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ANEXO I. CLASSES DE PALAVRAS, SINTAXE E LEXICOLOGIA
ORAÇÕES COORDENADAS E SUBORDINADAS
ORAÇÕES COORDENADAS
Uma oração coordenada é aquela que surge numa frase complexa e que não
depende sintaticamente da oração com a qual tem uma relação de coordenação (a). As
orações coordenadas distinguem-se das subordinadas na medida em que, em geral,
não podem ser antepostas à oração com a qual surgem coordenadas (b).
Exs.: a) Regámos as flores e demos comida aos gatos.
b) *E demos comida aos gatos regámos as flores.
As orações coordenadas podem ser sindéticas ou assindéticas.
• Oração coordenada sindética — oração que é coordenada por intermédio de uma
conjunção ou de uma locução coordenativa; pode ser copulativa, adversativa,
disjuntiva, conclusiva ou explicativa.
Exs.: Estava cansada, mas continuei a trabalhar.
• Oração coordenada assindética — oração que é coordenada por meio de uma vírgula.
Exs.: Abri a porta, liguei a luz e fui surpreendida por um intruso.
1. Orações coordenadas sindéticas
• Oração coordenada copulativa — oração que se inicia com uma conjunção ou
locução coordenativa copulativa, transmitindo uma ideia de adição.
Exs.: O Miguel fez uma escultura e a Maria optou por uma pintura.
oração coordenada oração coordenada copul
ativa
Não só comi o bolo como também bebi o sumo.
oração coordenada oração coordenada copulativa
• Oração coordenada adversativa — oração iniciada por uma conjunção ou locução
coordenativa adversativa e que estabelece uma ideia de contraste face à oração
com que surge coordenada.
Exs.: Atrasámo-nos, mas conseguimos chegar a tempo da partida do comboio.
oração coordenada oração coordenada adv
ersativa
• Oração coordenada disjuntiva — oração iniciada por uma conjunção ou locução
coordenativa disjuntiva e que transmite uma ideia de alternativa em relação à
oração com a qual surge coordenada.
Exs.: Apetece-te comer um chocolate ou preferes provar este bolo?
oração coordenada oração coordenada di
sjuntiva
Ora lhe apetecia rir ora tinha vontade de chorar.
oração coordenada oração coordenada disjuntiva
• Oração coordenada conclusiva — oração que se inicia com uma conjunção ou
locução coordenativa conclusiva e que apresenta uma conclusão em relação à
oração com a qual surge coordenada.
Exs.: Estou exausto; logo, não vou à praia.
oração coordenada oração coordenada conclusiva
• Oração coordenada explicativa — oração iniciada por uma conjunção explicativa
e que exprime uma justificação que legitima o ato de fala expresso pela oração
com que surge coordenada.
Exs.: Vou à água, pois apetece-me imenso mergulhar.
oração coordenada oração coordenada explicativa
Ficha 3
Caderno
de atividades
e avaliação
contínua
ficha 3
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ORAÇÕES SUBORDINADAS
Uma oração subordinada é aquela que surge numa frase complexa e que depende
sintaticamente da oração subordinante (a). Ao contrário das orações coordenadas, as
orações subordinadas podem, em geral, ser antepostas às orações subordinantes (b).
Uma oração subordinada pode desempenhar a função sintática de sujeito (c), de com-
plemento — do nome (d), do verbo (e) e do adjetivo (f) — e de modificador — do nome
(g), do grupo verbal (h) e da frase (i).
Exs.: a) Saímos de casa assim que chegares.
b) Assim que chegares, saímos de casa.
c) É fundamental que tragas um casaco.
d) A hipótese de ficarmos em casa é absurda.
e) A rainha ordenou que nos sentássemos.
f) Eles estão satisfeitos por terem terminado o trabalho.
g) Os meus amigos franceses, que adoram Portugal, vêm cá este ano.
h) Quando fomos a Paris, visitámos o Museu do Louvre.
i) Se conseguirmos uma promoção, vamos ao Japão nestas férias.
Com base na função sintática que desempenham na frase, as orações subordinadas
podem classificar-se como substantivas (quando desempenham uma função típica do
nome), adjetivas (quando desempenham uma função que, em geral, é atribuída ao
adjetivo) ou adverbiais (quando desempenham uma função característica do advérbio).
1. Orações subordinadas substantivas
• Oração subordinada substantiva completiva — Oração que pode ser o sujeito (a)
ou o complemento de um verbo (b), de um nome (c) ou de um adjetivo (d).
No caso de ser finita (isto é, de o verbo não se encontrar conjugado no infinitivo),
é introduzida pelas conjunções «que» ou «se». As orações não finitas podem
iniciar-se com «para» (e) ou sem conjunção (f).
Exs.: a) É importante que faças este trabalho.
b) Ela jurou que não vira nada.
c) A convicção de que tudo correria bem deu-lhe ânimo.
d) Ela estava certa de que eles não faltariam ao prometido.
e) Nós pedimos para sair mais cedo da reunião.
f) Eles afirmaram ter feito o trabalho sem ajuda.
• Oração subordinada substantiva relativa — Oração que é introduzida por um
pronome relativo — quem, o que, onde, quanto — que não tem um antecedente
(isto é, expressão lexical que fosse recuperada). Pode desempenhar a função
sintática de sujeito (a), de complemento direto (b), de complemento indireto (c),
de complemento oblíquo (d) e de modificador do grupo verbal (e). As orações
subordinadas substantivas relativas podem ser finitas ou não finitas.
Exs.: a) Quem não arrisca não petisca.
b) Ele premiou quem merecia.
c) Ela disse a resposta a quem lha pediu.
d) Ele duvidava de quem era demasiado solícito.
e) Eles estão onde querem.
Ficha 3
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ANEXO I. CLASSES DE PALAVRAS, SINTAXE E LEXICOLOGIA
2. Orações subordinadas adjetivas
• Oração subordinada adjetiva relativa restritiva — Oração que se inicia com um
quantificador relativo, pronome relativo, determinante relativo ou advérbio rela-
tivo — que, quem, o qual/a qual, os quais/as quais, cujo(s)/cuja(s), quanto(s)/
quanta(s), onde. Uma vez que restringe o antecedente, esta oração desempenha
a função sintática de modificador restritivo do nome, não podendo, portanto, ser
separada do antecedente por vírgula.
Exs.: a) Os alunos que trabalharam serão recompensados.
b) Os concorrentes cuja obra de arte foi premiada irão a Londres.
c) A escola onde trabalho é ótima.
• Oração subordinada adjetiva relativa explicativa — Oração que se inicia com
um quantificador relativo, pronome relativo, determinante relativo ou advérbio
relativo — que, quem, o qual/a qual, os quais/as quais, cujo(s)/cuja(s), quanto(s)/
quanta(s), onde. Esta oração apresenta informação adicional sobre o anteceden-
te, desempenhando a função sintática de modificador apositivo do nome e sendo
separada do antecedente por vírgula (a, b e c). Quando o pronome relativo reto-
ma o conteúdo da subordinante na sua totalidade, a oração subordinada desem-
penha a função sintática de modificador da frase (d).
Exs.: a) A Catarina, que se interessa por arqueologia, vai no verão ao Egito.
b) O Rui, cujo irmão é meu colega, emprestou-me este livro.
c) Na ilha de São Miguel, onde se situa a lagoa das Sete Cidades,
há uma aposta no turismo de natureza.
d) Ele conquistou uma medalha, o que encheu os pais de orgulho.
3. Orações subordinadas adverbiais
• Oração subordinada adverbial temporal — Oração que situa no tempo a informa-
ção apresentada na oração subordinante e que desempenha a função sintática de
modificador do grupo verbal. Esta oração pode ser finita ou não finita. No primei-
ro caso, é introduzida por uma conjunção ou uma locução subordinativa temporal
(a). No segundo caso, classifica-se como infinitiva (quando o verbo está no infini-
tivo) (b), participial (quando o verbo se encontra no particípio passado) (c) ou
gerundiva (quando o verbo está no gerúndio) (d).
Exs.: a) Mal chegámos, começámos a trabalhar.
b) Ao sair de casa, apercebi-me de que me tinha esquecido
do guarda-chuva.
c) Terminada a reunião, regressámos a casa.
d) Ela entrou em casa andando silenciosamente.
• Oração subordinada adverbial causal — Oração que indica a causa da ideia que é
expressa na oração subordinante e que desempenha a função sintática de modifi-
cador do grupo verbal. Quando finita, esta oração é introduzida por uma conjunção
ou uma locução subordinativa causal (a). As orações subordinadas adverbiais cau-
sais não finitas podem ser infinitivas (b), participiais (c) ou gerundivas (d).
Exs.: a) Como está a chover, ficamos em casa.
b) Ele foi promovido por revelar um excelente desempenho nas suas
funções.
c) Destruída a casa, os seus habitantes foram realojados.
d) Estando o trabalho concluído, é natural que eles queiram descansar.
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Ficha 3
• Oração subordinada adverbial final — Oração que indica o objetivo da situação
que é descrita na oração subordinante e que desempenha a função sintática
de modificador do grupo verbal. Pode ser finita (a) ou não finita (b).
Exs.: a) O anfitrião esforçou-se muito para que todos se sentissem
à vontade na festa.
b) Eles vieram cá para visitar o País.
• Oração subordinada adverbial condicional — Oração que indica uma condição
para a realização do facto expresso na oração subordinante. Desempenha a fun-
ção sintática de modificador da frase. De acordo com o seu sentido, as orações
subordinadas adverbiais condicionais podem classificar-se como factuais
(ou reais), quando exprimem um facto real. Neste caso, o verbo da oração subor-
dinada é conjugado no modo indicativo (a). Podem também ser hipotéticas,
quando apresentam uma hipótese, situação em que o verbo da oração subordi-
nada é conjugado no presente ou no futuro do modo conjuntivo (b). Finalmente,
existem também orações subordinadas adverbiais condicionais contrafactuais (ou
irreais), quando se indicam situações que não se podem realizar. Neste último
caso, o verbo é conjugado no pretérito imperfeito do modo conjuntivo (c). Além de
finitas, estas orações podem também ser não finitas — infinitivas (d), participiais
(e) e gerundivas (f).
Exs.: a) Se estudaste, tens maior probabilidade de ter um bom resultado.
b) Se estudares, terás maior probabilidade de ter um bom resultado.
c) Se estudasses, terias maior probabilidade de ter um bom resultado.
d) A fazer essa viagem, terias de me acompanhar.
e) Publicado o livro, poderemos divulgar a nossa teoria.
f) Fazendo o trabalho, mostrarás o teu valor.
• Oração subordinada adverbial concessiva — Oração que apresenta um obstáculo
que se coloca à situação apresentada na oração subordinante, mas que não
a impede de se concretizar. Desempenha a função sintática de modificador
da frase. As orações subordinadas adverbiais concessivas podem ser finitas (a)
ou não finitas. Neste caso, classificam-se como infinitivas (b), participiais (c)
e gerundivas (d).
Exs.: a) Embora seja tímida, ela aceitou participar na peça.
b) Apesar de se sentir cansada, a Marta decidiu ir passear com a mãe.
c) Mesmo degradado, o monumento conservou parte da sua beleza.
d) Mesmo sabendo que eles não apreciam sopa, vou servi-la ao jantar.
• Oração subordinada adverbial comparativa — Oração que apresenta o segundo
termo de uma comparação em relação ao que é expresso na oração subordi-
nante (a). Nas orações subordinadas comparativas, o verbo pode ser elidido (b).
Estas orações têm um comportamento diferente do das restantes orações subor-
dinadas adverbiais, uma vez que, por vezes, parecem referir-se especificamente
a um elemento da oração subordinante, e não a esta oração na sua totalidade,
e têm pouca mobilidade na frase (c).
Exs.: a) Ele lia tão bem como escrevia.
b) Este aluno é mais alto do que aquele (isto é, do que aquele é alto).
c) Ela trabalhou mais do que tu.
*Do que tu ela trabalhou mais.
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ANEXO I. CLASSES DE PALAVRAS, SINTAXE E LEXICOLOGIA
• Oração subordinada adverbial consecutiva — Oração que exprime uma conse-
quência do facto apresentado na oração subordinante (a). Tal como as orações
subordinadas adverbiais comparativas, estas orações têm um comportamento
diferente do das outras orações subordinadas adverbiais, dado que, por vezes,
modificam apenas um elemento da oração subordinante, e não esta oração
no seu todo, e têm pouca mobilidade na frase (b). Estas orações podem ser não
finitas, sendo, neste caso, infinitivas (c).
Exs.: a) Ele esforçou-se tanto que conseguiu superar todas as dificuldades.
b) Ela era tão simpática que não tinha dificuldade em fazer amigos.
*Que não tinha dificuldade em fazer amigos ela era tão simpática.
c) A Maria ficou entusiasmada com a ideia a ponto de procurar,
a todo o custo, concretizá-la.
A classificação das orações que foi aqui apresentada encontra-se sistematizada nos
quadros seguintes.
ORAÇÕES COORDENADAS
Subclasses Exemplos
Assindéticas Sinto-me quente, devo estar doente.
Sindéticas
Copulativas Saí do trabalho e fui para casa.
Adversativas O telemóvel tem bateria, mas não funciona.
Disjuntivas Chovia ou nevava.
Conclusivas Estudei bastante para o teste, por isso tive boa nota.
Explicativas Liga o aquecedor, pois estou com frio.
ORAÇÕES SUBORDINADAS
Subclasses Exemplos
Substantivas
Completivas Ele pediu que lhe fizéssemos um favor.
Relativas Quem espera sempre alcança.
Adjetivas
Relativas
restritivas
Gosto da camisola que compraste.
Relativas
explicativas
A Ana, que chegou hoje de viagem, está a descansar.
Adverbiais
Temporais Assim que me fui embora, ele chegou.
Causais O carro parou porque ficou sem gasolina.
Finais Amanhã encontramo-nos para resolver esse assunto.
Condicionais Se fores ao supermercado, traz leite.
Concessivas
Apesar de não ter muita fome, podemos começar
a jantar.
Comparativas O teu irmão é mais alto do que tu.
Consecutivas Estava tanto frio que tremíamos.
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  • 1. 325 ANEXO I. CLASSES DE PALAVRAS, SINTAXE E LEXICOLOGIA ORAÇÕES COORDENADAS E SUBORDINADAS ORAÇÕES COORDENADAS Uma oração coordenada é aquela que surge numa frase complexa e que não depende sintaticamente da oração com a qual tem uma relação de coordenação (a). As orações coordenadas distinguem-se das subordinadas na medida em que, em geral, não podem ser antepostas à oração com a qual surgem coordenadas (b). Exs.: a) Regámos as flores e demos comida aos gatos. b) *E demos comida aos gatos regámos as flores. As orações coordenadas podem ser sindéticas ou assindéticas. • Oração coordenada sindética — oração que é coordenada por intermédio de uma conjunção ou de uma locução coordenativa; pode ser copulativa, adversativa, disjuntiva, conclusiva ou explicativa. Exs.: Estava cansada, mas continuei a trabalhar. • Oração coordenada assindética — oração que é coordenada por meio de uma vírgula. Exs.: Abri a porta, liguei a luz e fui surpreendida por um intruso. 1. Orações coordenadas sindéticas • Oração coordenada copulativa — oração que se inicia com uma conjunção ou locução coordenativa copulativa, transmitindo uma ideia de adição. Exs.: O Miguel fez uma escultura e a Maria optou por uma pintura. oração coordenada oração coordenada copul ativa Não só comi o bolo como também bebi o sumo. oração coordenada oração coordenada copulativa • Oração coordenada adversativa — oração iniciada por uma conjunção ou locução coordenativa adversativa e que estabelece uma ideia de contraste face à oração com que surge coordenada. Exs.: Atrasámo-nos, mas conseguimos chegar a tempo da partida do comboio. oração coordenada oração coordenada adv ersativa • Oração coordenada disjuntiva — oração iniciada por uma conjunção ou locução coordenativa disjuntiva e que transmite uma ideia de alternativa em relação à oração com a qual surge coordenada. Exs.: Apetece-te comer um chocolate ou preferes provar este bolo? oração coordenada oração coordenada di sjuntiva Ora lhe apetecia rir ora tinha vontade de chorar. oração coordenada oração coordenada disjuntiva • Oração coordenada conclusiva — oração que se inicia com uma conjunção ou locução coordenativa conclusiva e que apresenta uma conclusão em relação à oração com a qual surge coordenada. Exs.: Estou exausto; logo, não vou à praia. oração coordenada oração coordenada conclusiva • Oração coordenada explicativa — oração iniciada por uma conjunção explicativa e que exprime uma justificação que legitima o ato de fala expresso pela oração com que surge coordenada. Exs.: Vou à água, pois apetece-me imenso mergulhar. oração coordenada oração coordenada explicativa Ficha 3 Caderno de atividades e avaliação contínua ficha 3 000694 308-351 anexo.indd 325 23/03/16 16:16
  • 2. 326 ORAÇÕES SUBORDINADAS Uma oração subordinada é aquela que surge numa frase complexa e que depende sintaticamente da oração subordinante (a). Ao contrário das orações coordenadas, as orações subordinadas podem, em geral, ser antepostas às orações subordinantes (b). Uma oração subordinada pode desempenhar a função sintática de sujeito (c), de com- plemento — do nome (d), do verbo (e) e do adjetivo (f) — e de modificador — do nome (g), do grupo verbal (h) e da frase (i). Exs.: a) Saímos de casa assim que chegares. b) Assim que chegares, saímos de casa. c) É fundamental que tragas um casaco. d) A hipótese de ficarmos em casa é absurda. e) A rainha ordenou que nos sentássemos. f) Eles estão satisfeitos por terem terminado o trabalho. g) Os meus amigos franceses, que adoram Portugal, vêm cá este ano. h) Quando fomos a Paris, visitámos o Museu do Louvre. i) Se conseguirmos uma promoção, vamos ao Japão nestas férias. Com base na função sintática que desempenham na frase, as orações subordinadas podem classificar-se como substantivas (quando desempenham uma função típica do nome), adjetivas (quando desempenham uma função que, em geral, é atribuída ao adjetivo) ou adverbiais (quando desempenham uma função característica do advérbio). 1. Orações subordinadas substantivas • Oração subordinada substantiva completiva — Oração que pode ser o sujeito (a) ou o complemento de um verbo (b), de um nome (c) ou de um adjetivo (d). No caso de ser finita (isto é, de o verbo não se encontrar conjugado no infinitivo), é introduzida pelas conjunções «que» ou «se». As orações não finitas podem iniciar-se com «para» (e) ou sem conjunção (f). Exs.: a) É importante que faças este trabalho. b) Ela jurou que não vira nada. c) A convicção de que tudo correria bem deu-lhe ânimo. d) Ela estava certa de que eles não faltariam ao prometido. e) Nós pedimos para sair mais cedo da reunião. f) Eles afirmaram ter feito o trabalho sem ajuda. • Oração subordinada substantiva relativa — Oração que é introduzida por um pronome relativo — quem, o que, onde, quanto — que não tem um antecedente (isto é, expressão lexical que fosse recuperada). Pode desempenhar a função sintática de sujeito (a), de complemento direto (b), de complemento indireto (c), de complemento oblíquo (d) e de modificador do grupo verbal (e). As orações subordinadas substantivas relativas podem ser finitas ou não finitas. Exs.: a) Quem não arrisca não petisca. b) Ele premiou quem merecia. c) Ela disse a resposta a quem lha pediu. d) Ele duvidava de quem era demasiado solícito. e) Eles estão onde querem. Ficha 3 000694 308-351 anexo.indd 326 23/03/16 16:16
  • 3. 327 ANEXO I. CLASSES DE PALAVRAS, SINTAXE E LEXICOLOGIA 2. Orações subordinadas adjetivas • Oração subordinada adjetiva relativa restritiva — Oração que se inicia com um quantificador relativo, pronome relativo, determinante relativo ou advérbio rela- tivo — que, quem, o qual/a qual, os quais/as quais, cujo(s)/cuja(s), quanto(s)/ quanta(s), onde. Uma vez que restringe o antecedente, esta oração desempenha a função sintática de modificador restritivo do nome, não podendo, portanto, ser separada do antecedente por vírgula. Exs.: a) Os alunos que trabalharam serão recompensados. b) Os concorrentes cuja obra de arte foi premiada irão a Londres. c) A escola onde trabalho é ótima. • Oração subordinada adjetiva relativa explicativa — Oração que se inicia com um quantificador relativo, pronome relativo, determinante relativo ou advérbio relativo — que, quem, o qual/a qual, os quais/as quais, cujo(s)/cuja(s), quanto(s)/ quanta(s), onde. Esta oração apresenta informação adicional sobre o anteceden- te, desempenhando a função sintática de modificador apositivo do nome e sendo separada do antecedente por vírgula (a, b e c). Quando o pronome relativo reto- ma o conteúdo da subordinante na sua totalidade, a oração subordinada desem- penha a função sintática de modificador da frase (d). Exs.: a) A Catarina, que se interessa por arqueologia, vai no verão ao Egito. b) O Rui, cujo irmão é meu colega, emprestou-me este livro. c) Na ilha de São Miguel, onde se situa a lagoa das Sete Cidades, há uma aposta no turismo de natureza. d) Ele conquistou uma medalha, o que encheu os pais de orgulho. 3. Orações subordinadas adverbiais • Oração subordinada adverbial temporal — Oração que situa no tempo a informa- ção apresentada na oração subordinante e que desempenha a função sintática de modificador do grupo verbal. Esta oração pode ser finita ou não finita. No primei- ro caso, é introduzida por uma conjunção ou uma locução subordinativa temporal (a). No segundo caso, classifica-se como infinitiva (quando o verbo está no infini- tivo) (b), participial (quando o verbo se encontra no particípio passado) (c) ou gerundiva (quando o verbo está no gerúndio) (d). Exs.: a) Mal chegámos, começámos a trabalhar. b) Ao sair de casa, apercebi-me de que me tinha esquecido do guarda-chuva. c) Terminada a reunião, regressámos a casa. d) Ela entrou em casa andando silenciosamente. • Oração subordinada adverbial causal — Oração que indica a causa da ideia que é expressa na oração subordinante e que desempenha a função sintática de modifi- cador do grupo verbal. Quando finita, esta oração é introduzida por uma conjunção ou uma locução subordinativa causal (a). As orações subordinadas adverbiais cau- sais não finitas podem ser infinitivas (b), participiais (c) ou gerundivas (d). Exs.: a) Como está a chover, ficamos em casa. b) Ele foi promovido por revelar um excelente desempenho nas suas funções. c) Destruída a casa, os seus habitantes foram realojados. d) Estando o trabalho concluído, é natural que eles queiram descansar. 000694 308-351 anexo.indd 327 23/03/16 16:16
  • 4. 328 Ficha 3 • Oração subordinada adverbial final — Oração que indica o objetivo da situação que é descrita na oração subordinante e que desempenha a função sintática de modificador do grupo verbal. Pode ser finita (a) ou não finita (b). Exs.: a) O anfitrião esforçou-se muito para que todos se sentissem à vontade na festa. b) Eles vieram cá para visitar o País. • Oração subordinada adverbial condicional — Oração que indica uma condição para a realização do facto expresso na oração subordinante. Desempenha a fun- ção sintática de modificador da frase. De acordo com o seu sentido, as orações subordinadas adverbiais condicionais podem classificar-se como factuais (ou reais), quando exprimem um facto real. Neste caso, o verbo da oração subor- dinada é conjugado no modo indicativo (a). Podem também ser hipotéticas, quando apresentam uma hipótese, situação em que o verbo da oração subordi- nada é conjugado no presente ou no futuro do modo conjuntivo (b). Finalmente, existem também orações subordinadas adverbiais condicionais contrafactuais (ou irreais), quando se indicam situações que não se podem realizar. Neste último caso, o verbo é conjugado no pretérito imperfeito do modo conjuntivo (c). Além de finitas, estas orações podem também ser não finitas — infinitivas (d), participiais (e) e gerundivas (f). Exs.: a) Se estudaste, tens maior probabilidade de ter um bom resultado. b) Se estudares, terás maior probabilidade de ter um bom resultado. c) Se estudasses, terias maior probabilidade de ter um bom resultado. d) A fazer essa viagem, terias de me acompanhar. e) Publicado o livro, poderemos divulgar a nossa teoria. f) Fazendo o trabalho, mostrarás o teu valor. • Oração subordinada adverbial concessiva — Oração que apresenta um obstáculo que se coloca à situação apresentada na oração subordinante, mas que não a impede de se concretizar. Desempenha a função sintática de modificador da frase. As orações subordinadas adverbiais concessivas podem ser finitas (a) ou não finitas. Neste caso, classificam-se como infinitivas (b), participiais (c) e gerundivas (d). Exs.: a) Embora seja tímida, ela aceitou participar na peça. b) Apesar de se sentir cansada, a Marta decidiu ir passear com a mãe. c) Mesmo degradado, o monumento conservou parte da sua beleza. d) Mesmo sabendo que eles não apreciam sopa, vou servi-la ao jantar. • Oração subordinada adverbial comparativa — Oração que apresenta o segundo termo de uma comparação em relação ao que é expresso na oração subordi- nante (a). Nas orações subordinadas comparativas, o verbo pode ser elidido (b). Estas orações têm um comportamento diferente do das restantes orações subor- dinadas adverbiais, uma vez que, por vezes, parecem referir-se especificamente a um elemento da oração subordinante, e não a esta oração na sua totalidade, e têm pouca mobilidade na frase (c). Exs.: a) Ele lia tão bem como escrevia. b) Este aluno é mais alto do que aquele (isto é, do que aquele é alto). c) Ela trabalhou mais do que tu. *Do que tu ela trabalhou mais. 000694 308-351 anexo.indd 328 23/03/16 16:16
  • 5. 329 ANEXO I. CLASSES DE PALAVRAS, SINTAXE E LEXICOLOGIA • Oração subordinada adverbial consecutiva — Oração que exprime uma conse- quência do facto apresentado na oração subordinante (a). Tal como as orações subordinadas adverbiais comparativas, estas orações têm um comportamento diferente do das outras orações subordinadas adverbiais, dado que, por vezes, modificam apenas um elemento da oração subordinante, e não esta oração no seu todo, e têm pouca mobilidade na frase (b). Estas orações podem ser não finitas, sendo, neste caso, infinitivas (c). Exs.: a) Ele esforçou-se tanto que conseguiu superar todas as dificuldades. b) Ela era tão simpática que não tinha dificuldade em fazer amigos. *Que não tinha dificuldade em fazer amigos ela era tão simpática. c) A Maria ficou entusiasmada com a ideia a ponto de procurar, a todo o custo, concretizá-la. A classificação das orações que foi aqui apresentada encontra-se sistematizada nos quadros seguintes. ORAÇÕES COORDENADAS Subclasses Exemplos Assindéticas Sinto-me quente, devo estar doente. Sindéticas Copulativas Saí do trabalho e fui para casa. Adversativas O telemóvel tem bateria, mas não funciona. Disjuntivas Chovia ou nevava. Conclusivas Estudei bastante para o teste, por isso tive boa nota. Explicativas Liga o aquecedor, pois estou com frio. ORAÇÕES SUBORDINADAS Subclasses Exemplos Substantivas Completivas Ele pediu que lhe fizéssemos um favor. Relativas Quem espera sempre alcança. Adjetivas Relativas restritivas Gosto da camisola que compraste. Relativas explicativas A Ana, que chegou hoje de viagem, está a descansar. Adverbiais Temporais Assim que me fui embora, ele chegou. Causais O carro parou porque ficou sem gasolina. Finais Amanhã encontramo-nos para resolver esse assunto. Condicionais Se fores ao supermercado, traz leite. Concessivas Apesar de não ter muita fome, podemos começar a jantar. Comparativas O teu irmão é mais alto do que tu. Consecutivas Estava tanto frio que tremíamos. 000694 308-351 anexo.indd 329 23/03/16 16:16