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VINÍCIUS BRAVO FERREIRA
CONCENTRAÇÃO E DESEMPENHO COMPETITIVO NA
INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE
1996-2005
Monografia de Bacharelado em Economia
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E
ATUÁRIA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
São Paulo – Outubro – 2007
1
VINÍCIUS BRAVO FERREIRA
CONCENTRAÇÃO E DESEMPENHO COMPETITIVO NA
INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE
1996-2005
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E
ATUÁRIA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
São Paulo – Outubro – 2007
Monografia submetida à apreciação
de banca examinadora do
Departamento de Economia, como
exigência parcial para a obtenção
do grau de bacharel em ciências
econômicas, elaborada sob a
orientação do Professor Silvio
Miyazaki
2
Esta monografia foi examinada pelos professores abaixo relacionados
e aprovada com nota final , ( )
Nomes legíveis dos examinadores (orientador e demais membros da banca)
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
Autorizo a disponibilização desta monografia na Biblioteca da Faculdade de
Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da PUC de São Paulo
para consulta pública e utilização como referência bibliográfica, mas sua
reprodução total ou parcial somente pode ser feita mediante autorização
expressa do autor, nos termos da legislação vigente sobre direitos autorais.
São Paulo, ____ de ___________ de _____.
Assinatura: __________________________
3
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo verificar se existe uma relação
positiva entre o grau de concentração e o desempenho competitivo da
indústria brasileira de papel e celulose, no período compreendido entre 1996
e 2005. É apresentado um histórico do setor, por estar diretamente
relacionado à concentração existente atualmente, e por ter determinado os
fatores de competitividade presentes na indústria brasileira de papel e
celulose, fatores esses que tornaram-se diferenciais dessa indústria dentro
da competição mundial. Através da correlação entre os índices de
concentração e indicadores de desempenho competitivo selecionados,
constata-se que a concentração da produção teve uma relação positiva com
a competitividade da indústria brasileira de papel e celulose.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................1
1. CAPÍTULO 1 – CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE
PAPEL E CELULOSE .....................................................................................3
1.1. Histórico do setor..................................................................................3
1.1.1. Fatos importantes no período 1996-2005......................................7
1.2. Estrutura da indústria de papel e celulose no Brasil e no mundo ........9
1.2.1. Principais empresas da indústria brasileira de papel e celulose .16
1.2.1.1. Klabin – SP............................................................................17
1.2.1.2. Aracruz Celulose – ES ..........................................................18
1.2.1.3. VCP – SP ..............................................................................18
1.2.1.4. Suzano Bahia Sul – BA .........................................................19
1.2.1.5. Ripasa – SP...........................................................................19
2. CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................20
2.1. Concentração industrial......................................................................24
2.2. Competitividade..................................................................................30
3. CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DA CONCENTRAÇÃO E COMPETITIVIDADE
NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE.............................34
3.1. Resultados obtidos .............................................................................36
3.1.1. Índices de concentração da indústria brasileira de papel e
celulose..................................................................................................36
3.1.2. A competitividade da indústria brasileira de papel e celulose .....41
CONCLUSÃO................................................................................................49
ANEXOS .......................................................................................................51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................59
1
INTRODUÇÃO
A indústria de papel e celulose é uma das mais importantes da
economia brasileira, com uma participação de 1,2% no PIB de 2005, e
responsável por um superávit de US$ 2,5 bilhões na Balança Comercial do
mesmo ano, representando 6% do total (BRACELPA, 2006b, p. 1).
Este setor constitui o tema deste estudo, devido à sua
representatividade no setor produtivo brasileiro em termos de participação
no PIB, assim como na Balança Comercial do país. Além disso, outro
motivo, é que pouco se conhece da estrutura dessa indústria, cujos produtos
estão presentes na vida de todos os brasileiros.
O setor de papel e celulose é bastante amplo. Por esse motivo,
delimitou-se como objeto desse estudo a hipótese da existência de uma
relação positiva entre o grau de concentração e o desempenho competitivo
na indústria brasileira de papel e celulose, no período compreendido entre
1996 e 2005.
Este trabalho tem como base metodológica a tese de mestrado de
André Luís da Silva Leite (1998), “Concentração e Desempenho Competitivo
no Complexo Industrial de Papel e Celulose”, que percebeu uma tendência à
concentração no setor, e realizou seu estudo sobre o período 1987-1996. O
objetivo desse trabalho é a atualização de dados da mesma, para o período
1996-2005, de forma a provar que a concentração aumentou após o período
estudado, e que tal fator foi benéfico para a competitividade das empresas
do setor.
No Capítulo 1, é traçado um panorama do setor de papel e celulose
no Brasil, descrevendo o histórico deste setor, através do qual é possível
verificar como a concentração industrial vem ocorrendo, e como o Brasil se
tornou um dos países mais eficientes nessa indústria, fator este diretamente
ligado à competitividade, podendo ser mensurado pela produtividade das
florestas brasileiras, baixo custo de produção e integração vertical das
2
empresas brasileiras. Ainda dentro desse tópico, são abordados os
principais fatos no período compreendido no estudo, entre 1996 e 2005, para
situar as empresas brasileiras dentro do contexto mundial, demonstrando as
principais adversidades enfrentadas.
Em seguida, é descrita a estrutura dessa indústria no Brasil, sendo
possível verificar que a integração vertical é um dos fatores mais importantes
para as empresas do setor, sendo esta característica ligada à concentração
e competitividade. São apresentadas as maiores empresas dos setores de
celulose e papel, que estão presentes no Capítulo 3, quando é feita a análise
empírica dos dados de produção do setor. O motivo da divisão do mercado
em celulose e papel é que nem todas as produtoras de celulose produzem
também papel, e vice-versa, porém nota-se que algumas das maiores
empresas atuam nos dois segmentos.
No Capítulo 2, é feita a fundamentação teórica dos conceitos que
posteriormente são utilizados na análise do problema, sendo eles:
concentração industrial e competitividade.
No Capítulo 3, são relacionados os conceitos apresentados de
concentração e competitividade para a indústria brasileira de papel e
celulose, e definidos os parâmetros para o teste da hipótese de forma
empírica, realizado também no Capítulo 3.
Com o término desse trabalho, é possível verificar o motivo da
concentração ser um fator positivo para a competitividade do setor.
Os referenciais teóricos nos quais está baseado o trabalho são o de
Estrutura de Mercado, Concentração de Mercado (Oligopólios) e Vantagens
Competitivas, amparados pela Economia Industrial.
3
1. CAPÍTULO 1 – CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE
1.1. Histórico do setor
A indústria brasileira de papel e celulose se desenvolveu em etapas
sucessivas de substituição de importações e integração produtiva, a partir da
vinda de D. João VI ao Brasil.
Segundo Juvenal e Mattos (2002, p. 1), o binômio provisão de
recursos/acúmulo de conhecimento permitiu desenvolver uma indústria de
papel e celulose internacionalmente competitiva, sob controle nacional, e
formar uma base de tecnologia florestal extremamente avançada, capaz de
garantir aumentos constantes de produtividade.
Inicialmente, o papel entrava no Brasil através da importação ou por
contrabando. A produção era proibida na Colônia, por decreto imperial,
situação essa que só mudou com a chegada de D. João VI ao Brasil, e
posterior fundação da Imprensa Régia, que acarretou o crescimento do
consumo de papel. Devido às necessidades da indústria gráfica, a produção
de papel no Brasil iniciou-se em pequena escala, por volta de 1809 ou 1810.
Entre os anos de 1835 e 1840 há notícias do surgimento de outras fábricas
(PAULA & NETO, 1989, p. 55; BRACELPA, 2006a).
No final da década de 20, diante da crise de superprodução de café –
nosso principal gerador de divisas naquela época – e das grandes
dificuldades financeiras atravessadas por muitas empresas, o governo
proibiu, até 1937, a importação de máquinas para a instalação de novas
fábricas de papel, e criou um fundo especial para socorrer as empresas em
dificuldades. Por outro lado, as dificuldades no balanço de pagamentos e a
elevação do preço da celulose importada causada pela desvalorização da
moeda nacional fizeram aparecer as condições para o surgimento de um
segmento nacional produtor de pastas no país (HILGEMBERG & BACHA,
2001, p. 147). Esse foi o primeiro fator na história da indústria brasileira de
4
papel e celulose que levou à concentração de capacidade de produção nas
maiores empresas existentes.
O primeiro grande empreendimento da indústria de celulose e papel
nacional se deu com a fundação, em 1934, da fábrica de celulose e papel do
grupo Klabin no Paraná. Esta foi a primeira fábrica integrada de celulose e
papel do país (SOUZA, 2004, p. 134).
A integração vertical passou a ser, desde então, característica
fundamental para aquelas empresas que ansiavam por produção de papel
em larga escala e com baixo custo operacional. Além disso, segundo
Mendonça Jorge (1992, p. 27), “é o primeiro projeto onde aparece uma
relação explícita entre o Estado e a iniciativa privada, através de uma política
pública deliberada de apoio ao desenvolvimento do setor”.
Mais tarde, em 1957, foi iniciada no Estado de São Paulo a produção
em grande escala de celulose de eucalipto, atualmente a mais produzida no
país, a qual estabeleceu o caminho para o grande crescimento do setor após
os anos 70, e que levou o Brasil a uma posição de grande destaque no
mercado internacional de celulose (JUVENAL E MATTOS, 2002, p. 4).
Após estes marcos históricos que lançaram as bases tanto
empresariais como de domínio tecnológico para o desenvolvimento do setor
no Brasil, sucederam-se basicamente três grandes ciclos de investimentos e
crescimento. O primeiro deles foi na década de 70, inserido no contexto do
“milagre brasileiro” e do programa governamental de substituição de
importações.
Nessa época, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico –
BNDE1
condicionava a concessão de empréstimos para empresas do setor
de papel e celulose à escalas mínimas de produção, com o objetivo de
aumentar a produção total do setor.
1
O BNDE foi criado em 1952 e o “S” foi adicionado à sigla somente em 1982, quando o
governo instituiu o Finsocial e repassou recursos desse fundo para o banco, com a
finalidade de financiar projetos sociais (HILGEMBERG & BACHA, 2001, p. 149).
5
Como resultado dos investimentos realizados na década de 70, já em
1979 o Brasil tornou-se superavitário no setor de celulose e papel como um
todo, embora ainda deficitário no setor específico de papel. Na década de
70, verifica-se um incremento da ordem de 205% na produção de papel e de
298% na produção de celulose (SOUZA, 2004, p. 135).
Nos anos 80, a desaceleração da economia brasileira e mundial,
aliada ao aumento do custo do capital e ao colapso do sistema internacional
de crédito, fez a indústria reforçar seus esforços para exportar mais e reduzir
custos (JUVENAL E MATTOS, 2002, p. 14). Nesta década, a indústria
brasileira de celulose estava próxima de alcançar sua maturidade, operando
com equipamentos compatíveis com a tecnologia mundial e integrados com
a produção florestal (HILGEMBERG & BACHA, 2001, p. 154). A década de
80 registrou um aumento de 40,5% na produção de celulose e 40,2% na de
papel (SOUZA, 2004, p. 138).
Em função da boa situação financeira das empresas e das conquistas
do setor no mercado externo, teve início um segundo ciclo de investimentos
e crescimento, ocorrido entre 1988 e 1995. Estima-se que neste período foi
aportado cerca de US$ 6 bilhões no setor, mesmo com o Brasil em
recessão. Graças aos dois grandes ciclos de investimentos nas décadas de
70 e 80, o setor multiplicou por seis a produção de papel e por treze a de
celulose de mercado entre 1970 e 1994, tendo acumulado superávits
externos crescentes desde 1979 (SOUZA, 2004, p. 135).
Nos anos 90, a indústria de celulose e papel atingiu a maturidade e,
sendo competitiva internacionalmente, teve seu avanço ditado pelo mercado
e pelas necessidades de expansão das empresas, e não mais pelas
exigências do desenvolvimento planejado do país. Para os grandes grupos
do setor, o BNDES deixou de ser o alicerce principal e passou a constituir
uma alternativa de financiamento, em conjunto com o mercado (JUVENAL E
MATTOS, 2002, p. 16). O aumento na produção nessa década foi de 71,5%
para celulose e 52,4% para papel (SOUZA, 2004, p. 138).
6
A partir da segunda metade da década de 90, um novo movimento de
reestruturação do setor passou a ocorrer, não só no Brasil, mas no mundo
inteiro, sendo considerado como o terceiro grande ciclo de investimentos.
Fusões, aquisições e alianças empresariais foram as estratégias mais
comuns no período, visando dotar as empresas de condições para crescer e
atingir escalas globais. Além disso, as empresas buscaram a focalização dos
negócios, através da aquisição de empresas concorrentes e da venda de
unidades não identificadas com o negócio central da empresa. As fusões e
aquisições eram consideradas as formas mais rápidas e baratas para
focalizar os negócios, aumentar a capacidade de produção, reduzir custos e
aumentar a participação no mercado. Observa-se que, diferentemente do
verificado em outros setores industriais, essa consolidação acarretou a
entrada de controladores estrangeiros apenas em casos isolados (JUVENAL
E MATTOS, 2002, p. 18; SOUZA, 2004, p. 136).
Estas reestruturações foram uma decorrência dos próprios
investimentos feitos entre 1970 e 1995, que tornaram o Brasil um exportador
líquido de papel e celulose e dotaram o setor de uma capacidade de
produção que superava a demanda interna. Como o consumo de papel no
Brasil é baixo, o aumento da capacidade de produção, incentivado pelo
governo brasileiro, e que acabou por levar à concentração do setor, passou
necessariamente pelas exportações, o que exigiu que as empresas
enfrentassem a concorrência de grandes empresas que operam no mercado
internacional.
A permanência das empresas brasileiras nessa disputa globalizada
deve-se ao fato da indústria brasileira de papel e celulose ser abastecida
exclusivamente por florestas plantadas, que apresentam elevado rendimento
industrial em comparação aos outros países, relacionado principalmente ao
clima brasileiro, garantindo baixos custos de produção. Além disso, a
integração vertical nas empresas produtoras de papel também constituí um
diferencial para o Brasil.
7
1.1.1. Fatos importantes no período 1996-2005
O ano de 1996 foi marcado pela queda do valor dos produtos do setor
no mercado internacional, na ordem de 29,6%, devido à redução dos preços
internacionais de papel e celulose. Um fato positivo no mesmo ano foi o
aumento do consumo brasileiro per capita de papel de 9,4%, atingindo 37,3
kg por habitante/ano (BRACELPA, 1997, p. 1).
Tradicionalmente globalizada, a indústria brasileira de papel e
celulose sofre, em 1998, como toda atividade empresarial mundial, o
impacto da crise econômica dos países asiáticos e, mais tarde, a moratória
da Rússia. Estas dificuldades viram-se agravadas pela retração econômica
decorrente da política cambial brasileira de sobrevalorização da moeda
nacional, pela elevadíssima taxa de juros e pela escassez de financiamentos
a custo acessível. Em 1998, os preços internacionais continuaram
deprimidos, mantendo a receita de exportações no mesmo nível do ano de
1997 (BRACELPA, 1999, p. 1).
Em 1999, tem-se o início da recuperação dos preços internacionais e
a mudança da política cambial brasileira, aumentando a receita de
exportações em relação ao ano anterior (BRACELPA, 2001, p. 1).
No ano de 2000, ocorreu uma redução de 3,2% das exportações de
celulose e 7,9% das exportações de papel. Entretanto, apesar dessa
redução, a receita de exportações do setor aumentou em 18,6%,
conseqüência da continuação do processo de recuperação dos preços
internacionais e do êxito da política cambial adotada pelo governo brasileiro
(BRACELPA, 2001, p. 1).
Os resultados do setor em 2001 sofreram o impacto da desaceleração
sincronizada da economia dos Estados Unidos da América – EUA, União
Européia e Japão, após os acontecimentos do episódio conhecido como “11
de setembro”. Outros fatos que produziram uma perspectiva pouco otimista
foram a crise da Argentina e os impactos negativos de alguns fatores
8
internos, como a redução da oferta de energia elétrica (BRACELPA, 2003, p.
1).
Em 2003, foi elaborado e apresentado para o presidente Lula e seus
ministros o Programa de Investimentos para o período 2003-2012, com
investimentos previstos no valor de US$ 14,4 bilhões, com o objetivo de
duplicar as exportações no período, além de manter abastecido o mercado
interno, assim como de manter e melhorar as posições do Brasil no ranking
mundial de produção de celulose e papel, no qual o Brasil ocupa a 7ª. e 11ª.
posição, respectivamente (BRACELPA, 2005, p. 1).
No quadro 1.1, é possível visualizar as principais fusões, associações
e aquisições ocorridas no setor brasileiro de papel e celulose durante o
período 1997-2004. Como pode ser observado, aparentemente houve um
aumento da concentração de capital e, consequentemente, da produção de
algumas empresas no setor após esse processo. Entretanto, tal ocorrência
somente pode ser verificada no Capítulo 3, onde foi feita a análise empírica
de dados estatísticos relativos à produção das maiores empresas em
comparação com a produção total do setor.
Dentre as principais associações, deve-se destacar a venda do capital
acionário da empresa Ripasa para a Votorantim Celulose e Papel – VCP e
Suzano Bahia Sul em 2004. A Ripasa foi considerada, em 2005, a 5ª.
principal empresa da indústria brasileira de papel e celulose, conforme o
“Balanço Anual 2005” da Gazeta Mercantil.
Em relação à aquisições, merecem destaque: a) a compra da Jarí
Celulose pelo Grupo Orsa em 1999, este último que ocupa a 8ª. posição no
ranking de principais empresas da indústria, sendo a 9ª. posição ocupada
pela Jarí Celulose; b) a compra da totalidade do capital acionário da
Champion pela International Paper em 2000, esta última que é a maior
empresa de papel e celulose do mundo; e c) a compra de 28% do capital
votante da Aracruz pela VCP em 2001.
9
Quadro 1.1
Fusões, associações e aquisições de empresas atuantes no Brasil
Ano Mês Comprador Vendedor Ativos Produtivos Negociados
2004 novembro
Suzano Bahia Sul e Votorantim
Celulose e Papel
Ripasa Venda do controle acionário
2003 agosto
RGM International PTE Ltd.
(Cingapura)
Klabin Venda da Bacell
2003 agosto
Kimberly-Clark Tissue do Brasil Ltda.
Kimberly-Clark Argentina S.A.
Klabin
Venda de sua participação na Klabin Kimberly S.A. e KCK
Tissue S.A.
2003 junho Aracruz Klabin Venda da Riocell
2001 novembro VCP Aracruz 28% do capital votante
2001 maio Suzano CVRD
50% das ações ordinárias e 18.94% das ações
preferenciais Classe A, totalizando 32% do capital total da
Bahia Sul
2001 setembro Suzano Portucel 28% da estatal em gestão partilhada
2000 julho Aracruz Veracel 45% do controle (40% da Odebrecht e 5% da Stora)
2000 julho Klabin Igaras Totalidade do controle acionário
2000 junho International Paper Champion Controle acionário
1999 dezembro Orsa Jari Celulose Fábrica de celulose (Jarí - AP)
1999 dezembro Arjo Wiggins VCP Fábrica de papéis especiais e de segurança (Salto - SP)
1999 novembro Klabin Kimberly Suzano Bacraft Fábrica de papéis sanitários (BA)
1999 abril Norske Skog (Noruega) Klabin Associação no segmento de papel imprensa
1998 junho Kimberly-Clark (EUA) Klabin Ativos em tissue (surgimento da Klabin Kimberly)
1998 janeiro Champion
Bamerindus
Agroflorestal
Base florestal
1998 janeiro Champion Inpacel Fábrica de papéis LWC (PR)
1997 outubro Igarás Trombini
Fábrica de p.ondulado (Itaquaquecetuba - SP e Feira de
Santana - BA)
1997
outubro Igarás Trombini Fábrica de papel miolo (Ponte Nova - MG)
1.2. Estrutura da indústria de papel e celulose no Brasil e no mundo
O setor brasileiro de celulose e papel é formado por 220 empresas
localizadas em 450 municípios, em 16 estados, sendo que 35 empresas são
exportadoras habituais, conforme dados de 2005. Trata-se de um setor
Fonte: Lafis Consultoria
10
“altamente globalizado, demandante de capital intensivo e longo prazo de
maturação de seus investimentos”, define a Associação Brasileira de
Celulose e Papel – Bracelpa, entidade que representa as empresas
produtoras do setor no país (BRACELPA, 2006b, p. 1).
O quadro 1.2 traz um resumo dos dados socioeconômicos do setor.
Quadro 1.2
Dados socioeconômicos do setor de celulose e papel em 2005
Número de empresas 220 empresas
Localização 16 estados e 450 municípios
Área plantada 1,7 milhão de hectares
Eucalipto: 75%
Pinus: 24%
Demais: 1%
Exportação US$ 3,4 bilhões
Saldo comercial US$ 2,5 bilhões
Número de empregos diretos 110 mil
Ranking Mundial 7° Celulose de todos os tipos
1° Celulose Fibra Curta de Mercado
11° Papel
Produção Celulose: 10,4 milhões de toneladas
Papel: 8,6 milhões de toneladas
Participação no PIB 1,2%
Fonte: Bracelpa
O setor foi responsável por uma participação no PIB de 1,2% em
2005, e pela geração de 110 mil empregos diretos. Outro dado expressivo é
o saldo na Balança Comercial em 2005, de US$ 2,5 bilhões, demonstrando
que o país conseguiu superar a questão de ser um importador líquido de
papel e celulose, existente no início da década de 70.
Os produtos de celulose e papel brasileiros são fabricados,
exclusivamente, a partir de madeira de florestas plantadas de eucalipto,
75%, e pinus, 24%.
Um dos fatores que tornam o Brasil competitivo no mercado
internacional são as condições climáticas. Seu clima, variando de subtropical
(no extremo Sul) a tropical (na maior parte do país), possibilita crescimento
11
rápido e contínuo das árvores, ao contrário do que ocorre nos países frios e
temperados, que são seus principais competidores.
Por exemplo, no sul do Estado da Bahia, a produtividade, ou seja, o
crescimento das árvores, pode atingir 50 metros cúbicos/hectare/ano,
enquanto na Finlândia, outro grande produtor, as condições climáticas não
permitem ultrapassar os 5 metros cúbicos/hectare/ano (DELOITTE TOUCHE
TOHMATSU, 2006, p. 7).
Outro fator de competitividade que merece destaque na indústria
latino-americana de celulose, na qual o Brasil está incluído, são os custos de
produção, associados também às condições climáticas da região. Nos EUA
e Europa, incluindo os países do Leste, o custo de fabricação de celulose
varia entre US$ 300 e US$ 340 por tonelada, em média. Já na América
Latina, a média é de US$ 170 por tonelada e, na Ásia, US$ 190 por tonelada
(LAFIS CONSULTORIA, 2005a, p. 18).
A produção mundial de celulose concentra-se na América do Norte
(44%), Europa (25%) e Ásia (21%), e somou 182 milhões de toneladas em
2002. Os EUA lideram a produção e o consumo mundial de celulose. O
Brasil é o 7º. maior produtor mundial. Sua participação na produção mundial
é pequena (4%), mas é líder no segmento de celulose de mercado de fibra
curta com 19,4% de participação, atrás dos EUA (15,2%) e Indonésia
(15,1%). Com o aumento da capacidade produtiva mundial, é esperado o
início da queda dos preços internacionais da celulose a partir de 2006 e,
consequentemente, dos preços de exportação do produto, o que afeta
diretamente o Brasil (LAFIS CONSULTORIA, 2005a, p. 4).
Já no setor de papel, o Brasil participa com 2,4% da produção
mundial, que somou 330,7 milhões de toneladas em 2002. É o 11º. maior
produtor mundial e o 10º. maior consumidor. Os EUA, a China e o Japão
constituem os três maiores produtores e consumidores mundiais. Os
grandes exportadores de papel são: Canadá, Finlândia e Suécia. Os
12
principais importadores são: EUA, China, Alemanha, Reino Unido, França e
Espanha (LAFIS CONSULTORIA, 2005b, p. 4).
A produção brasileira de pastas celulósicas vem crescendo a uma
média de 5,5% ao ano nos últimos dez anos. A tendência é que em breve o
Brasil passe do 7º. para o 4º. lugar entre os maiores produtores mundiais,
ficando atrás apenas dos EUA, Canadá e China. Em 2005, o país ficou
próximo ao Japão (VALOR ECONÔMICO, 2006, p. 8).
A velocidade da concentração do setor de celulose no mundo pode
ser observada na comparação com o faturamento das empresas de 2000
com 1999. Em 2000, 55 empresas de papel e celulose no mundo
apresentaram vendas superiores a US$ 1 bilhão, sendo que as dez
primeiras concentraram 42% dos US$ 257,8 bilhões vendidos pelas 150
maiores empresas do setor. Em 1999, as dez maiores empresas do setor
representaram 39% do total (LAFIS CONSULTORIA, 2005a, p. 11).
A indústria brasileira de papel e celulose, sobretudo no fluxo primário
de produção, ou seja, do plantio até a transformação da madeira em
celulose e, posteriormente, em papel, também é dominada por grandes
empresas. Há uma expressiva concentração de mercado, e que tem
crescido em função de fusões e aquisições ocorridas na segunda metade da
década de 90 e início desta. O setor de celulose, por exigência de escala de
produção, é o mais concentrado, e no qual predominam as grandes
empresas (SOUZA, 2004, p. 141).
Na indústria de papel, há uma grande e crescente concentração de
mercado em torno de poucas grandes empresas, embora coexistam
empresas de médio porte (SOUZA, 2004, p. 142).
Conforme dados da Bracelpa (2006c), em 2005, as cinco maiores
empresas do setor brasileiro de celulose foram responsáveis por 72% da
produção anual, enquanto no setor de papel as cinco maiores foram
responsáveis por 41% da produção anual.
13
Segundo Leite (1998, Conclusão), em sua análise da concentração do
setor no período 1987-1996, a indústria de papel possui características de
“oligopólio diferenciado”, enquanto que a de celulose apresenta aspectos
relacionados ao “oligopólio concentrado”2
. Sua conclusão tem por base a
razão da concentração das quatro e oito maiores empresas produtoras do
setor brasileiro de papel e celulose. A mesma análise foi feita no Capítulo 3;
entretanto, com base no período objeto desse estudo, 1996-2005.
Observa-se também uma concentração regional de produção no
Brasil. A referência mais recente sobre a distribuição da produção brasileira
de pastas celulósicas por estado é fornecida pelo “Relatório Estatístico 2005”
da Bracelpa, de onde foram extraídas as informações apresentadas a seguir.
Naquele ano, a produção brasileira de pastas celulósicas, de 9,9
milhões de toneladas, dividiu-se por 10 dos 17 estados produtores de pastas
celulósicas e papéis registrados pelo Relatório Estatístico. Já a produção de
papéis, de 8,6 milhões de toneladas, espalhou-se por 16 estados.
O Estado de São Paulo foi o que mais fabricou pastas celulósicas: 3,1
milhões de toneladas, o equivalente a 31,9% do total. Seguiu-se o Espírito
Santo, com 2,1 milhões (21,7%). Também na produção de papéis o Estado
de São Paulo liderou, com 3,9 milhões de toneladas, 45,1% do total.
A região Sudeste concentrou 51,9% da produção nacional de papéis,
com 4,5 milhões de toneladas. As regiões Sul e Sudeste juntas foram
responsáveis por 93%, ou seja, 8 milhões de toneladas. A produção de cada
estado e região pode ser visualizada na tabela 1.1.
Nos últimos anos, o saldo da Balança Comercial brasileira de pastas
celulósicas e papéis vem sendo sempre positivo e com tendência de
2
Segundo Joe S. Bain, em sua obra “Industrial Organization” (1968), citada por Leite
(1998), uma indústria possui grau de concentração “moderadamente alto” quando a razão
de concentração entre a produção das quatro e oito maiores empresas para a produção
total do setor estiver entre 50%-65% e 70%-85%, respectivamente, e “moderadamente
baixo” quando as mesmas razões forem 35%-50% e 45-70%. Por esse motivo, Leite (1998)
classifica a indústria de celulose como “oligopólio concentrado” e a de papel como
“oligopólio diferenciado”, já que suas razões de concentração foram de grau
“moderadamente alto” e “moderadamente baixo”, respectivamente.
14
crescimento. A tabela 1.2 mostra a evolução desse saldo de 1996 a 2005.
Em 2005, o saldo comercial foi de US$ 2,5 bilhões, 5,7% do superávit total
da Balança Comercial brasileira no ano, de US$ 44,7 bilhões, conforme
dados da Secretaria de Comércio Exterior do Governo Federal.
Tabela 1.1
Distribuição da produção de pastas celulósicas e papéis por
estado em 2005
Pastas celulósicas PapéisRegião Estado
Em toneladas Em % do total
da produção
Em toneladas Em % do total
da produção
Norte AM 0 0,00 30.300 0,35
PA 364.227 3,70 35.850 0,42
Total 364.227 3,70 66.150 0,77
Nordeste BA 1.061.118 10,77 302.996 3,52
CE 0 0,00 8.500 0,10
MA 53.821 0,55 67.340 0,78
PB 0 0,00 26.193 0,30
PE 26.000 0,26 117.091 1,36
RN 0 0,00 2.390 0,03
SE 0 0,00 6.000 0,07
Total 1.140.939 11,58 530.510 6,16
Sudeste ES 2.134.530 21,66 0 0,00
MG 967.060 9,82 392.742 4,57
RJ 0 0,00 193.311 2,25
SP 3.141.230 31,88 3.877.934 45,11
Total 6.242.820 63,36 4.463.987 51,93
Sul PR 790.482 8,02 1.726.313 20,08
RS 446.073 4,53 204.149 2,37
SC 867.921 8,81 1.596.098 18,57
Total 2.104.476 21,36 3.526.560 41,02
Centro-Oeste GO 0 0,00 10.100 0,12
Total 0 0,00 10.100 0,12
Total geral
9.852.462 100,00 8.597.307 100,00
Foram investidos US$ 12 bilhões na ampliação da capacidade
produtiva das indústrias do setor nos últimos dez anos. Para a Bracelpa
(2006b, p. 1), esses investimentos “permitiram o desenvolvimento
tecnológico de processos e produtos de maior valor agregado, a melhoria
ambiental e a racionalização industrial das empresas brasileiras do setor.
Fonte: Bracelpa
15
Isto possibilitou às empresas atingirem os padrões internacionais de
qualidade de produtos, de produtividade e de proteção ao meio ambiente,
tanto na atividade florestal quanto industrial, cada vez mais restritos e
exigentes, e a criar produtos diferenciados, que exigem empenho em
desenvolver e absorver tecnologia e esforços de capacitação tecnológica”.
Tabela 1.2
Exportações e importações de pastas celulósicas e papéis
(Em US$ FOB milhões)
Exportações ImportaçõesAno
Pastas celulósicas Papéis Total Pastas celulósicas Papéis Total
Saldo da Balança
Comercial
1996 999 935 1.934 146 866 1.012 922
1997 1.024 966 1.990 154 876 1.030 960
1998 1.049 930 1.979 179 891 1.070 909
1999 1.244 901 2.145 188 641 829 1.316
2000 1.602 941 2.543 236 732 968 1.575
2001 1.248 943 2.191 183 589 772 1.419
2002 1.161 894 2.055 172 422 594 1.461
2003 1.744 1.087 2.831 159 403 562 2.269
2004 1.722 1.187 2.909 195 563 758 2.151
2005 2.034 1.371 3.405 210 654 864 2.541
O Brasil é hoje o maior produtor mundial de celulose fibra curta de
mercado, produzindo 6 milhões de toneladas em 2005, praticamente o dobro
do segundo colocado, a Indonésia (BRACELPA, 2006b, p. 2).
O consumo per capita brasileiro de papel é um dos mais baixos do
mundo, registrando, em 2005, apenas 39,5 kg por habitante/ano, ainda muito
distante dos níveis observados em países mais desenvolvidos ou em estágio
de desenvolvimento comparável ao do Brasil, como pode ser visualizado no
quadro 1.3.
Os EUA, além de terem o maior consumo per capita de papel no
mundo, são também os maiores produtores mundiais de papel e celulose.
Fonte: Secex
16
Quadro 1.3
Consumo per capita de países selecionados (kg/hab./ano) em 2005
EUA 312,0
Japão 246,0
Alemanha 235,9
Canadá 222,5
Reino Unido 209,8
Itália 195,1
França 182,7
Chile 66,7
México 57,8
Argentina 49,5
China 41,6
Brasil 39,5
Rússia 34,4
Média Anual 56,3
1.2.1. Principais empresas da indústria brasileira de papel e celulose
As principais empresas da indústria brasileira de papel e celulose,
considerando o faturamento líquido alcançado durante o ano de 2005,
podem ser visualizadas na tabela 1.3.
Verifica-se, na análise individual das cinco principais empresas desse
mercado, apresentada a seguir, a integração vertical na produção dessas
indústrias, e a forte presença do capital nacional em suas composições
acionárias.
Fonte: PPI
17
Tabela 1.3
Prncipais empresas da indústria brasileira de papel e celulose em 2005
Posição Empresa Receita
líquida em R$
Mil
Em % do total
do setor
1 Klabin - SP 2.698.950 12,17
2 Aracruz Celulose - ES 2.653.653 11,96
3 VCP - SP 2.374.567 10,71
4 Suzano Bahia Sul - BA 1.960.163 8,84
5 Ripasa - SP 1.391.358 6,27
6 Cenibra - MG 1.120.024 5,05
7
International Paper -
SP
1.004.321 4,53
8 Orsa Celulose - SP 519.789 2,34
9 Jari Celulose - PA 427.862 1,93
10 Celulose Irani - RS 286.184 1,29
Total 14.436.871 65,09
Demais 7.743.768 34,91
Total geral 22.180.639 100,00
1.2.1.1. Klabin – SP
A Klabin lidera a produção integrada de celulose, papel e produtos de
papel do país, sendo auto-suficiente em madeira e celulose, segmento em
que opera com um dos mais baixos custos em nível mundial; é ainda a maior
recicladora de papéis do Brasil. Seu portfolio inclui papéis e cartões para
embalagens, caixas de papelão ondulado, sacos multifoliados e envelopes
(DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2006, p. 11).
Fonte: Gazeta Mercantil
18
1.2.1.2. Aracruz Celulose – ES
A Aracruz Celulose é a líder mundial na produção de celulose
branqueada de eucalipto. A empresa responde por 30% da oferta global do
produto, destinado à fabricação de bens de alto valor agregado, como
papéis sanitários, de imprimir e escrever e especiais.
A produção da empresa está distribuída por duas unidades fabris. No
Espírito Santo, a Aracruz opera um complexo fabril de celulose totalmente
integrado aos plantios e a um porto privativo especializado, através do qual
quase toda a produção da empresa é exportada. Um terceiro complexo fabril
– a Veracel Celulose, é uma parceria com o grupo sueco-finlandês Stora
Enso, em que cada empresa detém 50% do controle acionário.
A VCP, outra principal empresa no mercado brasileiro de celulose e
papel, possui 28% do capital votante da Aracruz Celulose, e o BNDES,
12,5% (DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2006, p. 11).
1.2.1.3. VCP – SP
A Votorantim Celulose e Papel – VCP mantém uma operação
totalmente integrada. O ciclo começa na produção de madeira em florestas
próprias de eucaliptos que atendem às necessidades de consumo das duas
unidades integradas de produção de celulose e papel e duas fábricas
dedicadas a papéis de valor agregado, todas no Estado de São Paulo.
Em 2001, a VCP adquiriu 28% do capital volante da Aracruz Celulose,
ampliando de maneira significativa sua atuação no mercado mundial de
celulose. No final de 2004, em parceria com a Suzano Bahia Sul Papel e
Celulose, a VCP adquiriu a Ripasa, fabricante de papel e celulose. A
capacidade de produção adicional passou a ser dividida igualmente entre a
19
VCP e a Suzano, que continuaram atuando separadamente (DELOITTE
TOUCHE TOHMATSU, 2006, p. 12).
1.2.1.4. Suzano Bahia Sul – BA
A Suzano Bahia Sul Papel e Celulose tem sua produção totalmente
integrada, do plantio de eucaliptos à produção de papel e papel cartão. A
matéria-prima vem das fazendas de eucalipto da própria empresa.
O ano de 2002 foi um marco na história das empresas Suzano. Nele
consolidou-se a gestão unificada. O processo de sinergia da Suzano e da
Bahia Sul fez com que elas ganhassem maior poder de negociação e de
compra. Adotando práticas comuns, atuam como uma só.
Nesse mesmo ano, conseguiram capturar mais de R$ 30 milhões em
eficiência graças à redução dos custos de escala, aos aproveitamentos das
sinergias decorrentes da otimização da operação e à decisão de
compartilhar as melhores práticas, adotada quando do início da gestão
unificada. Na redução dos custos de escala, o principal deles foi o
relacionado à logística, já que a unidade que estiver mais próxima do
comprador irá atendê-lo, seja a unidade localizada na Bahia ou em São
Paulo, reduzindo, assim, os custos de transporte e armazenagem
(DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2006, p. 12).
1.2.1.5. Ripasa – SP
Empresa voltada à produção de celulose, papéis de imprimir,
escrever, especiais, papel cartão e cartolinas, a Ripasa S.A. Celulose e
Papel configura-se como a 7ª. maior produtora de celulose pasta do país,
além de ocupar a 4ª. posição em papel para imprimir e a 2ª. em papel cartão
(DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2006, p. 12).
20
2. CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo tem como objetivo apresentar o referencial teórico
adotado, com ênfase no modelo Estrutura – Conduta – Desempenho, e na
versão moderna do mesmo, ou seja, o modelo de Porter.
De acordo com o modelo Estrutura – Conduta – Desempenho (E–C–
D), o desempenho de uma indústria (o sucesso de uma indústria na
produção de bens para os consumidores) depende da conduta
(comportamento) de suas firmas, que, por outro lado, depende da estrutura,
ou seja, dos fatores que determinam a competitividade do mercado
(CARLTON & PERLOFF, 1999, p. 2).
O modelo refere-se, portanto, aos ajustamentos feitos pelas firmas
industriais para melhor se adaptarem aos mercados nos quais encontram-se
inseridas. Um segundo objetivo do modelo E–C–D é a comprovação
empírica de algumas associações do comportamento das empresas nos
diversos tipos de estrutura de mercado (LEITE, 1998, Capítulo 2.1). Para
Brumer (1981, p. 15), "o interesse reside em compreender as razões pelas
quais as firmas atuam de determinada maneira, em conhecer os fatos que
fazem com que esse comportamento não seja homogêneo, além de buscar
a identificação dos determinantes da atuação das empresas e da forma
como estes determinantes conduzem às correspondentes variações na
atuação".
Este modelo foi desenvolvido em Harvard por Edward S. Masos, seus
colegas e alunos, como Joe S. Bain (CARLTON & PERLOFF, 1999, p. 2).
Bain, em seu livro “Industrial Organization” (1968), faz um estudo individual
de cada um dos elementos que compõem o modelo, para depois fazer uma
análise teórico-empírica sobre as associações entre os elementos. Isto é,
por exemplo, a extensão do desempenho industrial que pode ser explicada
pela estrutura predominante na indústria (LEITE, 1998, Capítulo 2.1).
21
A figura 2.1, extraída de Carlton e Perloff (1999), apresenta um
quadro descritivo do modelo E–C–D. Um quadro semelhante é encontrado
em Scherer (1990); entretanto, neste último, não é demonstrada a relação
do modelo com a política governamental, considerada essencial no
funcionamento do modelo atualmente.
Figura 2.1
Modelo Estrutura – Conduta – Desempenho
Demanda Oferta
Elasticidade da demanda Tecnologia
Bens substitutos Matéria-prima
Sazonalidade Sindicalização
Taxa de crescimento Durabilidade do produto
Localização Localização
Caráter cíclico Economias de escala
Método de compras Economias de escopo
Número de compradores e vendedores
Barreiras à entrada de novas firmas
Diferenciação do produto
Integração vertical Regulação
Diversificação Anti-truste
Barreiras à entrada
Impostos e subsídios
Propaganda Incentivos de investimento
Pesquisa e desenvolvimento Incentivos ao emprego
Comportamento de preços Políticas macroeconômicas
Investimento na planta industrial
Táticas legais
Escolha do produto
Cooperação
Fusões e contratos
Preço
Eficiência na produção
Eficiência alocativa
Equidade
Qualidade do produto
Progresso técnico
Lucros
Política Governamental
Condições Básicas
Estrutura
Conduta
Performance
Fonte: Carlton e Perloff (1999)
22
Na análise de Scherer (1990), o desempenho é conseqüência das
condutas ou comportamento dos vendedores e compradores em aspectos
como práticas e políticas de determinação de preços, cooperação tácita
entre firmas, linha de produtos e estratégias de divulgação, pesquisa e
desenvolvimento, investimentos em técnicas de produção, táticas legais, e
assim por diante. Conduta, ou comportamento, por sua vez depende da
estrutura predominante no mercado, caracterizada pela distribuição por
número e tamanho dos ofertantes e demandantes (concentração), pela
presença ou ausência de barreiras à entrada de novas firmas, pelas formas
das curvas de custo, pelo grau de integração vertical das firmas, dentre
outras características.
Finalmente, a estrutura de um mercado é influenciada pelo que
Scherer (1990) chama de características básicas. Estas características
atuam tanto pelo lado da oferta quanto pelo da demanda. Pelo lado da oferta
são: a localização de matéria-prima, o grau de tecnologia, a durabilidade do
produto, atitudes nos negócios, etc. Pelo lado da demanda, os fatores
básicos são: elasticidade-preço da demanda, bens substitutos, taxa de
crescimento da demanda, caráter cíclico e sazonal, métodos de compra, e
tipos diferentes de comercialização.
No entanto, como lembra Scherer (1990), as influências não fluem
apenas das condições básicas e estrutura em direção ao desempenho. Há
importantes efeitos de feed-back (retro-alimentação). Desta forma, por
exemplo, vigorosos esforços de pesquisa e desenvolvimento podem alterar a
tecnologia predominante na indústria, a estrutura dos custos e o grau de
diferenciação física do produto. Ou então, as políticas de determinação de
preços podem encorajar a entrada de novas firmas no mercado ou expulsar
as mais fracas e, conseqüentemente, alterar a estrutura de mercado (LEITE,
1998, Capítulo 2.1).
Além das interações entre estrutura, conduta e desempenho das
firmas, Carlton e Perloff (1999) também consideram nesse modelo a política
governamental influenciando nessa interação, já que a indústria depende da
23
regulação, estratégias anti-truste, barreiras à entrada, etc., consideradas
pelo autor como de responsabilidade do governo. Essas políticas
influenciam, por exemplo, a estrutura, estabelecendo: barreiras à entrada de
novas firmas; a conduta, proibindo o desenvolvimento de determinado
produto; e o desempenho, sobretaxando determinado produto, aumentando
assim o seu preço de venda, e reduzindo a demanda pelo mesmo.
Resumidamente, o modelo focaliza a estrutura como variável
explicativa do desempenho, baseado principalmente na tríade concentração
– barreiras à entrada – lucratividade (LEITE, 1998, Capítulo 2.1).
Já no modelo de Porter (1991), a essência da formulação de uma
estratégia competitiva é relacionar uma empresa ao seu meio ambiente. O
aspecto principal do meio ambiente é a indústria onde a firma opera.
Portanto, é lícito concluir que a estrutura industrial influencia
significativamente as regras do jogo da concorrência entre as empresas. Em
outras palavras, a concorrência na indústria tem suas raízes na estrutura da
respectiva indústria. A estratégia competitiva e a estrutura industrial estão
intimamente relacionadas, portanto, à cultura organizacional (LEITE, 1998,
Capítulo 2.6).
O grau de concorrência, ainda conforme Porter, depende de cinco
forças competitivas básicas: a) ameaça de entrada de novas firmas na
indústria; b) poder de negociação dos fornecedores; c) ameaça de produtos
ou serviços substitutos; d) poder de negociação dos clientes; e e) rivalidade
entre as empresas existentes (LEITE, 1998, Capítulo 2.6).
O pensamento de Porter a respeito do paradigma E–C–D tradicional
da Organização Industrial segue a linha de raciocínio neoclássico ortodoxo,
dando ênfase à competição sob condições de equilíbrio. O muito conhecido
modelo das cinco forças competitivas de Porter baseia-se em dois
argumentos: a) a estrutura industrial determina a natureza da competição em
uma indústria; e b) a natureza da competição é o maior determinante da
lucratividade de uma empresa. Além do mais, Porter afirma que as regras da
24
competição estão encorpadas nas cinco forças competitivas. O poder
coletivo destas cinco forças competitivas determina a habilidade das firmas
em uma indústria para ganhar, em média, taxas de retorno sobre o
investimento em excesso do custo de capital. Para Porter, "a força de cada
uma das cinco forças competitivas é função da estrutura industrial, ou das
características técnicas e econômicas de uma indústria" (PORTER, 1992).
Dessa forma, o modelo de Porter pode ser representado conforme a
figura 2.2, de forma mais sintética que o modelo anterior, porém
conservando a mesma essência.
Figura 2.2
Modelo Estrutura – Conduta – Desempenho de Porter
Estrutura Industrial Natureza da Competição Desempenho Empresarial
Estratégia Empresarial
Fonte: Porter (1991)
As próximas seções apresentam as variáveis de concentração
industrial e de competitividade, que compõem o modelo E–C–D, e que são
utilizadas para o estudo do tema objeto deste trabalho, ou seja, a indústria
brasileira de papel e celulose.
2.1. Concentração industrial
O termo concentração industrial é bastante difundido nos estudos de
Organização Industrial, tendo em vista que é um dos elementos mais
importantes na descrição das estruturas de mercado. Assim, concentração
torna-se um indicador de fundamental importância na classificação de um
25
determinado mercado em monopolista, oligopolista ou concorrencial (LEITE,
1998, Capítulo 3.1).
Bain (1968) conceitua concentração como "propriedade ou controle
de uma grande proporção de agregados de recursos econômicos ou de
atividades, tanto por uma pequena proporção das unidades que possuem ou
controlam os agregados, quanto por um pequeno número destas unidades".
Para Labini (1980, p. 253), “o fato é que o processo de concentração
depende basicamente da busca de uma crescente eficiência técnica e da
tendência a produção a custos sempre decrescentes. Isto significou e ainda
significa a formação de grandes e eficientes complexos produtivos e origina,
nos mercados onde se desenvolve, situações estruturalmente incompatíveis
com a concorrência”. Boyle (apud BRUMER, 1981, p. 16) define, de maneira
simplificada, que "a concentração, em sua forma mais simples, representa
um método de descrição pelo qual n empresas controlam x por cento das
vendas, da capacidade produtiva, dos lucros, ou de alguma outra variável".
Uma prática recorrente em estudos de organização industrial consiste
na aproximação da estrutura de mercado por alguma medida de
concentração. Cabe ressaltar, contudo, a pouca atenção dispensada à
discussão acerca da adequação dos índices de concentração de uso
corrente (RESENDE, 1994, p. 24).
Segundo Bain (1968, p. 103), as seguintes características descrevem
uma estrutura de mercado.
a) o grau de concentração descrito pelo número e distribuição de tamanho
dos vendedores do mercado;
b) o grau de concentração relativo aos compradores [definido de forma
análoga a (a)];
c) o grau de diferenciação do produto;
d) as condições de entrada no mercado (refere-se à existência de barreiras à
entrada).
26
Vale destacar que os itens de tal lista não são mutuamente
excludentes; em particular, o item (c) é um caso particular do item (d), no
qual se tem barreiras à entrada relativas às preferências dos consumidores.
Bain (1968) classifica os diferentes níveis de concentração conforme
mostra o quadro 2.1.
Quadro 2.1
Padrões de concentração da indústria
Percentual do mercado
detido pelas 4 maiores
empresas
Percentual do mercado
detido pelas 8 maiores
empresas
Grau de Concentração
75 % ou mais 90% ou mais Muito Alto
65% - 75% 85% - 90% Alto
50% - 65% 70% - 85% Moderadamente Alto
35% - 50% 45% - 70% Moderadamente Baixo
35% ou menos 45% ou menos Baixo
Fonte: Bain (1968)
Como se verifica no anteriormente exposto, a estrutura de mercado é
multidimensional, o que torna sua mensuração uma questão controversa;
tipicamente os dados disponíveis acabam por induzir ao cálculo de medidas
relativas à oferta, as quais se acredita, denotariam de forma sintética o poder
de mercado das firmas de uma dada indústria. Esquematicamente, Resende
(1994, p. 25) define três etapas no desenvolvimento de medidas de estrutura
de mercado:
a) o grau de concentração nas vendas descrito pelo número e distribuição de
tamanho dos vendedores no mercado;
b) o grau de concentração nas vendas medidas em termos de participação
das maiores firmas no mercado;
c) a intensidade da concentração medida em termos de um índice que
considere todas as firmas que atuem em um dado mercado.
27
Passa-se assim de uma etapa na qual os estudos praticamente se
limitam à contagem de firmas para chegar-se finalmente à utilização de
índices que consideram, segundo algum esquema de ponderação, a
participação de cada firma no mercado. De todo o modo, o que deve ficar
claro, desde logo, é que ao utilizarmos índices de concentração, estaremos
tentando resumir em um único indicador um conceito com múltiplas
dimensões, o que indica a necessidade de análises complementares ao
cálculo de índices de concentração entre si (RESENDE, 1994, p. 25).
Uma primeira caracterização dos índices de concentração se refere à
utilização; nesse sentido podemos classificá-los em dois grupos, a saber:
a) Parciais;
b) Sumários.
O primeiro grupo faz uso de apenas parte dos dados referentes à
totalidade das firmas em questão, ao passo que os índices referentes ao
segundo grupo consideram toda a informação da população amostral e não
apenas as maiores firmas. Dentre as medidas parciais, destacam-se as
chamadas razões de concentração (concetration ratios), enquanto que na
categoria de medidas sumárias destacamos os índices de Herfindahl e o de
entropia de Theil (1967, apud RESENDE, 1994, p. 25).
a) Razão ou relação de concentração
onde
n = número de firmas;
Pi = participação da i-ésima firma no total do mercado.
28
Esta medida considera o mesmo grau de importância para todas as
firmas. Ela também não é afetada pela mudança no número de firmas em
uma indústria. Normalmente se trabalha com a participação das quatro ou
oito maiores firmas (CR4 ou CR8), respectivamente, sobre a utilização total
de recursos econômicos (produção, vendas, etc.) de um setor industrial
(LEITE, 1998, Capítulo 3.1.1). As denominações CR4 e CR8 são utilizadas
por Scherer e Ross (1990) para designar a parcela do mercado controlada
pelas quatro e oito maiores empresas do mercado, respectivamente. Mesmo
assim, a escolha de n é arbitrária e, de maneira geral, ditada pelas
informações estatísticas disponíveis.
Segundo Figueiredo (1984, p. 29), “este indicador oferece uma
aproximação do que se costuma chamar de concentração técnica de um
setor ao nível das plantas produtivas. Ele provavelmente subestima a
concentração econômica, ou seja, a participação das vendas das maiores
empresas nas vendas totais, na medida em que haja empresas com plantas
múltiplas entre as líderes”, ou seja, empresas líderes que tenham
participação em empresas pequenas. Para Figueiredo (1984, p. 29), “este
indicador é, talvez, o de uso mais difundido na literatura sobre concentração
industrial e representa, indiretamente, o poder de mercado das empresas
dominantes devido, estritamente, ao tamanho das suas plantas”.
b) Índice de Herfindahl
onde
29
n = número de firmas;
Pi = participação da i-ésima firma no total do mercado.
Ao elevar-se ao quadrado cada parcela Pi, atribui-se um peso maior
às parcelas relativamente maiores. O limite superior deste índice é igual a
um (1,0), o que ocorre na situação de monopólio, dado que neste caso Pi = i
para qualquer i e Pi = 0 para todo j i. O valor mínimo deste índice é
representado por 1/n. O valor mínimo ocorre quando as firmas têm
participação igualitária no mercado. O valor deste índice aumenta com o
aumento da desigualdade entre as firmas, independente do número de
firmas. Logo, ele é considerado um bom indicador do grau de concentração
em um mercado. Pelo fato da participação das firmas ser elevada ao
quadrado, o tamanho das firmas é levado em consideração. Desta forma,
quanto menor a firma, menor é sua contribuição proporcional para o valor do
índice (RESENDE, 1994, p. 26-28).
Nota-se que, à medida em que o número de firmas aumenta, o limite
inferior do índice de Herfindahl diminuirá e quando o número de firmas é
infinitamente grande, o valor tenderá a zero. Este índice tem a vantagem de
captar a ocorrência de fusões (RESENDE, 1994, p. 26-28).
c) Índice de entropia de Theil (E)
onde
n = número de firmas;
30
Pi = participação da firma i no mercado.
Este índice surgiu na área da teoria da informação e sua aplicação
ocorreu em estudos de organização industrial sugerida por Theil (1967, apud
RESENDE, 1994, p. 28). Esta medida representa o inverso da concentração,
ou seja, seu valor diminui com o aumento da concentração. De modo geral,
é utilizada para determinar o grau de incerteza no sentido de que quanto
maior o número de concorrentes e a incerteza de uma determinada firma
manter seus clientes, maior o valor de ET (LEITE, 1998, Capítulo 3.1.1).
Quando existir no mercado apenas uma firma, o que representa uma
situação de monopólio, ET = 0 (que representa o limite inferior deste índice)
e a incerteza é minimizada. Por outro lado, quando todas as firmas
controlam a mesma parcela do mercado, a entropia é maximizada e,
conseqüentemente, ET = ln n (LEITE, 1998, Capítulo 3.1.1).
Os índices apresentados são utilizados no Capítulo 3.1 para mensurar
o grau de concentração na indústria brasileira de papel e celulose. Devido ao
fato de haver limitações em cada um dos índices, optou-se pela utilização
dos três, com o objetivo de minimizar os possíveis desvios encontrados.
2.2. Competitividade
Apesar de aparentemente trivial, competitividade ainda é um conceito
virtualmente indefinido. São tantos os enfoques, abrangências e
preocupações às quais se busca associá-la que não é sem razão que os
trabalhos sobre o tema têm por norma iniciarem estabelecendo uma
definição própria para o conceito (HAGUENAUER, 1989, p. 1).
As teorias microeconômicas tradicionais sobre competitividade
definiam-na como uma questão de preços, custos e taxa de câmbio.
31
Atualmente, estas visões encontram-se ultrapassadas. Ao final dos anos 70,
estudos sobre o assunto passaram a ser freqüentes, mas uma definição
clara e precisa sobre este conceito ainda não havia sido encontrada. As
transformações econômicas experimentadas nos anos 80 e 90 expandiram o
conceito de competitividade. Ainda assim, competitividade é um conceito
que permanece de certa forma indefinido, uma vez que há diversos
enfoques aos quais se busca relacioná-la (LEITE, 1998, Capítulo 3.2).
Segundo Haguenauer (1989, p. 1-2), a competitividade poderia ser
definida como a capacidade de uma indústria (ou empresa) produzir
mercadorias com padrões de qualidade específicos, requeridos por
mercados determinados, utilizando recursos em níveis iguais ou inferiores
aos que prevalecem em indústrias semelhantes no resto do mundo, durante
um certo período de tempo. Em ampla resenha sobre o assunto, a autora
organiza os vários conceitos de competitividade em duas famílias:
a) competitividade como desempenho – nessa vertente, a competitividade é
de alguma forma expressa na participação no mercado (market-share)
alcançada por uma firma em um mercado em um momento do tempo. A
participação das exportações da firma ou conjunto de firmas (indústria) no
comércio internacional total da mercadoria apareceria como seu indicador
mais imediato, em particular no caso da competitividade internacional;
b) competitividade como eficiência – nessa versão, busca-se de alguma
forma traduzir a competitividade através da relação insumo-produto
praticada pela firma, ou seja, na capacidade da empresa de converter
insumos em produtos com o máximo de rendimento. Nessa versão
eficiência, a competitividade é associada à capacidade de uma
firma/indústria de produzir bens com maior eficácia que os concorrentes no
que se refere a preços, qualidade (ou a relação preço-qualidade), tecnologia,
salários, e produtividade, estando relacionada às condições gerais ou
específicas em que se realiza a produção da firma/indústria, assim como a
concorrência.
32
Kupfer (1991, p. 14), em estudo sobre o tema, conclui que a
“competitividade é função da adequação das estratégias das empresas
individuais ao padrão de concorrência vigente no mercado específico. Em
cada mercado vigoraria um dado padrão de concorrência definido a partir da
interação entre estrutura e condutas dominantes no setor. Seriam
competitivas as firmas que a cada instante adotam estratégias de conduta
(investimentos, inovação, vendas, compras, financiamento, etc.) mais
adequadas ao padrão de concorrência setorial”.
Em seu trabalho, Leite (1998) utilizou o conceito de competitividade
como desempenho. Segundo o autor, isso ocorreu por duas razões básicas:
“a) nesta visão, a competitividade apresenta-se como o resultado de
estratégias adotadas anteriormente, de acordo com a estrutura e a conduta
vigente em determinada indústria, o que permite incorporá-la ao modelo
Estrutura – Conduta – Desempenho da Organização Industrial, que é a
fundamentação teórica do trabalho; b) os dados propostos, para o
monitoramento do desempenho competitivo do complexo de papel e
celulose, foram mais facilmente encontrados nas publicações em vigor”.
Devido ao presente trabalho utilizar a mesma base metodológica da tese de
mestrado de Leite (1998), para que os diferentes períodos analisados
pudessem ser comparados, foram utilizados para mensurar a
competitividade na indústria brasileira de papel e celulose, conforme
demonstrado no Capítulo 2.3.2: a) a evolução do faturamento líquido; b) a
evolução do faturamento líquido por tonelada produzida; e c) a evolução das
exportações e importações da referida indústria, com a segregação entre os
setores de papel e de celulose.
No trabalho de Leite (1998, Capítulo 5.2.2), o autor apresentou outros
indicadores para a mensuração da competitividade, apesar de não utilizá-
los, como: a) o market-share no mercado mundial; b) evolução da margem
de lucro; e c) capacidade de endividamento da empresa. Quanto ao primeiro
item, não foi utilizado devido à dificuldade em se obter tal estatística, e
quanto aos dois últimos, também devido à impossibilidade de se trabalhar os
33
dados para a indústria como um todo, além, também, da dificuldade na
obtenção.
34
3. CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DA CONCENTRAÇÃO E COMPETITIVIDADE
NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE
Este capítulo tem como objetivo relacionar os conceitos de
concentração e competitividade anteriormente apresentados à indústria
brasileira de papel e celulose.
Conforme Scherer e Ross (1990, p. 7), “as políticas públicas podem
cumprir um papel estratégico na criação de vantagens competitivas para as
empresas. Elas podem criar barreiras à entrada de determinadas empresas
no mercado ou facilitar a permanência de outros, por intermédio de
financiamentos de longo prazo, restrições para as importações ou planos de
investimentos articulados com a iniciativa privada. Além disso, o governo
pode influenciar no número de empresas existentes no mercado,
estabelecendo condições para que somente aquelas que obedeçam a certos
requisitos sejam beneficiadas por determinadas políticas de incentivo”.
Não poderia haver melhor definição para o que se verificou no
desenvolvimento da indústria brasileira de papel e celulose durante o século
XX, conforme demonstrado no Capítulo 1.1. Nesse período, a indústria foi
marcada pelo empenho constante na substituição de importações e
integração produtiva, passando pelo desenvolvimento incentivado pelo
governo, cujo pré-requisito para obtenção de financiamentos foi sempre a
produção em larga escala, fator esse que acabou por concentrar a produção,
mais no setor de celulose do que no de papel.
A produção em larga escala, segundo Marshall (1982, p. 239), tem a
vantagem de proporcionar economia de mão-de-obra, economia de
máquinas e economia de materiais. O governo brasileiro tinha essa
exigência já que, na época, o Brasil era um importador líquido de papel e
celulose, exigência essa que, juntamente com outros fatores, fez do país em
2005 o 7º. maior produtor mundial de celulose e 11º. maior produtor mundial
de papel, conforme quadro 1.2.
35
Em relação à concentração da produção, Leite (1998), em seu estudo
sobre o período 1987-1996, concluiu que a indústria de celulose constitui um
“oligopólio concentrado”, enquanto que a de papel constitui um “oligopólio
diferenciado”, conforme classificação proposta por Bain (1968) no quadro
2.1. Na seção seguinte, foi analisado em que grau as mesmas encontram-se
no período 1996-2005.
As maiores empresas do setor são verticalizadas até a base florestal.
Durante o período de 1996-2005, verificou-se uma especialização das
maiores empresas do setor em papel ou celulose, ou seja, as fabricantes de
papel que também vendiam celulose, passaram a produzir celulose somente
para o consumo próprio, e desfizeram-se de plantas antes destinadas à
produção de celulose para venda. O mesmo ocorreu com as fabricantes de
celulose que também vendiam papel; estas desfizeram-se de suas plantas
antes destinadas à produção de papel para venda.
Além disso, também ocorreu a especialização das empresas
produtoras de papel em, no máximo, um ou dois tipos de papel, lembrando
que o mercado de papel é dividido em seis segmentos principais: papel de
imprensa (newsprint), papéis de imprimir e escrever, embalagens de papel e
papelão, papéis para fins sanitários (tissue), cartões e cartolinas, e papéis
especiais.
No que diz respeito à capacitação tecnológica, o Brasil é atualmente
um dos líderes mundiais no desenvolvimento da tecnologia florestal ligada à
produção de eucalyptus. É pioneiro também na tecnologia de produção de
papel e celulose com base na madeira de fibra curta. O país é ainda líder na
produção e exportação de papel e celulose de fibra curta, utilizando-se,
como principal fonte de matéria-prima, o eucalipto.
Portanto, constituem fatores de competitividade para o país, conforme
citado no Capítulo 1, principalmente: a) o fato da indústria brasileira de papel
e celulose ser abastecida exclusivamente por florestas plantadas, que
apresentam elevado rendimento industrial em comparação aos outros
36
países, relacionado principalmente ao clima brasileiro, garantindo baixos
custos de produção; b) a integração vertical das empresas; e c) a produção
em larga escala.
3.1. Resultados obtidos
A partir dos indicadores definidos no Capítulo 2 para mensurar
concentração e competitividade, são apresentados nas próximas subseções
os resultados obtidos na aplicação desses indicadores para a indústria
brasileira de papel e celulose no período 1996-2005.
3.1.1. Índices de concentração da indústria brasileira de papel e
celulose
Como pode ser observado no quadro 3.1, a concentração na indústria
brasileira de celulose aumentou no período 1996-2005, em todos os índices
utilizados, lembrando que no índice de entropia E4 a concentração aumenta
com a diminuição do índice, conforme explicado no Capítulo 2.1.
No período 1996-1998, levando em consideração os índices CR4 e
CR8, a concentração chegou a diminuir, voltando a subir em 1999, e
mantendo a tendência ao crescimento até 2005, passando por uma leve
redução em 2001.
O mesmo resultado pode ser concluído com base na observação do
índice de concentração de Herfindahl para as quatro maiores firmas (H4).
Verificou-se que a concentração, sob esta perspectiva, aumentou na
indústria brasileira de celulose. Dado que este índice leva em consideração
a desigualdade entre as firmas, o tamanho de cada firma e que seu valor
aumenta quando esta desigualdade também aumenta, pode-se concluir que
as quatro maiores firmas não somente aumentaram sua participação no
37
mercado, mas também aumentaram seu tamanho em relação às menores
empresas.
Quadro 3.1
Índices de concentração da indústria brasileira de celulose
1996-2005
(Em números absolutos)
Ano CR4 CR8 H4 E4
1996 0,6042 0,8344 0,0939 0,3044
1997 0,5714 0,8176 0,0831 0,3198
1998 0,5593 0,8020 0,0803 0,3250
1999 0,5733 0,8119 0,0845 0,3190
2000 0,6077 0,8452 0,0968 0,3027
2001 0,6013 0,8459 0,0948 0,3058
2002 0,6251 0,8500 0,1053 0,2937
2003 0,6299 0,8574 0,1096 0,2911
2004 0,6330 0,8609 0,1142 0,2895
2005 0,6253 0,8463 0,1149 0,2936
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
Em 2005, as quatro maiores empresas (CR4) possuíam 62,5% do
mercado, enquanto que as oito maiores (CR8) possuíam 84,6%. Isso
significa dizer, conforme a classificação proposta por Bain (1968),
demonstrada no quadro 2.1, que a indústria brasileira de celulose estava no
grau de concentração moderadamente alto, tanto para as quatro (CR4)
quanto para as oito maiores empresas (CR8). Leite (1998), em seu estudo,
concluiu que a indústria possuía essa mesma classificação para o período
1987-1996; entretanto, a concentração da produção das quatro (CR4) e oito
maiores empresas (CR8) era menor.
O quadro 3.2 apresenta os resultados dos testes de correlação para
os índices de concentração da indústria brasileira de celulose, no período
analisado. Como pode ser observado, os índices CR4, CR8 e H4
apresentam forte correlação positiva entre si. Isto indica que os três índices
caminham na mesma direção, e que qualquer que seja o índice de
mensuração da concentração utilizado os resultados tendem a ser
38
significativamente próximos. Como esperado, o índice de entropia (E4)
apresentou uma forte correlação negativa com CR4, CR8 e H4. Ou seja,
seus movimentos se dão em direções opostas. Mas, como E4 representa o
inverso da concentração, pode-se concluir que há uma correlação direta
entre esse índice e os demais.
Quadro 3.2
Testes de correlação para os índices de concentração da indústria de
celulose
(Em números absolutos)
CR4 CR8 H4 E4
CR4 - 0,9669365 0,9650216 -0,9994711
CR8 0,9669365 - 0,9043991 -0,9632202
H4 0,9650216 0,9043991 - -0,9700039
E4 -0,9994711 -0,9632202 -0,9700039 -
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
A indústria brasileira de papel também apresentou aumento de
concentração conforme quadro 3.3; entretanto, nessa indústria somente três
dos quatro índices mostraram essa tendência, já que a razão de
concentração das oito maiores empresas (CR8) sobre a produção total
diminuiu no período 1996-2005. Um dos motivos que, aparentemente,
influenciou este índice foi a diminuição da porcentagem de produção do
grupo Klabin sobre a produção total em 2003. Em 2002, essa porcentagem
representava aproximadamente 21%, e em 2003, caiu para 18%,
continuando a cair até 2005. Considerando-se que o grupo foi o maior
produtor em todos os anos do período estudado, uma diminuição de 3%
impacta significantemente os índices de concentração.
Em 2005, as quatro maiores empresas (CR4) possuíam 40,8% do
mercado, enquanto que as oito maiores (CR8) possuíam 55,9%. Isso
significa dizer, conforme a classificação proposta por Bain (1968),
demonstrada no quadro 2.1, que a indústria brasileira de papel estava no
grau de concentração moderadamente baixo, tanto para as quatro (CR4)
39
quanto para as oito maiores empresas (CR8). Leite (1998), em seu estudo,
concluiu que a indústria possuía essa mesma classificação para o período
1987-1996; entretanto, a concentração da produção das quatro maiores
empresas (CR4) era menor, enquanto que a das oito maiores (CR8) era
maior.
Quadro 3.3
Índices de concentração da indústria brasileira de papel
1996-2005
(Em números absolutos)
Ano CR4 CR8 H4 E4
1996 0,3898 0,5734 0,0439 0,3672
1997 0,4123 0,6017 0,0457 0,3653
1998 0,4081 0,5949 0,0447 0,3658
1999 0,4067 0,5988 0,0446 0,3659
2000 0,4551 0,6121 0,0637 0,3583
2001 0,4576 0,6110 0,0639 0,3577
2002 0,4552 0,6034 0,0638 0,3583
2003 0,4290 0,5820 0,0534 0,3631
2004 0,4096 0,5646 0,0487 0,3656
2005 0,4082 0,5588 0,0481 0,3657
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
O quadro 3.4 apresenta os resultados dos testes de correlação para
os índices de concentração da indústria brasileira de papel, no período
analisado. Como pode ser observado, os índices CR4 e H4 apresentam forte
correlação positiva entre si. Isto indica que os dois índices caminham na
mesma direção e que qualquer que seja o índice de mensuração da
concentração utilizado os resultados tendem a ser significativamente
próximos. Como esperado, o índice de entropia (E4) apresentou uma forte
correlação negativa com CR4 e H4. Quanto ao índice CR8, o mesmo
apresentou uma correlação positiva com os índices CR4 e H4, porém em
menor grau que os outros índices entre si; o mesmo ocorreu em sua
correlação com o índice E4, porém, nesse caso, uma correlação negativa
em menor grau. O principal motivo para isso foi que este índice apresentou
40
tendência contrária aos demais no período em análise, ou seja, enquanto os
índices CR4, H4 e E4 demonstraram tendência de crescimento da
concentração, o índice CR8 apresentou resultado contrário, de
desconcentração da indústria brasileira de papel.
Quadro 3.4
Testes de correlação para os índices de concentração da indústria de
papel
(Em números absolutos)
CR4 CR8 H4 E4
CR4 - 0,6705223 0,9769918 -0,9915076
CR8 0,6705223 - 0,5578702 -0,6770063
H4 0,9769918 0,5578702 - -0,9872972
E4 -0,9915076 -0,6770063 -0,9872972 -
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
Os números apresentados neste capítulo mostram que a indústria
brasileira de celulose apresenta um grau de concentração significativamente
maior do que o da indústria de papel. Além do mais, é importante atentar
para o fato da indústria de celulose ter um número expressivamente menor
de empresas que a indústria de papel. Isto torna o poder das maiores
empresas ainda maior, e fornece ao setor características de uma estrutura
de oligopólio.
Quadro 3.5
Testes de correlação para os índices de concentração das indústrias de
papel e celulose
(Em números absolutos)
Índice Correlação
CR4 0,2828568
CR8 -0,3156741
H4 0,2891770
E4 0,2676084
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
41
Foram feitos, também, testes de correlação comparando-se os índices
de uma indústria com os da outra, conforme demonstrado no quadro 3.5. Os
índices CR4, CR8, H4 e E4 da indústria brasileira de celulose não
mostraram-se correlacionados, porém com os seus pares da indústria de
papel, ou seja, os movimentos de concentração e desconcentração de uma
indústria não foram acompanhados da mesma forma pela outra. O principal
motivo disso é a especialização dessas indústrias no período em análise,
conforme citado no início desse capítulo, já que as empresas focadas na
produção de celulose estão vendendo seus ativos relacionados à indústria
de papel, enquanto que as indústrias de papel permaneceram com as
plantas produtoras de celulose somente para suprir o consumo próprio, visto
que a celulose é insumo básico na produção de papel, desfazendo-se das
plantas produtoras de celulose destinadas ao mercado.
3.1.2. A competitividade da indústria brasileira de papel e celulose
O primeiro indicador do desempenho competitivo analisado foi a
evolução do faturamento líquido. Os valores foram extraídos dos relatórios
anuais da Bracelpa, e deflacionados pelo IGP-DI da Fundação Getúlio
Vargas para o ano de 2005.
Pode-se visualizar no quadro 3.6 que o faturamento líquido da
indústria brasileira de celulose vem diminuindo desde 2004, apesar de ter
aumentado significativamente no período 1996-2003. Considerando o
período 1996-2005, o faturamento líquido da indústria brasileira de celulose
aumentou 61,2%.
Assim como a indústria de celulose, a indústria brasileira de papel
também registrou um aumento no faturamento, porém não tão significante.
Nessa indústria, o faturamento líquido também vem diminuindo desde 2004,
apesar de ter apresentado um leve aumento no período 1996-2003.
42
Considerando o período 1996-2005, o faturamento líquido da indústria
brasileira de papel aumentou 9,2%.
No trabalho de Leite (1998), o mesmo verificou que o faturamento
líquido, tanto da indústria de papel como de celulose, diminuiu no período
1987-1996.
Quadro 3.6
Evolução do faturamento líquido da indústria brasileira de papel e
celulose
1996-2005
(Em R$ 2005)
Ano
Indústria de
Celulose
Indústria de
Papel
1996 3.718.784.283 12.397.812.913
1997 3.674.820.027 11.395.056.740
1998 3.612.584.151 11.454.717.305
1999 5.483.557.499 12.368.813.171
2000 6.488.715.356 14.370.945.060
2001 5.615.105.150 14.297.457.126
2002 5.835.668.381 13.357.018.181
2003 7.041.917.943 14.073.002.398
2004 6.931.204.934 13.840.972.399
2005 5.995.492.000 13.535.034.000
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
O segundo indicador estudado foi o faturamento líquido por tonelada
produzida, conforme quadro 3.7, obtido dividindo-se o faturamento líquido da
indústria brasileira de papel e celulose, demonstrado no quadro 3.6, pela
produção total dessas indústrias, demonstradas nos anexos 1 e 2. A partir
dos resultados, verifica-se uma diminuição desse faturamento nas duas
indústrias. Para a indústria brasileira de celulose, no período 1996-2005, a
diminuição foi de 8,8%, enquanto que para a indústria de papel, foi de 21,3%
no mesmo período.
A observação do indicador de faturamento líquido por tonelada
produzida pode levar à conclusão de que essas indústrias não apresentam
características competitivas. Pelo exposto anteriormente, a queda registrada
43
no faturamento deve-se também à crise asiática de 1997, à crise da Rússia
em 1998, e ao episódio de 11 de setembro, em 2001, conforme descrito no
Capítulo 1.1.1, que causaram recessão internacional, cujas implicações
principais foram a queda dos preços e dos lucros, o que por certo aumentou
o grau de competição em termos internacionais.
Além disso, ao se analisar a indústria brasileira de papel e celulose,
deve-se levar em consideração a questão da taxa de câmbio, já que o real
se valorizou frente ao dólar no final do período estudado. Com isso, o
rendimento das exportações, que são uma parcela significativa de ambas as
indústrias, mas principalmente da indústria de celulose, diminuiu, sendo um
dos motivos da diminuição do faturamento líquido por tonelada produzida.
Quadro 3.7
Evolução do faturamento líquido por tonelada produzida da indústria
brasileira de papel e celulose
1996-2005
(Em R$ 2005/ton)
Ano
Indústria de
Celulose
Indústria de
Papel
1996 635,17 1.999,96
1997 580,43 1.748,35
1998 540,25 1.738,38
1999 749,81 1.778,85
2000 857,80 1.999,34
2001 747,08 1.922,28
2002 718,01 1.718,18
2003 767,47 1.777,90
2004 720,49 1.637,52
2005 579,16 1.574,33
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
Na análise do quadro 3.8, que demonstra o total de exportações e
importações da indústria brasileira de celulose, em toneladas, verifica-se que
as exportações de celulose aumentaram significativamente no período
analisado, na ordem de 147,6%, enquanto que as importações
apresentaram um leve aumento, de 36,4%.
44
Quadro 3.8
Números do comércio exterior da indústria brasileira de celulose
1996-2005
(Em toneladas)
Ano Exportação Importação
1996 2.240.084 267.974
1997 2.502.898 318.226
1998 2.805.802 348.925
1999 3.110.714 389.411
2000 3.013.830 366.805
2001 3.338.262 341.865
2002 3.449.586 372.856
2003 4.570.440 338.581
2004 4.988.790 354.901
2005 5.547.044 365.480
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
Já na análise do quadro 3.9, que demonstra o total de exportações e
importações da indústria brasileira de papel, verifica-se que as exportações
de papel aumentaram significativamente no período analisado, na ordem de
65,2%, enquanto que as importações apresentaram um leve decréscimo, de
16,8%. A maior parte das importações brasileiras de papel diz respeito ao
papel de imprensa, no qual o Brasil não é auto-suficiente.
Quadro 3.9
Números do comércio exterior da indústria brasileira de papel
1996-2005
(Em toneladas)
Ano Exportação Importação
1996 1.234.053 925.872
1997 1.329.411 977.706
1998 1.216.894 903.931
1999 1.329.657 749.515
2000 1.224.549 839.483
2001 1.367.752 632.424
2002 1.454.909 560.299
2003 1.777.583 578.324
2004 1.852.911 733.543
2005 2.039.088 770.128
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
45
O volume transacionado no comércio exterior, ou seja, o volume das
importações e exportações, é um dos indicadores mais utilizados para se
mensurar a competitividade da indústria. Nesse item, conforme observado,
as empresas brasileiras, tanto as produtoras de papel como as produtoras
de celulose, mostram-se cada vez mais competitivas, dado que é cada vez
maior a presença brasileira nos números do comércio mundial de papel e
celulose.
Ainda é possível aumentar a participação brasileira no comércio
mundial, em termos de inserção nos principais mercados, através de:
marketing e prospecção de mercados; produto, através da qualidade e
confiabilidade; logística de distribuição, através da regularidade e
aumentando a velocidade dos prazos de suprimento; e redução de custos e
financiamento (LEITE, 1998, Capítulo 5.2.2).
Ainda sob o ponto de vista do comércio exterior vale enfatizar que
desde a década de 80 o país apresenta superávit. As importações de
celulose e papel ainda permanecem em um patamar muito baixo se
comparadas ao volume de exportações. Prevê-se, além disso, um aumento
ainda maior nas exportações, devido a diversos projetos de expansão.
Muitos destes projetos visam duplicar a produção de celulose e papel no
Brasil nos próximos dez anos, conforme descrito no Capítulo 1.1.1.
Quadro 3.10
Testes de correlação entre os índices de concentração e os indicadores
do desempenho competitivo da indústria brasileira de celulose
1996-2005
Indicador CR4 CR8 H4 E4
Faturamento 0,7714545 0,7952001 0,7728791 -0,7741143
Faturamento
por tonelada
0,4103772 0,5211599 0,2597697 -0,3973398
Exportações 0,7064643 0,6355424 0,8578207 -0,7203577
Importações 0,0693248 0,0445660 0,1694016 -0,0788155
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
46
Por fim, nos quadros 3.10 e 3.11, é feita a correlação entre os índices
de concentração e os indicadores de competitividade da indústria brasileira
de papel e celulose.
Com relação à indústria brasileira de celulose, pode-se notar que os
índices de concentração CR4, CR8 e H4 são positiva e altamente
correlacionados com os indicadores de faturamento e exportações. Isso se
explica pelo aumento verificado no valor do faturamento e exportações no
período estudado, indicando que o aumento da concentração foi benéfico
para o aumento dos mesmos.
Estes mesmos índices apresentaram baixa e média correlação com o
indicador faturamento por tonelada, significando que o aumento da
concentração não teve uma relação direta com a queda no faturamento por
tonelada produzida, no período analisado. Ainda com relação aos mesmos
índices, estes tiveram uma correlação praticamente nula com o indicador
das importações, ou seja, o aumento da concentração na indústria brasileira
de celulose não está relacionado ao aumento das importações.
O índice E4 apresentou resultados inversos aos dos índices
anteriores, isto porque ele apresenta a concentração, conforme visto
anteriormente, de maneira inversa aos demais índices. Logo, pode-se
concluir que os resultados dos testes de correlação entre E4 e os
indicadores do desempenho competitivo são praticamente os mesmos dos
índices apresentados anteriormente.
Com relação à indústria brasileira de papel, pode-se notar que os
índices de concentração CR4 e H4 são positiva e altamente correlacionados
com o indicador de faturamento. Isso se explica pelo aumento verificado no
valor do faturamento no período estudado, indicando que o aumento da
concentração foi benéfico para o aumento do mesmo. Já o índice CR8 é
baixo e negativamente correlacionado ao indicador de faturamento, pois
houve diminuição desse índice no período, ou seja, diminuição da
concentração.
47
Quadro 3.11
Testes de correlação entre os índices de concentração e os indicadores
do desempenho competitivo da indústria brasileira de papel
1996-2005
Indicador CR4 CR8 H4 E4
Faturamento 0,6348186 -0,0324664 0,7268111 -0,6316359
Faturamento
por tonelada
0,2709334 0,5174316 0,3193736 -0,3556874
Exportações -0,1258927 -0,7398681 -0,0732434 0,1888834
Importações -0,5905406 -0,0556252 -0,6069632 0,5595986
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
Assim como na indústria de celulose, estes mesmos índices (CR4 e
H4) apresentaram baixa e média correlação com o indicador faturamento por
tonelada, significando que o aumento da concentração não teve uma relação
direta com a queda no faturamento por tonelada produzida, no período
analisado. Ainda com relação aos mesmos índices, estes tiveram uma
correlação praticamente nula com o indicador das exportações, ou seja, o
aumento da concentração na indústria brasileira de celulose não está
relacionado ao aumento das exportações. Quanto ao indicador de
importações, os índices CR4 e H4 apresentaram forte correlação negativa,
significando que o aumento da concentração foi benéfico para a queda das
importações.
Pode-se concluir deste capítulo que as indústrias de papel e celulose
apresentam capacidade competitiva, fortemente representada pelo volume
do comércio exterior. No período estudado, as exportações aumentaram
significativamente, assim como o faturamento da indústria de celulose. O
aumento do faturamento da indústria de papel foi menor, mas também deve
ser citado. Apesar das importações de celulose terem aumentado, houve
melhora no quadro de importações de papel, que diminuiu no período
analisado, ao contrário do que verificou Leite (1998) no período 1987-1996.
Assim como no estudo de Leite (1998, Capítulo 5.2.2), “os testes de
correlação foram feitos com o objetivo não de mostrar uma relação de
48
causalidade entre os indicadores da estrutura industrial e os de
desempenho, mas sim de se verificar se esses indicadores tendem a se
comportar do mesmo modo ao longo do período estudado”.
49
CONCLUSÃO
Foi possível verificar que realmente existe concentração de produção
na indústria brasileira de papel e celulose, e também uma concentração
regional nas regiões Sudeste, principalmente, e Sul, em menor escala.
Conforme observado, a concentração do setor foi estimulada pelo
governo brasileiro por ser um fator de competitividade, já que tal
concentração garante ao produtor economia de escala, e a integração da
produção de celulose com a de papel reduz custos de transporte e tempo de
produção. Outro fator de competitividade brasileiro é o clima do país, que
reduz o tempo entre plantio e poda das árvores destinadas à produção de
celulose. O Brasil ainda teve como fator de competitividade no
desenvolvimento de sua indústria de papel e celulose a produção desta
última a partir do eucalipto. Por fim, consegue ser competitivo no mercado
internacional por ter um dos menores custos de produção do mundo.
A metodologia adotada mostrou-se adequada para responder a
pergunta de pesquisa proposta neste trabalho. Com base na análise dos
dados de concentração e competitividade efetuada, a partir dos parâmetros
definidos, e correlação entre os mesmos, foi possível concluir que há uma
relação positiva entre o grau de concentração e o desempenho competitivo
na indústria brasileira de papel e celulose.
Isso porque, em um mercado globalizado, onde a concorrência é
grande tanto interna como externamente, a escala de produção é
fundamental para a redução de custos. Obviamente, não constitui fator único
para o aumento de competitividade, mas sendo a produção dessa indústria
concentrada, nota-se relação positiva com a competitividade.
Comparando-se com o trabalho efetuado por Leite (1998) referente ao
período 1987-1996, a concentração da produção aumentou no período
estudado, tanto na indústria brasileira de papel como de celulose, mas as
classificações dessas indústrias permaneceram em grau de concentração
50
“Moderadamente Baixo” e “Moderadamente Alto”, respectivamente, ou,
conforme classificado por Leite (1998), com características de “Oligopólio
Diferenciado” (indústria de papel) e “Oligopólio Concentrado” (indústria de
celulose). Entretanto, o que se verifica no período atual não é o tipo de
concentração no qual uma empresa busca ser líder de produção em todos
os segmentos, mas sim de um segmento específico, levando a troca recente
de ativos entre as líderes, com a finalidade de especialização da produção
em celulose para venda ou em tipos de papéis específicos.
Como sugestão para outros trabalhos, poder-se-ia fazer a análise da
competitividade através dos custos de produção, ao invés do faturamento,
posteriormente correlacionando-os com os índices de concentração da
indústria brasileira de papel e celulose. Como o acesso à informação de
custos de produção é restrito, ao contrário da informação sobre faturamento,
poderiam ser utilizados os custos de uma única empresa, ou de um grupo de
empresas.
Futuramente, pode-se também fazer a atualização de dados desse
trabalho para a década posterior, a fim de verificar o aumento ou diminuição
da concentração, bem como o comportamento dos indicadores de
desempenho competitivo, analisando até que ponto a concentração continua
influenciando na competitividade dessa indústria.
51
ANEXOS
Anexo 1
Maiores produtores brasileiros de celulose e suas participações
1996-2005
1996
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Aracruz Celulose S.A 1.079.676 18,44%
2 Grupo klabin 913.230 15,60%
3 Grupo Suzano 888.971 15,18%
4 Celulose nipo-brasileira S.A Cenibra 655.424 11,19%
5 Grupo Votorantim 484.283 8,27%
6 Champion Papel e Celulose 311.772 5,33%
7 Grupo Igaras 280.007 4,78%
8 Ripasa S.A Celulose e Papel 271.893 4,64%
9 Jari Celulose S.A 270.229 4,62%
10 Demais empresas 699.302 11,94%
Total 5.854.787 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1996
1997
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Aracruz Celulose S.A. 1.057.964 16,71%
2 Grupo Klabin 916.712 14,48%
3 Grupo Suzano 923.416 14,59%
4 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 719.645 11,37%
5 Grupo Votorantim 608.929 9,62%
6 Grupo Champion 368.217 5,82%
7 Ripasa S.A. Celulose e Papel 295.842 4,67%
8 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 285.872 4,52%
9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 183.961 2,91%
10 Demais empresas 970.604 15,33%
Total 6.331.162 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1998
52
1998
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Aracruz Celulose S.A. 1.165.139 17,42%
2 Grupo Klabin 938.721 14,04%
3 Grupo Suzano 894.784 13,38%
4 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 741.434 11,09%
5 Grupo Votorantim 669.721 10,02%
6 Grupo Champion 372.009 5,56%
7 Ripasa S.A. Celulose e Papel 291.294 4,36%
8 Jarcel Celulose S.A. 289.494 4,33%
9 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 280.431 4,19%
10 Demais empresas 1.043.879 15,61%
Total 6.686.906 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1998
1999
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Aracruz Celulose S.A. 1.262.536 17,26%
2 Grupo Klabin 1.130.873 15,46%
3 Grupo Suzano 1.015.543 13,89%
4 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 783.547 10,71%
5 Grupo Votorantim 728.123 9,96%
6 Grupo International Paper 392.343 5,36%
7 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 328.551 4,49%
8 Ripasa S.A. Celulose e Papel 296.443 4,05%
9 Jarcel Celulose S.A. 290.381 3,97%
10 Demais empresas 1.084.943 14,84%
Total 7.313.283 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2000
2000
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Grupo Klabin 1.468.297 19,41%
2 Aracruz Celulose S.A. 1.301.240 17,20%
3 Grupo Suzano 1.009.234 13,34%
4 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 818.164 10,82%
5 Grupo Votorantim 792.549 10,48%
6 Grupo International Paper 404.736 5,35%
7 Ripasa S.A. Celulose e Papel 308.114 4,07%
8 Jarcel Celulose S.A. 291.145 3,85%
9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 194.681 2,57%
10 Demais empresas 976.189 12,91%
Total 7.564.349 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2000
53
2001
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Klabin S.A. 1.450.242 19,30%
2 Aracruz Celulose S.A. 1.272.388 16,93%
3 Suzano Bahia Sul 996.254 13,25%
4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 800.705 10,65%
5 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 792.344 10,54%
6 International Paper do Brasil Ltda. 416.571 5,54%
7 Jari Celulose S.A. 326.310 4,34%
8 Ripasa S.A. Celulose e Papel 303.238 4,03%
9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 200.608 2,67%
10 Demais empresas 957.404 12,74%
Total 7.516.064 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2002
2002
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Aracruz Celulose S.A. 1.656.048 20,38%
2 Klabin S.A. 1.581.215 19,46%
3 Suzano Bahia Sul 1.012.530 12,46%
4 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 830.813 10,22%
5 Votorantim Celulose e Papel S.A. 804.749 9,90%
6 International Paper do Brasil Ltda. 426.882 5,25%
7 Ripasa S.A. Celulose e Papel 305.505 3,76%
8 Jari Celulose S.A. 290.365 3,57%
9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 205.339 2,53%
10 Demais empresas 1.014.069 12,48%
Total 8.127.515 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2002
2003
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Aracruz Celulose S.A. 2.223.497 24,23%
2 Klabin S.A. 1.391.216 15,16%
3 Votorantim Celulose e Papel S.A. 1.131.052 12,33%
4 Suzano Bahia Sul 1.033.762 11,27%
5 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 885.820 9,65%
6 International Paper do Brasil Ltda. 436.856 4,76%
7 Ripasa S.A. Celulose e Papel 423.796 4,62%
8 Jari Celulose S.A. 340.977 3,72%
9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 210.053 2,29%
10 Demais empresas 1.098.513 11,97%
Total 9.175.542 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2004
54
2004
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Aracruz Celulose S.A. 2.497.000 25,96%
2 Votorantim Celulose e Papel S.A. 1.346.882 14,00%
3 Klabin S.A. 1.141.827 11,87%
4 Suzano Papel e Celulose 1.103.395 11,47%
5 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 915.064 9,51%
6 Ripasa S.A. Celulose e Papel 468.944 4,87%
7 International Paper do Brasil Ltda. 450.664 4,68%
8 Jari Celulose S.A. 358.233 3,72%
9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 217.597 2,26%
10 Demais empresas 1.120.537 11,65%
Total 9.620.143 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2004
2005
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Aracruz Celulose S.A. 2.785.463 26,91%
2 Votorantim Celulose e Papel S.A. 1.343.076 12,97%
3 Klabin S.A. 1.180.228 11,40%
4 Suzano Papel e Celulose 1.164.427 11,25%
5 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 967.060 9,34%
6 Ripasa S.A. Celulose e Papel 505.771 4,89%
7 International Paper do Brasil Ltda. 450.804 4,35%
8 Jari Celulose S.A. 364.227 3,52%
9 Veracel Celulose S.A. (Stora Enso) 216.752 2,09%
10 Demais empresas 1.374.305 13,28%
Total 10.352.113 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2005
55
Anexo 2
Maiores produtores brasileiros de papel e suas participações
1996-2005
1996
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Grupo Klabin 984.950 15,89%
2 Grupo Suzano 607.986 9,81%
3 Grupo Votorantim 471.155 7,60%
4 Champion Papel e Celulose 352.071 5,68%
5 Grupo Igaras 323.256 5,21%
6 Grupo Ripasa 342.387 5,52%
7 Rigesa Celulose e Papel e embs. Ltda. 258.666 4,17%
8 Grupo trombini 213.796 3,45%
9 Pisa 170.177 2,75%
10 Demais empresas 2.474.578 39,92%
Total 6.199.022 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1996
1997
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Grupo Klabin 964.964 14,81%
2 Grupo Suzano 697.179 10,70%
3 Grupo Champion 519.227 7,97%
4 Grupo Votorantim 505.905 7,76%
5 Grupo Ripasa 392.605 6,02%
6 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 344.945 5,29%
7 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 273.357 4,19%
8
Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão
Celulose e Papel
223.758 3,43%
9 Orsa Celulose e Papel S.A. 203.139 3,12%
10 Demais empresas 2.392.522 36,71%
Total 6.517.601 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1998
56
1998
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Grupo Klabin 959.628 14,56%
2 Grupo Suzano 702.843 10,67%
3 Grupo Champion 530.789 8,06%
4 Grupo Votorantim 496.145 7,53%
5 Grupo Ripasa 372.799 5,66%
6 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 367.554 5,58%
7 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 270.673 4,11%
8 Orsa Celulose e Papel S.A. 219.590 3,33%
9
Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão
Celulose e Papel
184.224 2,80%
10 Demais empresas 2.485.056 37,71%
Total 6.589.301 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1998
1999
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Grupo Klabin 1.017.628 14,64%
2 Grupo Suzano 740.054 10,64%
3 Grupo International Paper 547.463 7,87%
4 Grupo Votorantim 522.568 7,52%
5 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 421.171 6,06%
6 Grupo Ripasa 398.061 5,72%
7 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 285.197 4,10%
8 Orsa Celulose e Papel S.A. 231.139 3,32%
9
Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão
Celulose e Papel
184.184 2,65%
10 Demais empresas 2.605.781 37,48%
Total 6.953.246 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2000
2000
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Grupo Klabin 1.485.411 20,67%
2 Grupo Suzano 722.398 10,05%
3 Grupo International Paper 540.753 7,52%
4 Grupo Votorantim 522.408 7,27%
5 Grupo Ripasa 411.990 5,73%
6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 286.660 3,99%
7 Orsa Celulose e Papel S.A. 241.627 3,36%
8
Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão
Celulose e Papel
188.065 2,62%
9 Pisa Papel de Imprensa S.A. 179.215 2,49%
10 Demais empresas 2.609.304 36,30%
Total 7.187.831 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2000
57
2001
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Klabin S.A. 1.531.032 20,58%
2 Suzano Bahia Sul 739.585 9,94%
3 International Paper do Brasil Ltda. 578.054 7,77%
4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 554.937 7,46%
5 Ripasa S.A. Celulose e Papel 410.245 5,52%
6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 289.994 3,90%
7 Orsa Celulose e Papel S.A. 251.948 3,39%
8
Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão Celulose
e Papel
188.960 2,54%
9 Norske Skog Pisa Ltda. 165.708 2,23%
10 Demais empresas 2.727.304 36,67%
Total 7.437.767 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2002
2002
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Klabin S.A. 1.609.230 20,70%
2 Suzano Bahia Sul 768.787 9,89%
3 International Paper do Brasil Ltda. 591.017 7,60%
4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 569.558 7,33%
5 Ripasa S.A. Celulose e Papel 386.797 4,98%
6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 297.144 3,82%
7 Orsa Celulose e Papel S.A. 267.682 3,44%
8
Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão
Celulose e Papel
200.762 2,58%
9 Norske Skog Pisa Ltda. 172.960 2,22%
10 Demais empresas 2.909.976 37,43%
Total 7.773.913 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2002
2003
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Klabin S.A. 1.421.398 17,96%
2 Suzano Bahia Sul 784.462 9,91%
3 International Paper do Brasil Ltda. 609.797 7,70%
4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 580.157 7,33%
5 Ripasa S.A. Celulose e Papel 458.855 5,80%
6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 308.588 3,90%
7 Orsa Celulose, Papel e Embalagens S.A. 261.571 3,30%
8 Trombini Industrial S.A. 182.164 2,30%
9 Norske Skog Pisa Ltda. 174.120 2,20%
10 Demais empresas 3.134.392 39,60%
Total 7.915.504 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2004
58
2004
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Klabin S.A. 1.453.111 17,19%
2 Suzano Papel e Celulose 787.480 9,32%
3 International Paper do Brasil Ltda. 623.467 7,38%
4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 597.758 7,07%
5 Ripasa S.A. Celulose e Papel 521.209 6,17%
6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 315.634 3,73%
7 Orsa Celulose, Papel e Embalagens S.A. 274.387 3,25%
8 Trombini Industrial S.A. 199.027 2,35%
9 Norske Skog Pisa Ltda. 176.019 2,08%
10 Demais empresas 3.504.319 41,46%
Total 8.452.411 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2004
2005
Posição Empresa Produção Porcentagem
1 Klabin S.A. 1.455.888 16,93%
2 Suzano Papel e Celulose 825.763 9,60%
3 International Paper do Brasil Ltda. 622.824 7,24%
4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 604.874 7,04%
5 Ripasa S.A. Celulose e Papel 512.300 5,96%
6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 311.175 3,62%
7 Orsa Celulose, Papel e Embalagens S.A. 276.061 3,21%
8 Trombini Industrial S.A. 195.522 2,27%
9 Norske Skog Pisa Ltda. 170.421 1,98%
10 Demais empresas 3.622.479 42,14%
Total 8.597.307 100,00%
Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2005
Concentração e Desempenho Competitivo na Indústria Brasileira de Papel e Celulose 1996-2005 (2007)
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Concentração e Desempenho Competitivo na Indústria Brasileira de Papel e Celulose 1996-2005 (2007)

  • 1. VINÍCIUS BRAVO FERREIRA CONCENTRAÇÃO E DESEMPENHO COMPETITIVO NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE 1996-2005 Monografia de Bacharelado em Economia FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E ATUÁRIA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO São Paulo – Outubro – 2007
  • 2. 1 VINÍCIUS BRAVO FERREIRA CONCENTRAÇÃO E DESEMPENHO COMPETITIVO NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE 1996-2005 FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E ATUÁRIA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO São Paulo – Outubro – 2007 Monografia submetida à apreciação de banca examinadora do Departamento de Economia, como exigência parcial para a obtenção do grau de bacharel em ciências econômicas, elaborada sob a orientação do Professor Silvio Miyazaki
  • 3. 2 Esta monografia foi examinada pelos professores abaixo relacionados e aprovada com nota final , ( ) Nomes legíveis dos examinadores (orientador e demais membros da banca) ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ Autorizo a disponibilização desta monografia na Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da PUC de São Paulo para consulta pública e utilização como referência bibliográfica, mas sua reprodução total ou parcial somente pode ser feita mediante autorização expressa do autor, nos termos da legislação vigente sobre direitos autorais. São Paulo, ____ de ___________ de _____. Assinatura: __________________________
  • 4. 3 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo verificar se existe uma relação positiva entre o grau de concentração e o desempenho competitivo da indústria brasileira de papel e celulose, no período compreendido entre 1996 e 2005. É apresentado um histórico do setor, por estar diretamente relacionado à concentração existente atualmente, e por ter determinado os fatores de competitividade presentes na indústria brasileira de papel e celulose, fatores esses que tornaram-se diferenciais dessa indústria dentro da competição mundial. Através da correlação entre os índices de concentração e indicadores de desempenho competitivo selecionados, constata-se que a concentração da produção teve uma relação positiva com a competitividade da indústria brasileira de papel e celulose.
  • 5. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................1 1. CAPÍTULO 1 – CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE .....................................................................................3 1.1. Histórico do setor..................................................................................3 1.1.1. Fatos importantes no período 1996-2005......................................7 1.2. Estrutura da indústria de papel e celulose no Brasil e no mundo ........9 1.2.1. Principais empresas da indústria brasileira de papel e celulose .16 1.2.1.1. Klabin – SP............................................................................17 1.2.1.2. Aracruz Celulose – ES ..........................................................18 1.2.1.3. VCP – SP ..............................................................................18 1.2.1.4. Suzano Bahia Sul – BA .........................................................19 1.2.1.5. Ripasa – SP...........................................................................19 2. CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................20 2.1. Concentração industrial......................................................................24 2.2. Competitividade..................................................................................30 3. CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DA CONCENTRAÇÃO E COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE.............................34 3.1. Resultados obtidos .............................................................................36 3.1.1. Índices de concentração da indústria brasileira de papel e celulose..................................................................................................36 3.1.2. A competitividade da indústria brasileira de papel e celulose .....41 CONCLUSÃO................................................................................................49 ANEXOS .......................................................................................................51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................59
  • 6. 1 INTRODUÇÃO A indústria de papel e celulose é uma das mais importantes da economia brasileira, com uma participação de 1,2% no PIB de 2005, e responsável por um superávit de US$ 2,5 bilhões na Balança Comercial do mesmo ano, representando 6% do total (BRACELPA, 2006b, p. 1). Este setor constitui o tema deste estudo, devido à sua representatividade no setor produtivo brasileiro em termos de participação no PIB, assim como na Balança Comercial do país. Além disso, outro motivo, é que pouco se conhece da estrutura dessa indústria, cujos produtos estão presentes na vida de todos os brasileiros. O setor de papel e celulose é bastante amplo. Por esse motivo, delimitou-se como objeto desse estudo a hipótese da existência de uma relação positiva entre o grau de concentração e o desempenho competitivo na indústria brasileira de papel e celulose, no período compreendido entre 1996 e 2005. Este trabalho tem como base metodológica a tese de mestrado de André Luís da Silva Leite (1998), “Concentração e Desempenho Competitivo no Complexo Industrial de Papel e Celulose”, que percebeu uma tendência à concentração no setor, e realizou seu estudo sobre o período 1987-1996. O objetivo desse trabalho é a atualização de dados da mesma, para o período 1996-2005, de forma a provar que a concentração aumentou após o período estudado, e que tal fator foi benéfico para a competitividade das empresas do setor. No Capítulo 1, é traçado um panorama do setor de papel e celulose no Brasil, descrevendo o histórico deste setor, através do qual é possível verificar como a concentração industrial vem ocorrendo, e como o Brasil se tornou um dos países mais eficientes nessa indústria, fator este diretamente ligado à competitividade, podendo ser mensurado pela produtividade das florestas brasileiras, baixo custo de produção e integração vertical das
  • 7. 2 empresas brasileiras. Ainda dentro desse tópico, são abordados os principais fatos no período compreendido no estudo, entre 1996 e 2005, para situar as empresas brasileiras dentro do contexto mundial, demonstrando as principais adversidades enfrentadas. Em seguida, é descrita a estrutura dessa indústria no Brasil, sendo possível verificar que a integração vertical é um dos fatores mais importantes para as empresas do setor, sendo esta característica ligada à concentração e competitividade. São apresentadas as maiores empresas dos setores de celulose e papel, que estão presentes no Capítulo 3, quando é feita a análise empírica dos dados de produção do setor. O motivo da divisão do mercado em celulose e papel é que nem todas as produtoras de celulose produzem também papel, e vice-versa, porém nota-se que algumas das maiores empresas atuam nos dois segmentos. No Capítulo 2, é feita a fundamentação teórica dos conceitos que posteriormente são utilizados na análise do problema, sendo eles: concentração industrial e competitividade. No Capítulo 3, são relacionados os conceitos apresentados de concentração e competitividade para a indústria brasileira de papel e celulose, e definidos os parâmetros para o teste da hipótese de forma empírica, realizado também no Capítulo 3. Com o término desse trabalho, é possível verificar o motivo da concentração ser um fator positivo para a competitividade do setor. Os referenciais teóricos nos quais está baseado o trabalho são o de Estrutura de Mercado, Concentração de Mercado (Oligopólios) e Vantagens Competitivas, amparados pela Economia Industrial.
  • 8. 3 1. CAPÍTULO 1 – CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE 1.1. Histórico do setor A indústria brasileira de papel e celulose se desenvolveu em etapas sucessivas de substituição de importações e integração produtiva, a partir da vinda de D. João VI ao Brasil. Segundo Juvenal e Mattos (2002, p. 1), o binômio provisão de recursos/acúmulo de conhecimento permitiu desenvolver uma indústria de papel e celulose internacionalmente competitiva, sob controle nacional, e formar uma base de tecnologia florestal extremamente avançada, capaz de garantir aumentos constantes de produtividade. Inicialmente, o papel entrava no Brasil através da importação ou por contrabando. A produção era proibida na Colônia, por decreto imperial, situação essa que só mudou com a chegada de D. João VI ao Brasil, e posterior fundação da Imprensa Régia, que acarretou o crescimento do consumo de papel. Devido às necessidades da indústria gráfica, a produção de papel no Brasil iniciou-se em pequena escala, por volta de 1809 ou 1810. Entre os anos de 1835 e 1840 há notícias do surgimento de outras fábricas (PAULA & NETO, 1989, p. 55; BRACELPA, 2006a). No final da década de 20, diante da crise de superprodução de café – nosso principal gerador de divisas naquela época – e das grandes dificuldades financeiras atravessadas por muitas empresas, o governo proibiu, até 1937, a importação de máquinas para a instalação de novas fábricas de papel, e criou um fundo especial para socorrer as empresas em dificuldades. Por outro lado, as dificuldades no balanço de pagamentos e a elevação do preço da celulose importada causada pela desvalorização da moeda nacional fizeram aparecer as condições para o surgimento de um segmento nacional produtor de pastas no país (HILGEMBERG & BACHA, 2001, p. 147). Esse foi o primeiro fator na história da indústria brasileira de
  • 9. 4 papel e celulose que levou à concentração de capacidade de produção nas maiores empresas existentes. O primeiro grande empreendimento da indústria de celulose e papel nacional se deu com a fundação, em 1934, da fábrica de celulose e papel do grupo Klabin no Paraná. Esta foi a primeira fábrica integrada de celulose e papel do país (SOUZA, 2004, p. 134). A integração vertical passou a ser, desde então, característica fundamental para aquelas empresas que ansiavam por produção de papel em larga escala e com baixo custo operacional. Além disso, segundo Mendonça Jorge (1992, p. 27), “é o primeiro projeto onde aparece uma relação explícita entre o Estado e a iniciativa privada, através de uma política pública deliberada de apoio ao desenvolvimento do setor”. Mais tarde, em 1957, foi iniciada no Estado de São Paulo a produção em grande escala de celulose de eucalipto, atualmente a mais produzida no país, a qual estabeleceu o caminho para o grande crescimento do setor após os anos 70, e que levou o Brasil a uma posição de grande destaque no mercado internacional de celulose (JUVENAL E MATTOS, 2002, p. 4). Após estes marcos históricos que lançaram as bases tanto empresariais como de domínio tecnológico para o desenvolvimento do setor no Brasil, sucederam-se basicamente três grandes ciclos de investimentos e crescimento. O primeiro deles foi na década de 70, inserido no contexto do “milagre brasileiro” e do programa governamental de substituição de importações. Nessa época, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDE1 condicionava a concessão de empréstimos para empresas do setor de papel e celulose à escalas mínimas de produção, com o objetivo de aumentar a produção total do setor. 1 O BNDE foi criado em 1952 e o “S” foi adicionado à sigla somente em 1982, quando o governo instituiu o Finsocial e repassou recursos desse fundo para o banco, com a finalidade de financiar projetos sociais (HILGEMBERG & BACHA, 2001, p. 149).
  • 10. 5 Como resultado dos investimentos realizados na década de 70, já em 1979 o Brasil tornou-se superavitário no setor de celulose e papel como um todo, embora ainda deficitário no setor específico de papel. Na década de 70, verifica-se um incremento da ordem de 205% na produção de papel e de 298% na produção de celulose (SOUZA, 2004, p. 135). Nos anos 80, a desaceleração da economia brasileira e mundial, aliada ao aumento do custo do capital e ao colapso do sistema internacional de crédito, fez a indústria reforçar seus esforços para exportar mais e reduzir custos (JUVENAL E MATTOS, 2002, p. 14). Nesta década, a indústria brasileira de celulose estava próxima de alcançar sua maturidade, operando com equipamentos compatíveis com a tecnologia mundial e integrados com a produção florestal (HILGEMBERG & BACHA, 2001, p. 154). A década de 80 registrou um aumento de 40,5% na produção de celulose e 40,2% na de papel (SOUZA, 2004, p. 138). Em função da boa situação financeira das empresas e das conquistas do setor no mercado externo, teve início um segundo ciclo de investimentos e crescimento, ocorrido entre 1988 e 1995. Estima-se que neste período foi aportado cerca de US$ 6 bilhões no setor, mesmo com o Brasil em recessão. Graças aos dois grandes ciclos de investimentos nas décadas de 70 e 80, o setor multiplicou por seis a produção de papel e por treze a de celulose de mercado entre 1970 e 1994, tendo acumulado superávits externos crescentes desde 1979 (SOUZA, 2004, p. 135). Nos anos 90, a indústria de celulose e papel atingiu a maturidade e, sendo competitiva internacionalmente, teve seu avanço ditado pelo mercado e pelas necessidades de expansão das empresas, e não mais pelas exigências do desenvolvimento planejado do país. Para os grandes grupos do setor, o BNDES deixou de ser o alicerce principal e passou a constituir uma alternativa de financiamento, em conjunto com o mercado (JUVENAL E MATTOS, 2002, p. 16). O aumento na produção nessa década foi de 71,5% para celulose e 52,4% para papel (SOUZA, 2004, p. 138).
  • 11. 6 A partir da segunda metade da década de 90, um novo movimento de reestruturação do setor passou a ocorrer, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, sendo considerado como o terceiro grande ciclo de investimentos. Fusões, aquisições e alianças empresariais foram as estratégias mais comuns no período, visando dotar as empresas de condições para crescer e atingir escalas globais. Além disso, as empresas buscaram a focalização dos negócios, através da aquisição de empresas concorrentes e da venda de unidades não identificadas com o negócio central da empresa. As fusões e aquisições eram consideradas as formas mais rápidas e baratas para focalizar os negócios, aumentar a capacidade de produção, reduzir custos e aumentar a participação no mercado. Observa-se que, diferentemente do verificado em outros setores industriais, essa consolidação acarretou a entrada de controladores estrangeiros apenas em casos isolados (JUVENAL E MATTOS, 2002, p. 18; SOUZA, 2004, p. 136). Estas reestruturações foram uma decorrência dos próprios investimentos feitos entre 1970 e 1995, que tornaram o Brasil um exportador líquido de papel e celulose e dotaram o setor de uma capacidade de produção que superava a demanda interna. Como o consumo de papel no Brasil é baixo, o aumento da capacidade de produção, incentivado pelo governo brasileiro, e que acabou por levar à concentração do setor, passou necessariamente pelas exportações, o que exigiu que as empresas enfrentassem a concorrência de grandes empresas que operam no mercado internacional. A permanência das empresas brasileiras nessa disputa globalizada deve-se ao fato da indústria brasileira de papel e celulose ser abastecida exclusivamente por florestas plantadas, que apresentam elevado rendimento industrial em comparação aos outros países, relacionado principalmente ao clima brasileiro, garantindo baixos custos de produção. Além disso, a integração vertical nas empresas produtoras de papel também constituí um diferencial para o Brasil.
  • 12. 7 1.1.1. Fatos importantes no período 1996-2005 O ano de 1996 foi marcado pela queda do valor dos produtos do setor no mercado internacional, na ordem de 29,6%, devido à redução dos preços internacionais de papel e celulose. Um fato positivo no mesmo ano foi o aumento do consumo brasileiro per capita de papel de 9,4%, atingindo 37,3 kg por habitante/ano (BRACELPA, 1997, p. 1). Tradicionalmente globalizada, a indústria brasileira de papel e celulose sofre, em 1998, como toda atividade empresarial mundial, o impacto da crise econômica dos países asiáticos e, mais tarde, a moratória da Rússia. Estas dificuldades viram-se agravadas pela retração econômica decorrente da política cambial brasileira de sobrevalorização da moeda nacional, pela elevadíssima taxa de juros e pela escassez de financiamentos a custo acessível. Em 1998, os preços internacionais continuaram deprimidos, mantendo a receita de exportações no mesmo nível do ano de 1997 (BRACELPA, 1999, p. 1). Em 1999, tem-se o início da recuperação dos preços internacionais e a mudança da política cambial brasileira, aumentando a receita de exportações em relação ao ano anterior (BRACELPA, 2001, p. 1). No ano de 2000, ocorreu uma redução de 3,2% das exportações de celulose e 7,9% das exportações de papel. Entretanto, apesar dessa redução, a receita de exportações do setor aumentou em 18,6%, conseqüência da continuação do processo de recuperação dos preços internacionais e do êxito da política cambial adotada pelo governo brasileiro (BRACELPA, 2001, p. 1). Os resultados do setor em 2001 sofreram o impacto da desaceleração sincronizada da economia dos Estados Unidos da América – EUA, União Européia e Japão, após os acontecimentos do episódio conhecido como “11 de setembro”. Outros fatos que produziram uma perspectiva pouco otimista foram a crise da Argentina e os impactos negativos de alguns fatores
  • 13. 8 internos, como a redução da oferta de energia elétrica (BRACELPA, 2003, p. 1). Em 2003, foi elaborado e apresentado para o presidente Lula e seus ministros o Programa de Investimentos para o período 2003-2012, com investimentos previstos no valor de US$ 14,4 bilhões, com o objetivo de duplicar as exportações no período, além de manter abastecido o mercado interno, assim como de manter e melhorar as posições do Brasil no ranking mundial de produção de celulose e papel, no qual o Brasil ocupa a 7ª. e 11ª. posição, respectivamente (BRACELPA, 2005, p. 1). No quadro 1.1, é possível visualizar as principais fusões, associações e aquisições ocorridas no setor brasileiro de papel e celulose durante o período 1997-2004. Como pode ser observado, aparentemente houve um aumento da concentração de capital e, consequentemente, da produção de algumas empresas no setor após esse processo. Entretanto, tal ocorrência somente pode ser verificada no Capítulo 3, onde foi feita a análise empírica de dados estatísticos relativos à produção das maiores empresas em comparação com a produção total do setor. Dentre as principais associações, deve-se destacar a venda do capital acionário da empresa Ripasa para a Votorantim Celulose e Papel – VCP e Suzano Bahia Sul em 2004. A Ripasa foi considerada, em 2005, a 5ª. principal empresa da indústria brasileira de papel e celulose, conforme o “Balanço Anual 2005” da Gazeta Mercantil. Em relação à aquisições, merecem destaque: a) a compra da Jarí Celulose pelo Grupo Orsa em 1999, este último que ocupa a 8ª. posição no ranking de principais empresas da indústria, sendo a 9ª. posição ocupada pela Jarí Celulose; b) a compra da totalidade do capital acionário da Champion pela International Paper em 2000, esta última que é a maior empresa de papel e celulose do mundo; e c) a compra de 28% do capital votante da Aracruz pela VCP em 2001.
  • 14. 9 Quadro 1.1 Fusões, associações e aquisições de empresas atuantes no Brasil Ano Mês Comprador Vendedor Ativos Produtivos Negociados 2004 novembro Suzano Bahia Sul e Votorantim Celulose e Papel Ripasa Venda do controle acionário 2003 agosto RGM International PTE Ltd. (Cingapura) Klabin Venda da Bacell 2003 agosto Kimberly-Clark Tissue do Brasil Ltda. Kimberly-Clark Argentina S.A. Klabin Venda de sua participação na Klabin Kimberly S.A. e KCK Tissue S.A. 2003 junho Aracruz Klabin Venda da Riocell 2001 novembro VCP Aracruz 28% do capital votante 2001 maio Suzano CVRD 50% das ações ordinárias e 18.94% das ações preferenciais Classe A, totalizando 32% do capital total da Bahia Sul 2001 setembro Suzano Portucel 28% da estatal em gestão partilhada 2000 julho Aracruz Veracel 45% do controle (40% da Odebrecht e 5% da Stora) 2000 julho Klabin Igaras Totalidade do controle acionário 2000 junho International Paper Champion Controle acionário 1999 dezembro Orsa Jari Celulose Fábrica de celulose (Jarí - AP) 1999 dezembro Arjo Wiggins VCP Fábrica de papéis especiais e de segurança (Salto - SP) 1999 novembro Klabin Kimberly Suzano Bacraft Fábrica de papéis sanitários (BA) 1999 abril Norske Skog (Noruega) Klabin Associação no segmento de papel imprensa 1998 junho Kimberly-Clark (EUA) Klabin Ativos em tissue (surgimento da Klabin Kimberly) 1998 janeiro Champion Bamerindus Agroflorestal Base florestal 1998 janeiro Champion Inpacel Fábrica de papéis LWC (PR) 1997 outubro Igarás Trombini Fábrica de p.ondulado (Itaquaquecetuba - SP e Feira de Santana - BA) 1997 outubro Igarás Trombini Fábrica de papel miolo (Ponte Nova - MG) 1.2. Estrutura da indústria de papel e celulose no Brasil e no mundo O setor brasileiro de celulose e papel é formado por 220 empresas localizadas em 450 municípios, em 16 estados, sendo que 35 empresas são exportadoras habituais, conforme dados de 2005. Trata-se de um setor Fonte: Lafis Consultoria
  • 15. 10 “altamente globalizado, demandante de capital intensivo e longo prazo de maturação de seus investimentos”, define a Associação Brasileira de Celulose e Papel – Bracelpa, entidade que representa as empresas produtoras do setor no país (BRACELPA, 2006b, p. 1). O quadro 1.2 traz um resumo dos dados socioeconômicos do setor. Quadro 1.2 Dados socioeconômicos do setor de celulose e papel em 2005 Número de empresas 220 empresas Localização 16 estados e 450 municípios Área plantada 1,7 milhão de hectares Eucalipto: 75% Pinus: 24% Demais: 1% Exportação US$ 3,4 bilhões Saldo comercial US$ 2,5 bilhões Número de empregos diretos 110 mil Ranking Mundial 7° Celulose de todos os tipos 1° Celulose Fibra Curta de Mercado 11° Papel Produção Celulose: 10,4 milhões de toneladas Papel: 8,6 milhões de toneladas Participação no PIB 1,2% Fonte: Bracelpa O setor foi responsável por uma participação no PIB de 1,2% em 2005, e pela geração de 110 mil empregos diretos. Outro dado expressivo é o saldo na Balança Comercial em 2005, de US$ 2,5 bilhões, demonstrando que o país conseguiu superar a questão de ser um importador líquido de papel e celulose, existente no início da década de 70. Os produtos de celulose e papel brasileiros são fabricados, exclusivamente, a partir de madeira de florestas plantadas de eucalipto, 75%, e pinus, 24%. Um dos fatores que tornam o Brasil competitivo no mercado internacional são as condições climáticas. Seu clima, variando de subtropical (no extremo Sul) a tropical (na maior parte do país), possibilita crescimento
  • 16. 11 rápido e contínuo das árvores, ao contrário do que ocorre nos países frios e temperados, que são seus principais competidores. Por exemplo, no sul do Estado da Bahia, a produtividade, ou seja, o crescimento das árvores, pode atingir 50 metros cúbicos/hectare/ano, enquanto na Finlândia, outro grande produtor, as condições climáticas não permitem ultrapassar os 5 metros cúbicos/hectare/ano (DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2006, p. 7). Outro fator de competitividade que merece destaque na indústria latino-americana de celulose, na qual o Brasil está incluído, são os custos de produção, associados também às condições climáticas da região. Nos EUA e Europa, incluindo os países do Leste, o custo de fabricação de celulose varia entre US$ 300 e US$ 340 por tonelada, em média. Já na América Latina, a média é de US$ 170 por tonelada e, na Ásia, US$ 190 por tonelada (LAFIS CONSULTORIA, 2005a, p. 18). A produção mundial de celulose concentra-se na América do Norte (44%), Europa (25%) e Ásia (21%), e somou 182 milhões de toneladas em 2002. Os EUA lideram a produção e o consumo mundial de celulose. O Brasil é o 7º. maior produtor mundial. Sua participação na produção mundial é pequena (4%), mas é líder no segmento de celulose de mercado de fibra curta com 19,4% de participação, atrás dos EUA (15,2%) e Indonésia (15,1%). Com o aumento da capacidade produtiva mundial, é esperado o início da queda dos preços internacionais da celulose a partir de 2006 e, consequentemente, dos preços de exportação do produto, o que afeta diretamente o Brasil (LAFIS CONSULTORIA, 2005a, p. 4). Já no setor de papel, o Brasil participa com 2,4% da produção mundial, que somou 330,7 milhões de toneladas em 2002. É o 11º. maior produtor mundial e o 10º. maior consumidor. Os EUA, a China e o Japão constituem os três maiores produtores e consumidores mundiais. Os grandes exportadores de papel são: Canadá, Finlândia e Suécia. Os
  • 17. 12 principais importadores são: EUA, China, Alemanha, Reino Unido, França e Espanha (LAFIS CONSULTORIA, 2005b, p. 4). A produção brasileira de pastas celulósicas vem crescendo a uma média de 5,5% ao ano nos últimos dez anos. A tendência é que em breve o Brasil passe do 7º. para o 4º. lugar entre os maiores produtores mundiais, ficando atrás apenas dos EUA, Canadá e China. Em 2005, o país ficou próximo ao Japão (VALOR ECONÔMICO, 2006, p. 8). A velocidade da concentração do setor de celulose no mundo pode ser observada na comparação com o faturamento das empresas de 2000 com 1999. Em 2000, 55 empresas de papel e celulose no mundo apresentaram vendas superiores a US$ 1 bilhão, sendo que as dez primeiras concentraram 42% dos US$ 257,8 bilhões vendidos pelas 150 maiores empresas do setor. Em 1999, as dez maiores empresas do setor representaram 39% do total (LAFIS CONSULTORIA, 2005a, p. 11). A indústria brasileira de papel e celulose, sobretudo no fluxo primário de produção, ou seja, do plantio até a transformação da madeira em celulose e, posteriormente, em papel, também é dominada por grandes empresas. Há uma expressiva concentração de mercado, e que tem crescido em função de fusões e aquisições ocorridas na segunda metade da década de 90 e início desta. O setor de celulose, por exigência de escala de produção, é o mais concentrado, e no qual predominam as grandes empresas (SOUZA, 2004, p. 141). Na indústria de papel, há uma grande e crescente concentração de mercado em torno de poucas grandes empresas, embora coexistam empresas de médio porte (SOUZA, 2004, p. 142). Conforme dados da Bracelpa (2006c), em 2005, as cinco maiores empresas do setor brasileiro de celulose foram responsáveis por 72% da produção anual, enquanto no setor de papel as cinco maiores foram responsáveis por 41% da produção anual.
  • 18. 13 Segundo Leite (1998, Conclusão), em sua análise da concentração do setor no período 1987-1996, a indústria de papel possui características de “oligopólio diferenciado”, enquanto que a de celulose apresenta aspectos relacionados ao “oligopólio concentrado”2 . Sua conclusão tem por base a razão da concentração das quatro e oito maiores empresas produtoras do setor brasileiro de papel e celulose. A mesma análise foi feita no Capítulo 3; entretanto, com base no período objeto desse estudo, 1996-2005. Observa-se também uma concentração regional de produção no Brasil. A referência mais recente sobre a distribuição da produção brasileira de pastas celulósicas por estado é fornecida pelo “Relatório Estatístico 2005” da Bracelpa, de onde foram extraídas as informações apresentadas a seguir. Naquele ano, a produção brasileira de pastas celulósicas, de 9,9 milhões de toneladas, dividiu-se por 10 dos 17 estados produtores de pastas celulósicas e papéis registrados pelo Relatório Estatístico. Já a produção de papéis, de 8,6 milhões de toneladas, espalhou-se por 16 estados. O Estado de São Paulo foi o que mais fabricou pastas celulósicas: 3,1 milhões de toneladas, o equivalente a 31,9% do total. Seguiu-se o Espírito Santo, com 2,1 milhões (21,7%). Também na produção de papéis o Estado de São Paulo liderou, com 3,9 milhões de toneladas, 45,1% do total. A região Sudeste concentrou 51,9% da produção nacional de papéis, com 4,5 milhões de toneladas. As regiões Sul e Sudeste juntas foram responsáveis por 93%, ou seja, 8 milhões de toneladas. A produção de cada estado e região pode ser visualizada na tabela 1.1. Nos últimos anos, o saldo da Balança Comercial brasileira de pastas celulósicas e papéis vem sendo sempre positivo e com tendência de 2 Segundo Joe S. Bain, em sua obra “Industrial Organization” (1968), citada por Leite (1998), uma indústria possui grau de concentração “moderadamente alto” quando a razão de concentração entre a produção das quatro e oito maiores empresas para a produção total do setor estiver entre 50%-65% e 70%-85%, respectivamente, e “moderadamente baixo” quando as mesmas razões forem 35%-50% e 45-70%. Por esse motivo, Leite (1998) classifica a indústria de celulose como “oligopólio concentrado” e a de papel como “oligopólio diferenciado”, já que suas razões de concentração foram de grau “moderadamente alto” e “moderadamente baixo”, respectivamente.
  • 19. 14 crescimento. A tabela 1.2 mostra a evolução desse saldo de 1996 a 2005. Em 2005, o saldo comercial foi de US$ 2,5 bilhões, 5,7% do superávit total da Balança Comercial brasileira no ano, de US$ 44,7 bilhões, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior do Governo Federal. Tabela 1.1 Distribuição da produção de pastas celulósicas e papéis por estado em 2005 Pastas celulósicas PapéisRegião Estado Em toneladas Em % do total da produção Em toneladas Em % do total da produção Norte AM 0 0,00 30.300 0,35 PA 364.227 3,70 35.850 0,42 Total 364.227 3,70 66.150 0,77 Nordeste BA 1.061.118 10,77 302.996 3,52 CE 0 0,00 8.500 0,10 MA 53.821 0,55 67.340 0,78 PB 0 0,00 26.193 0,30 PE 26.000 0,26 117.091 1,36 RN 0 0,00 2.390 0,03 SE 0 0,00 6.000 0,07 Total 1.140.939 11,58 530.510 6,16 Sudeste ES 2.134.530 21,66 0 0,00 MG 967.060 9,82 392.742 4,57 RJ 0 0,00 193.311 2,25 SP 3.141.230 31,88 3.877.934 45,11 Total 6.242.820 63,36 4.463.987 51,93 Sul PR 790.482 8,02 1.726.313 20,08 RS 446.073 4,53 204.149 2,37 SC 867.921 8,81 1.596.098 18,57 Total 2.104.476 21,36 3.526.560 41,02 Centro-Oeste GO 0 0,00 10.100 0,12 Total 0 0,00 10.100 0,12 Total geral 9.852.462 100,00 8.597.307 100,00 Foram investidos US$ 12 bilhões na ampliação da capacidade produtiva das indústrias do setor nos últimos dez anos. Para a Bracelpa (2006b, p. 1), esses investimentos “permitiram o desenvolvimento tecnológico de processos e produtos de maior valor agregado, a melhoria ambiental e a racionalização industrial das empresas brasileiras do setor. Fonte: Bracelpa
  • 20. 15 Isto possibilitou às empresas atingirem os padrões internacionais de qualidade de produtos, de produtividade e de proteção ao meio ambiente, tanto na atividade florestal quanto industrial, cada vez mais restritos e exigentes, e a criar produtos diferenciados, que exigem empenho em desenvolver e absorver tecnologia e esforços de capacitação tecnológica”. Tabela 1.2 Exportações e importações de pastas celulósicas e papéis (Em US$ FOB milhões) Exportações ImportaçõesAno Pastas celulósicas Papéis Total Pastas celulósicas Papéis Total Saldo da Balança Comercial 1996 999 935 1.934 146 866 1.012 922 1997 1.024 966 1.990 154 876 1.030 960 1998 1.049 930 1.979 179 891 1.070 909 1999 1.244 901 2.145 188 641 829 1.316 2000 1.602 941 2.543 236 732 968 1.575 2001 1.248 943 2.191 183 589 772 1.419 2002 1.161 894 2.055 172 422 594 1.461 2003 1.744 1.087 2.831 159 403 562 2.269 2004 1.722 1.187 2.909 195 563 758 2.151 2005 2.034 1.371 3.405 210 654 864 2.541 O Brasil é hoje o maior produtor mundial de celulose fibra curta de mercado, produzindo 6 milhões de toneladas em 2005, praticamente o dobro do segundo colocado, a Indonésia (BRACELPA, 2006b, p. 2). O consumo per capita brasileiro de papel é um dos mais baixos do mundo, registrando, em 2005, apenas 39,5 kg por habitante/ano, ainda muito distante dos níveis observados em países mais desenvolvidos ou em estágio de desenvolvimento comparável ao do Brasil, como pode ser visualizado no quadro 1.3. Os EUA, além de terem o maior consumo per capita de papel no mundo, são também os maiores produtores mundiais de papel e celulose. Fonte: Secex
  • 21. 16 Quadro 1.3 Consumo per capita de países selecionados (kg/hab./ano) em 2005 EUA 312,0 Japão 246,0 Alemanha 235,9 Canadá 222,5 Reino Unido 209,8 Itália 195,1 França 182,7 Chile 66,7 México 57,8 Argentina 49,5 China 41,6 Brasil 39,5 Rússia 34,4 Média Anual 56,3 1.2.1. Principais empresas da indústria brasileira de papel e celulose As principais empresas da indústria brasileira de papel e celulose, considerando o faturamento líquido alcançado durante o ano de 2005, podem ser visualizadas na tabela 1.3. Verifica-se, na análise individual das cinco principais empresas desse mercado, apresentada a seguir, a integração vertical na produção dessas indústrias, e a forte presença do capital nacional em suas composições acionárias. Fonte: PPI
  • 22. 17 Tabela 1.3 Prncipais empresas da indústria brasileira de papel e celulose em 2005 Posição Empresa Receita líquida em R$ Mil Em % do total do setor 1 Klabin - SP 2.698.950 12,17 2 Aracruz Celulose - ES 2.653.653 11,96 3 VCP - SP 2.374.567 10,71 4 Suzano Bahia Sul - BA 1.960.163 8,84 5 Ripasa - SP 1.391.358 6,27 6 Cenibra - MG 1.120.024 5,05 7 International Paper - SP 1.004.321 4,53 8 Orsa Celulose - SP 519.789 2,34 9 Jari Celulose - PA 427.862 1,93 10 Celulose Irani - RS 286.184 1,29 Total 14.436.871 65,09 Demais 7.743.768 34,91 Total geral 22.180.639 100,00 1.2.1.1. Klabin – SP A Klabin lidera a produção integrada de celulose, papel e produtos de papel do país, sendo auto-suficiente em madeira e celulose, segmento em que opera com um dos mais baixos custos em nível mundial; é ainda a maior recicladora de papéis do Brasil. Seu portfolio inclui papéis e cartões para embalagens, caixas de papelão ondulado, sacos multifoliados e envelopes (DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2006, p. 11). Fonte: Gazeta Mercantil
  • 23. 18 1.2.1.2. Aracruz Celulose – ES A Aracruz Celulose é a líder mundial na produção de celulose branqueada de eucalipto. A empresa responde por 30% da oferta global do produto, destinado à fabricação de bens de alto valor agregado, como papéis sanitários, de imprimir e escrever e especiais. A produção da empresa está distribuída por duas unidades fabris. No Espírito Santo, a Aracruz opera um complexo fabril de celulose totalmente integrado aos plantios e a um porto privativo especializado, através do qual quase toda a produção da empresa é exportada. Um terceiro complexo fabril – a Veracel Celulose, é uma parceria com o grupo sueco-finlandês Stora Enso, em que cada empresa detém 50% do controle acionário. A VCP, outra principal empresa no mercado brasileiro de celulose e papel, possui 28% do capital votante da Aracruz Celulose, e o BNDES, 12,5% (DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2006, p. 11). 1.2.1.3. VCP – SP A Votorantim Celulose e Papel – VCP mantém uma operação totalmente integrada. O ciclo começa na produção de madeira em florestas próprias de eucaliptos que atendem às necessidades de consumo das duas unidades integradas de produção de celulose e papel e duas fábricas dedicadas a papéis de valor agregado, todas no Estado de São Paulo. Em 2001, a VCP adquiriu 28% do capital volante da Aracruz Celulose, ampliando de maneira significativa sua atuação no mercado mundial de celulose. No final de 2004, em parceria com a Suzano Bahia Sul Papel e Celulose, a VCP adquiriu a Ripasa, fabricante de papel e celulose. A capacidade de produção adicional passou a ser dividida igualmente entre a
  • 24. 19 VCP e a Suzano, que continuaram atuando separadamente (DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2006, p. 12). 1.2.1.4. Suzano Bahia Sul – BA A Suzano Bahia Sul Papel e Celulose tem sua produção totalmente integrada, do plantio de eucaliptos à produção de papel e papel cartão. A matéria-prima vem das fazendas de eucalipto da própria empresa. O ano de 2002 foi um marco na história das empresas Suzano. Nele consolidou-se a gestão unificada. O processo de sinergia da Suzano e da Bahia Sul fez com que elas ganhassem maior poder de negociação e de compra. Adotando práticas comuns, atuam como uma só. Nesse mesmo ano, conseguiram capturar mais de R$ 30 milhões em eficiência graças à redução dos custos de escala, aos aproveitamentos das sinergias decorrentes da otimização da operação e à decisão de compartilhar as melhores práticas, adotada quando do início da gestão unificada. Na redução dos custos de escala, o principal deles foi o relacionado à logística, já que a unidade que estiver mais próxima do comprador irá atendê-lo, seja a unidade localizada na Bahia ou em São Paulo, reduzindo, assim, os custos de transporte e armazenagem (DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2006, p. 12). 1.2.1.5. Ripasa – SP Empresa voltada à produção de celulose, papéis de imprimir, escrever, especiais, papel cartão e cartolinas, a Ripasa S.A. Celulose e Papel configura-se como a 7ª. maior produtora de celulose pasta do país, além de ocupar a 4ª. posição em papel para imprimir e a 2ª. em papel cartão (DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2006, p. 12).
  • 25. 20 2. CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo tem como objetivo apresentar o referencial teórico adotado, com ênfase no modelo Estrutura – Conduta – Desempenho, e na versão moderna do mesmo, ou seja, o modelo de Porter. De acordo com o modelo Estrutura – Conduta – Desempenho (E–C– D), o desempenho de uma indústria (o sucesso de uma indústria na produção de bens para os consumidores) depende da conduta (comportamento) de suas firmas, que, por outro lado, depende da estrutura, ou seja, dos fatores que determinam a competitividade do mercado (CARLTON & PERLOFF, 1999, p. 2). O modelo refere-se, portanto, aos ajustamentos feitos pelas firmas industriais para melhor se adaptarem aos mercados nos quais encontram-se inseridas. Um segundo objetivo do modelo E–C–D é a comprovação empírica de algumas associações do comportamento das empresas nos diversos tipos de estrutura de mercado (LEITE, 1998, Capítulo 2.1). Para Brumer (1981, p. 15), "o interesse reside em compreender as razões pelas quais as firmas atuam de determinada maneira, em conhecer os fatos que fazem com que esse comportamento não seja homogêneo, além de buscar a identificação dos determinantes da atuação das empresas e da forma como estes determinantes conduzem às correspondentes variações na atuação". Este modelo foi desenvolvido em Harvard por Edward S. Masos, seus colegas e alunos, como Joe S. Bain (CARLTON & PERLOFF, 1999, p. 2). Bain, em seu livro “Industrial Organization” (1968), faz um estudo individual de cada um dos elementos que compõem o modelo, para depois fazer uma análise teórico-empírica sobre as associações entre os elementos. Isto é, por exemplo, a extensão do desempenho industrial que pode ser explicada pela estrutura predominante na indústria (LEITE, 1998, Capítulo 2.1).
  • 26. 21 A figura 2.1, extraída de Carlton e Perloff (1999), apresenta um quadro descritivo do modelo E–C–D. Um quadro semelhante é encontrado em Scherer (1990); entretanto, neste último, não é demonstrada a relação do modelo com a política governamental, considerada essencial no funcionamento do modelo atualmente. Figura 2.1 Modelo Estrutura – Conduta – Desempenho Demanda Oferta Elasticidade da demanda Tecnologia Bens substitutos Matéria-prima Sazonalidade Sindicalização Taxa de crescimento Durabilidade do produto Localização Localização Caráter cíclico Economias de escala Método de compras Economias de escopo Número de compradores e vendedores Barreiras à entrada de novas firmas Diferenciação do produto Integração vertical Regulação Diversificação Anti-truste Barreiras à entrada Impostos e subsídios Propaganda Incentivos de investimento Pesquisa e desenvolvimento Incentivos ao emprego Comportamento de preços Políticas macroeconômicas Investimento na planta industrial Táticas legais Escolha do produto Cooperação Fusões e contratos Preço Eficiência na produção Eficiência alocativa Equidade Qualidade do produto Progresso técnico Lucros Política Governamental Condições Básicas Estrutura Conduta Performance Fonte: Carlton e Perloff (1999)
  • 27. 22 Na análise de Scherer (1990), o desempenho é conseqüência das condutas ou comportamento dos vendedores e compradores em aspectos como práticas e políticas de determinação de preços, cooperação tácita entre firmas, linha de produtos e estratégias de divulgação, pesquisa e desenvolvimento, investimentos em técnicas de produção, táticas legais, e assim por diante. Conduta, ou comportamento, por sua vez depende da estrutura predominante no mercado, caracterizada pela distribuição por número e tamanho dos ofertantes e demandantes (concentração), pela presença ou ausência de barreiras à entrada de novas firmas, pelas formas das curvas de custo, pelo grau de integração vertical das firmas, dentre outras características. Finalmente, a estrutura de um mercado é influenciada pelo que Scherer (1990) chama de características básicas. Estas características atuam tanto pelo lado da oferta quanto pelo da demanda. Pelo lado da oferta são: a localização de matéria-prima, o grau de tecnologia, a durabilidade do produto, atitudes nos negócios, etc. Pelo lado da demanda, os fatores básicos são: elasticidade-preço da demanda, bens substitutos, taxa de crescimento da demanda, caráter cíclico e sazonal, métodos de compra, e tipos diferentes de comercialização. No entanto, como lembra Scherer (1990), as influências não fluem apenas das condições básicas e estrutura em direção ao desempenho. Há importantes efeitos de feed-back (retro-alimentação). Desta forma, por exemplo, vigorosos esforços de pesquisa e desenvolvimento podem alterar a tecnologia predominante na indústria, a estrutura dos custos e o grau de diferenciação física do produto. Ou então, as políticas de determinação de preços podem encorajar a entrada de novas firmas no mercado ou expulsar as mais fracas e, conseqüentemente, alterar a estrutura de mercado (LEITE, 1998, Capítulo 2.1). Além das interações entre estrutura, conduta e desempenho das firmas, Carlton e Perloff (1999) também consideram nesse modelo a política governamental influenciando nessa interação, já que a indústria depende da
  • 28. 23 regulação, estratégias anti-truste, barreiras à entrada, etc., consideradas pelo autor como de responsabilidade do governo. Essas políticas influenciam, por exemplo, a estrutura, estabelecendo: barreiras à entrada de novas firmas; a conduta, proibindo o desenvolvimento de determinado produto; e o desempenho, sobretaxando determinado produto, aumentando assim o seu preço de venda, e reduzindo a demanda pelo mesmo. Resumidamente, o modelo focaliza a estrutura como variável explicativa do desempenho, baseado principalmente na tríade concentração – barreiras à entrada – lucratividade (LEITE, 1998, Capítulo 2.1). Já no modelo de Porter (1991), a essência da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar uma empresa ao seu meio ambiente. O aspecto principal do meio ambiente é a indústria onde a firma opera. Portanto, é lícito concluir que a estrutura industrial influencia significativamente as regras do jogo da concorrência entre as empresas. Em outras palavras, a concorrência na indústria tem suas raízes na estrutura da respectiva indústria. A estratégia competitiva e a estrutura industrial estão intimamente relacionadas, portanto, à cultura organizacional (LEITE, 1998, Capítulo 2.6). O grau de concorrência, ainda conforme Porter, depende de cinco forças competitivas básicas: a) ameaça de entrada de novas firmas na indústria; b) poder de negociação dos fornecedores; c) ameaça de produtos ou serviços substitutos; d) poder de negociação dos clientes; e e) rivalidade entre as empresas existentes (LEITE, 1998, Capítulo 2.6). O pensamento de Porter a respeito do paradigma E–C–D tradicional da Organização Industrial segue a linha de raciocínio neoclássico ortodoxo, dando ênfase à competição sob condições de equilíbrio. O muito conhecido modelo das cinco forças competitivas de Porter baseia-se em dois argumentos: a) a estrutura industrial determina a natureza da competição em uma indústria; e b) a natureza da competição é o maior determinante da lucratividade de uma empresa. Além do mais, Porter afirma que as regras da
  • 29. 24 competição estão encorpadas nas cinco forças competitivas. O poder coletivo destas cinco forças competitivas determina a habilidade das firmas em uma indústria para ganhar, em média, taxas de retorno sobre o investimento em excesso do custo de capital. Para Porter, "a força de cada uma das cinco forças competitivas é função da estrutura industrial, ou das características técnicas e econômicas de uma indústria" (PORTER, 1992). Dessa forma, o modelo de Porter pode ser representado conforme a figura 2.2, de forma mais sintética que o modelo anterior, porém conservando a mesma essência. Figura 2.2 Modelo Estrutura – Conduta – Desempenho de Porter Estrutura Industrial Natureza da Competição Desempenho Empresarial Estratégia Empresarial Fonte: Porter (1991) As próximas seções apresentam as variáveis de concentração industrial e de competitividade, que compõem o modelo E–C–D, e que são utilizadas para o estudo do tema objeto deste trabalho, ou seja, a indústria brasileira de papel e celulose. 2.1. Concentração industrial O termo concentração industrial é bastante difundido nos estudos de Organização Industrial, tendo em vista que é um dos elementos mais importantes na descrição das estruturas de mercado. Assim, concentração torna-se um indicador de fundamental importância na classificação de um
  • 30. 25 determinado mercado em monopolista, oligopolista ou concorrencial (LEITE, 1998, Capítulo 3.1). Bain (1968) conceitua concentração como "propriedade ou controle de uma grande proporção de agregados de recursos econômicos ou de atividades, tanto por uma pequena proporção das unidades que possuem ou controlam os agregados, quanto por um pequeno número destas unidades". Para Labini (1980, p. 253), “o fato é que o processo de concentração depende basicamente da busca de uma crescente eficiência técnica e da tendência a produção a custos sempre decrescentes. Isto significou e ainda significa a formação de grandes e eficientes complexos produtivos e origina, nos mercados onde se desenvolve, situações estruturalmente incompatíveis com a concorrência”. Boyle (apud BRUMER, 1981, p. 16) define, de maneira simplificada, que "a concentração, em sua forma mais simples, representa um método de descrição pelo qual n empresas controlam x por cento das vendas, da capacidade produtiva, dos lucros, ou de alguma outra variável". Uma prática recorrente em estudos de organização industrial consiste na aproximação da estrutura de mercado por alguma medida de concentração. Cabe ressaltar, contudo, a pouca atenção dispensada à discussão acerca da adequação dos índices de concentração de uso corrente (RESENDE, 1994, p. 24). Segundo Bain (1968, p. 103), as seguintes características descrevem uma estrutura de mercado. a) o grau de concentração descrito pelo número e distribuição de tamanho dos vendedores do mercado; b) o grau de concentração relativo aos compradores [definido de forma análoga a (a)]; c) o grau de diferenciação do produto; d) as condições de entrada no mercado (refere-se à existência de barreiras à entrada).
  • 31. 26 Vale destacar que os itens de tal lista não são mutuamente excludentes; em particular, o item (c) é um caso particular do item (d), no qual se tem barreiras à entrada relativas às preferências dos consumidores. Bain (1968) classifica os diferentes níveis de concentração conforme mostra o quadro 2.1. Quadro 2.1 Padrões de concentração da indústria Percentual do mercado detido pelas 4 maiores empresas Percentual do mercado detido pelas 8 maiores empresas Grau de Concentração 75 % ou mais 90% ou mais Muito Alto 65% - 75% 85% - 90% Alto 50% - 65% 70% - 85% Moderadamente Alto 35% - 50% 45% - 70% Moderadamente Baixo 35% ou menos 45% ou menos Baixo Fonte: Bain (1968) Como se verifica no anteriormente exposto, a estrutura de mercado é multidimensional, o que torna sua mensuração uma questão controversa; tipicamente os dados disponíveis acabam por induzir ao cálculo de medidas relativas à oferta, as quais se acredita, denotariam de forma sintética o poder de mercado das firmas de uma dada indústria. Esquematicamente, Resende (1994, p. 25) define três etapas no desenvolvimento de medidas de estrutura de mercado: a) o grau de concentração nas vendas descrito pelo número e distribuição de tamanho dos vendedores no mercado; b) o grau de concentração nas vendas medidas em termos de participação das maiores firmas no mercado; c) a intensidade da concentração medida em termos de um índice que considere todas as firmas que atuem em um dado mercado.
  • 32. 27 Passa-se assim de uma etapa na qual os estudos praticamente se limitam à contagem de firmas para chegar-se finalmente à utilização de índices que consideram, segundo algum esquema de ponderação, a participação de cada firma no mercado. De todo o modo, o que deve ficar claro, desde logo, é que ao utilizarmos índices de concentração, estaremos tentando resumir em um único indicador um conceito com múltiplas dimensões, o que indica a necessidade de análises complementares ao cálculo de índices de concentração entre si (RESENDE, 1994, p. 25). Uma primeira caracterização dos índices de concentração se refere à utilização; nesse sentido podemos classificá-los em dois grupos, a saber: a) Parciais; b) Sumários. O primeiro grupo faz uso de apenas parte dos dados referentes à totalidade das firmas em questão, ao passo que os índices referentes ao segundo grupo consideram toda a informação da população amostral e não apenas as maiores firmas. Dentre as medidas parciais, destacam-se as chamadas razões de concentração (concetration ratios), enquanto que na categoria de medidas sumárias destacamos os índices de Herfindahl e o de entropia de Theil (1967, apud RESENDE, 1994, p. 25). a) Razão ou relação de concentração onde n = número de firmas; Pi = participação da i-ésima firma no total do mercado.
  • 33. 28 Esta medida considera o mesmo grau de importância para todas as firmas. Ela também não é afetada pela mudança no número de firmas em uma indústria. Normalmente se trabalha com a participação das quatro ou oito maiores firmas (CR4 ou CR8), respectivamente, sobre a utilização total de recursos econômicos (produção, vendas, etc.) de um setor industrial (LEITE, 1998, Capítulo 3.1.1). As denominações CR4 e CR8 são utilizadas por Scherer e Ross (1990) para designar a parcela do mercado controlada pelas quatro e oito maiores empresas do mercado, respectivamente. Mesmo assim, a escolha de n é arbitrária e, de maneira geral, ditada pelas informações estatísticas disponíveis. Segundo Figueiredo (1984, p. 29), “este indicador oferece uma aproximação do que se costuma chamar de concentração técnica de um setor ao nível das plantas produtivas. Ele provavelmente subestima a concentração econômica, ou seja, a participação das vendas das maiores empresas nas vendas totais, na medida em que haja empresas com plantas múltiplas entre as líderes”, ou seja, empresas líderes que tenham participação em empresas pequenas. Para Figueiredo (1984, p. 29), “este indicador é, talvez, o de uso mais difundido na literatura sobre concentração industrial e representa, indiretamente, o poder de mercado das empresas dominantes devido, estritamente, ao tamanho das suas plantas”. b) Índice de Herfindahl onde
  • 34. 29 n = número de firmas; Pi = participação da i-ésima firma no total do mercado. Ao elevar-se ao quadrado cada parcela Pi, atribui-se um peso maior às parcelas relativamente maiores. O limite superior deste índice é igual a um (1,0), o que ocorre na situação de monopólio, dado que neste caso Pi = i para qualquer i e Pi = 0 para todo j i. O valor mínimo deste índice é representado por 1/n. O valor mínimo ocorre quando as firmas têm participação igualitária no mercado. O valor deste índice aumenta com o aumento da desigualdade entre as firmas, independente do número de firmas. Logo, ele é considerado um bom indicador do grau de concentração em um mercado. Pelo fato da participação das firmas ser elevada ao quadrado, o tamanho das firmas é levado em consideração. Desta forma, quanto menor a firma, menor é sua contribuição proporcional para o valor do índice (RESENDE, 1994, p. 26-28). Nota-se que, à medida em que o número de firmas aumenta, o limite inferior do índice de Herfindahl diminuirá e quando o número de firmas é infinitamente grande, o valor tenderá a zero. Este índice tem a vantagem de captar a ocorrência de fusões (RESENDE, 1994, p. 26-28). c) Índice de entropia de Theil (E) onde n = número de firmas;
  • 35. 30 Pi = participação da firma i no mercado. Este índice surgiu na área da teoria da informação e sua aplicação ocorreu em estudos de organização industrial sugerida por Theil (1967, apud RESENDE, 1994, p. 28). Esta medida representa o inverso da concentração, ou seja, seu valor diminui com o aumento da concentração. De modo geral, é utilizada para determinar o grau de incerteza no sentido de que quanto maior o número de concorrentes e a incerteza de uma determinada firma manter seus clientes, maior o valor de ET (LEITE, 1998, Capítulo 3.1.1). Quando existir no mercado apenas uma firma, o que representa uma situação de monopólio, ET = 0 (que representa o limite inferior deste índice) e a incerteza é minimizada. Por outro lado, quando todas as firmas controlam a mesma parcela do mercado, a entropia é maximizada e, conseqüentemente, ET = ln n (LEITE, 1998, Capítulo 3.1.1). Os índices apresentados são utilizados no Capítulo 3.1 para mensurar o grau de concentração na indústria brasileira de papel e celulose. Devido ao fato de haver limitações em cada um dos índices, optou-se pela utilização dos três, com o objetivo de minimizar os possíveis desvios encontrados. 2.2. Competitividade Apesar de aparentemente trivial, competitividade ainda é um conceito virtualmente indefinido. São tantos os enfoques, abrangências e preocupações às quais se busca associá-la que não é sem razão que os trabalhos sobre o tema têm por norma iniciarem estabelecendo uma definição própria para o conceito (HAGUENAUER, 1989, p. 1). As teorias microeconômicas tradicionais sobre competitividade definiam-na como uma questão de preços, custos e taxa de câmbio.
  • 36. 31 Atualmente, estas visões encontram-se ultrapassadas. Ao final dos anos 70, estudos sobre o assunto passaram a ser freqüentes, mas uma definição clara e precisa sobre este conceito ainda não havia sido encontrada. As transformações econômicas experimentadas nos anos 80 e 90 expandiram o conceito de competitividade. Ainda assim, competitividade é um conceito que permanece de certa forma indefinido, uma vez que há diversos enfoques aos quais se busca relacioná-la (LEITE, 1998, Capítulo 3.2). Segundo Haguenauer (1989, p. 1-2), a competitividade poderia ser definida como a capacidade de uma indústria (ou empresa) produzir mercadorias com padrões de qualidade específicos, requeridos por mercados determinados, utilizando recursos em níveis iguais ou inferiores aos que prevalecem em indústrias semelhantes no resto do mundo, durante um certo período de tempo. Em ampla resenha sobre o assunto, a autora organiza os vários conceitos de competitividade em duas famílias: a) competitividade como desempenho – nessa vertente, a competitividade é de alguma forma expressa na participação no mercado (market-share) alcançada por uma firma em um mercado em um momento do tempo. A participação das exportações da firma ou conjunto de firmas (indústria) no comércio internacional total da mercadoria apareceria como seu indicador mais imediato, em particular no caso da competitividade internacional; b) competitividade como eficiência – nessa versão, busca-se de alguma forma traduzir a competitividade através da relação insumo-produto praticada pela firma, ou seja, na capacidade da empresa de converter insumos em produtos com o máximo de rendimento. Nessa versão eficiência, a competitividade é associada à capacidade de uma firma/indústria de produzir bens com maior eficácia que os concorrentes no que se refere a preços, qualidade (ou a relação preço-qualidade), tecnologia, salários, e produtividade, estando relacionada às condições gerais ou específicas em que se realiza a produção da firma/indústria, assim como a concorrência.
  • 37. 32 Kupfer (1991, p. 14), em estudo sobre o tema, conclui que a “competitividade é função da adequação das estratégias das empresas individuais ao padrão de concorrência vigente no mercado específico. Em cada mercado vigoraria um dado padrão de concorrência definido a partir da interação entre estrutura e condutas dominantes no setor. Seriam competitivas as firmas que a cada instante adotam estratégias de conduta (investimentos, inovação, vendas, compras, financiamento, etc.) mais adequadas ao padrão de concorrência setorial”. Em seu trabalho, Leite (1998) utilizou o conceito de competitividade como desempenho. Segundo o autor, isso ocorreu por duas razões básicas: “a) nesta visão, a competitividade apresenta-se como o resultado de estratégias adotadas anteriormente, de acordo com a estrutura e a conduta vigente em determinada indústria, o que permite incorporá-la ao modelo Estrutura – Conduta – Desempenho da Organização Industrial, que é a fundamentação teórica do trabalho; b) os dados propostos, para o monitoramento do desempenho competitivo do complexo de papel e celulose, foram mais facilmente encontrados nas publicações em vigor”. Devido ao presente trabalho utilizar a mesma base metodológica da tese de mestrado de Leite (1998), para que os diferentes períodos analisados pudessem ser comparados, foram utilizados para mensurar a competitividade na indústria brasileira de papel e celulose, conforme demonstrado no Capítulo 2.3.2: a) a evolução do faturamento líquido; b) a evolução do faturamento líquido por tonelada produzida; e c) a evolução das exportações e importações da referida indústria, com a segregação entre os setores de papel e de celulose. No trabalho de Leite (1998, Capítulo 5.2.2), o autor apresentou outros indicadores para a mensuração da competitividade, apesar de não utilizá- los, como: a) o market-share no mercado mundial; b) evolução da margem de lucro; e c) capacidade de endividamento da empresa. Quanto ao primeiro item, não foi utilizado devido à dificuldade em se obter tal estatística, e quanto aos dois últimos, também devido à impossibilidade de se trabalhar os
  • 38. 33 dados para a indústria como um todo, além, também, da dificuldade na obtenção.
  • 39. 34 3. CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DA CONCENTRAÇÃO E COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PAPEL E CELULOSE Este capítulo tem como objetivo relacionar os conceitos de concentração e competitividade anteriormente apresentados à indústria brasileira de papel e celulose. Conforme Scherer e Ross (1990, p. 7), “as políticas públicas podem cumprir um papel estratégico na criação de vantagens competitivas para as empresas. Elas podem criar barreiras à entrada de determinadas empresas no mercado ou facilitar a permanência de outros, por intermédio de financiamentos de longo prazo, restrições para as importações ou planos de investimentos articulados com a iniciativa privada. Além disso, o governo pode influenciar no número de empresas existentes no mercado, estabelecendo condições para que somente aquelas que obedeçam a certos requisitos sejam beneficiadas por determinadas políticas de incentivo”. Não poderia haver melhor definição para o que se verificou no desenvolvimento da indústria brasileira de papel e celulose durante o século XX, conforme demonstrado no Capítulo 1.1. Nesse período, a indústria foi marcada pelo empenho constante na substituição de importações e integração produtiva, passando pelo desenvolvimento incentivado pelo governo, cujo pré-requisito para obtenção de financiamentos foi sempre a produção em larga escala, fator esse que acabou por concentrar a produção, mais no setor de celulose do que no de papel. A produção em larga escala, segundo Marshall (1982, p. 239), tem a vantagem de proporcionar economia de mão-de-obra, economia de máquinas e economia de materiais. O governo brasileiro tinha essa exigência já que, na época, o Brasil era um importador líquido de papel e celulose, exigência essa que, juntamente com outros fatores, fez do país em 2005 o 7º. maior produtor mundial de celulose e 11º. maior produtor mundial de papel, conforme quadro 1.2.
  • 40. 35 Em relação à concentração da produção, Leite (1998), em seu estudo sobre o período 1987-1996, concluiu que a indústria de celulose constitui um “oligopólio concentrado”, enquanto que a de papel constitui um “oligopólio diferenciado”, conforme classificação proposta por Bain (1968) no quadro 2.1. Na seção seguinte, foi analisado em que grau as mesmas encontram-se no período 1996-2005. As maiores empresas do setor são verticalizadas até a base florestal. Durante o período de 1996-2005, verificou-se uma especialização das maiores empresas do setor em papel ou celulose, ou seja, as fabricantes de papel que também vendiam celulose, passaram a produzir celulose somente para o consumo próprio, e desfizeram-se de plantas antes destinadas à produção de celulose para venda. O mesmo ocorreu com as fabricantes de celulose que também vendiam papel; estas desfizeram-se de suas plantas antes destinadas à produção de papel para venda. Além disso, também ocorreu a especialização das empresas produtoras de papel em, no máximo, um ou dois tipos de papel, lembrando que o mercado de papel é dividido em seis segmentos principais: papel de imprensa (newsprint), papéis de imprimir e escrever, embalagens de papel e papelão, papéis para fins sanitários (tissue), cartões e cartolinas, e papéis especiais. No que diz respeito à capacitação tecnológica, o Brasil é atualmente um dos líderes mundiais no desenvolvimento da tecnologia florestal ligada à produção de eucalyptus. É pioneiro também na tecnologia de produção de papel e celulose com base na madeira de fibra curta. O país é ainda líder na produção e exportação de papel e celulose de fibra curta, utilizando-se, como principal fonte de matéria-prima, o eucalipto. Portanto, constituem fatores de competitividade para o país, conforme citado no Capítulo 1, principalmente: a) o fato da indústria brasileira de papel e celulose ser abastecida exclusivamente por florestas plantadas, que apresentam elevado rendimento industrial em comparação aos outros
  • 41. 36 países, relacionado principalmente ao clima brasileiro, garantindo baixos custos de produção; b) a integração vertical das empresas; e c) a produção em larga escala. 3.1. Resultados obtidos A partir dos indicadores definidos no Capítulo 2 para mensurar concentração e competitividade, são apresentados nas próximas subseções os resultados obtidos na aplicação desses indicadores para a indústria brasileira de papel e celulose no período 1996-2005. 3.1.1. Índices de concentração da indústria brasileira de papel e celulose Como pode ser observado no quadro 3.1, a concentração na indústria brasileira de celulose aumentou no período 1996-2005, em todos os índices utilizados, lembrando que no índice de entropia E4 a concentração aumenta com a diminuição do índice, conforme explicado no Capítulo 2.1. No período 1996-1998, levando em consideração os índices CR4 e CR8, a concentração chegou a diminuir, voltando a subir em 1999, e mantendo a tendência ao crescimento até 2005, passando por uma leve redução em 2001. O mesmo resultado pode ser concluído com base na observação do índice de concentração de Herfindahl para as quatro maiores firmas (H4). Verificou-se que a concentração, sob esta perspectiva, aumentou na indústria brasileira de celulose. Dado que este índice leva em consideração a desigualdade entre as firmas, o tamanho de cada firma e que seu valor aumenta quando esta desigualdade também aumenta, pode-se concluir que as quatro maiores firmas não somente aumentaram sua participação no
  • 42. 37 mercado, mas também aumentaram seu tamanho em relação às menores empresas. Quadro 3.1 Índices de concentração da indústria brasileira de celulose 1996-2005 (Em números absolutos) Ano CR4 CR8 H4 E4 1996 0,6042 0,8344 0,0939 0,3044 1997 0,5714 0,8176 0,0831 0,3198 1998 0,5593 0,8020 0,0803 0,3250 1999 0,5733 0,8119 0,0845 0,3190 2000 0,6077 0,8452 0,0968 0,3027 2001 0,6013 0,8459 0,0948 0,3058 2002 0,6251 0,8500 0,1053 0,2937 2003 0,6299 0,8574 0,1096 0,2911 2004 0,6330 0,8609 0,1142 0,2895 2005 0,6253 0,8463 0,1149 0,2936 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005 Em 2005, as quatro maiores empresas (CR4) possuíam 62,5% do mercado, enquanto que as oito maiores (CR8) possuíam 84,6%. Isso significa dizer, conforme a classificação proposta por Bain (1968), demonstrada no quadro 2.1, que a indústria brasileira de celulose estava no grau de concentração moderadamente alto, tanto para as quatro (CR4) quanto para as oito maiores empresas (CR8). Leite (1998), em seu estudo, concluiu que a indústria possuía essa mesma classificação para o período 1987-1996; entretanto, a concentração da produção das quatro (CR4) e oito maiores empresas (CR8) era menor. O quadro 3.2 apresenta os resultados dos testes de correlação para os índices de concentração da indústria brasileira de celulose, no período analisado. Como pode ser observado, os índices CR4, CR8 e H4 apresentam forte correlação positiva entre si. Isto indica que os três índices caminham na mesma direção, e que qualquer que seja o índice de mensuração da concentração utilizado os resultados tendem a ser
  • 43. 38 significativamente próximos. Como esperado, o índice de entropia (E4) apresentou uma forte correlação negativa com CR4, CR8 e H4. Ou seja, seus movimentos se dão em direções opostas. Mas, como E4 representa o inverso da concentração, pode-se concluir que há uma correlação direta entre esse índice e os demais. Quadro 3.2 Testes de correlação para os índices de concentração da indústria de celulose (Em números absolutos) CR4 CR8 H4 E4 CR4 - 0,9669365 0,9650216 -0,9994711 CR8 0,9669365 - 0,9043991 -0,9632202 H4 0,9650216 0,9043991 - -0,9700039 E4 -0,9994711 -0,9632202 -0,9700039 - Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005 A indústria brasileira de papel também apresentou aumento de concentração conforme quadro 3.3; entretanto, nessa indústria somente três dos quatro índices mostraram essa tendência, já que a razão de concentração das oito maiores empresas (CR8) sobre a produção total diminuiu no período 1996-2005. Um dos motivos que, aparentemente, influenciou este índice foi a diminuição da porcentagem de produção do grupo Klabin sobre a produção total em 2003. Em 2002, essa porcentagem representava aproximadamente 21%, e em 2003, caiu para 18%, continuando a cair até 2005. Considerando-se que o grupo foi o maior produtor em todos os anos do período estudado, uma diminuição de 3% impacta significantemente os índices de concentração. Em 2005, as quatro maiores empresas (CR4) possuíam 40,8% do mercado, enquanto que as oito maiores (CR8) possuíam 55,9%. Isso significa dizer, conforme a classificação proposta por Bain (1968), demonstrada no quadro 2.1, que a indústria brasileira de papel estava no grau de concentração moderadamente baixo, tanto para as quatro (CR4)
  • 44. 39 quanto para as oito maiores empresas (CR8). Leite (1998), em seu estudo, concluiu que a indústria possuía essa mesma classificação para o período 1987-1996; entretanto, a concentração da produção das quatro maiores empresas (CR4) era menor, enquanto que a das oito maiores (CR8) era maior. Quadro 3.3 Índices de concentração da indústria brasileira de papel 1996-2005 (Em números absolutos) Ano CR4 CR8 H4 E4 1996 0,3898 0,5734 0,0439 0,3672 1997 0,4123 0,6017 0,0457 0,3653 1998 0,4081 0,5949 0,0447 0,3658 1999 0,4067 0,5988 0,0446 0,3659 2000 0,4551 0,6121 0,0637 0,3583 2001 0,4576 0,6110 0,0639 0,3577 2002 0,4552 0,6034 0,0638 0,3583 2003 0,4290 0,5820 0,0534 0,3631 2004 0,4096 0,5646 0,0487 0,3656 2005 0,4082 0,5588 0,0481 0,3657 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005 O quadro 3.4 apresenta os resultados dos testes de correlação para os índices de concentração da indústria brasileira de papel, no período analisado. Como pode ser observado, os índices CR4 e H4 apresentam forte correlação positiva entre si. Isto indica que os dois índices caminham na mesma direção e que qualquer que seja o índice de mensuração da concentração utilizado os resultados tendem a ser significativamente próximos. Como esperado, o índice de entropia (E4) apresentou uma forte correlação negativa com CR4 e H4. Quanto ao índice CR8, o mesmo apresentou uma correlação positiva com os índices CR4 e H4, porém em menor grau que os outros índices entre si; o mesmo ocorreu em sua correlação com o índice E4, porém, nesse caso, uma correlação negativa em menor grau. O principal motivo para isso foi que este índice apresentou
  • 45. 40 tendência contrária aos demais no período em análise, ou seja, enquanto os índices CR4, H4 e E4 demonstraram tendência de crescimento da concentração, o índice CR8 apresentou resultado contrário, de desconcentração da indústria brasileira de papel. Quadro 3.4 Testes de correlação para os índices de concentração da indústria de papel (Em números absolutos) CR4 CR8 H4 E4 CR4 - 0,6705223 0,9769918 -0,9915076 CR8 0,6705223 - 0,5578702 -0,6770063 H4 0,9769918 0,5578702 - -0,9872972 E4 -0,9915076 -0,6770063 -0,9872972 - Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005 Os números apresentados neste capítulo mostram que a indústria brasileira de celulose apresenta um grau de concentração significativamente maior do que o da indústria de papel. Além do mais, é importante atentar para o fato da indústria de celulose ter um número expressivamente menor de empresas que a indústria de papel. Isto torna o poder das maiores empresas ainda maior, e fornece ao setor características de uma estrutura de oligopólio. Quadro 3.5 Testes de correlação para os índices de concentração das indústrias de papel e celulose (Em números absolutos) Índice Correlação CR4 0,2828568 CR8 -0,3156741 H4 0,2891770 E4 0,2676084 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
  • 46. 41 Foram feitos, também, testes de correlação comparando-se os índices de uma indústria com os da outra, conforme demonstrado no quadro 3.5. Os índices CR4, CR8, H4 e E4 da indústria brasileira de celulose não mostraram-se correlacionados, porém com os seus pares da indústria de papel, ou seja, os movimentos de concentração e desconcentração de uma indústria não foram acompanhados da mesma forma pela outra. O principal motivo disso é a especialização dessas indústrias no período em análise, conforme citado no início desse capítulo, já que as empresas focadas na produção de celulose estão vendendo seus ativos relacionados à indústria de papel, enquanto que as indústrias de papel permaneceram com as plantas produtoras de celulose somente para suprir o consumo próprio, visto que a celulose é insumo básico na produção de papel, desfazendo-se das plantas produtoras de celulose destinadas ao mercado. 3.1.2. A competitividade da indústria brasileira de papel e celulose O primeiro indicador do desempenho competitivo analisado foi a evolução do faturamento líquido. Os valores foram extraídos dos relatórios anuais da Bracelpa, e deflacionados pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas para o ano de 2005. Pode-se visualizar no quadro 3.6 que o faturamento líquido da indústria brasileira de celulose vem diminuindo desde 2004, apesar de ter aumentado significativamente no período 1996-2003. Considerando o período 1996-2005, o faturamento líquido da indústria brasileira de celulose aumentou 61,2%. Assim como a indústria de celulose, a indústria brasileira de papel também registrou um aumento no faturamento, porém não tão significante. Nessa indústria, o faturamento líquido também vem diminuindo desde 2004, apesar de ter apresentado um leve aumento no período 1996-2003.
  • 47. 42 Considerando o período 1996-2005, o faturamento líquido da indústria brasileira de papel aumentou 9,2%. No trabalho de Leite (1998), o mesmo verificou que o faturamento líquido, tanto da indústria de papel como de celulose, diminuiu no período 1987-1996. Quadro 3.6 Evolução do faturamento líquido da indústria brasileira de papel e celulose 1996-2005 (Em R$ 2005) Ano Indústria de Celulose Indústria de Papel 1996 3.718.784.283 12.397.812.913 1997 3.674.820.027 11.395.056.740 1998 3.612.584.151 11.454.717.305 1999 5.483.557.499 12.368.813.171 2000 6.488.715.356 14.370.945.060 2001 5.615.105.150 14.297.457.126 2002 5.835.668.381 13.357.018.181 2003 7.041.917.943 14.073.002.398 2004 6.931.204.934 13.840.972.399 2005 5.995.492.000 13.535.034.000 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005 O segundo indicador estudado foi o faturamento líquido por tonelada produzida, conforme quadro 3.7, obtido dividindo-se o faturamento líquido da indústria brasileira de papel e celulose, demonstrado no quadro 3.6, pela produção total dessas indústrias, demonstradas nos anexos 1 e 2. A partir dos resultados, verifica-se uma diminuição desse faturamento nas duas indústrias. Para a indústria brasileira de celulose, no período 1996-2005, a diminuição foi de 8,8%, enquanto que para a indústria de papel, foi de 21,3% no mesmo período. A observação do indicador de faturamento líquido por tonelada produzida pode levar à conclusão de que essas indústrias não apresentam características competitivas. Pelo exposto anteriormente, a queda registrada
  • 48. 43 no faturamento deve-se também à crise asiática de 1997, à crise da Rússia em 1998, e ao episódio de 11 de setembro, em 2001, conforme descrito no Capítulo 1.1.1, que causaram recessão internacional, cujas implicações principais foram a queda dos preços e dos lucros, o que por certo aumentou o grau de competição em termos internacionais. Além disso, ao se analisar a indústria brasileira de papel e celulose, deve-se levar em consideração a questão da taxa de câmbio, já que o real se valorizou frente ao dólar no final do período estudado. Com isso, o rendimento das exportações, que são uma parcela significativa de ambas as indústrias, mas principalmente da indústria de celulose, diminuiu, sendo um dos motivos da diminuição do faturamento líquido por tonelada produzida. Quadro 3.7 Evolução do faturamento líquido por tonelada produzida da indústria brasileira de papel e celulose 1996-2005 (Em R$ 2005/ton) Ano Indústria de Celulose Indústria de Papel 1996 635,17 1.999,96 1997 580,43 1.748,35 1998 540,25 1.738,38 1999 749,81 1.778,85 2000 857,80 1.999,34 2001 747,08 1.922,28 2002 718,01 1.718,18 2003 767,47 1.777,90 2004 720,49 1.637,52 2005 579,16 1.574,33 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005 Na análise do quadro 3.8, que demonstra o total de exportações e importações da indústria brasileira de celulose, em toneladas, verifica-se que as exportações de celulose aumentaram significativamente no período analisado, na ordem de 147,6%, enquanto que as importações apresentaram um leve aumento, de 36,4%.
  • 49. 44 Quadro 3.8 Números do comércio exterior da indústria brasileira de celulose 1996-2005 (Em toneladas) Ano Exportação Importação 1996 2.240.084 267.974 1997 2.502.898 318.226 1998 2.805.802 348.925 1999 3.110.714 389.411 2000 3.013.830 366.805 2001 3.338.262 341.865 2002 3.449.586 372.856 2003 4.570.440 338.581 2004 4.988.790 354.901 2005 5.547.044 365.480 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005 Já na análise do quadro 3.9, que demonstra o total de exportações e importações da indústria brasileira de papel, verifica-se que as exportações de papel aumentaram significativamente no período analisado, na ordem de 65,2%, enquanto que as importações apresentaram um leve decréscimo, de 16,8%. A maior parte das importações brasileiras de papel diz respeito ao papel de imprensa, no qual o Brasil não é auto-suficiente. Quadro 3.9 Números do comércio exterior da indústria brasileira de papel 1996-2005 (Em toneladas) Ano Exportação Importação 1996 1.234.053 925.872 1997 1.329.411 977.706 1998 1.216.894 903.931 1999 1.329.657 749.515 2000 1.224.549 839.483 2001 1.367.752 632.424 2002 1.454.909 560.299 2003 1.777.583 578.324 2004 1.852.911 733.543 2005 2.039.088 770.128 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
  • 50. 45 O volume transacionado no comércio exterior, ou seja, o volume das importações e exportações, é um dos indicadores mais utilizados para se mensurar a competitividade da indústria. Nesse item, conforme observado, as empresas brasileiras, tanto as produtoras de papel como as produtoras de celulose, mostram-se cada vez mais competitivas, dado que é cada vez maior a presença brasileira nos números do comércio mundial de papel e celulose. Ainda é possível aumentar a participação brasileira no comércio mundial, em termos de inserção nos principais mercados, através de: marketing e prospecção de mercados; produto, através da qualidade e confiabilidade; logística de distribuição, através da regularidade e aumentando a velocidade dos prazos de suprimento; e redução de custos e financiamento (LEITE, 1998, Capítulo 5.2.2). Ainda sob o ponto de vista do comércio exterior vale enfatizar que desde a década de 80 o país apresenta superávit. As importações de celulose e papel ainda permanecem em um patamar muito baixo se comparadas ao volume de exportações. Prevê-se, além disso, um aumento ainda maior nas exportações, devido a diversos projetos de expansão. Muitos destes projetos visam duplicar a produção de celulose e papel no Brasil nos próximos dez anos, conforme descrito no Capítulo 1.1.1. Quadro 3.10 Testes de correlação entre os índices de concentração e os indicadores do desempenho competitivo da indústria brasileira de celulose 1996-2005 Indicador CR4 CR8 H4 E4 Faturamento 0,7714545 0,7952001 0,7728791 -0,7741143 Faturamento por tonelada 0,4103772 0,5211599 0,2597697 -0,3973398 Exportações 0,7064643 0,6355424 0,8578207 -0,7203577 Importações 0,0693248 0,0445660 0,1694016 -0,0788155 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005
  • 51. 46 Por fim, nos quadros 3.10 e 3.11, é feita a correlação entre os índices de concentração e os indicadores de competitividade da indústria brasileira de papel e celulose. Com relação à indústria brasileira de celulose, pode-se notar que os índices de concentração CR4, CR8 e H4 são positiva e altamente correlacionados com os indicadores de faturamento e exportações. Isso se explica pelo aumento verificado no valor do faturamento e exportações no período estudado, indicando que o aumento da concentração foi benéfico para o aumento dos mesmos. Estes mesmos índices apresentaram baixa e média correlação com o indicador faturamento por tonelada, significando que o aumento da concentração não teve uma relação direta com a queda no faturamento por tonelada produzida, no período analisado. Ainda com relação aos mesmos índices, estes tiveram uma correlação praticamente nula com o indicador das importações, ou seja, o aumento da concentração na indústria brasileira de celulose não está relacionado ao aumento das importações. O índice E4 apresentou resultados inversos aos dos índices anteriores, isto porque ele apresenta a concentração, conforme visto anteriormente, de maneira inversa aos demais índices. Logo, pode-se concluir que os resultados dos testes de correlação entre E4 e os indicadores do desempenho competitivo são praticamente os mesmos dos índices apresentados anteriormente. Com relação à indústria brasileira de papel, pode-se notar que os índices de concentração CR4 e H4 são positiva e altamente correlacionados com o indicador de faturamento. Isso se explica pelo aumento verificado no valor do faturamento no período estudado, indicando que o aumento da concentração foi benéfico para o aumento do mesmo. Já o índice CR8 é baixo e negativamente correlacionado ao indicador de faturamento, pois houve diminuição desse índice no período, ou seja, diminuição da concentração.
  • 52. 47 Quadro 3.11 Testes de correlação entre os índices de concentração e os indicadores do desempenho competitivo da indústria brasileira de papel 1996-2005 Indicador CR4 CR8 H4 E4 Faturamento 0,6348186 -0,0324664 0,7268111 -0,6316359 Faturamento por tonelada 0,2709334 0,5174316 0,3193736 -0,3556874 Exportações -0,1258927 -0,7398681 -0,0732434 0,1888834 Importações -0,5905406 -0,0556252 -0,6069632 0,5595986 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Bracelpa, Relatórios Estatísticos 1996-2005 Assim como na indústria de celulose, estes mesmos índices (CR4 e H4) apresentaram baixa e média correlação com o indicador faturamento por tonelada, significando que o aumento da concentração não teve uma relação direta com a queda no faturamento por tonelada produzida, no período analisado. Ainda com relação aos mesmos índices, estes tiveram uma correlação praticamente nula com o indicador das exportações, ou seja, o aumento da concentração na indústria brasileira de celulose não está relacionado ao aumento das exportações. Quanto ao indicador de importações, os índices CR4 e H4 apresentaram forte correlação negativa, significando que o aumento da concentração foi benéfico para a queda das importações. Pode-se concluir deste capítulo que as indústrias de papel e celulose apresentam capacidade competitiva, fortemente representada pelo volume do comércio exterior. No período estudado, as exportações aumentaram significativamente, assim como o faturamento da indústria de celulose. O aumento do faturamento da indústria de papel foi menor, mas também deve ser citado. Apesar das importações de celulose terem aumentado, houve melhora no quadro de importações de papel, que diminuiu no período analisado, ao contrário do que verificou Leite (1998) no período 1987-1996. Assim como no estudo de Leite (1998, Capítulo 5.2.2), “os testes de correlação foram feitos com o objetivo não de mostrar uma relação de
  • 53. 48 causalidade entre os indicadores da estrutura industrial e os de desempenho, mas sim de se verificar se esses indicadores tendem a se comportar do mesmo modo ao longo do período estudado”.
  • 54. 49 CONCLUSÃO Foi possível verificar que realmente existe concentração de produção na indústria brasileira de papel e celulose, e também uma concentração regional nas regiões Sudeste, principalmente, e Sul, em menor escala. Conforme observado, a concentração do setor foi estimulada pelo governo brasileiro por ser um fator de competitividade, já que tal concentração garante ao produtor economia de escala, e a integração da produção de celulose com a de papel reduz custos de transporte e tempo de produção. Outro fator de competitividade brasileiro é o clima do país, que reduz o tempo entre plantio e poda das árvores destinadas à produção de celulose. O Brasil ainda teve como fator de competitividade no desenvolvimento de sua indústria de papel e celulose a produção desta última a partir do eucalipto. Por fim, consegue ser competitivo no mercado internacional por ter um dos menores custos de produção do mundo. A metodologia adotada mostrou-se adequada para responder a pergunta de pesquisa proposta neste trabalho. Com base na análise dos dados de concentração e competitividade efetuada, a partir dos parâmetros definidos, e correlação entre os mesmos, foi possível concluir que há uma relação positiva entre o grau de concentração e o desempenho competitivo na indústria brasileira de papel e celulose. Isso porque, em um mercado globalizado, onde a concorrência é grande tanto interna como externamente, a escala de produção é fundamental para a redução de custos. Obviamente, não constitui fator único para o aumento de competitividade, mas sendo a produção dessa indústria concentrada, nota-se relação positiva com a competitividade. Comparando-se com o trabalho efetuado por Leite (1998) referente ao período 1987-1996, a concentração da produção aumentou no período estudado, tanto na indústria brasileira de papel como de celulose, mas as classificações dessas indústrias permaneceram em grau de concentração
  • 55. 50 “Moderadamente Baixo” e “Moderadamente Alto”, respectivamente, ou, conforme classificado por Leite (1998), com características de “Oligopólio Diferenciado” (indústria de papel) e “Oligopólio Concentrado” (indústria de celulose). Entretanto, o que se verifica no período atual não é o tipo de concentração no qual uma empresa busca ser líder de produção em todos os segmentos, mas sim de um segmento específico, levando a troca recente de ativos entre as líderes, com a finalidade de especialização da produção em celulose para venda ou em tipos de papéis específicos. Como sugestão para outros trabalhos, poder-se-ia fazer a análise da competitividade através dos custos de produção, ao invés do faturamento, posteriormente correlacionando-os com os índices de concentração da indústria brasileira de papel e celulose. Como o acesso à informação de custos de produção é restrito, ao contrário da informação sobre faturamento, poderiam ser utilizados os custos de uma única empresa, ou de um grupo de empresas. Futuramente, pode-se também fazer a atualização de dados desse trabalho para a década posterior, a fim de verificar o aumento ou diminuição da concentração, bem como o comportamento dos indicadores de desempenho competitivo, analisando até que ponto a concentração continua influenciando na competitividade dessa indústria.
  • 56. 51 ANEXOS Anexo 1 Maiores produtores brasileiros de celulose e suas participações 1996-2005 1996 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Aracruz Celulose S.A 1.079.676 18,44% 2 Grupo klabin 913.230 15,60% 3 Grupo Suzano 888.971 15,18% 4 Celulose nipo-brasileira S.A Cenibra 655.424 11,19% 5 Grupo Votorantim 484.283 8,27% 6 Champion Papel e Celulose 311.772 5,33% 7 Grupo Igaras 280.007 4,78% 8 Ripasa S.A Celulose e Papel 271.893 4,64% 9 Jari Celulose S.A 270.229 4,62% 10 Demais empresas 699.302 11,94% Total 5.854.787 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1996 1997 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Aracruz Celulose S.A. 1.057.964 16,71% 2 Grupo Klabin 916.712 14,48% 3 Grupo Suzano 923.416 14,59% 4 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 719.645 11,37% 5 Grupo Votorantim 608.929 9,62% 6 Grupo Champion 368.217 5,82% 7 Ripasa S.A. Celulose e Papel 295.842 4,67% 8 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 285.872 4,52% 9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 183.961 2,91% 10 Demais empresas 970.604 15,33% Total 6.331.162 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1998
  • 57. 52 1998 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Aracruz Celulose S.A. 1.165.139 17,42% 2 Grupo Klabin 938.721 14,04% 3 Grupo Suzano 894.784 13,38% 4 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 741.434 11,09% 5 Grupo Votorantim 669.721 10,02% 6 Grupo Champion 372.009 5,56% 7 Ripasa S.A. Celulose e Papel 291.294 4,36% 8 Jarcel Celulose S.A. 289.494 4,33% 9 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 280.431 4,19% 10 Demais empresas 1.043.879 15,61% Total 6.686.906 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1998 1999 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Aracruz Celulose S.A. 1.262.536 17,26% 2 Grupo Klabin 1.130.873 15,46% 3 Grupo Suzano 1.015.543 13,89% 4 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 783.547 10,71% 5 Grupo Votorantim 728.123 9,96% 6 Grupo International Paper 392.343 5,36% 7 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 328.551 4,49% 8 Ripasa S.A. Celulose e Papel 296.443 4,05% 9 Jarcel Celulose S.A. 290.381 3,97% 10 Demais empresas 1.084.943 14,84% Total 7.313.283 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2000 2000 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Grupo Klabin 1.468.297 19,41% 2 Aracruz Celulose S.A. 1.301.240 17,20% 3 Grupo Suzano 1.009.234 13,34% 4 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 818.164 10,82% 5 Grupo Votorantim 792.549 10,48% 6 Grupo International Paper 404.736 5,35% 7 Ripasa S.A. Celulose e Papel 308.114 4,07% 8 Jarcel Celulose S.A. 291.145 3,85% 9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 194.681 2,57% 10 Demais empresas 976.189 12,91% Total 7.564.349 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2000
  • 58. 53 2001 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Klabin S.A. 1.450.242 19,30% 2 Aracruz Celulose S.A. 1.272.388 16,93% 3 Suzano Bahia Sul 996.254 13,25% 4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 800.705 10,65% 5 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 792.344 10,54% 6 International Paper do Brasil Ltda. 416.571 5,54% 7 Jari Celulose S.A. 326.310 4,34% 8 Ripasa S.A. Celulose e Papel 303.238 4,03% 9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 200.608 2,67% 10 Demais empresas 957.404 12,74% Total 7.516.064 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2002 2002 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Aracruz Celulose S.A. 1.656.048 20,38% 2 Klabin S.A. 1.581.215 19,46% 3 Suzano Bahia Sul 1.012.530 12,46% 4 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 830.813 10,22% 5 Votorantim Celulose e Papel S.A. 804.749 9,90% 6 International Paper do Brasil Ltda. 426.882 5,25% 7 Ripasa S.A. Celulose e Papel 305.505 3,76% 8 Jari Celulose S.A. 290.365 3,57% 9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 205.339 2,53% 10 Demais empresas 1.014.069 12,48% Total 8.127.515 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2002 2003 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Aracruz Celulose S.A. 2.223.497 24,23% 2 Klabin S.A. 1.391.216 15,16% 3 Votorantim Celulose e Papel S.A. 1.131.052 12,33% 4 Suzano Bahia Sul 1.033.762 11,27% 5 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 885.820 9,65% 6 International Paper do Brasil Ltda. 436.856 4,76% 7 Ripasa S.A. Celulose e Papel 423.796 4,62% 8 Jari Celulose S.A. 340.977 3,72% 9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 210.053 2,29% 10 Demais empresas 1.098.513 11,97% Total 9.175.542 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2004
  • 59. 54 2004 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Aracruz Celulose S.A. 2.497.000 25,96% 2 Votorantim Celulose e Papel S.A. 1.346.882 14,00% 3 Klabin S.A. 1.141.827 11,87% 4 Suzano Papel e Celulose 1.103.395 11,47% 5 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 915.064 9,51% 6 Ripasa S.A. Celulose e Papel 468.944 4,87% 7 International Paper do Brasil Ltda. 450.664 4,68% 8 Jari Celulose S.A. 358.233 3,72% 9 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 217.597 2,26% 10 Demais empresas 1.120.537 11,65% Total 9.620.143 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2004 2005 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Aracruz Celulose S.A. 2.785.463 26,91% 2 Votorantim Celulose e Papel S.A. 1.343.076 12,97% 3 Klabin S.A. 1.180.228 11,40% 4 Suzano Papel e Celulose 1.164.427 11,25% 5 Celulose Nipo-Brasileira S.A. Cenibra 967.060 9,34% 6 Ripasa S.A. Celulose e Papel 505.771 4,89% 7 International Paper do Brasil Ltda. 450.804 4,35% 8 Jari Celulose S.A. 364.227 3,52% 9 Veracel Celulose S.A. (Stora Enso) 216.752 2,09% 10 Demais empresas 1.374.305 13,28% Total 10.352.113 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2005
  • 60. 55 Anexo 2 Maiores produtores brasileiros de papel e suas participações 1996-2005 1996 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Grupo Klabin 984.950 15,89% 2 Grupo Suzano 607.986 9,81% 3 Grupo Votorantim 471.155 7,60% 4 Champion Papel e Celulose 352.071 5,68% 5 Grupo Igaras 323.256 5,21% 6 Grupo Ripasa 342.387 5,52% 7 Rigesa Celulose e Papel e embs. Ltda. 258.666 4,17% 8 Grupo trombini 213.796 3,45% 9 Pisa 170.177 2,75% 10 Demais empresas 2.474.578 39,92% Total 6.199.022 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1996 1997 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Grupo Klabin 964.964 14,81% 2 Grupo Suzano 697.179 10,70% 3 Grupo Champion 519.227 7,97% 4 Grupo Votorantim 505.905 7,76% 5 Grupo Ripasa 392.605 6,02% 6 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 344.945 5,29% 7 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 273.357 4,19% 8 Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão Celulose e Papel 223.758 3,43% 9 Orsa Celulose e Papel S.A. 203.139 3,12% 10 Demais empresas 2.392.522 36,71% Total 6.517.601 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1998
  • 61. 56 1998 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Grupo Klabin 959.628 14,56% 2 Grupo Suzano 702.843 10,67% 3 Grupo Champion 530.789 8,06% 4 Grupo Votorantim 496.145 7,53% 5 Grupo Ripasa 372.799 5,66% 6 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 367.554 5,58% 7 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 270.673 4,11% 8 Orsa Celulose e Papel S.A. 219.590 3,33% 9 Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão Celulose e Papel 184.224 2,80% 10 Demais empresas 2.485.056 37,71% Total 6.589.301 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 1998 1999 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Grupo Klabin 1.017.628 14,64% 2 Grupo Suzano 740.054 10,64% 3 Grupo International Paper 547.463 7,87% 4 Grupo Votorantim 522.568 7,52% 5 Igaras Papéis e Embalagens S.A. 421.171 6,06% 6 Grupo Ripasa 398.061 5,72% 7 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 285.197 4,10% 8 Orsa Celulose e Papel S.A. 231.139 3,32% 9 Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão Celulose e Papel 184.184 2,65% 10 Demais empresas 2.605.781 37,48% Total 6.953.246 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2000 2000 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Grupo Klabin 1.485.411 20,67% 2 Grupo Suzano 722.398 10,05% 3 Grupo International Paper 540.753 7,52% 4 Grupo Votorantim 522.408 7,27% 5 Grupo Ripasa 411.990 5,73% 6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 286.660 3,99% 7 Orsa Celulose e Papel S.A. 241.627 3,36% 8 Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão Celulose e Papel 188.065 2,62% 9 Pisa Papel de Imprensa S.A. 179.215 2,49% 10 Demais empresas 2.609.304 36,30% Total 7.187.831 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2000
  • 62. 57 2001 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Klabin S.A. 1.531.032 20,58% 2 Suzano Bahia Sul 739.585 9,94% 3 International Paper do Brasil Ltda. 578.054 7,77% 4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 554.937 7,46% 5 Ripasa S.A. Celulose e Papel 410.245 5,52% 6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 289.994 3,90% 7 Orsa Celulose e Papel S.A. 251.948 3,39% 8 Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão Celulose e Papel 188.960 2,54% 9 Norske Skog Pisa Ltda. 165.708 2,23% 10 Demais empresas 2.727.304 36,67% Total 7.437.767 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2002 2002 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Klabin S.A. 1.609.230 20,70% 2 Suzano Bahia Sul 768.787 9,89% 3 International Paper do Brasil Ltda. 591.017 7,60% 4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 569.558 7,33% 5 Ripasa S.A. Celulose e Papel 386.797 4,98% 6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 297.144 3,82% 7 Orsa Celulose e Papel S.A. 267.682 3,44% 8 Trombini Papel Embalagens S.A. Divisão Celulose e Papel 200.762 2,58% 9 Norske Skog Pisa Ltda. 172.960 2,22% 10 Demais empresas 2.909.976 37,43% Total 7.773.913 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2002 2003 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Klabin S.A. 1.421.398 17,96% 2 Suzano Bahia Sul 784.462 9,91% 3 International Paper do Brasil Ltda. 609.797 7,70% 4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 580.157 7,33% 5 Ripasa S.A. Celulose e Papel 458.855 5,80% 6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 308.588 3,90% 7 Orsa Celulose, Papel e Embalagens S.A. 261.571 3,30% 8 Trombini Industrial S.A. 182.164 2,30% 9 Norske Skog Pisa Ltda. 174.120 2,20% 10 Demais empresas 3.134.392 39,60% Total 7.915.504 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2004
  • 63. 58 2004 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Klabin S.A. 1.453.111 17,19% 2 Suzano Papel e Celulose 787.480 9,32% 3 International Paper do Brasil Ltda. 623.467 7,38% 4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 597.758 7,07% 5 Ripasa S.A. Celulose e Papel 521.209 6,17% 6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 315.634 3,73% 7 Orsa Celulose, Papel e Embalagens S.A. 274.387 3,25% 8 Trombini Industrial S.A. 199.027 2,35% 9 Norske Skog Pisa Ltda. 176.019 2,08% 10 Demais empresas 3.504.319 41,46% Total 8.452.411 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2004 2005 Posição Empresa Produção Porcentagem 1 Klabin S.A. 1.455.888 16,93% 2 Suzano Papel e Celulose 825.763 9,60% 3 International Paper do Brasil Ltda. 622.824 7,24% 4 Votorantim Celulose e Papel S.A. 604.874 7,04% 5 Ripasa S.A. Celulose e Papel 512.300 5,96% 6 Rigesa Celulose, Papel e Embalagens Ltda. 311.175 3,62% 7 Orsa Celulose, Papel e Embalagens S.A. 276.061 3,21% 8 Trombini Industrial S.A. 195.522 2,27% 9 Norske Skog Pisa Ltda. 170.421 1,98% 10 Demais empresas 3.622.479 42,14% Total 8.597.307 100,00% Fonte: Relatório Estatístico Bracelpa 2005