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FOTOBIOGRAFIA
EÇA DE QUEIRÓS
• José Maria de Almeida Teixeira
de Eça de Queirós (1820-1901)
• Carolina Augusta Pereira de Eça
de Queirós (1826-1918)
D. Carolina d'Eça de Queiroz. Dr.
José Maria Teixeira de Queiroz
Fotografia, A. desconhecido, 18--
?
FEQ Fot. 6
“A mocidade tem destas
esplêndidas confianças; só por
amar a verdade imagina que a
possui; e magnificamente certa da
sua infalibilidade, anseia por
investir contra tudo o que diverge
do seu ideal, e que ela portanto
considera erro, irremissível erro
fadado à exterminação.”
Advertência a Uma Campanha
Alegre, 1890
Eça de Queirós – cerca de 1868
Fotografia, Henrique Nunes, [ca 1868?]
FEQ Fot. 26
“Sou eu e os meus
abutres: Vimos criar,
devorando cadáveres!”
In J. Batalha Reis, Prefácio a
Prosas Bárbaras, 1903
Eça de Queirós - cerca de 1870
Fotografia, A. desc., ca 1870?
BN Esp. E4/88-1.4
Eça de Queirós e Manuel
de Castro, na juventude -
c. 1870
Fotog., A. desc.
F.E.Q. 33
“Montreal é uma pequena
cidade que se desejaria
pôr numa étagère. [...] É
um encanto.”
Carta a Ramalho Ortigão, Jul. 1873
Eça de Queirós em Montreal - 1873
Fotografia William Notman - 1873
Fot. FEQ 60
“Mas o que não estou é
condescendente com esta
terra estúpida para onde
vim, embrulhado num
decreto, impelido por um
tratado.”
Carta a Ramalho Ortigão, 1873
Eça em Havana - 1873
Fotografia C.D. Fredricks y Daries
FEQ Fot.. 28
“[...] Newcastle, onde há
perto de 100 mil operários, é
o centro socialista de
Inglaterra. Estou no foco. É
desagradável, o foco.”
Carta a Jaime Batalha Reis, 6 Jan. 1875
Eça de Queirós em Newcastle-on-Tyne
Fotografia, H. S. Mendelssohn, [187-]
BN Esp. E4/88-1.3
Com o início da carreira diplomática que o remete definitivamente
para o estrangeiro, Eça vive sobretudo um tempo «inglês» a partir
da fixação consular em Newcastle.
O escritor atravessa o período de filiação na escola realista e
naturalista, marcada pela influência dos paradigmas literários
franceses, antes de mais Flaubert, seguido de Balzac e Zola: o
romancista de grande fôlego inaugura a escrita do real.
Nesta década, o mundo atravessa profundas transformações, do
expansionismo e exploração intercontinental às descobertas de
novas tecnologias e velhas civilizações clássicas...
“E agora volvamos os olhos para Portugal - em Portugal, nessa
época, não vejo, que se passe coisa alguma”.
Conde d'Abranhos
“E todavia, se já houve
sociedade que
reclamasse um artista
vingador, é esta!”
Carta a Teófilo Braga, 12 Mar. 1878
Eça de Queirós, época de O Primo Basílio
Fotografia, A. desc., 1878
in O Primo Basílio, 2ª ed., 1878
BN Res. 4408 P.
“Foi Santo Ovídio e a sua paz
de convento que a fez assim
quiet and composed.”
Carta a Emília de Castro, 18 Out. 1885
Emília de Castro - c. 1880
Fotog., Emilio Biel & Cª, Porto c. 1880
F.E.Q. 88
• Eça de Queirós em Lisboa - c. 1882
Eça de Queiroz
Fotog., Photographia Contemporanea
In O Contemporâneo, nº 108, Lisboa
[1882], p. [1]
BN PP. 16913 V.
“Não há em mim infelizmente (escrevia ele a
Oliveira Martins, em 1882) nem um sábio,
nem um filósofo. Quero dizer, não sou um
desses homens seguros e úteis, destinados
por temperamento às análises secundárias
que se chamam Ciências, [...] nem sou
também um desses homens, fascinantes e
pouco seguros, destinados por génio às
análises superiores que se chamam Filosofias
[...].”
In A Correspondência de Fradique Mendes
“E foi este mundo
agitado em que tenho
vivido [...] que me fez,
como eles dizem a man
of excitement and
passion.”
Carta a Emília de Castro, 18 Out. 1885
Eça de Queirós, fotografia de noivo
- c. 1885
Fotog., Photographia União, Porto c. 1885
F.E.Q. 30
“Não, positivamente não há
nada neste mundo worth to
live for senão um cantinho
de fogão doméstico, muito
Amor junto dele, e muita
Arte em torno, para tornar a
vida interessante, poética e
distinta...”
Carta a Emília de Castro, 22 Jan. 1886
Eça de Queirós, fotografia de casamento
Fotog., Photographia União, Porto 1886
F.E.Q. 91
“Este casamento, e a séria e
grave afeição que o produz, é
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pouco terre-à-terre, não vale
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lírico de "Romeo and Juliet" e
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Carta a Ramalho Ortigão, 14 Out. 1885
Emília de Castro
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de seda verde, bordada a flores
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maravilhou e que me intimidou.
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Eça com a cabaia chinesa - c.
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FEQ. 48
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“Eu tenho passado o
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F.E.Q. 109
• Emília de Castro,
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“De resto, faço uma vida,
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F.E.Q. 179
• Postais enviados por Eça
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• Postais enviados por Eça
durante as viagens para
cuidar da saúde
Etapas das viagens de Eça em busca de saúde
Etapas das viagens de Eça em busca de saúde
Etapas das viagens de Eça em busca de saúde
Etapas das viagens de Eça em busca de saúde
• A última correspondência
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in Brasil-Portugal, 1900, p.
[261]
BN J. 1669 M.
CONTEXTOS
CONTEMPORÂNEOS
“Antes de haver conferências no Casino havia ali cançonetas [...].
Eram as conferências do deboche [...]. As conferências, que eram
o estudo, o pensamento, a crítica, a história, a literatura, essas
pareceram ao sr. Marquês incompatíveis com toda a moral!”
In As Farpas, 1871
Casino Lisbonense
Largo da Abegoaria
em Lisboa
Postal ilustrado, s.d.
Arq.Fot. - A.M.L. 8254
“[...] a aspiração e a obra do espírito revolucionário
têm mesmo em vista três aspectos sem o qual não se
completa: o verdadeiro na ciência, o justo na
consciência, o belo na arte.”
In A conferência do Sr. Eça de Queirós, 1871
Conferência de Eça de
Queirós (pormenor)
urge limpal-a por hypothese,
com o veu de realismo do
Mysterio da estrada de
Cintra e com as Farpas
in R. Bordalo Pinheiro, Conferências
Democráticas, nº 7 de A Berlinda, 1871
BN Res. 2174 A.
Eça e o Oriente
• 1869
Ao mesmo tempo que Antero ruma em Julho
para a América do Norte, Eça parte em 23 de
Outubro para o médio oriente, na companhia de
Luís de Castro, o jovem Conde de Resende: viaja
até Alexandria, Cairo e Port-Said, convidado a
assistir à inauguração do Canal do Suez, onde se
apresenta como «encarregado de despachos»;
parte depois de comboio para visitar a Síria e a
Palestina, para regressar em 26 de Dezembro.
Redige então extensas impressões e notas de
viagem, publicadas postumamente.
Eça e o Oriente
• 1870
Desembarcando em Lisboa a 3 de Janeiro,
publica na coluna de folhetins do Diário de
Notícias, entre 19 e 21, a crónica de viagem
«De Port-Said a Suez» e, entre 13 de Abril e 8
de Julho, «A morte de Jesus».
Mapa da Palestina Planta de Jerusalém
• [Mapa da Palestina e planta de Jerusalém], [Eça de
Queirós], [1869]
BN Esp. E1/288-A
“[...] naquele dia 17, da inauguração, Port-Said, cheio de
gente, coberto de bandeiras, todo ruidoso dos tiros dos
canhões e dos hurras da marinhagem, tendo no seu porto as
esquadras da Europa [...], tinha um belo e poderoso aspecto
de vida. A baía de Port-Said estava triunfante.”
«De Port-Said a Suez. [I]», 1870
Port-Said, Canal do
Suez
Port-Said - Vue générale
du port
Postal ilustrado, ca. 1900
BN P.I. 4391 P.
Inauguração do canal do Suez – 1869
Entrée de l’eau dans le canal maritime allant au lac Timsah
Gravura, P. Blanchard
In Le Canal Maritime de Suez. Ilustré, Paris 1869, p. [56-57)
BN HG. 6553 V.
• Mapa do canal do Suez
Carte itinéraire du canal de l’isthme de Suez
Gravura, Kautz
In Le Canal Maritime de Suez. Ilustré, Paris 1869, p. [108]
BN HG. 6553 V.
“O canal, ao sair de Port-Said, atravessa o Mensaleh,
antigo lago lamacento. Depois do lago Mensaleh o canal
entra definitivamente no deserto, até ao lago Timsah, à
beira do qual está Ismaília.”
«De Port-Said a Suez», Jan. 1870
Curso do canal do
Suez, vista geral –
1869
Vue générale du lac
Timsah, prise du
chalet du vice-roi
Gravura, Cosson
Smeeton
In Le Canal Maritime de Suez.
Ilustré, Paris 1869, p. [136-137]
BN HG. 6553 V.
“Caminhava-se com grande cuidado: no meio do canal
bandeiras brancas marcavam precisamente a linha que
deviam seguir os navios, para acharem a necessária
profundidade de água.”
«De Port-Said a Suez», Jan. 1870
Canal do Suez, passagem de navios – 1869
Embouchure du canal maritime à Suez
Gravura, Cosson Smeeton
In Le Canal Maritime de Suez. Ilustré, Paris 1869, p.
[56-57]
BN HG. 6553 V.
“Demais, os caminhos de ferro egípcios não têm uma velocidade
fixa. Vão aos caprichos do maquinista, que, de vez em quando,
para a máquina, desce, acende o cachimbo, ri com algum velho
conhecimento de estrada, sorve minuciosamente o seu café, torna
a subir bocejando e faz partir distraidamente o comboio.”
«De Port-Said a Suez», Jan 1870
Caminho de ferro do
Cairo – meados do
séc. XIX
Caminho de ferro do
Cairo
Gravura, A. desc.
In O Panorama, vol. 5, 1856, p.
401
BN PP. 11720 V.
“O Cairo tem mais de trezentas mil almas. A população que vem,
compra, fuma, reza e volta no seu dromedário e nas suas
caravanas, é de outras trezentas mil almas. Quase um milhão de
homens se move naquelas ruas estreitas, apertadas e confusas.”
In O Egipto. Notas de Viagem, 1926
Egipto, Cairo
Cairo. Panorama
Postal ilustrado, ca. 1900
BN P.I. 7001 P.
“Havia velas riscadas de vermelho e o sol batia nos grandes edifícios
brancos de Alexandria. [...] O enorme palácio do Paxá, no gosto
italiano, assentava ao longe, na areia a sua massa monótona. Um céu
imóvel, infinito, profundo, deixava cair uma luz magnífica.”
In O Egipto: notas de viagem, 1869
Alexandria, vista geral –
3º quartel do séc. XIX
Birds-eye view of
Alexandria
Gravura, A. desc.
in The Illustrated London News, vol.
81, 1882, p. 26-27
BN JE. 76 V.
O escritor aproveita as notas de viagem ao
oriente para compor os percursos que
Teodorico Raposo, o narrador-personagem
d´A Relíquia, fará ao visitar o Oriente
Médio.
O romance foi primeiro publicado em
folhetins na Gazeta de Notícias (24 Abr. a 10
Jun. de 1887) do Rio de Janeiro, e de
seguida em livro (2 Jul.).
Publicada em 1987, A Relíquia é um romance de 2ª
fase ( 1875 a 1888) – a dos romances realistas, onde
se incluem também O Crime do Padre Amaro (1875) e
O Primo Basílio (1878).
Nesse período, Eça procurou fazer um "inquérito à
vida portuguesa", uma séria crítica das instituições
que julgava responsáveis pela decadência e
estagnação de Portugal: a Monarquia, a Igreja e a
Burguesia.
Aderindo à causa republicana, fora de Portugal, Eça
pôde criticar largamente as instituições portuguesas e
os seus inúmeros e intoleráveis vícios: a Monarquia, a
Igreja e a burguesia serão atacadas acidamente.
Sob a legenda Sobre a nudez forte da verdade, o
manto diáfano da fantasia, compõe um painel amplo
daquela sociedade que julgava culpada pelo atraso de
seu povo: o clero hipócrita, a religiosidade hipócrita e
irresponsável, a aristocracia rural acomodada, a
burguesia gananciosa, irresponsável e medíocre.
• Centenário de
Camões
in Ocidente, 1880, p. 109
BN J. 3113 M.
© 2000 BIBLIOTECA NACIONAL
Reler Eça é respirar o ar sempre fresco de
finíssima ironia, de sátira bem humorada, de
crítica mordaz mas sempre divertida.
2012/2013

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  • 2. • José Maria de Almeida Teixeira de Eça de Queirós (1820-1901) • Carolina Augusta Pereira de Eça de Queirós (1826-1918) D. Carolina d'Eça de Queiroz. Dr. José Maria Teixeira de Queiroz Fotografia, A. desconhecido, 18-- ? FEQ Fot. 6
  • 3. “A mocidade tem destas esplêndidas confianças; só por amar a verdade imagina que a possui; e magnificamente certa da sua infalibilidade, anseia por investir contra tudo o que diverge do seu ideal, e que ela portanto considera erro, irremissível erro fadado à exterminação.” Advertência a Uma Campanha Alegre, 1890 Eça de Queirós – cerca de 1868 Fotografia, Henrique Nunes, [ca 1868?] FEQ Fot. 26
  • 4. “Sou eu e os meus abutres: Vimos criar, devorando cadáveres!” In J. Batalha Reis, Prefácio a Prosas Bárbaras, 1903 Eça de Queirós - cerca de 1870 Fotografia, A. desc., ca 1870? BN Esp. E4/88-1.4
  • 5. Eça de Queirós e Manuel de Castro, na juventude - c. 1870 Fotog., A. desc. F.E.Q. 33
  • 6. “Montreal é uma pequena cidade que se desejaria pôr numa étagère. [...] É um encanto.” Carta a Ramalho Ortigão, Jul. 1873 Eça de Queirós em Montreal - 1873 Fotografia William Notman - 1873 Fot. FEQ 60
  • 7. “Mas o que não estou é condescendente com esta terra estúpida para onde vim, embrulhado num decreto, impelido por um tratado.” Carta a Ramalho Ortigão, 1873 Eça em Havana - 1873 Fotografia C.D. Fredricks y Daries FEQ Fot.. 28
  • 8. “[...] Newcastle, onde há perto de 100 mil operários, é o centro socialista de Inglaterra. Estou no foco. É desagradável, o foco.” Carta a Jaime Batalha Reis, 6 Jan. 1875 Eça de Queirós em Newcastle-on-Tyne Fotografia, H. S. Mendelssohn, [187-] BN Esp. E4/88-1.3
  • 9. Com o início da carreira diplomática que o remete definitivamente para o estrangeiro, Eça vive sobretudo um tempo «inglês» a partir da fixação consular em Newcastle. O escritor atravessa o período de filiação na escola realista e naturalista, marcada pela influência dos paradigmas literários franceses, antes de mais Flaubert, seguido de Balzac e Zola: o romancista de grande fôlego inaugura a escrita do real. Nesta década, o mundo atravessa profundas transformações, do expansionismo e exploração intercontinental às descobertas de novas tecnologias e velhas civilizações clássicas... “E agora volvamos os olhos para Portugal - em Portugal, nessa época, não vejo, que se passe coisa alguma”. Conde d'Abranhos
  • 10. “E todavia, se já houve sociedade que reclamasse um artista vingador, é esta!” Carta a Teófilo Braga, 12 Mar. 1878 Eça de Queirós, época de O Primo Basílio Fotografia, A. desc., 1878 in O Primo Basílio, 2ª ed., 1878 BN Res. 4408 P.
  • 11. “Foi Santo Ovídio e a sua paz de convento que a fez assim quiet and composed.” Carta a Emília de Castro, 18 Out. 1885 Emília de Castro - c. 1880 Fotog., Emilio Biel & Cª, Porto c. 1880 F.E.Q. 88
  • 12. • Eça de Queirós em Lisboa - c. 1882 Eça de Queiroz Fotog., Photographia Contemporanea In O Contemporâneo, nº 108, Lisboa [1882], p. [1] BN PP. 16913 V. “Não há em mim infelizmente (escrevia ele a Oliveira Martins, em 1882) nem um sábio, nem um filósofo. Quero dizer, não sou um desses homens seguros e úteis, destinados por temperamento às análises secundárias que se chamam Ciências, [...] nem sou também um desses homens, fascinantes e pouco seguros, destinados por génio às análises superiores que se chamam Filosofias [...].” In A Correspondência de Fradique Mendes
  • 13. “E foi este mundo agitado em que tenho vivido [...] que me fez, como eles dizem a man of excitement and passion.” Carta a Emília de Castro, 18 Out. 1885 Eça de Queirós, fotografia de noivo - c. 1885 Fotog., Photographia União, Porto c. 1885 F.E.Q. 30
  • 14. “Não, positivamente não há nada neste mundo worth to live for senão um cantinho de fogão doméstico, muito Amor junto dele, e muita Arte em torno, para tornar a vida interessante, poética e distinta...” Carta a Emília de Castro, 22 Jan. 1886 Eça de Queirós, fotografia de casamento Fotog., Photographia União, Porto 1886 F.E.Q. 91
  • 15. “Este casamento, e a séria e grave afeição que o produz, é tão simples que não tem história [...]. O resto é um pouco terre-à-terre, não vale de modo nenhum o esplendor lírico de "Romeo and Juliet" e não poderia ser posto em árias pelo lânguido Gounod. Carta a Ramalho Ortigão, 14 Out. 1885 Emília de Castro Fotog., Emilio Biel & Cª, Porto, c. 1886 F.E.Q. 71
  • 16. • Eça de Queirós e a filha Maria - c. 1887 Fotog., Cox & Durrant, Torquay, c. 1887 F.E.Q. 97
  • 17. • Emília de Castro com o filho José Maria Fotog., A. Filon, s.d. F.E.Q. 99
  • 18. “Fradique Mendes voltara de dentro, vestido com uma cabaia chinesa! Cabaia de mandarim, de seda verde, bordada a flores de amendoeira - que me maravilhou e que me intimidou. In A correspondência de Fradique Mendes Eça com a cabaia chinesa - c. 1893 Fot., A. desc. FEQ. 48
  • 19. • Documento em que Eça se compromete a terminar Os Maias até fins de 1883 – algo de que só seria capaz cinco anos depois
  • 20. “Eu tenho passado o tempo parte a arranjar os meus livros, parte sobretudo a trabalhar.” Carta a sua mulher, 7 Ag. 1889 Eça de Queirós, cônsul em Paris - c. 1893 Fot., A. desc. F.E.Q. 109
  • 21. • Emília de Castro, mulher de Eça, e o escritor na casa do casal em Neuilly, na França
  • 22. • Eça com os filhos
  • 23. “De resto, faço uma vida, não direi de cenobita, porque esses pela imaginação viveram uma vida delirante e grandiosa, mas de petit bourgeois retiré.” Carta a Oliveira Martins, 26 Abr. 1894 Eça de Queirós na sua última residência de Neuilly - c. 1893 Fot., A. desc. F.E.Q. 179
  • 24. • Postais enviados por Eça durante as viagens para cuidar da saúde
  • 25. • Postais enviados por Eça durante as viagens para cuidar da saúde Etapas das viagens de Eça em busca de saúde
  • 26. Etapas das viagens de Eça em busca de saúde
  • 27. Etapas das viagens de Eça em busca de saúde
  • 28. Etapas das viagens de Eça em busca de saúde
  • 29. • A última correspondência (a última carta que escreveu à sua mulher, datada de 9 de agosto de 1900)
  • 30. Cortejo fúnebre de Eça de Queirós - 1900 O funeral de Eça de Queirós: o arco da Rua Augusta Rep. fot., A. desc. in Brasil-Portugal, 1900, p. [261] BN J. 1669 M.
  • 32. “Antes de haver conferências no Casino havia ali cançonetas [...]. Eram as conferências do deboche [...]. As conferências, que eram o estudo, o pensamento, a crítica, a história, a literatura, essas pareceram ao sr. Marquês incompatíveis com toda a moral!” In As Farpas, 1871 Casino Lisbonense Largo da Abegoaria em Lisboa Postal ilustrado, s.d. Arq.Fot. - A.M.L. 8254
  • 33. “[...] a aspiração e a obra do espírito revolucionário têm mesmo em vista três aspectos sem o qual não se completa: o verdadeiro na ciência, o justo na consciência, o belo na arte.” In A conferência do Sr. Eça de Queirós, 1871 Conferência de Eça de Queirós (pormenor) urge limpal-a por hypothese, com o veu de realismo do Mysterio da estrada de Cintra e com as Farpas in R. Bordalo Pinheiro, Conferências Democráticas, nº 7 de A Berlinda, 1871 BN Res. 2174 A.
  • 34. Eça e o Oriente • 1869 Ao mesmo tempo que Antero ruma em Julho para a América do Norte, Eça parte em 23 de Outubro para o médio oriente, na companhia de Luís de Castro, o jovem Conde de Resende: viaja até Alexandria, Cairo e Port-Said, convidado a assistir à inauguração do Canal do Suez, onde se apresenta como «encarregado de despachos»; parte depois de comboio para visitar a Síria e a Palestina, para regressar em 26 de Dezembro. Redige então extensas impressões e notas de viagem, publicadas postumamente.
  • 35. Eça e o Oriente • 1870 Desembarcando em Lisboa a 3 de Janeiro, publica na coluna de folhetins do Diário de Notícias, entre 19 e 21, a crónica de viagem «De Port-Said a Suez» e, entre 13 de Abril e 8 de Julho, «A morte de Jesus».
  • 36. Mapa da Palestina Planta de Jerusalém • [Mapa da Palestina e planta de Jerusalém], [Eça de Queirós], [1869] BN Esp. E1/288-A
  • 37. “[...] naquele dia 17, da inauguração, Port-Said, cheio de gente, coberto de bandeiras, todo ruidoso dos tiros dos canhões e dos hurras da marinhagem, tendo no seu porto as esquadras da Europa [...], tinha um belo e poderoso aspecto de vida. A baía de Port-Said estava triunfante.” «De Port-Said a Suez. [I]», 1870 Port-Said, Canal do Suez Port-Said - Vue générale du port Postal ilustrado, ca. 1900 BN P.I. 4391 P.
  • 38. Inauguração do canal do Suez – 1869 Entrée de l’eau dans le canal maritime allant au lac Timsah Gravura, P. Blanchard In Le Canal Maritime de Suez. Ilustré, Paris 1869, p. [56-57) BN HG. 6553 V.
  • 39. • Mapa do canal do Suez Carte itinéraire du canal de l’isthme de Suez Gravura, Kautz In Le Canal Maritime de Suez. Ilustré, Paris 1869, p. [108] BN HG. 6553 V.
  • 40. “O canal, ao sair de Port-Said, atravessa o Mensaleh, antigo lago lamacento. Depois do lago Mensaleh o canal entra definitivamente no deserto, até ao lago Timsah, à beira do qual está Ismaília.” «De Port-Said a Suez», Jan. 1870 Curso do canal do Suez, vista geral – 1869 Vue générale du lac Timsah, prise du chalet du vice-roi Gravura, Cosson Smeeton In Le Canal Maritime de Suez. Ilustré, Paris 1869, p. [136-137] BN HG. 6553 V.
  • 41. “Caminhava-se com grande cuidado: no meio do canal bandeiras brancas marcavam precisamente a linha que deviam seguir os navios, para acharem a necessária profundidade de água.” «De Port-Said a Suez», Jan. 1870 Canal do Suez, passagem de navios – 1869 Embouchure du canal maritime à Suez Gravura, Cosson Smeeton In Le Canal Maritime de Suez. Ilustré, Paris 1869, p. [56-57] BN HG. 6553 V.
  • 42. “Demais, os caminhos de ferro egípcios não têm uma velocidade fixa. Vão aos caprichos do maquinista, que, de vez em quando, para a máquina, desce, acende o cachimbo, ri com algum velho conhecimento de estrada, sorve minuciosamente o seu café, torna a subir bocejando e faz partir distraidamente o comboio.” «De Port-Said a Suez», Jan 1870 Caminho de ferro do Cairo – meados do séc. XIX Caminho de ferro do Cairo Gravura, A. desc. In O Panorama, vol. 5, 1856, p. 401 BN PP. 11720 V.
  • 43. “O Cairo tem mais de trezentas mil almas. A população que vem, compra, fuma, reza e volta no seu dromedário e nas suas caravanas, é de outras trezentas mil almas. Quase um milhão de homens se move naquelas ruas estreitas, apertadas e confusas.” In O Egipto. Notas de Viagem, 1926 Egipto, Cairo Cairo. Panorama Postal ilustrado, ca. 1900 BN P.I. 7001 P.
  • 44. “Havia velas riscadas de vermelho e o sol batia nos grandes edifícios brancos de Alexandria. [...] O enorme palácio do Paxá, no gosto italiano, assentava ao longe, na areia a sua massa monótona. Um céu imóvel, infinito, profundo, deixava cair uma luz magnífica.” In O Egipto: notas de viagem, 1869 Alexandria, vista geral – 3º quartel do séc. XIX Birds-eye view of Alexandria Gravura, A. desc. in The Illustrated London News, vol. 81, 1882, p. 26-27 BN JE. 76 V.
  • 45. O escritor aproveita as notas de viagem ao oriente para compor os percursos que Teodorico Raposo, o narrador-personagem d´A Relíquia, fará ao visitar o Oriente Médio. O romance foi primeiro publicado em folhetins na Gazeta de Notícias (24 Abr. a 10 Jun. de 1887) do Rio de Janeiro, e de seguida em livro (2 Jul.).
  • 46. Publicada em 1987, A Relíquia é um romance de 2ª fase ( 1875 a 1888) – a dos romances realistas, onde se incluem também O Crime do Padre Amaro (1875) e O Primo Basílio (1878). Nesse período, Eça procurou fazer um "inquérito à vida portuguesa", uma séria crítica das instituições que julgava responsáveis pela decadência e estagnação de Portugal: a Monarquia, a Igreja e a Burguesia. Aderindo à causa republicana, fora de Portugal, Eça pôde criticar largamente as instituições portuguesas e os seus inúmeros e intoleráveis vícios: a Monarquia, a Igreja e a burguesia serão atacadas acidamente. Sob a legenda Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia, compõe um painel amplo daquela sociedade que julgava culpada pelo atraso de seu povo: o clero hipócrita, a religiosidade hipócrita e irresponsável, a aristocracia rural acomodada, a burguesia gananciosa, irresponsável e medíocre.
  • 47. • Centenário de Camões in Ocidente, 1880, p. 109 BN J. 3113 M.
  • 48. © 2000 BIBLIOTECA NACIONAL
  • 49. Reler Eça é respirar o ar sempre fresco de finíssima ironia, de sátira bem humorada, de crítica mordaz mas sempre divertida. 2012/2013