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UFCD
3473
DESENHO E ORGANIZAÇÃO DE
PROGRAMAS E ATIVIDADES
DE ANIMAÇÃO
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
1
Índice
Introdução ..................................................................................................................3
Âmbito do manual.....................................................................................................3
Objetivos .................................................................................................................3
Conteúdos programáticos ..........................................................................................3
Carga horária ...........................................................................................................4
I - Desenho e organização de programas e atividades de animação..................................5
1.Conceito animação – definições e conceitos.................................................................6
1.1. Animação no contexto turístico............................................................................6
1.2. Perfil do animador e o seu papel de entretenimento..............................................9
2. Desenho e Organização .......................................................................................... 14
2.1. Animação turística nas suas diferentes formas .................................................... 14
2.1.1. Animação turística municipal e regional........................................................ 14
2.1.2.Animação desportiva ................................................................................... 15
2.1.3.Animação Ambiental.................................................................................... 15
2.1.4.Animação cultural........................................................................................ 15
2.2.Técnicas de construção de itinerários.................................................................. 16
2.3.Clientes alvo – características e necessidades ...................................................... 27
2.4.Oferta e recursos turísticos disponíveis................................................................ 29
2.5.Recursos existentes – humanos e materiais......................................................... 33
2.6. Oferta turística a contemplar no programa ......................................................... 35
2.7. Normas de segurança inerentes ao serviço a prestar ........................................... 38
3.Programação de atividades ...................................................................................... 41
3.1. Planeamento e programação de etapas.............................................................. 41
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
2
II - Atividade profissional – animação turística.............................................................. 46
1. Atividade de animação e modo de funcionamento..................................................... 47
1.1. Empresas que prestam serviços no âmbito da animação turística – caracterização . 47
1.2 Contexto associativo.......................................................................................... 52
2. Profissionais da animação ....................................................................................... 54
2.1. Funções e principais competências .................................................................... 54
2.2. Contexto socioprofissional................................................................................. 61
2.3. Exigências de formação e certificação ................................................................ 62
2.4. Questões deontológicas .................................................................................... 66
Bibliografia ................................................................................................................ 69
Termos e condições de utilização................................................................................. 70
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
3
Introdução
Âmbito do manual
O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de
curta duração nº 3473 – Desenho e organização de programas e atividades de
animação, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.
Objetivos
 Planear, programar e organizar atividades de animação turística
Conteúdos programáticos
 Desenho e organização de programas e atividades de animação
o Conceito animação – definições e conceitos
 - Animação no contexto turístico
 - Perfil do animador e o seu papel de entretenimento
o Desenho e Organização
 - Animação turística nas suas diferentes formas
 - . Animação turística municipal e regional
 - . Animação desportiva
 - . Animação Ambiental
 - . Animação cultural
 - Técnicas de construção de itinerários
 - Clientes alvo – características e necessidades
 - Oferta e recursos turísticos disponíveis
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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 - Recursos existentes – humanos e materiais
 - Oferta turística a contemplar no programa
 - Normas de segurança inerentes ao serviço a prestar
o Programação de atividades
 - Planeamento e programação de etapas
 Atividade profissional – animação turística
o Atividade de animação e modo de funcionamento
 - Empresas que prestam serviços no âmbito da animação turística -
caracterização
o Profissionais da animação
 - Funções e principais competências
 - Contexto socioprofissional (perspetivas de emprego e de carreira,
questões salariais…)
 - Exigências de formação e certificação
 - Questões deontológicas
Carga horária
 50 horas
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
5
I - Desenho e organização de programas e atividades
de animação
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
6
1.Conceito animação – definições e conceitos
1.1. Animação no contexto turístico
Vulgarmente o termo animação turística aparece associado a atividades cuja única
semelhança é desenvolverem-se dentro do âmbito do turismo.
O termo animação turística advém naturalmente e por extensão da chamada animação
sociocultural, de origem francesa, a qual se considera fundamental na ocupação dos
tempos livres.
A animação sociocultural tem por objetivo motivar dinamizar todos os meios que levem à
participação ativa dos indivíduos e grupos nos fenómenos sócias e culturais em que estes
se encontram envolvidos, dando-lhes o seu protagonismo.
Um dos aspetos de atuação mais evidentes onde se desenvolve a animação sociocultural é
o dos tempos livres, o tempo do lazer.
Se se entende como necessário dinamizar a participação ou favorecer a protagonismo do
indivíduo e dos grupos na vida social e cultural, especialmente nos tempos livre (tempos de
lazer), o turismo como parte importante do lazer (especialmente nas sociedades evoluídas),
não pode estar alheio a tal necessidade.
Assim podemos definir animação turística como – “ O conjunto de ações e técnicas
estudadas e realizadas com o sentido de motivar, promover e facilitar uma
maior e mais ativa participação do turista no desfrutar e aproveitamento do seu
tempo turístico, a todos os níveis e dimensões”.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
7
Por outro lado a animação turística acontece no seu pleno sentido quando é resultante de
uma vontade consciente que se materializa em projetos, estratégias e ações concretas que
se realizam ou praticam segundo técnicas específicas apropriadas. Isso exige um nível de
conhecimentos vastos, estudo e profissionalização.
Para existir animação não basta que exista oferta turística, pois o turista, por seus próprios
condicionamentos socioculturais e, porque o turismo se realiza em tempos curtos, assim
como em espaços e lugares normalmente desconhecidos para ele, não tem, com
frequência a capacidade necessária para aproveitar só pela sua vontade todas as
possibilidades que a oferta contenha.
Trata-se pois de tornar participativas todo um conjunto de atividades de interesse comum
evitando-se que existam espectadores passivos ou seja, motivando as pessoas não só a
participarem mas, a animarem-se, convivendo.
Na verdade o turismo não é um espaço fechado mas sim um mundo vivo de comunicação e
intercâmbio de relações e conhecimentos, de emoções, de sensações e experiências, que
exigem uma atitude viva, curiosa e dinâmica por parte do seu protagonista possível: o
turista.
A animação turística é absolutamente inseparável das atividades lúdicas entendidas no seu
sentido mais sério obviamente. E este juízo de valor vem contrariar ou dar a melhor
resposta a muitos detratores da animação turística que por desconhecimento da sua
importância real perante o fenómeno social que o turismo representa, o mais importante
deste século ou até por ignorância a consideram contrária à rentabilidade económica global
do próprio turismo.
A animação turística analisada globalmente tem uma envolvência e um impacto de tal
forma importante no ato turístico que não pode nem deve, considerar-se e analisar-se
apenas num determinado espaço restrito.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
8
É certo que programada dentro de espaços restritos (como hotéis etc.) prende
normalmente os turistas dentro desses espaços. Mas será que grande parte desses turistas
se predisporiam a sair do hotel para procurarem animação fora dele?
Animação turística desenvolvida em espaços restritos não é lesiva dos interesses
económicos de outras estruturas de inegável interesse turístico, como sejam casinos,
discotecas, festas populares ou qualquer outro tipo de espetáculo que tem custos e por
isso necessidade de angariar receitas.
Antes pelo contrário é sobretudo em grandes ou médias unidades hoteleiras que a
planificação, programação e execução de programas de animação turística têm tipos de
participação específicos que normalmente não procuram, por razões de ordem diversa, sair
do espaço de alojamento das suas férias.
Na verdade a animação turística assume particular importância, como um conjunto de
atividades dedicadas aos utentes em períodos específicos de cada dia da respetiva estada
seja de manhã pela tarde ou á noite.
Deste modo em países recetores e com elevado crescimento da importância do turismo,
torna-se evidente que o fenómeno da animação turística tem aspetos de relevante
importância sobre a pedagogia e necessariamente sobre a formação de animadores.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
9
1.2. Perfil do animador e o seu papel de entretenimento
Uma das componentes mais importantes na realização de projetos de animação é sem
dúvida o animador.
A função do animador consiste em “coordenar e controlar as atividades de animação de
uma unidade turística/ hoteleira ou de uma instituição pública ou privada, em função dos
objetivos e estratégias definidas. Procura construir uma boa imagem do local recetor,
garantindo a satisfação dos visitantes e clientes, criando condições para a fidelização pela
qualidade”.
Indiciada esta necessidade de animação/animador, ele “animador” tem de possuir grandes
qualidades de comunicação, abertura de espírito, muita disponibilidade, um carácter
extrovertido, talentoso e ser especialista em pelo menos uma atividade desportiva ou
lúdica.
Tem de ter uma personalidade forte, e ser possuidor de grande imaginação, ser dinâmico,
flexível e ter grande capacidade sugestiva, enfim possuir um conjunto de aptidões que
tornam esta profissão difícil e mais completa do que muitos podem pensar.
Perfil e Atribuições do Animador
De acordo com diversos especialistas existem 14 qualidades que qualquer bom animador
deve possuir:
1. Ser um excelente comunicador
2. Ser criativo dinâmico e espírito de líder
3. Ter forte capacidade de adaptação
4. Ter grande capacidade organizativa
5. Dominar técnicas e recursos
6. Ter uma atitude de permanente aprendizagem
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
10
7. Ter capacidade de improviso
8. Ter capacidade pedagógica
9. Ser tolerante
10. Ser observador
11. Ter simpatia e amabilidade
12. Ser aglutinador de grupo
13. Ser entusiasta
14. Ser resistente física e psicologicamente
Estas são sem dúvida as principais aptidões que um animador deve possuir, mas para que
do ponto de vista da intervenção do animador e para seu próprio controlo e orientação, o
evento seja um sucesso às aptidões atrás referidas deveremos acrescentar alguns
princípios orientadores.
Os princípios orientadores de um bom animador são:
 Nunca esquecer que o objetivo principal do animador é satisfazer os gostos e as
expectativas do maior número possível de clientes e de os entreter
 Tentarem sempre uma adaptação às condições específicas do trabalho a efetuar,
sem apresentarem demasiados obstáculos
 Terem sempre presente que um animador não é apenas considerado como
indivíduo, mas também com o que faz. Do seu comportamento depende o trabalho
e a credibilidade de toda uma equipa
 Tentarem desde o primeiro minuto atrair a simpatia dos colegas e e gestores. Tê-los
como amigos poderá significar melhores condições de trabalho. Tê-los como
inimigos pode levar ao insucesso total
 Devem publicitar de todas as formas possíveis as suas iniciativas e as da equipa,
para que nunca alguém possa dizer “eu não sabia”
 Devem procurar aproveitar-se de todas as ocasiões em que se verifique
disponibilidade e entusiasmo por parte dos participantes para implementar uma
nova atividade que vá de encontro das suas expectativas
 Recordar que o segredo para agradar a todos é não ter preferência por ninguém em
particular. Tem de ser dada atenção a todos e da mesma forma
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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 Não esgotar em poucos dias todas as energias, deitando-se tarde e acumulando
sonos em atraso. Tem de aprender a gerir a fadiga e o stress, pois de tem de estar
ativo por longos períodos
 Nunca se envolver em comportamentos mais ou menos íntimos ou de fácil equívoco
com qualquer cliente.
O animador tem algo de ilusionista, algo de formador, algo de vendedor, algo de
malabarista, algo de médico, algo de psicólogo, algo de apaziguador, algo de líder, algo de
transformador de estados de espírito, algo de amigo e muito de mensageiro de felicidade.
Dez mandamentos do animador
 Sorri
 Saúda os clientes
 Sê educado e amável
 Controla o teu estado de ânimo em frente aos clientes
 As necessidades dos clientes são as tuas
 Personaliza o serviço
 Surpreende com a tua eficácia e comportamento
 Sê organizado
 Mantém os participantes informados
 Respeita os clientes e os teus colegas de trabalho
O animador, para além da função de entreter os turistas e incentivá-los a participar nas
atividades de animação, deve contribuir para que os mesmos enriqueçam o seu
conhecimento e desenvolvam novas aptidões e competências.
Por outro lado, o animador deve possuir um conjunto de conhecimentos cognitivos (saber
saber), competências técnicas (saber fazer), assim como aptidões pessoais (saber estar)
que lhe permitem exercer a sua profissão de forma eficiente.
Funções do animador
Animador chefe
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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 O animador deve coordenar todas as atividades sociais, desportivas e culturais.
 Deve receber os grupos.
 Deve apresentar os componentes dos grupos.
 Deve motivar os grupos a participar nas diversas atividades.
 Deve manter reuniões periódicas com todos os membros da equipe para
programação das atividades.
 Deve divulgar as programações.
 Deve informar sobre os eventos de interesse geral fora do hotel.
 Deve proceder à contratação de todas as pessoas necessárias para ao devido
desempenho das atividades programadas.
 Deve orientar a avaliação das atividades e elaborar o respetivo relatório final.
Animador gestor
 Identifica e estuda as práticas de animação realizadas pela concorrência.
 Identifica as características e as necessidades do seu público-alvo.
 Estuda as tradições, hábitos e culturas locais.
 Promove acontecimentos festivos identificados ao longo do ano.
 Seleciona e programa novas atividades de animação.
 Elabora programas direcionados a todas as idades.
 Fixa objetivos e metas a tingir relativas à qualidade na animação.
 Identifica as necessidades de ordem técnica, material e humana.
 Efetua orçamentos relativos aos programas a implementar.
 Assume as responsabilidades dos eventos promovidos.
Animador polivalente
 O animador deve ser fluente em pelo menos duas línguas para poder passar a
mensagem corretamente. Para além da comunicação verbal, o animador deve
socorrer-se da comunicação não-verbal e dos meios à sua disposição para
dinamizar, entusiasmar e motivar o turista.
 O animador não se encarrega apenas de divertir. Quando entra em contacto com os
turistas fica incumbido de vender diversão, entretenimento, mediante as atividades
de animação programadas.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
13
 O animador tem de fazer a promoção diária das atividades programadas para o dia
e seguintes, promover a qualidade e a segurança das atividades por forma a que,
ao mesmo tempo, se promova a qualidade da unidade que representa e os serviços
disponibilizados.
 O animador deve estar preparado para resolver conflitos, uma vez que trabalha com
grupos heterogéneos de pessoas. Deve ser capaz de controlar a situação sem
perder a razão, a postura e o respeito pelos turistas.
Animador técnico
 Exercita e põe em prática as técnicas de animação aprendidas no sentido de dar
respostas perante determinadas situações, formular hipóteses, definir estratégias,
escolher instrumentos e realizar procedimentos.
 Prepara antecipadamente os projetos e programas de animação, assim como, as
atividades a realizar no que concerne a:
o Meios técnicos necessários,
o Equipamentos e materiais,
o Recursos humanos e financeiros,
o Gestão do tempo e do espaço,
o Condições de segurança.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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2. Desenho e Organização
2.1. Animação turística nas suas diferentes formas
2.1.1. Animação turística municipal e regional
A animação turística ao nível municipal e regional insere-se nas políticas de
valorização sociocultural e económica dos territórios onde se insere, sendo desenvolvida
pelas entidades com competência de administração municipal (à escala do concelho) e
regional (à escala da região).
Neste âmbito, a animação turística deve fomentar a participação das pessoas à
volta de projetos de desenvolvimento local, regional e nacional, projetando no
turismo as dimensões sociais, culturais e educativas, bem como a preservação do
património cultural, numa perspetiva da participação comunitária, aprofundando os
contributos que a animação turística confere a uma cidadania ativa.
Esta modalidade de animação pode ser desenvolvida pelos seguintes tipos de organizações:
- Autarquias
- Grupos
- Associações voluntárias
- Entidades locais (Associações, instituições socioculturais)
- Entidades de nível intermédio (organizações regionais)
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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2.1.2.Animação desportiva
Define-se por animação desportiva o conjunto de atividades de carácter desportivo
realizadas em espaços naturais, respeitando as suas características e restrições legislativas.
Exemplos de atividades:
-Aquáticas (canoagem, passeios de barco, mergulho, surf, etc.)
-Terrestres (BTT, moto4, escalada, passeios de jipe, orientação, rappel, etc.)
- Aéreas (balonismo, asa delta, parapente, etc.)
2.1.3.Animação Ambiental
A animação ambiental corresponde ao conjunto de atividades de lazer, aprendizagem e
conhecimento que permitem ao turista usufruir dos recursos naturais do destino que visita,
potenciando a sustentabilidade do mesmo.
Exemplos de atividades:
-Rotas temáticas
- Passeios pedestres
- Observação da flora e fauna
- Atividades de educação ambiental
2.1.4.Animação cultural
Por animação cultural podemos entender o conjunto de atividades de animação que se
desenvolvem tendo por base recursos locais de carácter cultural (património cultural
material e imaterial).
Exemplos de atividades:
- Rotas temáticas culturais (gastronomia, vinhos, história, património edificado)
- Passeios pedestres culturais
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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2.2.Técnicas de construção de itinerários
Definição de itinerário
“...um circuito marcado por sítios e etapas relacionados com um tema”.
Este tema deverá ser representativo de uma identidade regional própria, para favorecer um
sentimento de pertença, de reconhecimento ancorado na memória colectiva.
O tema designado pode dar-se a conhecer em torno de diferentes valores culturais:
 o vínculo histórico
 o vínculo etnográfico
 o vínculo social
 uma corrente artística
 uma identidade geográfica,
 uma identidade arquitectónica,
 as atividades tradicionais
 as produções artísticas.
Objetivos dos itinerários
Os itinerários são uma forma de pôr em destaque a diversidade de oferta existente nas
regiões, em torno de um tema condutor, o que contribuirá para o descongestionamento
das áreas urbanas e para o desenvolvimento das regiões interiores.
Planificação de um itinerário
1 - Levantamento das potencialidades do local (análise da oferta)
2 - Estudo do mercado turístico (análise da procura)
3 - Definição de um tema
4 - Comunicação e interpretação
5 - Envolvimento da comunidade
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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Conceito de rota
Entende-se por Rota Turística um conjunto organizado de Circuitos de descoberta e
usufruto de todos os patrimónios, com uma identidade própria e única, fundada na
ecologia e na metafísica da paisagem, acessível a todos os públicos mas com produtos
diferenciados segundo os seus segmentos, potenciador da organização e desenvolvimento
das cadeias de valor da indústria turística.
O conceito de grande Rota, estruturada com Circuitos Turísticos, é o que melhor
serve o planeamento, a gestão racional de recursos e, sobretudo, a eficácia na promoção
turística, permitindo aumentar o índice de permanência, de ocupação e utilização da
Hotelaria e da Restauração, e rentabilizar a animação e a venda de outros
produtos/merchandising.
Tipologias de rotas/ circuitos:
CIRCUITOS E ROTAS TEMÁTICAS CIRCUITOS E ROTAS REGIONAIS
 Desenvolvidos em torno de um
tema (tipologia de património,
período cronológico, etc.)
 Podem englobar uma ou mais
unidades geográfica
 Desenvolvidos em torno de uma
unidade geográfica particular
(Região; Município; Localidade)
 Engloba diversas tipologias de
património natural e cultural
Rota turística - Atividade que integra o sector da animação:
- Promovidas pelo sector público e privado
- Exemplo da natureza compósita do produto (resulta do estabelecimento de redes)
- Forma de organizar a oferta em torno de uma temática
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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- Permite e facilita o acesso/consumo dos recursos de um destino
- Vários tipos de rotas
No processo de construção de itinerários ou rotas turísticas, há que considerar duas
dimensões:
 A construção, que Corresponde ao processo inerente à criação de uma rota
- Conceção do produto/preço
- Questões operacionais
 A gestão, que corresponde ao processo inerente à implementação, prossecução e
avaliação da rota
- Aplicação do marketing
- Estrutura/modelo de gestão
- Parcerias com agentes do sector
A elaboração e realização de um itinerário turístico são o resultado de um longo processo
de estudo e análise de possibilidades e de um conhecimento prévio de dados. A
metodologia utilizada vai depender obviamente do público-alvo já que é isso que deverá
determinar as várias opções bem como os serviços e atividades incluídas.
Interessa pois distinguir a metodologia utilizada quer se trate de um forfait para a procura
(viagem por medida) ou de forfait para a oferta (viagem organizada).
A diferença fundamental é que no primeiro caso é possível saber, com algum rigor, as
necessidades do cliente e, por isso, todos os serviços são direcionados nesse sentido.
No caso da viagem organizada trata-se de conceber e desenvolver um produto que será
posteriormente comercializado pelos canais de distribuição habituais e que será dirigido a
um público mais ou menos alargado.
Em ambos os casos, a organização da viagem exige profissionais especializados.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
19
Embora a metodologia de conceção seja genericamente a mesma, importa salientar que,
em termos logísticos, uma viagem organizada (ou forfait para a oferta) é bastante mais
complexo pela necessidade de planeamento e estudos prévios que exige uma vez que não
se conhece de antemão as necessidades do público-alvo.
Importa, ainda, referir a importância da realização de itinerários no aproveitamento dos
recursos de uma região no sentido de operacionalizar um conjunto de percursos culturais e
turísticos que, em conjunto, constituam uma apresentação razoável do património e
recursos da região.
Este é um dos objetivos da realização de itinerários / circuitos / rotas feitas em parceria
com instituições do sector público e privado do turismo.
Neste caso, a metodologia é orientada por objetivos muito específicos e por isso deve
envolver as seguintes etapas:
 Identificação dos objetivos de elaboração do circuito;
 Identificação do mercado-alvo;
 Determinação das vantagens para o desenvolvimento da região, nomeadamente
do sector turístico;
 Caracterização da região a vários níveis (económico, social, físico, turístico, etc.);
 Caracterização e análise da oferta e procura turística da região (cruzamento de
dados previamente levantados e análise SWOT);
 Seleção dos elementos / atrativos que irão integrar o circuito e definição da
temática, de acordo com o mercado-alvo;
 Elaboração das várias cartas de infraestruturas (representação a cores dos vários
recursos);
 Análise da carta de oferta (quantidade, qualidade, diversidade de recursos e
respetiva distribuição espacial);
 Pesquisa no local (acessibilidade, disponibilidade, segurança, interesse,
pedagogia, etc.);
 Definição e determinação das necessidades de intervenção ao nível das
infraestruturas e atividades (animação, etc.);
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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 Determinação do circuito principal e, eventualmente, de outros complementares
(dependendo do interesse da oferta e do mercado);
 Determinação do Preço do Circuito
 Definição da estratégia de marketing:
- Produto: desenho e descrição do circuito principal e complementares (fontes
documentais, lendas e tradições, meios de transporte, acessibilidades, etc.)
- Preço: circuito, transporte, alojamento e restauração
- Distribuição: locais e mercados a atingir
- Promoção: operadores, logótipo, sinalização, etc.
 Concretização do Itinerário
 Monitorização
De seguida enunciam-se algumas considerações gerais que devem ser tidas em conta na
conceção de um itinerário:
 Evitar etapas quilométricas demasiado longas e seguidas;
 Não introduzir excessivo número de pontos de paragem com interesse, que
podem sobrecarregar a etapa. Cada paragem exige normalmente um mínimo de 15
a 20 minutos, entre descida, subida e atividade, havendo sempre o risco de falta de
pontualidade;
 Não ajustar excessivamente o tempo deixando margens para imprevistos;
 Ter em conta os horários dos monumentos e museus, bem como de outros locais
a visitar;
 Os almoços em rota para grupo devem ser programados entre as 12 e as 14
horas;
 Ter em conta o dia da semana que corresponde a cada dia da viagem e prever
as atividades de acordo com isso;
 Confirmar os horários dos diferentes serviços utilizados, os trâmites assim como
o tempo necessário;
 Ter em atenção os tempos médios das distâncias a percorrer. A título indicativo
sugere-se a seguinte tabela:
Meio de Transporte Distância por Hora (Km/h)
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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Bicicleta 12 a 15 kms / hora
Automóvel / Autocarro
Em circuito urbano: 30 a 40 kms / hora
Em via rápida: 60 a 90 kms / hora
Em autoestrada: 90 a 100 kms / hora
Comboio
Em linha estreita: 30 a 50 kms / hora
Em via larga e rápida: 80 a 90 kms / hora
Em alta velocidade: 150 kms / hora
A Pé 4 kms / hora
Fases da organização de um Itinerário
Preparação
(Antes de)
- Planeamento
- Desenho
- Organização
- Reservas
- Comercialização
- Venda
Desenvolvimento (Durante) - Acompanhamento pelo guia
Análise (Depois de)
- Analisar o modo como decorreu
- Estudo da satisfação do cliente
- Análise do desvio de custos
- Resultados económicos da viagem
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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Motivos da Viagem:
 Férias
 Deporto
 Cultura
 Ecologia
 Saúde
 Religião
 Profissão e/ou negócios
 Lazer organizado
 Turismo alternativo
 Turismo Social
Fatores Técnicos
Meios de deslocação Itinerários pedestres, de autocarro, de avião, barco, etc.
Duração De 3, 7, 15 dias ou de meses.
Distâncias Curtas, médias ou grandes distâncias.
Modo de viajar Individual, coletivo, pré-organizado ou feito à medida do
cliente.
Época do ano Sazonais, calendário fico, acontecimentos especiais.
Fatores Sociais
Meio Social O modo de vida e condições económicas.
Origem Geográfica A procura de um meio geográfico diferente do seu quotidiano.
Profissão Indicador dos gostos e potencial económico.
Idade Essencial para avaliar os interesses e capacidade física.
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Cultura Para ajudar na seleção e apresentação do itinerário.
Fatores Comerciais
Equipamentos da região
recetora
Alojamento e atrativos principais e secundários.
Preços nas zonas a visitar Nível de vida e taxas de câmbio.
Possíveis vantagens para os
clientes
Incentivos específicos: preço do combustível mais reduzido em
determinado país, isenção de impostos (zonas francas).
Inventário dos Recursos Naturais
A paisagem e seus componentes
 Geologia
 Clima
 Relevo
 Hidrografia
 Flora
 Fauna
Inventário dos Recursos Humanos
Atrativos
Históricos
 História
 Arte
 Tradições
 Folclore
Atrativos
Contemporâneos
 Atualidade
 Ciência e Técnica
 Artesanato
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 Gastronomia
 Celebridades
Inventário dos Recursos Turísticos
Equipamentos
Recreativos
 Atracões artificiais
 Parques recreativos
Manifestações
Culturais
 Festivais
 Exposições de arte
 Som e luz
 Festividades
Manifestações Desportivas e
Comerciais
 Competições
 Torneios
 Feiras e salões
Inventário de Alojamento:
 Deve-se considerar:
 Nº de participantes;
 A nacionalidade e hábitos dos turistas;
 A idade dos participantes
 A relação qualidade / preço
 Seleção da categoria em função do segmento de mercado:
 A quem se dirige este produto?
 Ou quem está atualmente a comprar circuitos?
 Nota:
 Evitar grandes diferenças entre os hotéis do mesmo circuito.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
25
 É conveniente ter atenção à localização do hotel, facilidade de acesso, serviços
complementares.
Percursos de Viação
Ao estabelecer um quadro técnico do itinerário deve-se ter em atenção os seguintes
aspetos:
As etapas Cuja sucessão forma a estrutura do itinerário.
As estradas Se têm as condições necessárias para o tipo de veículo
utilizado, pela sua largura, altura, inclinação e tráfico.
A quilometragem Em equilíbrio entre os diversos pontos de paragem.
O coeficiente de viabilidade Resultante dos kms percorridos e a velocidade da
viatura ou seja a média horária de km.
Os diversos tempos Calculados em função do nº de pax e rapidez do meio
de transporte.
Os tempos de paragem Sempre indicados com a respetiva justificação.
Percursos de Viação – Esquema Operacional
Estradas Anota-se o “nome” (EN125, IP1) de estrada e algumas indicações
que facilitem a orientação.
Itinerário
Anota-se as localidades de origem e destino e referem-se as
povoações mais importantes.
Quilómetros Anota-se os kms que separam as populações.
Objetivo = determinar os horários mais coerentes na viagem.
Condicionantes = kms, o programa, o que visitar, quanto tempo se
dispõe, a que hora se deve estar em determinado lugar, onde e a
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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Horários que horas se realizam as refeições, qual o programa do dia seguinte,
etc.
Paragens = no máximo de 3 em 3 horas.
Tempos Anota-se os tempos “net” que se demora de uma povoação a outra.
Paragens e Visitas Indica-se os lugares a visitar e as paragens realizadas.
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2.3.Clientes alvo – características e necessidades
Para que serve construírem-se equipamentos de lazer, organizarem-se programas de
animação e iniciarem-se diversas atividades, se elas não corresponderem às expectativas
daqueles que estão em férias – os turistas ou os visitantes?
As motivações mais comuns são as seguintes:
 A evasão e a deslocação;
 O repouso e o descanso;
 A procura de um ambiente agradável;
 As relações humanas;
 A capacidade de expressão e de criação, tendo em vista a participação em certas
atividades;
 A curiosidade pelo mundo exterior e o sentido de descoberta, muitas vezes
associado a aspirações culturais;
 O prazer das sensações ou dos sentidos;
 O divertimento ou o entretenimento.
O conhecimento destas características gerais, comuns a numerosos visitantes que fazem as
suas estadias num destino turístico, não é contudo suficiente para a preparação de
estruturas ou a criação de programas de animação.
De facto, é igualmente imprescindível conhecer as motivações que determinaram a escolha
de um destino turístico em detrimento de outro, de uma atividade de lazer em vez de
outra. É preciso saber o porquê e o como, das atitudes atuais e futuras dos visitantes,
perante uma situação ou face a atividades de lazer pré-definidas.
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28
O conhecimento do mercado atual e potencial, relativamente a um projeto de animação de
um destino turístico, de uma região ou de um núcleo recetor de turismo será porém
insuficiente se se limitar às motivações e atitudes dos turistas.
Na realidade, o conhecimento deve estender-se às características socioeconómicas da
procura analisada, à sua previsão de desenvolvimento e ainda às ofertas da concorrência.
A evolução quantitativa da procura turística e a especificidade de algumas motivações dos
turistas, podem ter incidência direta ou indireta na participação das diferentes atividades de
animação, nomeadamente:
 A origem geográfica dos visitantes e a distância a que se encontram da região ou do
destino turístico objeto da sua preferência;
 Os idiomas falados pelos visitantes;
 Os meios de transportes utilizados para fazer a sua estadia no destino turístico;
 Os meios de alojamento que habitualmente frequentam;
 As formas de viagem que normalmente adotam: viagem individual, em família, em
grupos organizados, etc.
 As suas categorias socioprofissionais;
 Os seus rendimentos e os gastos de lazer;
 O tempo de férias e a duração média da sua estadia;
 A idade e o sexo;
 O nível de educação ou as habilitações literárias.
De facto, a animação turística pode constituir-se como uma importante vantagem
competitiva e mesmo como fator crítico de sucesso para a promoção de um destino
turístico, contribuindo de forma decisiva para a sua afirmação e diferenciação face a
destinos concorrentes.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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2.4.Oferta e recursos turísticos disponíveis
Para a definição de oferta turística concorre um conjunto de elementos, bens e serviços
que sejam adquiridos ou utilizados pelos visitantes, tal como aqueles que foram criados
com o intuito de satisfazer as suas necessidades. Concorrem ainda os elementos naturais e
culturais que fomentam a deslocação dos visitantes.
Contudo, é difícil estabelecer a distinção entre a oferta classificada como turística e aquela
que não possa ser considerada como tal. Depende sim do tipo de utilização a que está
sujeita, seja por visitantes, seja por residentes.
Podemos assim dizer que é o consumo turístico que define a oferta turística. É o caso dos
estabelecimentos de restauração, cuja utilização é simultaneamente feita por visitantes e
por residentes.
No que concerne às características, a oferta turística diferencia-se da oferta de outra
qualquer atividade nos seguintes elementos:
– Os bens produzidos não podem ser armazenados, ou seja não se poderão
constituir stocks, à semelhança das outras atividades produtivas;
– O consumo turístico é condicionado pela presença do cliente, isto é, neste caso o
cliente tem de se deslocar até ao local de produção dos bens e serviços
– A produção e o consumo são simultâneos, pelo que só existe produção turística
quando há consumo;
– A oferta turística é imóvel, uma vez que um recurso turístico (praia, monumento)
não pode ser transferido para outro local associado a melhores condições de venda;
– O produto turístico é compósito, na medida em que qualquer deslocação turística
envolve um conjunto de bens e serviços que concorrem entre si em
complementaridade (alojamento, alimentação,...); – A intangibilidade do produto
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turístico, tornando-o imaterial, uma vez que só consumindo esse produto poderão
ser testados.
Apesar da oferta turística de qualquer destino ser variável, podemos dizer que a procura
só poderá ser satisfeita com base num conjunto mínimo de componentes oferecido:
– Recursos Turísticos - constituem a parte fundamental da oferta, podendo ser
naturais ou construídos;
– Infraestruturas - construções subterrâneas e de superfície, tais como redes
técnicas e acessibilidades, essenciais ao suporte da atividade turística;
– Superestruturas - constituídas por equipamentos que respondem diretamente às
necessidades da procura turística, entre eles o alojamento e os restaurantes;
– Acessibilidades e transportes - dos quais são parte integrante as vias de
comunicação, bem como os meios de transporte e a sua organização;
– Hospitalidade e acolhimento - as condições com que se recebe os visitantes
podem constituir um fator de diferenciação e atratividade no turismo.
Num contexto em que o turismo assume cada vez um peso mais significativo na base
económica nacional, os recursos inerentes a um determinado território constituem o seu
potencial, apesar de, por si só, não serem suficientes ao funcionamento da atividade
turística, devendo ser equacionados e potenciados enquanto fatores de atracão e
diferenciação.
Os recursos naturais constituem elementos do meio natural passíveis de serem utilizados
para satisfação de necessidades humanas. Contudo, o simples facto de existir um elemento
natural não lhe confere a categoria de recurso. Como tal, é necessário haver uma
intervenção do homem de forma a capacitá-lo na satisfação
das necessidades humanas.
Os recursos constituem assim a base do desenvolvimento turístico, na medida em que
promovem a deslocação de pessoas enquanto atracão sem o objetivo de realizarem uma
atividade remunerada ou satisfazerem uma necessidade decorrente da deslocação.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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Numa perspetiva de Marketing, recorre-se á utilização dos recursos a fim de criar produtos
turísticos e finalmente conceber as ofertas turísticas. Estas são percecionadas pelos
consumidores como destinos turísticos.
Como tal há que proceder, numa dada região à inventariação dos recursos ai existentes,
pois eles são a base sobre a qual se vai desenvolver a atividade turística.
Os serviços e equipamentos deverão ser definidos com vista a proporcionar ao turista a
utilização dos recursos, satisfazendo as suas necessidades e possibilitando-lhe a fruição dos
atrativos do destino.
Neste sentido estamos face a produtos turísticos ou seja, a conjuntos de componentes que
agregados são capazes de satisfazer as motivações e as expectativas de um determinado
segmento de mercado.
Precisamos agora de lhe atribuir um preço, distribui-los e dá-los a conhecer de forma a que
os consumidores os percecionem e saibam como e onde podem adquiri-los.
Concebemos assim ofertas turísticas (conjuntos de serviços) que se podem comprar por
determinado preço, que se desenvolvem em determinado local num tempo especifico
possibilitando a quem os adquire a fruição de uma experiência de viagem completa.
O turista requer pois, um conjunto de serviços que não se limitam ao alojamento e ao
transporte, exigindo também atividades recreativas. Neste caso a inovação e o
desenvolvimento de novos produtos surgem como fundamentais no sentido da obtenção de
êxito por parte das empresas que trabalham na área da animação.
A imaginação reveste-se de extrema importância e a criatividade é imprescindível para não
criar fadiga ou cansaço no turista. O marketing assume assim um papel de extrema
importância e relevo.
Caso se pretenda lançar um programa de animação á que ter em atenção ao seguinte:
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- Estudo da procura e das suas motivações em relação às atividades recreativas
(estar em ambientes agradáveis, alargar as relações sociais, divertir-se,
desenvolvimento da personalidade etc.)
- Estudo da oferta (recursos naturais e histórico-culturais adequados para o
desenvolvimento de programas de animação, existência de instalações turísticas
adequadas etc.)
As fases de lançamento de um produto de animação requerem um plano de marketing que
comporte:
- A criação de possíveis ideias de recreação e animação
- Processo de seleção das mesmas mediante testes feitos a terceiros
- Valorização económica da sua rendibilidade
- Desenvolvimento de projetos e produtos para a sua aplicação
- Distribuição e promoção do produto
- Comercialização e venda concreta.
Assim é importante que os gestores de animação realizem as seguintes atividades:
- Estudos da procura e da oferta (características dos clientes e dos recursos)
- Planificação dos projetos de animação de acordo com os resultados dos estudos
- Definição dos pressupostos e dos meios financeiros
- Definição das relações de cooperação com os diversos sectores que participam
na campanha turística geral (alojamento e transportes)
- Utilização racional dos recursos e do projeto de animação
- Realização dos programas definindo os diferentes campos de ação
- Atividades de promoção e venda (sites, folhetos brochuras etc.).
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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2.5.Recursos existentes – humanos e materiais
Está bastante difundida a ideia preconcebida que a animação turística exige a utilização de
materiais equipamentos e recursos em grande quantidade e de elevado custo.
Na verdade o volume e o custo do material apresentam-se sempre diretamente
proporcionais à ambição e à dimensão que se quer dar aos programas de animação.
É no entanto ideal a ótima utilização do já disponível e para tal temos de considerar:
 Atrativos naturais (O que é que o local dispõe em termos de recursos naturais, se é
perto de praias ou barragens, montanhas etc.)
 Atrativos de carácter cultural (Monumentos, ruínas, tradições etc.)
 Facilidades (Transportes, serviços públicos, de saúde etc.)
 Equipamentos e serviços diversos (Disponíveis ou fáceis de alugar)
 Recursos técnicos (e a região tem por ex. monitores de escalada ou eletricistas
técnicos de som)
 Recursos financeiros (Orçamentos, patrocínios, subsídios etc.)
 População local (Se poderão ser envolvidos na animação como colaboradores
logísticos)
A animação promove e mobiliza recursos humanos mediante um processo participativo que
desenvolve potencialidades latentes nos grupos de indivíduos de modo a permitir-lhes
expressar, estruturar e dinamizar as suas próprias experiências.
No campo da ação, a prática da animação exige a resposta a 6 questões fundamentais:
Pessoas
 Destinatários dos programas/atividades
Lugares
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 Âmbito espacial onde se realizam as atividades
Tempo
 Âmbito temporal (hora, dia, período do dia, vários dias)
Atividades
 Definição das atividades que servem de suporte aos programas
Métodos
 Procedimentos e técnicas a utilizar para a organização e realização de atividades
Meios técnicos
 Recursos utilizados (materiais e financeiros).
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2.6. Oferta turística a contemplar no programa
A legislação refere algumas atividades, serviços e instalações de Animação, que podemos
sintetizar da seguinte forma:
Para que determinado projeto possa ser enquadrada no âmbito da Animação, há que ter
em conta certas condicionantes legais, nomeadamente no que respeita a:
» Gastronomia
Deve promover as receitas e formas de confeção tradicionais,
designadamente incorporando as matérias-primas e os produtos tradicionais,
bem como os produtos de base local e regional, constituindo um meio de
divulgação de estabelecimentos de restauração e bebidas tradicionais.
» Produtos Tradicionais Regionais
Devem ser promovidos e comercializados, obedecendo aos requisitos
exigidos por lei.
Atividades Serviços Instalações
− Gastronomia
− Artesanato
− Circuitos temáticos
− Expedições
− Produtos locais
− Eventos
− Passeios (a pé, a cavalo, de bicicleta, de barco…)
− Informação
− Guias de Natureza
− Comércio Tradicional
− Transportes
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- Centros de Interpretação
- Pólos de receção/locais de animação
- Locais tradicionais de comércio
− Feiras
− Parques de merendas
− Outras infraestruturas de apoio
» Artes e Ofícios Tradicionais da Região
São as atividades que compreendem o fabrico de materiais e objetos, de
prestação de serviços, de produção e confeção de bens alimentares e arte
tradicional de vender, ou incorporem uma quantidade significativa de mão-
de-obra e manifestem fidelidade aos processos tradicionais.
Devem ser promovidos por forma a garantir o interesse para a economia e
tradição do saber fazer local, contribuindo para a dinamização de feiras
regionais.
» Estabelecimentos tradicionais de convívio, de educação e de comércio
São estabelecimentos comerciais onde se consomem e transacionam
produtos resultantes das atividades ligadas às artes e aos ofícios. A
instalação ou recriação destes locais deve garantir a manutenção das
características arquitetónicas da região e contribuir para a identificação
cultural e social que estes estabelecimentos representam.
» Feiras, Festas e Romarias
Devem contribuir para a dinamização da economia local e manifestações
socioculturais características.
» Rotas Temáticas e Expedições Panorâmicas e Fotográficas
Devem privilegiar a divulgação e promoção dos contextos mais
representativos da economia, cultura e natureza e devem promover a
utilização e a recuperação de meios de transporte tradicionais.
» Passeios a Pé, de Barco, a Cavalo e de Bicicleta
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Devem respeitar os trilhos e a sinalização existente, bem como as limitações
estabelecidas quanto ao número de atividades ou visitantes em relação a
alguns locais e ou época do ano.
» Passeios em Veículos Todo-o-Terreno
Devem respeitar os trilhos e a sinalização existente, bem como as limitações
estabelecidas quanto ao número de atividades ou visitantes em relação a
alguns locais e ou época do ano. Devem ainda ter como objetivo a
divulgação dos valores naturais e culturais.
» Jogos Tradicionais e Parques de Merendas
Devem contribuir para a dinamização e revitalização de formas de convívio e
ocupação dos tempos livres.
» Pólos de Animação
São locais onde se reúnem uma ou mais ocorrências de animação, podendo
integrar valências da interpretação e do desporto de natureza.
Devem contribuir para a revitalização dos lugares através da recuperação e
promoção do seu património cultural e das atividades económicas
características.
» Meios de Transporte Tradicionais
Devem ser adequados ao fim da visita e da manutenção das condições
ambientais, nomeadamente através da utilização de transportes coletivos,
tradicionais ou que adotem energias alternativas. Técnica multidisciplinar de
tradução da paisagem, do património natural e cultural.
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2.7. Normas de segurança inerentes ao serviço a prestar
A Gestão do Risco de formação outdoor e atividades em regime de ar livre, ou seja, a
execução do conjunto das atividades de controlo que permitem mitigar os riscos, pressupõe
que a própria Organização responsável pelos programas de atividades de formação outdoor
defina uma política de atuação onde expressa a sua capacidade para correr riscos
(apetência pelo risco) e as estratégias que considera adequadas de acordo com a sua
cultura, para mitigar os mesmos, assumindo a perspetiva de poder haver desvios, bem
como dos custos que lhe são inerentes.
As atividades de controlo deverão estar descritas em processos e procedimentos
suportados pela política interna da Organização, sujeitos à legislação e à regulamentação
existentes, seguindo as normas ou as boas práticas aplicáveis às características dos
processos do negócio das atividades e formação outdoor.
Cada atividade dentro de um programa de formação outdoor tem características únicas e
decorre em circunstâncias únicas, sejam externas ou internas.
Isto significa que para cada novo programa de atividades ou formação outdoor ou de
atividades outdoor serão adequados às circunstâncias e ao nível de preparação dos
participantes, sendo necessário fazer uma análise específica dos riscos e que os processos
de Gestão de Risco do Programa de formação.
Uma má gestão dos riscos operacionais do programa ou da atividade outdoor constitui uma
ameaça real para estes: o risco é a ameaça de um evento, circunstância ou uma ação
afetar de forma adversa a capacidade das pessoas envolvidas na atividade ou formação
outdoor para atingir os seus objetivos ou implementar as estratégias de atuação.
A avaliação e gestão do risco é inerente à atividade desenvolvida para os programas de
natureza e ar livre. Qualquer atividade humana segura a 100% é inexistente.
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No plano teórico, elementos simples servem de enquadramento a uma trilogia clássica na
Avaliação e Gestão do Risco, tendo em conta os fatores decisivos de tempo e
circunstâncias envolventes:
1. Recolha de informação tão ampla e completa quanto possível.
2. Análise da informação, construção de cenários, listagem de opções e interações.
3. Tomada de decisão e rapidez na ação.
De uma forma mais complexa, a metodologia para a avaliação e gestão do risco percorre
por 5 fases, de modo a construir um sistema de elevados padrões de exigência:
1. Reconhecer os tipos e níveis de risco inerentes a cada atividade.
2. Analisar os fatores de causa-efeito.
3. Determinar as ações e medidas a tomar; elaborar mapas e procedimentos.
4. Rever assiduamente em face de acontecimentos e novas ameaças.
5. Estabelecer medidas corretivas.
Em função dos objetivos dos diferentes programas de atividades, diferentes graus de risco
podem ser aceitáveis e devem ser parametrizados em função das suas características. A
definição do nível de risco aceitável faz a diferença entre o bem estar e a incomodidade,
entre o prazer e o sofrimento e no limite, entre a vida e a morte.
Forçar os níveis de risco aceitáveis para cada atividade, provocará a insegurança,
potenciará conflitos, aumentará a possibilidade de descontrolo e, por fim, o insucesso
daquela atividade.
Perceber o nível de risco aceitável em cada atividade e programa, bem como a
determinação dos fatores essenciais para determinados objetivos da atividade, permite
adequar a gestão de risco em qualquer etapa, de modo a gerir o ciclo de avaliação do
risco: identificar os riscos, decidir como gerir o risco inerente ao programa, assim esteja de
acordo com os objetivos traçados
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Avaliar o que pode correr mal em qualquer atividade requer o cuidado necessário e
experiência considerável para identificar o tipo de situações e acasos que possam acontecer
nas atividades de Aventura.
Conhecer as experiências anteriores e as referências de solução, bem como ler os manuais
ou trocar experiências com pessoas mais experimentadas pode ajudar a desenvolver esta
experiência.
A análise das situações mais sistemáticas que podem influenciar o desenrolar das
atividades em sentido desviante do objetivo traçado, pode ser vista sob a perspetiva de 3
eixos, fontes do risco:
 Atividade – as coisas que tipicamente podem correr mal
 Participantes – a sua perícia única e o nível de conhecimento
 Envolvente – o tempo, as condições de superfícies, o equipamento, etc.
Caso as consequências dos riscos identificados acima sejam inaceitáveis em função dos
objetivos do programa, logo são requeridas outras estratégias de Gestão do risco. Estas
podem estar assentes em 3 princípios básicos:
 Reduzir o risco pela tomada de precauções adicionais.
 Avaliar o risco inteiramente.
 Proceder porque o risco parece aceitável.
Em resumo: este sistema simples de Avaliação e Gestão do Risco torna-se quase uma
mnemónica para o staff e deve ser lembrado quando dele precisam.
Porém, a experiência e o treino é que tornarão os monitores mais habilitados para prever e
antecipar as medidas mais adequadas perante as situações imprevistas surgidas em
atividades com maior complexidade e perante os acasos de interatividade na natureza.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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3.Programação de atividades
3.1. Planeamento e programação de etapas
Os projetos de animação deverão criar uma atmosfera tal, que permita ao cliente um
ambiente de bem-estar, oferecendo-lhe diversas possibilidades de se divertir, distrair,
satisfazer a curiosidade e descobrir as particularidades do local onde se encontra:
Características:
- Flexíveis e abertos a alternativas propostas
- Diversificados, visando a satisfação dos diferentes públicos
- Cativantes, visando o ritmo e a anulação de tempos mortos
- Adequados ao público, recursos e equipamentos
- Complementares, visando a sua harmonia
Na elaboração do projeto importa responder a algumas questões fundamentais,
nomeadamente:
- Para quem (quem é o publico alvo a que se vai dirigir a animação
- Para satisfazer que necessidades (quais as necessidades do cliente alvo)
- Que ocupação de espaço (m2, acessibilidades, características geográficas)
- Que equipamentos (Fazer lista de todos os equipamentos necessários para
o evento)
- Quem envolver (pessoas que vão estar envolvidas monitores forças de
segurança bombeiros etc)
Plano de Animação
É nesta fase que se define concretamente o que se vai fazer quando e onde se vai
fazer o programa de animação.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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1. Definir a ideia (O que se vai fazer)
2. Estratégia de implementação (Como é que se vai por em prática)
3. Variáveis do Marketing Mix (analisar)
4. Esquematização das infraestruturas existentes (atender aos vários aspetos como
sendo saneamento básico, recolha de lixo, parques de estacionamento,
acessibilidades etc.)
5. Concretização do local (ter em conta o ponto anterior e fazer planta do local ou do
percurso do evento)
6. Definição de equipamentos (listagem dos equipamentos necessários para o evento)
7. Orçamento financeiro
8. Estrutura legal (Autorizações legais e licenças)
9. Estrutura operacional (Programa como vão decorrer as atividades horários etc)
10. Análise e avaliação dos resultados
Um bom processo de marketing está ligado ao tempo despendido na análise dos elementos
disponíveis na contínua e disciplinada análise de questões que quando respondidas
determinarão o sucesso da implementação de atividades que geram a animação.
Barreiras à implementação do plano de Animação
Existem fatores de ordem diversa que colocam em causa a realização de determinados
eventos ou programas de animação:
 Não tem retorno de investimento tangível o que origina falta de interesse por parte
e eventuais investidores/patrocinadores
 Geras despesas consideráveis quando confrontadas com as receitas previsíveis (não
é viável do ponto de vista económico)
 A aceitação por parte do público-alvo não é espontânea, implicando uma revisão do
projeto
 Existem esforços de contenção de despesas que não se coadunam com os
resultados pretendidos
 Se a criação de determinado evento é demasiado dispendiosa e não se espera um
retorno de capital, verifica-se um desinteresse pelo plano ou pelo evento
Que fatores podem conduzir ao sucesso da animação?
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- Planificar todas as variáveis do programa (planificando todas as etapas)
- A Esquematização das infraestruturas deve ser considerada prioritária
- Nunca esquecer que os patrocinadores são um instrumento importante do
Marketing e são geradores e receita
- Promotores privados necessitam do suporte do sector público (entidades oficiais)
- A promoção é um fator crítico de sucesso
- Pequenas comunidades são igualmente tão importantes como as grandes, porque
permitem a focalização dos eventos de animação
- Envolver sempre que possível as comunidades locais no evento
- Não esquecer que o impacto económico consegue sempre unir esforços da
comunidade para o evento/animação
- Fazer eventos por vezes não é economicamente viável, usar o que temos
disponível gratuitamente
- Quanto maior for o evento/animação, maior será a importância da comunidade no
desenvolvimento do mesmo. Usar voluntários sempre que existam.
Metodologia do projeto de animação turística
A elaboração completa e concisa de um projeto de animação turística pressupõe a
conjugação harmoniosa de todos os passos conducentes à execução do mesmo.
O processo metodológico a seguir pelo animador divide-se em 4 fases:
1 – análise
2- diagnóstico
3 – planificação de atividades
4 – avaliação
1 – Análise
A primeira fase corresponde à análise exaustiva e detalhada do estabelecimento turístico e
do ambiente que o rodeia e influencia. Paralelamente, devem esboçar-se os objetivos
gerais e específicos, definir datas espaciais a enquadrar no projeto e listar sistemas de
controlo e avaliação.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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Quanto maior for o rigor e a profundidade da investigação inicial, maior será a
probabilidade de sucesso nas fases posteriores.
A fase de análise inicia-se com o estudo detalhado de um conjunto de fatores
determinantes, cujo conhecimento permitirá elaborar um projeto adequado, o mais
possível, à realidade em questão.
Ambiente interno e externo
– Tipologia de estabelecimento
– Localização do estabelecimento
– Ambiente imediato e proximidade
– Condições climatéricas e sazonalidade
Recursos físicos
– Instalações
– Equipamento técnico
Tipologia de clientes
– Faixa etária
– Classe social
– Comportamento segundo a nacionalidade
Recursos humanos
– Equipa de animação
– Staff do estabelecimento
2 – Diagnóstico
A elaboração de um diagnóstico pressupõe a identificação das necessidades atuais do
estabelecimento em termos de animação, após a análise efetuada, e a previsão dos
impactos e consequências do projeto. Assim sendo, o nível de detalhe da análise influencia
a capacidade de antevisão dos impactos.
3 – Planificação
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
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Planificar significa traçar os planos de ação conducentes à execução do projeto. Para além
de constituir uma necessidade, pode ser considerada um instrumento e método de trabalho
em si mesmo.
Esta fase implica reflexão, previsão, adequação, coerência, equilíbrio e flexibilidade.
A planificação consiste em antecipar, prever e procurar antever como se deve desenvolver
o projeto em função do estabelecimento e dos turistas.
Nesta fase fixam-se os objetivos, a metodologia de aplicação, as atividades, as técnicas de
controlo e avaliação das mesmas, assim como a distribuição de funções e responsabilidades
segundo um horário estabelecido.
A planificação ajuda a reduzir a incerteza e orienta a tomada de decisões.
4 – Avaliação
Avaliar consiste em comparar o resultado obtido com o resultado que se deveria ter
alcançado em função da aplicação das atividades programadas.
No entanto, a avaliação não deve ser entendida como um processo final, mas sim como um
processo contínuo que permite corrigir o projeto á medida que vai sendo aplicado. Facilita a
deteção antecipada de possíveis erros e desvios, permitindo a respetiva correção.
Uma das ferramentas mais utilizadas e fiáveis consiste na aplicação de inquéritos.
Permitem auscultar a opinião dos turistas e recolher informação verídica e atualizada.
Constituem uma fonte contínua de dados, a partir dos quais se detetam potenciais erros
num curto espaço de tempo, facilitando a sua correção rápida e oportuna.
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II - Atividade profissional – animação turística
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1. Atividade de animação e modo de funcionamento
1.1. Empresas que prestam serviços no âmbito da animação
turística – caracterização
Processo de licenciamento
O registo é obrigatório para TODAS as empresas de animação turística ou operadores
marítimo-turísticos. O pedido efetuado através de formulário eletrónico está disponível em
www.turismodeportugal.pt (Serviços na Web → Registo Nacional de Turismo → Serviços de
Registo).
Elementos necessários:
• Número de Identificação Fiscal (NIF) e a password das Finanças relativa à
entidade que vai proceder ao registo;
• Documento comprovativo do início de atividade ou certidão do ato constitutivo da
empresa;
• Código de acesso à Certidão Permanente ou Certidão do Registo Comercial;
• Certificado de Microempresa (se aplicável), mesmo que seja empresário em nome
individual;
• Documento de Registo da Marca no INPI (caso a empresa pretenda utilizar uma
marca);
• Documentos identificativos da Equipa de Gestão;
• Apólices de Seguros (condições particulares e gerais);
• Documentos comprovativos do pagamento dos seguros;
• Declaração em como os equipamentos e/ou as instalações satisfazem os requisitos
legais.
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Taxas de Registo
• 950€ para empresas certificadas como Microempresas
• 1500€ para as restantes
• 245€ para operadores marítimo-turísticos
Requisitos principais
Seguros
Nenhuma empresa de animação turística ou operador marítimo-turístico pode iniciar ou
exercer a atividade sem fazer prova junto do Turismo de Portugal, I.P. de ter celebrado os
contratos de seguro obrigatórios e de que os mesmos se encontram em vigor.
1. Acidentes Pessoais
(Empresas de Animação Turística e operadores marítimo-Turístico)
O seguro deve garantir:
• Pagamento das despesas de tratamentos, incluindo tratamento hospitalar,
medicamentos, até ao montante anual de 3.500 Euros;
• Pagamento de um capital de 20.000 Euros, em caso de morte ou invalidez
permanente dos seus clientes, reduzindo-se o capital por morte ao reembolso das
despesas de funeral, quando estes tiverem idade inferior a 14 anos.
2. Assistência às Pessoas, válido exclusivamente no estrangeiro
(Empresas de Animação Turística e operadores marítimo-Turístico)
O seguro deve garantir:
• Pagamento do repatriamento sanitário e do corpo;
• Pagamento de despesas de hospitalização, médicas e farmacêuticas, até ao
montante anual de 3.000 Euros.
3. Responsabilidade Civil
(Empresas de animação turística)
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O seguro deve garantir:
• 50.000 Euros por sinistro e anuidade que garanta os danos causados por sinistros
ocorridos durante a vigência da apólice, desde que reclamados até um ano após a
cessação do contrato.
(operadores marítimo-Turístico)
Cobertura de capital mínimo obrigatório de:
• 50.000 Euros para embarcações dispensadas de registo e para os operadores
marítimo-turísticos que exerçam a atividade na qualidade de inscritos marítimos;
• 100.000 Euros por embarcação para embarcações com capacidade até 12
pessoas, excluindo a tripulação;
• 200.000 Euros por embarcação para embarcações com capacidade entre 12 a 30
pessoas, excluindo a tripulação;
• 250.000 Euros por embarcação para embarcações com capacidade para mais de
30 pessoas, excluindo a tripulação.
Em todos os seguros devem constar expressamente nas respetivas condições particulares a
identificação das atividades cobertas.
Os montantes mínimos fixados em todos os seguros são atualizados anualmente, em
função do índice de inflação publicado pelo INE no ano imediatamente anterior, e os
montantes decorrentes da atualização são divulgados no portal do Turismo de Portugal,
I.P.
Atividades isentas de pagamento de taxa de registo:
• Agências de Viagens e Turismo desde que solicitem prévia autorização ao Turismo
de
Portugal, I.P. através da sua inscrição no RNAVT e prestem as garantias exigidas;
• Empresas proprietárias ou exploradoras de Empreendimentos Turísticos, apenas
quando prevejam no objeto social a possibilidade de exercerem atividades de
animação turística, complementarmente à atividade principal (mediante
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
50
comunicação ao Turismo de Portugal, I.P., desde que cumpram os requisitos
específicos da atividade e os seguros obrigatórios);
• Associações, Fundações, Misericórdias, Mutualidades, Instituições Privadas de
Solidariedade Social, Institutos Públicos, Clubes e Associações Desportivas,
Associações Ambientalistas, Associações Juvenis e entidades análogas, desde que
verifiquem os seguintes requisitos:
— Prevejam no objeto social a possibilidade de exercerem atividades
próprias das empresas de animação turística;
— A organização das atividades não tenha fim lucrativo;
— Se dirija única e exclusivamente aos seus membros ou associados;
— Não utilizem meios publicitários para a promoção das atividades;
— Obedeçam às regras inerentes à empresas de animação turística;
— Prestem garantias dos seguros exigidos.
A utilização de marcas por empresas de animação turística carece de comunicação ao
Turismo de Portugal, I.P..
No caso das empresas de animação turística, com registo válido, que pretendam registar-se
também como operadores marítimo-turísticos, não é cobrada taxa de inscrição.
No caso dos operadores marítimo-turísticos que pretendam registar-se como empresa de
animação turística é cobrada uma taxa que corresponde à diferença entre o valor pago e o
valor no novo registo.
Instalações e equipamentos
As instalações e equipamentos devem satisfazer as normas vigentes para cada tipo de
atividade (licenciadas ou autorizadas nos termos da legislação aplicável e pelas entidades
competentes).
1. Veículos automóveis autorizados
As empresas podem utilizar veículos automóveis para passeios turísticos ou transporte de
clientes no âmbito das atividades de animação que desenvolvam:
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
51
• Veículos automóveis até 9 lugares: o motorista deve ter documento comprovativo
do horário de trabalho e da identificação da empresa, a especificação do evento, a
data, a hora e o local de partida e de chegada, para ser exibido a qualquer entidade
competente que o solicite;
• Veículos automóveis com mais de 9 lugares: têm que se licenciar como
transportador público rodoviário de passageiros, interno ou internacional, pelo
Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT) (no caso de serem
detentores dos veículos);
• Os veículos podem ser alugados a uma transportadora.
2. Embarcações autorizadas e normas
Nas atividades marítimo-turísticas podem ser utilizadas:
• Embarcações registadas como ”auxiliares”, designadas como marítimo-turísticas.
As embarcações auxiliares classificam-se de acordo com a área de navegação:
— Locais ou de porto (operam dentro dos portos, rios, rias, esteiros, lagos,
lagoas, albufeiras e em águas sob jurisdição dos órgãos locais da Direção-
geral da Autoridade Marítima);
— Costeiras (operam ao longo da costa à vista de terra);
— Do alto (operam para além da área costeira).
• Embarcações dispensadas de registo: pequenas embarcações de praia sem motor,
nomeadamente botes, charutos, barcos pneumáticos, gôndolas, pranchas com ou
sem vela e embarcações exclusivamente destinadas à prática do remo. Neste caso,
os operadores marítimo-turísticos devem ter uma embarcação com motor,
exclusivamente destinada à assistência das restantes, com placa sinalética no casco
ou na superstrutura com a inscrição «EA» (embarcação de assistência).
 Embarcações de recreio: para aluguer e pesca turística, até ao limite de 12 pessoas
(excluindo a tripulação);
 Embarcações de comércio que transportem mais de 12 passageiros.
As embarcações de apoio devem dispor de uma inscrição no costado, constituída pelo
nome da embarcação principal a que pertencem, seguida da palavra «APOIO», de altura
não inferior a 6 cm, devendo ser numeradas, caso haja mais do que uma.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
52
Consideram-se embarcações de apoio as embarcações miúdas, com ou sem motor,
embarcadas ou rebocadas, destinadas a apoiar a embarcação principal, nomeadamente em
situações de embarque ou desembarque.
1.2 Contexto associativo
A APECATE - Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação
Turística e Eventos, constituída por escritura pública em 17 de Janeiro de 2007, é uma
associação empresarial que resulta da fusão de três associações:
 a APOPC - Associação Portuguesa de Organizadores Profissionais de Congressos,
 a PACTA - Associação Portuguesa de Empresas de Animação Cultural e de Turismo
de Natureza e Aventura,
 a AOPE - Associação de Organizadores Profissionais de Eventos.
As razões que motivaram esta fusão decorrem da natural complementaridade e progressiva
interpenetração existente entre os três sectores, mas, também, da profunda identidade de
pontos de vista entre as três associações sobre os principais problemas dos sectores que
representam e cujos produtos consubstanciam o que de mais inovador existe no Turismo
em Portugal.
A APECATE herda, pois, o trabalho, os projetos e o prestígio das três associações
fundadoras e assume, agora com mais força, melhores meios e novos recursos, a
representação destes sectores e a responsabilidade de apoiar as suas necessidades e de
servir os seus interesses.
O funcionamento da APECATE
Uma fusão entre associações que representam três sectores distintos e complementares da
atividade económica só faz pleno sentido quando assenta no reconhecimento da identidade
de cada um e tem como objetivo reforçar as suas naturais sinergias.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
53
A essência desta fusão está expressa, de uma forma muito clara, na parte dos Estatutos da
APECATE que diz respeito às chamadas Secções Especializadas.
As Secções Especializadas - à partida 3 (eventos, congressos e animação turística) - têm
como função tratar dos problemas profissionais específicos do seu ramo de atividade.
A importância que lhes é conferida é evidente: fazem parte dos corpos sociais da
Associação, a par da Direção, da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal, tendo, cada uma,
um representante com assento, por inerência, na Direção da Associação. Mais, só os
membros da Direção das Secções Especializadas podem concorrer aos cargos de Presidente
e Vice-Presidentes da Associação.
Esta orgânica é considerada o instrumento fundamental da fusão uma vez que:
garante a continuidade do trabalho até agora desenvolvido por cada associação fundadora
e a transição do seu património para a nova associação;
 Representa um passo em frente relativamente ao trabalho das associações
fundadoras: ao permitir que um associado participe no trabalho de várias
secções, cria as condições necessárias para que, no âmbito de uma única
associação, sejam apoiadas todas as empresas cujo objeto inclua, em
simultâneo, a organização de eventos, congressos e atividades de animação
turística;
 Promove, ao nível da Direção, a -unidade na diversidade- que motivou esta
fusão, o que contribuirá decisivamente para a criação de novas e vantajosas
relações entre as empresas dos três sectores;
 Finalmente, ao admitir a possibilidade de criação de outras secções
especializadas, afirma-se ainda como uma fusão aberta a outros sectores de
atividade complementares dos congressos, dos eventos e da animação
turística.
São estes os objetivos da APECATE: juntar esforços, fomentar a união profissional,
aprofundar a colaboração entre os seus associados e afirmar a importância estratégica
destes sectores para o desenvolvimento do Turismo em Portugal.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
54
2. Profissionais da animação
2.1. Funções e principais competências
Os animadores turísticos são os profissionais que planeiam, organizam e promovem
diversas atividades de animação.
Dado que existem várias áreas de animação turística, estes profissionais habitualmente
especializam-se numa delas, podendo desenvolver atividades tão diferentes como a
animação desportiva em terra, na água, ou no ar; a animação na natureza (observação da
fauna, da flora, das configurações geológicas da terra, etc.); entre um imenso leque de
possibilidades.
Também se podem especializar na animação de grupos divididos por faixas etárias
(crianças, jovens, adultos ou seniores), ou no acompanhamento de grupos portadores de
incapacidades físicas ou psíquicas.
Também aos animadores turísticos é-lhes exigido um variado conjunto de competências
profissionais, das quais se destacam a capacidade para preparar e realizar programas de
animação adequados às expectativas dos turistas, bem como ter uma sólida preparação na
respetiva área de especialização.
Devem ainda ter fortes noções de segurança e primeiros socorros, uma vez que deverá ser
salvaguardada sempre, a integridade física dos clientes, especialmente nas atividades de
animação desportiva ou de animação na natureza.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
55
As funções dos profissionais de animação turística estão oficialmente definidas no
catálogo nacional de qualificações, as quais se passam a transcrever:
OBJETIVO GLOBAL - Efetuar o planeamento, a organização, a comercialização e
a dinamização de atividades de animação turística, de modo a garantir um
serviço de qualidade e a satisfação dos clientes.
ATIVIDADES
1. Planear atividades de animação turística, em colaboração com os órgãos
responsáveis da organização, tendo em conta, a estratégia e a política comercial
da organização, os clientes alvo e o mercado:
 Acompanhar as tendências de evolução de tipos e segmentos de turismo, bem
como de novos programas de animação turística;
 Proceder à atualização de informação turística de carácter geral, histórico e cultural,
de forma a elaborar novos programas de animação turística ou reformulá-los;
 Auscultar as motivações e interesses dos clientes, de modo a constituir uma oferta
de atividades de animação turística vendáveis e a garantir a sua satisfação;
 Colaborar no planeamento e na aquisição de produtos de consumo e de
equipamentos necessários à realização das atividades de animação turística;
 Colaborar na determinação dos recursos humanos a afetar às atividades de
animação turística, tendo em conta, nomeadamente, as atividades a efetuar, as
condições do espaço onde se realizarão as atividades e o número de participantes;
 Colaborar na implementação de programas de promoção das atividades de
animação turística comercializadas.
2. Organizar, desenvolver e comercializar atividades de animação turística, em
espaços abertos e/ou fechados, de acordo com a estratégia e a política
comercial da organização e as necessidades e as motivações dos clientes:
 Elaborar programas de animação turística, definindo, nomeadamente, as atividades
a realizar, os objetivos a alcançar, a duração de cada atividade, o alojamento e o
orçamento;
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
56
 Prestar informações e aconselhar os clientes sobre os programas de animação
turística, nomeadamente, os recursos turísticos e culturais e as infraestruturas de
lazer da região e a oferta de serviços adicionais e complementares, promovendo-os
e transmitindo aos clientes toda a informação e documentação sobre estes;
 Efetuar a comercialização de atividades de animação turística, nomeadamente,
informando os clientes sobre as opções possíveis e as alternativas, calculando
tarifas, preços, condições especiais e encargos adicionais e acordando as condições
de pagamento;
 Proceder às reservas dos produtos e serviços associados às atividades de animação
turística a desenvolver, nomeadamente, transporte, alojamento, alimentação e
acesso a atrações turísticas e entretenimento, utilizando, quando necessário, as
tecnologias de informação e comunicação, e de acordo com as condições acordadas
com os clientes;
 Emitir os bilhetes, os vouchers e outra documentação necessária à prestação dos
serviços de animação turística;
 Proceder à faturação dos produtos e serviços de animação turística adquiridos e
emitir a respetiva fatura.
3. Prestar assistência aos clientes com vista a garantir um serviço de qualidade
e de acordo com os procedimentos adequados:
 Prestar informações detalhadas aos clientes sobre os serviços de animação turística
adquiridos;
 Assegurar a resposta a alterações e cancelamentos das atividades de animação
turística, assim como, a imprevistos e contingências entretanto surgidas,
respeitantes, nomeadamente, aos clientes, aos espaços de realização das atividades
e aos transportes;
 Atender a reclamações e sugestões dos clientes, identificando as suas necessidades
e expectativas e assegurando a sua resolução/satisfação e/ou transmitindo-as ao
seu superior hierárquico;
 Contactar com os clientes após a realização das atividades de animação turística, de
forma a identificar possíveis anomalias e avaliar o seu grau de satisfação com o
serviço prestado.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
57
4. Efetuar o atendimento e a receção de clientes aquando da realização das
atividades de animação turística, de acordo com os procedimentos adequados e
as necessidades e as motivações dos clientes:
 Atender e receber clientes no local de realização das atividades de animação
turística, nomeadamente, acolhendo-os e dando-lhes as boas vindas e motivando-
os para a participação nas atividades;
 Conduzir briefings antes da realização das atividades de animação turística, de
modo, nomeadamente, a prestar informações e a fornecer orientações sobre as
atividades a realizar e os procedimentos de segurança a aplicar, assim como, a
preparar os participantes para eventuais imprevistos que possam ocorrer e
assegurar formas de atuação corretas.
5.Dinamizar e conduzir atividades de animação turística, nomeadamente,
organizando as atividades e os participantes no tempo e no espaço previsto para
a animação, demonstrando os objetivos e as regras das atividades, fornecendo
indicações aos participantes sobre os progressos e os resultados atingidos e
garantindo a aplicação das normas de segurança adequadas.
6. Efetuar o acompanhamento e a avaliação das atividades de animação turística
desenvolvidas, nomeadamente, registando o grau de satisfação e de
participação dos clientes nas atividades, assim como, as eventuais anomalias
ocorridas e propondo as necessárias correções ou alterações ao serviço.
7.Efectuar ou colaborar na prospeção de novos clientes, assim como, na gestão
da carteira de clientes.
8. Elaborar relatórios e outros documentos de controlo, relativos à sua atividade.
COMPETÊNCIAS
SABERES
Noções de:
1. Matemática – métodos quantitativos.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
58
2. Técnicas de gestão de clientes.
3. Gestão de stocks.
4. Divulgação e promoção de atividades de animação turística
5. Funcionamento e organizações do sector do turismo.
6. Orçamentação.
7. Mercado turístico nacional e internacional.
8. Técnicas de primeiros socorros.
9. Segurança, higiene e saúde aplicadas à atividade profissional.
10. Planeamento e organização do trabalho.
11. Qualidade dos produtos e serviços turísticos
Conhecimentos de:
20. Legislação aplicada à atividade profissional.
21. Relações interpessoais e comunicação.
22. Língua inglesa e outra língua estrangeira (conversação fluente e utilização de
vocabulário técnico específico).
23. Comercialização de atividades de animação turística (tarifários, taxas, descontos,
reservas e faturação de atividades de animação turística).
24. Informática aplicada à atividade turística.
25. Técnicas de venda e de negociação.
26. Técnicas de atendimento e receção de clientes.
27. Informação turística.
28. Técnicas de assistência ao cliente.
29. Tipologia e caracterização dos produtos de consumo e dos equipamentos utilizados nas
atividades de animação turística.
Conhecimentos aprofundados de:
21. Técnicas de condução de briefings.
22. Técnicas de animação turística.
23. Organização de atividades de animação turística.
SABERES-FAZER
1. Aplicar as técnicas de planificação de atividades de animação turística.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
59
2. Identificar as tendências de evolução de tipos e segmentos de turismo, bem como, de
novos programas de animação turística.
3. Utilizar as técnicas e os métodos de recolha de informação turística de carácter geral,
histórico e cultural.
4. Identificar as motivações e interesses dos clientes.
5. Identificar as necessidades de produtos de consumo e de equipamentos.
6. Aplicar as técnicas e os instrumentos de planeamento e organização de recursos
humanos.
7. Aplicar as diretrizes comerciais da organização.
8. Utilizar os métodos e as técnicas de promoção das atividades de animação turística.
9. Utilizar as técnicas e os métodos de elaboração de programas de animação turística.
10. Utilizar os métodos e as técnicas de comercialização de atividades de animação
turística.
11. Aplicar os métodos e as técnicas de execução de orçamentos.
12. Aplicar as técnicas de comunicação.
13. Aplicar as técnicas de atendimento e receção de clientes.
14. Aplicar as técnicas de venda e de negociação.
15. Utilizar os métodos e os procedimentos adequados às operações de reservas dos
produtos e serviços associados às atividades de animação turística.
16. Utilizar os meios informáticos aplicados à atividade turística.
17. Utilizar os procedimentos adequados à emissão de bilhetes, vouchers e outra
documentação.
18. Utilizar os procedimentos necessários à faturação dos produtos e serviços de animação
turística e à emissão de faturas.
19. Utilizar os procedimentos adequados à prestação de assistência aos clientes.
20. Utilizar os procedimentos adequados de resposta a situações anómalas na prestação do
serviço turístico.
21. Aplicar os procedimentos adequados à resolução/tratamento de reclamações e
sugestões de clientes e definir medidas corretivas.
22. Aplicar as técnicas de condução de briefings.
23. Aplicar as técnicas de animação turística.
24. Aplicar as técnicas de primeiros socorros em situações de emergência.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
60
25. Utilizar as técnicas e os instrumentos de acompanhamento e avaliação das atividades
de animação turística desenvolvidas.
26. Exprimir-se oralmente e por escrito, em língua portuguesa, em língua inglesa e em
outra língua estrangeira, de forma a facilitar a comunicação com clientes e com outros
interlocutores.
27. Utilizar a documentação técnica respeitante ao registo da atividade desenvolvida.
28. Aplicar as normas de segurança, higiene, saúde e proteção ambiental respeitantes à
atividade profissional.
29. Aplicar as normas e os procedimentos de sistemas de gestão na área da qualidade
SABERES-SER
1. Identificar-se com os objetivos e a cultura da organização.
2. Comunicar, a nível interno e externo à organização, com interlocutores diferenciados.
3. Facilitar o relacionamento interpessoal a nível interno e externo à organização.
4. Integrar as normas de segurança, higiene, saúde e proteção ambiental no exercício da
sua atividade profissional.
5. Integrar as normas e os procedimentos de sistemas de gestão na área da qualidade no
exercício da sua atividade profissional.
6. Tomar iniciativa no sentido de encontrar soluções adequadas para a resolução de
problemas.
7. Adaptar-se a novas situações e formas de organização do trabalho.
8. Motivar os clientes para a utilização dos serviços da organização
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
61
2.2. Contexto socioprofissional
Os animadores turísticos têm fortes perspetivas de entrada no mercado de trabalho;
todavia, esta é ainda uma profissão pouco consolidada, pelo que se aconselha uma
permanente atualização na respetiva área profissional e uma boa preparação técnica base.
É de salientar que já existem alguns estabelecimentos de ensino superior que lecionam
cursos nesta vertente da área turística. Os profissionais podem trabalhar em micro e
pequenas empresas (turísticas ou de animação turística) ou optar pelo regime de
freelancer.
Existem várias entidades que podem fornecer informações adicionais sobre estas
profissões, nomeadamente:
* Associação de Técnicos de Turismo (ATT), Av. do Atlântico (ESTG), 4900-348 Viana do
Castelo, Tlf./ Fax: 258826822.
Página na Internet: http://www.atturismo.pt
* Ass. Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, R. Duque de Palmela, 2 - 1º Dt.º,
1250-098 Lisboa, Tlf. 213553010, Fax: 213145080.
Página na Internet: http://www.apavtnet.pt
* Sind. Nac. da Atividade Turística, Tradutores e Intérpretes, R. do Telhal, 4 - 3º
Esq.º, 1150-346 Lisboa, Tlf. 213467170/213423298.
Página na internet: http://www.snatti.org/main/index.php?item=12
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
62
2.3. Exigências de formação e certificação
A constituição e desenvolvimento do subsector da Animação Turística transformaram a
questão da formação e certificação dos profissionais ao serviço das empresas de animação
turística numa questão urgente e incontornável.
Esta questão é especialmente relevante no que respeita aos técnicos que operam no
campo das atividades de ar livre, genericamente denominados "animadores outdoor", áreas
para as quais não existe qualquer formação certificada específica.
Com efeito, os únicos cursos profissionais existentes em áreas similares, são os
reconhecidos pelo Instituto do Desporto e ministrados sob a égide das Federações
Desportivas.
Neste quadro, a Secção de Animação Turística da APECATE decidiu assumir a
responsabilidade de construir um modelo de formação, considerando que o
trabalho que se propõe fazer, porque decorrente da experiência de profissionais /
empregadores do sector, terá a qualidade e o grau de exigência requeridos para que
venham, a curto prazo, a ser reconhecidos e certificados.
Para tal, foi constituído um Conselho de Formação, coordenado pela Direção da Secção de
Animação Turística. Este Conselho tem como funções validar e promover o Plano de
Formação de Ativos e emitir, em nome da APECATE - Secção de Animação Turística, os
respetivos Diplomas.
Dos resultados deste trabalho, destaca-se a proposta de criação de 4 níveis de
competências para os Animadores Outdoor. O nosso Plano de Formação integra já esta
definição.
NÍVEIS DE COMPETÊNCIA
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
63
 Animador A1 - Possui as competências necessárias / técnicas, comportamentais e
turísticas - para acompanhar e enquadrar, em condições de segurança, grupos de
clientes em ambiente outdoor, sob supervisão. É o primeiro nível da nossa
profissão.
 Animador A2 - Possui as competências necessárias / técnicas, comportamentais e
turísticas para acompanhar e enquadrar, em condições de segurança, grupos de
clientes em ambiente outdoor, sem supervisão.
 Animador A3 - Possui competências técnicas e comportamentais extraordinárias e
capacidade de gestão de grupos de especialistas em ambiente outdoor. Incluem-se
neste grupo, por exemplo, indivíduos com capacidade para organizar expedições de
ponta nas diversas atividades.
 Animador A4 - Corresponde ao Animador Coordenador, possuindo competências
para coordenar o trabalho dos animadores existentes numa organização.
O Plano visa a formação e certificação de Animadores A1 e A2.
CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL
A profissão de Animador Outdoor é essencialmente turística. Lidamos com clientes. Por
esta razão, o nosso Plano de Formação visa uma aquisição integrada de competências,
associando a componente técnica às componentes comportamentais e turísticas.
A Certificação Profissional que propomos reflete esta opção. Assim, a atribuição do nível A1
em qualquer área técnica exige a frequência dos cursos de Iniciação à Atividade Turística e
de Suporte Básico de Vida, e a atribuição do nível A2 os cursos de Animação Turística e de
Socorrismo.
De referir ainda que, tratando-se de um Plano de Formação dirigido a Ativos, estão
previstas candidaturas aos diversos níveis de certificação através da prestação de provas
(estágios e exames), desde que cumpridos os requisitos exigidos em cada situação.
Qualquer certificação terá um prazo de validade, devendo ser revalidada através da
frequência de um Curso de Atualização.
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
64
PLANO DE FORMAÇÃO DE ATIVOS
SÍNTESE, REQUISITOS DE ACESSO, CERTIFICADOS
SÍNTESE DO PLANO - 1º FASE
A) FORMAÇÃO GERAL
CURSOS
Introdução à Atividade Turística A1 - 07 h
Animação Turística A2 - 28 h
Suporte Básico de Vida - 07 h
Curso Básico de Socorrismo - 28 h
B) FORMAÇÃO ESPECÍFICA / ÁREAS TÉCNICAS
CURSOS
Canyonning - A1
Canyonning - A2
Espeleologia - A1
Espeleologia - A2
Canoagem em Águas Calmas - A2
Canoagem em Águas Bravas - A2
Rafting - A2
Orientação - A1
Orientação - A2
Pedestrianismo - A1
Pedestrianismo - A2
Técnicas e Segurança em Atividades com Cabos - A1
Técnicas e Segurança em Atividades com Cabos - A2
Escalada - A1
Escalada - A2
ÁREAS TÉCNICAS - CONDIÇÕES DE ACESSO
Cursos A1
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65
As condições de acesso aos cursos A1 encontram-se definidas na Ficha de Inscrição
respetiva.
Exames A1
Podem candidatar-se a exame dos Cursos A1 sem frequência do respetivo curso os técnicos
ao serviço de Empresas de Animação Turística por estas propostos, desde que cumpram os
requisitos referidos na Ficha de Exame respetiva.
Cursos A2
Sem prejuízo de outras condições definidas na respetiva Ficha de Inscrição, o acesso aos
cursos de nível A2 faz-se através da apresentação do Certificado do Curso de Nível A1 da
área respetiva, de Certificado equivalente que seja reconhecido pelo Conselho de Formação
e, quando se aplique, da prestação da respetiva prova de acesso.
Regimes de exceção
Entrada direta em cursos A2
Podem propor-se à entrada direta em cursos A2, os candidatos propostos por empresas de
Animação Turística, desde que sejam cumpridos os seguintes requisitos:
- apresentação do curriculum do candidato validado pela empresa proponente;
- avaliação positiva deste curriculum pelo Conselho de Formação
- prestação positiva de prova de acesso, correspondente ao exame final do nível A1
respetivo.
CERTIFICADOS DE ANIMADORES
A emissão do CERTIFICADO DE ANIMADOR A1 exige:
 o certificado do curso da área técnica correspondente
 o certificado do curso de Suporte Básico de Vida
 o certificado do curso de Iniciação à Atividade Turística
A emissão do CERTIFICADO DE ANIMADOR A2 exige:
 o certificado do curso da área técnica correspondente
 o certificado do curso básico de Socorrismo
 o certificado do curso de Animação Turística
ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação
66
2.4. Questões deontológicas
CÓDIGO DEONTOLÓGICO DOS ASSOCIADOS DA APECATE
O presente Código Deontológico estabelece linhas orientadoras de conduta para os
Associados da APECATE, tendo como objetivo o estabelecimento de uma salutar e ética
colaboração entre os seus membros, clientes e fornecedores.
Estes princípios são aceites por todos os associados e a sua prática dignifica e prestigia a
Associação e o mercado.
Código Deontológico dos Associados da APECATE
 Manter a integridade profissional, agindo honestamente dentro da suas áreas de
competência.
 Evitar ações que possam ser interpretadas como conflitos de interesses ou
favorecimento.
 Oferecer ou aceitar apenas remunerações, bens e serviços no âmbito das
transações negociais decorrentes do normal funcionamento do negócio.
 Utilizar práticas negociais profissionais, honrando os contratos escritos e verbais,
procurando garantir uma comunicação clara e inequívoca entre as partes e
respeitando os direitos legais e contratuais de terceiros.
 Assegurar o direito à privacidade e proteger a confidencialidade das informações
privilegiadas recebidas verbalmente, por escrito e eletronicamente.
 Respeitar os direitos autorais, não utilizando informação privilegiada ou confidencial.
 Empenhar-se na proteção do património natural e cultural, através da utilização
responsável dos recursos necessários à sua atividade profissional.
 Procurar atingir ativamente níveis crescentes de competência profissional, através
da formação contínua e da partilha de conhecimentos e experiências.
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  • 1. h UFCD 3473 DESENHO E ORGANIZAÇÃO DE PROGRAMAS E ATIVIDADES DE ANIMAÇÃO
  • 2. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 1 Índice Introdução ..................................................................................................................3 Âmbito do manual.....................................................................................................3 Objetivos .................................................................................................................3 Conteúdos programáticos ..........................................................................................3 Carga horária ...........................................................................................................4 I - Desenho e organização de programas e atividades de animação..................................5 1.Conceito animação – definições e conceitos.................................................................6 1.1. Animação no contexto turístico............................................................................6 1.2. Perfil do animador e o seu papel de entretenimento..............................................9 2. Desenho e Organização .......................................................................................... 14 2.1. Animação turística nas suas diferentes formas .................................................... 14 2.1.1. Animação turística municipal e regional........................................................ 14 2.1.2.Animação desportiva ................................................................................... 15 2.1.3.Animação Ambiental.................................................................................... 15 2.1.4.Animação cultural........................................................................................ 15 2.2.Técnicas de construção de itinerários.................................................................. 16 2.3.Clientes alvo – características e necessidades ...................................................... 27 2.4.Oferta e recursos turísticos disponíveis................................................................ 29 2.5.Recursos existentes – humanos e materiais......................................................... 33 2.6. Oferta turística a contemplar no programa ......................................................... 35 2.7. Normas de segurança inerentes ao serviço a prestar ........................................... 38 3.Programação de atividades ...................................................................................... 41 3.1. Planeamento e programação de etapas.............................................................. 41
  • 3. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 2 II - Atividade profissional – animação turística.............................................................. 46 1. Atividade de animação e modo de funcionamento..................................................... 47 1.1. Empresas que prestam serviços no âmbito da animação turística – caracterização . 47 1.2 Contexto associativo.......................................................................................... 52 2. Profissionais da animação ....................................................................................... 54 2.1. Funções e principais competências .................................................................... 54 2.2. Contexto socioprofissional................................................................................. 61 2.3. Exigências de formação e certificação ................................................................ 62 2.4. Questões deontológicas .................................................................................... 66 Bibliografia ................................................................................................................ 69 Termos e condições de utilização................................................................................. 70
  • 4. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 3 Introdução Âmbito do manual O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração nº 3473 – Desenho e organização de programas e atividades de animação, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações. Objetivos  Planear, programar e organizar atividades de animação turística Conteúdos programáticos  Desenho e organização de programas e atividades de animação o Conceito animação – definições e conceitos  - Animação no contexto turístico  - Perfil do animador e o seu papel de entretenimento o Desenho e Organização  - Animação turística nas suas diferentes formas  - . Animação turística municipal e regional  - . Animação desportiva  - . Animação Ambiental  - . Animação cultural  - Técnicas de construção de itinerários  - Clientes alvo – características e necessidades  - Oferta e recursos turísticos disponíveis
  • 5. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 4  - Recursos existentes – humanos e materiais  - Oferta turística a contemplar no programa  - Normas de segurança inerentes ao serviço a prestar o Programação de atividades  - Planeamento e programação de etapas  Atividade profissional – animação turística o Atividade de animação e modo de funcionamento  - Empresas que prestam serviços no âmbito da animação turística - caracterização o Profissionais da animação  - Funções e principais competências  - Contexto socioprofissional (perspetivas de emprego e de carreira, questões salariais…)  - Exigências de formação e certificação  - Questões deontológicas Carga horária  50 horas
  • 6. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 5 I - Desenho e organização de programas e atividades de animação
  • 7. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 6 1.Conceito animação – definições e conceitos 1.1. Animação no contexto turístico Vulgarmente o termo animação turística aparece associado a atividades cuja única semelhança é desenvolverem-se dentro do âmbito do turismo. O termo animação turística advém naturalmente e por extensão da chamada animação sociocultural, de origem francesa, a qual se considera fundamental na ocupação dos tempos livres. A animação sociocultural tem por objetivo motivar dinamizar todos os meios que levem à participação ativa dos indivíduos e grupos nos fenómenos sócias e culturais em que estes se encontram envolvidos, dando-lhes o seu protagonismo. Um dos aspetos de atuação mais evidentes onde se desenvolve a animação sociocultural é o dos tempos livres, o tempo do lazer. Se se entende como necessário dinamizar a participação ou favorecer a protagonismo do indivíduo e dos grupos na vida social e cultural, especialmente nos tempos livre (tempos de lazer), o turismo como parte importante do lazer (especialmente nas sociedades evoluídas), não pode estar alheio a tal necessidade. Assim podemos definir animação turística como – “ O conjunto de ações e técnicas estudadas e realizadas com o sentido de motivar, promover e facilitar uma maior e mais ativa participação do turista no desfrutar e aproveitamento do seu tempo turístico, a todos os níveis e dimensões”.
  • 8. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 7 Por outro lado a animação turística acontece no seu pleno sentido quando é resultante de uma vontade consciente que se materializa em projetos, estratégias e ações concretas que se realizam ou praticam segundo técnicas específicas apropriadas. Isso exige um nível de conhecimentos vastos, estudo e profissionalização. Para existir animação não basta que exista oferta turística, pois o turista, por seus próprios condicionamentos socioculturais e, porque o turismo se realiza em tempos curtos, assim como em espaços e lugares normalmente desconhecidos para ele, não tem, com frequência a capacidade necessária para aproveitar só pela sua vontade todas as possibilidades que a oferta contenha. Trata-se pois de tornar participativas todo um conjunto de atividades de interesse comum evitando-se que existam espectadores passivos ou seja, motivando as pessoas não só a participarem mas, a animarem-se, convivendo. Na verdade o turismo não é um espaço fechado mas sim um mundo vivo de comunicação e intercâmbio de relações e conhecimentos, de emoções, de sensações e experiências, que exigem uma atitude viva, curiosa e dinâmica por parte do seu protagonista possível: o turista. A animação turística é absolutamente inseparável das atividades lúdicas entendidas no seu sentido mais sério obviamente. E este juízo de valor vem contrariar ou dar a melhor resposta a muitos detratores da animação turística que por desconhecimento da sua importância real perante o fenómeno social que o turismo representa, o mais importante deste século ou até por ignorância a consideram contrária à rentabilidade económica global do próprio turismo. A animação turística analisada globalmente tem uma envolvência e um impacto de tal forma importante no ato turístico que não pode nem deve, considerar-se e analisar-se apenas num determinado espaço restrito.
  • 9. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 8 É certo que programada dentro de espaços restritos (como hotéis etc.) prende normalmente os turistas dentro desses espaços. Mas será que grande parte desses turistas se predisporiam a sair do hotel para procurarem animação fora dele? Animação turística desenvolvida em espaços restritos não é lesiva dos interesses económicos de outras estruturas de inegável interesse turístico, como sejam casinos, discotecas, festas populares ou qualquer outro tipo de espetáculo que tem custos e por isso necessidade de angariar receitas. Antes pelo contrário é sobretudo em grandes ou médias unidades hoteleiras que a planificação, programação e execução de programas de animação turística têm tipos de participação específicos que normalmente não procuram, por razões de ordem diversa, sair do espaço de alojamento das suas férias. Na verdade a animação turística assume particular importância, como um conjunto de atividades dedicadas aos utentes em períodos específicos de cada dia da respetiva estada seja de manhã pela tarde ou á noite. Deste modo em países recetores e com elevado crescimento da importância do turismo, torna-se evidente que o fenómeno da animação turística tem aspetos de relevante importância sobre a pedagogia e necessariamente sobre a formação de animadores.
  • 10. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 9 1.2. Perfil do animador e o seu papel de entretenimento Uma das componentes mais importantes na realização de projetos de animação é sem dúvida o animador. A função do animador consiste em “coordenar e controlar as atividades de animação de uma unidade turística/ hoteleira ou de uma instituição pública ou privada, em função dos objetivos e estratégias definidas. Procura construir uma boa imagem do local recetor, garantindo a satisfação dos visitantes e clientes, criando condições para a fidelização pela qualidade”. Indiciada esta necessidade de animação/animador, ele “animador” tem de possuir grandes qualidades de comunicação, abertura de espírito, muita disponibilidade, um carácter extrovertido, talentoso e ser especialista em pelo menos uma atividade desportiva ou lúdica. Tem de ter uma personalidade forte, e ser possuidor de grande imaginação, ser dinâmico, flexível e ter grande capacidade sugestiva, enfim possuir um conjunto de aptidões que tornam esta profissão difícil e mais completa do que muitos podem pensar. Perfil e Atribuições do Animador De acordo com diversos especialistas existem 14 qualidades que qualquer bom animador deve possuir: 1. Ser um excelente comunicador 2. Ser criativo dinâmico e espírito de líder 3. Ter forte capacidade de adaptação 4. Ter grande capacidade organizativa 5. Dominar técnicas e recursos 6. Ter uma atitude de permanente aprendizagem
  • 11. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 10 7. Ter capacidade de improviso 8. Ter capacidade pedagógica 9. Ser tolerante 10. Ser observador 11. Ter simpatia e amabilidade 12. Ser aglutinador de grupo 13. Ser entusiasta 14. Ser resistente física e psicologicamente Estas são sem dúvida as principais aptidões que um animador deve possuir, mas para que do ponto de vista da intervenção do animador e para seu próprio controlo e orientação, o evento seja um sucesso às aptidões atrás referidas deveremos acrescentar alguns princípios orientadores. Os princípios orientadores de um bom animador são:  Nunca esquecer que o objetivo principal do animador é satisfazer os gostos e as expectativas do maior número possível de clientes e de os entreter  Tentarem sempre uma adaptação às condições específicas do trabalho a efetuar, sem apresentarem demasiados obstáculos  Terem sempre presente que um animador não é apenas considerado como indivíduo, mas também com o que faz. Do seu comportamento depende o trabalho e a credibilidade de toda uma equipa  Tentarem desde o primeiro minuto atrair a simpatia dos colegas e e gestores. Tê-los como amigos poderá significar melhores condições de trabalho. Tê-los como inimigos pode levar ao insucesso total  Devem publicitar de todas as formas possíveis as suas iniciativas e as da equipa, para que nunca alguém possa dizer “eu não sabia”  Devem procurar aproveitar-se de todas as ocasiões em que se verifique disponibilidade e entusiasmo por parte dos participantes para implementar uma nova atividade que vá de encontro das suas expectativas  Recordar que o segredo para agradar a todos é não ter preferência por ninguém em particular. Tem de ser dada atenção a todos e da mesma forma
  • 12. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 11  Não esgotar em poucos dias todas as energias, deitando-se tarde e acumulando sonos em atraso. Tem de aprender a gerir a fadiga e o stress, pois de tem de estar ativo por longos períodos  Nunca se envolver em comportamentos mais ou menos íntimos ou de fácil equívoco com qualquer cliente. O animador tem algo de ilusionista, algo de formador, algo de vendedor, algo de malabarista, algo de médico, algo de psicólogo, algo de apaziguador, algo de líder, algo de transformador de estados de espírito, algo de amigo e muito de mensageiro de felicidade. Dez mandamentos do animador  Sorri  Saúda os clientes  Sê educado e amável  Controla o teu estado de ânimo em frente aos clientes  As necessidades dos clientes são as tuas  Personaliza o serviço  Surpreende com a tua eficácia e comportamento  Sê organizado  Mantém os participantes informados  Respeita os clientes e os teus colegas de trabalho O animador, para além da função de entreter os turistas e incentivá-los a participar nas atividades de animação, deve contribuir para que os mesmos enriqueçam o seu conhecimento e desenvolvam novas aptidões e competências. Por outro lado, o animador deve possuir um conjunto de conhecimentos cognitivos (saber saber), competências técnicas (saber fazer), assim como aptidões pessoais (saber estar) que lhe permitem exercer a sua profissão de forma eficiente. Funções do animador Animador chefe
  • 13. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 12  O animador deve coordenar todas as atividades sociais, desportivas e culturais.  Deve receber os grupos.  Deve apresentar os componentes dos grupos.  Deve motivar os grupos a participar nas diversas atividades.  Deve manter reuniões periódicas com todos os membros da equipe para programação das atividades.  Deve divulgar as programações.  Deve informar sobre os eventos de interesse geral fora do hotel.  Deve proceder à contratação de todas as pessoas necessárias para ao devido desempenho das atividades programadas.  Deve orientar a avaliação das atividades e elaborar o respetivo relatório final. Animador gestor  Identifica e estuda as práticas de animação realizadas pela concorrência.  Identifica as características e as necessidades do seu público-alvo.  Estuda as tradições, hábitos e culturas locais.  Promove acontecimentos festivos identificados ao longo do ano.  Seleciona e programa novas atividades de animação.  Elabora programas direcionados a todas as idades.  Fixa objetivos e metas a tingir relativas à qualidade na animação.  Identifica as necessidades de ordem técnica, material e humana.  Efetua orçamentos relativos aos programas a implementar.  Assume as responsabilidades dos eventos promovidos. Animador polivalente  O animador deve ser fluente em pelo menos duas línguas para poder passar a mensagem corretamente. Para além da comunicação verbal, o animador deve socorrer-se da comunicação não-verbal e dos meios à sua disposição para dinamizar, entusiasmar e motivar o turista.  O animador não se encarrega apenas de divertir. Quando entra em contacto com os turistas fica incumbido de vender diversão, entretenimento, mediante as atividades de animação programadas.
  • 14. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 13  O animador tem de fazer a promoção diária das atividades programadas para o dia e seguintes, promover a qualidade e a segurança das atividades por forma a que, ao mesmo tempo, se promova a qualidade da unidade que representa e os serviços disponibilizados.  O animador deve estar preparado para resolver conflitos, uma vez que trabalha com grupos heterogéneos de pessoas. Deve ser capaz de controlar a situação sem perder a razão, a postura e o respeito pelos turistas. Animador técnico  Exercita e põe em prática as técnicas de animação aprendidas no sentido de dar respostas perante determinadas situações, formular hipóteses, definir estratégias, escolher instrumentos e realizar procedimentos.  Prepara antecipadamente os projetos e programas de animação, assim como, as atividades a realizar no que concerne a: o Meios técnicos necessários, o Equipamentos e materiais, o Recursos humanos e financeiros, o Gestão do tempo e do espaço, o Condições de segurança.
  • 15. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 14 2. Desenho e Organização 2.1. Animação turística nas suas diferentes formas 2.1.1. Animação turística municipal e regional A animação turística ao nível municipal e regional insere-se nas políticas de valorização sociocultural e económica dos territórios onde se insere, sendo desenvolvida pelas entidades com competência de administração municipal (à escala do concelho) e regional (à escala da região). Neste âmbito, a animação turística deve fomentar a participação das pessoas à volta de projetos de desenvolvimento local, regional e nacional, projetando no turismo as dimensões sociais, culturais e educativas, bem como a preservação do património cultural, numa perspetiva da participação comunitária, aprofundando os contributos que a animação turística confere a uma cidadania ativa. Esta modalidade de animação pode ser desenvolvida pelos seguintes tipos de organizações: - Autarquias - Grupos - Associações voluntárias - Entidades locais (Associações, instituições socioculturais) - Entidades de nível intermédio (organizações regionais)
  • 16. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 15 2.1.2.Animação desportiva Define-se por animação desportiva o conjunto de atividades de carácter desportivo realizadas em espaços naturais, respeitando as suas características e restrições legislativas. Exemplos de atividades: -Aquáticas (canoagem, passeios de barco, mergulho, surf, etc.) -Terrestres (BTT, moto4, escalada, passeios de jipe, orientação, rappel, etc.) - Aéreas (balonismo, asa delta, parapente, etc.) 2.1.3.Animação Ambiental A animação ambiental corresponde ao conjunto de atividades de lazer, aprendizagem e conhecimento que permitem ao turista usufruir dos recursos naturais do destino que visita, potenciando a sustentabilidade do mesmo. Exemplos de atividades: -Rotas temáticas - Passeios pedestres - Observação da flora e fauna - Atividades de educação ambiental 2.1.4.Animação cultural Por animação cultural podemos entender o conjunto de atividades de animação que se desenvolvem tendo por base recursos locais de carácter cultural (património cultural material e imaterial). Exemplos de atividades: - Rotas temáticas culturais (gastronomia, vinhos, história, património edificado) - Passeios pedestres culturais
  • 17. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 16 2.2.Técnicas de construção de itinerários Definição de itinerário “...um circuito marcado por sítios e etapas relacionados com um tema”. Este tema deverá ser representativo de uma identidade regional própria, para favorecer um sentimento de pertença, de reconhecimento ancorado na memória colectiva. O tema designado pode dar-se a conhecer em torno de diferentes valores culturais:  o vínculo histórico  o vínculo etnográfico  o vínculo social  uma corrente artística  uma identidade geográfica,  uma identidade arquitectónica,  as atividades tradicionais  as produções artísticas. Objetivos dos itinerários Os itinerários são uma forma de pôr em destaque a diversidade de oferta existente nas regiões, em torno de um tema condutor, o que contribuirá para o descongestionamento das áreas urbanas e para o desenvolvimento das regiões interiores. Planificação de um itinerário 1 - Levantamento das potencialidades do local (análise da oferta) 2 - Estudo do mercado turístico (análise da procura) 3 - Definição de um tema 4 - Comunicação e interpretação 5 - Envolvimento da comunidade
  • 18. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 17 Conceito de rota Entende-se por Rota Turística um conjunto organizado de Circuitos de descoberta e usufruto de todos os patrimónios, com uma identidade própria e única, fundada na ecologia e na metafísica da paisagem, acessível a todos os públicos mas com produtos diferenciados segundo os seus segmentos, potenciador da organização e desenvolvimento das cadeias de valor da indústria turística. O conceito de grande Rota, estruturada com Circuitos Turísticos, é o que melhor serve o planeamento, a gestão racional de recursos e, sobretudo, a eficácia na promoção turística, permitindo aumentar o índice de permanência, de ocupação e utilização da Hotelaria e da Restauração, e rentabilizar a animação e a venda de outros produtos/merchandising. Tipologias de rotas/ circuitos: CIRCUITOS E ROTAS TEMÁTICAS CIRCUITOS E ROTAS REGIONAIS  Desenvolvidos em torno de um tema (tipologia de património, período cronológico, etc.)  Podem englobar uma ou mais unidades geográfica  Desenvolvidos em torno de uma unidade geográfica particular (Região; Município; Localidade)  Engloba diversas tipologias de património natural e cultural Rota turística - Atividade que integra o sector da animação: - Promovidas pelo sector público e privado - Exemplo da natureza compósita do produto (resulta do estabelecimento de redes) - Forma de organizar a oferta em torno de uma temática
  • 19. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 18 - Permite e facilita o acesso/consumo dos recursos de um destino - Vários tipos de rotas No processo de construção de itinerários ou rotas turísticas, há que considerar duas dimensões:  A construção, que Corresponde ao processo inerente à criação de uma rota - Conceção do produto/preço - Questões operacionais  A gestão, que corresponde ao processo inerente à implementação, prossecução e avaliação da rota - Aplicação do marketing - Estrutura/modelo de gestão - Parcerias com agentes do sector A elaboração e realização de um itinerário turístico são o resultado de um longo processo de estudo e análise de possibilidades e de um conhecimento prévio de dados. A metodologia utilizada vai depender obviamente do público-alvo já que é isso que deverá determinar as várias opções bem como os serviços e atividades incluídas. Interessa pois distinguir a metodologia utilizada quer se trate de um forfait para a procura (viagem por medida) ou de forfait para a oferta (viagem organizada). A diferença fundamental é que no primeiro caso é possível saber, com algum rigor, as necessidades do cliente e, por isso, todos os serviços são direcionados nesse sentido. No caso da viagem organizada trata-se de conceber e desenvolver um produto que será posteriormente comercializado pelos canais de distribuição habituais e que será dirigido a um público mais ou menos alargado. Em ambos os casos, a organização da viagem exige profissionais especializados.
  • 20. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 19 Embora a metodologia de conceção seja genericamente a mesma, importa salientar que, em termos logísticos, uma viagem organizada (ou forfait para a oferta) é bastante mais complexo pela necessidade de planeamento e estudos prévios que exige uma vez que não se conhece de antemão as necessidades do público-alvo. Importa, ainda, referir a importância da realização de itinerários no aproveitamento dos recursos de uma região no sentido de operacionalizar um conjunto de percursos culturais e turísticos que, em conjunto, constituam uma apresentação razoável do património e recursos da região. Este é um dos objetivos da realização de itinerários / circuitos / rotas feitas em parceria com instituições do sector público e privado do turismo. Neste caso, a metodologia é orientada por objetivos muito específicos e por isso deve envolver as seguintes etapas:  Identificação dos objetivos de elaboração do circuito;  Identificação do mercado-alvo;  Determinação das vantagens para o desenvolvimento da região, nomeadamente do sector turístico;  Caracterização da região a vários níveis (económico, social, físico, turístico, etc.);  Caracterização e análise da oferta e procura turística da região (cruzamento de dados previamente levantados e análise SWOT);  Seleção dos elementos / atrativos que irão integrar o circuito e definição da temática, de acordo com o mercado-alvo;  Elaboração das várias cartas de infraestruturas (representação a cores dos vários recursos);  Análise da carta de oferta (quantidade, qualidade, diversidade de recursos e respetiva distribuição espacial);  Pesquisa no local (acessibilidade, disponibilidade, segurança, interesse, pedagogia, etc.);  Definição e determinação das necessidades de intervenção ao nível das infraestruturas e atividades (animação, etc.);
  • 21. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 20  Determinação do circuito principal e, eventualmente, de outros complementares (dependendo do interesse da oferta e do mercado);  Determinação do Preço do Circuito  Definição da estratégia de marketing: - Produto: desenho e descrição do circuito principal e complementares (fontes documentais, lendas e tradições, meios de transporte, acessibilidades, etc.) - Preço: circuito, transporte, alojamento e restauração - Distribuição: locais e mercados a atingir - Promoção: operadores, logótipo, sinalização, etc.  Concretização do Itinerário  Monitorização De seguida enunciam-se algumas considerações gerais que devem ser tidas em conta na conceção de um itinerário:  Evitar etapas quilométricas demasiado longas e seguidas;  Não introduzir excessivo número de pontos de paragem com interesse, que podem sobrecarregar a etapa. Cada paragem exige normalmente um mínimo de 15 a 20 minutos, entre descida, subida e atividade, havendo sempre o risco de falta de pontualidade;  Não ajustar excessivamente o tempo deixando margens para imprevistos;  Ter em conta os horários dos monumentos e museus, bem como de outros locais a visitar;  Os almoços em rota para grupo devem ser programados entre as 12 e as 14 horas;  Ter em conta o dia da semana que corresponde a cada dia da viagem e prever as atividades de acordo com isso;  Confirmar os horários dos diferentes serviços utilizados, os trâmites assim como o tempo necessário;  Ter em atenção os tempos médios das distâncias a percorrer. A título indicativo sugere-se a seguinte tabela: Meio de Transporte Distância por Hora (Km/h)
  • 22. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 21 Bicicleta 12 a 15 kms / hora Automóvel / Autocarro Em circuito urbano: 30 a 40 kms / hora Em via rápida: 60 a 90 kms / hora Em autoestrada: 90 a 100 kms / hora Comboio Em linha estreita: 30 a 50 kms / hora Em via larga e rápida: 80 a 90 kms / hora Em alta velocidade: 150 kms / hora A Pé 4 kms / hora Fases da organização de um Itinerário Preparação (Antes de) - Planeamento - Desenho - Organização - Reservas - Comercialização - Venda Desenvolvimento (Durante) - Acompanhamento pelo guia Análise (Depois de) - Analisar o modo como decorreu - Estudo da satisfação do cliente - Análise do desvio de custos - Resultados económicos da viagem
  • 23. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 22 Motivos da Viagem:  Férias  Deporto  Cultura  Ecologia  Saúde  Religião  Profissão e/ou negócios  Lazer organizado  Turismo alternativo  Turismo Social Fatores Técnicos Meios de deslocação Itinerários pedestres, de autocarro, de avião, barco, etc. Duração De 3, 7, 15 dias ou de meses. Distâncias Curtas, médias ou grandes distâncias. Modo de viajar Individual, coletivo, pré-organizado ou feito à medida do cliente. Época do ano Sazonais, calendário fico, acontecimentos especiais. Fatores Sociais Meio Social O modo de vida e condições económicas. Origem Geográfica A procura de um meio geográfico diferente do seu quotidiano. Profissão Indicador dos gostos e potencial económico. Idade Essencial para avaliar os interesses e capacidade física.
  • 24. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 23 Cultura Para ajudar na seleção e apresentação do itinerário. Fatores Comerciais Equipamentos da região recetora Alojamento e atrativos principais e secundários. Preços nas zonas a visitar Nível de vida e taxas de câmbio. Possíveis vantagens para os clientes Incentivos específicos: preço do combustível mais reduzido em determinado país, isenção de impostos (zonas francas). Inventário dos Recursos Naturais A paisagem e seus componentes  Geologia  Clima  Relevo  Hidrografia  Flora  Fauna Inventário dos Recursos Humanos Atrativos Históricos  História  Arte  Tradições  Folclore Atrativos Contemporâneos  Atualidade  Ciência e Técnica  Artesanato
  • 25. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 24  Gastronomia  Celebridades Inventário dos Recursos Turísticos Equipamentos Recreativos  Atracões artificiais  Parques recreativos Manifestações Culturais  Festivais  Exposições de arte  Som e luz  Festividades Manifestações Desportivas e Comerciais  Competições  Torneios  Feiras e salões Inventário de Alojamento:  Deve-se considerar:  Nº de participantes;  A nacionalidade e hábitos dos turistas;  A idade dos participantes  A relação qualidade / preço  Seleção da categoria em função do segmento de mercado:  A quem se dirige este produto?  Ou quem está atualmente a comprar circuitos?  Nota:  Evitar grandes diferenças entre os hotéis do mesmo circuito.
  • 26. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 25  É conveniente ter atenção à localização do hotel, facilidade de acesso, serviços complementares. Percursos de Viação Ao estabelecer um quadro técnico do itinerário deve-se ter em atenção os seguintes aspetos: As etapas Cuja sucessão forma a estrutura do itinerário. As estradas Se têm as condições necessárias para o tipo de veículo utilizado, pela sua largura, altura, inclinação e tráfico. A quilometragem Em equilíbrio entre os diversos pontos de paragem. O coeficiente de viabilidade Resultante dos kms percorridos e a velocidade da viatura ou seja a média horária de km. Os diversos tempos Calculados em função do nº de pax e rapidez do meio de transporte. Os tempos de paragem Sempre indicados com a respetiva justificação. Percursos de Viação – Esquema Operacional Estradas Anota-se o “nome” (EN125, IP1) de estrada e algumas indicações que facilitem a orientação. Itinerário Anota-se as localidades de origem e destino e referem-se as povoações mais importantes. Quilómetros Anota-se os kms que separam as populações. Objetivo = determinar os horários mais coerentes na viagem. Condicionantes = kms, o programa, o que visitar, quanto tempo se dispõe, a que hora se deve estar em determinado lugar, onde e a
  • 27. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 26 Horários que horas se realizam as refeições, qual o programa do dia seguinte, etc. Paragens = no máximo de 3 em 3 horas. Tempos Anota-se os tempos “net” que se demora de uma povoação a outra. Paragens e Visitas Indica-se os lugares a visitar e as paragens realizadas.
  • 28. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 27 2.3.Clientes alvo – características e necessidades Para que serve construírem-se equipamentos de lazer, organizarem-se programas de animação e iniciarem-se diversas atividades, se elas não corresponderem às expectativas daqueles que estão em férias – os turistas ou os visitantes? As motivações mais comuns são as seguintes:  A evasão e a deslocação;  O repouso e o descanso;  A procura de um ambiente agradável;  As relações humanas;  A capacidade de expressão e de criação, tendo em vista a participação em certas atividades;  A curiosidade pelo mundo exterior e o sentido de descoberta, muitas vezes associado a aspirações culturais;  O prazer das sensações ou dos sentidos;  O divertimento ou o entretenimento. O conhecimento destas características gerais, comuns a numerosos visitantes que fazem as suas estadias num destino turístico, não é contudo suficiente para a preparação de estruturas ou a criação de programas de animação. De facto, é igualmente imprescindível conhecer as motivações que determinaram a escolha de um destino turístico em detrimento de outro, de uma atividade de lazer em vez de outra. É preciso saber o porquê e o como, das atitudes atuais e futuras dos visitantes, perante uma situação ou face a atividades de lazer pré-definidas.
  • 29. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 28 O conhecimento do mercado atual e potencial, relativamente a um projeto de animação de um destino turístico, de uma região ou de um núcleo recetor de turismo será porém insuficiente se se limitar às motivações e atitudes dos turistas. Na realidade, o conhecimento deve estender-se às características socioeconómicas da procura analisada, à sua previsão de desenvolvimento e ainda às ofertas da concorrência. A evolução quantitativa da procura turística e a especificidade de algumas motivações dos turistas, podem ter incidência direta ou indireta na participação das diferentes atividades de animação, nomeadamente:  A origem geográfica dos visitantes e a distância a que se encontram da região ou do destino turístico objeto da sua preferência;  Os idiomas falados pelos visitantes;  Os meios de transportes utilizados para fazer a sua estadia no destino turístico;  Os meios de alojamento que habitualmente frequentam;  As formas de viagem que normalmente adotam: viagem individual, em família, em grupos organizados, etc.  As suas categorias socioprofissionais;  Os seus rendimentos e os gastos de lazer;  O tempo de férias e a duração média da sua estadia;  A idade e o sexo;  O nível de educação ou as habilitações literárias. De facto, a animação turística pode constituir-se como uma importante vantagem competitiva e mesmo como fator crítico de sucesso para a promoção de um destino turístico, contribuindo de forma decisiva para a sua afirmação e diferenciação face a destinos concorrentes.
  • 30. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 29 2.4.Oferta e recursos turísticos disponíveis Para a definição de oferta turística concorre um conjunto de elementos, bens e serviços que sejam adquiridos ou utilizados pelos visitantes, tal como aqueles que foram criados com o intuito de satisfazer as suas necessidades. Concorrem ainda os elementos naturais e culturais que fomentam a deslocação dos visitantes. Contudo, é difícil estabelecer a distinção entre a oferta classificada como turística e aquela que não possa ser considerada como tal. Depende sim do tipo de utilização a que está sujeita, seja por visitantes, seja por residentes. Podemos assim dizer que é o consumo turístico que define a oferta turística. É o caso dos estabelecimentos de restauração, cuja utilização é simultaneamente feita por visitantes e por residentes. No que concerne às características, a oferta turística diferencia-se da oferta de outra qualquer atividade nos seguintes elementos: – Os bens produzidos não podem ser armazenados, ou seja não se poderão constituir stocks, à semelhança das outras atividades produtivas; – O consumo turístico é condicionado pela presença do cliente, isto é, neste caso o cliente tem de se deslocar até ao local de produção dos bens e serviços – A produção e o consumo são simultâneos, pelo que só existe produção turística quando há consumo; – A oferta turística é imóvel, uma vez que um recurso turístico (praia, monumento) não pode ser transferido para outro local associado a melhores condições de venda; – O produto turístico é compósito, na medida em que qualquer deslocação turística envolve um conjunto de bens e serviços que concorrem entre si em complementaridade (alojamento, alimentação,...); – A intangibilidade do produto
  • 31. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 30 turístico, tornando-o imaterial, uma vez que só consumindo esse produto poderão ser testados. Apesar da oferta turística de qualquer destino ser variável, podemos dizer que a procura só poderá ser satisfeita com base num conjunto mínimo de componentes oferecido: – Recursos Turísticos - constituem a parte fundamental da oferta, podendo ser naturais ou construídos; – Infraestruturas - construções subterrâneas e de superfície, tais como redes técnicas e acessibilidades, essenciais ao suporte da atividade turística; – Superestruturas - constituídas por equipamentos que respondem diretamente às necessidades da procura turística, entre eles o alojamento e os restaurantes; – Acessibilidades e transportes - dos quais são parte integrante as vias de comunicação, bem como os meios de transporte e a sua organização; – Hospitalidade e acolhimento - as condições com que se recebe os visitantes podem constituir um fator de diferenciação e atratividade no turismo. Num contexto em que o turismo assume cada vez um peso mais significativo na base económica nacional, os recursos inerentes a um determinado território constituem o seu potencial, apesar de, por si só, não serem suficientes ao funcionamento da atividade turística, devendo ser equacionados e potenciados enquanto fatores de atracão e diferenciação. Os recursos naturais constituem elementos do meio natural passíveis de serem utilizados para satisfação de necessidades humanas. Contudo, o simples facto de existir um elemento natural não lhe confere a categoria de recurso. Como tal, é necessário haver uma intervenção do homem de forma a capacitá-lo na satisfação das necessidades humanas. Os recursos constituem assim a base do desenvolvimento turístico, na medida em que promovem a deslocação de pessoas enquanto atracão sem o objetivo de realizarem uma atividade remunerada ou satisfazerem uma necessidade decorrente da deslocação.
  • 32. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 31 Numa perspetiva de Marketing, recorre-se á utilização dos recursos a fim de criar produtos turísticos e finalmente conceber as ofertas turísticas. Estas são percecionadas pelos consumidores como destinos turísticos. Como tal há que proceder, numa dada região à inventariação dos recursos ai existentes, pois eles são a base sobre a qual se vai desenvolver a atividade turística. Os serviços e equipamentos deverão ser definidos com vista a proporcionar ao turista a utilização dos recursos, satisfazendo as suas necessidades e possibilitando-lhe a fruição dos atrativos do destino. Neste sentido estamos face a produtos turísticos ou seja, a conjuntos de componentes que agregados são capazes de satisfazer as motivações e as expectativas de um determinado segmento de mercado. Precisamos agora de lhe atribuir um preço, distribui-los e dá-los a conhecer de forma a que os consumidores os percecionem e saibam como e onde podem adquiri-los. Concebemos assim ofertas turísticas (conjuntos de serviços) que se podem comprar por determinado preço, que se desenvolvem em determinado local num tempo especifico possibilitando a quem os adquire a fruição de uma experiência de viagem completa. O turista requer pois, um conjunto de serviços que não se limitam ao alojamento e ao transporte, exigindo também atividades recreativas. Neste caso a inovação e o desenvolvimento de novos produtos surgem como fundamentais no sentido da obtenção de êxito por parte das empresas que trabalham na área da animação. A imaginação reveste-se de extrema importância e a criatividade é imprescindível para não criar fadiga ou cansaço no turista. O marketing assume assim um papel de extrema importância e relevo. Caso se pretenda lançar um programa de animação á que ter em atenção ao seguinte:
  • 33. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 32 - Estudo da procura e das suas motivações em relação às atividades recreativas (estar em ambientes agradáveis, alargar as relações sociais, divertir-se, desenvolvimento da personalidade etc.) - Estudo da oferta (recursos naturais e histórico-culturais adequados para o desenvolvimento de programas de animação, existência de instalações turísticas adequadas etc.) As fases de lançamento de um produto de animação requerem um plano de marketing que comporte: - A criação de possíveis ideias de recreação e animação - Processo de seleção das mesmas mediante testes feitos a terceiros - Valorização económica da sua rendibilidade - Desenvolvimento de projetos e produtos para a sua aplicação - Distribuição e promoção do produto - Comercialização e venda concreta. Assim é importante que os gestores de animação realizem as seguintes atividades: - Estudos da procura e da oferta (características dos clientes e dos recursos) - Planificação dos projetos de animação de acordo com os resultados dos estudos - Definição dos pressupostos e dos meios financeiros - Definição das relações de cooperação com os diversos sectores que participam na campanha turística geral (alojamento e transportes) - Utilização racional dos recursos e do projeto de animação - Realização dos programas definindo os diferentes campos de ação - Atividades de promoção e venda (sites, folhetos brochuras etc.).
  • 34. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 33 2.5.Recursos existentes – humanos e materiais Está bastante difundida a ideia preconcebida que a animação turística exige a utilização de materiais equipamentos e recursos em grande quantidade e de elevado custo. Na verdade o volume e o custo do material apresentam-se sempre diretamente proporcionais à ambição e à dimensão que se quer dar aos programas de animação. É no entanto ideal a ótima utilização do já disponível e para tal temos de considerar:  Atrativos naturais (O que é que o local dispõe em termos de recursos naturais, se é perto de praias ou barragens, montanhas etc.)  Atrativos de carácter cultural (Monumentos, ruínas, tradições etc.)  Facilidades (Transportes, serviços públicos, de saúde etc.)  Equipamentos e serviços diversos (Disponíveis ou fáceis de alugar)  Recursos técnicos (e a região tem por ex. monitores de escalada ou eletricistas técnicos de som)  Recursos financeiros (Orçamentos, patrocínios, subsídios etc.)  População local (Se poderão ser envolvidos na animação como colaboradores logísticos) A animação promove e mobiliza recursos humanos mediante um processo participativo que desenvolve potencialidades latentes nos grupos de indivíduos de modo a permitir-lhes expressar, estruturar e dinamizar as suas próprias experiências. No campo da ação, a prática da animação exige a resposta a 6 questões fundamentais: Pessoas  Destinatários dos programas/atividades Lugares
  • 35. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 34  Âmbito espacial onde se realizam as atividades Tempo  Âmbito temporal (hora, dia, período do dia, vários dias) Atividades  Definição das atividades que servem de suporte aos programas Métodos  Procedimentos e técnicas a utilizar para a organização e realização de atividades Meios técnicos  Recursos utilizados (materiais e financeiros).
  • 36. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 35 2.6. Oferta turística a contemplar no programa A legislação refere algumas atividades, serviços e instalações de Animação, que podemos sintetizar da seguinte forma: Para que determinado projeto possa ser enquadrada no âmbito da Animação, há que ter em conta certas condicionantes legais, nomeadamente no que respeita a: » Gastronomia Deve promover as receitas e formas de confeção tradicionais, designadamente incorporando as matérias-primas e os produtos tradicionais, bem como os produtos de base local e regional, constituindo um meio de divulgação de estabelecimentos de restauração e bebidas tradicionais. » Produtos Tradicionais Regionais Devem ser promovidos e comercializados, obedecendo aos requisitos exigidos por lei. Atividades Serviços Instalações − Gastronomia − Artesanato − Circuitos temáticos − Expedições − Produtos locais − Eventos − Passeios (a pé, a cavalo, de bicicleta, de barco…) − Informação − Guias de Natureza − Comércio Tradicional − Transportes
  • 37. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 36 - Centros de Interpretação - Pólos de receção/locais de animação - Locais tradicionais de comércio − Feiras − Parques de merendas − Outras infraestruturas de apoio » Artes e Ofícios Tradicionais da Região São as atividades que compreendem o fabrico de materiais e objetos, de prestação de serviços, de produção e confeção de bens alimentares e arte tradicional de vender, ou incorporem uma quantidade significativa de mão- de-obra e manifestem fidelidade aos processos tradicionais. Devem ser promovidos por forma a garantir o interesse para a economia e tradição do saber fazer local, contribuindo para a dinamização de feiras regionais. » Estabelecimentos tradicionais de convívio, de educação e de comércio São estabelecimentos comerciais onde se consomem e transacionam produtos resultantes das atividades ligadas às artes e aos ofícios. A instalação ou recriação destes locais deve garantir a manutenção das características arquitetónicas da região e contribuir para a identificação cultural e social que estes estabelecimentos representam. » Feiras, Festas e Romarias Devem contribuir para a dinamização da economia local e manifestações socioculturais características. » Rotas Temáticas e Expedições Panorâmicas e Fotográficas Devem privilegiar a divulgação e promoção dos contextos mais representativos da economia, cultura e natureza e devem promover a utilização e a recuperação de meios de transporte tradicionais. » Passeios a Pé, de Barco, a Cavalo e de Bicicleta
  • 38. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 37 Devem respeitar os trilhos e a sinalização existente, bem como as limitações estabelecidas quanto ao número de atividades ou visitantes em relação a alguns locais e ou época do ano. » Passeios em Veículos Todo-o-Terreno Devem respeitar os trilhos e a sinalização existente, bem como as limitações estabelecidas quanto ao número de atividades ou visitantes em relação a alguns locais e ou época do ano. Devem ainda ter como objetivo a divulgação dos valores naturais e culturais. » Jogos Tradicionais e Parques de Merendas Devem contribuir para a dinamização e revitalização de formas de convívio e ocupação dos tempos livres. » Pólos de Animação São locais onde se reúnem uma ou mais ocorrências de animação, podendo integrar valências da interpretação e do desporto de natureza. Devem contribuir para a revitalização dos lugares através da recuperação e promoção do seu património cultural e das atividades económicas características. » Meios de Transporte Tradicionais Devem ser adequados ao fim da visita e da manutenção das condições ambientais, nomeadamente através da utilização de transportes coletivos, tradicionais ou que adotem energias alternativas. Técnica multidisciplinar de tradução da paisagem, do património natural e cultural.
  • 39. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 38 2.7. Normas de segurança inerentes ao serviço a prestar A Gestão do Risco de formação outdoor e atividades em regime de ar livre, ou seja, a execução do conjunto das atividades de controlo que permitem mitigar os riscos, pressupõe que a própria Organização responsável pelos programas de atividades de formação outdoor defina uma política de atuação onde expressa a sua capacidade para correr riscos (apetência pelo risco) e as estratégias que considera adequadas de acordo com a sua cultura, para mitigar os mesmos, assumindo a perspetiva de poder haver desvios, bem como dos custos que lhe são inerentes. As atividades de controlo deverão estar descritas em processos e procedimentos suportados pela política interna da Organização, sujeitos à legislação e à regulamentação existentes, seguindo as normas ou as boas práticas aplicáveis às características dos processos do negócio das atividades e formação outdoor. Cada atividade dentro de um programa de formação outdoor tem características únicas e decorre em circunstâncias únicas, sejam externas ou internas. Isto significa que para cada novo programa de atividades ou formação outdoor ou de atividades outdoor serão adequados às circunstâncias e ao nível de preparação dos participantes, sendo necessário fazer uma análise específica dos riscos e que os processos de Gestão de Risco do Programa de formação. Uma má gestão dos riscos operacionais do programa ou da atividade outdoor constitui uma ameaça real para estes: o risco é a ameaça de um evento, circunstância ou uma ação afetar de forma adversa a capacidade das pessoas envolvidas na atividade ou formação outdoor para atingir os seus objetivos ou implementar as estratégias de atuação. A avaliação e gestão do risco é inerente à atividade desenvolvida para os programas de natureza e ar livre. Qualquer atividade humana segura a 100% é inexistente.
  • 40. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 39 No plano teórico, elementos simples servem de enquadramento a uma trilogia clássica na Avaliação e Gestão do Risco, tendo em conta os fatores decisivos de tempo e circunstâncias envolventes: 1. Recolha de informação tão ampla e completa quanto possível. 2. Análise da informação, construção de cenários, listagem de opções e interações. 3. Tomada de decisão e rapidez na ação. De uma forma mais complexa, a metodologia para a avaliação e gestão do risco percorre por 5 fases, de modo a construir um sistema de elevados padrões de exigência: 1. Reconhecer os tipos e níveis de risco inerentes a cada atividade. 2. Analisar os fatores de causa-efeito. 3. Determinar as ações e medidas a tomar; elaborar mapas e procedimentos. 4. Rever assiduamente em face de acontecimentos e novas ameaças. 5. Estabelecer medidas corretivas. Em função dos objetivos dos diferentes programas de atividades, diferentes graus de risco podem ser aceitáveis e devem ser parametrizados em função das suas características. A definição do nível de risco aceitável faz a diferença entre o bem estar e a incomodidade, entre o prazer e o sofrimento e no limite, entre a vida e a morte. Forçar os níveis de risco aceitáveis para cada atividade, provocará a insegurança, potenciará conflitos, aumentará a possibilidade de descontrolo e, por fim, o insucesso daquela atividade. Perceber o nível de risco aceitável em cada atividade e programa, bem como a determinação dos fatores essenciais para determinados objetivos da atividade, permite adequar a gestão de risco em qualquer etapa, de modo a gerir o ciclo de avaliação do risco: identificar os riscos, decidir como gerir o risco inerente ao programa, assim esteja de acordo com os objetivos traçados
  • 41. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 40 Avaliar o que pode correr mal em qualquer atividade requer o cuidado necessário e experiência considerável para identificar o tipo de situações e acasos que possam acontecer nas atividades de Aventura. Conhecer as experiências anteriores e as referências de solução, bem como ler os manuais ou trocar experiências com pessoas mais experimentadas pode ajudar a desenvolver esta experiência. A análise das situações mais sistemáticas que podem influenciar o desenrolar das atividades em sentido desviante do objetivo traçado, pode ser vista sob a perspetiva de 3 eixos, fontes do risco:  Atividade – as coisas que tipicamente podem correr mal  Participantes – a sua perícia única e o nível de conhecimento  Envolvente – o tempo, as condições de superfícies, o equipamento, etc. Caso as consequências dos riscos identificados acima sejam inaceitáveis em função dos objetivos do programa, logo são requeridas outras estratégias de Gestão do risco. Estas podem estar assentes em 3 princípios básicos:  Reduzir o risco pela tomada de precauções adicionais.  Avaliar o risco inteiramente.  Proceder porque o risco parece aceitável. Em resumo: este sistema simples de Avaliação e Gestão do Risco torna-se quase uma mnemónica para o staff e deve ser lembrado quando dele precisam. Porém, a experiência e o treino é que tornarão os monitores mais habilitados para prever e antecipar as medidas mais adequadas perante as situações imprevistas surgidas em atividades com maior complexidade e perante os acasos de interatividade na natureza.
  • 42. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 41 3.Programação de atividades 3.1. Planeamento e programação de etapas Os projetos de animação deverão criar uma atmosfera tal, que permita ao cliente um ambiente de bem-estar, oferecendo-lhe diversas possibilidades de se divertir, distrair, satisfazer a curiosidade e descobrir as particularidades do local onde se encontra: Características: - Flexíveis e abertos a alternativas propostas - Diversificados, visando a satisfação dos diferentes públicos - Cativantes, visando o ritmo e a anulação de tempos mortos - Adequados ao público, recursos e equipamentos - Complementares, visando a sua harmonia Na elaboração do projeto importa responder a algumas questões fundamentais, nomeadamente: - Para quem (quem é o publico alvo a que se vai dirigir a animação - Para satisfazer que necessidades (quais as necessidades do cliente alvo) - Que ocupação de espaço (m2, acessibilidades, características geográficas) - Que equipamentos (Fazer lista de todos os equipamentos necessários para o evento) - Quem envolver (pessoas que vão estar envolvidas monitores forças de segurança bombeiros etc) Plano de Animação É nesta fase que se define concretamente o que se vai fazer quando e onde se vai fazer o programa de animação.
  • 43. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 42 1. Definir a ideia (O que se vai fazer) 2. Estratégia de implementação (Como é que se vai por em prática) 3. Variáveis do Marketing Mix (analisar) 4. Esquematização das infraestruturas existentes (atender aos vários aspetos como sendo saneamento básico, recolha de lixo, parques de estacionamento, acessibilidades etc.) 5. Concretização do local (ter em conta o ponto anterior e fazer planta do local ou do percurso do evento) 6. Definição de equipamentos (listagem dos equipamentos necessários para o evento) 7. Orçamento financeiro 8. Estrutura legal (Autorizações legais e licenças) 9. Estrutura operacional (Programa como vão decorrer as atividades horários etc) 10. Análise e avaliação dos resultados Um bom processo de marketing está ligado ao tempo despendido na análise dos elementos disponíveis na contínua e disciplinada análise de questões que quando respondidas determinarão o sucesso da implementação de atividades que geram a animação. Barreiras à implementação do plano de Animação Existem fatores de ordem diversa que colocam em causa a realização de determinados eventos ou programas de animação:  Não tem retorno de investimento tangível o que origina falta de interesse por parte e eventuais investidores/patrocinadores  Geras despesas consideráveis quando confrontadas com as receitas previsíveis (não é viável do ponto de vista económico)  A aceitação por parte do público-alvo não é espontânea, implicando uma revisão do projeto  Existem esforços de contenção de despesas que não se coadunam com os resultados pretendidos  Se a criação de determinado evento é demasiado dispendiosa e não se espera um retorno de capital, verifica-se um desinteresse pelo plano ou pelo evento Que fatores podem conduzir ao sucesso da animação?
  • 44. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 43 - Planificar todas as variáveis do programa (planificando todas as etapas) - A Esquematização das infraestruturas deve ser considerada prioritária - Nunca esquecer que os patrocinadores são um instrumento importante do Marketing e são geradores e receita - Promotores privados necessitam do suporte do sector público (entidades oficiais) - A promoção é um fator crítico de sucesso - Pequenas comunidades são igualmente tão importantes como as grandes, porque permitem a focalização dos eventos de animação - Envolver sempre que possível as comunidades locais no evento - Não esquecer que o impacto económico consegue sempre unir esforços da comunidade para o evento/animação - Fazer eventos por vezes não é economicamente viável, usar o que temos disponível gratuitamente - Quanto maior for o evento/animação, maior será a importância da comunidade no desenvolvimento do mesmo. Usar voluntários sempre que existam. Metodologia do projeto de animação turística A elaboração completa e concisa de um projeto de animação turística pressupõe a conjugação harmoniosa de todos os passos conducentes à execução do mesmo. O processo metodológico a seguir pelo animador divide-se em 4 fases: 1 – análise 2- diagnóstico 3 – planificação de atividades 4 – avaliação 1 – Análise A primeira fase corresponde à análise exaustiva e detalhada do estabelecimento turístico e do ambiente que o rodeia e influencia. Paralelamente, devem esboçar-se os objetivos gerais e específicos, definir datas espaciais a enquadrar no projeto e listar sistemas de controlo e avaliação.
  • 45. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 44 Quanto maior for o rigor e a profundidade da investigação inicial, maior será a probabilidade de sucesso nas fases posteriores. A fase de análise inicia-se com o estudo detalhado de um conjunto de fatores determinantes, cujo conhecimento permitirá elaborar um projeto adequado, o mais possível, à realidade em questão. Ambiente interno e externo – Tipologia de estabelecimento – Localização do estabelecimento – Ambiente imediato e proximidade – Condições climatéricas e sazonalidade Recursos físicos – Instalações – Equipamento técnico Tipologia de clientes – Faixa etária – Classe social – Comportamento segundo a nacionalidade Recursos humanos – Equipa de animação – Staff do estabelecimento 2 – Diagnóstico A elaboração de um diagnóstico pressupõe a identificação das necessidades atuais do estabelecimento em termos de animação, após a análise efetuada, e a previsão dos impactos e consequências do projeto. Assim sendo, o nível de detalhe da análise influencia a capacidade de antevisão dos impactos. 3 – Planificação
  • 46. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 45 Planificar significa traçar os planos de ação conducentes à execução do projeto. Para além de constituir uma necessidade, pode ser considerada um instrumento e método de trabalho em si mesmo. Esta fase implica reflexão, previsão, adequação, coerência, equilíbrio e flexibilidade. A planificação consiste em antecipar, prever e procurar antever como se deve desenvolver o projeto em função do estabelecimento e dos turistas. Nesta fase fixam-se os objetivos, a metodologia de aplicação, as atividades, as técnicas de controlo e avaliação das mesmas, assim como a distribuição de funções e responsabilidades segundo um horário estabelecido. A planificação ajuda a reduzir a incerteza e orienta a tomada de decisões. 4 – Avaliação Avaliar consiste em comparar o resultado obtido com o resultado que se deveria ter alcançado em função da aplicação das atividades programadas. No entanto, a avaliação não deve ser entendida como um processo final, mas sim como um processo contínuo que permite corrigir o projeto á medida que vai sendo aplicado. Facilita a deteção antecipada de possíveis erros e desvios, permitindo a respetiva correção. Uma das ferramentas mais utilizadas e fiáveis consiste na aplicação de inquéritos. Permitem auscultar a opinião dos turistas e recolher informação verídica e atualizada. Constituem uma fonte contínua de dados, a partir dos quais se detetam potenciais erros num curto espaço de tempo, facilitando a sua correção rápida e oportuna.
  • 47. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 46 II - Atividade profissional – animação turística
  • 48. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 47 1. Atividade de animação e modo de funcionamento 1.1. Empresas que prestam serviços no âmbito da animação turística – caracterização Processo de licenciamento O registo é obrigatório para TODAS as empresas de animação turística ou operadores marítimo-turísticos. O pedido efetuado através de formulário eletrónico está disponível em www.turismodeportugal.pt (Serviços na Web → Registo Nacional de Turismo → Serviços de Registo). Elementos necessários: • Número de Identificação Fiscal (NIF) e a password das Finanças relativa à entidade que vai proceder ao registo; • Documento comprovativo do início de atividade ou certidão do ato constitutivo da empresa; • Código de acesso à Certidão Permanente ou Certidão do Registo Comercial; • Certificado de Microempresa (se aplicável), mesmo que seja empresário em nome individual; • Documento de Registo da Marca no INPI (caso a empresa pretenda utilizar uma marca); • Documentos identificativos da Equipa de Gestão; • Apólices de Seguros (condições particulares e gerais); • Documentos comprovativos do pagamento dos seguros; • Declaração em como os equipamentos e/ou as instalações satisfazem os requisitos legais.
  • 49. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 48 Taxas de Registo • 950€ para empresas certificadas como Microempresas • 1500€ para as restantes • 245€ para operadores marítimo-turísticos Requisitos principais Seguros Nenhuma empresa de animação turística ou operador marítimo-turístico pode iniciar ou exercer a atividade sem fazer prova junto do Turismo de Portugal, I.P. de ter celebrado os contratos de seguro obrigatórios e de que os mesmos se encontram em vigor. 1. Acidentes Pessoais (Empresas de Animação Turística e operadores marítimo-Turístico) O seguro deve garantir: • Pagamento das despesas de tratamentos, incluindo tratamento hospitalar, medicamentos, até ao montante anual de 3.500 Euros; • Pagamento de um capital de 20.000 Euros, em caso de morte ou invalidez permanente dos seus clientes, reduzindo-se o capital por morte ao reembolso das despesas de funeral, quando estes tiverem idade inferior a 14 anos. 2. Assistência às Pessoas, válido exclusivamente no estrangeiro (Empresas de Animação Turística e operadores marítimo-Turístico) O seguro deve garantir: • Pagamento do repatriamento sanitário e do corpo; • Pagamento de despesas de hospitalização, médicas e farmacêuticas, até ao montante anual de 3.000 Euros. 3. Responsabilidade Civil (Empresas de animação turística)
  • 50. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 49 O seguro deve garantir: • 50.000 Euros por sinistro e anuidade que garanta os danos causados por sinistros ocorridos durante a vigência da apólice, desde que reclamados até um ano após a cessação do contrato. (operadores marítimo-Turístico) Cobertura de capital mínimo obrigatório de: • 50.000 Euros para embarcações dispensadas de registo e para os operadores marítimo-turísticos que exerçam a atividade na qualidade de inscritos marítimos; • 100.000 Euros por embarcação para embarcações com capacidade até 12 pessoas, excluindo a tripulação; • 200.000 Euros por embarcação para embarcações com capacidade entre 12 a 30 pessoas, excluindo a tripulação; • 250.000 Euros por embarcação para embarcações com capacidade para mais de 30 pessoas, excluindo a tripulação. Em todos os seguros devem constar expressamente nas respetivas condições particulares a identificação das atividades cobertas. Os montantes mínimos fixados em todos os seguros são atualizados anualmente, em função do índice de inflação publicado pelo INE no ano imediatamente anterior, e os montantes decorrentes da atualização são divulgados no portal do Turismo de Portugal, I.P. Atividades isentas de pagamento de taxa de registo: • Agências de Viagens e Turismo desde que solicitem prévia autorização ao Turismo de Portugal, I.P. através da sua inscrição no RNAVT e prestem as garantias exigidas; • Empresas proprietárias ou exploradoras de Empreendimentos Turísticos, apenas quando prevejam no objeto social a possibilidade de exercerem atividades de animação turística, complementarmente à atividade principal (mediante
  • 51. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 50 comunicação ao Turismo de Portugal, I.P., desde que cumpram os requisitos específicos da atividade e os seguros obrigatórios); • Associações, Fundações, Misericórdias, Mutualidades, Instituições Privadas de Solidariedade Social, Institutos Públicos, Clubes e Associações Desportivas, Associações Ambientalistas, Associações Juvenis e entidades análogas, desde que verifiquem os seguintes requisitos: — Prevejam no objeto social a possibilidade de exercerem atividades próprias das empresas de animação turística; — A organização das atividades não tenha fim lucrativo; — Se dirija única e exclusivamente aos seus membros ou associados; — Não utilizem meios publicitários para a promoção das atividades; — Obedeçam às regras inerentes à empresas de animação turística; — Prestem garantias dos seguros exigidos. A utilização de marcas por empresas de animação turística carece de comunicação ao Turismo de Portugal, I.P.. No caso das empresas de animação turística, com registo válido, que pretendam registar-se também como operadores marítimo-turísticos, não é cobrada taxa de inscrição. No caso dos operadores marítimo-turísticos que pretendam registar-se como empresa de animação turística é cobrada uma taxa que corresponde à diferença entre o valor pago e o valor no novo registo. Instalações e equipamentos As instalações e equipamentos devem satisfazer as normas vigentes para cada tipo de atividade (licenciadas ou autorizadas nos termos da legislação aplicável e pelas entidades competentes). 1. Veículos automóveis autorizados As empresas podem utilizar veículos automóveis para passeios turísticos ou transporte de clientes no âmbito das atividades de animação que desenvolvam:
  • 52. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 51 • Veículos automóveis até 9 lugares: o motorista deve ter documento comprovativo do horário de trabalho e da identificação da empresa, a especificação do evento, a data, a hora e o local de partida e de chegada, para ser exibido a qualquer entidade competente que o solicite; • Veículos automóveis com mais de 9 lugares: têm que se licenciar como transportador público rodoviário de passageiros, interno ou internacional, pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT) (no caso de serem detentores dos veículos); • Os veículos podem ser alugados a uma transportadora. 2. Embarcações autorizadas e normas Nas atividades marítimo-turísticas podem ser utilizadas: • Embarcações registadas como ”auxiliares”, designadas como marítimo-turísticas. As embarcações auxiliares classificam-se de acordo com a área de navegação: — Locais ou de porto (operam dentro dos portos, rios, rias, esteiros, lagos, lagoas, albufeiras e em águas sob jurisdição dos órgãos locais da Direção- geral da Autoridade Marítima); — Costeiras (operam ao longo da costa à vista de terra); — Do alto (operam para além da área costeira). • Embarcações dispensadas de registo: pequenas embarcações de praia sem motor, nomeadamente botes, charutos, barcos pneumáticos, gôndolas, pranchas com ou sem vela e embarcações exclusivamente destinadas à prática do remo. Neste caso, os operadores marítimo-turísticos devem ter uma embarcação com motor, exclusivamente destinada à assistência das restantes, com placa sinalética no casco ou na superstrutura com a inscrição «EA» (embarcação de assistência).  Embarcações de recreio: para aluguer e pesca turística, até ao limite de 12 pessoas (excluindo a tripulação);  Embarcações de comércio que transportem mais de 12 passageiros. As embarcações de apoio devem dispor de uma inscrição no costado, constituída pelo nome da embarcação principal a que pertencem, seguida da palavra «APOIO», de altura não inferior a 6 cm, devendo ser numeradas, caso haja mais do que uma.
  • 53. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 52 Consideram-se embarcações de apoio as embarcações miúdas, com ou sem motor, embarcadas ou rebocadas, destinadas a apoiar a embarcação principal, nomeadamente em situações de embarque ou desembarque. 1.2 Contexto associativo A APECATE - Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos, constituída por escritura pública em 17 de Janeiro de 2007, é uma associação empresarial que resulta da fusão de três associações:  a APOPC - Associação Portuguesa de Organizadores Profissionais de Congressos,  a PACTA - Associação Portuguesa de Empresas de Animação Cultural e de Turismo de Natureza e Aventura,  a AOPE - Associação de Organizadores Profissionais de Eventos. As razões que motivaram esta fusão decorrem da natural complementaridade e progressiva interpenetração existente entre os três sectores, mas, também, da profunda identidade de pontos de vista entre as três associações sobre os principais problemas dos sectores que representam e cujos produtos consubstanciam o que de mais inovador existe no Turismo em Portugal. A APECATE herda, pois, o trabalho, os projetos e o prestígio das três associações fundadoras e assume, agora com mais força, melhores meios e novos recursos, a representação destes sectores e a responsabilidade de apoiar as suas necessidades e de servir os seus interesses. O funcionamento da APECATE Uma fusão entre associações que representam três sectores distintos e complementares da atividade económica só faz pleno sentido quando assenta no reconhecimento da identidade de cada um e tem como objetivo reforçar as suas naturais sinergias.
  • 54. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 53 A essência desta fusão está expressa, de uma forma muito clara, na parte dos Estatutos da APECATE que diz respeito às chamadas Secções Especializadas. As Secções Especializadas - à partida 3 (eventos, congressos e animação turística) - têm como função tratar dos problemas profissionais específicos do seu ramo de atividade. A importância que lhes é conferida é evidente: fazem parte dos corpos sociais da Associação, a par da Direção, da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal, tendo, cada uma, um representante com assento, por inerência, na Direção da Associação. Mais, só os membros da Direção das Secções Especializadas podem concorrer aos cargos de Presidente e Vice-Presidentes da Associação. Esta orgânica é considerada o instrumento fundamental da fusão uma vez que: garante a continuidade do trabalho até agora desenvolvido por cada associação fundadora e a transição do seu património para a nova associação;  Representa um passo em frente relativamente ao trabalho das associações fundadoras: ao permitir que um associado participe no trabalho de várias secções, cria as condições necessárias para que, no âmbito de uma única associação, sejam apoiadas todas as empresas cujo objeto inclua, em simultâneo, a organização de eventos, congressos e atividades de animação turística;  Promove, ao nível da Direção, a -unidade na diversidade- que motivou esta fusão, o que contribuirá decisivamente para a criação de novas e vantajosas relações entre as empresas dos três sectores;  Finalmente, ao admitir a possibilidade de criação de outras secções especializadas, afirma-se ainda como uma fusão aberta a outros sectores de atividade complementares dos congressos, dos eventos e da animação turística. São estes os objetivos da APECATE: juntar esforços, fomentar a união profissional, aprofundar a colaboração entre os seus associados e afirmar a importância estratégica destes sectores para o desenvolvimento do Turismo em Portugal.
  • 55. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 54 2. Profissionais da animação 2.1. Funções e principais competências Os animadores turísticos são os profissionais que planeiam, organizam e promovem diversas atividades de animação. Dado que existem várias áreas de animação turística, estes profissionais habitualmente especializam-se numa delas, podendo desenvolver atividades tão diferentes como a animação desportiva em terra, na água, ou no ar; a animação na natureza (observação da fauna, da flora, das configurações geológicas da terra, etc.); entre um imenso leque de possibilidades. Também se podem especializar na animação de grupos divididos por faixas etárias (crianças, jovens, adultos ou seniores), ou no acompanhamento de grupos portadores de incapacidades físicas ou psíquicas. Também aos animadores turísticos é-lhes exigido um variado conjunto de competências profissionais, das quais se destacam a capacidade para preparar e realizar programas de animação adequados às expectativas dos turistas, bem como ter uma sólida preparação na respetiva área de especialização. Devem ainda ter fortes noções de segurança e primeiros socorros, uma vez que deverá ser salvaguardada sempre, a integridade física dos clientes, especialmente nas atividades de animação desportiva ou de animação na natureza.
  • 56. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 55 As funções dos profissionais de animação turística estão oficialmente definidas no catálogo nacional de qualificações, as quais se passam a transcrever: OBJETIVO GLOBAL - Efetuar o planeamento, a organização, a comercialização e a dinamização de atividades de animação turística, de modo a garantir um serviço de qualidade e a satisfação dos clientes. ATIVIDADES 1. Planear atividades de animação turística, em colaboração com os órgãos responsáveis da organização, tendo em conta, a estratégia e a política comercial da organização, os clientes alvo e o mercado:  Acompanhar as tendências de evolução de tipos e segmentos de turismo, bem como de novos programas de animação turística;  Proceder à atualização de informação turística de carácter geral, histórico e cultural, de forma a elaborar novos programas de animação turística ou reformulá-los;  Auscultar as motivações e interesses dos clientes, de modo a constituir uma oferta de atividades de animação turística vendáveis e a garantir a sua satisfação;  Colaborar no planeamento e na aquisição de produtos de consumo e de equipamentos necessários à realização das atividades de animação turística;  Colaborar na determinação dos recursos humanos a afetar às atividades de animação turística, tendo em conta, nomeadamente, as atividades a efetuar, as condições do espaço onde se realizarão as atividades e o número de participantes;  Colaborar na implementação de programas de promoção das atividades de animação turística comercializadas. 2. Organizar, desenvolver e comercializar atividades de animação turística, em espaços abertos e/ou fechados, de acordo com a estratégia e a política comercial da organização e as necessidades e as motivações dos clientes:  Elaborar programas de animação turística, definindo, nomeadamente, as atividades a realizar, os objetivos a alcançar, a duração de cada atividade, o alojamento e o orçamento;
  • 57. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 56  Prestar informações e aconselhar os clientes sobre os programas de animação turística, nomeadamente, os recursos turísticos e culturais e as infraestruturas de lazer da região e a oferta de serviços adicionais e complementares, promovendo-os e transmitindo aos clientes toda a informação e documentação sobre estes;  Efetuar a comercialização de atividades de animação turística, nomeadamente, informando os clientes sobre as opções possíveis e as alternativas, calculando tarifas, preços, condições especiais e encargos adicionais e acordando as condições de pagamento;  Proceder às reservas dos produtos e serviços associados às atividades de animação turística a desenvolver, nomeadamente, transporte, alojamento, alimentação e acesso a atrações turísticas e entretenimento, utilizando, quando necessário, as tecnologias de informação e comunicação, e de acordo com as condições acordadas com os clientes;  Emitir os bilhetes, os vouchers e outra documentação necessária à prestação dos serviços de animação turística;  Proceder à faturação dos produtos e serviços de animação turística adquiridos e emitir a respetiva fatura. 3. Prestar assistência aos clientes com vista a garantir um serviço de qualidade e de acordo com os procedimentos adequados:  Prestar informações detalhadas aos clientes sobre os serviços de animação turística adquiridos;  Assegurar a resposta a alterações e cancelamentos das atividades de animação turística, assim como, a imprevistos e contingências entretanto surgidas, respeitantes, nomeadamente, aos clientes, aos espaços de realização das atividades e aos transportes;  Atender a reclamações e sugestões dos clientes, identificando as suas necessidades e expectativas e assegurando a sua resolução/satisfação e/ou transmitindo-as ao seu superior hierárquico;  Contactar com os clientes após a realização das atividades de animação turística, de forma a identificar possíveis anomalias e avaliar o seu grau de satisfação com o serviço prestado.
  • 58. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 57 4. Efetuar o atendimento e a receção de clientes aquando da realização das atividades de animação turística, de acordo com os procedimentos adequados e as necessidades e as motivações dos clientes:  Atender e receber clientes no local de realização das atividades de animação turística, nomeadamente, acolhendo-os e dando-lhes as boas vindas e motivando- os para a participação nas atividades;  Conduzir briefings antes da realização das atividades de animação turística, de modo, nomeadamente, a prestar informações e a fornecer orientações sobre as atividades a realizar e os procedimentos de segurança a aplicar, assim como, a preparar os participantes para eventuais imprevistos que possam ocorrer e assegurar formas de atuação corretas. 5.Dinamizar e conduzir atividades de animação turística, nomeadamente, organizando as atividades e os participantes no tempo e no espaço previsto para a animação, demonstrando os objetivos e as regras das atividades, fornecendo indicações aos participantes sobre os progressos e os resultados atingidos e garantindo a aplicação das normas de segurança adequadas. 6. Efetuar o acompanhamento e a avaliação das atividades de animação turística desenvolvidas, nomeadamente, registando o grau de satisfação e de participação dos clientes nas atividades, assim como, as eventuais anomalias ocorridas e propondo as necessárias correções ou alterações ao serviço. 7.Efectuar ou colaborar na prospeção de novos clientes, assim como, na gestão da carteira de clientes. 8. Elaborar relatórios e outros documentos de controlo, relativos à sua atividade. COMPETÊNCIAS SABERES Noções de: 1. Matemática – métodos quantitativos.
  • 59. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 58 2. Técnicas de gestão de clientes. 3. Gestão de stocks. 4. Divulgação e promoção de atividades de animação turística 5. Funcionamento e organizações do sector do turismo. 6. Orçamentação. 7. Mercado turístico nacional e internacional. 8. Técnicas de primeiros socorros. 9. Segurança, higiene e saúde aplicadas à atividade profissional. 10. Planeamento e organização do trabalho. 11. Qualidade dos produtos e serviços turísticos Conhecimentos de: 20. Legislação aplicada à atividade profissional. 21. Relações interpessoais e comunicação. 22. Língua inglesa e outra língua estrangeira (conversação fluente e utilização de vocabulário técnico específico). 23. Comercialização de atividades de animação turística (tarifários, taxas, descontos, reservas e faturação de atividades de animação turística). 24. Informática aplicada à atividade turística. 25. Técnicas de venda e de negociação. 26. Técnicas de atendimento e receção de clientes. 27. Informação turística. 28. Técnicas de assistência ao cliente. 29. Tipologia e caracterização dos produtos de consumo e dos equipamentos utilizados nas atividades de animação turística. Conhecimentos aprofundados de: 21. Técnicas de condução de briefings. 22. Técnicas de animação turística. 23. Organização de atividades de animação turística. SABERES-FAZER 1. Aplicar as técnicas de planificação de atividades de animação turística.
  • 60. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 59 2. Identificar as tendências de evolução de tipos e segmentos de turismo, bem como, de novos programas de animação turística. 3. Utilizar as técnicas e os métodos de recolha de informação turística de carácter geral, histórico e cultural. 4. Identificar as motivações e interesses dos clientes. 5. Identificar as necessidades de produtos de consumo e de equipamentos. 6. Aplicar as técnicas e os instrumentos de planeamento e organização de recursos humanos. 7. Aplicar as diretrizes comerciais da organização. 8. Utilizar os métodos e as técnicas de promoção das atividades de animação turística. 9. Utilizar as técnicas e os métodos de elaboração de programas de animação turística. 10. Utilizar os métodos e as técnicas de comercialização de atividades de animação turística. 11. Aplicar os métodos e as técnicas de execução de orçamentos. 12. Aplicar as técnicas de comunicação. 13. Aplicar as técnicas de atendimento e receção de clientes. 14. Aplicar as técnicas de venda e de negociação. 15. Utilizar os métodos e os procedimentos adequados às operações de reservas dos produtos e serviços associados às atividades de animação turística. 16. Utilizar os meios informáticos aplicados à atividade turística. 17. Utilizar os procedimentos adequados à emissão de bilhetes, vouchers e outra documentação. 18. Utilizar os procedimentos necessários à faturação dos produtos e serviços de animação turística e à emissão de faturas. 19. Utilizar os procedimentos adequados à prestação de assistência aos clientes. 20. Utilizar os procedimentos adequados de resposta a situações anómalas na prestação do serviço turístico. 21. Aplicar os procedimentos adequados à resolução/tratamento de reclamações e sugestões de clientes e definir medidas corretivas. 22. Aplicar as técnicas de condução de briefings. 23. Aplicar as técnicas de animação turística. 24. Aplicar as técnicas de primeiros socorros em situações de emergência.
  • 61. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 60 25. Utilizar as técnicas e os instrumentos de acompanhamento e avaliação das atividades de animação turística desenvolvidas. 26. Exprimir-se oralmente e por escrito, em língua portuguesa, em língua inglesa e em outra língua estrangeira, de forma a facilitar a comunicação com clientes e com outros interlocutores. 27. Utilizar a documentação técnica respeitante ao registo da atividade desenvolvida. 28. Aplicar as normas de segurança, higiene, saúde e proteção ambiental respeitantes à atividade profissional. 29. Aplicar as normas e os procedimentos de sistemas de gestão na área da qualidade SABERES-SER 1. Identificar-se com os objetivos e a cultura da organização. 2. Comunicar, a nível interno e externo à organização, com interlocutores diferenciados. 3. Facilitar o relacionamento interpessoal a nível interno e externo à organização. 4. Integrar as normas de segurança, higiene, saúde e proteção ambiental no exercício da sua atividade profissional. 5. Integrar as normas e os procedimentos de sistemas de gestão na área da qualidade no exercício da sua atividade profissional. 6. Tomar iniciativa no sentido de encontrar soluções adequadas para a resolução de problemas. 7. Adaptar-se a novas situações e formas de organização do trabalho. 8. Motivar os clientes para a utilização dos serviços da organização
  • 62. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 61 2.2. Contexto socioprofissional Os animadores turísticos têm fortes perspetivas de entrada no mercado de trabalho; todavia, esta é ainda uma profissão pouco consolidada, pelo que se aconselha uma permanente atualização na respetiva área profissional e uma boa preparação técnica base. É de salientar que já existem alguns estabelecimentos de ensino superior que lecionam cursos nesta vertente da área turística. Os profissionais podem trabalhar em micro e pequenas empresas (turísticas ou de animação turística) ou optar pelo regime de freelancer. Existem várias entidades que podem fornecer informações adicionais sobre estas profissões, nomeadamente: * Associação de Técnicos de Turismo (ATT), Av. do Atlântico (ESTG), 4900-348 Viana do Castelo, Tlf./ Fax: 258826822. Página na Internet: http://www.atturismo.pt * Ass. Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, R. Duque de Palmela, 2 - 1º Dt.º, 1250-098 Lisboa, Tlf. 213553010, Fax: 213145080. Página na Internet: http://www.apavtnet.pt * Sind. Nac. da Atividade Turística, Tradutores e Intérpretes, R. do Telhal, 4 - 3º Esq.º, 1150-346 Lisboa, Tlf. 213467170/213423298. Página na internet: http://www.snatti.org/main/index.php?item=12
  • 63. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 62 2.3. Exigências de formação e certificação A constituição e desenvolvimento do subsector da Animação Turística transformaram a questão da formação e certificação dos profissionais ao serviço das empresas de animação turística numa questão urgente e incontornável. Esta questão é especialmente relevante no que respeita aos técnicos que operam no campo das atividades de ar livre, genericamente denominados "animadores outdoor", áreas para as quais não existe qualquer formação certificada específica. Com efeito, os únicos cursos profissionais existentes em áreas similares, são os reconhecidos pelo Instituto do Desporto e ministrados sob a égide das Federações Desportivas. Neste quadro, a Secção de Animação Turística da APECATE decidiu assumir a responsabilidade de construir um modelo de formação, considerando que o trabalho que se propõe fazer, porque decorrente da experiência de profissionais / empregadores do sector, terá a qualidade e o grau de exigência requeridos para que venham, a curto prazo, a ser reconhecidos e certificados. Para tal, foi constituído um Conselho de Formação, coordenado pela Direção da Secção de Animação Turística. Este Conselho tem como funções validar e promover o Plano de Formação de Ativos e emitir, em nome da APECATE - Secção de Animação Turística, os respetivos Diplomas. Dos resultados deste trabalho, destaca-se a proposta de criação de 4 níveis de competências para os Animadores Outdoor. O nosso Plano de Formação integra já esta definição. NÍVEIS DE COMPETÊNCIA
  • 64. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 63  Animador A1 - Possui as competências necessárias / técnicas, comportamentais e turísticas - para acompanhar e enquadrar, em condições de segurança, grupos de clientes em ambiente outdoor, sob supervisão. É o primeiro nível da nossa profissão.  Animador A2 - Possui as competências necessárias / técnicas, comportamentais e turísticas para acompanhar e enquadrar, em condições de segurança, grupos de clientes em ambiente outdoor, sem supervisão.  Animador A3 - Possui competências técnicas e comportamentais extraordinárias e capacidade de gestão de grupos de especialistas em ambiente outdoor. Incluem-se neste grupo, por exemplo, indivíduos com capacidade para organizar expedições de ponta nas diversas atividades.  Animador A4 - Corresponde ao Animador Coordenador, possuindo competências para coordenar o trabalho dos animadores existentes numa organização. O Plano visa a formação e certificação de Animadores A1 e A2. CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL A profissão de Animador Outdoor é essencialmente turística. Lidamos com clientes. Por esta razão, o nosso Plano de Formação visa uma aquisição integrada de competências, associando a componente técnica às componentes comportamentais e turísticas. A Certificação Profissional que propomos reflete esta opção. Assim, a atribuição do nível A1 em qualquer área técnica exige a frequência dos cursos de Iniciação à Atividade Turística e de Suporte Básico de Vida, e a atribuição do nível A2 os cursos de Animação Turística e de Socorrismo. De referir ainda que, tratando-se de um Plano de Formação dirigido a Ativos, estão previstas candidaturas aos diversos níveis de certificação através da prestação de provas (estágios e exames), desde que cumpridos os requisitos exigidos em cada situação. Qualquer certificação terá um prazo de validade, devendo ser revalidada através da frequência de um Curso de Atualização.
  • 65. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 64 PLANO DE FORMAÇÃO DE ATIVOS SÍNTESE, REQUISITOS DE ACESSO, CERTIFICADOS SÍNTESE DO PLANO - 1º FASE A) FORMAÇÃO GERAL CURSOS Introdução à Atividade Turística A1 - 07 h Animação Turística A2 - 28 h Suporte Básico de Vida - 07 h Curso Básico de Socorrismo - 28 h B) FORMAÇÃO ESPECÍFICA / ÁREAS TÉCNICAS CURSOS Canyonning - A1 Canyonning - A2 Espeleologia - A1 Espeleologia - A2 Canoagem em Águas Calmas - A2 Canoagem em Águas Bravas - A2 Rafting - A2 Orientação - A1 Orientação - A2 Pedestrianismo - A1 Pedestrianismo - A2 Técnicas e Segurança em Atividades com Cabos - A1 Técnicas e Segurança em Atividades com Cabos - A2 Escalada - A1 Escalada - A2 ÁREAS TÉCNICAS - CONDIÇÕES DE ACESSO Cursos A1
  • 66. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 65 As condições de acesso aos cursos A1 encontram-se definidas na Ficha de Inscrição respetiva. Exames A1 Podem candidatar-se a exame dos Cursos A1 sem frequência do respetivo curso os técnicos ao serviço de Empresas de Animação Turística por estas propostos, desde que cumpram os requisitos referidos na Ficha de Exame respetiva. Cursos A2 Sem prejuízo de outras condições definidas na respetiva Ficha de Inscrição, o acesso aos cursos de nível A2 faz-se através da apresentação do Certificado do Curso de Nível A1 da área respetiva, de Certificado equivalente que seja reconhecido pelo Conselho de Formação e, quando se aplique, da prestação da respetiva prova de acesso. Regimes de exceção Entrada direta em cursos A2 Podem propor-se à entrada direta em cursos A2, os candidatos propostos por empresas de Animação Turística, desde que sejam cumpridos os seguintes requisitos: - apresentação do curriculum do candidato validado pela empresa proponente; - avaliação positiva deste curriculum pelo Conselho de Formação - prestação positiva de prova de acesso, correspondente ao exame final do nível A1 respetivo. CERTIFICADOS DE ANIMADORES A emissão do CERTIFICADO DE ANIMADOR A1 exige:  o certificado do curso da área técnica correspondente  o certificado do curso de Suporte Básico de Vida  o certificado do curso de Iniciação à Atividade Turística A emissão do CERTIFICADO DE ANIMADOR A2 exige:  o certificado do curso da área técnica correspondente  o certificado do curso básico de Socorrismo  o certificado do curso de Animação Turística
  • 67. ufcd 3473 - Desenho e organização de programas e atividades de animação 66 2.4. Questões deontológicas CÓDIGO DEONTOLÓGICO DOS ASSOCIADOS DA APECATE O presente Código Deontológico estabelece linhas orientadoras de conduta para os Associados da APECATE, tendo como objetivo o estabelecimento de uma salutar e ética colaboração entre os seus membros, clientes e fornecedores. Estes princípios são aceites por todos os associados e a sua prática dignifica e prestigia a Associação e o mercado. Código Deontológico dos Associados da APECATE  Manter a integridade profissional, agindo honestamente dentro da suas áreas de competência.  Evitar ações que possam ser interpretadas como conflitos de interesses ou favorecimento.  Oferecer ou aceitar apenas remunerações, bens e serviços no âmbito das transações negociais decorrentes do normal funcionamento do negócio.  Utilizar práticas negociais profissionais, honrando os contratos escritos e verbais, procurando garantir uma comunicação clara e inequívoca entre as partes e respeitando os direitos legais e contratuais de terceiros.  Assegurar o direito à privacidade e proteger a confidencialidade das informações privilegiadas recebidas verbalmente, por escrito e eletronicamente.  Respeitar os direitos autorais, não utilizando informação privilegiada ou confidencial.  Empenhar-se na proteção do património natural e cultural, através da utilização responsável dos recursos necessários à sua atividade profissional.  Procurar atingir ativamente níveis crescentes de competência profissional, através da formação contínua e da partilha de conhecimentos e experiências.