1) O artigo discute fontes alternativas de energia como energia solar, eólica, biomassa e células a combustível.
2) Essas fontes são renováveis, não poluentes e podem ser encontradas na natureza.
3) O Brasil tem potencial para ampliar o uso de energia eólica e biomassa devido aos seus recursos naturais.
Fontes alternativas de energia: solar, eólica e biomassa
1. Artigo
FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA
Resumo Myrlla Galdino R. S. Santos e
Cheila Gonçalves Mothé*
A energia tem sido através da historia a base do desenvolvimento das civilizações. Nos dias Departamento de Processos
atuais são cada vez maiores as necessidades energéticas para a produção de alimentos, bens Orgânicos (DPO), Escola de
de consumo, bens de serviço e de produção, lazer e, finalmente, para promover o desen- Química
volvimento econômico, social e cultural. É assim, evidente a importância da energia não só CT, Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ)
no contexto das grandes nações industrializadas, mas principalmente naquelas em via de
desenvolvimento, cujas necessidades energéticas são ainda mais dramáticas e prementes. *Autora para correspondência:
O termo fonte alternativa de energia não deriva apenas de uma alternativa eficiente, ele é CEP: 21949-900. Rio de
sinônimo de uma energia limpa, pura, não poluente, a princípio inesgotável e que pode ser Janeiro. RJ
encontrada em qualquer lugar pelo menos a maioria na natureza. E-mail: cheila@eq.ufrj.br e
myrllagaldino@ufrj.br
Palavras-chave: energia alternativa, biomassa, energia eólica, energia solar e célula a com-
bustível
summaRy
Energy has been through history the basis of the development of the civilizations. Nowa-
days the energy necessary for the production of food, consumer goods, production and
service goods, leisure, and finally to promote economic, social and cultural development is
increasing. It is thus, evident the importance of energy not only in the context of the great
industrialized nations, but mainly for those under development, whose energy needs are
still more dramatic and urgent. The term ‘alternative source of energy’ does not only come
from an efficient alternative, it is synonymous with a non-polluting, pure and clean type of
energy, originally inexhaustible and which also can be found anywhere or at least in most
parts of the environment.
Keywords: alternative energy, biomass, wind energy, sun energy, combustive cell
IntRodução
Desde o início do século XX, o mundo tem sofrido com a natureza, são renováveis, e por isso perene. Exemplos de
a exploração de seus recursos naturais, com a poluição da fontes renováveis incluem a energia solar (painel solar, célu-
atmosfera e com a degradação do solo. O petróleo, por la fotovoltaica), a energia eólica (turbina eólica, cata-vento),
exemplo, considerado uma fonte tradicional de energia, foi a energia hídrica (roda d’água, turbina aquática), a biomassa
tão continuamente extraído que seus poços já começam a se (matéria de origem vegetal) e as células a combustível.
esgotar, pouco menos de 100 anos após o início de sua utiliza-
ção efetiva. O carvão, um recurso ainda mais antigo, também Energia solar
é considerado esgotável. A energia nuclear, da mesma for-
ma, nos alerta para o perigo dos resíduos radioativos. O uso Praticamente inesgotável, a energia solar pode ser usada
das fontes tradicionais traça sua trajetória ao declínio, não só para a produção de eletricidade através de painéis solares e
pela sua característica efêmera, mas porque é uma ameaça ao células fotovoltaicas. No Brasil, a quantidade de sol abundan-
meio ambiente. Na esteira da questão ecológica, as chama- te durante quase todo o ano estimula o uso deste recurso.
das “fontes alternativas de energia” ganham um espaço cada Existem duas formas de utilizar a energia solar: ativa e passiva.
vez maior. Essas fontes alternativas, além de não prejudicar O método ativo se baseia em transformar os raios solares
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2. em outras formas de energia térmica ou elétrica (Figuras 1
e 2) enquanto o passivo é utilizado para o aquecimento de
edifícios ou prédios, através de concepções e estratégias
construtivas como mostra a Figura 3. Esta aplicação é mais
comum na Europa, onde o frio demanda opções para a cale-
fação. Os painéis fotovoltaicos são uma das mais promissoras
fontes de energia renovável. A principal vantagem é a quase
total ausência de poluição. No entanto, a grande limitação
dos dispositivos fotovoltaicos é seu baixo rendimento. Outro
inconveniente são os custos de produção dos painéis, eleva-
dos devido à pouca disponibilidade de materiais semicondu-
tores (1). A torre solar, ilustrada na Figura 2, trata-se de um Figura1. Instalação fotovoltaica instalada ao nível do solo. [25]
projeto australiano que consiste na construir uma enorme
torre com cerca de 1 quilômetro de altura, no meio de vin-
te quilômetros quadrados de painéis solares. Esta central de
energia solar, gera calor, que formando uma corrente de ar,
de aproximadamente 50 km/hora, que movimenta cerca de
30 turbinas, produzindo cerca de 200 megawatts.
A Figura 4 mostra as principais patentes relacionadas a
energia solar de 1976 a 2007, onde pode ser observado que
o Japão com 52% é o maior detentor do número de patentes
registradas no mundo.
Energia eólica
A energia eólica é a energia gerada pelo vento. Utilizada
há anos sob a forma de moinhos de vento, pode ser canaliza-
da pelas modernas turbinas eólicas ou pelo tradicional cata- Figura 2. Torre Solar [24]
Tabela 1. Projetos Implementados no Brasil em 2007
Capacidade Produção Anual
Estado Local Geradores Estado Atual
Instalada Prevista
Taíba ENERCON 5 MW 17.500 MWh Operação
Prainha ENERCON 10 MW 35.000 MWh Operação
Mucuripe TAKE 1,2 MW 3.800 MWh Operação
Ceará
Paracurú - 30 MW - Estudo
Camocim - 30 MW - Estudo
Morro do
Minas Gerais TAKE 1,0 MW 800 MWh Operação
Camelinho
Vila Joanes BERGEY 40 KW - Operação
Pará Costa NE - 100 MW - Estudo
Palmas I ENERCON 2,5 MW 7.000 MWh Operação
Palmas II ENERCON 9,5 MW - Estudo
Paraná
Palmas III ENERCON 75 MW - Estudo
Pernambuco F. Noronha FOLKCENTER 75 KW - Operação
Rio de Janeiro Cabo Frio - 10 MW - Estudo
Fonte: http://www.cresesb.cepel.br/tutorial/eolica/apstenergiaeolica.htm
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3. Artigo
1- coletor
2- acumulador
3- Caldeira de calefação
4- Estação solar
5- Consumidor de água quente
(por exemplo: chuveiro)
Figura 3. Estação solar térmica para aquecimento de água potável em residências. [26]
de energia elétrica em grande escala, só são interessantes
regiões que tenham ventos com velocidade média de 6 m/
seg ou superior. Outra restrição presente no aproveitamento
da energia eólica é a questão do espaço físico, uma vez que
tanto as turbinas quanto os cata-ventos são instalações mecâ-
nicas grandes e ocupam áreas extensas. Todavia, seu impacto
ambiental é mínimo, tanto em termos de ruído quanto no
ecossistema (1).
Biomassa
Figura 4. Registro de patentes, em porcentagem, relacionadas à energia solar
por país (de 1976 a 2007). Fonte: USPTO [29].
A biomassa é definida como “a fração biodegradável de
produtos e resíduos da agricultura incluindo substâncias ve-
getais e animais, da floresta e das indústrias conexas, bem
vento, como mostra a Figura 5. Os especialistas explicam que como a fração biodegradável dos resíduos industriais e urba-
no Brasil há ventos favoráveis para a ampliação dos instru- nos” (2). A biomassa aparenta ser a maior e a mais sustentá-
mentos eólicos (Tabela 1). A Figura 6 ilustra a quantidade de vel fonte de energia alternativa renovável, composta por 220
patentes existentes desta forma de energia, sendo a maioria bilhões de toneladas de matéria seca anual (aproximadamen-
dos Estados Unidos com 83% dos pedidos. A energia cinética te 4.500 EJ), pronta para uso energético (1). Outros autores
resultante do deslocamento das massas de ar pode ser trans- reduzem o potencial efetivamente sustentável para cerca de
formada em energia mecânica ou elétrica. Para a produção 3.000 EJ, donde o valor médio observado nos cenários (270
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5. Artigo
patentes existentes relacionadas ao biodiesel, sendo os Esta-
dos Unidos o maior detentor com 72% destas.
Células a combustível
Energia fácil e barata, sem gerar poluição, capaz de movi-
mentar veículos, como mostra as Figuras 10 a 12, e produzir
eletricidade para uso comercial e residencial. A célula a com-
bustível se baseia no uso de hidrogênio como combustível e
é possível obter energia em grande quantidade, e, além disso,
o produto da queima do hidrogênio é a água, que não polui
de forma alguma. Embora o conhecimento do princípio de
funcionamento da célula a combustível seja bastante antigo, o
Figura 5. Cata-vento. (26)
entendimento de como ela realmente funciona é relativamen-
te recente. Enquanto uma bateria comum leva o seu combus-
EJ) é apenas marginal e constitui o que pode ser prontamen- tível e o seu comburente no interior, na célula a combustível
te aproveitado, com custos competitivos, considerando as um gás, como o hidrogênio e o comburente oxigênio são
barreiras culturais e de portabilidade da energia (4). Há três bombeados para o seu interior e a combinação de ambos e
classes de biomassa: as biomassas sólidas, líquidas e gasosas. os eletrodos especiais resultam em eletricidade, que pode ser
A biomassa sólida tem como fonte os produtos e os resíduos usada para alimentar um circuito externo. As vantagens desse
das florestas (Figura 7), os resíduos da agricultura (Figura 8), sistema são inúmeras, mas a principal está na possibilidade de
e a fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos. fornecimento de energia na forma constante e ilimitada. Ti-
A biomassa líquida existe em uma série de biocombustíveis pos de células são: MCFC (maltem carbonate fuel cell), SOFC
com potencial de utilização, todos com origem nas chamadas (solid oxid fuel cell), PAFC (phosphoric acid fuel cell), e as
“culturas energéticas”. Como exemplos: o biodiesel, obtido mais usuais PEM (próton exchange membrane). Há aplicações
a partir de óleos vegetais; o etanol, produzido pela fermen- recentes deste tipo de energia; o NEBUS (na Alemanha) (Fi-
tação de hidratos de carbono (açúcar, amido, celulose); e o guras 13 e 14) é um ônibus que utiliza células de hidrogênio
metanol, gerado pela síntese do gás natural. Já a biomassa com 250KW de potência sem poluição alguma. Subtraindo a
gasosa é encontrada nos efluentes agropecuários provenien- potência necessária ao próprio funcionamento da célula, que
tes da agroindústria e do meio urbano. É achada também nos se converte em calor para a alimentação do sistema elétrico
aterros de RSU (resíduos sólidos urbanos). Estes resíduos e de ar condicionado, sobra para a propulsão 190KW que
são resultados da degradação biológica anaeróbia da matéria corresponde a uma potência de 260CV e autonomia para
orgânica, e são constituídos por uma mistura de metano e gás 250KM, com um tanque de 45m3 de Hidrogênio (1). A Figura
carbônico. Esses materiais são submetidos à combustão para 15 mostra a quantidade de patentes existentes desta forma
a geração de energia (1). A Figura 9 retrata a quantidade de de energia, sendo o líder de pedidos o Japão com 53%.
Tabela 2. Composição da matriz de energia
Fonte Brasil (%) Mundo (%)
Biomassa moderna 23,0 1,7
Biomassa tradicional 8,5 9,5
Carvão mineral 6,0 23.2
Energia Hidroelétrica 14,0 2,2
Energia Nuclear 1,8 6,5
Gás natural 7,5 21,1
Petróleo 43,1 35,3
Outras energias 0,1 0,5
renováveis
Figura 6. Registro de patentes, em porcentagem, relacionadas à
Fonte: IEA (Mundo) e MME (Brasil), 2000. energia eólica por país (de 1976 a 2007). Fonte: USPTO (29)
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6. Figura 8. Resíduo vegetal proveniente da agricultura. (20)
Figura 7. Biomassa sólida (resíduos florestais). (27)
Figura 9. Registro de patentes, em porcentagem, relacionadas ao biodiesel
por país (de 1976 a 2007). Fonte: USPTO (29)
Importância do uso de fontes alternativas de energia
Atualmente, a matriz energética mundial está baseada no pe- por automóveis e caminhões são responsáveis pela emissão de
tróleo, contudo isto está caminhando em direção ao declínio da 67% do monóxido de carbono (CO), 41% dos óxidos de nitrogê-
produção. Tendo isso em vista o estudo da utilização de fontes nio (NOx), 51% dos gases orgânicos reativos, 23% dos materiais
alternativas de energia se tornará imprescindível no futuro. As- particulados e 5% do dióxido de enxofre (SO2). Além disso, o
sociado a isso, há o fator ambiental, por exemplo, ao contrapor setor de transportes também é responsável por quase 30% das
o uso do petróleo e o de biomassa como fontes de energia em emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos principais res-
veículos automotivos constatam-se os danos causados pelo pri- ponsáveis pelo aquecimento global (6). Um dos principais impac-
meiro ao meio ambiente, são muito maiores do que quando se tos ambientais causados pela queima de combustíveis é o Efeito
utiliza a mesma quantidade de biomassa. A utilização do petróleo Estufa. Nos últimos anos, a concentração de dióxido de carbono
traz grandes riscos para o meio ambiente desde o processo de na atmosfera tem aumentado cerca de 0,4% anualmente (Figuras
extração, transporte, refino, até o consumo, com a produção 16 e 17); este aumento se deve à utilização de petróleo, gás e
de gases que poluem a atmosfera. Os piores danos acontecem carvão e à destruição das florestas tropicais.
durante o transporte de combustível, com vazamentos em gran- A concentração de outros gases que contribuem para
de escala de oleodutos e navios petroleiros (5). O consumo de o Efeito Estufa, tais como o metano e os clorofluorcar-
combustíveis fósseis derivados do petróleo apresenta um impac- bonetos também aumentaram rapidamente (7). O efeito
to significativo na qualidade do meio ambiente. A poluição do conjunto de tais substâncias pode vir a causar um aumen-
ar, as mudanças climáticas, os derramamentos de óleo e a ge- to da temperatura global (Aquecimento Global). Especia-
ração de resíduos tóxicos são resultados do uso e da produção listas em alterações climáticas indicam que o planeta vai
desses combustíveis. A poluição do ar das grandes cidades é, aquecer entre 1,8 e 4 graus Celsius até o final do século,
provavelmente, o mais visível impacto da queima dos derivados o que fará subir o nível dos mares até 58 centímetros,
de petróleo. Nos Estados Unidos, os combustíveis consumidos multiplicando as secas e ondas de calor (8). O relatório do
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7. Artigo
Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)
de 2001 mostrou que o nível total de emissão de CO2 em
2000 foi de 6,5 bilhões de toneladas. Entre 2002 e 2003, a
taxa de acumulação de gás carbônico (CO2) na atmosfera
da Terra aumentou acentuadamente, despertando entre
os cientistas o temor de que os efeitos do aquecimento
global possa se manifestar mais rapidamente do que o es-
perado. Os níveis de CO2 aumentaram mais de 2 ppm ao
longo dos biênios 2001/2002 e 2002/2003. Nos anos an-
teriores, essa taxa de crescimento havia sido de 1,5 ppm,
o que já era um fator elevado (6).
Emissão de CO2: A emissão de CO2 foi calculada usando o
arquivo de energia do IEA e métodos usuais, fatores de emis-
são da Diretriz Revisada IPCC 1996 para Inventário de Gás
do Efeito Estufa Nacional, IPCC/OECD/IEA Paris, 1997.
Figura 10. Carro movido à célula de hidrogênio (15)
Figura 13. Nebus (ônibus movido a célula de hidrogênio). (14)
Figura 11. Célula a combustível portátil (19)
Figura 14. Nebus. (11)
Patentes: Célula a Combústivel
15%
1% USA
18%
2% Japão
Brasil
11%
Canadá
França
0%
Taiwan
Alemanha
53%
Figura 15. Registro de patentes, em porcentagem, relacionadas à célula a
Figura 12. Célula comercial 250 KW. (19) combustível por país (de 1976 a 2007). Fonte: USPTO (29)
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9. Artigo
1973 2004
15661 Mt de CO2 26583 Mt de CO2
Petróleo, Petróleo,
50,70% Carvão, Carvão,
39,90%
35% 40 %
,
Outros,
Gas, 14,30% Gas, 19,8 % 0,30%
Figura 16. Emissão de CO2 por combustível utilizado (1973 e 2004). Adaptado de: International Energy Agency (IEA): Key World Energy Statistics. (22)
Figura 17. Mapa indicador da emissão de CO2 no mundo. Fonte: IEA, 2006. Adaptado de: (16)
Panorama energético atual e perspectivas futuras tish Petroleum, em seu estudo “Revisão Estatística de Energia
Mundial de 2004”, afirma que atualmente as reservas mundiais
A demanda projetada de energia no mundo aumentará de petróleo durariam em torno de 41 anos, as de gás natural, 67
1,7% ao ano, de 2000 a 2030, quando alcançará 15,3 bilhões anos, e as reservas brasileiras de petróleo, 18 anos.
de toneladas equivalentes de petróleo (TEP, ou TOE, na sigla A matriz energética mundial (Figuras 18 e 19) tem parti-
internacional, em inglês) por ano, de acordo com o cenário cipação total de 80% de fontes de carbono fóssil, sendo 36%
base traçado pelo Instituto Internacional de Economia (Mussa, de petróleo, 23% de carvão e 21% de gás natural (Tabela
2003). Em condições, ceteris paribus, sem alteração da matriz 2). O Brasil se destaca entre as economias industrializadas
energética mundial, os combustíveis fósseis responderiam por pela elevada participação das fontes renováveis em sua matriz
90% do aumento projetado na demanda mundial, até 2030. energética. Isso se explica por alguns privilégios da natureza,
Entretanto, o esgotamento progressivo das reservas mundiais como uma bacia hidrográfica contando com vários rios de
de petróleo é uma realidade cada vez menos contestada. A Bris- planalto, fundamental a produção de eletricidade (14%), e o
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10. tável, assim como resíduos rurais (pecuária e agricultura) e
45 Petróleo
urbanos (incluindo material sólido e efluente líquido).
40 Carvão mineral
35
Gás natural Demanda de energia
30
Biomassa tradicional
25
Em meados de 2000 a população mundial era de 6,079
20 Energia nucleat
bilhões de pessoas (Total Midyear Population for the World:
15 Energia Hidroelétrica
1950-2050) consumindo energia a uma taxa total de 13,345
10
Biomassa moderna TW (International Energy Annual 2001: Consumption (Btu),
5
Outras energias que corresponde a uma média de consumo de 2,195 kW/
0 renováveis
% Brasil Mundo pessoa. Os Estados Unidos, com 4,63% da população mun-
dial, consumiram 24,90% da energia total a uma média de
Figura 18. Composição percentual da matriz energética
11,81 Kw/pessoa. Para efeito de comparação, o Brasil, com
2,79% da população mundial, consumiu 2,26% da energia total
numa média de 1,779 Kw/pessoa. Isto nos dá um exemplo do
fato de ser o maior país tropical do mundo, um diferencial grande desequilíbrio no uso das reservas de energia entre pa-
positivo para a produção de energia de biomassa (23%) (9). íses altamente industrializados e países em desenvolvimento.
As figuras de 20 a 22 retratam a divisão do abastecimento Também dá uma visão do aumento na demanda por energia,
energético no Brasil, na Europa e na América do Norte, res- em um futuro próximo, devido tanto ao crescimento popu-
pectivamente. lacional como à expectativa de crescimento econômico dos
A biomassa tradicional é usada principalmente de modos países em desenvolvimento. A situação mostra-se ainda pior
ineficientes, como em fornos de cozinha primitivos, altamen- em países subdesenvolvidos (Figura 23). A população mundial
te poluentes, usados por populações rurais pobres, que em em meados de 2003 atingiu 6,302 bilhões de pessoas e deve
muitos casos levam ao desflorestamento. A biomassa moder- se estabilizar num valor um pouco abaixo de 10 bilhões de
na se refere à biomassa produzida de maneira sustentável e pessoas em meados do século. Considerando um aumento
usada para geração de eletricidade e produção de calor e relativamente pequeno na média de consumo até 3 Kw/habi-
combustíveis líquidos para transporte. Isso inclui resíduos tante, resulta um valor assintótico da taxa de consumo total
vegetais e florestais de reflorestamento e/ou manejo susten- de energia da ordem de 30 TW (10).
Figura 19. Mapa indicador da produção energética mundial. Fonte: Adaptado de IEA Energy Statistics, 2006 (17)
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11. Artigo
Estimativas do uso de energia no mundo indicam que a
demanda de energia, em meados do século XXI, pode ul-
trapassar consideravelmente a energia fornecida por fontes
convencionais. O déficit em energia se torna maior depois do
esgotamento dos combustíveis fósseis, que deve se dar nos
próximos 100 anos (Figura 24).
A Figura 25 mostra a oferta de energia renovável por re-
gião e estima a tendência de aumento da oferta de fontes de
energias renováveis para o ano de 2020.
Aspectos econômicos
Figura 21. Divisão do abastecimento total de energia primária referente à
O auge da produção de qualquer recurso não renovável é OECD Europa, 2004. Adaptado de: (18)
um ponto muito crítico. Nessa altura, a demanda permanece a
Carvão, 7%
Petroleo Geotermica
42,90% solar/eólica
0,10%
Comb.
Gas, Renováveis
7,80% 27%
Nuclear
1,50% Hidro,
13,70%
Total: 204847 Ktoe
Figura 20. Divisão do abastecimento total de energia primária referente ao Figura 22. Divisão do abastecimento total de energia primária referente à
Brasil, 2004. Adaptado de: (18) OECD América do Norte, 2004. Adaptado de: (18)
Figura 23. Mapa do suprimento mundial de energia primária. Fonte: Adaptado de IEA Energy Statistics, 2006.(21)
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13. Artigo
Demanda mundial de energia
Disponibilidade de energia (fóssil, hidrica, fissão não-regenerativa)
30
Carência a ser suprida
Potência (TeraWatts)
por fontes alternativas
20
10
0
1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100 2120
Ano
Figura 24. Demanda de energia no mundo. Adaptado de: (10)
Figura 25. Oferta de Energia Renovável por região (Mtoe) até 2020. Adaptado de: (22)
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14. mesma, porém com menor abastecimento o que acarreta em posição inclui fontes renovável tais como solar, eólica, biomassa
um rápido aumento nos custos. Historicamente, picos na produ- etc. Recentes aumentos no preço podem indicar que estamos
ção de recursos minerais têm estado muito próximos ao ponto muito próximo ao pico da curva. Com o petróleo no momento
médio relativo à curva de produção. A Figura 26 ilustra a pro- por volta de U$ 60/ barril, o preço está 50-60% acima do pre-
dução global de petróleo é conhecida como Curva Hubbert (em ço que economistas têm como ótimo para manter a supremacia
analogia ao seu inventor, Dr M. Monarca Hubbert). No caso de deste óleo como uma fonte de energia. Portanto o custo já está
petróleo, uma vez passado o auge da produção na curva, outras em um patamar onde o uso de fontes alternativas de energia
fontes de energia transformar-se-ão mais econômicas. Esta dis- torna-se viável (Figura 27).
80
70
Milhões de
barris/dia
60
50
40
ponto médio mundial
30
20
10
1950 1970 1990 2010 2030 2050
Figura 26. Produção Global de Petróleo em milhões de Barril por dia. Pico de Hubbert.
Adaptado de: http://www.daviesand.com/Perspectives/Forest_Products/Oil_Reserves/
Figura 27. Preço do óleo Cru em dólar americano por barril. Adaptado de: (22)
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15. Artigo
*Nas cotações, existem, geralmente, na imprensa, duas que a utilização desta gera uma grande degradação ambiental
referências sobre tipos do barril: WTI e Brent. Há ainda o o qual e incontestável do ponto de vista social e econômico.
barril de Dubai, menos conhecido como preço de referência. Estes acontecimentos têm de certa forma, fortalecido o mo-
Este diferencial de preço reflete basicamente as diferenças de vimento em busca de novas fontes alternativas de energia.
qualidade e de custos de refino e transporte do petróleo.
WTI: É a sigla de West Texas Intermediate. A região do GlossáRIo
West Texas concentra a exploração de petróleo nos EUA.
É negociado em Nova York e serve de referência para os ASPO
mercados de derivados dos EUA (28). Association for the Study of Peak Oil and Gas Ireland.
Brent: Refere-se ao óleo produzido no mar do Norte (Eu-
ropa). É negociado em Londres e serve de referência para os OECD
mercados de derivados da Europa e Ásia. Brent era o nome de Organization for Economic Co-operation and Development.
uma antiga plataforma de petróleo (Brent Spar) da Shell no mar
do Norte. (28-29). USPTO
United States Patent and Trademark Office.
ConClusão Unidades:
kilo (k) 103
As fontes alternativas de energia vêm através dos tempos mega (M) 106
ganhando mais adeptos e força no seu desenvolvimento e giga (G) 109
aplicação, tornando-se uma alternativa viável para a atual si- tera (T) 1012
tuação em que o mundo se encontra, com as crises de petró- peta (P) 1015
leo, pela dificuldade de construção de centrais hidroelétricas, exa (E) 1018
Termoelétricas, carvão mineral, xisto, usinas nucleares e ou-
tras formas de energia “dirty”, como é classificada, em via de 1Ktoe = 1163 104 kWh = 41868 106 KJ.
Referências
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