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Informações Gerais
AUTOR
Robson Aparecido Alves
VERIFICAÇÃO ORTOGRÁFICA
Robson Aparecido Alves
REVISÃO
Robson Aparecido Alves
EDIÇÃO
01/2015
ILUSTRAÇÃO
Robson Aparecido Alves
TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS A ROBSON APARECIDO
ALVES
PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL E VENDA SEM PRÉVIA
AUTORIZAÇÃO DE ROBSON APARECIDO ALVES.
***
Sobre o Autor
Robson Aparecido Alves, nasceu em Uberlândia no ano de 1983 hoje 31 anos, a
7 anos está na área de gerenciamento de riscos, começou trabalhando em uma
gerenciadora de risco e com tempo foi recebendo propostas melhores de emprego
e já trabalhou como gestor de risco em algumas transportadoras de Uberlândia,
esteve à frente de uma equipe de gerenciamento de riscos comandando uma
central de monitoramento interna numa transportadora, onde reuniu
conhecimentos e desenvolveu técnicas que garantiram a recuperação de alguns
carregamentos ainda intactos. Hoje continua trabalhando na mesma área em uma
transportadora como gestor de riscos, fazendo a ponte entre transportadora e
gerenciadora de risco, presta suporte full time para os operadores, cria planos de
viagem, analisa situações de risco, trata de assuntos relacionados a sinistros,
treinamento de motoristas, check list de veículo, etc.
Mensagem ao Leitor
Olá Caro Amigo Leitor;
Sempre tive em mente que conhecimento deve ser compartilhado, e é isso que
faço neste livro, eu compartilho experiências vividas por mim ao longo de minha
carreira profissional atuando como operador, gerente de operações e gestor de
riscos no transporte rodoviário de cargas.
Este não é um extenso livro com muitas páginas, mas o conteúdo que quero
trazer para você é algo que não tem em nenhuma livraria, é algo que não existe
uma literatura própria. É um conteúdo básico, mas que é muito importante que o
operador de gerenciamento de riscos saiba, também é de grande auxilio para o
gestor de riscos ou transportador.
Um Forte Abraço e uma ótima leitura.
Indice
Gerenciamento de risco, o que é? _________________ 01
Como tudo começou____________________________04
Gerenciamento de risco no turno do dia_____________05
Gerenciamento de risco no turno da noite___________ 05
Capitulo I Dificuldades do operador de GR___________07
Outras dificuldades enfrentadas e sugestões para soluciona-las__08
Com motoristas indisciplinados, quem sempre paga a conta é o transportador _08
Regras impostas pelas Cia Seguradora_____________ 10
Capitulo II Plano de viagem______________________ 11
Capitulo III - Identificando situações de risco iminente de roubo_12
Modus operandi mais frequentes das quadrilhas de roubo de carga_13
Saiba como diminuir o risco de roubo________________15
Áreas de risco__________________________________ 16
Capitulo IV - Identificando situações de sinistros de acidentes_17
Capitulo V - Tratando eventos e situações de risco_______19
A importância do check list do rastreador______________23
01
Gerenciamento de Risco, o que é?
Gerenciamento de riscos é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar
recursos humanos e materiais com a finalidade de diminuir o impacto dos riscos
sobre uma organização.
É o conjunto de técnicas que visa reduzir ao mínimo os efeitos das perdas
acidentais com foco na tratativa dos riscos que possam causar danos materiais,
humanos e ambientais.
Riscos
É a incerteza quanto a ocorrência de um determinado evento que pode vir a
causar danos e prejuízos.
O tempo todo nós fazemos gerenciamento de riscos e não percebemos, está tão
automático dentro de nós que nem percebemos. Sabe aquela hora em que
acendemos a luz da varanda de casa para irmos buscar alguma coisa? Então,
isso é gerenciamento de risco, fazemos isso para não corrermos o risco de
tropeçar em nada ou mesmo de encontrar algum meliante escondido na
escuridão.
Ou quando estamos estacionando o carro em uma vaga na rua lotada, devagar e
com movimentos cuidadosos conseguimos completar a manobra, fazemos isso
para não arranhar a pintura do carro, esse foi o risco que assumimos para que
pudéssemos estacionar o carro na vaga desejada.
Ou pode ser mais simples como atravessar uma rua movimentada, olhamos para
os dois lados e quando aparece uma brecha atravessamos com segurança, isso é
gerenciamento de riscos e fazemos isso para evitar sermos atropelados (a) ao
atravessar a rua movimentada.
Como pode ver o gerenciamento de riscos faz parte de nosso cotidiano e na
maioria das vezes fazemos sem ao menos perceber, como falei, é automático.
Nos três exemplos citados pode ser notada uma sequência lógica de ações para
tratar os riscos:
Primeiro; você tem um objetivo, segundo; você analisa o risco que vai correr para
atingir esse objetivo, terceiro; você decide assumir o risco, quarto; você determina
as medidas de segurança necessárias para que possa cumprir o objetivo em
segurança e quarto; você age.
Não há como escapar do gerenciamento de riscos, ele está inserido em nossas
vidas, usamos gerenciamento de riscos o tempo todo em nosso dia a dia e
consiste simplesmente em assumir determinados riscos para atingir um objetivo
usando para isso medidas de segurança e técnicas que nos auxilie a cumprir o
objetivo de forma segura e que na ocorrência de eventualidades os danos
02
causados sejam mínimos.
No gerenciamento de riscos em transporte rodoviário de cargas não é diferente,
para que ele aconteça são necessários quatro elementos; Embarcador, Cia
Seguradora, Transportador e Gerenciadora de Risco.
O Embarcador precisa transportar os produtos produzidos e vendidos por ele,
para isso precisa do Transportador para fazer este transporte, porém o
Embarcador precisa ter certeza de que esse produto será entregue no prazo e
intacto ao seu cliente e que, em caso de eventualidades durante o percurso não
haja prejuízo, para isso ele contrata um seguro de carga onde entra a corretora de
seguros que é representante da Cia Seguradora que por sua vez fará uma análise
minuciosa dos riscos em relação ao tipo de carga, valor, trecho, etc. a que o
Embarcador estará submetido e confeccionará a Apólice de Seguro com base na
análise dos riscos, esse documento contém as informações sobre as coberturas
como também as regras impostas pela Cia Seguradora para que o Embarcador
tenha direito a indenização do valor da carga em caso de eventualidades
conhecidas popularmente no meio securitário como "SINISTROS". Alguns
embarcadores têm o que chamamos de PGR (Plano de Gerenciamento de Riscos)
que é um documento complementar à apólice de seguro também confeccionado
pela Cia Seguradora onde constam todas normas que o transportador deverá
seguir e medidas de gerenciamento de risco que deverá adotar para garantir a
integridade e segurança do carregamento afim de garantir a indenização do valor
da carga ao embarcador em caso de eventual sinistro que pode ser acidente,
roubo ou outros. O Transportador ao ser contratado pelo Embarcador lhe é
apresentado a apólice de seguros ou o PGR para que assine se comprometendo
em cumprir todas as normas impostas nesse documento pela Cia Seguradora sob
pena de ter que indenizar o Embarcador ou a Cia Seguradora todos os prejuízos
causados em decorrência do não cumprimento das normas contidas neste
documento. Por sua vez, o Transportador contrata a Gerenciadora de Riscos para
zelar pelo fiel cumprimento das normas impostas pela Cia Seguradora do
Embarcador, algumas apólices de seguros a própria Cia Seguradora determina a
Gerenciadora de Riscos que o Transportador deverá usar para gerenciar os riscos
mas, na maioria das vezes o Transportador é livre para escolher a Gerenciadora
de Risco que mais lhe agradar em termos de custo benefício, lembrando que, em
caso de sinistro e comprovada falha por parte da Gerenciadora de Risco no
cumprimento das determinações, o Transportador tem o direito de requerer o valor
da indenização da Gerenciadora de Risco.
Enfim, vemos novamente aquela sequência dos exemplos anteriores sendo posta
em prática de uma forma bem mais complexa mas o fim é o mesmo.
O Embarcador tem o objetivo de produzir, vender e entregar o produto ao cliente,
contrata uma Cia Seguradora para assumir os riscos, que por sua vez trabalha
para minimizar o impacto de eventuais sinistros, o Transportador parte para a
ação contratando uma Gerenciadora de riscos para zelar pelo cumprimento das
normas até que o produto chegue no cliente do Embarcador.
03
Dedicatória
Dedico este livro a minha esposa Janaina e ao meu filho Gustavo que suportaram
e ainda suportam minhas rotinas nada convencionais nessa atividade de
gerenciamento de riscos, agradeço pelos momentos de compreensão nas horas
de tensão e estresse que por várias vezes passei e de certa forma causei algum
mal estar a eles, pela paciência ao ter o sono interrompido pelo som do meu
celular tocando algumas vezes durante a madrugada e aproveito para pedir
desculpas, porque sei que houveram momentos onde causei sim algum mal estar
durante o exercício da minha atividade houveram momentos em que respondi de
forma ríspida e desnecessária, desculpas pelos momentos que deixei de ir brincar
com meu filho por ter que solucionar problemas relacionados a gerenciamento de
riscos. Sou muito grato também ao meu irmão que me apresentou a primeira
oportunidade de trabalhar nessa área.
Janaina e Gustavo Amo muito vocês obrigado por fazerem parte da minha vida
acompanhando meus sucessos e fracassos sem perder a esperança de dias
melhores.
04
Como tudo começou
O ano era 2007, minha profissão? detetive particular, isso mesmo, investigava a
vida conjugal das pessoas para constatar e reunir provas de infidelidade dentre
outros serviços de investigações, levantamento de vida pregressa, informações,
contraespionagem etc. Estava passando por uma situação financeira muito difícil
pela falta de clientes e o pouco que tinha eu cobrava muito abaixo dos honorários
de um detetive, somente para não ficar parado e ter pelo menos com o que me
sustentar.
A concorrência era muito grande e muito desleal também, e eu já estava à
procura de algo que me garantisse estabilidade, estava cansado daquilo, daquela
situação, quando um convite feito pelo meu irmão mudou minha vida e até hoje
sou grato por isso. Eu acredito que tudo o que acontece em nossa vida, tem um
fundamento, um propósito e desde que aceitei aquele convite minha vida nunca
mais foi a mesma. Meu irmão trabalhava em uma gerenciadora de riscos aqui na
região de Uberlândia e ficou sabendo da abertura de uma vaga para operador de
rastreamento então resolveu me indicar. No mesmo dia que ficou sabendo da
vaga ele me procurou e perguntou se eu tinha interesse em participar do processo
seletivo, respondi que sim mas com um pouco de receio, pois não sabia nada
sobre gerenciamento de riscos, muito menos de rastreamento via satélite de
caminhão. Enfim, fiz o meu currículo e lhe entreguei. Passados alguns dias fui
chamado para a entrevista com o gerente da central de gerenciamento de riscos
onde fui aprovado e comecei a trabalhar, passei 30 dias em treinamento
aprendendo como funcionava a logística da coisa. Confesso que não foi fácil
pegar os macetes da função, ficava um operador do meu lado o turno todo me
ensinando como identificar as irregularidades praticadas pelos motoristas, eram
paradas sem informar, desvios de rota, perdas de sinal, etc. cada um com um
fluxograma de tratativas especificas conforme mandava o tal PGR. Eram muitos
procedimentos a serem cumpridos, muitos PGRs, e uma infinidade de caminhão
no grid do software de rastreamento, cada um num canto do Brasil. Por algumas
vezes pensei seriamente em desistir, tinha umas situações de perda de sinal que
eram desesperadoras e realmente se eu não precisasse tanto daquele trabalho,
certamente eu pediria para sair. Quando chegava um alerta de botão de pânico
então... A correria começava, todos se apressando para conseguir contatar o
motorista para saber se estava tudo bem, pois na maioria das vezes o alerta de
botão de pânico era acidental, mas continuava sendo o alerta de prioridade
máxima dentro da central, as vezes o motorista estava limpando o painel do
caminhão e pressionava acidentalmente o botão de pânico ou eram as crianças
que apertavam, enfim, não me lembro de ter tido ou tratado um alerta de botão de
pânico que não fosse por alguma dessas razões. Como resultado da minha
perseverança, comecei a tomar gosto pela coisa e sempre que podia procurava
aprender um pouco mais com os mais experientes e a partir daí estava selado
meu destino dentro do gerenciamento de risco em transporte rodoviário de cargas.
***
05
Gerenciamento de riscos no turno do dia
Nos primeiros 30 dias trabalhei durante o dia, como mencionei, eu estava em
treinamento e trabalhar com gerenciamento de riscos durante o dia é muito
diferente de trabalhar durante a noite. Durante o dia a operação é menos
complicada porque todos os caminhões estão em viagem e as perdas de sinal
acontecem com menos frequência, e o operador deve focar mais em eventos de
desvios de rota, paradas sem informar, paradas em locais proibidos ou que
representem risco, atendimento, reinícios sem informar, eventos gerados pelos
sensores instalados nos caminhões, etc. Durante o turno do dia tudo fica mais fácil
ser solucionado, todos estão a postos para tratar os problemas, a transportadora
está aberta e tem pessoal para ajudar o operador a tratar os eventos, os postos de
combustíveis estão funcionando e facilita o operador entrar em contato para tratar
perdas de sinal, enfim, durante o dia tudo é mais fácil. Em contrapartida, durante o
dia a central é mais movimentada, tem mais cobrança em cima do operador, mais
acompanhamento por parte de supervisores, gerentes, etc. É ligação entrando o
tempo todo, é motorista reclamando de bloqueio, contestando as cobranças do
operador, xingando, é transportadora solicitando posição, relatórios, pedindo para
enviar mensagens a caminhões, etc. O fato é que durante o dia é bem mais
corrido. Me lembro que, na mesma hora em que estava tratando uma parada sem
informar com o motorista na linha, já tinha outros dois casos parecidos, um desvio
de rota e vários caminhões iniciando viagem e que precisavam ser configurados.
Por isso o operador de rastreamento precisa ter o perfil Proativo, não ficar
esperando a ordem, numa situação de sinistro ou uma suspeita de sinistro o
operador tem pouquíssimo tempo para identificar e tratar a situação.
***
Gerenciamento de riscos no turno da noite
Passados alguns dias fui transferido para o turno da noite que começava as 18:00
e terminava as 06:00, tive o prazer de trabalhar lado a lado com meu irmão que
me ensinou muita coisa também. Era uma jornada tranquila de trabalho, de
madrugada todos os caminhões paravam para dormir e quase não tinha nada a se
fazer, porém, a atenção tinha que ser redobrada, nesse momento o foco mudava e
a atenção era toda voltada aos mínimos alertas gerados pelos caminhões parados
nos postos de combustíveis. Durante a noite é que tudo acontece, um alerta de
portas gerado durante a madrugada pode ser o sinal de que algo está errado, uma
ignição ligada durante a madrugada pode ser um sinal de que alguma coisa está
acontecendo, uma perda de sinal pode ser um sinistro em andamento... Coisas
corriqueiras que acontecem inúmeras vezes durante o dia, mas durante a noite
pode representar um sinal de alerta vermelho para o operador. Claro que esses
eventos gerados durante a madrugada também podem ser alarmes falsos mas, o
06
operador tem que atuar. O alerta de portas pode ser por que o motorista se
levantou para ir ao banheiro como também pode ser o sinal da entrada do ladrão
dentro do caminhão; a ignição ligada durante a noite pode muito bem ser o
motorista ligando o ar condicionado do caminhão, mas pode ser sinal de que o
ladrão está desativando o rastreador;
Gerenciamento de risco também é contar com a sorte, porque você pode pensar
estar tratando um alarme falso e estar realmente evitando um roubo ou pode
achar que está evitando um roubo e ser apenas o motorista que foi ao banheiro.
Por isso é imprescindível que o operador esteja 100% focado no grid, tratando
todos os alertas como uma suspeita de que algo errado está acontecendo, afinal
de contas, o operador não tem como saber o que realmente está se passando no
local onde o caminhão está estacionado.
07
Capitulo I - Dificuldades do Operador de Gerenciamento
de Riscos
O gerenciamento de riscos hoje em dia é como se fosse um organismo vivo,
muda o tempo todo e precisa que as informações sejam atualizadas em tempo
real, pois como operador de rastreamento tive muito problema com informações
desencontradas, desatualizadas, etc. Entendo a necessidade de hora ou outra ter
que trocar um motorista, uma carreta, um cavalo, fazer alguma modificação no
percurso ou mesmo uma autorização para que o veículo viagem até um pouco
mais tarde, isso chama-se logística, o importante é que a central de
gerenciamento de riscos seja informada. Dentro dos processos internos de uma
gerenciadora de risco existe um documento chamado solicitação de
monitoramento, que é uma ficha onde constam todos os dados do motorista,
cavalo e carreta, origem e destino da carga bem como o trajeto a ser seguido pelo
veículo até a chegada no destino, esse documento é muito importante pois,
apesar de ser cobrado pela Cia Seguradora, é nele que o operador vai se apegar
na hora de tratar um evento por exemplo de desvio de rota, uma perda de sinal
(dados do motorista) ou solicitar apoio de órgãos de segurança pública
fornecendo-lhes os dados e as características do veículo e a responsabilidade de
enviar essa solicitação de monitoramento é exclusiva do transportador, existem
algumas gerenciadoras de risco que não monitoram um caminhão mesmo estando
carregado se este não tiver uma solicitação de monitoramento, o próprio nome já
fala por si; solicitação de monitoramento, o transportador está solicitando que tal
veículo com tal carga seja monitorado de acordo com as normas impostas pela
seguradora. Outra dificuldade que tive na época era em relação ao apoio da
transportadora para solucionar algum problema relacionado com algum veículo, eu
tentava contato com o responsável pela empresa e não conseguia falar com ele,
hora o telefone estava desligado, outra hora chamava e não atendia, é claro que
na maioria dos casos era fora do horário de expediente da transportadora, final de
semana, mas infelizmente é assim, não dá pra escolher quando vamos ter
problemas, principalmente nessa área de transporte, é imprevisível. Por isso é
extremamente importante que a transportadora mantenha uma pessoa exclusiva
para dar apoio ao operador, que possa enviar as solicitações de monitoramento,
que ajude a tratar situações de sinistro, indisciplina, que oriente o motorista sobre
os procedimentos corretos a serem adotados durante a viagem, etc. Mas também
que seja uma pessoa conhecedora da função, que tenha autonomia para tomar
certas decisões, autorizações, de nada adianta a transportadora contratar uma
pessoa para auxiliar o operador se em caso de sinistro essa pessoa souber menos
que o operador, assim processo para. Muitas transportadoras hoje têm uma
pessoa que fica exclusivamente por conta da gestão de riscos da empresa, e essa
pessoa é responsável por dar auxilio ao operador, acompanhar a prestação de
serviço da gerenciadora de risco, enviar solicitações de monitoramento, tomar as
08
medidas de contingencia em caso de sinistro, treinar e orientar os motoristas, etc.
***
Outras dificuldades enfrentadas e sugestões para soluciona-las
O operador de rastreamento enfrenta diariamente várias dificuldades durante a
operação além das mencionadas no tópico anterior, a mais comum é com relação
a disciplina do motorista. Existem muitos motoristas que por não conhecerem
direito o sistema deixam de cumprir alguma etapa do processo de gerenciamento
de riscos, uma delas é o correto envio das mensagens. Alguns motoristas por falta
de orientação deixam de enviar as mensagens de parada, reinício, pernoite, etc....
Nesses casos cabe ao responsável pela transportadora providenciar o devido
treinamento para esse motorista. Também existem motoristas que por não
concordarem com o procedimento não os cumpre de proposito, nesses casos
deve ser avaliada a viabilidade desse "profissional" no quadro de funcionários,
lembrando da citação da maçã podre dentro da cesta.
Outra dificuldade presente no cotidiano do operador é a de conseguir contato com
posto de combustível na rodovia. O caminhão perde o sinal ou seja, para de gerar
posições com data e hora atualizadas, nessa situação o operador começa a
buscar por postos de combustíveis próximos ao local do último posicionamento do
caminhão e ai começa a luta, busca em ferramentas de busca na internet, quando
acha o telefone sempre está desatualizado e o operador não consegue falar nesse
posto e assim continua insistentemente buscando na internet o telefone do posto
além de ser errado ainda consome um precioso tempo que o operador não tem, e
as vezes esse posto nem existe mais. O ideal é que a transportadora faça um
cadastro de todos os postos no percurso para que possa avaliar a estrutura de
cada um e crie um plano de viagem determinando onde os caminhões podem ou
não parar, lembrando que este posto deve ter serviço 24 horas de atendimento
justamente para que ao menor indício de algo errado, o operador possa entrar em
contato e solicitar apoio aos funcionários do posto como solicitar que verifiquem no
pátio afim de certificar de que o caminhão ainda está lá, ou pedir o frentista para
chamar o motorista para que possa esclarecer a suspeita.
***
Com motoristas indisciplinados, quem sempre paga a conta é o
transportador
Toda empresa independente do ramo de atividade precisa de clientes e tão
importante quanto conseguir clientes, é conseguir mantê-los. No transporte não é
diferente mas tem um pequeno complicador, se a seguradora disser que não
aprova a transportadora, não adianta... Não vai carregar para esse cliente. E
porquê? Alguma vez você já se fez essa pergunta? Porque a seguradora Y não
aprovou minha transportadora para atender a este cliente?
Por vários motivos a seguradora pode escolher não aprovar a transportadora,
09
pode ser falta de documentos que são solicitados, pode ser por histórico de
sinistros, enfim esses são apenas alguns exemplos, mas onde quero chegar com
isso? Deve estar se perguntando. Pois bem, se o problema for falta de
documentos, é só enviar os documentos solicitados mas, se o problema for o
índice de sinistralidade... Ah, ai você deve se perguntar, por que eu tenho esse
índice de sinistralidade tão alto a ponto de ser recusado pela seguradora?
Comece avaliando o perfil de seus motoristas, isso mesmo, comece a verificar a
conduta desse motorista enquanto está no trecho, excessos de velocidade,
histórico de brigas, discussões com os próprios funcionários da empresa, registros
de ocorrência enviados pela gerenciadora de risco, quantidade de avarias,
histórico de acidentes de transito, histórico de roubo. Eu aconselho a ter um bom
departamento de recursos humanos com profissionais qualificados para traçar um
perfil sobre a personalidade desse motorista antes da contratação. Se verificar
histórico de acidentes/roubos, brigas, falta de cortesia na porta do cliente,
excessos de velocidades constantes, isso pode ser indicio de que o motorista não
está bem preparado para trabalhar na transportadora, ou por falta de instrução
adequada no momento da contratação ou por que o motorista não se importa
realmente em cumprir as normas da empresa. Identificado que o problema é falta
de informação, oriente-o bem quanto aos procedimentos internos e normas de
seguradoras e embarcadores, coloque tudo que julgar importante que ele saiba,
faça um documento onde fique claro a participação deste motorista nesse
momento de instrução e colete sua assinatura como ciente das regras. Daí para
frente é só acompanhar para ver se houve melhora. Ao constatar a melhora,
ótimo...! É sinal de que o problema da sua empresa é apenas falta de treinamento
direcionado ao motorista e, é hora de criar um setor exclusivo para este fim.
Quando constatado que a situação não houve melhora é sinal de que o motorista
não está preocupado em cumprir as regras e a situação começa a ficar delicada
para o transportador, pois com um motorista que se acha a cima da lei o risco de
acidentes causados por imprudência é muito grande, o risco de ser vítima de um
roubo por falta de observar as normas de segurança é muito grande e no fim
quem vai pagar a conta é o transportador. Lembrando que o risco de ser roubado
ou sofrer um acidente automobilístico existe desde o momento em que o motorista
inicia a viagem, independente de cumprir ou não as normas, o que vai diferenciar
o resultado é que se houve um acidente ou um roubo, se as normas foram
respeitadas terá direito a indenização, se não, a transportadora vai arcar com o
prejuízo da carga e da regulação do sinistro, fora que se for um sinistro de
acidente também terá o prejuízo da reforma do conjunto.
***
10
Regras impostas pela Cia Seguradora
Como mencionado no início deste livro, a Cia Seguradora é a empresa que
assume todos os riscos pertinentes a operação de transporte da carga, entretanto
ela determina como deve ser feito o monitoramento da carga bem como as ações
a serem tomadas em caso de emergências ou sinistros. Esse conjunto de regras é
chamado de Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR) e deve ser seguido à risca
para que o transportador não seja penalizado a pagar o valor da carga acrescido
das despesas de regulação do sinistro. Deve ser muito bem alinhado com a
central de gerenciamento de riscos que irá fazer o monitoramento da carga para
que todas as ações determinadas sejam tomadas pelo operador em caso de
suspeita de sinistro. Uma suspeita de sinistro é quando o operador identifica que
algo saiu da programação para aquele veículo, ou seja, uma perda de sinal, um
desvio de rota, uma parada sem informar, um alerta de desengate em caso de
veículo articulado, um alerta de inversão de rota, etc. Diante de uma dessas
situações o operador deve fazer exatamente o que o PGR determina que seja
feito, feito isso todos os comandos e mensagens enviadas pelo operador ficarão
gravados nos relatórios que serão solicitados pela reguladora afim de avaliar se
houve ou não o cumprimento das normas. Também existem outras medidas que
podem ser tomadas após as determinações do PGR que ajudarão o operador a
solucionar o problema, pelo tempo que estou nesse ramo tive oportunidade de
tratar diversos tipos de situações envolvendo o gerenciamento de riscos, onde
pude desenvolver algumas técnicas que me ajudaram muito e ainda continuam
ajudando até hoje. Nos próximos capítulos vou compartilhar com você algumas
das situações que enfrentei e o método que usei para solucionar a situação e
detalhe, todos funcionaram. Afinal, gerenciamento de riscos é um constante
aprendizado, todos os dias tem uma situação diferente para tratar e cada situação
de uma maneira diferente.
11
Capitulo II - Plano de viagem
O plano de viagem é o documento onde consta todo o trajeto que o motorista
deverá seguir para chegar até o destino da carga, inclusive contemplando os
locais onde o mesmo poderá efetuar as paradas e pernoite. É muito importante
que este plano de viagem seja rigorosamente seguido pelo motorista, pois esse
documento também faz parte dos documentos solicitados pela reguladora de
sinistros em caso de eventual sinistro. O correto para elaborar um bom plano de
viagem é cadastrar todos os postos ao longo do trajeto, tirando fotos da estrutura
do pátio, segurança, conforto para o motorista e que tenha um serviço 24 horas
para o caso de emergência, a melhor forma de fazer isso é usando um veículo
rastreado com a mesma tecnologia dos caminhões com alguém de confiança para
fazer a viagem e parar de posto em posto para efetuar este cadastro e a cada
parada essa pessoa informe a central de monitoramento o nome e telefone do
posto para que a central possa cadastrar a referência no mapa. Em um eventual
sinistro se a reguladora identificar que o plano de viagem não foi cumprido como
está escrito no documento e não tiver uma justificativa muito convincente, a
indenização da carga será negada e o transportador será obrigado a pagar o valor
da carga.
A vantagem de se ter um plano de viagem é que passa a conhecer cada trecho
da rota, cada posto que poderá contar com ajuda em caso de uma necessidade
fora de hora, poderá acompanhar o rendimento das viagens podendo prever
atrasos e melhorando o processo logístico, além é claro de poder formar alianças
ou os chamados convênios para abastecimento em pontos estratégicos
diminuindo assim o desperdício de combustível. Para o operador de
gerenciamento de risco, ter os cadastros atualizados no plano de viagem facilita
muito a busca pelo veículo em caso de perda de sinal. Na figura abaixo mostra um
modelo simples de plano de viagem que pode ser adotado pela transportadora.
12
Capitulo III - Identificando situações de risco iminente de
roubo
Uma situação representa risco quando algo sai fora da programação, por
exemplo: o veículo está configurado para gerar posição a cada 15 minutos e de
repente para de posicionar, isso é uma situação de risco, o operador não sabe o
que está acontecendo com este veículo então diante da perda do sinal o operador
deve iniciar as tratativas conforme determina o PGR. Pode não ser nada demais a
causa da perda de sinal, o motorista poderia estar em região de sombra (sinal
ruim de satélite/celular) talvez isso deve ter gerado o atraso no posicionamento,
como também poderia ter sido abordado por ladrões de carga e o rastreador foi
desativado pelos ladrões.
Outro caso que gera suspeita e também é uma situação de risco, é quando o
veículo sai da rota que está programada para que seja seguida, desvio de rota
pode ser o motorista que pegou uma entrada errada mas também pode ser o
ladrão dirigindo o caminhão, já ouvi relatos dos companheiros de profissão de
veículos estarem aparentemente comunicando via mensagem, informando senha
de segurança e na verdade quem estava passando as mensagens era o ladrão,
em seguida o veículo perde sinal.
Uma parada rápida na rodovia sem que o motorista informe a mensagem de
parada também é uma situação de risco, o motorista pode ter parado para fazer
necessidades fisiológicas mas também pode ser indicio de uma abordagem e em
seguida o veículo perde sinal.
O veículo está pernoitando no pátio de um posto e de repente liga a ignição, ou
gera um alerta de portas, pode ser o motorista indo ao banheiro, pode ser o ladrão
desativando o rastreador, enfim.
Reinícios sem informar também são considerados como situações de risco, se o
veículo reinicia um percurso o motorista deve informar o reinicio e quando não
informa pode significar que o controle direcional do veículo não é mais do
motorista, como também o motorista pode ter esquecido de informar. É importante
ressaltar que sempre há a perda de sinal do veículo e o telefone do motorista
sempre da desligado em caso de um sinistro por isso é muito importante que o
operador esteja atento pois não há garantia de que vai evitar o roubo, mas a
primeira hora é fundamental para tentativa de localização da carga e por isso o
operador não deve perder tempo em iniciar as tratativas determinadas no PGR.
Por essas razões, é extremamente importante que o motorista esteja bem
instruído quanto aos procedimentos de gerenciamento de risco, para que não
esqueça de enviar as mensagens, para que informe sempre a situação de viagem
à central de monitoramento, o operador depende de certos indícios por mais
pequenos que sejam para identificar uma situação de risco e quando esses
indícios são alarmes falsos atrapalha o desempenho de monitoramento pois
consome muito tempo do operador, tempo que poderia estar sendo usado para
13
tratar uma situação real. O operador fica o turno todo focado no risco, então ao
identificar uma situação suspeita como uma das mencionadas acima ele tem que
tratar, lembrando que o operador de rastreamento é aquela pessoa que está na
frente do computador e não do lado do motorista, não há outra maneira de saber o
que está acontecendo no local onde o veículo se encontra, apenas recebe o
alerta, identifica a situação e age para segurança da carga, do motorista e do
veículo. Lembrando que existem várias outras situações de riscos além das
mencionadas acima e que são identificadas ao longo da operação e que devem
ser tratadas de acordo com o que determina o PGR para garantir a indenização da
carga em caso de eventual sinistro.
***
Modus operandi mais frequentes das quadrilhas de roubo de carga
Modus operandi (plural: modi operandi) é uma expressão em latim que significa
"modo de operação”. [1] Utilizada para designar uma maneira de agir, operar ou
executar uma atividade seguindo sempre os mesmos procedimentos
Definitivamente não há limites para a imaginação das quadrilhas de roubo de
carga, os métodos de ação das quadrilhas se aperfeiçoam na mesma proporção
que as tecnologias de segurança. Hoje, se uma quadrilha quiser roubar o
caminhão com certeza ela vai conseguir e a única coisa que podemos fazer é
cumprir as normas do PGR à risca para garantir que a seguradora não venha
contra o transportador reclamar o valor da carga. A ação do operador na primeira
hora da constatação da suspeita também é primordial para ter chances de um
desfecho positivo da situação, depois desse tempo quase não há mais nada a se
fazer, pois quanto mais tempo o bandido tem para agir mais remota fica a chance
de recuperação da carga, digo isso por experiência própria, em minha carreira tive
oportunidade de trabalhar em 8 casos de roubo de carga, recuperamos 5 cargas
intactas e uma houve algumas avarias em virtude de uma perseguição policial
mas também foi recuperada.
Uma forma muito comum de roubo ocorre durante a noite enquanto o veículo está
parado para o pernoite, os ladrões se aproximam do veículo quebram o vidro e
invadem a cabine, daí ativam um aparelho chamado jammer, usado para cortar
todos os sinais de satélite da antena e rede de comunicação celular, a
abrangência dessa interferência depende da potência do jammer, eles arrombam
o painel localizado no cockpit do passageiro e desativam o sistema do rastreador,
a partir daí o veículo está à mercê dos bandidos, enquanto o motorista é levado
em um carro de passeio ou um utilitário até uma espécie de cativeiro, os bandidos
seguem com o veículo carregado para o local da desova da carga. Esse método o
único sinal que pode ser identificado pelo operador é a perda de sinal do veículo, e
é ai que entra a malicia do operador e a agilidade em iniciar as tratativas. Com
esse método o veículo não gera nenhum alerta, nem de porta, nem de desengate,
14
nada, somente perde o sinal. Após os bandidos descarregarem a carga seguem
para um local esmo e abandonam o veículo e libertam o motorista a alguns
quilômetros distante do veículo. Quando o motorista chega a ligar para a
transportadora para informar o roubo, os bandidos já terminaram o serviço.
Uma forma bastante usada também mas não se aplica a 100% dos casos, é o
aliciamento de funcionários do embarcador, geralmente pessoal ligado a emissão
de notas, carregamento, armazenagem, etc. A quadrilha oferece uma boa quantia
em dinheiro para esse funcionário em troca de informações sobre a carga, destino,
veiculo, motorista, rota, etc. De que outra forma explicar quando os roubos
ocorrem ainda muito próximos do embarcador e com cargas especificas e muito
visadas, como por exemplo, carga de perfumaria, eletrônicos, alimentos.
Outra forma também bastante usada atualmente é o aliciamento de motorista,
isso mesmo, a quadrilha alicia o motorista e pagam ele para simular um roubo.
Outra forma que aconteceu com um veículo que estava sendo monitorado por
minha equipe foi a seguinte: o veículo saiu de viagem do embarcador escoltado
por uma equipe de seguranças armados e próximo de Jundiaí-SP foram rendidos
em movimento por dois carros com homens armados com armas de grosso
calibre, colocaram o motorista e os escoltas em um utilitário e os levaram para um
cativeiro. Infelizmente para os ladrões, nós atuamos na perda de sinal ainda nos
primeiros momentos e com ajuda de uma tecnologia de rádio frequência
conseguimos localizar o veículo carregado e a polícia fez algumas prisões.
Outra forma que estão usando principalmente nas regiões Nordeste e Centro
Norte do Brasil é cortar a lona do Sider de carretas para ver o que é a carga e
efetuam pequenos furtos dentro da carga.
Também tive depoimentos de uma linda mulher em um carro fica em paralelo
com o veículo fazendo sinal para o motorista de que algo na carreta está com
problema e ao parar o veículo para verificar é rendido e os bandidos assumem o
veículo e um integrante da quadrilha faz o motorista refém até a desova da carga.
Muito cuidado também na porta do cliente destinatário, a quadrilha está infiltrando
pessoal no meio dos caminhoneiros se passando por funcionários do cliente
destinatário com uniforme e tudo, abordam o motorista que está aguardando
descarga e dizem que o deposito está cheio e que fará a descarga em outro local,
e em seguida descarregam a carga e assinam e carimbam os comprovantes como
se fosse realmente tudo original e depois vem a conta, pois o cliente entra em
contato com o embarcador alegando que não foi recebida essa mercadoria e
nesse momento se dá conta do que foi que houve.
***
15
Saiba como diminuir o risco de roubo
Anteriormente falei sobre o modus operandi usado pelas quadrilhas de roubo de
carga, agora vou dar dicas de como agir para evitar ser vítima de roubo durante a
viagem ou minimizar as chances de algo assim ocorrer.
Primeiro é preciso entender que o risco existe por toda parte, desde o início do
carregamento até a entrega no destinatário. Algumas ações podem evitar ou
diminuir o risco de ser vítima de um roubo durante a viagem, isso porque a
intenção dessas ações é a de dificultar ao máximo a logística dos ladrões. Quanto
mais cara for a logística para os ladrões, quanto mais dificuldades para eles, mais
rápido eles desistem da carga e vão em busca de outra carga mais fácil de ser
roubada. Dentre muitas vou citar apenas as que julgo mais importantes, são elas:
1- O motorista nunca pode falar sobre a sua carga nem dentro dos CDs do
embarcador e muito menos em pátios de postos de combustível.
2- Evitar sair de viagem de dentro do embarcador a partir as 20:00, haja visto que
alguns embarcadores determinam uma distância para o motorista percorrer depois
que sai de dentro do CD conhecida como área de risco (falaremos mais sobre
áreas de risco mais adiante).
3- O motorista deve evitar responder perguntas de curiosos sobre a carga,
embarcador ou valor de mercadoria.
4- O motorista precisa evitar paradas em locais considerados como de risco,
restaurantes à beira de estrada, casas noturnas, postos de combustíveis que não
oferecem segurança e iluminação adequada e um serviço 24 horas.
5- Ao parar para o pernoite, procurar locais bem iluminados de preferência
próximo às bombas de combustível que é um local bem movimentado ou procurar
ficar entre os outros veículos de forma que não seja possível o deslocamento do
veículo. Nunca parar próximo a saídas de postos de combustível.
6- O motorista nunca pode parar o veículo em locais de sombra ou que causam
alguma interferência no sinal do rastreador.
7- O motorista deve sempre ficar atento à movimentação de veículos a seu redor,
pois ele pode muito bem estar sendo seguido e não saber.
Enfim, essas são algumas das ações que devem ser tomadas e que auxiliam
para dificultar o trabalho dos ladrões. Outra forma não menos importante consiste
em o motorista não abastecer o veículo logo que chega para pernoitar, o ideal é
que o tanque chegue em situação de estar quase vazio, dessa forma os bandidos
são obrigados a abastecer o veículo e isso por si só é motivo para desistirem do
ato ou rodar com o veículo até um certo ponto onde o veículo não vai mais
funcionar por falta de combustível e os ladrões serão forçados a abandonar o
veículo e a carga.
***
16
Áreas de risco
Algumas regiões, por registrarem grande índice de roubos de carga é chamada
de área de risco, a grande maioria das Cias Seguradora determinam uma
distância mínima que o veículo deve rodar para efetuar a primeira parada, isso por
que de acordo com estatísticas das secretarias de segurança pública são regiões
muito perigosas e com grande índice de roubo de carga.
Geralmente essa distância é estabelecida por um raio de 200km da origem da
carga, ou seja, não são 200 km da origem e sim um raio de 200km da origem, não
confunda raio com a distância da origem do carregamento. Isso porque dentro
desse raio é que se localizam os receptadores da carga, então fica muito mais
fácil para o ladrão de carga roubar e entregar, pois fica tudo próximo e o ladrão
não fica rodando com o caminhão roubado por muito tempo arriscando ser parado
ou ter o veículo identificado por barreiras policiais.
A distância do raio pode variar de acordo com a região, isso quem vai determinar
é a Cia Seguradora através da apólice de seguro ou do PGR.
Um padrão geralmente adotado pela maioria das Cias Seguradora é a tabela
abaixo para o estado de São Paulo:
Vale ressaltar que se houver sinistro de roubo do veículo e constatado que o
veículo estava parado dentro dessa área de risco, a seguradora não indeniza a
carga e a transportadora será acionada para pagar o valor da carga.
17
Capitulo IV - Identificando situações de sinistros de
acidentes
Acidente: sm (lat accidente) 1 O que é casual, fortuito, imprevisto. 2 Desastre,
desgraça.
Assim como o risco de roubo, o risco de acidente também existe desde o
momento em que se inicia a viagem, a diferença é que o resultado de um acidente
pode ser acrescido o prejuízo com danos sofridos no veículo. Identificar um
sinistro de acidente é mais fácil do que um sinistro de roubo, pois no acidente a
perda de sinal da antena do rastreador do veículo é gerada com o veículo ainda
em movimento, ou seja, não há mensagem de parada e não há posições repetidas
no mesmo local e dependendo da região não há posto de combustível próximo.
Nessa situação o operador deve imediatamente acionar órgãos de segurança da
região para que a situação seja averiguada, na maioria dos casos a PRF ou PRE
local já sabem do acidente muito antes do operador e em alguns casos já podem
estar no local prestando socorro. Lógico, o operador deve agir de acordo com que
manda no PGR, enviar todos os comandos solicitados em casos de perda de sinal
para garantir que o seguro seja resguardado e avisar imediatamente o
responsável pela gestão de riscos da transportadora para que o mesmo faça a
abertura de sinistro junto a Cia Seguradora.
***
Causas frequentes dos acidentes
Até hoje nunca vi um acidente onde não houvesse uma ponta de imprudência ou
excesso de confiança, nos casos em que tive oportunidade de trabalhar, uma das
causas mais frequentes é o excesso de velocidade, por isso recomendo controlar
a velocidade da frota para que evite esse tipo de ocorrência, pois o prejuízo pode
ser bem maior. Na apólice de seguro existe uma clausula que determina que para
ter direito a indenização em caso de sinistro de acidente o veículo deve cumprir
todas as normas de transito, estar em dia com documentação e o motorista deve
estar devidamente habilitado para o transporte de cargas. Em um caso de sinistro
de acidente se for constatado na regulação de sinistro que houve excessos de
velocidade mesmo que não seja a causa do acidente, o transportador com certeza
terá a indenização negada.
Pense o seguinte; o veículo saiu de viagem anteontem, ontem ele fez uma ponte
de 100km/h e hoje tombou a 30km/h, veja que a velocidade que estava no
momento do tombamento é até inferior a permitida para uma curva mas aquela
ponta de 100km/h de ontem terá um peso muito grande na regulação de sinistro
podendo custar a indenização da carga. Por isso defendo insistentemente o
controle rígido da velocidade.
Há outras causas também mas a mais comum é a velocidade, tem também o
excesso de confiança do motorista na hora de fazer uma ultrapassagem,
18
geralmente o motorista inicia uma ultrapassagem em local proibido confiando que
dará tempo de retornar para a faixa mas as vezes se dá mal.
Pista molhada também é uma causa de acidentes frequentes, geralmente alia-se
a excesso de velocidade e pista molhada, onde ocorre o fenômeno conhecido
como aquaplanagem que consiste na perda de aderência entre o pneu e o asfalto
ao passar em cima de uma fina lamina d'água causando muitos acidentes o mais
comum é o "L". Dirigir sob condições de forte chuva, ventania, tempestades,
também aumentam o risco de acidentes. Recomendo que o transportador
periodicamente faça uma reciclagem com todos os motoristas sobre direção
defensiva.
19
Capitulo V - Tratando eventos e situações de risco
Neste capitulo vou dar dicas de como tratar eventos como perda de sinal, desvio
de rota e vários outros que fazem parte do cotidiano do operador de
gerenciamento de risco, vou mostrar através de exemplos de situações que eu
mesmo enfrentei e que consegui solucionar através de métodos que foram
desenvolvidos por mim aliados ao aprendizado que pude adquirir com os
profissionais que fizeram parte da minha carreira ao logo desse tempo. São
métodos que eu utilizei em várias situações e que funcionaram todas as vezes que
usei.
Tenho certeza que esse livro irá ajudar você a tratar com mais eficiência as
ocorrências diárias e com menos tempo perdido.
***
Tratando perda de sinal
De todos os alertas gerados pelos sistemas de monitoramento existentes a perda
de sinal é de longe a campeã de ocorrências dentro de uma central de
gerenciamento de riscos. São vários os motivos que fazem o rastreador perder o
sinal desde um pequeno defeito a um roubo, normalmente no PGR de cada
embarcador já tem determinados os procedimentos a serem executados em caso
de ocorrência de perda de sinal, mas sabemos que a perda de sinal pode ser
ocasionada por outros motivos que não o de um roubo.
O motorista pode estar bem tranquilo no pátio de um posto almoçando embaixo
de alguma cobertura, algumas tecnologias perdem o sinal ao ficarem embaixo de
alguma cobertura.
O veículo pode estar sem bateria ou em local de sobra, algumas regiões
favorecem a perda de sinal por serem muito remotas e com poucas opções de
comunicação satélite ou GPRS. Enfim, neste capitulo vou dar dicas de como fazer
para tratar uma perda de sinal e localizar o veículo, são técnicas que eu mesmo
uso no meu dia a dia e funcionam perfeitamente.
Perda de sinal identificada. O primeiro passo é identificar se o veículo perdeu
sinal parado ou em movimento, se foi parado então deve procurar saber se o local
é um posto de combustível, o street view do google ajuda muito nessa hora, as
vezes dá até para pegar o telefone do local. Agora de a perda de sinal foi em
movimento a situação fica um pouco mais complicada, pois pode ser qualquer
coisa desde um acidente até parada sem informar embaixo de alguma cobertura
ou até mesmo defeito no equipamento, nessa hora o operador deve ir eliminando
as opções, lógico, primeiro faça o que determina o PGR para garantir que o
seguro seja resguardado, depois faça o seguinte cálculo: um veículo a cerca de
80km/h leva mais ou menos um minuto e meio para percorrer um quilometro, com
essa base faça as contas baseado no tempo de perda de sinal.
Por exemplo: se o veículo está configurado para posicionar a cada 15 minutos e
20
perdeu sinal já faz 30 minutos e não tem confirmação de contato com o motorista
e para piorar a situação ele ainda estava em movimento. Pode ser que esteja
parado em algum posto descansando, pode ser que este veículo tenha sofrido um
acidente. Faça o seguinte com os dados de tempo de perda de sinal em mãos:
Lembra da regrinha de três que aprendemos lá atrás na escola? Pois é vamos
usa-la:
80km/h____60 minutos
X ________ 15 minutos
60x= 80*15=1200
X = 1200/60 = 20km
Agora sabemos que em 15 minutos um veículo a 80km/h percorreria cerca de
20km, vamos definir um raio um pouco maior para a margem de erro, vamos
definir um raio de 30km a partir do local da perda de sinal, agora vamos procurar
identificar todos os possíveis pontos onde o veículo poderia estar dentro desse
raio, postos de combustíveis, postos fiscais, restaurantes, etc. Se não localiza-lo
acione a primeira Policia Rodoviária Federal mais próxima para colher
informações sobre acidentes. Em caso de confirmação de o veículo estar
envolvido em acidente o operador deve imediatamente informar o responsável da
empresa transportadora. Mas se não for acidente e mesmo assim não conseguir
localizar o veículo no raio definido anteriormente acione a polícia e registre um
alerta de roubo, mas ressalto que todos os procedimentos determinados pelo PGR
devem ser imediatamente executados no início das tratativas. Pode até tentar abrir
o sinistro na seguradora, mas não vai conseguir pois tecnicamente não há
confirmação do roubo e as Cias Seguradoras somente abrem o sinistro após a
confirmação que se dá com o aparecimento do motorista informando que foi
roubado, por isso é necessário que todas as tratativas solicitadas pelo PGR sejam
cumpridas. Também é importante alertar e solicitar apoio das policias locais PRFs,
PREs para tentar localizar o veículo caso todas as opções anteriores falhem.
Outra alternativa que recorro sempre nesses casos é verificar quais os veículos
próximos ao que está com perda de sinal e solicito apoio a esses veículos que
estão em rota para o local da perda de sinal. Funciona bem, pois ninguém
conhece melhor o local além do motorista que passa ali sempre e poderá auxiliar
muito o operador de gerenciamento de risco.
***
21
Tratando parada sem informar
A parada sem informar é uma ocorrência que também acontece com muita
frequência e também merece toda atenção do operador, pois nunca se sabe o que
pode estar acontecendo no local, não dá para saber o motivo que levou o
motorista a efetuar a parada e não informar.
A parada sem informar pode acontecer por vários motivos, sendo alguns deles;
1- Defeito no equipamento.
2- Problemas com disciplina do motorista.
3- Dúvidas que o motorista ainda tem sobre os procedimentos
4- Acidente
5- Abordagem por ladrões.
Quando identificado que o problema é no equipamento rastreador, o responsável
da transportadora deve providenciar o devido reparo, pois conforme determina as
apólices de seguro o equipamento rastreador denominado SPV (Sistema de
Proteção Veicular) deve estar funcionando em perfeito estado.
Mas se o problema for de cunho disciplinar, convém avaliar se realmente vale a
pena assumir o risco de ter que pagar uma carga mantendo este motorista no
quadro de funcionários, pois quando a reguladora solicita os relatórios de
monitoramento deve constar todas as mensagens trocadas entre central de
monitoramento e veiculo, e em caso de não haver mensagem de parada deve se
ter a atuação do operador gravada no relatório.
Quando o problema for dúvida do motorista em relação aos procedimentos de
envio de mensagens, convém tirar um tempo para orienta-lo, repassar todas as
normas de segurança, ir no veículo junto com ele e procurar identificar se a dúvida
dele não seria em relação às normas ou ao envio de mensagens. Gaste um tempo
ensinando ele a enviar mensagens, simule situações e deixe o a vontade para
enviar mensagens até sentir confiança para poder fazer sozinho.
Outra situação que pode ocasionar uma parada sem informar é um acidente cujo
veículo esteja envolvido, no momento do acidente a adrenalina é muito alta e a
preocupação de todos os envolvidos é verificar os danos. Por isso pode haver um
atraso no envio da mensagem por parte do motorista, mas não isenta o operador
de cobrar o motivo da parada. Pois como disse antes, é necessário que haja
atuação da central de monitoramento para cobrar e averiguar a situação, o motivo
que levou o motorista a parar e não informar.
Um modus operandi usado é a abordagem em movimento dos veículos, ou seja,
aquela região onde tem os chamados quebra-molas, forçam o motorista a reduzir
a velocidade e é nesse momento que esses ladrões saltam para dentro da cabine
do veículo. Este tipo de modalidade raramente é usado para roubar a carga mas
pode acontecer, geralmente o alvo desses indivíduos são dinheiro e pertences do
motorista. A diferença é que, se o alvo for a carga a parada sem informar será
seguida de perda de sinal, ai meu amigo pode partir para cima com tudo.
O fato é que, ao identificar a parada indevida, ou seja, a parada sem informar, o
operador deve agir de imediato, primeiro cumprindo o que determina o PGR e
22
depois ir mais a fundo na ocorrência. Eu costumo acionar sirene, setas, bloquear
o veículo e enviar mensagens solicitando o motivo da parada, tento contato por
telefone celular, caso não haja retorno do motorista eu aciono os órgão de
segurança pública mais próximos do local
***
Tratando reinícios sem informar
O reinicio sem informar é mais uma falha de atenção do motorista do que uma
situação de risco de sinistro, com o tempo que tenho nessa área nunca vi um
caminhão reiniciar sem informar que não fosse por falta atenção de motorista,
problema de disciplina e um monte de outras desculpas, mas também não quer
dizer que não se deve tratar um reinicio sem informar, caso identifique que um
veículo reiniciou sem informar e em seguida perdeu sinal, é hora de agir com tudo
pois pode se tratar de um roubo em andamento principalmente quando esse
reinicio se dá com o veículo ainda bloqueado.
Eu costumo tratar uma situação de reinicio sem informar da seguinte forma;
primeiro verifico se o veículo não está bloqueado, em seguida envio comandos de
sirene, setas e mensagem solicitando o reinicio e tento contato com o motorista,
não obtendo êxito na tentativa eu aciono o primeiro posto de polícia próximo para
realizar a interceptação do carro.
***
Tratando desvios de rota
O desvio de rota pode acontecer por vários motivos dentre eles posso citar roubo,
motorista errou a rota, bloqueio de pistas, etc. Todo veículo deve ter uma rota
devidamente associada a ele na interface do sistema de rastreamento, pois
quando ele sair dessa rota o sistema gerará um alerta para informar ao operador
que o veículo saiu de sua rota e o operador por sua vez deve atuar imediatamente
enviando os comando solicitados no PGR e demais tratativas para averiguar o
motivo do desvio. Ressalto que qualquer alteração de rota o responsável
designado pela transportadora para responder pela gestão de risco deverá
imediatamente informar a central de monitoramento.
Numa regulação de sinistro é comum a reguladora solicitar print da tela onde
mostra as configurações de rota e se está associada ao veículo, assim como print
do posicionamento do veículo no mapa para averiguar se o veículo estava
seguindo a rota informada no plano de viagem, lembra do plano de viagem? pois é
olha ele sendo instrumento de avaliação e auditoria agora.
A transportadora deve ter suas rotas bem definidas juntamente com pontos
autorizados de paradas e o motorista deverá seguir exatamente o que está nesse
planejamento e qualquer alteração deve ser imediatamente justificada para que
num eventual sinistro não tenha problemas com a reguladora.
***
23
A importância do check list do rastreador
Hoje a tecnologia de rastreamento anda tão disseminada no Brasil que até os
motoristas sabem como desativar bloqueio, desligar sirenes, etc. Isso porque os
motoristas não gostam de ser monitorados o tempo todo e acabam burlando o
equipamento com o intuito de ficar livre das cobranças da central de
monitoramento, algumas das desculpas mais ouvidas em casos de aturadores
violados é sobre a demora no envio do comando de liberação. No meio de
rodinha de amigos sai o assunto de rastreador e logo começa a aparecer um
caminhão de receitas de como fazer isso, como fazer aquilo, acredite eles fazem.
Esses motoristas que agem dessa forma, burlando o equipamento para não serem
perturbados pela central de rastreamento devem ser eliminados do quadro de
funcionários, eles não servem para uma operação de alto risco, e hoje quase
todas as operações são de alto risco. Sem querer ele abre uma brecha que pode
ser aproveitada pelo bandido para poder roubar a carga, o operador não tem como
fazer absolutamente nada numa situação dessas, cabe ao gestor do motorista
advertir e punir o motorista infrator e providenciar o devido reparo no atuador
burlado. A transportadora não pode em hipótese alguma aceitar esse tipo de
comportamento dos motoristas. Se os motoristas já sabem desativar o rastreador
imagina o que as quadrilhas de roubo de cargas são capazes de fazer... já peguei
caminhões com interruptores Conhecidos vulgarmente por "Tic Tac" instalados
dentro da cabine para desligar sirene, desbloquear o caminhão, tem de tudo.
Muito importante que a pessoa que fará o check list fique bem atento a esses
detalhes, pois conforme determina as apólices de seguro os veículos devem ser
submetidos a testes dos sensores e atuadores periodicamente, eu aconselho a
fazer a cada 15 dias. Pois se por ventura o veículo for escalado para
carregamento e o embarcador tem o habito de fazer o check list na entrada, com
certeza vai ser recusado pelo embarcador.
(Modelos de "Tic Tac" mais usados)
Já peguei veículo com sensores de portas violados com um pedaço de cartão
telefônico, pedaço de garrafa pet, enfim tudo para poder abrir a porta e não alertar
ao rastreamento, parar e manter a ignição ligada para não levantar suspeita no
rastreamento.
Chegamos ao fim deste pequeno livro, espero que possa ter lhe dado uma base
de como funciona este mundo de Gerenciamento de riscos em transporte
rodoviário de cargas. Qualquer dúvida pode enviar e-mail para:
Alves.robson83@gmail.com
Que terei o maior prazer em ajudar.
Forte Abraço
Robson Aparecido Alves

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  • 1.
  • 2. Informações Gerais AUTOR Robson Aparecido Alves VERIFICAÇÃO ORTOGRÁFICA Robson Aparecido Alves REVISÃO Robson Aparecido Alves EDIÇÃO 01/2015 ILUSTRAÇÃO Robson Aparecido Alves TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS A ROBSON APARECIDO ALVES PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL E VENDA SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DE ROBSON APARECIDO ALVES. *** Sobre o Autor Robson Aparecido Alves, nasceu em Uberlândia no ano de 1983 hoje 31 anos, a 7 anos está na área de gerenciamento de riscos, começou trabalhando em uma gerenciadora de risco e com tempo foi recebendo propostas melhores de emprego e já trabalhou como gestor de risco em algumas transportadoras de Uberlândia, esteve à frente de uma equipe de gerenciamento de riscos comandando uma central de monitoramento interna numa transportadora, onde reuniu conhecimentos e desenvolveu técnicas que garantiram a recuperação de alguns carregamentos ainda intactos. Hoje continua trabalhando na mesma área em uma transportadora como gestor de riscos, fazendo a ponte entre transportadora e gerenciadora de risco, presta suporte full time para os operadores, cria planos de viagem, analisa situações de risco, trata de assuntos relacionados a sinistros, treinamento de motoristas, check list de veículo, etc.
  • 3. Mensagem ao Leitor Olá Caro Amigo Leitor; Sempre tive em mente que conhecimento deve ser compartilhado, e é isso que faço neste livro, eu compartilho experiências vividas por mim ao longo de minha carreira profissional atuando como operador, gerente de operações e gestor de riscos no transporte rodoviário de cargas. Este não é um extenso livro com muitas páginas, mas o conteúdo que quero trazer para você é algo que não tem em nenhuma livraria, é algo que não existe uma literatura própria. É um conteúdo básico, mas que é muito importante que o operador de gerenciamento de riscos saiba, também é de grande auxilio para o gestor de riscos ou transportador. Um Forte Abraço e uma ótima leitura.
  • 4. Indice Gerenciamento de risco, o que é? _________________ 01 Como tudo começou____________________________04 Gerenciamento de risco no turno do dia_____________05 Gerenciamento de risco no turno da noite___________ 05 Capitulo I Dificuldades do operador de GR___________07 Outras dificuldades enfrentadas e sugestões para soluciona-las__08 Com motoristas indisciplinados, quem sempre paga a conta é o transportador _08 Regras impostas pelas Cia Seguradora_____________ 10 Capitulo II Plano de viagem______________________ 11 Capitulo III - Identificando situações de risco iminente de roubo_12 Modus operandi mais frequentes das quadrilhas de roubo de carga_13 Saiba como diminuir o risco de roubo________________15 Áreas de risco__________________________________ 16 Capitulo IV - Identificando situações de sinistros de acidentes_17 Capitulo V - Tratando eventos e situações de risco_______19 A importância do check list do rastreador______________23
  • 5. 01 Gerenciamento de Risco, o que é? Gerenciamento de riscos é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar recursos humanos e materiais com a finalidade de diminuir o impacto dos riscos sobre uma organização. É o conjunto de técnicas que visa reduzir ao mínimo os efeitos das perdas acidentais com foco na tratativa dos riscos que possam causar danos materiais, humanos e ambientais. Riscos É a incerteza quanto a ocorrência de um determinado evento que pode vir a causar danos e prejuízos. O tempo todo nós fazemos gerenciamento de riscos e não percebemos, está tão automático dentro de nós que nem percebemos. Sabe aquela hora em que acendemos a luz da varanda de casa para irmos buscar alguma coisa? Então, isso é gerenciamento de risco, fazemos isso para não corrermos o risco de tropeçar em nada ou mesmo de encontrar algum meliante escondido na escuridão. Ou quando estamos estacionando o carro em uma vaga na rua lotada, devagar e com movimentos cuidadosos conseguimos completar a manobra, fazemos isso para não arranhar a pintura do carro, esse foi o risco que assumimos para que pudéssemos estacionar o carro na vaga desejada. Ou pode ser mais simples como atravessar uma rua movimentada, olhamos para os dois lados e quando aparece uma brecha atravessamos com segurança, isso é gerenciamento de riscos e fazemos isso para evitar sermos atropelados (a) ao atravessar a rua movimentada. Como pode ver o gerenciamento de riscos faz parte de nosso cotidiano e na maioria das vezes fazemos sem ao menos perceber, como falei, é automático. Nos três exemplos citados pode ser notada uma sequência lógica de ações para tratar os riscos: Primeiro; você tem um objetivo, segundo; você analisa o risco que vai correr para atingir esse objetivo, terceiro; você decide assumir o risco, quarto; você determina as medidas de segurança necessárias para que possa cumprir o objetivo em segurança e quarto; você age. Não há como escapar do gerenciamento de riscos, ele está inserido em nossas vidas, usamos gerenciamento de riscos o tempo todo em nosso dia a dia e consiste simplesmente em assumir determinados riscos para atingir um objetivo usando para isso medidas de segurança e técnicas que nos auxilie a cumprir o objetivo de forma segura e que na ocorrência de eventualidades os danos
  • 6. 02 causados sejam mínimos. No gerenciamento de riscos em transporte rodoviário de cargas não é diferente, para que ele aconteça são necessários quatro elementos; Embarcador, Cia Seguradora, Transportador e Gerenciadora de Risco. O Embarcador precisa transportar os produtos produzidos e vendidos por ele, para isso precisa do Transportador para fazer este transporte, porém o Embarcador precisa ter certeza de que esse produto será entregue no prazo e intacto ao seu cliente e que, em caso de eventualidades durante o percurso não haja prejuízo, para isso ele contrata um seguro de carga onde entra a corretora de seguros que é representante da Cia Seguradora que por sua vez fará uma análise minuciosa dos riscos em relação ao tipo de carga, valor, trecho, etc. a que o Embarcador estará submetido e confeccionará a Apólice de Seguro com base na análise dos riscos, esse documento contém as informações sobre as coberturas como também as regras impostas pela Cia Seguradora para que o Embarcador tenha direito a indenização do valor da carga em caso de eventualidades conhecidas popularmente no meio securitário como "SINISTROS". Alguns embarcadores têm o que chamamos de PGR (Plano de Gerenciamento de Riscos) que é um documento complementar à apólice de seguro também confeccionado pela Cia Seguradora onde constam todas normas que o transportador deverá seguir e medidas de gerenciamento de risco que deverá adotar para garantir a integridade e segurança do carregamento afim de garantir a indenização do valor da carga ao embarcador em caso de eventual sinistro que pode ser acidente, roubo ou outros. O Transportador ao ser contratado pelo Embarcador lhe é apresentado a apólice de seguros ou o PGR para que assine se comprometendo em cumprir todas as normas impostas nesse documento pela Cia Seguradora sob pena de ter que indenizar o Embarcador ou a Cia Seguradora todos os prejuízos causados em decorrência do não cumprimento das normas contidas neste documento. Por sua vez, o Transportador contrata a Gerenciadora de Riscos para zelar pelo fiel cumprimento das normas impostas pela Cia Seguradora do Embarcador, algumas apólices de seguros a própria Cia Seguradora determina a Gerenciadora de Riscos que o Transportador deverá usar para gerenciar os riscos mas, na maioria das vezes o Transportador é livre para escolher a Gerenciadora de Risco que mais lhe agradar em termos de custo benefício, lembrando que, em caso de sinistro e comprovada falha por parte da Gerenciadora de Risco no cumprimento das determinações, o Transportador tem o direito de requerer o valor da indenização da Gerenciadora de Risco. Enfim, vemos novamente aquela sequência dos exemplos anteriores sendo posta em prática de uma forma bem mais complexa mas o fim é o mesmo. O Embarcador tem o objetivo de produzir, vender e entregar o produto ao cliente, contrata uma Cia Seguradora para assumir os riscos, que por sua vez trabalha para minimizar o impacto de eventuais sinistros, o Transportador parte para a ação contratando uma Gerenciadora de riscos para zelar pelo cumprimento das normas até que o produto chegue no cliente do Embarcador.
  • 7. 03 Dedicatória Dedico este livro a minha esposa Janaina e ao meu filho Gustavo que suportaram e ainda suportam minhas rotinas nada convencionais nessa atividade de gerenciamento de riscos, agradeço pelos momentos de compreensão nas horas de tensão e estresse que por várias vezes passei e de certa forma causei algum mal estar a eles, pela paciência ao ter o sono interrompido pelo som do meu celular tocando algumas vezes durante a madrugada e aproveito para pedir desculpas, porque sei que houveram momentos onde causei sim algum mal estar durante o exercício da minha atividade houveram momentos em que respondi de forma ríspida e desnecessária, desculpas pelos momentos que deixei de ir brincar com meu filho por ter que solucionar problemas relacionados a gerenciamento de riscos. Sou muito grato também ao meu irmão que me apresentou a primeira oportunidade de trabalhar nessa área. Janaina e Gustavo Amo muito vocês obrigado por fazerem parte da minha vida acompanhando meus sucessos e fracassos sem perder a esperança de dias melhores.
  • 8. 04 Como tudo começou O ano era 2007, minha profissão? detetive particular, isso mesmo, investigava a vida conjugal das pessoas para constatar e reunir provas de infidelidade dentre outros serviços de investigações, levantamento de vida pregressa, informações, contraespionagem etc. Estava passando por uma situação financeira muito difícil pela falta de clientes e o pouco que tinha eu cobrava muito abaixo dos honorários de um detetive, somente para não ficar parado e ter pelo menos com o que me sustentar. A concorrência era muito grande e muito desleal também, e eu já estava à procura de algo que me garantisse estabilidade, estava cansado daquilo, daquela situação, quando um convite feito pelo meu irmão mudou minha vida e até hoje sou grato por isso. Eu acredito que tudo o que acontece em nossa vida, tem um fundamento, um propósito e desde que aceitei aquele convite minha vida nunca mais foi a mesma. Meu irmão trabalhava em uma gerenciadora de riscos aqui na região de Uberlândia e ficou sabendo da abertura de uma vaga para operador de rastreamento então resolveu me indicar. No mesmo dia que ficou sabendo da vaga ele me procurou e perguntou se eu tinha interesse em participar do processo seletivo, respondi que sim mas com um pouco de receio, pois não sabia nada sobre gerenciamento de riscos, muito menos de rastreamento via satélite de caminhão. Enfim, fiz o meu currículo e lhe entreguei. Passados alguns dias fui chamado para a entrevista com o gerente da central de gerenciamento de riscos onde fui aprovado e comecei a trabalhar, passei 30 dias em treinamento aprendendo como funcionava a logística da coisa. Confesso que não foi fácil pegar os macetes da função, ficava um operador do meu lado o turno todo me ensinando como identificar as irregularidades praticadas pelos motoristas, eram paradas sem informar, desvios de rota, perdas de sinal, etc. cada um com um fluxograma de tratativas especificas conforme mandava o tal PGR. Eram muitos procedimentos a serem cumpridos, muitos PGRs, e uma infinidade de caminhão no grid do software de rastreamento, cada um num canto do Brasil. Por algumas vezes pensei seriamente em desistir, tinha umas situações de perda de sinal que eram desesperadoras e realmente se eu não precisasse tanto daquele trabalho, certamente eu pediria para sair. Quando chegava um alerta de botão de pânico então... A correria começava, todos se apressando para conseguir contatar o motorista para saber se estava tudo bem, pois na maioria das vezes o alerta de botão de pânico era acidental, mas continuava sendo o alerta de prioridade máxima dentro da central, as vezes o motorista estava limpando o painel do caminhão e pressionava acidentalmente o botão de pânico ou eram as crianças que apertavam, enfim, não me lembro de ter tido ou tratado um alerta de botão de pânico que não fosse por alguma dessas razões. Como resultado da minha perseverança, comecei a tomar gosto pela coisa e sempre que podia procurava aprender um pouco mais com os mais experientes e a partir daí estava selado meu destino dentro do gerenciamento de risco em transporte rodoviário de cargas.
  • 9. *** 05 Gerenciamento de riscos no turno do dia Nos primeiros 30 dias trabalhei durante o dia, como mencionei, eu estava em treinamento e trabalhar com gerenciamento de riscos durante o dia é muito diferente de trabalhar durante a noite. Durante o dia a operação é menos complicada porque todos os caminhões estão em viagem e as perdas de sinal acontecem com menos frequência, e o operador deve focar mais em eventos de desvios de rota, paradas sem informar, paradas em locais proibidos ou que representem risco, atendimento, reinícios sem informar, eventos gerados pelos sensores instalados nos caminhões, etc. Durante o turno do dia tudo fica mais fácil ser solucionado, todos estão a postos para tratar os problemas, a transportadora está aberta e tem pessoal para ajudar o operador a tratar os eventos, os postos de combustíveis estão funcionando e facilita o operador entrar em contato para tratar perdas de sinal, enfim, durante o dia tudo é mais fácil. Em contrapartida, durante o dia a central é mais movimentada, tem mais cobrança em cima do operador, mais acompanhamento por parte de supervisores, gerentes, etc. É ligação entrando o tempo todo, é motorista reclamando de bloqueio, contestando as cobranças do operador, xingando, é transportadora solicitando posição, relatórios, pedindo para enviar mensagens a caminhões, etc. O fato é que durante o dia é bem mais corrido. Me lembro que, na mesma hora em que estava tratando uma parada sem informar com o motorista na linha, já tinha outros dois casos parecidos, um desvio de rota e vários caminhões iniciando viagem e que precisavam ser configurados. Por isso o operador de rastreamento precisa ter o perfil Proativo, não ficar esperando a ordem, numa situação de sinistro ou uma suspeita de sinistro o operador tem pouquíssimo tempo para identificar e tratar a situação. *** Gerenciamento de riscos no turno da noite Passados alguns dias fui transferido para o turno da noite que começava as 18:00 e terminava as 06:00, tive o prazer de trabalhar lado a lado com meu irmão que me ensinou muita coisa também. Era uma jornada tranquila de trabalho, de madrugada todos os caminhões paravam para dormir e quase não tinha nada a se fazer, porém, a atenção tinha que ser redobrada, nesse momento o foco mudava e a atenção era toda voltada aos mínimos alertas gerados pelos caminhões parados nos postos de combustíveis. Durante a noite é que tudo acontece, um alerta de portas gerado durante a madrugada pode ser o sinal de que algo está errado, uma ignição ligada durante a madrugada pode ser um sinal de que alguma coisa está acontecendo, uma perda de sinal pode ser um sinistro em andamento... Coisas corriqueiras que acontecem inúmeras vezes durante o dia, mas durante a noite pode representar um sinal de alerta vermelho para o operador. Claro que esses eventos gerados durante a madrugada também podem ser alarmes falsos mas, o
  • 10. 06 operador tem que atuar. O alerta de portas pode ser por que o motorista se levantou para ir ao banheiro como também pode ser o sinal da entrada do ladrão dentro do caminhão; a ignição ligada durante a noite pode muito bem ser o motorista ligando o ar condicionado do caminhão, mas pode ser sinal de que o ladrão está desativando o rastreador; Gerenciamento de risco também é contar com a sorte, porque você pode pensar estar tratando um alarme falso e estar realmente evitando um roubo ou pode achar que está evitando um roubo e ser apenas o motorista que foi ao banheiro. Por isso é imprescindível que o operador esteja 100% focado no grid, tratando todos os alertas como uma suspeita de que algo errado está acontecendo, afinal de contas, o operador não tem como saber o que realmente está se passando no local onde o caminhão está estacionado.
  • 11. 07 Capitulo I - Dificuldades do Operador de Gerenciamento de Riscos O gerenciamento de riscos hoje em dia é como se fosse um organismo vivo, muda o tempo todo e precisa que as informações sejam atualizadas em tempo real, pois como operador de rastreamento tive muito problema com informações desencontradas, desatualizadas, etc. Entendo a necessidade de hora ou outra ter que trocar um motorista, uma carreta, um cavalo, fazer alguma modificação no percurso ou mesmo uma autorização para que o veículo viagem até um pouco mais tarde, isso chama-se logística, o importante é que a central de gerenciamento de riscos seja informada. Dentro dos processos internos de uma gerenciadora de risco existe um documento chamado solicitação de monitoramento, que é uma ficha onde constam todos os dados do motorista, cavalo e carreta, origem e destino da carga bem como o trajeto a ser seguido pelo veículo até a chegada no destino, esse documento é muito importante pois, apesar de ser cobrado pela Cia Seguradora, é nele que o operador vai se apegar na hora de tratar um evento por exemplo de desvio de rota, uma perda de sinal (dados do motorista) ou solicitar apoio de órgãos de segurança pública fornecendo-lhes os dados e as características do veículo e a responsabilidade de enviar essa solicitação de monitoramento é exclusiva do transportador, existem algumas gerenciadoras de risco que não monitoram um caminhão mesmo estando carregado se este não tiver uma solicitação de monitoramento, o próprio nome já fala por si; solicitação de monitoramento, o transportador está solicitando que tal veículo com tal carga seja monitorado de acordo com as normas impostas pela seguradora. Outra dificuldade que tive na época era em relação ao apoio da transportadora para solucionar algum problema relacionado com algum veículo, eu tentava contato com o responsável pela empresa e não conseguia falar com ele, hora o telefone estava desligado, outra hora chamava e não atendia, é claro que na maioria dos casos era fora do horário de expediente da transportadora, final de semana, mas infelizmente é assim, não dá pra escolher quando vamos ter problemas, principalmente nessa área de transporte, é imprevisível. Por isso é extremamente importante que a transportadora mantenha uma pessoa exclusiva para dar apoio ao operador, que possa enviar as solicitações de monitoramento, que ajude a tratar situações de sinistro, indisciplina, que oriente o motorista sobre os procedimentos corretos a serem adotados durante a viagem, etc. Mas também que seja uma pessoa conhecedora da função, que tenha autonomia para tomar certas decisões, autorizações, de nada adianta a transportadora contratar uma pessoa para auxiliar o operador se em caso de sinistro essa pessoa souber menos que o operador, assim processo para. Muitas transportadoras hoje têm uma pessoa que fica exclusivamente por conta da gestão de riscos da empresa, e essa pessoa é responsável por dar auxilio ao operador, acompanhar a prestação de serviço da gerenciadora de risco, enviar solicitações de monitoramento, tomar as
  • 12. 08 medidas de contingencia em caso de sinistro, treinar e orientar os motoristas, etc. *** Outras dificuldades enfrentadas e sugestões para soluciona-las O operador de rastreamento enfrenta diariamente várias dificuldades durante a operação além das mencionadas no tópico anterior, a mais comum é com relação a disciplina do motorista. Existem muitos motoristas que por não conhecerem direito o sistema deixam de cumprir alguma etapa do processo de gerenciamento de riscos, uma delas é o correto envio das mensagens. Alguns motoristas por falta de orientação deixam de enviar as mensagens de parada, reinício, pernoite, etc.... Nesses casos cabe ao responsável pela transportadora providenciar o devido treinamento para esse motorista. Também existem motoristas que por não concordarem com o procedimento não os cumpre de proposito, nesses casos deve ser avaliada a viabilidade desse "profissional" no quadro de funcionários, lembrando da citação da maçã podre dentro da cesta. Outra dificuldade presente no cotidiano do operador é a de conseguir contato com posto de combustível na rodovia. O caminhão perde o sinal ou seja, para de gerar posições com data e hora atualizadas, nessa situação o operador começa a buscar por postos de combustíveis próximos ao local do último posicionamento do caminhão e ai começa a luta, busca em ferramentas de busca na internet, quando acha o telefone sempre está desatualizado e o operador não consegue falar nesse posto e assim continua insistentemente buscando na internet o telefone do posto além de ser errado ainda consome um precioso tempo que o operador não tem, e as vezes esse posto nem existe mais. O ideal é que a transportadora faça um cadastro de todos os postos no percurso para que possa avaliar a estrutura de cada um e crie um plano de viagem determinando onde os caminhões podem ou não parar, lembrando que este posto deve ter serviço 24 horas de atendimento justamente para que ao menor indício de algo errado, o operador possa entrar em contato e solicitar apoio aos funcionários do posto como solicitar que verifiquem no pátio afim de certificar de que o caminhão ainda está lá, ou pedir o frentista para chamar o motorista para que possa esclarecer a suspeita. *** Com motoristas indisciplinados, quem sempre paga a conta é o transportador Toda empresa independente do ramo de atividade precisa de clientes e tão importante quanto conseguir clientes, é conseguir mantê-los. No transporte não é diferente mas tem um pequeno complicador, se a seguradora disser que não aprova a transportadora, não adianta... Não vai carregar para esse cliente. E porquê? Alguma vez você já se fez essa pergunta? Porque a seguradora Y não aprovou minha transportadora para atender a este cliente? Por vários motivos a seguradora pode escolher não aprovar a transportadora,
  • 13. 09 pode ser falta de documentos que são solicitados, pode ser por histórico de sinistros, enfim esses são apenas alguns exemplos, mas onde quero chegar com isso? Deve estar se perguntando. Pois bem, se o problema for falta de documentos, é só enviar os documentos solicitados mas, se o problema for o índice de sinistralidade... Ah, ai você deve se perguntar, por que eu tenho esse índice de sinistralidade tão alto a ponto de ser recusado pela seguradora? Comece avaliando o perfil de seus motoristas, isso mesmo, comece a verificar a conduta desse motorista enquanto está no trecho, excessos de velocidade, histórico de brigas, discussões com os próprios funcionários da empresa, registros de ocorrência enviados pela gerenciadora de risco, quantidade de avarias, histórico de acidentes de transito, histórico de roubo. Eu aconselho a ter um bom departamento de recursos humanos com profissionais qualificados para traçar um perfil sobre a personalidade desse motorista antes da contratação. Se verificar histórico de acidentes/roubos, brigas, falta de cortesia na porta do cliente, excessos de velocidades constantes, isso pode ser indicio de que o motorista não está bem preparado para trabalhar na transportadora, ou por falta de instrução adequada no momento da contratação ou por que o motorista não se importa realmente em cumprir as normas da empresa. Identificado que o problema é falta de informação, oriente-o bem quanto aos procedimentos internos e normas de seguradoras e embarcadores, coloque tudo que julgar importante que ele saiba, faça um documento onde fique claro a participação deste motorista nesse momento de instrução e colete sua assinatura como ciente das regras. Daí para frente é só acompanhar para ver se houve melhora. Ao constatar a melhora, ótimo...! É sinal de que o problema da sua empresa é apenas falta de treinamento direcionado ao motorista e, é hora de criar um setor exclusivo para este fim. Quando constatado que a situação não houve melhora é sinal de que o motorista não está preocupado em cumprir as regras e a situação começa a ficar delicada para o transportador, pois com um motorista que se acha a cima da lei o risco de acidentes causados por imprudência é muito grande, o risco de ser vítima de um roubo por falta de observar as normas de segurança é muito grande e no fim quem vai pagar a conta é o transportador. Lembrando que o risco de ser roubado ou sofrer um acidente automobilístico existe desde o momento em que o motorista inicia a viagem, independente de cumprir ou não as normas, o que vai diferenciar o resultado é que se houve um acidente ou um roubo, se as normas foram respeitadas terá direito a indenização, se não, a transportadora vai arcar com o prejuízo da carga e da regulação do sinistro, fora que se for um sinistro de acidente também terá o prejuízo da reforma do conjunto. ***
  • 14. 10 Regras impostas pela Cia Seguradora Como mencionado no início deste livro, a Cia Seguradora é a empresa que assume todos os riscos pertinentes a operação de transporte da carga, entretanto ela determina como deve ser feito o monitoramento da carga bem como as ações a serem tomadas em caso de emergências ou sinistros. Esse conjunto de regras é chamado de Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR) e deve ser seguido à risca para que o transportador não seja penalizado a pagar o valor da carga acrescido das despesas de regulação do sinistro. Deve ser muito bem alinhado com a central de gerenciamento de riscos que irá fazer o monitoramento da carga para que todas as ações determinadas sejam tomadas pelo operador em caso de suspeita de sinistro. Uma suspeita de sinistro é quando o operador identifica que algo saiu da programação para aquele veículo, ou seja, uma perda de sinal, um desvio de rota, uma parada sem informar, um alerta de desengate em caso de veículo articulado, um alerta de inversão de rota, etc. Diante de uma dessas situações o operador deve fazer exatamente o que o PGR determina que seja feito, feito isso todos os comandos e mensagens enviadas pelo operador ficarão gravados nos relatórios que serão solicitados pela reguladora afim de avaliar se houve ou não o cumprimento das normas. Também existem outras medidas que podem ser tomadas após as determinações do PGR que ajudarão o operador a solucionar o problema, pelo tempo que estou nesse ramo tive oportunidade de tratar diversos tipos de situações envolvendo o gerenciamento de riscos, onde pude desenvolver algumas técnicas que me ajudaram muito e ainda continuam ajudando até hoje. Nos próximos capítulos vou compartilhar com você algumas das situações que enfrentei e o método que usei para solucionar a situação e detalhe, todos funcionaram. Afinal, gerenciamento de riscos é um constante aprendizado, todos os dias tem uma situação diferente para tratar e cada situação de uma maneira diferente.
  • 15. 11 Capitulo II - Plano de viagem O plano de viagem é o documento onde consta todo o trajeto que o motorista deverá seguir para chegar até o destino da carga, inclusive contemplando os locais onde o mesmo poderá efetuar as paradas e pernoite. É muito importante que este plano de viagem seja rigorosamente seguido pelo motorista, pois esse documento também faz parte dos documentos solicitados pela reguladora de sinistros em caso de eventual sinistro. O correto para elaborar um bom plano de viagem é cadastrar todos os postos ao longo do trajeto, tirando fotos da estrutura do pátio, segurança, conforto para o motorista e que tenha um serviço 24 horas para o caso de emergência, a melhor forma de fazer isso é usando um veículo rastreado com a mesma tecnologia dos caminhões com alguém de confiança para fazer a viagem e parar de posto em posto para efetuar este cadastro e a cada parada essa pessoa informe a central de monitoramento o nome e telefone do posto para que a central possa cadastrar a referência no mapa. Em um eventual sinistro se a reguladora identificar que o plano de viagem não foi cumprido como está escrito no documento e não tiver uma justificativa muito convincente, a indenização da carga será negada e o transportador será obrigado a pagar o valor da carga. A vantagem de se ter um plano de viagem é que passa a conhecer cada trecho da rota, cada posto que poderá contar com ajuda em caso de uma necessidade fora de hora, poderá acompanhar o rendimento das viagens podendo prever atrasos e melhorando o processo logístico, além é claro de poder formar alianças ou os chamados convênios para abastecimento em pontos estratégicos diminuindo assim o desperdício de combustível. Para o operador de gerenciamento de risco, ter os cadastros atualizados no plano de viagem facilita muito a busca pelo veículo em caso de perda de sinal. Na figura abaixo mostra um modelo simples de plano de viagem que pode ser adotado pela transportadora.
  • 16.
  • 17. 12 Capitulo III - Identificando situações de risco iminente de roubo Uma situação representa risco quando algo sai fora da programação, por exemplo: o veículo está configurado para gerar posição a cada 15 minutos e de repente para de posicionar, isso é uma situação de risco, o operador não sabe o que está acontecendo com este veículo então diante da perda do sinal o operador deve iniciar as tratativas conforme determina o PGR. Pode não ser nada demais a causa da perda de sinal, o motorista poderia estar em região de sombra (sinal ruim de satélite/celular) talvez isso deve ter gerado o atraso no posicionamento, como também poderia ter sido abordado por ladrões de carga e o rastreador foi desativado pelos ladrões. Outro caso que gera suspeita e também é uma situação de risco, é quando o veículo sai da rota que está programada para que seja seguida, desvio de rota pode ser o motorista que pegou uma entrada errada mas também pode ser o ladrão dirigindo o caminhão, já ouvi relatos dos companheiros de profissão de veículos estarem aparentemente comunicando via mensagem, informando senha de segurança e na verdade quem estava passando as mensagens era o ladrão, em seguida o veículo perde sinal. Uma parada rápida na rodovia sem que o motorista informe a mensagem de parada também é uma situação de risco, o motorista pode ter parado para fazer necessidades fisiológicas mas também pode ser indicio de uma abordagem e em seguida o veículo perde sinal. O veículo está pernoitando no pátio de um posto e de repente liga a ignição, ou gera um alerta de portas, pode ser o motorista indo ao banheiro, pode ser o ladrão desativando o rastreador, enfim. Reinícios sem informar também são considerados como situações de risco, se o veículo reinicia um percurso o motorista deve informar o reinicio e quando não informa pode significar que o controle direcional do veículo não é mais do motorista, como também o motorista pode ter esquecido de informar. É importante ressaltar que sempre há a perda de sinal do veículo e o telefone do motorista sempre da desligado em caso de um sinistro por isso é muito importante que o operador esteja atento pois não há garantia de que vai evitar o roubo, mas a primeira hora é fundamental para tentativa de localização da carga e por isso o operador não deve perder tempo em iniciar as tratativas determinadas no PGR. Por essas razões, é extremamente importante que o motorista esteja bem instruído quanto aos procedimentos de gerenciamento de risco, para que não esqueça de enviar as mensagens, para que informe sempre a situação de viagem à central de monitoramento, o operador depende de certos indícios por mais pequenos que sejam para identificar uma situação de risco e quando esses indícios são alarmes falsos atrapalha o desempenho de monitoramento pois consome muito tempo do operador, tempo que poderia estar sendo usado para
  • 18. 13 tratar uma situação real. O operador fica o turno todo focado no risco, então ao identificar uma situação suspeita como uma das mencionadas acima ele tem que tratar, lembrando que o operador de rastreamento é aquela pessoa que está na frente do computador e não do lado do motorista, não há outra maneira de saber o que está acontecendo no local onde o veículo se encontra, apenas recebe o alerta, identifica a situação e age para segurança da carga, do motorista e do veículo. Lembrando que existem várias outras situações de riscos além das mencionadas acima e que são identificadas ao longo da operação e que devem ser tratadas de acordo com o que determina o PGR para garantir a indenização da carga em caso de eventual sinistro. *** Modus operandi mais frequentes das quadrilhas de roubo de carga Modus operandi (plural: modi operandi) é uma expressão em latim que significa "modo de operação”. [1] Utilizada para designar uma maneira de agir, operar ou executar uma atividade seguindo sempre os mesmos procedimentos Definitivamente não há limites para a imaginação das quadrilhas de roubo de carga, os métodos de ação das quadrilhas se aperfeiçoam na mesma proporção que as tecnologias de segurança. Hoje, se uma quadrilha quiser roubar o caminhão com certeza ela vai conseguir e a única coisa que podemos fazer é cumprir as normas do PGR à risca para garantir que a seguradora não venha contra o transportador reclamar o valor da carga. A ação do operador na primeira hora da constatação da suspeita também é primordial para ter chances de um desfecho positivo da situação, depois desse tempo quase não há mais nada a se fazer, pois quanto mais tempo o bandido tem para agir mais remota fica a chance de recuperação da carga, digo isso por experiência própria, em minha carreira tive oportunidade de trabalhar em 8 casos de roubo de carga, recuperamos 5 cargas intactas e uma houve algumas avarias em virtude de uma perseguição policial mas também foi recuperada. Uma forma muito comum de roubo ocorre durante a noite enquanto o veículo está parado para o pernoite, os ladrões se aproximam do veículo quebram o vidro e invadem a cabine, daí ativam um aparelho chamado jammer, usado para cortar todos os sinais de satélite da antena e rede de comunicação celular, a abrangência dessa interferência depende da potência do jammer, eles arrombam o painel localizado no cockpit do passageiro e desativam o sistema do rastreador, a partir daí o veículo está à mercê dos bandidos, enquanto o motorista é levado em um carro de passeio ou um utilitário até uma espécie de cativeiro, os bandidos seguem com o veículo carregado para o local da desova da carga. Esse método o único sinal que pode ser identificado pelo operador é a perda de sinal do veículo, e é ai que entra a malicia do operador e a agilidade em iniciar as tratativas. Com esse método o veículo não gera nenhum alerta, nem de porta, nem de desengate,
  • 19. 14 nada, somente perde o sinal. Após os bandidos descarregarem a carga seguem para um local esmo e abandonam o veículo e libertam o motorista a alguns quilômetros distante do veículo. Quando o motorista chega a ligar para a transportadora para informar o roubo, os bandidos já terminaram o serviço. Uma forma bastante usada também mas não se aplica a 100% dos casos, é o aliciamento de funcionários do embarcador, geralmente pessoal ligado a emissão de notas, carregamento, armazenagem, etc. A quadrilha oferece uma boa quantia em dinheiro para esse funcionário em troca de informações sobre a carga, destino, veiculo, motorista, rota, etc. De que outra forma explicar quando os roubos ocorrem ainda muito próximos do embarcador e com cargas especificas e muito visadas, como por exemplo, carga de perfumaria, eletrônicos, alimentos. Outra forma também bastante usada atualmente é o aliciamento de motorista, isso mesmo, a quadrilha alicia o motorista e pagam ele para simular um roubo. Outra forma que aconteceu com um veículo que estava sendo monitorado por minha equipe foi a seguinte: o veículo saiu de viagem do embarcador escoltado por uma equipe de seguranças armados e próximo de Jundiaí-SP foram rendidos em movimento por dois carros com homens armados com armas de grosso calibre, colocaram o motorista e os escoltas em um utilitário e os levaram para um cativeiro. Infelizmente para os ladrões, nós atuamos na perda de sinal ainda nos primeiros momentos e com ajuda de uma tecnologia de rádio frequência conseguimos localizar o veículo carregado e a polícia fez algumas prisões. Outra forma que estão usando principalmente nas regiões Nordeste e Centro Norte do Brasil é cortar a lona do Sider de carretas para ver o que é a carga e efetuam pequenos furtos dentro da carga. Também tive depoimentos de uma linda mulher em um carro fica em paralelo com o veículo fazendo sinal para o motorista de que algo na carreta está com problema e ao parar o veículo para verificar é rendido e os bandidos assumem o veículo e um integrante da quadrilha faz o motorista refém até a desova da carga. Muito cuidado também na porta do cliente destinatário, a quadrilha está infiltrando pessoal no meio dos caminhoneiros se passando por funcionários do cliente destinatário com uniforme e tudo, abordam o motorista que está aguardando descarga e dizem que o deposito está cheio e que fará a descarga em outro local, e em seguida descarregam a carga e assinam e carimbam os comprovantes como se fosse realmente tudo original e depois vem a conta, pois o cliente entra em contato com o embarcador alegando que não foi recebida essa mercadoria e nesse momento se dá conta do que foi que houve. ***
  • 20. 15 Saiba como diminuir o risco de roubo Anteriormente falei sobre o modus operandi usado pelas quadrilhas de roubo de carga, agora vou dar dicas de como agir para evitar ser vítima de roubo durante a viagem ou minimizar as chances de algo assim ocorrer. Primeiro é preciso entender que o risco existe por toda parte, desde o início do carregamento até a entrega no destinatário. Algumas ações podem evitar ou diminuir o risco de ser vítima de um roubo durante a viagem, isso porque a intenção dessas ações é a de dificultar ao máximo a logística dos ladrões. Quanto mais cara for a logística para os ladrões, quanto mais dificuldades para eles, mais rápido eles desistem da carga e vão em busca de outra carga mais fácil de ser roubada. Dentre muitas vou citar apenas as que julgo mais importantes, são elas: 1- O motorista nunca pode falar sobre a sua carga nem dentro dos CDs do embarcador e muito menos em pátios de postos de combustível. 2- Evitar sair de viagem de dentro do embarcador a partir as 20:00, haja visto que alguns embarcadores determinam uma distância para o motorista percorrer depois que sai de dentro do CD conhecida como área de risco (falaremos mais sobre áreas de risco mais adiante). 3- O motorista deve evitar responder perguntas de curiosos sobre a carga, embarcador ou valor de mercadoria. 4- O motorista precisa evitar paradas em locais considerados como de risco, restaurantes à beira de estrada, casas noturnas, postos de combustíveis que não oferecem segurança e iluminação adequada e um serviço 24 horas. 5- Ao parar para o pernoite, procurar locais bem iluminados de preferência próximo às bombas de combustível que é um local bem movimentado ou procurar ficar entre os outros veículos de forma que não seja possível o deslocamento do veículo. Nunca parar próximo a saídas de postos de combustível. 6- O motorista nunca pode parar o veículo em locais de sombra ou que causam alguma interferência no sinal do rastreador. 7- O motorista deve sempre ficar atento à movimentação de veículos a seu redor, pois ele pode muito bem estar sendo seguido e não saber. Enfim, essas são algumas das ações que devem ser tomadas e que auxiliam para dificultar o trabalho dos ladrões. Outra forma não menos importante consiste em o motorista não abastecer o veículo logo que chega para pernoitar, o ideal é que o tanque chegue em situação de estar quase vazio, dessa forma os bandidos são obrigados a abastecer o veículo e isso por si só é motivo para desistirem do ato ou rodar com o veículo até um certo ponto onde o veículo não vai mais funcionar por falta de combustível e os ladrões serão forçados a abandonar o veículo e a carga. ***
  • 21. 16 Áreas de risco Algumas regiões, por registrarem grande índice de roubos de carga é chamada de área de risco, a grande maioria das Cias Seguradora determinam uma distância mínima que o veículo deve rodar para efetuar a primeira parada, isso por que de acordo com estatísticas das secretarias de segurança pública são regiões muito perigosas e com grande índice de roubo de carga. Geralmente essa distância é estabelecida por um raio de 200km da origem da carga, ou seja, não são 200 km da origem e sim um raio de 200km da origem, não confunda raio com a distância da origem do carregamento. Isso porque dentro desse raio é que se localizam os receptadores da carga, então fica muito mais fácil para o ladrão de carga roubar e entregar, pois fica tudo próximo e o ladrão não fica rodando com o caminhão roubado por muito tempo arriscando ser parado ou ter o veículo identificado por barreiras policiais. A distância do raio pode variar de acordo com a região, isso quem vai determinar é a Cia Seguradora através da apólice de seguro ou do PGR. Um padrão geralmente adotado pela maioria das Cias Seguradora é a tabela abaixo para o estado de São Paulo: Vale ressaltar que se houver sinistro de roubo do veículo e constatado que o veículo estava parado dentro dessa área de risco, a seguradora não indeniza a carga e a transportadora será acionada para pagar o valor da carga.
  • 22. 17 Capitulo IV - Identificando situações de sinistros de acidentes Acidente: sm (lat accidente) 1 O que é casual, fortuito, imprevisto. 2 Desastre, desgraça. Assim como o risco de roubo, o risco de acidente também existe desde o momento em que se inicia a viagem, a diferença é que o resultado de um acidente pode ser acrescido o prejuízo com danos sofridos no veículo. Identificar um sinistro de acidente é mais fácil do que um sinistro de roubo, pois no acidente a perda de sinal da antena do rastreador do veículo é gerada com o veículo ainda em movimento, ou seja, não há mensagem de parada e não há posições repetidas no mesmo local e dependendo da região não há posto de combustível próximo. Nessa situação o operador deve imediatamente acionar órgãos de segurança da região para que a situação seja averiguada, na maioria dos casos a PRF ou PRE local já sabem do acidente muito antes do operador e em alguns casos já podem estar no local prestando socorro. Lógico, o operador deve agir de acordo com que manda no PGR, enviar todos os comandos solicitados em casos de perda de sinal para garantir que o seguro seja resguardado e avisar imediatamente o responsável pela gestão de riscos da transportadora para que o mesmo faça a abertura de sinistro junto a Cia Seguradora. *** Causas frequentes dos acidentes Até hoje nunca vi um acidente onde não houvesse uma ponta de imprudência ou excesso de confiança, nos casos em que tive oportunidade de trabalhar, uma das causas mais frequentes é o excesso de velocidade, por isso recomendo controlar a velocidade da frota para que evite esse tipo de ocorrência, pois o prejuízo pode ser bem maior. Na apólice de seguro existe uma clausula que determina que para ter direito a indenização em caso de sinistro de acidente o veículo deve cumprir todas as normas de transito, estar em dia com documentação e o motorista deve estar devidamente habilitado para o transporte de cargas. Em um caso de sinistro de acidente se for constatado na regulação de sinistro que houve excessos de velocidade mesmo que não seja a causa do acidente, o transportador com certeza terá a indenização negada. Pense o seguinte; o veículo saiu de viagem anteontem, ontem ele fez uma ponte de 100km/h e hoje tombou a 30km/h, veja que a velocidade que estava no momento do tombamento é até inferior a permitida para uma curva mas aquela ponta de 100km/h de ontem terá um peso muito grande na regulação de sinistro podendo custar a indenização da carga. Por isso defendo insistentemente o controle rígido da velocidade. Há outras causas também mas a mais comum é a velocidade, tem também o excesso de confiança do motorista na hora de fazer uma ultrapassagem,
  • 23. 18 geralmente o motorista inicia uma ultrapassagem em local proibido confiando que dará tempo de retornar para a faixa mas as vezes se dá mal. Pista molhada também é uma causa de acidentes frequentes, geralmente alia-se a excesso de velocidade e pista molhada, onde ocorre o fenômeno conhecido como aquaplanagem que consiste na perda de aderência entre o pneu e o asfalto ao passar em cima de uma fina lamina d'água causando muitos acidentes o mais comum é o "L". Dirigir sob condições de forte chuva, ventania, tempestades, também aumentam o risco de acidentes. Recomendo que o transportador periodicamente faça uma reciclagem com todos os motoristas sobre direção defensiva.
  • 24. 19 Capitulo V - Tratando eventos e situações de risco Neste capitulo vou dar dicas de como tratar eventos como perda de sinal, desvio de rota e vários outros que fazem parte do cotidiano do operador de gerenciamento de risco, vou mostrar através de exemplos de situações que eu mesmo enfrentei e que consegui solucionar através de métodos que foram desenvolvidos por mim aliados ao aprendizado que pude adquirir com os profissionais que fizeram parte da minha carreira ao logo desse tempo. São métodos que eu utilizei em várias situações e que funcionaram todas as vezes que usei. Tenho certeza que esse livro irá ajudar você a tratar com mais eficiência as ocorrências diárias e com menos tempo perdido. *** Tratando perda de sinal De todos os alertas gerados pelos sistemas de monitoramento existentes a perda de sinal é de longe a campeã de ocorrências dentro de uma central de gerenciamento de riscos. São vários os motivos que fazem o rastreador perder o sinal desde um pequeno defeito a um roubo, normalmente no PGR de cada embarcador já tem determinados os procedimentos a serem executados em caso de ocorrência de perda de sinal, mas sabemos que a perda de sinal pode ser ocasionada por outros motivos que não o de um roubo. O motorista pode estar bem tranquilo no pátio de um posto almoçando embaixo de alguma cobertura, algumas tecnologias perdem o sinal ao ficarem embaixo de alguma cobertura. O veículo pode estar sem bateria ou em local de sobra, algumas regiões favorecem a perda de sinal por serem muito remotas e com poucas opções de comunicação satélite ou GPRS. Enfim, neste capitulo vou dar dicas de como fazer para tratar uma perda de sinal e localizar o veículo, são técnicas que eu mesmo uso no meu dia a dia e funcionam perfeitamente. Perda de sinal identificada. O primeiro passo é identificar se o veículo perdeu sinal parado ou em movimento, se foi parado então deve procurar saber se o local é um posto de combustível, o street view do google ajuda muito nessa hora, as vezes dá até para pegar o telefone do local. Agora de a perda de sinal foi em movimento a situação fica um pouco mais complicada, pois pode ser qualquer coisa desde um acidente até parada sem informar embaixo de alguma cobertura ou até mesmo defeito no equipamento, nessa hora o operador deve ir eliminando as opções, lógico, primeiro faça o que determina o PGR para garantir que o seguro seja resguardado, depois faça o seguinte cálculo: um veículo a cerca de 80km/h leva mais ou menos um minuto e meio para percorrer um quilometro, com essa base faça as contas baseado no tempo de perda de sinal. Por exemplo: se o veículo está configurado para posicionar a cada 15 minutos e
  • 25. 20 perdeu sinal já faz 30 minutos e não tem confirmação de contato com o motorista e para piorar a situação ele ainda estava em movimento. Pode ser que esteja parado em algum posto descansando, pode ser que este veículo tenha sofrido um acidente. Faça o seguinte com os dados de tempo de perda de sinal em mãos: Lembra da regrinha de três que aprendemos lá atrás na escola? Pois é vamos usa-la: 80km/h____60 minutos X ________ 15 minutos 60x= 80*15=1200 X = 1200/60 = 20km Agora sabemos que em 15 minutos um veículo a 80km/h percorreria cerca de 20km, vamos definir um raio um pouco maior para a margem de erro, vamos definir um raio de 30km a partir do local da perda de sinal, agora vamos procurar identificar todos os possíveis pontos onde o veículo poderia estar dentro desse raio, postos de combustíveis, postos fiscais, restaurantes, etc. Se não localiza-lo acione a primeira Policia Rodoviária Federal mais próxima para colher informações sobre acidentes. Em caso de confirmação de o veículo estar envolvido em acidente o operador deve imediatamente informar o responsável da empresa transportadora. Mas se não for acidente e mesmo assim não conseguir localizar o veículo no raio definido anteriormente acione a polícia e registre um alerta de roubo, mas ressalto que todos os procedimentos determinados pelo PGR devem ser imediatamente executados no início das tratativas. Pode até tentar abrir o sinistro na seguradora, mas não vai conseguir pois tecnicamente não há confirmação do roubo e as Cias Seguradoras somente abrem o sinistro após a confirmação que se dá com o aparecimento do motorista informando que foi roubado, por isso é necessário que todas as tratativas solicitadas pelo PGR sejam cumpridas. Também é importante alertar e solicitar apoio das policias locais PRFs, PREs para tentar localizar o veículo caso todas as opções anteriores falhem. Outra alternativa que recorro sempre nesses casos é verificar quais os veículos próximos ao que está com perda de sinal e solicito apoio a esses veículos que estão em rota para o local da perda de sinal. Funciona bem, pois ninguém conhece melhor o local além do motorista que passa ali sempre e poderá auxiliar muito o operador de gerenciamento de risco. ***
  • 26. 21 Tratando parada sem informar A parada sem informar é uma ocorrência que também acontece com muita frequência e também merece toda atenção do operador, pois nunca se sabe o que pode estar acontecendo no local, não dá para saber o motivo que levou o motorista a efetuar a parada e não informar. A parada sem informar pode acontecer por vários motivos, sendo alguns deles; 1- Defeito no equipamento. 2- Problemas com disciplina do motorista. 3- Dúvidas que o motorista ainda tem sobre os procedimentos 4- Acidente 5- Abordagem por ladrões. Quando identificado que o problema é no equipamento rastreador, o responsável da transportadora deve providenciar o devido reparo, pois conforme determina as apólices de seguro o equipamento rastreador denominado SPV (Sistema de Proteção Veicular) deve estar funcionando em perfeito estado. Mas se o problema for de cunho disciplinar, convém avaliar se realmente vale a pena assumir o risco de ter que pagar uma carga mantendo este motorista no quadro de funcionários, pois quando a reguladora solicita os relatórios de monitoramento deve constar todas as mensagens trocadas entre central de monitoramento e veiculo, e em caso de não haver mensagem de parada deve se ter a atuação do operador gravada no relatório. Quando o problema for dúvida do motorista em relação aos procedimentos de envio de mensagens, convém tirar um tempo para orienta-lo, repassar todas as normas de segurança, ir no veículo junto com ele e procurar identificar se a dúvida dele não seria em relação às normas ou ao envio de mensagens. Gaste um tempo ensinando ele a enviar mensagens, simule situações e deixe o a vontade para enviar mensagens até sentir confiança para poder fazer sozinho. Outra situação que pode ocasionar uma parada sem informar é um acidente cujo veículo esteja envolvido, no momento do acidente a adrenalina é muito alta e a preocupação de todos os envolvidos é verificar os danos. Por isso pode haver um atraso no envio da mensagem por parte do motorista, mas não isenta o operador de cobrar o motivo da parada. Pois como disse antes, é necessário que haja atuação da central de monitoramento para cobrar e averiguar a situação, o motivo que levou o motorista a parar e não informar. Um modus operandi usado é a abordagem em movimento dos veículos, ou seja, aquela região onde tem os chamados quebra-molas, forçam o motorista a reduzir a velocidade e é nesse momento que esses ladrões saltam para dentro da cabine do veículo. Este tipo de modalidade raramente é usado para roubar a carga mas pode acontecer, geralmente o alvo desses indivíduos são dinheiro e pertences do motorista. A diferença é que, se o alvo for a carga a parada sem informar será seguida de perda de sinal, ai meu amigo pode partir para cima com tudo. O fato é que, ao identificar a parada indevida, ou seja, a parada sem informar, o operador deve agir de imediato, primeiro cumprindo o que determina o PGR e
  • 27. 22 depois ir mais a fundo na ocorrência. Eu costumo acionar sirene, setas, bloquear o veículo e enviar mensagens solicitando o motivo da parada, tento contato por telefone celular, caso não haja retorno do motorista eu aciono os órgão de segurança pública mais próximos do local *** Tratando reinícios sem informar O reinicio sem informar é mais uma falha de atenção do motorista do que uma situação de risco de sinistro, com o tempo que tenho nessa área nunca vi um caminhão reiniciar sem informar que não fosse por falta atenção de motorista, problema de disciplina e um monte de outras desculpas, mas também não quer dizer que não se deve tratar um reinicio sem informar, caso identifique que um veículo reiniciou sem informar e em seguida perdeu sinal, é hora de agir com tudo pois pode se tratar de um roubo em andamento principalmente quando esse reinicio se dá com o veículo ainda bloqueado. Eu costumo tratar uma situação de reinicio sem informar da seguinte forma; primeiro verifico se o veículo não está bloqueado, em seguida envio comandos de sirene, setas e mensagem solicitando o reinicio e tento contato com o motorista, não obtendo êxito na tentativa eu aciono o primeiro posto de polícia próximo para realizar a interceptação do carro. *** Tratando desvios de rota O desvio de rota pode acontecer por vários motivos dentre eles posso citar roubo, motorista errou a rota, bloqueio de pistas, etc. Todo veículo deve ter uma rota devidamente associada a ele na interface do sistema de rastreamento, pois quando ele sair dessa rota o sistema gerará um alerta para informar ao operador que o veículo saiu de sua rota e o operador por sua vez deve atuar imediatamente enviando os comando solicitados no PGR e demais tratativas para averiguar o motivo do desvio. Ressalto que qualquer alteração de rota o responsável designado pela transportadora para responder pela gestão de risco deverá imediatamente informar a central de monitoramento. Numa regulação de sinistro é comum a reguladora solicitar print da tela onde mostra as configurações de rota e se está associada ao veículo, assim como print do posicionamento do veículo no mapa para averiguar se o veículo estava seguindo a rota informada no plano de viagem, lembra do plano de viagem? pois é olha ele sendo instrumento de avaliação e auditoria agora. A transportadora deve ter suas rotas bem definidas juntamente com pontos autorizados de paradas e o motorista deverá seguir exatamente o que está nesse planejamento e qualquer alteração deve ser imediatamente justificada para que num eventual sinistro não tenha problemas com a reguladora. ***
  • 28. 23 A importância do check list do rastreador Hoje a tecnologia de rastreamento anda tão disseminada no Brasil que até os motoristas sabem como desativar bloqueio, desligar sirenes, etc. Isso porque os motoristas não gostam de ser monitorados o tempo todo e acabam burlando o equipamento com o intuito de ficar livre das cobranças da central de monitoramento, algumas das desculpas mais ouvidas em casos de aturadores violados é sobre a demora no envio do comando de liberação. No meio de rodinha de amigos sai o assunto de rastreador e logo começa a aparecer um caminhão de receitas de como fazer isso, como fazer aquilo, acredite eles fazem. Esses motoristas que agem dessa forma, burlando o equipamento para não serem perturbados pela central de rastreamento devem ser eliminados do quadro de funcionários, eles não servem para uma operação de alto risco, e hoje quase todas as operações são de alto risco. Sem querer ele abre uma brecha que pode ser aproveitada pelo bandido para poder roubar a carga, o operador não tem como fazer absolutamente nada numa situação dessas, cabe ao gestor do motorista advertir e punir o motorista infrator e providenciar o devido reparo no atuador burlado. A transportadora não pode em hipótese alguma aceitar esse tipo de comportamento dos motoristas. Se os motoristas já sabem desativar o rastreador imagina o que as quadrilhas de roubo de cargas são capazes de fazer... já peguei caminhões com interruptores Conhecidos vulgarmente por "Tic Tac" instalados dentro da cabine para desligar sirene, desbloquear o caminhão, tem de tudo. Muito importante que a pessoa que fará o check list fique bem atento a esses detalhes, pois conforme determina as apólices de seguro os veículos devem ser submetidos a testes dos sensores e atuadores periodicamente, eu aconselho a fazer a cada 15 dias. Pois se por ventura o veículo for escalado para carregamento e o embarcador tem o habito de fazer o check list na entrada, com certeza vai ser recusado pelo embarcador. (Modelos de "Tic Tac" mais usados) Já peguei veículo com sensores de portas violados com um pedaço de cartão telefônico, pedaço de garrafa pet, enfim tudo para poder abrir a porta e não alertar ao rastreamento, parar e manter a ignição ligada para não levantar suspeita no rastreamento.
  • 29. Chegamos ao fim deste pequeno livro, espero que possa ter lhe dado uma base de como funciona este mundo de Gerenciamento de riscos em transporte rodoviário de cargas. Qualquer dúvida pode enviar e-mail para: Alves.robson83@gmail.com Que terei o maior prazer em ajudar. Forte Abraço Robson Aparecido Alves