros (séc. III a. C.) apud Athenaios Naukratites (séc. III d. C.), Deipnosophistes (O Banquete dos Sábios), IV, 51. E Magnus, imediatamente tomando a palavra disse: "O universalmente excelentíssimo Laurentius enfrentou bem e de forma inteligente esse cão faminto quanto à sopa de lentilhas. Eu, entretanto, como os ‘Gálatas’ do páfio Sópatros, entre os quais é costume, sempre que alcançam grande sucesso na guerra, sacrificar seus prisioneiros aos deuses" [...]
  • 22. Kallimakhos (310/305 - 240 a. C.), Eis Dēlon (Hino a Delos), v. 171-185. "Sim, e num dia em teu porvir cairá sobre nós uma luta comum, quando os Titãs de uma época recente levantarem contra os helenos a espada bárbara e a guerra céltica, e desde o mais distante ocidente arremeterem como flocos de neve e numerosos como as estrelas ao agrupar-se mais densamente no céu; fortalezas também (e as aldeias lócrias e os cumes de Delfos) e as planícies de Crisa e os vales continentais ficarão apinhados de uma ponta à outra e contemplarão a densa fumaça de seu vizinho que arde em chamas e não mais apenas por ouvir falar; porém já junto ao templo verão as fileiras dos inimigos e já junto a minhas trípodes as espadas e os cinturões cruéis e os odiosos escudos, que provocarão uma jornada maléfica à insensata tribo dos Gálatas".
  • 23. Anyte de Tegea (séc. III a. C.), in Anthologia Graeca (começo do séc. XIV d. C.). Sobre as Virgens de Mileto Vamos então, querida Mileto! Doce terra nativa, adeus! Os males ultrajantes temeremos dos gauleses desregrados enquanto aqui vivermos, Três virgens da raça milésia a esse destino terrível constrangidas Pelo Ares céltico; entretanto, contentes morremos por não termos jamais testemunhado Sanguinolentos esponsais, nem nos termos rebaixado a ser vis escravas de nossos inimigos. Ao contrário, a Hades agradecemos, gentil curador de nossos padecimentos.
  • 24. Pseudo-Aristotéles (384 - 322 A. C.), Magikos (Sobre a Magia) e Sotíon (séc. II a. C.), Diadokhe ton philosophon (Sucessão dos Filósofos) apud Diógenes Laértios (séc. III d. C.), Bioi kai gnomais ton en philosophian eudokimesanton (Vidas e Opiniões dos Filósofos Eminentes). I, § 1: Há alguns que dizem ter o estudo da filosofia iniciado entre os bárbaros. Salientam que os persas têm seus Magos, os babilônios ou assírios seus Caldeus e os indianos seus Gimnosofistas; e entre os celtas e os gauleses há as pessoas chamadas Druidas ou Semnotheoi ("os Sagrados"?), citando para essa afirmação a autoridade do “Sobre a Magia" de Aristotéles e de Sotíon no vigésimo terceiro livro da sua "Sucessão dos Filósofos". I, § 6: Entretanto, aqueles que defendem a teoria da origem da filosofia entre os bárbaros prosseguem explicando as diferentes formas que esta assumiu em diferentes países. Quanto aos Gimnosofistas e aos Druidas, dizem-nos que comunicam sua filosofia por meio de enigmas, exortando os homens a reverenciar os deuses, abster-se de fazer o mal e praticar a bravura.
  • 25. Tiberius Catius Asconius Silius Italicus (ca. 28 - ca. 103 d. C.), Punicorum Libri Septemdecim (Poema em Dezessete Livros sobre a Guerra Púnica, 218 - 201 a. C.), III, v. 340 - 43. Os celtas conhecidos como Hiberi também vieram. Para eles é glorioso cair em combate, mas consideram errado cremar um guerreiro que morre desse modo. Eles acreditam que ele será transportado aos deuses se seu corpo, jazendo no campo de batalha, for devorado por um abutre faminto.
  • 26. Marcus Tullius Cicero (106-43 a.C.), Oratio pro Marco Fonteio (Discurso em Defesa de Marcus Fonteius). §§ 9-10: [...] Pois outras nações empreendem guerras em defesa de seus sentimentos religiosos; eles [os gauleses] intentam batalhas contra a religião de todos os outros povos. Outras nações, ao engajar-se na guerra, imploram a sanção e o perdão dos deuses; eles empreenderam guerra contra os próprios deuses imortais. Essas são as nações que no passado marcharam tão longe de suas terras até atingir Delfos para atacar e pilhar o santuário de Apolo Pítico e o oráculo do mundo inteiro. Por essas mesmas nações, tão piedosas, tão escrupulosas em dar seu testemunho, foi o Capitólio sitiado e esse Júpiter, sob cujo nome nossas ancestrais decidiram que a boa fé de todas as testemunhas seria prometida. Por fim, pode qualquer coisa parecer sagrada ou solene aos olhos desses homens que, quando sob a influência de um medo qualquer e chegando a acreditar ser necessário propiciar os deuses imortais, poluem seus altares e templos com vítimas humanas? Assim, não podem prestar à religião a honra devida sem primeiro a violar com sua perversidade. Pois quem ignora que, ainda nos dias de hoje, conservam o costume bárbaro e selvagem de sacrificar homens?
  • 27. Gaius Iulis Caesar (100 - 44 a. C.), Commentarii de Bello Gallico (Comentários sobre a Guerra da Gallia). VI, 13: Uma grande quantidade de rapazes vem aos Druidas para instrução, tendo-os em grande respeito. Sem dúvida, os Druidas são os juízes em todas as controvérsias públicas e privadas. Se qualquer crime foi cometido, se qualquer homicídio foi perpetrado, se há quaisquer questões relativas a herança, ou qualquer controvérsia a respeito de limites, os Druidas decidem o caso e determinam as punições. Se qualquer um ignorar sua decisão, essa pessoa é banida de todos os sacrifícios – uma punição extremamente severa entre os gauleses. Aqueles que são assim condenados são considerados criminosos detestáveis. Todos se afastam deles e não lhes falarão, temendo algum dano por causa do contato com eles e não recebem justiça nem honra por qualquer feito digno.
  • 28. Gaius Iulis Caesar (100 - 44 a. C.), Commentarii de Bello Gallico (Comentários sobre a Guerra da Gália). VI, 16: Todos os gauleses são muito devotados à religião e, por causa disso, aqueles que são afligidos com alguma doença terrível ou enfrentam perigos na batalha realizarão sacrifícios humanos ou, ao menos, prometerão fazê-lo. Os Druidas são os ministros em tais ocasiões. Eles acreditam que, a menos que a vida de um homem seja oferecida pela vida de outro, a dignidade dos deuses imortais será insultada. Isso é verdade para os sacrifícios públicos e para os privados. Alguns construirão enormes figuras que enchem com pessoas vivas e então lhes põem fogo, perecendo todos nas chamas. Eles acreditam que a execução de ladrões e de outros criminosos é a mais agradável aos deuses, mas, quando for reduzido o número de pessoas culpadas, eles matarão também os inocentes.
  • 29. Gaius Iulis Caesar (100 - 44 a. C.), Commentarii de Bello Gallico (Comentários sobre a Guerra da Gália). VI, 17: O principal deus dos gauleses é Mercúrio e há imagens dele em toda parte. Diz-se que é o inventor de todas as artes, o guia de cada viagem e jornada e o deus mais influente nos negócios e questões financeiras. Depois dele, adoram Apolo, Marte, Júpiter e Minerva. Esses deuses têm as mesmas áreas de influência que entre os outros povos. Apolo afasta as doenças, Minerva é a mais influente nos ofícios, Júpiter governa o céu e Marte é o deus da guerra.
  • 30. III.b - Período Céltico-Romano Valerius Maximus (reinado de Tiberius, 14 a 37 d. C.), Factorum et Dictorum Memorabilium, II, 6, §§ 10-11. Deixando Marselha, encontramos este antigo costume dos gauleses. Estes dizem que muitas vezes se emprestavam somas de dinheiro a ser pagas no mundo inferior, pois estavam convencidos de que as almas são imortais. Diria que são tolos esses homens vestidos de calças, caso sua opinião não fosse a mesma de Pitágoras com seu manto. Se a filosofia dos gauleses trai seu amor ao lucro e à usura, a dos Cimbros e Celtiberos exala paixão e coragem. Estes de fato estremecem de alegria no campo de batalha, na esperança de encontrar um fim glorioso e abençoado. Quando adoecem, ficam tristes como as pessoas condenadas a uma morte vergonhosa e miserável. Os Celtiberos também consideram como um ultraje sobreviver em batalha àquele a cuja existência dedicaram a sua. Admiremos a magnanimidade desses dois povos que fizeram questão de garantir por meio de seu valor a salvação do país e de mostrar a seus amigos uma lealdade sem falhas.
  • 31. Marcus Annaeus Lucanus (39 - 65 d. C.), Bellum Civile siue Pharsalia (Sobre a Guerra Civil ou Farsália), L. I, v. 392-465. [...] e aqueles que com sangue maldito pacificam o selvagem Teutates, de Esus os santuários hórridos, e os altares de Taranis, cruéis como aqueles amados pela Diana dos Citas. Também vós, Bardos, que por vossos louvores Escolheis as almas valentes daqueles que pereceram em batalha Para conduzi-los a uma morada imortal, espalhastes agora sem temor Vossos cantos incontáveis. E vós, ó Druidas, depostas as armas, a ritos bárbaros e a costumes retornais sinistros. A vós somente os deuses e numes celestes é dado conhecerdes ou não os conhecerdes; bosques retirados vossas moradas e florestas longínquas; se veraz quanto cantais, dos homens as sombras não as silentes moradas de Érebo e do profundo Dis os reinos pálidos buscam: dirige-os o sopro da vida a outro mundo; de uma longa vida, se quanto cantais conheceis, a morte é o meio.
  • 32. Pomponius Mela (séc. I d. C.), De Chorographia (ou De situ orbis, Descrição do Mundo). III, 2, §§ 14 - 15: Ela [refere-se à costa exterior da Gallia] é habitada por povos orgulhosos, supersticiosos e outrora tão bárbaros que viam os sacrifícios humanos como o gênero de holocausto mais eficaz e o mais agradável aos deuses. Esse costume abominável não mais existe, porém dele ainda restam traços, pois, conquanto agora se abstenham de imolar os homens que escolhem, conduzem-nos ao altar e tiram-lhes um pouco de sangue. Possuem, contudo, seu próprio tipo de eloquência e professores de sabedoria, druidas. Estes afirmam conhecer o tamanho e a forma do mundo, os movimentos dos céus e a vontade dos deuses. Ensinam muitas coisas aos mais nobres da nação em um período de formação que dura até vinte anos, encontrando-se em segredo, seja numa gruta ou em bosques isolados. Um de seus preceitos chegou ao conhecimento comum, a saber, que as almas são eternas e há outra vida junto aos mortos e isso foi permitido manifestamente porque torna a multidão mais pronta para a guerra e é também por essa razão que queimam ou enterram com seus mortos coisas que lhes seriam apropriadas em vida e que, em tempos passados, até costumavam adiar a conclusão de negócios e o pagamento das dívidas até sua chegada ao outro mundo e havia alguns que se lançavam de bom grado às piras funerárias de seus parentes para com estes compartilhar a nova vida.
  • 33. Claudius Aelianus (175 - 235 d. C.), Poikílē Historía (Histórias Variadas, título em latim: Varia Historia), XXII, § 23. Da bravura dos celtas. Ouço dizer que, dentre todas as nações, nenhuma enfrenta os perigos com tanta intrepidez quanto os celtas. Àqueles que nos prélios sucumbiram gloriosamente, compõem canções para celebrá-los e vão coroados de flores para os combates. Orgulhosos de seus grandes feitos, elevam troféus para os legar à posteridade, conforme o costume grego. Parece-lhes tão vergonhoso fugir de um perigo que muitas vezes não se dignam a sair de uma casa que está a desabar e desmoronar e que as chamas começam a envolver. Muitos aguardam resolutamente a preamar. Alguns avançam totalmente armados contra a correnteza e suportam o choque das ondas, opondo-lhes suas lanças e espadas desembainhadas, como se pudessem atemorizar ou ferir um tal inimigo.
  • 34. Gaius Plinius Secundus (23 d. C. - 79 d. C.), Naturalis Historia (História Natural), XXX, § 13. Ritos bárbaros eram encontrados na Gallia até uma época de que eu mesmo posso lembrar. Pois foi então que o imperador Tiberius passou um decreto por meio do Senado colocando fora da lei seus Druidas e esses tipos de adivinhos e médicos. Mas por que menciono isso a respeito de uma prática que cruzou o mar e alcançou os confins da terra? Pois mesmo hoje a Britannia realiza ritos com tal cerimônia que acreditarias terem sido eles a fonte dos extravagantes persas. É surpreendente como povos distantes são tão semelhantes em tais práticas. E não se pode superestimar a dívida enorme que temos para com os Romanos por dar um fim a tais horrores, que consideravam ato sumamente sagrado matar um ser humano e absolutamente salutar comê-lo.
  • 35. III. c - Além da Gallia: Britannia, Germania, Hispania Strábon (64/63 a. C. - 24 d. C.), Geographiká (Geografia), L. IV, V, §4. Além de algumas pequenas ilhas ao redor da Britannia, há também uma grande ilha, Ierne, que se estende paralelamente à Britannia ao norte, sendo sua largura maior que seu comprimento. A respeito dessa ilha nada tenho de preciso a dizer, exceto que seus habitantes são mais selvagens do que os Britanos, uma vez que são antropófagos e também glutões, bem como porque, uma vez que consideram como algo honroso devorar seus pais quando de sua morte e abertamente têm intercurso não somente com as outras mulheres, porém também com suas mães e irmãs; entretanto, estou dizendo isso apenas com o entendimento de que não tenho testemunhas confiáveis para tais informações; ainda assim no tocante à questão da antropofagia, diz-se que esse é também o costume dos citas e que, em casos de necessidade provocada pelos cercos, os Celtas, os Iberos e diversos outros povos praticaram-na.
  • 36. Lucius (ou Claudius) Cassius Dio Cocceianus (c. 155 - 235 d. C.), Historia Romana, L. LXII, VII, §3. Aqueles capturados pelos Britanos eram submetidos a todas as torturas imagináveis. A pior e mais terrível atrocidade era a seguinte: despidas, suspendiam as mais nobres mulheres [da colônia romana] e então cortavam seus seios e costuravam-nos em suas bocas, de modo que as vítimas parecessem estar comendo-os; depois, impalavam essas mulheres em estacas afiadas em todo o comprimento de seus corpos. Tudo isso fazia-se acompanhar de sacrifícios, banquetes e indecência geral, tanto no conjunto de seus santuários como particularmente no bosque sagrado de Andate. Esse é o nome que dão à deusa Victoria, a quem dedicam a mais alta reverência.
  • 37. Publius (ou Gaius) Cornelius Tacitus (c. 56 – c. 117 d. C.), Germania, §39. Os Semnones afirmam ser os mais antigos e nobres do Sueui e sua posição é apoiada pela religião. Em datas predeterminadas, cada uma de suas linhagens envia um representante ao bosque sacro consagrado por presságios ancestrais e temor primevo e onde uma matança pública de vítimas humanas celebra as origens terríveis de seus ritos bárbaros.
  • 38. Strábon (64/63 a. C. - 24 d. C.), Geographiká (Geografia), L. III, IV, §16. [...] os habitantes [da Iberia] têm padrões morais muito baixos, pois não mostram nenhuma estima pelo viver racional, mas almejam somente saciar suas necessidades físicas e instintos animais. A menos, claro está, que se considere viver racionalmente o banhar-se em urina choca e com esta lavar os dentes, pois sabe-se que o fazem tanto os Iberos como suas mulheres e os Cantabros juntamente com os povos circundantes. Esse costume, bem como o hábito de dormir no chão, é compartilhado pelos Celtas. Alguns dizem que os Galaicos não têm deuses, mas os Celtiberos e outros ao norte sacrificam a um deus do ciclo lunar sem nome à noite, em frente às portas de suas casas, com a família inteira dançando junta por toda a noite.
  • 39. III.d - Antiguidade tardia: cristianismo x tradição Hippolytus (170 – 235 d. C.), Philosophúmena (Ensinamentos Filosóficos; título alternativo: Katà pasôn hairéseon élenkhos/Refutatio Omnium Haeresium, i. e., Refutação de Todas as Heresias), I, 22. E os druidas célticos exploraram com a máxima minúcia a filosofia pitagórica depois que Zamolxis, trácio de nascimento, um servo de Pitágoras, tornou-se para eles o fomentador dessa doutrina. Eis que, após a morte de Pitágoras, Zamolxis, para lá dirigindo-se, tornou-se-lhes o desenvolvedor dessa filosofia. Os celtas consideram-nos profetas e videntes em razão de lhes predizerem certos eventos futuros por meio de cálculos e números conforme a arte pitagórica, a respeito de cujos métodos não ficaremos em silêncio, uma vez que alguns neles encontraram inspiração para heresias; os druidas, no entanto, recorrem também a ritos mágicos.
  • 40. Eusebius Sophronius Hieronymus (c. 347 – 30/09/420 d. C.), Adversus Iouinianum Libri Duo (Dois Livros contra Iouinianus), II, §7. Porque deveria falar de outras nações quando eu mesmo, então um jovem em visita à Gallia, ouvi que os Atticoti, uma tribo britânica, comem carne humana e que, embora se deparem com manadas de suínos e rebanhos de gado grande ou diminuto nas florestas, têm o costume de cortar as nádegas dos pastores e os seios de suas mulheres e consideram-nos coma as mais excelentes guloseimas? Os Escotos não possuem esposas próprias; não obstante leiam a República de Plato e tomem Cato como seu líder, homem algum entre eles tem sua própria esposa, porém, como animais selvagens, entregam-se à luxúria que toma seus corações.
  • 41. Concilium Arelatense (Concílio de Arles, c. 452), cânon 23. Se na diocese de qualquer bispo houver descrentes ou celebrações do fogo ou veneração das árvores, fontes ou pedras, caso tal bispo negligenciar sua erradicação, ele será considerado com culpado de blasfêmia. Menir de Plouguernével, Côtes-d’Armor, Bretanha
  • 42. Concilium Namnetense (Concílio de Nantes, c. 658), cânon 20. Solicita-se aos bispos e a seus assistentes que tenham grande cuidado para que as árvores consagradas aos demônios, que as pessoas comuns adoram e veneram tanto que não ousam quebrar-lhes sequer um galho, sejam arrancadas inclusive com suas raízes e totalmente incineradas. Também as pedras, que se encontram no locais arruinados e nas sedes arborizadas de enganos demoníacos, são tolamente veneradas e recebem juramentos e reverência; devem ser escavadas inteiramente e lançadas em locais onde seus adoradores jamais possam encontrá-las. E deve-se ressaltar a todos o pecado terrível que é a adoração dos ídolos.
  • 43. Vita Sancti Symphoriani, Vida de São Symphorianus (Gallia, séc. IV d. C.), III. [...] pois os cultos de Berecynthia, Apollo e Diana são praticados com especial entusiasmo. por conseguinte, uma multidão de pessoas fora convocada à celebração pagão de Berecynthia, a mãe dos demônios. [...] Symphorianus disse: "Os estudos dos santos têm mostrado que também Diana é um demônio, o qual, passando pelos vales estreitos e banhando-se em locais escondidos da floresta, tem semeado as sementes venenosas de sua arte mágica nas mentes de homens desavisados, pois seu epíteto é Triuia e ela fica à espera onde três caminhos se cruzam.
  • 44. Vita Sancti Eugendi, Vida de São Eugendus (começo do séc. VIII d. C.), § 32. Eu, Eugendus, servo de Cristo, ensino-te esta fórmula escrita: "Espírito da cobiça e do ódio e da fornicação e do amor, espírito da loucura e da possessão diânica e do meio-dia e do dia e da noite e todos os tipos de espírito impuro, parti de quem quer que carregue este escrito consigo. Ordeno-te pelo próprio filho do Deus vivo: que saiais rapidamente e tenhais cuidado de nunca mais retornes a esta pessoa. Amém. Aleluia.
  • 45. Algumas observâncias da religião popular na Gallaecia do séc. VI d. C. Martinus Dumiensis (ca. 515 – 579/80), De Correctione Rusticorum (Sobre a Correção dos Campônios). I. Determinadas árvores eram objeto de especial veneração, pois acreditava-se fossem habitadas por espíritos benignos. II. Jogar pão nas fontes (para aliviar doenças, aumentar a fertilidade?). III. Reverenciar certas pedras como sagradas, nelas acendendo velas, bem como em encruzilhadas e em determinadas fontes e árvores. IV. Murmurar encantamentos e nomes de deuses sobre ervas e fazer amarrações. V. Oferecer frutas e vinho a um tronco de árvore (em uma lareira?). VI. Cerimônias domésticas de purificação realizadas por especialistas. VII. Borrifar as paredes de uma casa recém-construída com o sangue de uma ave sacrificada. VIII. Colocar um ramo de loureiro na entrada da casa. IX. Invocar a deusa dos ofícios durante a realização destes. X. Encantamentos para prejudicar uma pessoa por meio de dano a algo que com ela tivesse estado em contato. XI. Observar com que pé uma pessoa adentra um recinto e disso retirar um presságio. XII. Retirar presságios do voo dos pássaros e de espirros. XIII. Celebrar o primeiro dia de cada mês como sagrado para Juno.
  • 46. XIV. Mulheres esperarem até a quinta-feira para casar. XV. Recorrer à astrologia para determinar os melhores dias para iniciar a construção de uma casa, uma plantação e casar. XVI. Começar o ano no 1º. de janeiro, venerando ratos e traças nessa ocasião e honrando os deuses com alimentos dispostos em uma mesa, para que retribuíssem com abundância no resto do ano. XVII. Mascarar-se de animais em 1º. de janeiro. XVIII. Venerar Mercúrio na quarta-feira e fazer pilhas de pedras nas encruzilhadas, lançando uma pedra a cada vez que se passa pelo local, e dedicando-as a Mercúrio. XIX. Adorar os espíritos do mar, fontes e florestas. XX. Não trabalhar na quinta-feira em honra a Júpiter.
  • 47. Indiculum Superstitionum et Paganiarum É uma coleção de capitulares (atos administrativos e legislativos emanados da corte dos francos nas dinastias merovíngias e carolíngias, especialmente na época de Carlos Magno, 742/747/748 - 814; eram formalmente divididas em capitula, plural de capitulum) que identificavam e condenavam crenças pagãs no norte da Gallia e entre os saxões à época de sua subjugação e conversão por Carlos Magno durante as Guerras Saxônicas (772-804). I. De sacrilegio ad sepulchra mortuorum. II. De sacrilegio super defunctos id est dadsisas. III. De spurcalibus in Februario. IV. De casulis id est fanis. V. De sacrilegiis per aecclesias. VI. De sacris siluarum quae nimidas uocant. VII. De hiis quae faciunt super petras. VIII. De sacris Mercurii, uel Iouis. IX. De sacrificio quod fit alicui sanctorum. X. De filacteriis et ligaturis. XI. De fontibus sacrificiorum. XII. De incantationibus. XIII. De auguriis uel auium uel equorum uel bouum stercora uel sternutationes. XIV. De diuinis vel sortilogis.
  • 48. XV. De igne fricato de ligno id est nodfyr. XVI. De cerebro animalium. XVII. De obseruatione pagana in foco, uel in inchoatione rei alicuius. XVIII. De incertis locis que colunt pro sacris. XIX. De petendo quod boni uocant sanctae Mariae. XX. De feriis quae faciunt Ioui vel Mercurio. XXI. De lunae defectione, quod dicunt Vinceluna. XXII. De tempestatibus et cornibus et cocleis. XXIII. De sulcis circa uillas. XXIV. De pagano cursu quem yrias nominant, scissis pannis uel calciamentis. XXV. De eo, quod sibi sanctos fingunt quoslibet mortuos. XXVI. De simulacro de consparsa farina. XXVII. De simulacris de pannis factis. XXVIII. De simulacro quod per campos portant. XXIX. De ligneis pedibus vel manibus pagano ritu. XXX. De eo, quod credunt, quia femine lunam comendet, quod possint corda hominum tollere juxta paganos.
  • 49. Pequeno Índice das Superstições e Práticas Pagãs É uma coleção de capitulares (atos administrativos e legislativos emanados da corte dos francos nas dinastias merovíngias e carolíngias, especialmente na época de Carlos Magno, 742/747/748 - 814; eram formalmente divididas em capitula, plural de capitulum) que identificavam e condenavam crenças pagãs no norte da Gallia e entre os saxões à época de sua subjugação e conversão por Carlos Magno durante as Guerras Saxônicas (772-804). I. Dos sacrilégios junto aos túmulos dos mortos. II. Dos sacrilégios com relação aos mortos, isto é dadsisas (valgaldr). III. Dos ritos pagãos (spurcalia, "profanações") celebrados em fevereiro. IV. Das cabanas ou pequenos templos. V. Dos sacrilégios nas igrejas. VI. Dos santuários nos bosques a que chamam nimidas. VII. Do que está sendo feito nas pedras. VIII. Dos sacrifícios a Mercurius (Woden) ou Iuppiter (Donar). IX. Dos serviços sacrificiais para certos entes tidos como sagrados. X. Do uso de amuletos e ligaduras. XI. Dos sacrifícios nas fontes. XII. Sobre os encantamentos (galdr).
  • 50. XIII. Dos augúrios ou predições pelo esterco ou espirros das aves, dos cavalos e do gado (völva ou spákona). XIV. Dos videntes e adivinhos. XV. Do fogo da madeira friccionada, isto é, nodfyr (need-fire). XVI. Dos cérebros de animais. XVII. Sobre a observação pagã do fogo ou no início de cada coisa. XVIII. Sobre lugares duvidosos que consideram como sagrados (nemeta). XIX. Das invocações que os bem intencionados dizem ser de Santa Maria. XX. Das celebrações que fazem para Iuppiter (Donar) ou Mercurius (Woden). XXI. Do eclipse da lua, que chamam uinceluna. XXII. Das tempestades e chifres de touros e lesmas. XXIII. Dos sulcos ao redor das herdades. XXIV. Do costume pagão a que chamam frias (ou yrias), roupas rasgadas ou calçados. XXV. Daqueles que consideram ser santos todos os mortos. XXVI. Da imagem feita com farinha espalhada. XXVII. Da imagem feita com pano. XXVIII. Da imagem que carregam pelos campos. XXIX. Da oferenda de mãos e pés de madeira conforme o rito pagão. XXX. Daqueles que acreditam que as mulheres que podem encantar a lua possam tomar os corações dos homens conforme os pagãos.
  • 51. Conclusão 1  Fontes antigas não podem ser usadas para:  Reconstruir com precisão a religião gaulesa no período da independência.  Tirar conclusões definitivas sobre a religião da Irlanda pré-cristã.  Mapear as características da antiga religião céltica. • Adoração sem imagens • Prática muito difundida do sacrifício humano • A doutrina druídica da metempsicose • A importância dos "bosques sagrados" Motivos muito difundidos na imaginação greco-romana a respeito das religiões das culturas do norte da Europa e generalizados demais para permitir seu uso como testemunho confiável a respeito das realidades dos celtas antigos. IV - Conclusões
  • 52. Conclusão 2 Fontes antigas podem ser usadas para:  Examinar a disseminação e uso de lugares-comuns narrativos.  Argumentar em favor de um modo etnográfico relativamente estático na maior parte da literatura antiga.  Destacar a dependência da literatura medieval em relação a esses motivos.  Enfatizar a amplitude a o caráter intercambiável das representações mentais romanas sobre os povos ditos bárbaros da Europa setentrional.  Demonstrar a diferença entre os estereótipos literários da elite e a religião popular galo-romana.  Verificar que o preconceito religioso era sobretudo passivo, podendo ser ativado em momentos de ameaça externa ou insegurança interna.