1. ECONOMIA
A despensa do Rio de Janeiro
D
O novo
cenário da
cooperativa
Fronteira agrícola, região é responsável pela maior parte da produção da cidade
■ Se hoje Luis sobe e desce
■ WILSON MENDES FOTOS DE THIAGO LONTRA a montanha de Rio da Pra-
wilson.mendes@extra.inf.br ta sem fazer manha, houve
uma época em que faltava
■ Legalmente, não há mo- motivação. Com o preço
rador em Zona Rural, na dos produtos em queda li-
cidade do Rio, de acordo vre, e sem condições de
com os dados do IBGE. competir com a agricultura
Mas não é “por milagre” intensiva, os produtores fa-
que brotam das terras da miliares como ele, abando-
Zona Oeste aipim, milho, naram os cultivos. O cená-
banana e caqui, entre tan- rio só mudou depois que os
tos outros produtos. Eles produtores se reuniram em
surgem de lavouras meca- uma cooperativa.
nizadas ou mesmo pelo — Quando o preço ficou
trabalho braçal, quase ar- baixo eu fui tentar a vida lá
caico, de agricultores co- fora. Mas com a associação,
mo Luis Carlos Santana, voltei — comenta Luis.
de 62 anos. A Associação de Produ-
Diariamente, Luis sobe e tores Orgânicos da Pedra
desce o Caminho da Virgem Branca e Rio da Prata
Maria, no Rio da Prata, (Agroprata) tem papel
‘
Campo Grande. Em seus
burros, jacás abarrotados:
Hoje a
’
— Produzo e vendo mi-
lho, caqui, abacate, aipim. produção
O carro-chefe é a banana.
A região é a última
vem do
fronteira agrícola da cida- interior e da
de. Empurrada para o Zona Oeste
Oeste pela expansão urba- O VINAGRE de caqui: produto exclusivo, vendido Roberto Pinto
na, que ocorreu, principal- pelos agricultores a restaurantes da Zona Sul OS AGRICULTORES da Associação de Produtores Orgânicos da Pedra Branca e Rio da Prata e a diretora (ao centro) Engenheiro agrônomo
mente, na década de 60
— Antes o cinturão D preponderante nesta reto-
O campo atrai o
agrícola chegava onde ho- mada do campo, como ex-
je funciona o Ceasa, em plica a diretora-executiva
Irajá. Agora a produção Rita Caseiro:
homem da cidade
vem de cidades do interior — O trabalho com os
e parte da Zona Oeste — produtores é para agregar
explica Roberto Marques valor ao produto. Além de
Pinto, engenheiro agrôno- conseguirmos a certifica-
mo do Núcleo de Informa- ■ A nova perspectiva no do. Embora a prefeitura ção de produção orgânica,
ção e Documentação da campo não atrai apenas não tenha uma secretaria sem agrotóxicos, também
Empresa de Assistência quem deixou a terra. O de agricultura, os assuntos criamos novos produtos.
Técnica e Extensão Rural metalúrgico aposentado da pasta relativos à produ- Hoje, além dos alimentos
do estado (Emater). Mario Ribeiro, de 53 anos, ção familiar estão inseri- orgânicos, são comercializa-
De acordo com dados da já trabalha para tornar o dos em Desenvolvimento dos em toda a cidade a ba-
empresa, o município do sítio comprado em 2004 Econômico Solidário. nana passa e produtos ino-
Rio foi responsável por em lavoura orgânica: De acordo com o setor, o vadores, como o vinagre de
uma produção, em 2010, de — Tenho abacate, banana circuito de feiras orgânicas caqui. Com o diferencial da
55,5 mil toneladas de vege- e caqui, mas não tenho cer- será ampliado de seis para produção orgânica, o preço
tais. Quase metade é de ai- tificação. Com o preço mais 12 feiras. Além da Zona do quilo da banana chega a
pim, mas também se pro- O FOGÃO à lenha usado na produção agrícola: preparo de alto, vou ampliar o cultivo. Sul, serão melhor cobertas R$ 5, contra os R$ 2 do cul-
duz chuchu e coco verde. alimentos antes da venda ao consumidor O mercado está aqueci- as zonas Norte e Oeste. O EX-METALÚRGICO Mário Ribeiro: lavoura orgânica tivo tradicional.
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