1. ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL
Atributos morfológicos do solo
Amílcar Neves, 2023
2. Cor do solo
É um atributo que serve como referencia obrigatória
para a descrição morfológica dos perfis e estudos de
solos, desde o inicio da pedologia, sendo comum a
utilização de termos referentes a cores em vários
sistemas de classificação de solos.
Porém, a cor do solo fornece informação apenas
qualitativa, ou seja, não permite avaliações
quantitativas. Por exemplo, a presença de um horizonte
subsuperficial de coloração vermelha indica boa
drenagem e a ocorrência de hematita na fração argila,
porém não revela a quantidade deste óxido.
3. • Os principais corantes da matriz do solo são a matéria
orgânica e os óxidos de ferro. A matéria orgânica confere
coloração escura ao solo (preto, bruno-escuro, cinzento
escuro). Os óxidos de ferro apresentam colorações
diferentes em função de seu grau de oxidação ou
hidratação
• Vermelho: quando em condições de oxidação e não
hidratados, formado sob condições de boa aeração e
drenagem (hematita)
• Amarelo: quando em condições de oxidação e
hidratados (goetita)
Cor do solo
4. A cor percebida pela vista humana é resultante do
conjunto de raios refletidos pelos diversos materiais
minerais e orgânicos com diferentes cores que
constituem o solo.
As vezes, o teor de umidade encontrado no solo e o
poder de revestimento e pigmentação de determinados
coinstituentes minerais ou orgânicos influenciam na cor
do solo, marcando a natureza dos constituintes do solo.
Cor do solo
8. • A cor geralmente depende dos diversos estágios de
hidratação dos óxidos férricos e do grau de oxidação.
• A caracterização da cor do solo, ou dos seus
horizontes, segue padrão mundial que representa o
grau de intensidade de três componentes da cor:
matiz, valor e croma; conforme especificações
constantes na Carta de Cores Munsell para Solos
(Munsell Soil Color Charts).
• A matiz representa a cor espectral dominante como
vermelho, amarelo, verde.
• A cor espectral é determinada pelo comprimento da
onda da luz reflectida, que diminui na sequência
vermelho, amarelo, verde, azul, violeta, indicados pelos
códigos R (de red), Y (de yellow), G (de green), B (de
blue) e P (de purple) respectivamente.
Cor do solo
9. • O valor (p.e. 5/ ) representa a relativa claridade da
cor, i.e. a quantidade de luz reflectida. O valor é
expressa numa escala de 0 a 10, onde o 0 não
reflecte nada (preto) e o 10 reflecte toda a luz.
Para a maioria dos solos o valor está entre 2 e 8.
Cor do solo
10. • O croma (p.e. /4) representa a relativa pureza saturação da cor. Isto significa
o grau de mistura da cor espectral (matiz) com uma cor neutra como branca
ou cinza. O croma é expressa numa escala de 0 a 10, onde 0 significa que a
contribuição do matiz de interesse é 0 (cor preta, branca ou acinzentada)
enquanto croma 10 significa que toda luz reflectida é do matiz indicado.
Cor do solo
12. Anotação
• Para registar a cor Munsell usa-se a anotação matiz, valor,
croma, com uma barra ("/") entre o valor e o croma.
• Por exemplo o código 10YR3/2 representa uma cor com matiz=10YR,
valor=3 e croma=2.
• Na determinação da cor deve-se manter a amostra o mais perto
possível das fichas e então escolher a cor mais similar.
Cor do solo
15. Importancia da cor do solo
• Tem uma certa influência sobre o regime de temperatura do solo, pois solos
escuros absorvem mais radiação do que solos com cor clara. Isto pode ter
algum efeito sobre a germinação de sementes e o desenvolvimento radicular.
• Características importantes do solo podem ser inferidas a partir da cor: solos
bem drenados possuem cor uniforme; solos com lençol freático oscilante
possuem mosqueados em cores acinzentadas, amareladas ou alaranjadas
Cor do solo
16. Quando se separam os constituintes minerais unitários
dos pequenos torrões, verifica-se que o solo é
constituído de um conjunto de partículas individuais que
estão, em condições naturais, ligadas umas as outras.
Essas partículas tem tamanhos bastantes variados:
algumas são suficientemente grandes para observação
a olho nu, outras podem ser vistas com o auxilio de
lentes de bolso ou microscópio comum, enquanto as
restantes podem ser observados com o auxilio de
microscópio eletrónico.
A textura refere especificamente para as proporções de
argila, limo (silte) e areia na fracção de terra fina, i.e.
a fracção de partículas com diâmetro menor que 2 mm
Textura do solo
18. Determinação da textura do solo
• A textura do solo é determinada pelo manuseamento duma
amostra húmida ou molhada entre os dedos.
• A areia aparece como grãos ásperos, sem nenhuma
aderência.
• A argila providencia plasticidade e, às vezes, pegajosidade à
amostra.
• O limo (silte) aparece como um material sedoso, farinhoso,
sem a plasticidade e pegajosidade da argila.
• Na prática a estimação directa do limo é difícil. Normalmente
estima-se primeiramente os teores de areia e argila, para em
seguida calcular o teor de limo como 100%- (areia+argila).
Textura do solo
21. Caracterização da areia
• Solta;
• Grão simples (não forma agregados)
• Não plástica (não pode ser deformada)
• Não pegajosa
• Não hidroscópica (atracão com agua)
• Predominam poros grandes na massa
• Não coesa
• CTC praticamente ausentes
Textura do solo
22. Caracterização da silte
• Sedosa ao tacto
• Apresenta ligeira coesão quando seca
• Poros de tamanho intermediário
• Ligeira ou baixa higroscopicidade (atracão na agua)
• CTC baixa
Textura do solo
23. Caracterização da Argila
• Plástica e pegajosa quando húmida, dura e muito coesa
quando seca
• Alta higroscopicidade
• Elevada superfície especifica
• Alta CTC
• Poros pequenos
• Contração e expansão
• Forma agregados com outras partículas (agente cimentante).
Textura do solo
24. • A importância da textura do solo
A textura do solo é uma característica fundamental. Muitas propriedades físicas e químicas
importantes são co-determindas pela textura, porque é da textura que depende a
quantidade de
superfícies (minerais) nas quais ocorrem a maioria das reacções.
Portanto, a textura no campo pode ser usado para obter indicações globais de outras
propriedades do solo. Por exemplo:
(1) a capacidade de troca catiónica aumenta com o teor de argila;
(2) (2) a sensibilidade à erosão hídrica do solo aumenta com o teor de limo e areia muito
fina;
(3) (3) a capacidade de retenção de água é menor em solos arenosos do que em solos
argilosos, enquanto
(4) (4) a velocidade de ascensão capilar é maior nos solos arenosos (mas a influência da
capilaridade chega até níveis mais elevados em solos argilosos).
Textura do solo
25. • A estrutura do solo refere a organização natural das partículas de solo em unidades, que
são separadas por superfícies de fraqueza, que persistem por mais que um ciclo de
molhamento e secagem em situ. Uma unidade estrutural individual chama-se agregado.
Os agregados distinguem-se dos
• (1) torrões cuja formação é causada por perturbações, como aração, que moldam o solo
em corpos transientes;
• (2) fragmentos de solo que são formados por fendilhamento ou quebras do solo, e que
não reaparecem no mesmo lugar sob secagem;
• (3) concreções ou nódulos, que estão relacionados com concentrações locais de
substâncias que cimentam as partículas formando unidades discretas dentro do solo.
Estrutura do solo
26. Um grande numero de propriedades físicas e processos
biológicos e químicos são afetados pelo tipo, tamanho e grau
de desenvolvimento dos agregados.
• Maior ou menor permeabilidade agua, facilidade de penetração
das raízes , grau de aeração etc.
Estrutura do solo
27. • A estrutura é a agregação das partículas
primarias do solo e’ avaliada quanto a:
• Tipo (laminar, prismática, blocos angulares,
blocos sub angulares, e granular)
• Classe (muito pequena, pequena, media,
grande, muito grande)
• Grau de estrutura (sem estrutura (grão simples)
sem estrutura maciça, com estrutura fraca, com
estrutura moderada, com estrutura forte).
Estrutura do solo
28. Estrutura do solo
• Prismatica – estrutura onde as partículas de arranjam em forma de
prisma (com faces e arestas), sendo sua distribuição
preferencialmente ao longo de um eixo vertical e os limites laterais
entre as unidades são relativamente planos.
• Laminar – aquela onde as partículas do solo estão arranjadas em
torno de uma linha horizontal, configurando lamina de espessura
variável, ou seja, figuras geométricas regulares onde as dimensões
horizontais sempre maiores que as verticais.
29. • Granular – as partículas estão arranjadas em torno de um
ponto formando agregados arredondados, cujo contacto
entre as unidades não se da através de faces e sim de
pontos.
Estrutura do solo
• Blocos angulares – tem as faces planas, formando arestas
e ângulos aguçados.
30. • Grão simples: quando não existe atracão entre
as partículas do solo, ausência complete de
coesão entre as partículas do solo.
Estrutura do solo
31. • Para examinar e descrever a estrutura de um horizonte do
solo, retira-se de um determinado horizonte um bloco (torrao),
com uma aca ou um martelo.
• Depois de separados, verifica-se usa forma, tamanho e grau
de desenvolvimento (ou de coesao) dentro e entre esses
agregados.
Estrutura do solo
32. Grau de desenvolvimento
• Sem estrutura (grãos simples)
• Com estrutura:
1. Fraca: unidades estruturais na maioria, destruídas no
ato da sua remoção do perfil
2. Moderada: resistente a manipulação leve
3. Forte: resistente a desagregação. Separa-se os
agregados sem a ocorrência de material
Estrutura do solo
33. • Termo usado para designar as manifestações das forcas físicas de coesão e adesão,
verificadas no solo, conforme variação dos teores de humidade, ou seja, e’ a resistência
do solo a alguma forca que tende a rompe-los.
• Coesão: forca de atracão entre as partículas de mesma natureza
• Adesão: forca de atracão entre as partículas de natureza diferente
• Ela é estimada pressionando-se um agregado ou torrão de determinado horizonte do
solo entre os dedos.
• A consistência do solo é normalmente determinada em três estados de umidade:
• Molhado: para estimar a plasticidade e a pegajosidade;
• Húmido: para estimar a friabilidade;
• Seco: para estimar a dureza.
Consistencia do solo
35. • Refere-se ao volume do solo ocupado pela agua e pelo ar
• Deverão ser considerados todos os poros existentes no
material, inclusive os resultantes de atividade de animais
e os produzidos pelas raízes.
• Em função da estrutura, ou arranjo espacial entre as
partículas, um dado volume de solo contém, além da
fração ou volume de sólidos, uma fração ou volume de
vazios ou volume de poros
porosidade do solo
36. • A Porosidade do solo condiciona todos os fatores de crescimento em menor ou maior
grau.
• Influi sobre:
• - Retenção, movimento e disponibilidade de água
• - Arejamento - Disponibilidade de nutrientes
• - Resistência à penetração de raízes
• - Estabilidade de agregados
• - Compactabilidade dos solos
porosidade do solo
37. Classificação dos poros
• Macroporos- com diâmetro maior do que 100 µm.
Principal função: aeração da matriz do solo e condução da água durante a infiltração.
Afetam a aeração e a drenagem;
• Mesoporos- com diâmetro entre 30 e 100 µm.
Principal função: condução de água durante o processo de redistribuição, isto é, após a
infiltração, quando se esvaziam os macroporos;
• Microporos- com diâmetro menor do que 30 µm.
Principal função: também chamados poros capilares, atuam na armazenagem de água.
porosidade do solo
39. 𝑃𝑡 =
𝑉𝑝𝑜𝑟𝑜𝑠
𝑉𝑠
Onde
Pt = porosidade total do solo (𝑐𝑚3
poros/ 𝑐𝑚3
solo, ou em %)
Vporos = volume de poros (𝑐𝑚3
)
Vs = volume do solo (𝑐𝑚3
)
𝑃𝑡 =
(𝐷𝑝 − 𝐷𝑠)
𝐷𝑝
Onde
Pt = porosidade total do solo (𝑐𝑚3
poros/ 𝑐𝑚3
solo, ou em %)
Dp = densidade de partículas (g/ 𝑐𝑚3
)
Ds = densidade do solo (g/ 𝑐𝑚3
)
porosidade do solo
Determinação da porosidade do solo
40. Importância da porosidade
• Os microporos são os poros que tem maior capacidade de reter agua e ar em
seus poros, sendo mais encontrados em solos argilosos.
• a porosidade do solo é importantíssima para a agricultura principalmente pela
melhor permeabilidade e armazenamento de água e ar, que melhoram e
asseguram muitos processos fisiológicos da planta diretamente associados à
produtividade líquida.
porosidade do solo