O documento apresenta breves perfis de quatro atletas brasileiros: Fabiana Murer, que quer superar sua melhor marca no salto em altura e brilhar no próximo Campeonato Mundial; Bruninho, levantador da seleção brasileira de vôlei que herdou o espírito competitivo do pai Bernardinho; Alexandre Rocha, golfista que compete nos EUA e mira uma vaga nos Jogos Olímpicos do Rio-2016; e Isadora Williams, patinadora que sonha representar o Brasil nos Jogos
3. 8
Atletas
Fabiana Murer, Bruninho, Logan Tom,
Isadora Williams, Alexandre Rocha
18
querer é poder
TristarRio: por dentro da prova
que começa a revolucionar o triatlo
28
Usain bolt, O Ídolo
Além das pistas, como se faz
uma lenda do esporte
36
de bike no paraíso
A participação da ciclista Adriana Morrone na versão
amadora da maior prova de ciclismo do mundo
42
os atletas do cob
Quem são os atletas que deixaram as competições
e agora fazem o esporte brasileiro evoluir
46
José carlos brunoro
Expert em gestão esportiva indica o caminho
do sucesso para as modalidades olímpicas
seções
AHEBRASIL.COM.BR 06
RÁPIDAS 16
Um giro pelo esporte mundial
ciência 23
O doping, o gato e o rato
o jogo da minha vida 24
Hortência: Brasil 99 x 97 Austrália
Pôster 26
Roger Federer
você vai ouvir falar de... 34
Matheus Santana
Carlos eduardo novaes 35
Quem inventou o esporte?
performance 40
O tênis mais eficiente do mundo
ponto de vista 49
Desafios olímpicos no “país do futebol”
paulo caruso 50
Usain Bolt e o Cristo Redentor
4. AHEBRASIL.COM.BR
Confira as últimas
novidades do
portal ahe!
Seção de atletas
atualizada
Na seção de atletas, confira
as fichas atualizadas de quem
conquistou medalhas nos
Jogos Olímpicos de Londres.
www.ahebrasil.com.br/atletas/
index.html.
Hélio Rubens
abre o jogo
Se hoje Franca é a capital do
basquete brasileiro, Hélio
Rubens certamente tem sua
parcela de colaboração. Após
50 anos trabalhando pelo
homenagem na Líbia
esporte na cidade paulista, A convite do Comitê Paralímpico Líbio Além disso, a repórter conversou com
o treinador migrou para e do governo do país, o ahe! foi conhecer personalidades que ficaram caladas por
Uberlândia (MG). Em uma e respirar o ar da nova Líbia. muito tempo por causa do regime ditatorial
série de três entrevistas ao A repórter Natália da Luz participou, e, em nome do portal, recebeu um prêmio do
ahe!, ele fala sobre seus novos no país, das comemorações pelo governo por conta de sua reportagem sobre
desafios, relembra a vitoriosa Dia Internacional das Pessoas com a expectativa do paradesporto na Líbia após
passagem pelo Vasco e Deficiências, que aconteceu no dia 3 a revolução que depôs o regime de Gaddafi.
saúda o bom momento do de dezembro - a data foi criada a partir de Natália também esteve em contato com
basquete masculino. www. uma proposta do ativista líbio Monsour atletas, ativistas, artistas – enfim, líbios de
ahebrasil.com.br/noticias/ El-Kikhia, capturado e morto pelo regime muitas gerações que compartilham o sonho
entrevistas/1.html do ex-ditador Muamar al-Gaddafi. de uma sociedade justa e igualitária.
Copa 2014:
Djokovic
home especial
seguido Drama africano
Atento aos Campeonatos
de perto pós-Londres
Mundiais de todos os
Década
esportes olímpicos, o ahe! Em sua primeira passagem pelo O ahe! entrevistou atletas
esportiva
resolveu dedicar uma capa Brasil, o sérvio Novak Djokovic Momento único e dirigentes da República
especificamente à Copa foi seguido de perto pelo ahe! do Brasil é retratado Democrática do Congo que
do Mundo de 2014. Por lá, O portal acompanhou o tenista em pesquisa pediram asilo em Londres após
que mostra o
é possível encontrar notícias número 1 do mundo na Rocinha, o país participar, pela primeira
avanço do PIB do
sobre as seleções de todo onde ele e Gustavo Kuerten esporte. Na seção vez na história, dos Jogos
o planeta que disputam inauguraram quadra pública de Performance Paralímpicos. “O governo está
as Eliminatórias e novidades tênis; no Maracanãzinho, onde muito perigoso”, conta Guy
nas obras para a construção protagonizaram jogo de exibição; e, Nkita, técnico da Federação
dos estádios. A Copa por fim, no Engenhão, palco de uma de Atletismo do país. Dedeline
das Confederações de 2013 descontraída pelada entre os times Mibamba, atleta de lançamento
também está em foco. de Petkovic e Zico, “reforçados” de disco, perdeu as pernas,
www.ahebrasil.com.br/ por Djokovic e Kuerten. Busque após a explosão de uma mina
copa2014/ “Djoko no Rio” e encontrará toda a terrestre. Em Olimpíadas.
fotos e reportagens sobre o tema.
5. EDITORIAL
Muito além de 2016
ahe
ESPORTES
O slogan acima, criado em julho de 2010 para a GSN –
Global Sports Network, traduz a essência do envolvimento
da nossa empresa com o esporte no Brasil, aplicado
diretamente no portal dedicado aos esportes olímpicos
Diretor Geral ahe!Brasil, desde outubro de 2011. E agora também na
Eduardo Larangeira Jácome
nossa mais nova empreitada: a revista ahe!Esportes.
eduardojacome@gsnsports.com.br
Direção de Conteúdo Ela nasce com o mesmo compromisso de cobrir o universo
Robert Halfoun robert@gsnsports.com.br
Editor Chefe Revista AHE!Esportes
esportivo da forma mais completa possível. ahe!Esportes
Daniel Costa e Silva danielcosta@ahebrasil.com.br dá luz à atletas, cobre torneios, olha para o passado,
Direção de Arte Revista AHE!Esportes traz as notícias mais relevantes do segmento. Tudo isso
Luciano Araujo luciano@gsnsports.com.br
Editor Chefe Portal AHE! com um tempero especial: um olhar mais atrevido, seja
Bernardo Coimbra bcoimbra@ahebrasil.com.br fotograficamente quanto editorialmente. A intenção é
Editora Chefe Projetos Especiais
que você, leitor, reflita conosco, encante-se com as belas
Natalia da Luz natalialuz@ahebrasil.com.br
imagens que o esporte nos proporciona.
Editores de Esportes
Fernanda Thurler fernandat@ahebrasil.com.br
Gustavo Novaes gustavonovaes@ahebrasil.com.br
Na primeira fase de lançamento, ahe!Esportes será veiculada
no portal ahe!Brasil e, depois, de forma impressa com
Repórteres distribuição gratuita nos pontos onde o público que ama o
Camila Pereira camilapereira@ahebrasil.com.br
Francisco Junior franciscojunior@ahebrasil.com.br
esporte está: nos clubes, nas academias esportivas, nos
locais de competição. Trata-se de uma fórmula vencedora,
Estagiário aplicada na Europa e que agora a GSN traz para o Brasil.
Thiago Mendes thiagomendes@ahebrasil.com.br
Claro, o momento do país é propício para isso, com a Copa
Participações especiais do Mundo e os Jogos Olímpicos que vêm por aí. Mas, vale
Carlos Eduardo Novaes
reforçar, o nosso compromisso com o esporte vai muito
Gustavo Maia
Lázaro Alessandro Soares Nunes além. O portal ahe!Brasil e a revista ahe!Esportes vieram
Paulo Caruso para ser ferramentas fundamentais para a informação e
Colaboradores
o desenvolvimento do esporte no País. Sim, já evoluímos
João Guilherme Lidington (repórter) muito. Mas com o nosso comprovado potencial esportivo,
Zô Guimarães (fotógrafa) não há dúvida: vamos muito além de 2016.
Gerente de Marketing
Frederico Guaragna fredericomandelli@gsnsports.com.br Não poderia deixar de agradecer a todos os que tornaram
Gerente de RH e Administração possível essa realização. Ter a qualidade profissional
Fernanda Monte fernandamonte@gsnsports.com.br
Gerente de Gestão do Robert Halfoun na concepção desse projeto é uma
Mário Vassalo mariovassalo@gsnsports.com.br satisfação e a garantia de qualidade do mesmo. Agradeço
Gerente de Projetos
especialmente também ao Daniel Costa, Editor Chefe, e ao
Fernando Marques fernando.marques@gsnsports.com.br
Luciano Araujo, Diretor de Arte, que foram fundamentais
Tecnologia para que atingíssemos nosso objetivo. Ao Frederico
Anderson Carvalho andersoncarvalho@gsnsports.com.br
Assistente Administrativa
Guaragna, nosso Gerente de Marketing, por toda a
Josi Peixoto josipeixoto@gsnsports.com.br criatividade, dedicação e incentivo que fizeram com que
fôssemos nessa direção.
Diretor GSN Internacional (Paris)
Felipe Jácome felipejacome@gsnsports.com.br
Eduardo Larangeira Jácome
Diretor geral
6. FABIANA
MURER
Saltar
de novo
Depois do fracasso em Londres,
ela quer superar sua maior marca
– e brilhar no próximo Mundial
Depois de “refugar” em Londres
com receio da ventania e atrair
para si certa antipatia da torcida
brasileira, Fabiana Murer tem um
calendário extenso pela frente
em busca de voos mais altos sobre o sarrafo. “Estou
muito animada para continuar desenvolvendo a minha
técnica para salto alto. Tenho condição de saltar 4,85
metros, que é minha melhor marca, e de chegar aos
5m”. Murer estará em ação já em janeiro, em Reno,
nos Estados Unidos, dando início à temporada indoor
– sem interferência do vento. Serão, ao todo, seis
competições nestas circunstâncias. O planejamento,
claro, visa o Mundial de Moscou, em agosto, principal
evento de atletismo em 2013. Um bom resultado é
essencial para a campeã atual ter certeza de que a
volta por cima – com ou sem vento – virá nos Jogos
do Rio. “Tem muita coisa pela frente. Estou muito
motivada para 2013 e para ir além.”
7.
8. BRUNINHO
Tal pai,
tal filho
Há mais de Bernardinho no
levantador do que o laço fraternal –
mas pouca gente vê isso
Levantador titular do RJX e da seleção brasileira,
Bruninho aparenta ser um rapaz sereno, tranquilo
– a antítese do pai, Bernardinho. Hora ou outra, no
entanto, ele explode, faz careta, chora e mostra
que há mais traços comuns entre eles do que
possa aparentar. Espírito de liderança, garra
e determinação são características, segundo
Bruninho, herdadas do DNA de Bernardinho.
“Quando era criança, acabava o treino, logo
pegava uma bola para brincar de ataque e
defesa com ele. Cresci na quadra. Também sou
perfeccionista, dedicado, acabo me cobrando
muito, então, de alguma maneira, essa vibração
vem à tona junto com a adrenalina do jogo”.
Se ele se imagina, no futuro, orientando
e esbravejando ao lado da quadra? “Acho que
tenho essa vontade, sim, mas é melhor esperar.
Está muito cedo, então fica difícil de dizer. Ainda
tenho um bom tempo para jogar e não posso
dizer isso, não quero planejar.”
9. Alexandre
Rocha
Grande
tacada
Brasileiro compete com Tiger Woods,
em busca de medalha nos Jogos do Rio
Único brasileiro na disputa do PGA Tour, o circuito de golfe mais
prestigiado do mundo, nos EUA, o paulista Alexandre Rocha, 35
anos, reprogramou sua carreira após a confirmação de que o esporte
faria parte dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016: trocou de instrutor,
empresário e equipamento. Alexandre tem como meta elevar seu
nível disputando os torneios com nomes como o norte-irlandês Rory
Mcllroy, líder do ranking mundial, e o norte-americano Tiger Woods.
Os bons resultados já começaram a aparecer. O brasileiro fez
sua melhor temporada em 2012. No início de agosto, ele foi vice-
campeão do Reno-Tahoe Open, em Nevada; em novembro, terminou
em quarto no Frys.com Open, na Califórnia. Nos dois torneios, esteve
muito perto da vitória até os últimos buracos.
Em 2013, o objetivo é conquistar um título e ratificar a condição
de ser o nome mais importante de uma modalidade que, no Brasil,
esbarra no alto custo para a prática e é visto como “esporte de rico”.
“O trabalho que tenho feito desde o início do ano já demonstrou
resultados. Estou confiante”, resume.
10.
11. Isadora
Williams
Olho
nela
Patinadora revelação lança site em busca
de verba para representar o Brasil
Isadora Williams, filha de mãe nascida em Minas Gerais e pai americano, sonha
fazer história vestindo o uniforme verde e amarelo na patinação no gelo,
esporte, por motivos óbvios, de pouca repercussão no tropical Brasil. Vivendo
em Ashburn, em Virginia, nos Estados Unidos, a jovem de 16 anos se esmera
com um objetivo em mente: representar o país que ama nos Jogos Olímpicos
de Inverno de 2014, em Sochi, na Rússia. A caminhada até lá, no entanto, é
árdua. Praticamente sem apoio, Isadora criou um link em sua página oficial
na internet para arrecadar fundos que a permitam investir em competições
classificatórias. “Todo este custo com viagens, treinos e uniformes ainda são
pagos pelos meus pais...”, garante a jovem, que divide seu tempo entre quatro
horas de treinos diários, estudos, aulas de ballet, coreografia e musculação.
A dedicação já dá resultado: ela surpreendeu ao se qualificar para as finais do
Mundial Júnior, na Bielorússia. Para colaborar e ver mais de Isadora, acesse:
www.isadorawilliams.wix.com/br
12. LOGAN
Tom
Bela e
craque
De volta à Superliga feminina, a americana
se impressiona com o assédio sobre ela
A ponteira de 32 anos, reforço do Unilever para
a temporada 2012/2013, atrai naturalmente as
atenções – e até se incomoda com o assédio.
Os fãs a cercam por onde ela anda, algo com
o qual não está acostumada – nos EUA, o vôlei
está longe de ser popular. Status de estrela
à parte, ela é reservada e vem enfrentando
alguns bloqueios com o jeito “solto” dos
cariocas. “Há dez anos tive minha primeira
experiência por aqui (no Minas). Mudou muita
coisa, eu também mudei. É incrível como o
vôlei é tão popular. Você passa pela praia e fica
impressionado com a quantidade de pessoas
praticando a modalidade.”
Por que jogar no Brasil? “No Rio, o vôlei
é muito forte e estou jogando entre as
bicampeãs olímpicas, né?” Em outras palavras,
veio aprender um pouco.
13.
14. RÁPIDAS
A noite do último dia 18 de dezembro
foi de celebração para o esporte
olímpico brasileiro. No palco do
Theatro Municipal do Rio de Janeiro,
os atletas que se destacaram nas
mais diversas modalidades foram
homenageados e tiveram seus
esforços reconhecidos. Após o
Comitê Olímpico Brasileiro (COB)
indicar seis finalistas aos principais
prêmios da noite, Sheilla Castro,
da seleção feminina de vôlei, e
Arthur Zanetti, ginasta campeão
em Londres nas argolas, foram
escolhidos por votação popular
como os grandes nomes do país em
2012. No feminino, Sheilla disputou
a preferência com Sarah Menezes
(judô) e Yane Marques (pentatlo
moderno). Entre os homens, também
foram indicados Esquiva Falcão
(boxe) e Thiago Pereira (natação).
> Pé de meia. Além de assumir o
posto de número 1 do mundo neste
fim de 2012, Novak Djokovic subiu
uma posição em mais um ranking.
Desta vez, o sérvio ultrapassou
Pete Sampras e agora é o terceiro
tenista que mais recebeu premiação
em dinheiro na história, com nada
menos que US$ 45.686.497. Perde
apenas para Roger Federer (US$
76.014.777) e Rafael Nadal (US$ > Por ippon. Victor Penalber (até 81kg) subiu ao lugar
50.061.827). mais alto do pódio no Grand Prix da China, em Qingdao,
o último da temporada. Ele faturou o ouro derrotando na
> Braçadas na Turquia. A seleção final o russo Murat Khabachirov por ippon. O país ainda
brasileira de natação terminou conquistou mais cinco medalhas. Quatro de prata (Maria
o 11º Mundial em Piscina Curta, Portela, Renan Nunes, Ketleyn Quadros e Érika Miranda)
em dezembro, em Istambul, com e um bronze (Gabriela Chibana).
um ouro (Nicholas Santos - 50m
borboleta) e um bronze (Guilherme > Time Nissan. A Nissan escolheu 30 atletas – entre
Guido - 100m costas). Cesar Cielo eles, seis paralímpicos – para patrocinar visando os
não competiu. Thiago Pereira, Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Os mentores
Felipe França, Nicolas Oliveira e do projeto são a ex-jogadora de basquete Hortência
Graciele Hermann, numa delegação Marcari e o nadador paralímpico Clodoaldo Silva. Entre
formada por 22 atletas não foram os atletas escolhidos estão o judoca Felipe Kitadai e
tão bem quanto se esperava. o pugilista Yamaguchi Falcão, ambos medalhistas de
A boa notícia é que a equipe bronze nos Jogos de Londres.
mesclou juventude e experiência já
visando os Jogos de 2016. > Laureado. No fim do mês, o velocista sul-africano
Oscar Pistorius recebeu o título de Doutor Honoris
Causa da Universidade de Strathclyde, em Glasgow, na
Escócia, por ser o primeiro biamputado a disputar tanto
os Jogos Olímpicos quanto os Paralímpicos em Londres.
15. Os números do NBB
5ª edição da competição já começou com recorde de times
18
É o número de
120
Horas de
times que vão transmissão
participar do NBB na TV (fechada)
5. Número recorde teve a temporada
na história da regular do NBB4
competição
10
São os times do
1
É o número de
Estado de São jogos que o
63 62
Paulo. Mais da armador Arthur,
metade do Brasília,
Recorde de pontos de um pontos é a maior diferença não participou
jogador na história do NBB. de placar de um time para o somando as quatro
Marcelinho, na vitória do outro. Aconteceu na vitória edições do NBB.
Flamengo por 101 a 89 sobre de 103 a 41 do Flamengo Ao todo, ele é o
o São José, dia 07/03/2010 sobre o Vila Velha, dia recordista de jogos
17/12/2011, no Rio de Janeiro na competição,
com 158
25.270
cestas convertidas no NBB 4 – 3.743
4
Foram os números de triplos-duplos (dois dígitos
arremessos convertidos de três; 10.555 em três categorias diferentes durante um jogo) que
convertidos de dois; 10.972 lances já aconteceram na história do NBB. Três deles foram
livres convertidos de Larry Taylor, norte-americano naturalizado
brasileiro que joga no Bauru
2
3.610 3
É o número de
São os times
de “camisa” no
futebol: Flamengo e
159
É o número de pontos É o número de jogos
que Marcelinho títulos do Brasília Palmeiras que o Brasília fez
marcou na história na história do NBB.
do NBB. Ele é Ninguém entrou em
o maior cestinha quadra mais do que o
de todos os tempos time da capital
da competição
16. Querer é
poder Versão inédita de triatlo, no Rio, reúne atletas de vários
níveis e confirma: há uma nova era para o esporte
por francisco junior
A largada do
TristarRio, na Praia
do Flamengo: mais
de 600 atletas
participantes
17. C
ariocas não gostam de dias nublados, diz a canção –
principalmente nos fins de semana. A turma que passa pela base
do TristarRio, no Aterro do Flamengo, porém, está feliz como
pinto no lixo. A foto com sorriso fácil e o número da inscrição nas
mãos, tirada um dia antes da largada, é prova disso. A explicação
para tamanha felicidade é a expectativa de participar da primeira edição do
triatlo inclusivo, feito também para dissolver a ideia de que a prova que inclui
natação, ciclismo e corrida fora criada apenas para homens de ferro.
O Tristar nasceu em Mônaco, em 2009, e já promoveu 15 edições da
prova desde então, em lugares como Cannes (França) e Mallorca (Espanha).
Todas com o formato fundamental: belas locações, em pontos estratégicos,
para atrair o público, celebridades do esporte e relacionadas a ele, feira de
produtos e ações sustentáveis e sociais (veja quadro). Há dois percursos:
um para atletas de alto nível e outro para gente muito bem condicionada,
mas que está longe de ter a performance de um pró.
18. Área de transição
para as bikes e
detalhe da triatleta
Carla Moreno:
circuito menor
dá a chance para
testar variações
de performance
O formato da
prova, com
dois percursos,
permite O mais intenso tem 111 km – 1 km de natação, 100 km de ciclismo
que atletas e 10 km de corrida. O outro, 55.5 km – 500 metros de natação, 50 km
de ciclismo e 5 km de corrida.
de outras O domingo não tem sol e a temperatura é amena às margens da Baía de
Guanabara, onde 600 participantes aguardam a largada. O ótimo número
modalidades de atletas inscritos confirma a ideia de que flexibilizar a prova é um passo
busquem mais fundamental para democratizá-la. Na areia, entre os competidores, vê-se
gente de todas a idades e, aparentemente, condições diversas de preparo
qualidade físico. Lucas Di Grassi, piloto de testes de F1 e um dos sócios da One Sports
para o seu Business, agência de marketing esportivo que ajudou a trazer o evento para o
país, está entre eles. “Participei do evento em Mônaco e, durante a prova, fiquei
treinamento pensando que o Rio é o cenário ideal para ela. Não tinha como dar errado”, diz.
Não deu. Além de inclusivo, o formato da prova permite que atletas
profissionais de outras modalidades busquem mais qualidade para o seu
treinamento; e que os triatletas de ponta façam variações de performance,
seja no circuito maior, seja no menor, quando intensificam o ritmo, para
O percurso mais cumprir a prova no menor tempo possível. Carla Moreno, que participou
intenso tem 111 km de duas edições de Jogos Olímpicos (2000 e 2004), planejou fazer isso.
( 1 km de natação,
100 km de ciclismo “Para mim é uma novidade participar de uma competição que tem distâncias
e 10 km de corrida). diferentes das quais estou acostumada. É uma grande oportunidade,
O outro, 55.5 km inclusive para treinar ciclismo, que é a parte mais longa.”
(500 metros de
Outros feras estão na prova. Vanessa Gianinni, Santiago Ascenço e
natação, 50 km
de ciclismo e 5 km Diogo Sclebin (este, representante do Brasil em Londres), Marcus Ornellas,
de corrida) embaixador do TriStar Rio e até o empresário-atleta Pedro Paulo Diniz.
Ao longo da prova, os pelotões se definem naturalmente. A disputa é
intensa entre os participantes – a diferença entre eles é pequena, até o
final, o que dá um tempero de emoção a mais ao evento. A performance de
ponta, como esperado, também chama atenção. Ao visar um treinamento
especial no percurso mais curto, profissionais como Diogo Sclebin tem uma
participação arrasadora, voam no circuito – “puxam” os outros atletas.
19.
20. De uma forma geral,
o TristarRio teve
o percurso plano,
num dia nublado,
com temperatura
agradável: condição
perfeita para voar
nas pistas
O modelo do Tristar gera pegas incríveis entre os
competidores. As chegadas costumam ser emocionantes
E tome emoção. O final é eletrizante: Santiago Ascenço
vence o TriStar 111 com 03:12:58, Adriano Sacchetto faz Corrida engajada
03:14:39 e Luiz Francisco Ferreira, na cola dele, 03:15:43.
Proteção ambiental e responsabilidade social
Diogo Sclebin completa o TriStar 55.5 em incríveis
também fazem parte da prova
01:47:13, seguido do pega entre Wesley Matos, 01:50:12,
e Pedro Arieta, 01:51:08.
Antes da largada do TriStar Rio o Projeto
Entre as mulheres, a tricampeã brasileira de triatlo
Vanessa Gianini tem um excelente desempenho e Ecoboat retirou 500 kg de resíduos sólidos da
garante o primeiro lugar, após manter a liderança durante Baía de Guanabara. Toda a produção do evento
todo o percurso mais longo, 03:34:52. Suzana Festner também foi neutralizada, a partir da compesação
faz 03:37:30 e Bruna Mahn, 03:44:44. Carla Moreno de Co2. Mais: uma parceria com a ONG Rio Eu
sobra no circuito menor e completa com 02:20:25. Amo Eu Cuido deu o exemplo na proposta de
No podium montado no emblemático Monumento valorizar pequenos gestos em prol da cidade.
Aos Pracinhas, onde estão os soldados brasileiros que Fez com que os competidores fossem
morreram em combate na Segunda Grande Guerra, a orientados a jogar os copos d’água consumidos
empolgação dos atletas de todos os níveis dá pistas em locais determinados.
claras de por que o triatlo conquista cada vez mais
adeptos, principalmente dentro das academias. Em
2013, garante a organização, tem mais. E aí, vai encarar?
21. ciência por Lázaro Alessandro Soares Nunes
Gato e rato
Perseguição ao doping: substâncias proibidas se desenvolvem
mais rapidamente do que os testes para detectá-las
R
ecentemente, um grande esquema de doping foi No caso Armstrong, embora ele tenha alegado que
revelado e um dos maiores nomes do ciclismo mundial, nunca “testou positivo”, foi possível identificar a conduta
Lance Armstrong, foi banido do esporte perdendo ilegal do atleta.
seus sete títulos do Tour de France. O problema é que o “passaporte” permite pesquisar apenas
Uma maneira de se descobrir se um atleta está dopado o uso de esteróides na urina e o doping sanguíneo. Além disso,
é através da pesquisa direta da substância proibida em problemas relacionados à análise das amostras coletadas,
algum fluído biológico (sangue ou urina). Mas a velocidade tais como conservação de sangue e urina, podem provocar
com que novas substâncias utilizadas para o aumento do alterações que levem a resultados falsos.
desempenho são desenvolvidas não é a mesma dos testes O doping sanguíneo, que consiste na utilização de
laboratoriais disponíveis para identificar estas substâncias. substâncias que aumentam a produção de glóbulos vermelhos
É como uma briga de gato e rato. e consequentemente a capacidade de transportar mais
Para tentar solucionar este problema a UCI e a Agência oxigênio para os tecidos, é um requisito para o sucesso em
Mundial Anti- Doping (WADA, sigla em inglês) passaram modalidades de longa duração com predominância aeróbia,
a realizar vários testes nos atletas fora dos períodos de como por exemplo, a maratona e o ciclismo.
competição. É o chamado Passaporte Biológico do atleta A nova conduta da WADA e das federações esportivas
(ABP). Nesta modalidade, o atleta é submetido a testes internacionais busca evidenciar alterações bioquímicas
comuns, como o hemograma, não só após as competições, relacionadas à utilização constante do doping. Este é um
mas durante os períodos de treino. caminho que necessita de mais ferramentas que busquem
Tais análises são comparadas aos valores do próprio atleta não apenas detectar a substância dopante, mas também o
e alertam quando existe uma variação muito grande, fora dos desempenho do atleta ao longo de treinos e competições.
valores normais propostos para este atleta. Este tipo de análise
pode ser realizado de forma retrospectiva e o atleta Lázaro Alessandro Soares Nunes
é convocado a dar explicações sobre sua conduta. Bioquímico - Doutor em Biologia Funcional e Molecular
22.
23. o jogo DA MINHA VIDA
Brasil 99 X 97 Austrália
A segundos do fim do jogo, Hortencia faz cesta épica e abre caminho
para a primeira participação do basquete feminino nos Jogos Olímpicos
por Robert Halfoun
P
ré-olímpico de Vigo, Espanha, 1992.
Depois do fracasso nos dois pré-
olímpicos anteriores, a brilhante
seleção brasileira de basquete feminino,
espetacular
comandada pelo talento de Hortencia
O lance é fruto de
e Paula, precisa ganhar o jogo contra a poderosa puro instinto, treino,
Austrália, de Michele Timms, Sandy Brondello e talento. “Se pensar,
Robyn Maher, para continuar viva na competição e você não arremessa.
tentar a vaga inédita no confronto seguinte. E o que Não dá tempo”
se vê é um jogo histórico. Pau a pau, cesta a cesta.
81 x 81, no tempo regulamentar. A prorrogação segue dia, depois de todo santo treino, para lançar 100, 200 bolas à cesta.
na mesma toada, até que, a três segundos do final, a Perfeccionismo? Também. O que a então menina nascida em
Austrália abre 3 pontos de vantagem. Parece o fim. 23 de setembro de 1959 mais buscava, acima de tudo, era diminuir
O Brasil, no entanto, tem a posse de bola. Paula parte a chance de sentir o amargo gosto da derrota. “Sempre odiei perder.
para o ataque, cai pela direita, gira... faz o passe, Desde muito, muito pequena”, conta. “Sabia que tinha uma performance
perde a bola. Recupera na raça, encontra um paredão diferenciada e precisava fazer jus a isso. As minha bolas tinham de cair
australiano, fechando toda a entrada no garrafão, – sempre”, diz, referindo-se aos inúmeros arremessos que fez durante
pouco atrás da linha do arremesso de três metros. toda a sua carreira. Por outro lado, curiosamente, a vitória e os pontos
Hortência percebe, cai pela esquerda, dá opção para não eram motivo de euforia, mas de dever cumprido. E vinham
a companheira. “Ela não tinha qualquer chance de acompanhadas de uma certeza e de uma pergunta: que venha
chutar e me desloquei para a lateral para receber a a próxima bola; qual é o próximo jogo?
bola”, conta a ahe!Esportes, anos depois. Faltam três Hoje, aos 53 anos, a diretora da seleção brasileira de basquete
segundos, é a última chance. A camisa número feminino continua a mesma e com mais um traço forte que marca a sua
4 do Brasil então recebe a redonda, avança um pouco personalidade: Hortencia é uma pessoa bastante generosa. Na quadra,
mais para o flanco esquerdo e arremessa com a sempre usou a sua presença marcante e espírito natural de liderança para
precisão de sempre. levar o time para frente, em equipe. “As peças têm de ser encaixar, uma
jogadora leva a outra. Nunca cogitei a possibilidade de jogar sozinha.”
O lance é espetacular: rápido, consistente, fruto de O basquete, ela diz, é um esporte complexo demais. “Envolve estratégia
puro instinto, treino, talento. “Se pensar, você não e sensibilidade de perceber até onde vai o limite do outro. E quando é
arremessa, não converte. Não dá tempo”, conta. possível superá-lo.” É com esse conceito que deixa claro, sem papas
Hortencia Marcari fez 3.160 pontos em 127 jogos pela na língua, que os Jogos do Rio, em 2016, não serão bolinho para o time
seleção brasileira de basquete feminino. Esses três, no brasileiro. “Temos uma equipe muito jovem e ainda não identificamos um
entanto, definem a brilhante carreira da maior jogadora grande destaque. Estamos trabalhando duro para formar uma jogadora
de basquete que o Brasil já viu jogar. que ocupe essa posição”, garante.
A célebre filha da pequena Potirendaba, no interior Em tempo, depois da cesta salvadora, a talentosa equipe australiana
paulista, não seria quem é se não fosse absolutamente ainda teria a posse de bola, perderia a mesma e só não tomou a virada
determinada, persistente e com uma personalidade por que não foi marcada a falta na pivô Marta, centésimos de segundos
forte a ponto de envolver o interlocutor com um olhar. antes do cronometro ser zerado.
Se você, um dia, encontrar com essa lenda do esporte A segunda prorrogação terminou com a vitória do Brasil, dois pontos
mundial, perceberá que ela olha fundo no seu olho, é à frente. O jogo todo, um dos grandes clássicos da história do basquete,
objetiva, emana uma força pouco vista. Características está disponível, em cinco partes, no Youtube.
que a mantinham, sozinha, na quadra, todo santo Para ver acesse: www.youtube.com/watch?v=6q_1U4b3xWo
25. “No tênis e na vida,
sempre há altos e baixos.
Aprenda com eles”
Roger
FEDERER
26.
27. O ídolo
Não é apenas o talento que dá vida a
lenda Usain Bolt. O homem mais
rápido do mundo tem o dom de
conquistar pessoas por Thiago Mendes
28. A
cada helicóptero que sobrevoava a Vila
Olímpica Mato Alto, na Zona Oeste do
Rio de Janeiro, os olhos de centenas de
crianças se voltavam para o céu. Tanta Uma história que teve início em 21 de agosto de 1986, em Trelawny,
ansiedade não era em vão: a qualquer uma pequena cidade rural da Jamaica, onde o menino esguio nasceu.
hora, ninguém menos que Usain Bolt iria aparecer. Nas brincadeiras de criança, o atletismo não tinha vez. Bolt dedicava
Sim, o homem mais rápido do mundo, ícone do esporte o tempo livre para arriscar sua habilidade no futebol e cricket,
olímpico, esteve pela primeira vez no Rio de Janeiro modalidade popular em seu país.
cumprindo agenda de um de seus patrocinadores. O “problema” é que o garoto corria um bocado, e isso chamava a
Em solo carioca, onde promete dar um novo show atenção. Até que seu treinador de cricket na época sugeriu que ele
nos Jogos de 2016, o jamaicano esbanjou carisma e calçasse sapatilhas e tentasse a sorte nas pistas. Ainda na infância, Bolt
simplicidade, características que o aproximam do iniciava a escrever sua história. Antes mesmo de completar 13 anos, já era
homem comum – embora, com seis medalhas de ouro o mais rápido do All-Age School nos 100 metros. Mesmo assim, insistia
em Olimpíadas e três recordes mundiais (100m, 200m em jogar cricket. Mas acabou convencido do contrário à medida que
e revezamento 4x100m) nas costas, é impossível seu corpo evoluía de forma ideal para a prática do atletismo. “Bolt tem
reconhecê-lo como tal. “Para mim, Usain Bolt um biotipo perfeito para as provas de velocidade. Ele consegue aliar sua
é maior que Pelé”, diz Lauter Nogueira, comentarista incrível velocidade à sua altura (1,96m). Isso faz com que sua frequência
de atletismo no Sportv e treinador. de passadas seja superior a de qualquer um de seus adversários, além
de ser extremamente coordenado”, explica Robson Caetano, único sul-
americano até hoje a correr os 100m abaixo dos 10s.
Em 2004, quando tinha apenas 18 anos, Bolt fez história ao se tornar
Em cinco etapas, o primeiro atleta júnior a completar os 200m com tempo abaixo de 20s –
da largada à 19s93, recorde na categoria até hoje. Naquele mesmo ano, disputou
seus primeiros Jogos Olímpicos, em Atenas. Mas se machucou
chegada, como e não passou das eliminatórias.
Usain Bolt
constrói sua
vitória nos 100m
1
Reação à
2
Aceleração inicial
Aqui, as
3
Manutenção de
velocidade
4Perda de
velocidade
5
Chegada
Depois de abrir grande
largada
Apesar de ser muito passadas são mais A disparada. Aqui, ele se diferencia vantagem por não
alto, Bolt tem uma curtas e os mais Ele tem um ritmo de ainda mais dos demais. Ao perder velocidade,
boa largada. Ele perde baixos têm mais passadas espetacular contrário dos “normais”, Bolt se diverte. Com a
pouquíssimo tempo por tração. Bolt, porém, que lhe garante uma Bolt não perde velocidade vitória garantida, o
conta de sua domina o seu centro de vantagem sobre os e consegue manter jamaicano se dá ao luxo
estatura. gravidade e inverte essa outros na metade o ritmo. de olhar para o lado,
desvantagem. da prova. brincar, sorrir...
29. A vida na Jamaica
Durante o treino, a
simplicidade da sua área
de treinamento e Bolt
entre os seus, na pequena
Trelawny, na Jamaica
30. Um tropeço que não o esmoreceu. Muito mais 85 mil pessoas presentes ao estádio cantaram parabéns para ele. Bolt
alto do que a média dos velocistas, Bolt sabia que brincou, se divertiu, fez a festa... Depois, pediu silêncio e venceu a prova
isso o atrapalhava na hora da largada. Seu tempo de com recorde mundial. “Fez isso com a maior naturalidade do mundo,
reação ao tiro o fazia perder preciosos segundos, como se nada tivesse acontecido”, testemunha Lauter.
principalmente nos 100m. Para compensar, tratou O que se vê no telão, se vê também nos bastidores. Um homem simples,
de aprimorar seus movimentos e passou a se de origem humilde, que não faz a menor questão de ser tratado em meio ao
aproximar cada vez mais da perfeição. “Após a saída, luxo. Em sua vinda ao Brasil, Bolt fez questão de viajar de classe econômica,
na etapa de aceleração inicial, as passadas são contrariando seu patrocinador, que havia comprado passagem para a
mais curtas e os mais baixos têm mais tração. Mas, classe executiva. Na volta, o próprio jamaicano levou seu bilhete ao balcão
apesar de ser alto, o Bolt consegue dominar sua para que fosse substituído por um mais simples. “Estive uma vez com ele.
altura e seu centro de gravidade e, assim, reverter Apesar de toda história que o envolve, é um cara sensacional”, diz Robson
essa desvantagem”, explica Lauter. Caetano. O carisma dele no tratamento pessoal, diz o ex-atleta brasileiro,
Após os 40 metros iniciais é que o show de Usain é o mesmo que qualquer um vê na TV, quando ele aparece brincando
Bolt começa. Com passadas largas, o jamaicano antes de disputar uma prova. “Quando nos encontramos, ele logo me
deixa os adversários para trás, como se não cumprimentou, sorriu. É humilde e isso tem enorme valor. Não
houvesse adversários. Com coordenação perfeita, tem segredo, não tem mágica envolvendo Usain Bolt, ele é isso que se vê.”
o “showman” cruza a linha de chegada sozinho – e E foi justamente assim que se comportou o “raio” em sua visita à
sorrindo. “Ele possui uma técnica apuradíssima, é Cidade Maravilhosa. Atenciosamente, Bolt acenou e posou para fotos
extremamente coordenado, não falha. Por isso leva
tanta vantagem. Ele alia altura e velocidade de uma
maneira “extraterrestre”, exagera Robson Caetano.
Não foi, porém, apenas seu talento que o elevou ao
patamar de ídolo mundial. Bolt tem o dom natural de
conquistar pessoas. Antes da largada, o jamaicano
“ele tem uma
“brinca” de maestro. Seus comandados? Nada menos técnica
que um estádio inteiro. O fato é que Usain Bolt é
garantia de espetáculo a cada aparição, seja ela apuradíssima, é
em provas, pódios ou entrevistas. extremamente
Ninguém domina uma situação de tensão tão bem
quanto ele, que consegue transformar um ambiente coordenado, não
extremamente nervoso em um verdadeiro show. Isso
não é desconcentração, é algo natural. No Mundial
falha. Por isso leva
de Berlim, em 2009, no dia seu aniversário, quando tanta vantagem”
disputou mais uma final, antes da largada, mais de
ROBSON CAETANO
31. O Mito fora
das pistas
Documentário dirigido por francês captou Usain Bolt em momentos de descontração antes das Olimpíadas
O outro lado de Usain Bolt foi o que
diretor francês Gael Leiblang apresentou
ao público no documentário The Fastest
Man Alive , exibido pela BBC britânica
duas semanas antes dos Jogos de
Londres. Durante sete meses, Leiblang ao lado das centenas de crianças que o cercavam e aguardavam por
flagrou Bolt jogando bola, passeando um simples gesto do ídolo. Em suas refeições, nada de lagosta e afins.
por Roma e lamentando a saída falsa O cardápio? Nuggets! Pelo visto, o calor brasileiro encantou o jamaicano,
no Mundial de Daegu, em 2011, que lhe que revelou desejo de voltar ao Rio de Janeiro antes mesmo da
custou o título dos 100m. disputa das Olimpíadas de 2016.
O documentário reforça a ideia de que A participação nos Jogos por aqui, aliás, é motivo de grande
expectativa por parte de Bolt e do público, claro. Mas há quem duvide
Bolt é um sujeito simples, família, e
que o jamaicano irá conseguir defender pela segunda vez o título nos
dedicado. Após relutar, o técnico Glen
100m, nos 200m e no revezamento 4x100m. Para Katsuhiro Nakaya,
Mills liberou Leiblang para gravar cenas
técnico da equipe brasileira de revezamento, o jamaicano precisaria se
do treino do velocista. Em uma delas, poupar para se manter em alto nível nos próximos quatro anos, já que
Mills chama a atenção do pupilo para a idade certamente pesará sobre seu desempenho no Rio. “A carga de
a largada – justamente o problema treinamento de um atleta como ele é muito alta. Então, quando chega
que teve em Daegu. à idade que tem, é preciso se poupar, ainda mais com esse desejo que
A cena que resume a autoconfiança ele possui de disputar os Jogos de 2016. Para ele voltar a quebrar
de Bolt é uma onde ele explica o que um recorde, por exemplo, precisaria forçar muito nos treinamentos,
faz e o que pensa em cada fase dos e isso pode prejudicá-lo mais para frente”, pondera Katsuhiro.
100m. “Nos últimos dez metros, você Bolt já acenou com a possibilidade de disputar, em 2016, os 400m e o
não vai me alcançar, não importa quem salto em distância. Seria uma maneira de se motivar para novos desafios
você seja, não importa o quanto esteja e, ao mesmo tempo, evitar o desgaste de provas mais explosivas como
os 100m e os 200m, onde seu compatriota Yohan Blake desponta.
concentrado. Nos últimos dez metros,
Segundo Lauter Nogueira, no entanto, Bolt não tem medo de perder,
preciso de três passadas e meia para
e por isso qualquer especulação não teria fundamento: “Ele jamais
cruzar a linha de chegada”.
optaria por não disputar alguma prova apenas por ter sua vitória
ameaçada. Correr é a grande diversão dele. Por que ele iria se privar
disso? Ele vem e vem para fazer a festa...”.
32. VOCÊ VAI OUVIR FALAR DE...
Matheus
Santana
Comparado a Cesar Cielo,
nadador de 16 anos fará
estágio com ex-técnico
de Popov Por Thiago Mendes
M
ais rápido do que
Cesar Cielo aos
16 anos, Matheus
Santana se prepara
para, em janeiro, dar
um “upgrade” na curta carreira, que
promete ter como primeiro ponto alto
os Jogos do Rio em 2016. Visto por
especialistas como a maior revelação
das piscinas brasileiras, o nadador
do Botafogo vai passar três semanas
no CT de Tenero, na Suíça, treinando
sob o comando do russo Guennadi
Tourestky, ex-técnico de Alexander
Popov. “Esse reconhecimento só
me estimula a treinar cada vez
mais, buscar sempre os melhores
resultados. A experiência será muito
proveitosa”, aposta Matheus.
Há dois meses, o jovem abaixou em
11 centésimos o recorde juvenil dos
50m livre do Troféu Chico Piscina,
que desde 2003 pertencia a Cielo. E a
comparação com o campeão olímpico,
claro, aumentou. “A brincadeira é sadia,
mas não me baseio nisso. Quero fazer
meu trabalho, com os pés no chão”, diz.
Ou melhor, na água. Matheus Santana
sabe que é um velocista promissor, tem
um ciclo de braçadas forte e eficiente,
assim como virada e a parte submersa.
O tempo de reação ao tiro inicial, porém,
é um fundamentos que precisa ser
aprimorado. Para isso, ele nada e faz
musculação todos as tardes, depois do
colégio. “É um dia a dia pesado, mas faz
parte. Nado desde os 5 anos por que
tinha problemas respiratórios. Hoje, amo
a piscina e estou de olho em 2016.” Foco,
como se vê, também não lhe falta.
33. futuro por Gustavo Maia
A hora
é essa
É possível que as modalidades olímpicas tenham
grande sucesso no ‘país do futebol’
O
esporte olímpico do Brasil convive há muito tempo É preciso criar condições concretas para que as organizações
com diversos problemas estruturais e organizacionais esportivas diminuam a lacuna de desempenho que as separa
que dificultam ou mesmo impedem o crescimento de das melhores nações do mundo. Espera-se que os gestores
distintas modalidades. A escolha da cidade do Rio de Janeiro esportivos empreendam profundas mudanças na cultura das
como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 representa uma organizações. Com isso, vão se abrir grandes oportunidades
enorme janela de oportunidades que poderá proporcionar para que se possa romper a tradição de baixo desempenho
condições muito favoráveis para alavancar o crescimento técnico e gerencial comum ao esporte brasileiro.
do esporte olímpico do país. É possível uma modalidade olímpica obter sucesso no “país
A conquista de resultados esportivos cada vez mais do futebol”?
elevados deve ser considerada meta prioritária de toda A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV)
Entidade Nacional Dirigente do Esporte Olímpico (ENDEO). consistentemente tem demonstrando que isso é plenamente
Porém, infelizmente, o modesto histórico de resultados possível. As boas práticas de gestão da entidade são
alcançados pelo Brasil nos Jogos Olímpicos, revela, de maneira responsáveis pelo círculo virtuoso em torno de si.
contundente, que estamos distantes do desempenho obtido Consequentemente, ela é capaz de atrair recursos que
pelos melhores do mundo na grande maioria das modalidades. garantem a continuidade e a melhoria de suas operações.
É evidente que não se pode imputar aos gestores das A marca de excelência conquistada pela CBV dá a ela uma
ENDEO toda responsabilidade pelo fraco desempenho vantagem competitiva sob todas as demais ENDEO!
alcançado até o presente momento. Isso porque o resultado Não se pode desperdiçar período tão oportuno como o vivido
esportivo de classe mundial deriva, e não se pode fugir disso, pelo esporte do Brasil.
de um contexto social amplo e complexo, onde diversas
variáveis são determinantes. Não cabe aos gestores toda
responsabilidade, porém, não faz sentido afirmar que não gustavo maia é Mestre em Educação Física
lhes compete nenhuma responsabilidade, certo? e sócio da Global Sports Network (GSN)
34.
35. ahe! & voCÊ
DE BIKE NO
PARAÍSO Nos moldes da La Tour de France, prova na Patagônia argentina é tão bela
quanto instigante, conta a ciclista e publicitária Adriana Morrone
É
primavera, são 8 da matina e faz está entre eles. Sempre gostou e fez esporte –
um frio miserável em Bariloche, na corrida, spinning, natação. No começo do ano
Patagônia argentina. A publicitária passado, ouviu falar da La Tour de France. Ficou
Adriana Morrone, 47 anos, está de pilhada. Pilhou o marido. Ambos compraram
bermuda e mangas curtas, parada bikes e partiram para o treinamento intensivo,
ao lado da sua bike, pouco antes da largada orientado por uma equipe de profissionais
da segunda edição da L’etape Argentina, (técnico, nutricionista, coisa séria). Sem
a versão sul americana do modelo para trocadilho, pedalou muito até chegar aqui.
amadores da La Tour de France, a maior prova Por isso está segura, sabe que seu batimento
de ciclismo do mundo. O conceito aqui é o cardíaco vai disparar (literalmente partir do
mesmo da competição original: expor atletas zero ao limite, em segundos), que os músculos
não profissionais às mesmas condições de vão arder e que, no fundo, é a cabeça que vai
prova impostas aos prós, porém em doses levá-la para cima. Afinal, já vivera situação
menores. A brasileira já havia participado da bem pior, durante a La Tour francesa, quando
versão francesa, no ano passado, e, como diz, percorreu 144 km de subida e, no trechos mais
“não poderia ficar de fora da argentina”. Além intensos, viu muita gente cair ou descer da
Acima, Adriana do frio (ela não podia usar agasalhos, uma vez magrela, diante de tamanha adversidade. Na
Morrone. Ao lado,
que iria ter de descartá-los ao longo da prova, época, ela também pensou em parar. Até que
trecho da L’etape
Argentina: belo quando a temperatura do corpo, naturalmente, foi ultrapassada por um francês que pedalava
cenário, estradas sobe), ela tem mais um desafio a superar, logo com… uma perna só. “Era um local, pedalava
perfeitas. A prova de cara, no início dos 113 quilômetros da prova: sorrindo, apesar do grande esforço. Fui na cola
contou com a
participação de mais um subidão radical, desses de assustar os dele. Ver a força de vontade daquele homem
de 600 atletas ciclistas mais experimentados. Adriana, aliás, era o aditivo que eu precisava”, conta.
36. A prova foi dividida
em dois dias,
ambos partindo
de San Carlos de
Bariloche. Apesar
do bom tempo e
céu azul, o vento
contra constante
dava pouca chance
dos competidores
escaparem dos
pelotões
“Os lagos, os cerros, a vegetação. É tudo muito bonito.
Quem participa dessa prova vive momentos inesquecíveis.”
ahe! & Você – Se você é atleta amador em qualquer esporte, conte-nos a sua história.
37. O depoimento da publicitária resume o porquê dela,
agora, se dispor a enfrentar um frio miserável e um
paredão em forma de estrada, assim como acordar de
madrugada para treinar, quase diariamente: superação.
A determinação que leva a superar os próprios limites
e descobrir outros é o que move atletas amadores
ao imergirem numa atividade esportiva. Com
Adriana, como dito, não é diferente. Há recompensas,
obviamente. Há lazer, viagem – claro, tudo conta. E
prova na bela Bariloche, conta Adriana, reuniu todos
esses ingredientes numa tacada só.
A L’etape Argentina contou com uma organização
impecável, paisagens deslumbrantes, estradas
perfeitas. Ao todo, contou com a participação de mais de
600 atletas, a maior parte da própria Argentina – muitos
brasileiros entre eles. Rixa? “Não, isso é coisa do futebol.
A hospitalidade era enorme. O convívio foi ótimo”, diz,
referindo-se a relação dentro e fora da estrada.
De um maneira geral, Adriana seguiu em pelotões,
principalmente nos momentos em que, apesar do céu
azul que emoldurou os dois dias de competição, o vento
contra soprava forte. E, como o objetivo era pessoal e
não competitivo, ela se deu ao luxo de desacelerar, em
certos trechos, onde a paisagem era tão impactante
que seria um desperdício passar zunindo por ela. Não
à toa, esta parte da Patagônia argentina é considerada
uma das regiões mais bonitas do planeta – mais ainda
na primavera. “Os lagos, os cerros, a vegetação. É tudo
muito bonito. Quem participa dessa prova, acredite, vive
momentos absolutamente inesquecíveis.”
Em busca de outros, Adriana Morrone, diz, não para
mais de pedalar. Agora faz treinos mais técnicos durante
a semana e mais longos aos sábados e domingos. Vai
até trocar de bike. “Com esses quase três anos de
prática, já sei qual é o meu estilo de pedalar e usarei
um equipamento mais adequado a ele.”
L’Etape Argentina, 2012
> A prova foi dividida em dois dias,
ambos partindo de Bariloche. A chegada,
no segundo dia, foi em Villa Angostura,
na província de Néuquen.
> Dia 1,113 km; dia 2, 133.5 km.
> Os atletas foram divididos em sete
categorias, a partir de faixas etárias.
Não houve premiação em dinheiro.
> Para participar da edição 2013,
fique ligado em ahebrasil.com.br.
Para ver mais do L’etape 2012,
acesse www.laetapaargentina.com.
Ela pode ser publicada na revista Ahe!Sports e no portal Ahe!Brasil. Acesse www.ahebrasil.com.br e clique no link “ahe! e você”.
38. EQUIPAMENTOS
Boa compressão
Bermuda de
compreensão é
fundamental para
praticantes de triatlon
e ciclistas profissionais
ou amadores
Confeccionada com
poliamida e elastano, a
bermuda de compressão
oferece uma variedade
de benefícios como
a melhor execução
do movimento, o
aquecimento muscular,
a recuperação acelerada
após o esforço físico e o
aumento da oxigenação
muscular. Também auxilia Desafio virtual
na prevenção de lesões. Aplicativo Nike+Running compara performance
Uma bermuda para de atletas e provoca a superação de marcas
triatlon da marca Flets, Ele faz isso, basicamente, ao registrar os avanços no treino
Magrela eficiente por exemplo, pode ser do atleta (amador ou pro). Com uma sacada: permite que
SL 300, da Soul, para mountain encontrada por R$ 185; os usuários acompanhem, compartilhem e comparem
bike visa melhorar muito a www.flets.com.br suas marcas, por meio de estatísticas e rotas traçadas pelo
performance do ciclista GPS. Através do aplicativo, também é possível selecionar
Com aro 29, ela tem direito a uma trilha sonora para o treino e receber dicas para vencer
27 velocidades, o que garante desafios. O programa pode ser baixado de graça para o
mais conforto para os trechos celular e a comunidade virtual do Nike+Running já reúne
de maior inclinação, mostrando 6 milhões de corredores. www.nike.com
superioridade em relação aos
modelos de 21 e 24 marchas. A
suspensão com travas promete
deixar o equipamento mais
flexível para o dia a dia e o freio
a disco hidráulico oferece mais
potência e maciez para os
praticantes. R$ 3.300;
www.soulcycles.com.br
39. Pisada mais macia
O tênis Mizuno
Wave Prophecy tem
amortecedor que vai
do calcanhar até a
ponta dos pés
A novidade, diz o
fabricante, proporciona
maior absorção na
pisada. A sola é feita de
borracha e carbono no
calcanhar e, para evitar
que o corredor flexione
o tênis mais do que o
necessário, as travas
limitam o movimento
em 15 graus. A evolução
se reflete no preço:
R$ 1000; www.
mizunobr.com.br
Braçada sonora
O Speedo Aquabeat é um MP3 que está
virando moda entre os nadadores amadores
O equipamento pequenino, que pesa 35 gramas e pode
ser usado em até três metros de profundidade, serve
para estimular quem acha o exercício nas piscinas
monótono ou silencioso. Ele tem 2GB de memória,
espaço suficiente para uma seleção de mil músicas,
que podem ser tocadas por até 18 horas.
R$ 400; www.speedo.com.br
40. OS ATLETAS
DO COB
A
O Comitê Olímpico o todo são 21 feras das pistas, quadras e piscinas, como a ex- jogadora de vôlei
Adriana Behar, que atua no departamento de alto rendimento, o ex-judoca
Brasileiro põe Sebástian Pereira, integrante da área de Gestão de Preparação Esportiva, e a ex-
campeões no ginasta Soraya Carvalho, gerente do Instituto Olímpico Brasileiro. Gente que trocou
a disciplina esportiva pela corporativa. Por um ótimo motivo: “O Brasil precisa de
escritório em busca pessoas com experiência para trabalhar com esporte e ninguém melhor que o ex-atleta para
de mais medalhas cumprir essa missão”, defende o superintendente executivo do Comitê e ex-jogador de vôlei
para o Brasil Marcus Vinícius Freire. “Quem conhece as necessidades de quem está atuando, usa isso nas
tomadas de decisão”, diz. E essa é a chave para o desenvolvimento do esporte nacional.
por João Guilherme Lidington
Ser apenas ex-atleta, porém, não basta. O COB se preocupa com a qualificação desses
profissionais e oferece cursos de especialização e programas em parceria com o Instituto
Olímpico Brasileiro. Dessa forma, acerta dois alvos com um tiro só: desenvolve o esporte e dá
oportunidade para o ex-atleta se descobrir gestor e decidir quais caminhos irá trilhar após
encerrar a primeira fase de sua carreira. A ideia, gradativamente, torna-se um círculo virtuoso,
e o resultado, inevitavelmente, são mais medalhas no peito dos nosso atletas. O objetivo inicial
é posicionar o Brasil até a 10ª posição no quadro dos Jogos Olímpicos de 2016.
Em tempo, o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, era jogador de vôlei.
41.
42. Soraya Carvalho Sebástian Pereira Paulinho Villas Boas
ex-ginasta ex-judoca ex-jogador de basquete
O que faz: Gerente do O que faz: Trabalha na área O que faz: Atua como
Instituto Olímpico Brasileiro de Gestão de Preparação Gerente Técnico
Esportiva
Aos 18 anos a carreira na Medalha de ouro nos
ginástica chegou ao fim. Do tatame para a organização Jogos Pan-Americanos de
Formada em Educação Física, dos Jogos Pan-Americanos Indianápolis, em 1987, Paulinho
Soraya virou treinadora, mas em do Rio, em 2007. Foi essa a Villas Boas ainda contribui “os atletas
2007 ingressou no COB. Quis trajetória de Sebástian, de diretamente para o esporte conhecem as
o destino que ela trabalhasse 36 anos. Antes mesmo de que o consagrou, o basquete.
atualmente com a capacitação pendurar o kimono, o caminho Chegou ao COB em 2002, mas necessidades
de ex-atletas para o mercado rumo à vida executiva já estava depois foi “emprestado” pela de quem está
de trabalho. “Eu cuido da parte planejado. “Minha adaptação à Confederação Brasileira de
de gestão de planejamento foi fácil. Já vinha me Basquete (CBB), onde atua atuando e
estratégico e de projetos especializando na área da como Diretor de Relações usa isso nas
que ajudam os esportistas a administração”, lembra. Institucionais. “Mantenho
identificarem suas vocações Em busca da capacitação, contato com as entidades
tomadas de
e adquirirem qualidades para adicionou dois MBA’s ao internacionais da decisão”,
exercê-las”, explica. currículo e participou de um modalidade.” Aos 49 anos, fez
Soraya, de 33 anos, foi um intercâmbio de três meses no cursos de gestão esportiva Marcus Vinícius Freire,
exemplo dessa difícil transição Comitê Olímpico Australiano. reconhecidos pelo Comitê ex-jogador de vôlei
de carreira pela qual o atleta Experiências que ele leva Olímpico Internacional. No e superintendente
passa. Por isso sabe quais para o dia a dia de sua função. entanto, é dos tempos de atleta executivo do Comitê
características são necessárias “Planejamos e executamos que vem o “know-how” mais
neste processo. “´É importante projetos individualizados valioso. “Os 30 anos em que
trazer a força de vontade, a de preparação esportiva joguei me deram experiência
gana e a responsabilidade que de atletas e modalidades, para negociar contratos com
um atleta possui. Atrelar isso que vão desde a compra de clubes, fazer o relacionamento
com estudos é a garantia de equipamentos à ciência do com a imprensa e uma bagagem
sucesso”, indica. esporte”, detalha. de tudo que envolve o esporte.”
43. Marina Canetti Daniela Polzin Monique Ferreira Camila Carvalho
jogadora de polo aquático judoca ex-nadadora remadora
O que faz: planeja a compra O que faz: Coordenadora de O que faz: Atua na Unidade O que faz: planeja a compra
de equipamentos para instalações esportivas de Desenvolvimento de equipamentos para
atletas de ponta Esportivo (Gestão de atletas de ponta
Arquiteta por formação, Daniela preparação esportiva)
Melhor jogadora de sua passou a planejar espaços para Aos 31 anos, ela ainda não se
modalidade em 2011, a centro outros atletas brilharem depois Formada em direito, se viu desvinculou totalmente do
da seleção ainda ajuda o país que uma lesão a impediu de “perdida” após largar as remo, mas já se prepara para
dentro das piscinas – mas não chegar aos Jogos Olímpicos de piscinas em dezembro do ano o adeus definitivo das raias.
só lá. Uma rotina cansativa, Londres. “Utilizo as experiências passado. Aos 32 anos, nunca “Hoje, o trabalho no Comitê é
com a qual já está acostumada. vividas como judoca para tinha exercido a profissão até minha prioridade. Venho me
“São 9h no COB mais o treino implementar os projetos, receber o convite do COB. preparando para estar aqui.”
de 3h no Flamengo. Não tem tentando adequá-los para o “Meu primeiro dia de Camila é formada em
jeito. O meu esporte não é padrão de um atleta de alto trabalho foi tenso, não sabia relações internacionais em
muito popular no Brasil, então rendimento. Foi assim no centro procedimento nenhum ciências políticas e é aluna
já sabemos que precisamos de treinamento do taekwondo daqui”, lembra. Como estava de pós-graduação em
trabalhar em algo paralelo para no Parque Aquático Maria Lenk acostumada a ralar durante administração. No COB, fez
nos sustentarmos”, conta. e no Velódromo”, explica. nove horas diárias enquanto o curso de fundamento de
Entre os treinamentos e os Com 33 anos, ela se vê pronta nadava, imaginou que auxiliar a administração esportiva, no
planejamentos de compra de para se dedicar apenas à função preparação dos atletas de alto Instituto Olímpico Brasileiro, e o
materiais para o COB, Marina no COB, mas os valores dos rendimento com chances de avançado de gestão esportiva.
mantém um desejo comum tatames continuarão presentes medalhas em Jogos Olímpicos Além de pesquisar, orçar e
às duas atividades. “Quero em seu trabalho na entidade. e Pan-Americanos seria comprar o material esportivo
ajudar o país a evoluir no polo. “Já tenho ideia de quando vou menos desgastante. Mas se necessário para atletas de
Se pudesse contribuía ainda parar. Só que sempre serei enganou. “Confesso que eu alto rendimento, atua na
mais no Comitê. Na piscina vou uma pessoa determinada e não imaginava que trabalhar programação das viagens das
me dedicar até as próximas persistente como fui no judô. cansasse tanto. É um cansaço delegações. “É cansativo, mas
Olimpíadas, onde quero ver A diferença é que agora os diferente, que não é físico, e estou bem feliz. E não preciso
o Brasil competindo com os desafios são os projetos e sim mental. Chego em casa acordar 4h da manhã para
grandes”, ressalta. metas”, destaca. exausta”, completa. treinar”, brinca.
44. 10 perguntas para
José Carlos
Brunoro
O mestre na gestão e marketing esportivo indica o
caminho para o sucesso – em todas as modalidades
por Daniel Costa
E
x-atleta, preparador-físico, técnico e atualmente dirigente. Aos 62 anos, José Carlos Brunoro é um profundo conhecedor
do esporte brasileiro. Acompanhou o vertiginoso crescimento do vôlei brasileiro e, em 1997, criou a Brunoro Sport Business
(BSB), empresa focada em gestão de negócios. Em 2009, assumiu a direção-técnica da Confederação Brasileira de Basquete
(CBB) e viu a seleção masculina voltar aos Jogos Olímpicos pela primeira vez em 16 anos. Nesta entrevista, a Ahe!Sports, Brunoro
falou sobre o atual cenário esportivo brasileiro, traçou as dificuldades que o basquete feminino vem enfrentando e comentou
sobre a importância de ex-atletas em se especializarem em cargos de gestão esportiva. “Eles precisam se preparar”.
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Na visão do marketing, em que estágio o Brasil jogadoras. Criamos três divisões de Campeonatos Brasileiros
está a três anos e meio dos Jogos de 2016? de base. Técnicos serão chamados para assistir às finais destes
O Brasil passa um momento interessante em termos de campeonatos e fazer uma convocação, seja por altura, seja por
investimento e estratégia, mas ainda não é o ideal. Quase aspecto técnico. A seleção sub-19 terceira colocada do Mundial
todos os esportes dependem do apoio de uma Estatal. Salvo poucas da categoria, no ano passado, e que tem a Damiris, será a base
como Correios, Caixa Econômica e Banco do Brasil, as outras não do time nos Jogos de 2016.
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fazem o dever de casa. Há muito oferta e espaço para crescimento.
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Quais as principais mudanças que foram
O que o sucesso do vôlei pode ensinar implementadas na CBB desde sua entrada lá?
aos outros esportes? Antes de a nova diretoria assumir a CBB, em 2009, o
O que o vôlei fez foi investir na qualidade técnica. basquete brasileiro vinha muito mal, com problemas
A partir daí, passou a ser visto, criou ídolos e tornou- de gestão, financeiros, de planejamento...As seleções de base
se um produto, garantindo o retorno de investimento. O que as e adulta treinavam pouco. Não havia intercâmbio. Hoje, esse
outras modalidades devem fazer é exatamente isso: investir panorama mudou. Também estamos em busca de novos
em desenvolvimento técnico. recursos financeiros. O Governo só nos oferece a Eletrobrás,
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mas temos ido ao mercado procurar outras fontes de receita.
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Há 20 anos, o basquete feminino brasileiro vivia seu
auge. Hoje caiu. Em que estágio estará em 2016? Há esporte sem marketing esportivo?
Há três anos, antes de a nova diretoria assumir a Difícil, mas há outros pontos que precisam ser
Confederação Brasileira de Basquete (CBB), o basquete observados. A BSB, por exemplo, não pretende só atuar
feminino vivia dos antigos ídolos. Quando a Janeth se aposentou, no marketing. Seria cômodo. Estamos estruturados
a deteriorização foi total. A para atender qualquer Confederação. A gente não pretende
antiga diretoria gostava mais ser gestor, mas queremos opinar.
do basquete masculino, e
isso trouxe problemas. Hoje,
estamos tendo de viabilizar
mais os clubes para que como o vôlei, outras modalidades
haja uma maior demanda de
46. 10 perguntas para JOSÉ CARLOS BRUNORO
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As Confederações e Federações, em geral, ainda
estão muito atrasadas no que diz respeito à
profissionalização de sua gestão?
De um modo geral, falta às Confederações entender
esse processo (de profissionalização) de forma mais clara.
Acham que se pagar um profissional isso automaticamente
leva à profissionalização. Se você não cria processos de
trabalho, de nada adianta. Falta essa visão.
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É mais fácil quando um ex-atleta assume a
gestão de um clube ou de uma Confederação, certo?
Sim, quando o atleta quer aprender a gerir. Falta aos
atletas se especializarem e dizerem: estou pronto.
E somar a este conhecimento a experiência que tiveram
quando ainda estavam na ativa. Às vezes o atleta até quer
assumir um clube, mas não se prepara. Acha que o nome dele
resolve, mas não é assim. Existe um lado político forte, e nem
sempre ele presta atenção nisso.
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O futebol não ocupa um espaço exagerado
na mídia se comparado aos outros esportes?
O futebol, realmente, é um inibidor. Mas a TV aberta
está preocupada com audiência, e isso acontece
em qualquer lugar do mundo. Em qualquer país, as outras
modalidades estão na TV fechada. Acontece que, no canal
fechado, seu público é outro. Esse é um processo que precisa
ser mais bem elaborado quando o esporte vai em busca
de patrocinadores.
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Não há espaço para o esporte olímpico
na TV aberta, certo?
TV aberta, esquece. Mas é preciso aproveitar melhor
o canal fechado. Temos três Sportvs, duas ESPNs,
Bandsports e Fox. Cada uma delas transmite 24 horas de
esporte por dia. Espaço na TV, tem. O que se pode é negociar
com a TV aberta uma aparição nos noticiários.
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De que maneira gostaria de se envolver
Às vezes o atleta até nos Jogos de 2016?
A BSB estará presente no basquete,
quer assumir um clube, através do trabalho que estamos fazendo
na CBB e que esperamos que renda bons frutos nos Jogos
mas não se prepara. Acha Olímpicos. Também estamos fazendo um trabalho diferente,
que o nome dele resolve, de colaboração, na ACD (Associação Caboverdiana de
Deficientes). Esperamos que algum atleta do projeto já
mas não é assim tenha sucesso nos Jogos Paralímpicos.
47. ARTIGO por Carlos Eduardo Novaes
Quem inventou
o esporte?
A resposta sai da boca do professor de educação física
e causa a perplexidade dos seus alunos
L
embro como se fosse anteontem: o professor Mattos,
mestre em Educação Física do Colégio Zaccaria na minha
adolescência, reunindo a turma no pátio e anunciando:
“Santos Dumont inventou o avião; Graham Bell inventou o
telefone. E quem inventou o Esporte? Girou o olhar pela garotada
à procura de uma resposta e não viu uma única boca se abrir.
Diante do silencio, um aluno mais esperto levantou o braço:
— Foi aquele barão que não me lembro o nome..., arriscou.
— Coubertin, acrescentou o mestre.
— Não! Ele apenas inspirou as Olimpíadas modernas.
Novamente fez-se silêncio e o professor Mattos, saboreando
a ignorância geral, mandou:
— Quem inventou o Esporte... Foram as guerras!
A afirmação deu um nó na cabeça da garotada. Esporte não
rima com guerra! Pedimos uma explicação e o mestre viajou à
Pré-História para nos dizer que os fundamentos iniciais do Esporte
estavam ligados às ações do homem de correr, saltar, nadar e
lançar objetos à distancia. É provável, acrescentou, que a primeira
competição entre nossos antepassados tenha surgido de um Ninguém lembrava. Éramos péssimos alunos de História Geral.
desafio: “Vamos ver quem chega primeiro naquela árvore?”. Pois bem, continuou ele, esta guerra resultou da rivalidade
Mas – afirmou ele de dedo em riste – o desenvolvimento do entre as duas maiores cidades-estado, Atenas e Esparta.
Esporte veio através das guerras. Foram os gregos – sempre Uma guerra desastrosa – entre torcidas? – que acabou por
eles – os primeiros a perceberem a necessidade de preparar enfraquecer o mundo grego, abrindo caminho para o domínio
seus homens através de exercícios físicos para as contínuas macedônio e dois séculos depois para o Império Romano.
batalhas que marcaram a Antiguidade. Os boletins iniciais dos O Esporte ainda teve uma sobrevida em Roma até os anos
Jogos Pan-Helênicos (depois chamados Olímpicos), porém, 300 d.C. quando o imperador Teodósio I adotou o cristianismo
perderam-se na poeira dos tempos. O registro mais antigo que e pôs fim às festividades ditas pagãs em solo romano, entre
ficou na História vem de 776 a.C. quando o cozinheiro Coroebus elas os Jogos Olímpicos. Tarde demais, contudo. Apesar de ter
de Elis venceu uma corrida de 192,27 metros tornando-se o atravessado uma fase de estagnação na Idade Média, a semente
primeiro campeão olímpico de que se tem noticia. Seu tempo do Esporte lançada pelos gregos não parou de dar frutos e
na prova, no entanto, nunca foi conhecido por absoluta falta alimentar as emoções do planeta.
de cronômetros na Grécia Antiga!!! Concluindo sua aula teórica o professor Mattos nos jogou no
Depois das corridas surgiu o pentatlo (corrida, luta livre, salto em colo uma informação que bem revela como o mundo dá voltas.
distância e lançamentos de disco e dardo), mais a frente o pancrácio — O Esporte tornou-se tão mais importante do que as
(similar à luta de boxe) e em 608 a.C. os cavalos entraram em cena batalhas que durante a realização dos Jogos na Grécia...
nas corridas de charretes, bigas e quadrigas. Os Jogos Olímpicos As guerras eram interrompidas!
eram realizados de quatro em quatro anos – como atualmente – Ao que o aluno mais esperto retrucou:
disputados apenas por cidadãos livres que competiam pelados, — Não seriam as guerras interrompidas porque os soldados
como vieram ao mundo. Mulheres, nem nas arquibancadas. estavam competindo?
O professor perguntou: lembram da Guerra do Peloponeso? Vai saber. Foi a vez de o mestre permanecer em silêncio.