1. CORREIO POPULAR B9
Economia
Coordenação:Hélio Paschoal helio@rac.com.br Editora: Márcia Marcon - mmarcon@rac.com.br
Campinas, domingo, 26 de fevereiro de 2012
TRABALHO ||| MÃO DE OBRA
Assim no campo como na cidade
Falta de pessoal também é problema nas lavouras e criações, e em nível ainda mais grave
Adriana Leite
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
aleite@rac.com.br
O campo foi a base da eco-
nomia da região de Campi-
nas durante muitos anos.
Importante entreposto agrí-
cola, a cidade é berço de
centros de pesquisa como
o Instituto Agronômico de
Campinas (IAC), que tem
124 anos.
Setor detém pouco
mais de 1% do total
de empregos na RMC
Mas com a industrializa-
ção da região e o crescimen-
to de outros setores econô-
micos, a agricultura viu
pouco a pouco o esvazia-
mento da força de traba-
lho. Hoje, encontrar quem
queira trabalhar nas lavou-
ras é tarefa complicada
aqui e em outras partes do
Brasil.
Na Região Metropolita-
na de Campinas (RMC),
apenas 1,3% dos empregos
estão em funções ligadas à
lida na roça. Em 2010,
11.496 pessoas atuavam
em atividades da agrope-
cuária. Os salários mais ele-
vados pagos em outras
áreas, o preconceito que
impera no meio social com
o homem do campo e o te-
mor de viver em regiões
sem infraestrutura são fato-
res que pesam contra o
campo.
Os proprietários rurais
são obrigados a “importar”
mão de obra de outras re-
giões do País. Nordestinos
são os trabalhadores que
mais vêm para a região em
busca de oportunidades
nas fazendas e sítios.
A mecanização é vista
como a modernização das
práticas agrícolas e tam-
bém uma forma de minimi-
zar a falta de mão de obra
no setor. O Brasil é um dos
líderes mundiais na área
agrícola. Porém, segundo
especialistas, precisa avan-
çar na qualificação dos tra-
balhadores.
Com as máquinas ga-
nhando espaço no campo,
equipamentos mais moder-
nos chegam às lavouras e
exigem profissionais capaci-
tados para operá-los. Mas
há um hiato entre a nova
realidade do meio rural e
as escolas de qualificação
voltadas para o setor.
De acordo com estudio-
sos da área, os cursos não
acompanharam o desenvolvi-
mento das práticas agrícolas
e do maquinário que é usa-
do nos plantios e colheitas.
O campo também sofre
com o avanço das cidades
em regiões como Campi-
nas, e vê o quadro de traba-
lhadores permanecer o
mesmo nos últimos cinco
anos. Estudo realizado pelo
Observatório do Trabalho
da Secretaria Municipal de
Emprego e Renda mostra
que de 2005 a 2010 o núme-
ro de pessoas trabalhando
em atividades agrícolas na
RMC ficou estável.
Os dados revelam que o
contingente empregado no
setor era de 11.486 pessoas
em regime formal há sete
anos e passou para 11.496
pessoas em 2010. O rendi-
mento mensal subiu de R$
883,81 para R$ 1.115,46 no
período - uma alta de ape-
nas 4,8%.
LEIA MAIS NAS PÁGINAS B10 E B12
“Antes, uma
pessoa colhia
duas linhas de
milho por dia.
Hoje, uma
máquina faz
20 linhas em
cinco minutos”
MARCOS ANTONIO DAMICO
Diretor do Núcleo de
Infraestrutura do IAC

2. B10 CORREIO POPULAR ECONOMIA
Campinas, domingo, 26 de fevereiro de 2012
Caixa BOVESPA DOW JONES OURO NA BM&F DÓLAR
rápido +0,19
>65.942,73 PONTOS
-0,01 96,50 1,706
>12.982,95 PONTOS >REAIS REAL NO COMERCIAL
>6,205 BILHÕES >NOVA YORK >O GRAMA
● A moeda norte-americana
● Depois de uma semana curta em no azul, acompanhando a melhora ● A Nasdaq encerrou o pregão em ● Na Comex de NY, a cotação foi fechou em queda de 0,29%
que prevaleceu o sinal de baixa externa, com os andamentos na alta de 0,23% e o S&P subia de US$ 1.771,93 a onça-troy. ontem, mas acumula ganho de
(-0,39%), a Bovespa fechou a sexta Grécia e os dados dos EUA. 0,15% às 18h25. Variação: -0,47% 8,72% em 12 meses.
TRABALHO ||| MÃO DE OBRA
Números
Máquinas fazem o perfil de do dia
‘caipira’ entrar em extinção 24/2/2012
CÂMBIO
Enxadas dão lugar a tratores, e o termo “qualificação profissional” chega à roça Dólar
Comercial
compra
1,705
venda
1,706
Paralelo 1,780 1,880
César Rodrigues/AAN
Turismo 1,626 1,789
O diretor do Núcleo de In- so não significa que não há Euro turismo 2,180 2,407
fraestrutura do Instituto emprego na área rural, mas
Agronômico de Campinas que, agora, os trabalhadores
APOSENTADORIA
(IAC) Marcos Antonio Dami- têm que se qualificar”, res- Datas de pagamento dia
co ainda lembra de quando salta. Finais de 1 e 6 1/3
um grande contingente de Ele reforça a posição dos Finais de 2 e 7 2/3
trabalhadores aravam, se- agricultores da região de Finais de 3 e 8 5/3
Finais de 4 e 9 6/3
meavam e colhiam nas ter- Campinas que é difícil en- Finais de 5 e 0 7/3
ras da Fazenda Santa Elisa. contrar gente disposta a tra-
“Eu nasci e cresci na fa- balhar nas roças. Hoje, 53 fa- Obs.: Os aposentados que ganham até um salário
mínimo (R$ 545,00), cujo benefício tenha final
mílias vivem na área da Fa- de 1 a 5, terão o pagamento antecipado para o
Irreversível, processo zenda Santa Elisa. A de Da- período de cinco dias úteis do fim do mês
mico é uma delas. “Contrata-
de mecanização mos outros trabalhadores
anterior. Os demais, seguem a tabela acima.
aumenta ano a ano no pico de capina e colheita, ALUGUÉIS
mas eles vêm de outras re- Janeiro Fevereiro
zenda. Trabalhei com enxa- giões do País e do Estado”. IGP-M 1,0510 1,0453
IGP-DI 1,0500 1,0429
da e capinei muita roça. O professor do MBA em IPCA (IBGE) 1,0650 -
Meu pai foi um trabalhador Gestão Estratégica do Agro- INPC 1,0608 -
braçal. Eu pude estudar e negócio do IBE-Fundação
passei em um concurso pú- Getúlio Vargas (FGV), Ma- PREVIDÊNCIA
blico. Agora estou na área theus Kfouri Marino, afirma Salário-base Alíquota a pagar
Autônomo (plano simplificado):
administrativa. Hoje, a fa- que a mão de obra será o R$ 622,00 11% 68,42
zenda foi moderniza e o ní- grande desafio nos próxi- Valor mínimo:
vel de mecanização aumen- mos anos para o agronegó- R$ 622,00 20% 124,40
Valor Máximo:
tou muito. Antes precisáva- cio. “A questão será um de- R$ 3.916,20 20% 783,24
mos de mais de 100 pessoas safio maior do que a logísti- Obs.: Pagamento para empregados domésticos,
para o trabalho no campo”. ca. Há uma escassez genera- facultativos e autônomos deve ser feito até o dia 15
Com as modernas máqui- lizada, desde o trabalhador do mês subsequente ao do período de
competência.
nas, a situação mudou. Uma no campo até o gestor de
quantidade menor de traba- grandes empresas agríco- VALORES DE REFERÊNCIA
lhadores é utilizada na ma- las”, comenta. Ele diz que Ufir (extinta/out 2010) - R$ 1,0641
nutenção da fazenda que é dois fatores mudam o cená- Ufesp (2012) - R$ 18,44
campo de experimentos do rio do setor: o crescimento UPC (jan a mar) - R$ 22,24
tradicional instituto, cujo no- acelerado e a tecnificação TJLP (jan a mar) - 6%
me é referência no setor agrí- da agricultura. “A base sala- Selic (janeiro) - 0,89%
cola. “Antes, uma pessoa rial no campo subiu, mas o TR (janeiro) - 0,0864
conseguia colher duas li- segmento sofre com a con- FGTS (fevereiro) - 0,3332%
nhas de milho por dia. Atual- corrência dos outros setores Ufic (2012) - R$ 2,3490
mente, uma máquina faz 20 da economia”, acentua. Salário mínimo - R$ 622,00
linhas em cinco minutos. Is- Damico num milharal: “Eu nasci e cresci na fazenda, trabalhei com enxada e capinei muita roça” (Adriana Leite/AAN) Salários mínimos regionais (SP):
R$ 690,00 - R$ 700,00 e R$ 710,00 (*)
CDB - 30 dias - 10,15%
(*) Valores variam de acordo com as ocupações,
que podem ser conferidas no site:
Condições e salários são
http://www.emprego.sp.gov.br/
POUPANÇA
melhores, mas falta gente
18/2 0,6293 25/2 0,5576
19/2 0,06152 26/2 0,5365
20/2 0,5720 27/2 0,5087
21/2 0,5252 28/2 0,5223
22/2 0,5252 29/2 0,5000
23/2 0,5752
Registro em carteira e benefícios extras se tornaram comuns 24/2 0,5822
ASSALARIADOS
Representantes de trabalhado- jovens preferem ganhar menos valorizar os trabalhadores. Do DOMÉSTICOS
res rurais e especialistas na área em outras profissões que apos- outro lado, os trabalhadores de- Salário de contribuição Alíquota
Até 1.174,86 8%
agrícola afirmam que as condi- tar em uma carreira no campo. vem se qualificar, apesar das es- De 1.174,87 até 1.958,10 9%
ções de trabalho melhoraram Buainain comenta que as colas ainda estarem longe de De 1.958,11 até 3.916,20 11%
nas últimas décadas. Embora práticas agrícolas estão avança- atender às necessidades atuais” Empregador 12%
ainda exista precariedade em al- das e demandam trabalhadores , analisa. Obs: Valores deverão ser recolhidos a partir de
fevereiro.
gumas regiões do País, as pes- especializados. “A mão de obra
soas que estão na lida nas lavou- tem que estar preparada para Mecanização
ras conseguem ter carteira assi- utilizar equipamentos com alta O presidente da Federação dos IMPOSTO DE RENDA
Rendimento Alíquota Deduzir
nada e benefícios como cestas tecnologia e técnicas que pri- Trabalhadores na Agricultura
a pagar
de alimentação. Os salários tam- mam pela produção sustentá- do Estado de São Paulo (Fe- Até R$ 1.637,11 - Isento
bém tiveram incremento e, se o vel e que respeitam normas in- tasp), Brás Agostinho Albertini, De R$ 1.637,12
profissional for qualificado, po- ternacionais”, ressalta. O profes- afirma que a mecanização é a R$ 2.453,50 7,5% 122,78
De R$ 2.453,51
de receber vencimentos tão ele- sor da Unicamp salienta que a um processo irreversível - e os a R$ 3.271,38 15% 306,80
vados quanto em setores como qualificação profissional é a cha- trabalhadores devem se capaci- De R$ 3.271,39
indústria e serviços. ve para um salto do agronegó- tar para aproveitar as chances a R$ 4.087,65 22,5% 552,15
O professor do Núcleo de cio brasileiro. Entretanto, ele la- que o mercado oferece na agri- Acima de
R$ 4.087,65 27,5% 756,53
Economia Agrícola do Instituto menta que as escolas profissio- cultura.
de Economia da Universidade nalizantes não estejam prepara- “A mecanização tem duas fa-
Estadual de Campinas (Uni- das para aprimorar a mão de ces: traz evolução nas práticas INFLAÇÃO
dez jan no ano 12 m
camp), Antônio Márcio Buai- obra rural. rurais, mas também elimina INPC (IBGE) 0,51 - 6,08 6,08
nain, afirma que o trabalho no O acadêmico acredita que postos de trabalho. O processo IGP-M (FGV) -0,12 0,25 0,25 4,53
IGP-DI (FGV) 0,16 0,30 0,30 4,29
campo é estigmatizado. “Hoje, empresários e trabalhadores de- não pode ser visto como preju-
IPC (Fipe) 0,61 0,66 0,66 5,30
as condições de trabalho no vem fazer a sua parte para avan- dicial, porém os trabalhadores ICV (Dieese) 0,53 1,32 1,32 6,12
meio rural mudaram substan- çar. “O campo não deve ser vis- devem se adaptar a essa realida- IPCA (IBGE) 0,50 - 6,50 6,50
cialmente. Os trabalhadores to apenas como um local bucó- de”, diz. Segundo ele, o piso no CUB 0,01 0,10 0,10 5,67
têm garantias como carteira as- lico ou atrasado. O trabalho no setor varia de R$ 670,00 a R$
sinada, e a remuneração está a meio rural hoje oferece muitas 780,00. LICENCIAMENTO E IPVA
cada dia mais elevada”, diz. boas oportunidades. Mas para Albertini comenta que o Para calcular o valor do IPVA e saber a data de
vencimento, consulte o site http://
Mesmo assim, observa, muitos reter talentos o agricultor deve campo concorre hoje com ou- www3.fazenda.sp.gov.br/ipvanet
tras profissões que são exerci- Taxa de licenciamento: R$ 59,33
das na área urbana. “O proble- Seguro obrigatório: R$ 101,16
Documentos necessários:
ma se acentua em regiões pro- Certificado de Registro e
dutoras que ficam próximas a Licenciamento do Veículo (CRLV),
grandes centros. É difícil encon- que possui o código do Renavam.
trar trabalhadores para a área ru-
ral. As pessoas preferem ir para
as cidades, mesmo que em ocu- TARIFAS PÚBLICAS
pações de remuneração mais Táxi
Bandeirada R$ 3,60
baixa e que exijam esforço físico Km rodado R$ 2,20 (bandeira 1) e R$ 2,86 (2)
maior do que no campo”, diz. Hora parada R$ 35,63
Zona Azul
Segundo ele, a entidade tra- 1 hora R$ 2,70
balha para qualificar a mão de Transporte coletivo
obra. “Na área da cana, por Ônibus R$ 3,00
exemplo, a federação qualificou
mais de 4 mil pessoas”, afirma.
Albertini estima que no Estado SALÁRIO FAMÍLIA
Janeiro
entre 450 mil e 500 mil pessoas até R$ 608,80 R$ 31,22
trabalhem na área rural. (AL/ de R$ 608,81 até
AAN) R$ 915,05 R$ 22,00