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No templo da ciência brasileira
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No templo da
ciência brasileira
Pesquisa agrária
Diretor-geral do Instituto Agronômico de Campinas toma posse como
membro titular da Academia Brasileira de Ciências
Kátia Camargo – katia.camargo@rac.com.br
O
pesquisador científico e
diretor-geral do Instituto
Agronômico de Campinas
(IAC), Marcos Antônio Ma-
chado, tomou posse no último dia 23
de setembro como membro titular
da Academia Brasileira de Ciências
(ABC), na área de Ciências Agrárias.
Essa é a primeira vez que uma pessoa
do IAC, que neste ano completou 133
anos, assume uma cadeira nessa im-
portante entidade que conta com os
mais renomados cientistas do Brasil.
A posse dos novos membros ocorreu
durante a reunião magna virtual da
ABC que também discutiu o tema: O
Mundo a partir da Covid-19.
Os membros titulares da ABC são
pesquisadores com destacada atuação
científica, radicados no Brasil há mais
de dez anos. Machado é diretor-geral
do IAC desde 24 de janeiro de 2019 e
pesquisador científico do Instituto
na área de citricultura. Foi diretor do
Centro de Citricultura“Sylvio Moreira”
do IAC de 17 de maio de 2003 a 1º de
agosto de 2018, quando se tornou di-
retor-técnico do Centro de Programa-
ção de Pesquisa do IAC. É engenheiro
agrônomo formado pela Universidade
de Brasília, em 1978, tem mestrado em
Fisiologia Vegetal pela Universidade
Federal deViçosa, em 1981, e doutora-
do em Agronomia, pela Justus Liebig
Universitat, Giessen, na Alemanha,
em 1987.
Além das atividades no IAC, Ma-
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chado coordena o Instituto Nacional
de Ciência e Tecnologia de Genômica
Comparativa e Funcional e Melhora-
mento Assistido de Citros (INCT II),
apoiado pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecno-
lógico (CNPq), pela Fundação de Am-
paro à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP) e pela Coordenação de Aper-
feiçoamento de Pessoal de Nível Su-
perior (Capes). É também membro da
Comissão Técnica Nacional de Biosse-
gurança (CTNBio) e do Comitê Asses-
sor do CNPq na área de Biotecnologia.
O novo membro do ABC atua tam-
bém como orientador de mestrado
e doutorado em cursos de pós-gra-
duação da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), nas áreas de
genética, biologia molecular e biolo-
gia funcional e molecular; e na Uni-
versidade Estadual Paulista (Unesp),
na área de genética.
A revista Metrópole conversou
com Marcos Antônio Machado para
falar sobre essa importante indicação
e, durante a conversa, ele fez questão
de destacar que a Academia Brasileira
de Ciências é o fórum mais qualifica-
do, científico e tecnologicamente não
só no Brasil como em todo o mundo e
isso trouxe grande orgulho a ele tanto
pessoal como profissionalmente.
Revista Metrópole:O que achou de
ser indicado para ser membro daAca-
demia Brasileira de Ciências?
Marcos Antônio Machado: Eu fi-
quei muito feliz de estar na Academia,
principalmente porque represento
um dos setores mais importantes do
Brasil, que é a agricultura. Isso é muito
importante não somente do ponto de
vista pessoal, mas também para o IAC.
Isso porque representa, em certo as-
pecto, o reconhecimento do trabalho
do pesquisador dentro da instituição e
do setor em que atua o cientista elei-
to. Acredito que ganhamos muito en-
quanto instituição.
O senhor acredita que a Acade-
mia Brasileira de Ciências (ABC) tem
o papel de mostrar o valor da ciência
no Brasil frente a tantos ataques re-
centes e notícias falsas?
Sim, com certeza uma das grandes
funções da academia é ser um fórum
para ajudar a explicar a ciência, para
orientar políticas públicas para a ciên-
cia assim como o Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tec-
nológico (CNPq), a Fundação de Am-
paro à Pesquisa do Estado de São Pau-
lo (Fapesp) e as universidades. E a ABC
é extremamente importante na defesa
desses princípios da ciência e tecnolo-
gia em todos os setores. Ela reúne os
grandes pensadores brasileiros e seu
papel também é discutir a questão de
falsas notícias ou mesmo o ataque à
ciência. Acredito que quem desvalori-
za a ciência não conhece o poder que
ela tem. Então, mesmo à frente de tan-
tos desafios à ciência, notícias falsas, a
ABC continua operando para garantir
saúde, bem-estar econômico, social e
ambiental para toda a população. Es-
tar na Academia neste cenário é extre-
mamente importante, na medida em
que a própria pandemia e a situação
atual do Brasil e do mundo valorizam
a ciência por um lado e, por outro, a
desvalorizam.
A reunião virtual onde ocorreu a
posse de vocês trouxe também o tema
sobre o Mundo da partir da Covid-19.
O que vocês discutiram?
Claro que a Covid-19 afetou uma
parte da pesquisa da área da ciência
agrária na medida em que ela afasta as
equipes, reduz integração e interação
e principalmente reduz muita ativi-
dade que exige laboratório e o campo
intensivo. Mas espero que em breve
retomemos a fazer todas essas ativi-
dades. O importante é sabermos que
a pandemia vai exigir que repensemos
nossa maneira de trabalhar e atuar em
conjunto para maior eficiência do se-
tor agro e isso já estamos fazendo.
E no setor agro foram tomadas
medidas de segurança?
Sim, só para exemplificar, todos os
produtores têm adotado medidas de
segurança na colheita, no manuseio
e na embalagem para evitar a conta-
minação superficial do coronavírus.
Mas devemos lembrar que o corona-
vírus não dura muito tempo numa
superfície e o risco de contaminação
superficial é extremamente baixo. Eu
diria que em condições normais é ine-
xistente.
O senhor acredita que o setor agro
é muito relevante para a economia?
Sim, esse setor conquistou esse
posto graças aos investimentos em ci-
ência e tecnologia. Esse investimento
começou todo no Instituto Agronômi-
co, depois se espalhou em outras áre-
as do País, mas o berço desse investi-
mento é o Instituto Agronômico.
O que o senhor destacaria do IAC
frente a seu novo desafio?
O Instituto Agronômico de Campi-
nas é o embrião de toda essa Campi-
nas tecnológica. Quando Dom Pedro
II criou o instituto há 133 anos, ele
abriu as portas para a cidade ser um
centro de inovação, de tecnologia e
de ciência. O Agronômico é a semen-
te disso tudo, tenho muito orgulho de
fazer parte dessa história.