O documento discute os altos custos de produção no Brasil, conhecidos como "custo Brasil", que incluem alta carga tributária, logística ineficiente e outros fatores. Isso torna os produtos brasileiros muito mais caros do que produtos de outros países. O documento argumenta que as importações podem ajudar a reduzir esses custos e melhorar a competitividade da indústria brasileira.
1. Opinião
Custo Brasil
*Antonio Carlos Rosset Filho
Há muito tempo que o setor produtivo brasileiro está padecendo com o custo
brasil.
Esse custo que é servido na forma de alta carga tributária, logística ineficiente,
inflação, insegurança jurídica, juros altos e outros ingredientes que compõem a
receita chamada de custo Brasil e que prejudica o setor produtivo brasileiro.
Trabalho com comércio internacional há mais de 25 anos e posso afirmar que
as importações de máquinas e equipamentos e matérias primas têm ajudado o
Brasil a melhorar a sua indústria, baratear custos na produção e melhorar a
qualidade do produto brasileiro, além de capacitar a mão de obra local.
Alguns setores da economia, talvez por falta de informação, talvez por
comodismo, culpam o produto importado pela queda nas vendas e demissões
de trabalhadores. A verdade é que grande parte do problema sempre esteve no
custo brasil.
Enquanto não fizermos uma reforma tributária e trabalhista e não melhorarmos
a nossa logística, tudo que é produzido no Brasil sempre será muito mais caro
que o produto produzido na América do Norte, Europa e Ásia. O Brasil é um
país caro!
No caso específico do aço importado, o setor de construção pode se beneficiar
dos preços competitivos e assim diminuir o custo da construção. Outros setores
da economia se beneficiaram do aço importado, reduzindo custos e
repassando economias aos consumidores.
Enquanto não fizermos uma verdadeira reforma tributária no Brasil fica difícil
culpar o produto importado. Isso vale para qualquer segmento no Brasil. Estive
no México há duas semanas e encontrei-me com um fabricante de máquinas e
equipamentos de origem espanhola.
Ele contou-me que a ideia da direção da empresa que fica na Espanha era de
montar uma indústria no Brasil no intuito de ter mais competitividade e assim
poder vender mais máquinas.
2. Pois bem, contrataram uma empresa de consultoria que fez os estudos para
desenvolver fornecedores locais e fazer algumas das peças no Brasil.
No final, o estudo apontou que produzir no Brasil ficaria 62% mais caro que
produzir na Espanha. O mesmo estudo foi encomendado por essa empresa na
China. O resultado foi assustador porque produzir na China sairia quase 40%
mais barato que produzir na Espanha.
Portanto, por esse exemplo, produzir no Brasil sai 100% mais caro que produzir
na China.
Nesse momento de crise, com o custo Brasil aumentando, temos que exportar.
O Brasil contribui com menos de 2% do comércio global, praticamente a
mesma fatia que detinha há 10 anos. É muito pouco para um país com os
recursos naturais que temos. A distribuição de renda no Brasil ainda está
concentrada nas mãos de poucos.
Temos que ter uma estratégia para indústria brasileira e nomear o mundo como
mercado.
A Coréia do Sul fez isso. Não porque o mercado sul coreano é pequeno, mas
porque eles entenderam que numa crise eles teriam como sobreviver porque
nomearam o mundo como mercado.
Os asiáticos tem muita experiência em sobreviver em tempos de crise. Todos
se lembram de que anos atrás o Japão passou por um tsunami terrível que
arrasou uma importante região do país. O poder de recuperação foi tão rápido
que olhando hoje nem parece que eles passaram por um tsunami daquelas
proporções.
Vamos olhar o mundo como mercado e os problemas que nós temos no Brasil.
Só assim conseguiremos imaginar um país melhor. Não adianta apontarmos
culpados, pois os culpados somos nós mesmos.
*Presidente da Câmara Oficial de Comércio e Indústria Brasil Rússia
Fonte: Assessoria de Imprensa
Seção: Opinião
Publicação: 03/08/2015 INFOMET www.infomet.com.br