SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 321
Baixar para ler offline
The Unforgiven Souls




      The Unforgiven Souls
                                  A História
                            A História - The Unforgiven Souls
                                     Moscow Season




http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                       Moscow Season




                      The Unforgiven Souls E-book


2


    Este Ebook é uma compilação das postagens do blog “The Unforgiven Souls” da
      primeira temporada, tendo como extras as versões especiais de personagens
       que mudarão completamente a forma de verem os mistérios, desvendando
    alguns e criando outros... Esperemos que gostem, deixem comentários para que
                  saibamos como se sentem, tentamos fazer o melhor!



     Basicamente, é a história de cinco criaturas - duas bruxas e três vampiras - que
    vivem em conjunto numa penthouse em Moscovo, até aqui nada de mais se não
    fosse o facto de se odiarem de morte e de todas terem um passado conturbado,
      cheio de mistérios e muitos podres, a coisa piora quando eventos do passado
    voltam para assombra-las; Memórias, pessoas, crimes passionais e muito mais...




    Para Seguires as postagens clica em                                em cima no
    lado esquerdo do pdf...




                            © THE UNFORGIVEN SOULS 2010

      TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - PROIBIDA A CÓPIA TOTAL E/OU PARCIAL
                        BEM COMO A COMERCIALIZAÇÃO.

       A HISTÓRIAS CONTIDAS NESTE E-BOOK SÃO PURA FICÇÃO E EM NADA SE
     ASSEMELHAM À REALIDADE. QUALQUER SEMELHANÇA À REALIDADE É PURA
                                COINCIDÊNCIA.

     AS IMAGENS PERTENCEM AOS SEUS RESPECTIVOS DONOS, NÃO AS USAR SEM
                           OS DEVIDOS CRÉDITOS.



    theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                            Moscow Season


                            Personagens Principais




3




                           VAMPIRA: CARMEN MONTENEGRO




                                    Personagem escrita por Denisse Sousa
                                             Cor de cabelo: Ruivo
                                          Cor de olhos: Cinzentos
                                          Cor favorita: Vermelho
                                   Defeitos: Orgulhosa e às vezes irónica
                               Enquanto humana: Era caçadora de Vampiros
                               Fraqueza: O seu passado e o seu lado humano
                                             Marca: Flor-de-Lis
                                      Melhor Característica: Coragem
                      Objecto: Duas Desert Eagle 50 Em prateado com as iniciais: CM
                                         País de Origem: Espanha
                                              Época: Sec. XV
                                  A imagem da Carmen pertence a Victoria Francés




    theunforgivensouls@hotmail.com                                http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                            Moscow Season




4




                                BRUXA: VERONICA RUSSO




                                  Personagem escrita por Lúcia Quintas
                                       Cor de cabelo: Preto azulado
                                         Cor de olhos: Castanhos
                                            Cor favorita: Azul
                                         Defeitos: Manipuladora
                       Enquanto humana: Era uma Mulher Submissa e Maltratada
                                         Fraqueza: Recordações
                                         Marca: Três Lágrimas
                         Melhores Características: Misteriosa, Imortal e Vingativa
                                         Objecto: Faca de Prata
                                          País de Origem: Itália
                                             Época: Sec. XVI
                                A imagem da Veronica pertence a Victoria Francés




    theunforgivensouls@hotmail.com                                http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                           Moscow Season




5




                                BRUXA: CLAIRE HARRIS




                                Personagem escrita por Mónica Ferreira
                                      Cor de cabelo: Ruivo Escuro
                                  Cor de olhos: Castanhos Esverdeados
                                           Cor favorita: Preto
                                           Defeitos: Teimosa
                              Enquanto humana: Era uma Jovem Ingénua
                                         Fraqueza: Sentimentos
                                     Marca: Pentagrama no Pulso
                                 Melhor Característica: Determinação
                                      Objecto: Livro das Sombras
                                     País de Origem: Desconhecido
                                            Época: Sec. XVI
                                A imagem da Claire pertence a Victoria Francés




    theunforgivensouls@hotmail.com                               http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                           Moscow Season




6




                               VAMPIRA: SHEFTU NUBIA




                                 Personagem escrita por Sofia Duarte

                                           Cor de cabelo: Loiro
                                          Cor de olhos: Azuis
                                       Cor favorita: Vermelho
                                 Defeitos: Manipuladora e Diabólica
                            Enquanto humana: Prometida ao Faraó Snofru
                                  Fraqueza: Pessoas Dominadoras
                                         Marca: Cruz Ansata
                               Melhores Características: Bela e Erudita
                                       Objecto: Rosa Vermelha
                                       País de Origem: Egipto
                                           Época: 2615 a.C.
                                     A imagem da Sheftu pertence a Deligaris




    theunforgivensouls@hotmail.com                               http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                          Moscow Season




7



                             VAMPIRA: SAMANTHA SAINT




                                Personagem escrita por Andreia Correia

                                    Cor de cabelo: Castanho-escuro
                                      Cor de olhos: Castanhos
                                         Cor favorita: Roxo
                                   Defeitos: Snobe e Materialista
                            Enquanto humana: Não se Recorda do que Foi
                                     Fraqueza: Homens Bonitos
                                         Marca: Escorpião
                             Melhores Características: Sedutora e Sensual
                                        Objecto: Pentagrama
                                       País de Origem: Grécia
                                         Época: Sec. XVIII
                               A imagem da Samantha pertence a Victoria Francés




    theunforgivensouls@hotmail.com                              http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season


              EP1 - "Old Habits Die Hard" by Carmen


      É uma armadilha! Cheira a armadilha! Só pode ser…

      O meu sexto sentido berrava na minha cabeça, enquanto entrava pela casa
8    abandonada. Pé ante pé em cima daquele soalho velho e irritante. Ali estava eu, com a
     minha pistola em punho, com todos os meus sentidos em alerta máximo. O instinto de
     uma caçadora nunca se engana mas, naquele momento era ignorava-o por completo: 1º
     erro.

      É uma armadilha!

       Ignorei novamente, só via o meu objectivo: caçar aquele sugador de sangue. Caça-lo
     e junta-lo a minha enorme lista de mortes, afinal era caçadora por alguma razão, certo?

      Movimento do lado esquerdo e viro-me com a minha estaca de madeira apontada a
     escuridão. Os segundos passam e passam lentamente e o meu coração quase que salta
     do peito…

      ― Carmen... – Chamou-me uma voz masculina e sensual na escuridão. – Carmen…

       Virei-me para o local de onde veio o som mas, não vi nada.

      ― Mostra-te, presas! – Ordenei, a minha voz ecoou pela casota velha.

      Novamente silencio, mortal. Não podia deixa-lo escapar, percorrera o país a procura
     daquele vampiro e estava disposto a junta-lo a minha colecção.

       Senti uma aragem atrás de mim e virei-me.

      ― Boas…- A minha frente estava um belo homem, de cabelos compridos pretos e
     grandes olhos vermelhos. Cara pálida, estranhamente pálida mas, com os lábios
     vermelhos. Fiquei sem ar ao confrontar-me com a sua beleza, naquele momento eu
     soube que a minha vida humana, chegara ao fim…



       Abri os olhos, despertando da minha memória. Precisei de uns segundos para
     recompor-me. Todas as noites era assolada pela recordação da minha transformação,
     não sei porquê; Talvez por serem a minha última lembrança enquanto ser humana, daí
     revivê-la todas as noites…

      Dei por mim em frente ao computador.

      ― Outra vez, em volta do computador… - Disse uma voz feminina. Virei a cabeça e
     vi Verónica.. – Por favor, não me digas que andas a procura de mais “casos” para
     passar aos teus colegas caçadores.


    theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season

      Ali estava ela, Verónica uma das nossas bruxas de companhia. Estava encostada a
     porta atirando a sua faca ao ar.

      ― O que queres?! – Perguntei sem paciência para atura-la.

      ― Devias mesmo deixar essa vida para trás. Não é o que tu és e, não é saudável…
9
      Não mo dizia num tom de amizade mas, sim prepotência como se soubesse que essa
     era a minha maior falha.

      Não somos propriamente amiguinhas e queridas, apenas companheiras de viagem.
     Nenhuma de nós aguenta e nem pode ficar no mesmo sítio mais do que um mês.
     Primeiro, porque o aumento da mortalidade masculina entre os 20 e os 40 anos
     aumenta drasticamente, Segundo, quem é que aguenta ficar um mês no mesmo sítio?

      Verónica deu uns passos na minha direcção.

      Rodei a cadeira na sua direcção, estava a ponto de ataca-la.

      ― Vives no passado, Carmen. O tempo de caçadora já lá vai...

      ― Eu sou caçadora, sempre fui e vou ser.

      Verónica sorriu ironicamente.

      ― Correcção: Tu não és caçadora, és uma vampira!

      ― Isso não significa que tenho de parar de fazer o meu trabalho! – O meu tom era de
     ordem. Verónica voltou a meter-se direita.

      ― Tudo bem, presas. – Voltou-se para a porta. – Não sei porquê, mas, simplesmente
     adoras sofrer!

       Exclamou sorridente e saiu do quarto deixando-me sozinha. Voltei-me para o
     computador e vi o caso a minha frente, assim que tivesse oportunidade iria investiga-
     lo.

       Levantei-me e dirigi-me a janela do meu quarto. Podia ver toda a cidade de Moscovo
     coberta pela neve. Algo digno de se ver. No céu estava uma bela lua cheia, inspirei
     fundo, estava uma óptima noite para caçar.

       Espreguicei-me, estalando os ossos dos braços, das costas e das pernas. Aproximei-
     me da janela, ficando ao lado de Verónica, do nosso quarto de hotel via-se a cidade
     toda, coberta sob um manto de neve. Conseguia ouvir o batimento cardíaco de cada
     pessoa que andava na rua. A minha sede aumentava.

      Peguei no meu casaco, nas chaves do carro e saí do quarto trancando-o a chave.
     Havia demasiada coisa ali dentro e não queria que andassem a coscuvilhar. Estávamos
     no quarto na penthouse do melhor hotel na cidade. Éramos ricas o suficiente para tal.


    theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

      Não gostávamos de ostentar mas, isso não significa que temos que tínhamos que viver
      mal.



        Entrei no carro e guiei sem parar, não sabia para onde ia nem o porquê mas, quando
10
      tenho sede deixo-me levar pelo instinto. Não sinto o carro nem vejo a estrada, parece
      que vou em transe até chegar onde quero.

       E, neste caso, cheguei a um bar, parei uns segundos a entrada, tentando analisar mais
      ou menos o local e sorri. Assim que entrei no bar, foi a loucura total. Conseguia ouvir
      os batimentos de todos os homens presentes, como escolher? Mas, logo encontrei.

       O homem era alto, forte, com penetrantes olhos verdes e cabelo preto. Tinha um tom
      de pele moreno e via-se que p raticava desporto.

       ― Boa noite. – Disse-lhe sorridente.

       ― Boas. – Respondeu-me tambem.

       Olhei para o seu pescoço e conseguia ver a veia a pulsar-lhe do pescoço. Conseguia
      ouvir o seu coração suculento de sangue, o correr do sangue nas veias…apetecível.

       ― Posso convidar-te para um jogo?

       Ele sorriu-me, estava a ponderar se devia ou não aceitar.

       ― Não sei.

       ― Tens medo de perder?

        ― Não, eu sou um cavalheiro, não quero magoar os teus sentimentos ao derrotar-
      te…iria sentir-me mal.

       ― Não te preocupes com os meus sentimentos…

       Tinha-o agarrado, eu sabia. Conseguia sentir a sua luta pessoal.

       ― Tudo bem…

       Apanhado! Lancei o isco e ele comeu-o com gosto.

       Depois do jogo, que eu perdi de propósito, deixei-o beber umas quantas cervejas.
      Não bebi com ele mas, não deixei embriagar-se, afinal, o sangue não saberia muito
      bem se estivesse podre de bêbado.

       Daí a leva-lo para a sua carrinha Chevrolet a cair aos pedaços, foi fácil. Disse que
      queria boleia para casa, estava muito longe, e juntei uma carinha de cãozinho
      abandonado a mistura.



     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season

       Levei-o por caminhos desertos e longe de tudo.

       ― Pára aqui…- Pedi gentilmente. O homem parou o carro junto a berma da estrada e
      eu virei-me para ele. – Podes começar a correr…

       Ele riu-se.
11
       ― Porquê?

       Eu sorri tambem mas, não por muito tempo. Mostrei-lhe as minhas presas e os meus
      olhos brancos, a sua reacção foi impagável. Ficou branco que nem cal, largou um
      berro como se fosse uma menina assustada e saiu a correr. Dei-lhe um avanço de uns
      bons metros, uma das vantagens de ser vampira: A velocidade.

        Saí do carro lentamente e ajeitei a roupa. Conseguia vê-lo a correr e seguiu-o sem
      muito esforço. Em pouco tempo estava mesmo atrás dele, estiquei a perna, ele
      tropeçou e estatelou-se no chão. Virei-o com o pé e sentei-me em cima dele.

        Ignorei os pedidos de misericórdia e de piedade, aprendera a não deixar que me
      afectassem. Agarrei-o pelo pescoço e mordi-lhe com toda a força. Senti o seu sangue
      na minha boca, na minha língua: Quente, cheio de adrenalina e medo. Sabia muito
      tempo e deixou-me com vontade de repetir, pena que o ser humano não tinha muito
      sangue. Suguei-o até não haver mais o que sugar, deixei-o cair inerte, sem vida no
      chão. E suspirei…já sabia o que vinha a seguir. A culpa!

       Levantei-me e observei o corpo do jovem morto e fui assolada pela culpa.

       ― A culpa é horrível…

        Virei-me e vi uma jovem junto a uma árvore. Trazia um vestido ruivo e era muito
      bonita.

       ― Claire…O que fazes aqui?!

        Ainda estava em modo de caça, as minhas roupas estavam sujas de sangue e ainda
      tinha as minhas presas de fora.

       ― Estava a passear e ouvi-te a caçar. Quando és tu, os homens gritam…

       ― A sério?! Que engraçado…

       Ignorei-a e observei o corpo. A culpa, era tão forte. Eu sou um monstro!

       ― Carmen, porquê que te torturas? – Senti Claire aproximar-se. – Não vale a pena,
      aceita quem és. Deixa o teu passado de fora…

       Voltei-me para Claire, interrompendo o seu movimento.

       ― Deixa-me em paz, se não queres ficar sem pescoço!



     theunforgivensouls@hotmail.com                     http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season

       Claire sorriu.

        ― Não tenho medo de ti…- Ela meteu as mãos atrás das costas. – E sei que não me
      farias mal, tu não és assim.

        Revirei os olhos, não suportava aquela bruxinha amiga de tudo e todos. Sempre
12
      aprendi que nunca ninguém é bom e simpático, só por ser. Tem sempre algo por detrás
      e a Claire…ela…era um enigma. Parecia saber sempre mais do que mostrava.

       Peguei no corpo do homem, tinha de dar-lhe um fim decente.

       ― Não! – Claire estava a minha frente. – Deixa que eu faço isso.

       ― Não sabes como se…

       ― Nem tudo tem que ser pelo fogo e pelo sal, Carmen. – A bruxa estendeu os
      braços. – Eu sei uma maneira melhor de deixar a alma dele em paz.

       Deixei o corpo cair no chão pesadamente e virei as costas a bruxa.

       ― Como queiras. – Parei de repente e voltei-me. – Queres que te espere?

       Claire estava debruçada sobre o corpo, com um livro nas mãos. Olhou para mim e
      sorriu.

       ― Não. Podes ir, Carmen. Não demoro.



        A medida que caminhava, fui-me deixando consumir pela culpa. Era verdade, eu era
      um monstro. Uma sugadora de sangue reles. Eu que ganhava a vida a matar criaturas
      deste tipo, tinha-me tornado numa delas e, mesmo com décadas de experiencia,
      continuava a não aceitar-me como tal. Encostei-me a uma árvore senti-me cansada.
      Não fisicamente mas, psicologicamente. Limpei a boca e ergui os olhos, foi então que
      eu vi. Nas sombras, ao longe um vulto olhava para mim. Não consegui dizer nada,
      nem fazer nada, apenas limitei-me a olhar para ele. Era humano, conseguia sentir o seu
      coração bater, estava ansioso e talvez assustado. E o cheiro, era-me familiar. Muito
      familiar. Mas, da onde?

        Com um piscar de olhos aquele vulto desapareceu. Olhei em volta tentando encontra-
      lo mas, não o via. Será que tinha sido imaginação minha? Quem era aquele vulto
      e…porquê que a sua presença incomodara-me tanto? Pior, porquê que me era tão
      familiar?



       Para comentar clicar aqui

       (é necessário estar ligado à internet para seguir o url)



     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season


     EP2 - "We All Have A Weakness" by Veronica Russo



       Entrei sigilosamente no quarto de Cármen.

13     ― Outra vez, de volta do computador… – Disse bem alto. Cármen virou a cabeça e
      olhou para mim – Por favor, não me digas que andas a procura de mais “casos” para
      passar aos teus colegas caçadores.

       Ali estava, sentada como um cãozinho à espera que lhe abrissem a porta para poder
      entrar em casa. Estava encostada a porta atirando a minha faca ao ar.

       ― O que queres?! – Perguntou de forma "educada".

       ― Devias mesmo deixar essa vida para trás. Não é o que tu és e não é saudável…

        Sinceramente não o dizia para o seu bem. Dizia-lhe porque adorava meter o dedo na
      ferida.

       Dei uns passos na sua direcção.

       Rodou a cadeira. Estava com cara de poucos amigos. Mas isso passava-me ao lado.

       ― Vives no passado, Carmen. O tempo de caçadora já lá vai...

       ― Eu sou caçadora, sempre fui e vou ser.

       Sorri ironicamente.

       ― Correcção: Tu não és caçadora, és uma vampira!

       ― Isso não significa que tenho de parar de fazer o meu trabalho! – Disse com uma
      voz mais forte.

       ― Tudo bem, presas. – Voltei-me para a porta. – Não sei porquê, mas, simplesmente
      adoras sofrer!

       Exclamei sorridente e sai do quarto.

       Depois de falar com Carmen vesti o casaco e sai da penthouse. Precisava mesmo sair
      dali durante um par de horas. Aquela vampira com mania que era caçadora cansava-
      me a paciência.

        Comecei a caminhar, sem destino, já era tarde e o pessoal que havia pelas ruas eram
      jovens que saíam das discotecas.




     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

       De repente os meus olhos ficaram cravados num casal. Ele gritava imenso e
      empurrava-a, enquanto que ela só pedia desculpa e chorava como uma madalena
      arrependida.



14
        Começaram a suar-me as mãos e a tremerem-me as pernas, passados uns segundos
      deixei de ver por completo aquele casal e apareceu uma imagem a minha frente. Vi-
      me a mim mesma de joelhos, chorava imenso e tinha a cara cheia de sangue. À minha
      frente estava um rapaz que olhava fixamente para mim com uma cara muito séria. Sem
      dizer uma palavra agarrou-me por um braço e levantou-me, parecia que eu sabia o que
      me ia fazer e comecei a gritar.

       Fiquei cega outra vez e outra imagem apareceu. Dessa imagem já tinha mais noção
      do tempo em que tinha acontecido.

       Desta vez quem estava de pé era eu e era eu que olhava fixamente. No chão estava o
      corpo sem vida daquele jovem que anteriormente me tinha agarrado pelo braço.

       Eu simplesmente olhava para ele. Desta vez não chorava. Lembro-me que não senti
      qualquer tipo de tristeza ao vê-lo ali, morto diante do meu nariz.

       De súbito a imagem desapareceu e voltei a ver o casal que discutia. Foi então que me
      viram e começaram a andar pela rua. Não pensei muito e fui atrás deles.

        No final da rua havia um enorme caminho com árvores dos dois lados. Olhei para os
      todos os lados da rua para ver por onde haviam ido, mas aquele sítio escuro estava
      completamente vazio.

       Senti uma má sensação.

       - Isto não é normal. - Disse em voz baixa.

       Baixei-me lentamente, tirei a minha faca da bota direita e ocultei-a entre a manga do
      casaco.

       Não podia empunhá-la sem mais, podia ser falso alarme. Levantei-me e comecei a
      caminhar lentamente. O meu instinto detectava algo. Mas o quê?

       Depois de avançar um par de metros vi a rapariga no chão por detrás de uma das
      árvores. Corri sem pensar que podia ser uma armadilha.

       Sem dúvida era humana, podia senti-lo. Estava inconsciente. Tinha sangue na cara,
      parecia que tinha o nariz partido.

       Voltei a ficar cega, mas desta vez de raiva.

       - Onde estás, cobarde! - Gritei sem pensar. - Onde estás? Que se passa, só gostas das
      que choram?


     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

        Olhei à minha volta. Estava muito escuro. Tinha uma certa dificuldade em ver bem a
      larga distância.

       Caminhei alguns metros mas nem sinal dele. Até que, uns segundos depois, senti
      uma dor imensa nas costas. Virei-me e ali estava ele, diante de mim com uma navalha
      na mão. Senti-me desvanecer. Cai ao chão mas sem saber muito bem como voltei a
15    estar completamente lúcida.

       Dei-lhe um pontapé com todas as minhas forças e ele caiu sem saber muito bem
      como. Era humano, consegui senti-lo. Levantei-me com dificuldades e tirei a faca que
      continuava oculta na manga.

       Ele continuava estendido no chão agarrado a barriga.

       Revirei os olhos e entrei numa espécie de transe. Ele começou a contorcer-se no chão
      mas desta vez não por culpa das minhas botas. Sem mais, deu um grito de dor mas
      sem explicação calou-se de repente.

       Sai do transe e olhei para ele. Ali estava ele, no chão, sem vida. Tinha-lhe roubado a
      única coisa que lhe pertencia realmente: A sua triste alma.

        Estava bem guardada no punho da minha faca. De ali só para a minha caixa das
      recordações.

       Senti-me desvanecer outra vez. Cai novamente ao chão já quase sem forças. Depois
      de uns segundos e antes de perder os consegui ligar a Claire.

       - Ajuda-me! - Disse.

       - Verónica? Onde estás? Verónica? Verónica?



       Despertei lentamente. Doía-me imenso o corpo. Olhei à minha volta. Não sei bem
      quanto tempo estive inconsciente mas suponho que um par de horas. Junto á porta,
      encostada a parede estava Samantha.

       Que estava aquela coisa a fazer no meu quarto?

       - Que fazes tu aqui? - Preguei de maus modos.

       - Queria ver se morrias! - Disse com ar de gozo.

       - Não morro tão facilmente, ignorante. Sou imortal!

       - Alguma forma deve haver para acabar contigo.

       Nesse momento entrou Claire e Sheftu. Olhei com um olhar ameaçador para
      Samantha mas ela deixou escapar um pequeno sorriso.



     theunforgivensouls@hotmail.com                     http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                          Moscow Season

       - Como estás? - Perguntou Claire.

        - Dói-me imenso o corpo mas para desgraça de muita gente vou sobreviver! - E
      lancei outro olhar a Samantha. Voltei a olhar para Claire, que não entendia nada do
      que se passava. - Como me encontraste, Claire?

16
       - Não fui eu... Foi ela! - Disse apontado para Sheftu.

       - Como me encontraste?

       - Pelo bater do teu coração! Os batimentos são como as impressões digitais... não
      existem duas iguais...

       - E porque me ajudaste?

       - Não o fiz por ti… Por mim podias...

       - Não te atrevas! - Interveio Claire.

        De repente toca o meu telemóvel. Com muita dificuldade para me mexer consegui
      alcançá-lo e atendi.

       - Sei quem és! E sei o que fazes! - Exclamou uma voz do outro lado.

       - Quem és tu? Quem és tu?



       Para comentar clicar aqui

       (é necessário estar ligado à internet para seguir o url)




     theunforgivensouls@hotmail.com                     http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season


             EP3 – “Classical Beauty” by Claire Harris


        Sentada no parapeito da minha janela, olhava para o exterior. Sentia o vento a bater-
      me na cara levemente. Dentro do quarto ouvia-se uma melodia. Um pequeno rádio
      tocava música clássica. “Um violino” pensei. Mas, de repente, a minha atenção foi
17
      puxada para outra coisa. A discussão no quarto ao lado.



       ― Vives no passado, Carmen. O tempo de caçadora já lá vai... – disse uma voz, que
      conheci como sendo a minha querida Verónica.

        ― Eu sou caçadora, sempre fui e vou ser. – Outra voz retorquiu. “Carmen” – pensei
      – “Estas duas e as suas discussões…”. Voltei a por a minha atenção no vento que
      soprava lá fora e na bela vista que tinha a minha frente. Sempre fui uma amante da
      beleza. Das Artes. Da Natureza. A certa altura vi alguém sair pela porta da frente. Era
      a Carmen. “Para onde iria ela?” Pensei.

        Levantei-me rapidamente e vesti-me, já que ainda me encontrava de camisa de noite.
      Sai pela porta das traseiras e tentei segui-la. Ela foi de carro e eu a pé, mas o meu
      instinto não falhava. Não com elas. Viver com elas na mesma casa deu-me a
      oportunidade de conhecê-las. Posso, aliás, dizer que as conheço melhor do que elas
      mesmas. Ficar sentada a observá-las, noites a fim, enquanto falam, discutem,
      planeiam… dá uma ideia boa de como elas são. Como reagem, como actuam. Gestos
      valem mais que palavras. O corpo não nos engana. As palavras por outro lado…



        Segui-a e fui parar a um bar. Fiquei a olhar pela janela, somente, enquanto ela
      entrava e avaliava as pessoas no interior. Fiquei ali bastante tempo a observá-la e a
      notar as suas acções. Após umas bebidas e uns jogos ela foi com um homem para uma
      carrinha Chevrolet já bastante em mau estado. Segui-a uma vez mais, desta vez o meu
      instinto dizia que a minha ajuda seria necessária ali.

       É engraçado. Sou a mais silenciosa do grupo. Mantenho-me sempre calada, no meu
      quarto a ouvir música clássica ou no sofá a observá-las enquanto leio um bom livro,
      mas no final…

       Ouvi um grito. “Já começou” Pensei. Fiquei atenta enquanto vi o mesmo homem de
      antes a correr pelo parque. A Carmen saiu do carro, ajeitou-se e em poucos segundos
      apanhou-o. Matou-o.

       Os olhos dela. Culpa. Um dos piores sentimentos… e um dos poucos que o vampiro
      sente.

       - A Culpa é horrível… - disse-lhe calmamente.


     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season

       ― Claire…O que fazes aqui?! – Respondeu-me espantada com a minha presença.
      Mal ela sabia que a acompanhava desde o inicio da noite.

       ― Estava a passear e ouvi-te a caçar. Quando és tu, os homens gritam…

       ― A sério?! Que engraçado… - disse, sem prestar real atenção às minhas palavras.
18
      Olhou para o corpo moribundo por baixo dos seus pés e, mais uma vez, aquele olhar.

        ― Carmen, porquê que te torturas? – Aproximei-me dela. Não sou fã da
      proximidade, mas neste caso achei necessário. Também porque no final quem ficaria
      com aquele homem, a tratar dele, seria eu – Não vale a pena, aceita quem és. Deixa o
      teu passado de fora…

       ― Deixa-me em paz, se não queres ficar sem pescoço! – Gritou.

       ― Não tenho medo de ti…- Disse-lhe. Será que ela ainda não entendeu que não sinto
      medo? Medo… – E sei que não me farias mal, tu não és assim.

       Ela pegou no corpo do homem, mas impedi-a de fazer muito mais.

       ― Não! – Disse – Deixa que eu faço isso.

       ― Não sabes como se…

       ― Nem tudo tem que ser pelo fogo e pelo sal, Carmen. – Respondi serenamente – Eu
      sei uma maneira melhor de deixar a alma dele em paz.

       Deixou o corpo cair e virou-me as costas.

       ― Como queiras. – Respondeu, com um tom insatisfeito – Queres que te espere?

       Debrucei-me sobre o corpo e tirei o meu livro do saco que me acompanhava.

       ― Não. Podes ir, Carmen. Não demoro. – Respondi.

       Ela começou a afastar-se e eu fiz o que tinha a fazer. Típica cerimónia que a minha
      avó me ensinara séculos antes.

        Depois de terminada deixei o corpo do homem ali e telefonei para a polícia para que
      fossem buscar o corpo. Já não havia perigo e o homem merecia um funeral decente.

        Sai do parque e olhei para as horas. Estava na altura de ir para casa. “Casa” pensei
      “Como se a penthouse de um hotel fosse uma casa…” revirei os olhos. Após uns
      longos minutos de caminho o meu telefone tocou. Vi o nº da Verónica no ecrã e atendi
      calmamente.

       - Verónica...

       - Ajuda-me! – Respondeu o outro lado.



     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

       - Verónica? Onde estás? Verónica? Verónica? – Gritei, preocupada.

       O telefone desligou-se. Comecei a correr com todas as minhas forças para casa.
      Assim que cheguei comecei a chamar pela Sheftu.

       - Sheftu! Sheftu! – Gritei – Onde raio estás?
19
       - Estou aqui. Calma. Nunca te vi assim tão… – disse, mas não a deixei acabar.

       - Preciso da tua ajuda, agora. Não há tempo para conversas fúteis. Vem. – Contei-lhe
      o sucedido.

       - E porque razão vou ajudá-la? - Sheftu perguntou.

       - Porque eu te peço. E isso basta. – Respondi, severamente.

       Aí a Sheftu obedeceu e fez o que costuma fazer. Ela sabia o que fazia. Dois milénios
      de vida tinham de servir para algo, foi o que ela sempre disse. Através dos batimentos
      cardíacos da Verónica ela conseguiu encontrá-la. Foi complicado de início. Os
      batimentos soavam fracos. Por mais estranho que parece, a Verónica estava lá em
      casa. No quarto dela.

       Entrei a correr pelo quarto e deparei-me com a Samantha à porta, mas ignorei-a.
      Corri para o pé da Verónica:

       - Como estás?

       - Dói-me imenso o corpo mas para desgraça de muita gente vou sobreviver! –
      Respondeu-me e olhou de forma ameaçadora para a Samantha. Não entendi o que se
      passou ali, mas decidi deixar para depois as perguntas. - Como me encontraste, Claire?

       - Não fui eu... Foi ela. – Respondi, apontando para Sheftu.

       - Como me encontraste? – Questionou Verónica, ainda fraca.

       - Pelo bater do teu coração. Os batimentos são como as impressões digitais... não
      existem duas iguais... – Sheftu disse calmamente.

       – E porque me ajudaste? – Perguntou.

        - Não o fiz por ti… Por mim podias... – Foi a resposta de Sheftu mas foi
      interrompida pela minha voz.

       - Não te atrevas! – Intervim.

        Neste momento o telefone da Verónica tocou. Ela atendeu e após desligar a chamada
      ficou com um ar assustado.

        - Vamos, temos de tratar de ti. – Ignorei o facto da chamada telefónica e apenas
      levantei-a levando-a até a cozinha.


     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

        - Senta-te – ordenei. Fui até ao armário e tirei umas quantas ervas. Fiz um chá para
      ela acalmar-se.

        - Toma. Bebe. Relaxa e depois contas-me o sucedido. – Entreguei-lhe a caneca cheia.
      Ela deu um golo e olhou de lado para a Sheftu. Entendendo o seu gesto, virei-me para
      a Sheftu e disse – Sheftu, querida, faz-me um favor. Vai a esta loja – escrevi o nome
20    no papel e entreguei-o – e traz-me Alecrim, sim? Preciso dele para os vossos chás e
      infelizmente ele acabou. Obrigada.

       Depois de lhe pedir isto, ela pegou nas chaves de casa e saiu.

       - Agora – olhei para Verónica – conta-me.

       - Bem… Então foi assim… – ela respondeu. Fiquei a ouvi-la contar a sua história e o
      sucedido. Tivemos uma longa conversa até chegar a hora do jantar.

       - Alguém tem fome? – Ouviu-se uma voz na entrada. Samantha tinha entrado com
      uns sacos nas mãos – Quem gosta de comida chinesa? – Sorriu.

       - Dispenso. Obrigada. Vou para o meu quarto se não se importam, mas boa refeição.
      – Disse enquanto me ausentei. Entrei para o meu quarto, liguei a aparelhagem e voltei
      para o parapeito da minha janela.

       A cidade encontrava-se agora toda iluminada com as luzes. Olhei para o exterior,
      acompanhada por uma bela melodia composta por um piano e um doce violino.

       - O Mundo… oh belo Mundo e as tuas catástrofes. – Murmurei – Quem diria que eu,
      uma simples camponesa, viveria para ficar a viver numa penthouse de um dos
      melhores hóteis da cidade de Moscovo…

       O meu telefone tocou. Peguei e olhei para o visor “Daniel”. Atendi calmamente.

       - Boa Noite. – Disse.

       - Boa Noite meu Anjo – A outra voz disse.

       - Anjo? Não estamos simpáticos hoje? – Disse acompanhada por uma gargalhada.

        “Também ninguém diria que viveria até estar longe dele. Mas vivi. E continuarei a
      viver. Enquanto tiver a minha missão. Enquanto ela não terminar. Irei viver” – Pensei
      enquanto falava ao telefone com o Daniel, acompanhada uma vez mais pelo belo som
      clássico e a bela vista de uma cidade de beleza escondida.



       Para comentar clicar aqui

       (é necessário estar ligado à internet para seguir o url)




     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season


                  EP4 - “Before and After” by Sheftu



        Observava a minha colecção de rosas vermelhas, recordando cada momento que elas
      me faziam lembrar pelo seu aroma, apesar de milénios nunca perdiam o seu
21
      maravilhoso cheiro, muitas vezes ficava nesta sala a deambular até que me desse
      fome, mergulhada em momentos e pistas para o que procurava…

        - Sheftu! Sheftu! – Ouvi alguém gritar de algures – Onde raio estás? – Agora que
      ouvia mais de perto sabia que era Claire, mas que raio queria ela agora? Estava sempre
      tão bem no seu silêncio habitual… Decidi ir ao seu encontro para ver qual seria toda
      esta azáfama que vinha dos seus batimentos cardíacos.

       - Estou aqui. Calma. Nunca te vi assim tão…

        - Preciso da tua ajuda, agora. Não há tempo para conversas fúteis. Vem. –
      Interrompeu-me, contando-me tudo o que tinha acontecido com Verónica. Como se eu
      tivesse muito haver com o assunto…

       - E porque razão vou ajudá-la? – Pensei em dizer algo pior, para que me deixasse em
      paz, mas nem sempre quero criar guerras nesta nossa penthouse.

        - Porque eu te peço. E isso basta. – Ripostou Claire, decididamente ela não me ia
      deixar em paz enquanto não a ajudasse… Pois bem, então teria de a ajudar para que
      ela me ajudasse a calar a sua boca pelos próximos tempos...

       E seus batimentos voltarão ao normal, estava mais descansada pois sabia que eu
      sabia bem como encontra-la. Seus batimentos eram demasiado fracos, mal os
      conseguiria ouvir, caso ela não estivesse no seu próprio quarto. Típico e ridículo.
      Claire correu para junto dela, ignorando a Samantha à porta, bem que a Samantha
      podia ter dito que Verónica estava no seu quarto, assim poupava-me muitas chatices.

       - Como estás? – Questionou Claire, extremamente preocupada.

       - Dói-me imenso o corpo mas para desgraça de muita gente vou sobreviver! –
      Comunicou o seu lindo estado e fitou de forma ameaçadora a Samantha. Como era
      obvio, não podiam com a cara uma da outra. Mais valia ir-me embora, nada fazia
      aqui…

       - Como me encontraste, Claire? – Pronto, esta seria bonita de ver quando soubesse
      que eu, a maldade do universo para qualquer humano, a tinha ajudado…

        - Não fui eu... Foi ela. – Apontou para mim. A expressão de Verónica valia a pena de
      todo este momento, a sua confusão era fenomenal.

       - Como me encontraste? – Questionou Verónica, ainda fraca.


     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

       - Pelo bater do teu coração. Os batimentos são como as impressões digitais... não
      existem duas iguais... – Referi calmamente.

       – E porque me ajudaste? – Perguntou com uma enorme vontade de responder a toda
      essa confusão.

22
       - Não o fiz por ti… Por mim podias... – Estava calmamente a explicar-lhe que a
      importância da vida dela era tão grande como um grão de pó.

       - Não te atrevas! – Mais uma vez Claire exaltou-se, isto está a tornar-se animado.

        O telefone de Verónica tocou, fazendo-a atender. Enquanto se ouvia a voz de
      alguém, parecia de um homem, a expressão dela mudou drasticamente. Estes dois mil
      anos servem sempre para muita coisa, e a audição requintada é uma das mais
      interessantes.

       - Vamos, temos de tratar de ti. – Claire pegou na fraca e levou-a para a cozinha,
      decidi segui-las.

       - Senta-te – Ordenou-lhe, indo preparar um chá com umas ervas que foi buscar a um
      armário.

       - Toma. Bebe. Relaxa e depois contas-me o sucedido. – A sua expressão de
      desconfiança olhava vivamente para mim, estava a mais, sabia disso. – Sheftu,
      querida, faz-me um favor. Vai a esta loja – escreveu o nome no papel e entregou-me –
      e traz-me Alecrim, sim? Preciso dele para os vossos chás e infelizmente ele acabou.
      Obrigada.

       Eu nem abri a boca, precisava urgentemente de petiscar alguma coisa, estava farta de
      estar nesta casa de loucos… Mal tivesse o alecrim nas mãos, entregava-lhe para ir
      então tratar do meu petisco. O chá era para comadres, pouco necessitava dele com toda
      esta idade que me caia em cima… Agora os petiscos…

        Depois de ter encontrado Claire ainda a conversar com Verónica, bem mais
      recuperada, seus batimentos cardíacos quase que tomavam a sua força natural, deixei
      em cima da mesa da sala com um bilhetinho e fui-me.

        Chegava agora a hora de procurar o meu alimento, para que pudesse me divertir um
      pouco, para que pudesse deixar um pouco da minha beleza brotar daqueles olhos o
      terror brutal. Era sempre uma maravilha estes meus momentos em que saia daquela
      casa, longe daquelas supostas vampiras e bruxas… Não sei ainda a razão de me ter
      juntado aquele covil de miseráveis, acho que queria ter sempre alguém com
      conhecimentos destas áreas para que pudesse encontrar aquele que procuro. E nada
      melhor do que um par de bruxas e outro de vampiras jovens para me ajudarem a travar
      o mal com um mal melhor…




     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season

        Na verdade, podia ter sido uma dócil criatura antes de ser raptada, uma mulher com o
      único objectivo de agradar o faraó, o povo e os restantes deuses do nosso mundo. Com
      o tempo toda essa parvoíce evaporou. Apenas algumas marcas do que era ficaram, por
      vezes uma ou outra melancolia se abate sobre mim, ficando presa ao ser humano que
      já fui, ao sofrimento que cheguei a viver… Mas tudo ficaria sentenciado quando
      encontrasse aquele carrasco, o vampiro que me transformou. Não iria deixar que a sua
23
      morte permanecesse por muito tempo neste planeta, não me importava se era o meu
      salvador ou não, o que importava era que tudo ficasse como devia. Mas tudo isto me
      dava uma fome enorme de injustiça e terror, por isso chegava a hora de apanhar a
      minha vítima e tratar de lhe mostrar o inferno na terra. Escolhia sempre a minha
      refeição pelo seu batimento cardíaco, pelo cheiro que seu sangue me trazia, geralmente
      AB negativo, um cálice dos infernais deuses, loucos por resistir e permanecer a
      aguentar todas as tribulações que eu lhes impunha. Um bom brinquedo de caça…
      Facilmente captava todos aqueles que desejasse, bastava apenas que os escolhesse,
      pois o ser humano deseja a sua destruição, se aproxima de tudo o que é vil e negro,
      adora e sente-se bem ao entrar em tudo o que é misteriosamente negro.

        Minha cruz marcada na pele, prendendo-me ao meu antigo mundo, para aqueles que
      me aproximava simbolizava algo que de nada tem a ver com o que realmente é…
      Apesar de este símbolo ainda não existir na minha época, sempre vivi bem de perto a
      minha terra, tentando sempre me aproximar o máximo possível para que visse como o
      meu povo ia evoluindo. Até que fiz seu reinado cair, juntamente com aqueles que
      queriam o poder dos faraós. Tudo aquilo que a minha cruz dita, a minha vida depois da
      minha morte, a vida que tiro a toda a hora dos vis humanos, em que todo este símbolo
      era significado da virilidade dos homens, que a toda a hora vou destruindo, homens
      que se sentem acima das mulheres, odioso e nojento costume que sempre criaram
      raízes profundas em minhas vítimas. É a virilidade que sempre tiro dos homens,
      fazendo-os gemer e pedir clemência, virando pior que ratos, vendo em suas últimas
      horas a grandiosidade daquelas que sempre foram abaixo deles. Homens de nada
      servem senão alimento, se não tenham já feito alguma mulher brotar de si mais um ser
      para este mundo cada vez mais desprezível, tal como eu gosto que seja…

       Era já uma marca minha a forma como usava aqueles que me serviam de jantar, não
      sabia porquê, mas gostava de apanhar a minha presa logo pela meia-noite, deixando-a
      gemer de dor até que sentisse fome, adorava vê-los a me pedirem clemência,
      humilhando-se pela suposta vida que têm. Deixava-os numa zona deserta, para que
      pudessem tentar salvar as suas vidas (tantas e tantas as vezes) correndo para puderem
      escapar de mim, ficando assim com mais um osso partido, com o cuidado de não
      derramar muito sangue. As pulsações aceleradas aromatizavam o sangue que depois
      bebia aos poucos enquanto a minha presa me observava aterrorizada.

        O terror em seus olhos era um perfeito momento excitante, onde a minha caça se
      elevava a outro patamar… Sentia o suave deslizar de seu sangue em meu corpo,
      aquecendo a pouco e pouco, voltando para o meu doce mundo do Egipto, ficando


     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season

      entregue a uma vontade louca de sentir novamente aquela areia sobre os meus pés,
      bebendo o meu cálice eterno. Utopia da luz que não verei, de tudo o que me obrigaram
      a deixar, raptando-me, mantendo escrava a prometida ao Faraó. Depois a morte veio e
      a destruição entrou em mim, fazendo-me quem sou, destruindo todas aquelas vidas
      que me escravizaram. Ficando eu escrava às noites eternas, perdendo o dia em que
      tudo ficaria bem, a morte já veio, deixando-me aqui. Agora é a minha vez, o mal
24
      percorre todo o meu corpo, já que o ser se foi à muito…

        Mas não era qualquer pessoa que tinha o direito de sofrer em minhas mãos, tinha
      escolhas bastante selectivas, principalmente aqueles homens que eram corajosos ou
      destemidos, adorava levar as suas dores ao limite, vendo-os a tentarem a escapar com
      determinação e total agonia. Também me divertia com psicólogos, quando me apetecia
      ver a evolução desses seres medíocres, tentando arrebatar-me com as suas terapias
      totalmente ridículas, nesses fazia questão de ir mais lentamente, para que pudesse
      divertir-me com as suas conclusões, com as suas terapias, sempre sem acreditarem
      realmente no que eu era até que mostrasse a minha prova, muitas vezes ainda
      inacreditável para eles. Julgavam-se dominadores das mentes humanas,
      ridicularizavam-se a cada momento em que abriam a boca. Pequenos, inúteis e
      curiosos alimentos…

       Como uma boa coleccionadora, uso rosas brancas para colocar um pouco do néctar
      que me vai alimentando dia-a-dia, para que a rosa já vermelha, com seu sangue bem
      guardado, se junte às restantes que vou guardando na minha sala das perturbações.
      Normalmente levo o meu alimento lá, para que se inicie a grande caçada…
      Simplesmente divertido e alegremente contagiante.

        A hora de voltar à minha suposta casa era sempre um pouco chata, estavam todas
      aquelas que me davam jeito, absolutamente sem graça e sem vontade para
      participarem em meus momentos de diversão. Ainda me lembro quando ainda tentava
      juntar as restantes vampiras para uma caça animadora…

       - E que vocês pensam de uma caça para nos animar um bocado? – Nenhuma
      praticamente tinha dado muita importância ao que eu tinha dito, nada de interesse,
      nada de maldades, nada de nada.

       - Nem te atrevas a fazer-me essa pergunta de novo. – Ouvia sua voz sobre os dentes
      bem cerrados, praticamente com vergonha do que é, sentindo-se culpada pelo par de
      presas que tinha recebido. Absolutamente ridículo!

       - Eu não penso fazer um desses teus esquemas, joguinhos de terror com comida não é
      saudável. – A única que podia até se tornar uma vampira de renome, com presas
      dignas da sua espécie, nega-se perante os momentos em que podemos nos divertir um
      pouco.

       - Tudo bem, pelo menos tentei! Pronto, continuem assim.



     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

        E lá vou eu sempre fazer o meu momento com toda a minha personagem, totalmente
      aterrorizadora e solitária. Também assim a presa é mais fácil de apanhar, uma mulher
      bela e solitária faz o instinto de um homem querer tornar-se um herói! O que é óptimo,
      depois de vê-lo como uma menina a suplicar pela salvação…


25
       Era estranho, mas pareciam estar todas à minha espera… As suas expressões eram de
      estranhar, nunca as tinha visto deste jeito… Estaria algo a acontecer?

       - Temos de falar. – A seriedade de Claire era alarmante, a elegância de Samanta
      permanecia intacta até neste momento de pura pressão. Apenas os corações das bruxas
      batiam descompassadamente, se tivessem vida as restantes, também poderiam bater
      dessa forma… Mas agora não era momento para as fazer esperar…

       - Sim, já estou aqui. Qual será então esse tema de tanta tensão? – Até a minha própria
      voz adquiria um certo tom de seriedade, seria uma longa conversa, era o que temia…

        - Comecemos então. – Abriu a sessão da conversa, o tom de Verónica não me
      alegrava nem um pouco… Mas alegrava-me a ideia de terem encontrado alguma pista
      sobre o meu passado, que pudesse finalmente matar aquele estupor. Essa era uma ideia
      que não lhes agradava nem um pouco… Não que tivessem alguma coisa a ver com o
      assunto.



       Para comentar clicar aqui

       (é necessário estar ligado à internet para seguir o url)




     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season


             EP5 - "How Was That Guy" - By Samantha


       Já estou farta de ouvir aquelas duas a discutir por uma matar e achar que é horrível,
      um ser desprezível só porque era caçadora na sua vida humana. E a outra ainda a
      provoca chamando-a de monstro… Ridículo.
26

        Só gostava de saber porque raio apenas eu não me lembro de quem era na outra vida.
      Seria assim tão incompleta? Não sei quem fui, quem me transformou. Se eu o queria
      ou não esta… Amostra de vida. Bom, não me posso totalmente queixa, tenho o que o
      que qualquer comum mortal deseja. Beleza, uma espécie de saúde, riqueza e homens.
      Os homens, hum, esses caem-me aos pés. Idiotas e patéticos, tão superficiais. Basta
      lhes dar um arzinho do que eles desejam e até lambem o chão que eu piso. – Riu para
      si mesma ao ter essa ideia, ao se recordar.

        Verónica que passava, olhou-a com desdém. E a resposta que obteve foi “Mete-te na
      tua morte!”.

       Sempre a meterem-se nos meus assuntos. Ou sou eu que estou a ficar impaciente e
      implicante? Desde que Ele apareceu na minha vida, que simplesmente não me sai da
      mente. Tamanha beleza, tanto deslumbrante e esplendor, tão… Estupidamente caótico.
      Nunca tinha encontrado ninguém assim.

        Não!!! Mas porquê? Se eu posso ter qualquer um que seja, porém só Ele me põem
      em êxtase. O vampiro mais estonteante que eu alguma vez tenha visto. Meu
      irrepreensível Louis Olive Russian.



       Foi naquela noite, a 13 de Maio de 1987 que o conheci, por puro acaso.

       Andava a caçar e parei num bar chamado Dixon, onde se faziam as típicas matines.
      Estava a procura da minha presa, afinal tinha que escolher bem.

       Já tinha tudo mais que visto e ao fim de 3 copos de whisky, achei que ali não tinha
      nada de interessante.

        Foi então que ele apareceu, vindo do nada. Fiquei extasiada a olhar para tamanho ser.
      Seu cabelo cor de ouro, o perfeito sorriso, a pele doce, delicada e intocável. O corpo
      de uma tal elegância que poderia desnortear os corações mais fracos… Isto, se eu
      tivesse coração. Sua face impecável, como a de um anjo. Um anjo negro. Era
      petrificante e ele notou o meu interesse de imediato. Enquanto se aproximava percebi
      que não se tratava de um humano mas sim de um outro igual a mim. Como não tinha
      percebido logo?




     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

       Também ele deve ter logo notado o mesmo. Sentou-se numa mesa afastado de mim
      porém, olhava-me tão fixamente como se seus olhos cor de mel me fossem absorver a
      qualquer momento.

        Não me contive, fui ao encontro do estranho, queria saber porque me deixava tão
      intrigada. Não era a primeira vez que encontrava outros como eu.
27
       Aproximei-me e fiz sinal para saber se me podia sentar na sua mesa, ele anuiu e eu
      sentei-me a sua frente.

       Ficámos muito tempo a olhar um para o outro sem dizer uma palavra. Apenas a olhar
      cada um com o seu copo.

       Muitos olhos se colocaram em nós…



        - Se não vais falar porque vieste para aqui? – Olhou-me como se me estivesse a
      tentar avaliar.

       Demorei alguns minutos a responder.

       - Não sei bem. A tua presença, - hesitei até encontrar a palavra certa - Intrigaste-me.
      A propósito sou Samantha Saint.

       - Prazer – Sorriu para mim – Louis Russian. Porque te intrigo? Nunca tinhas
      encontrado nenhum… Hum… - Baixou o seu tom de voz ainda mais – Vampiro? -
      Sorriu com um ar irónico.

       - Sim já como é óbvio, não tenho culpa de tu seres extremamente desejável. Se fosses
      humano não te deixaria escapar por nada.

       Soltou uma gargalhada surpreendentemente perfeita antes de me dizer, - Posso dizer
      o mesmo.



       Num sussurro disse:

       - Dançamos? É que já está tudo a olhar para nós… Convém passarmos
      despercebidos.

       Lançou-me um olhar tão profundo que não fui capaz de dizer que não.

       Agarrou-me na cintura e prendeu-me de tal forma que quase fiquei sem fôlego. Sua
      mão tocou a minha face e dançamos. Dançamos durante horas, ou pelo menos foi o
      que me pareceu.

       Esse foi o melhor dia da minha eternidade…



     theunforgivensouls@hotmail.com                     http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season




        Maldita confusão daquelas duas, perturbaram os meus pensamentos, e como eles
      podem ser tão agradáveis, mas finalmente elas acabaram. Como é realmente
      insuportável viver com quatro mulheres? Acho que as posso chamar assim.

28
       É melhor chamar aquelas duas para caçar, I NEED A FUCKING CAR! Depois de a
      Verónica ter tido um acesso de raiva e ter destruiu o meu maravilhoso, o meu
      Mercedes SLK 220. Para a próxima mato-a, disso ela pode ter a certeza! Mas logo
      para meu azar ela tinha que ficar naquele estado… Só mesmo comigo.

        - Carmen, alguma de vocês vai caçar? Sabem bem que não posso ir a pé, dá
      demasiado nas vistas pelo modo como eu o faço e… Cairia um pouco mal – Sorri num
      tom amargo.

       -Não sei bem se será uma boa ideia… Carmen parece mal disposta, duvido que ela te
      empreste o dela…

       - Por isso mesmo é que estou a pedir boleia e não o carro!

       - Pois, tens que perguntar, acho…

       Interrompia a meio da frase. – Olha, esquece OK? Eu vou a pé! Farta de aturar as
      vossas birras!



       Deprimente. Agora toda esta conversa que tenho de contar vai se brilhante! Sheftu e
      o passado dela. Então e eu? Em que é que fico?



       Para comentar clicar aqui

       (é necessário estar ligado à internet para seguir o url)




     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season


                       EP6 - "I Feel You" by Carmen


        Passado o choque inicial de o ver a minha frente, tentei ataca-lo com a minha estaca
      de madeira mas, ele fora mais rápido e atirou-a para longe. A seguir, segurou-me pelo
      pescoço e elevou-me a uns vinte centímetros do chão, para que ficasse da mesma
29
      altura que ele.

       ― Isso não foi bonito, Carmenzita! – Disse o meu Criador, com aquela voz suave e
      sensual com o seu sotaque francês escondido debaixo do seu espanhol. ― Aiii esse
      olhar…que ódio me tens. Os teus olhos deitam faíscas. Fascinante!

       De facto devia estar mesmo com um ar de ódio na cara, só me apetecia espetar uma
      estaca no local onde este idiota tivera um coração.

       ― Eu odeio vampiros!

        ― Oh eu sei…- Deixou-me cair ao chão com força, para depois voltar a levantar-me
      e agarrar-me pelo pescoço. ― Eu noto pelo teu fio…

       Ao pescoço eu tinha um fio que ele tocou. Tinha pequenas bolas com um símbolo
      diferente gravado, contava para cada vampiro que já tinha morto. Ao todo eram 24
      bolas de prata.

       ― Vais ser o próximo! – Ameacei. ― A minha jóia da coroa. Uma bela bola
      vermelha mesmo no meio, símbolo do teu sangue…

       Ele aproximou a sua cara da minha, conseguia sentir o seu nariz frio contra a minha
      pele e a sua boca próxima da minha. Com força arrancou o fio do meu pescoço e
      segurou-o com a mão direita, observou as bolinhas de prata e suspirou.

        ― Meus irmãos…- Lamentou. Atirou o fio para longe e olhou para mim. Agora eu
      tinha medo. Sem o meu fio, o meu pescoço estava a descoberto e ele podia aproveitar-
      se. Comecei a sentir o pânico a crescer-me no peito e ele tambem sentiu. Abriu os seus
      olhos de um azul estupidamente cativante.

       ― Fascinante, como passou de uma fúria mortal para…medo. Medo? Não, um terror
      absurdo!

       ― Não tenho medo de ti, presas!

       Ainda cuspi para a sua cara mostrando não ter medo, mesmo que o batimento do meu
      coração me denunciasse por completo. Estava aterrorizada mas, não disposta a morrer
      sem dar luta.




     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

        Ele limpou o cuspo da cara, e empurrou-me contra a parede com toda a força, depois
      fui levantada no ar e atirada através da sala. Embati na outra parede, para depois cair
      no chão com força. Senti a dor a alastrar-se pelas costas, pela barriga e pela cabeça.

       Ele virou-se para mim com aquele porte elegante e sorriu mostrando uma dentadura
      branquíssima com as presas de fora.
30
       ― Vais sentir medo, Carmenzita. Muito medo!



        Mas que raio! Porquê que eu teimava em viajar para o passado quando o passado
      nada ajudava! Dei comigo em frente a porta do hotel, sem me lembrar de como
      cheguei até ali. Sei, que viera a conduzir isso, é certo mas, parece que todo o caminho
      fora feito num estado de inconsciência enquanto eu recordava o passado. Deixei cair a
      cabeça no volante, estava cansada daquilo, daqueles flashbacks dolorosos que só me
      faziam sentir vergonha por não ter lutado mais…

        Passei os dedos pela minha flor-de-lis. Havia derretido as minhas 24 bolas de prata,
      sinais da minha conquista, e tinha-lhes dado uma nova forma. Uma flor-de-lis que
      levava sempre ao pescoço, era uma maneira de manter quem eu era.

       Bateram no vidro e eu assustei-me um jovem apareceu do lado de fora do carro, com
      um sorriso. Abriu-me a porta e eu saí, entregando-lhe a chave, sem grandes conversas.
      Parei a porta do hotel apreciando a neve que caía como uma chuva de esferovite,
      estendi a mão e deixei uns flocos caírem-me na palma. Adorava a neve, em Madrid
      não nevava, por isso adorava ir a Moscovo, já lá tinha passado imenso tempo enquanto
      vampira nómada então me fartava daquela neve.

        Atravessei a porta giratória, cumprimentando o porteiro e as meninas ao balcão,
      sempre muito simpáticas e bonitas. Passei por alguns socialites que partilharam o seu
      olhar de desprezo pela minha pessoa, olharam-me de soslaio. Ser mais jovem e mais
      rica do que eles era uma ofensa. Principalmente, para as mulheres, que viam os olhares
      dos maridos sempre que uma de nós passava.

       Inveja, um sentimento mesmo muito feio.

       Carreguei no botão para chamar o elevador e lá, esperei.

       ― Menina Montenegro! – Reconheci logo a voz sem ter de virar-me. Quem mais
      senão o Concierge do hotel. ― Menina Montenegro!

       O homem era chato, irritante e sempre a tentar agradar. Já tinha passado pela cabeça
      de todas arrancar-lhe o coração mas, daria muito trabalho.

        Não me virei sequer, continuei a observar a porta de elevador, que parecia ser mais
      interessante…



     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season

       Faltavam três andares para o elevador chegar.

       ― Menina Montenegro! – Ouvi os seus passos aproximarem-se e ficou ao meu lado,
      com o seu perfume enjoativo. ― Boa noite, como está?

       ― Bem…
31
       ― E as suas irmãs?

       Faltavam dois andares.

        Sim, ao olho humano nós éramos irmãs. Irmãs! Três eram estupidamente pálidas e
      frias, enquanto as outras duas pareciam ser de outro mundo, pela maneira estranha
      como se movimentavam. Sim, irmãs! Sem contar com a diferença física; uma loira,
      outra morena, uma ruiva, uma de olhos azuis, outra de olhos pretos. Sim, Irmãs!

       ― Estão todas óptimas.

       Faltava apenas um andar.

       ― Menina Montenegro…- Estava a farta-me daquela voz. ― Posso perguntar-lhe
      uma coisa?

       Raios, o elevador parara mesmo no ultimo andar!

       ― Sim, Sr. Dubois?

       ― Porque não deixa a nossa equipa de limpeza entrar na penthouse? Temos a melhor
      equipa de limpeza, todas as nossas empregadas são óptimas funcionárias! E a equipa e
      manutenção do hotel é cinco estrelas! Se tem medo que alguma coisa seja roubada,
      pode deixa-las no cofre enquanto é efectuada a limpeza…

       O som mais maravilhoso invadiu os meus ouvidos. O elevador tinha chegado e as
      portas estavam abertas a espera para me levarem daquela conversa idiota.

       ― Não, Sr. Dubois. – Disse interrompendo-o. Entrei no compartimento. ― Acredite,
      não precisamos de funcionários de limpeza lá em cima…

       ― Porquê?

       Porque da última vez, a Samantha matou um belo rapaz que limpava as janelas e a
      Sheftu queria brincar aos aperitivos com o homem que vinha arranjar o ar
      condicionado.

       ― Porque não!

       A porta fechou-se e eu subi.




     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season

       Assim que o elevador parou na penthouse, entrei em pleno ambiente tenso, conseguia
      distinguir as vozes de Verónica e de Claire em conversa sussurrada. O assunto parecia
      mortalmente sério.

        Fiquei parada junto a porta a ver se conseguia ver alguma coisa mas, elas não bruxas
      a toa!
32
        ― Não sabias, que é feio ouvir atrás das portas, Carmen? – Perguntou Verónica com
      toda a sua pose e circunstância. Empurrei a porta e entrei.

       ― Já passei o tempo para ser politicamente correcta, Verónica.

       Verónica ergueu a sobrancelha e virou-me a cara, trocou olhares com Claire. Ás
      vezes parecia-me que as duas tinham uma espécie de poder, em que podiam falar por
      pensamento…era estranho!

       ― Como é que chegaste a casa tão depressa? – Perguntou olhando para Claire,
      enquanto tirava o casaco e metia as chaves em cima da mesa.

       ― Vim a pé…

       ― Hum…- Disse eu. Porquê que tinha a impressão que se tinha passado mais do que
      uma simples noite? ― Passou-se alguma coisa enquanto estive a caçar?

        As duas trocaram olhares e aí eu vi, Verónica mexeu-se demais, parecia nervosa com
      alguma coisa e Claire, fez o que pode para parecer normal, mostrando-me um sorriso.

       ― Não, tudo bem. Tirando a Sheftu que está de mau humor e a Samantha que está
      sempre a chatear…

       O meu sentido de caçadora, dizia que havia ali qualquer coisa mas, não forcei. Olhei
      para a minha camisa branca suja de sangue, tinha de mudar de roupa.

       ― Bem, vou trocar de roupa…

        Elas não pareceram minimamente preocupadas com o facto de me ausentar, pelo
      contrário, ainda nem tinha chegado a meio do corredor quando ouvi Verónica e Claire
      a sussurrar.

       ― Verónica, ela pode ajudar-te…

       ― Não!

       ― Ela pode descobrir quem anda a telefonar-te e o que te aconteceu! Já que ninguém
      viu…

       ― Nem pensar, que vou pedir ajuda aquela miserável! – Pela sombra vi que estava
      de pé. ― Este assunto é meu, e eu vou saber quem é. Ninguém se mete comigo e fica
      assim…


     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season

       Sorri para mim mesma, tinha de admitir: Verónica era impossível as vezes mas, tinha
      espírito guerreiro e era lutadora, talvez ao seu passado.




33
       Subi as escadas que davam para o meu quarto; Tinha costado os olhos da cara
      encontrar uma penthouse grande o suficiente para todas nós, mas, assim que vimos
      esta todas concordamos. O meu quarto ficava algures lá em cima, mesmo ao fim do
      corredor. Tinha sido ainda mais caro, decorar o quarto de acordo com o gosto de cada
      uma, queríamos que fosse o mais parecido com um lar possível.

        Entrei no meu quarto ás escuras e acendi a luz. O meu quarto estava todo decorado
      em tom vermelho, com uma grande cama de casal, uma secretária com um
      computador, um enorme guarda fato – sim, todas tínhamos uma extensão enorme de
      roupas e sapatos. Não é por sermos vampiras que deixamos de ser mulheres! – e casa
      de banho, podia dizer-se que era o mais pequeno, o maior quarto e o mais afastado
      ficara para Samantha, ninguém queria ouvir o que ela fazia com as suas “visitas”

        Sentei-me na minha cama, tirei o meu casaco e atirei-me para cima da cadeira.
      Peguei no cabelo e enrolei-o numa cebola, subitamente, lembrei-me daquele vulto
      enquanto caçava. Precisava de me concentrar se queria saber quem me seguia. Ainda
      me lembrava da silhueta daquela sombra atrás da árvore; Era um homem, isso era
      certo, e parecia ser forte e musculado. Como tinha o raio de um capuz na cabeça, não
      pude ver a cara mas, apenas um pouco dos seus lábios rosados. Parecia ser forte e
      tinha as pernas um bocado arqueadas. As suas mãos estavam dentro dos bolsos,
      enquanto olhava para mim, como se tentasse esconder-se o máximo possível, então ele
      sabia que eu o conhecia…

       Mas, o que mais picava debaixo da minha pele era aquele cheiro. Com tantos anos de
      experiência, o meu olfacto tinha-se tornado muito apurado, assim como a minha
      memória olfactiva. Eu conhecia aquele cheiro mas, da onde?!

       Fechei os olhos e recordei a mistura de aromas que senti, ao ver aquela sombra:
      Carvalho, terra molhada, madeira, cabedal…

        Meti as mãos em volta do nariz, como se tentasse conservar o aroma e novamente,
      aquela sensação de que conhecia aquilo e que o nome estava mesmo debaixo da minha
      língua.

       ― Quem és?

        Num momento, breve mas de grande impacto, viajei para uma floresta, a minha
      frente estava uma pequena casa de madeira, eu olhava fixamente para aquela casa e
      sentia um turbilhão de emoções. Queria algo daquela casa…



     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                          Moscow Season

       A memória desvaneceu-se rapidamente, e abri os olhos. Estava de novo no meu
      quarto.

       ― Raios!

       Num momento de irritação, levantei-me e derrubei a cadeira. Detestava aquela
34
      sensação.

       Saí do quarto praticamente a voar, irritada comigo mesma, por não me lembrar.
      Desci as escadas e ao virar, para a sala tropecei nuns sacos de comida, fiquei com as
      calças sujas de um molho cor de laranja.

       ― Mas que…Que porcaria é esta!?

       O molho tinha um cheiro horrível, ou era simplesmente a minha adversão a comida
      que falava.

       ― É comida chinesa! – Exclamou Samantha ao fundo corredor com um ar super
      natural. ― Quis comprar.

       ― Para quem? Nós não comemos!

       ― A Claire e a Verónica comem!

       ― Mas não comem comida chinesa, Samantha! – Abri o saco e o cheiro enjoou-me.
      Aquilo era horrível! Mas, reconheci algumas iguarias caras, muito caras! Larguei o
      saco e observei o pescoço de Samantha onde brilhava um colar muito caro ― Onde
      compraste isso?


       Ela afagou as pedras ao pescoço.

       ― Numa joalharia aqui perto. É lindo, não é?

       ― E caro! – Passei por cima do saco de papel. – Não podemos fazer gastos
      desnecessários! Temos que manter-nos o mais discretas possível…

       ― Discretas?! Não sei se reparas mas, estamos numa penthouse num dos melhores
      hotéis do mundo e tu conduzes um Mustang feito por encomenda! Como queres ser
      discreta?!

       Ouvi passos atrás de mim e reconheci o cheiro de Verónica e Claire, sempre juntas.
      No cimo das escadas, entre nós as duas, apareceu Sheftu com um brilho nos olhos.

       ― Não quero saber! Vais devolver essa jóia e esta comida horrível.

       ― Não! – O olhar de Samantha era de desafio. ― Lá porque tu não aceitas quem tu
      és, não significa que tenha de fazer o mesmo!



     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

        Quase voei na sua direcção de Samantha. Estava mesmo perto, só algo preenchia o
      espaço e era Claire que me agarrava os ombros. Vi Sheftu a descer uns degraus
      tambem e senti Verónica mais perto, as duas prontas a intervir caso acontecesse o pior.

        Samantha não tinha arredado o pé, quando me viu a avançar mas vi, um laivo de
      susto quando me viu tão perto, tão rápido. Se eu a atacasse, por ser mais velha e mais
35    forte, tê-la-ia magoado muito seriamente, senão morto.

       Sentia as mãos de Claire a empurrarem-me para trás

       ― Carmen, por favor…

       Não sei porquê, talvez fosse aquela coisa…aquela sensação esquisita de ser Claire a
      pedir que me afastasse, que acabei por faze-lo. Recuei alguns passos mas, Verónica e
      Sheftu mantinham-se por perto. Ia voltar para o quarto, quando chutei o saco de
      comida chinesa na direcção de Samantha, sujando-lhe o vestido roxo que trazia. Sheftu
      sorriu muito levemente, senti Verónica a conter uma gargalhada e, também me
      pareceu ver um laivo de divertimento nos olhos de Claire.

       ― Sua cabra! – Gritou Samantha avançando para mim, quase atropelando Claire que
      estava no seu caminho.

       ― Samantha! – A voz de Sheftu fez-se ouvir forte e Samantha parou. ― Já chega!
      Vai trocar de roupa, e limpa esta porcaria.

       Samantha virou-se para com um ar de ofensa mas, Sheftu era a mais velha, logo uma
      ordem dela tinha que ser respeitada.

       ― Mas…

       As duas trocaram olhares, até que Samantha desapareceu rogando pragas a toda a
      gente.

        ― O mesmo vale para ti Carmen, vai mudar de roupa. – Olhou para a minha camisa
      branca manchada de sangue, para depois voltar a subir as escadas, pouco tempo depois
      a sua porta bateu. Verónica e Claire, ambas olharam para mim surpresas, mas logo
      retiraram-se para o seu mundinho em silêncio e fiquei no corredor, até subir outra vez.



       Dirigi-me para a minha janela, abri os vidros e meti a cabeça de fora. Passei os olhos
      pela cidade de Moscovo coberta pela neve e agora, quase deserta a medida que a noite
      se arrastava. De vez em quando passava um ou outro carro, ou uma pessoa. Adorava
      Moscovo, simplesmente adorava. A escolha dos nossos itinerários, estava ao cabo de
      Verónica e Claire, elas com os seus poderes, levavam-nos por ai. O que era bom!
      Admito, elas têm bom gosto para escolher locais perfeitos mas, Moscovo…não
      sei…era algo que simplesmente, fascinava na cidade. Uma cidade na qual nunca tinha



     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                           Moscow Season

      posto os pés até ter sido vampira, no entanto, a adoração era tanta que levava a crer
      que numa outra vida, tinha andado por aqui.

        Passeei olhar pelas ruas, vi um casal apaixonado a andar de mãos dadas. Um grupo
      de jovens a sair para a noite. Passou um carro com música aos altos berros. Guardas
      policiais a fazer as suas rondas com passo lento e olhar atento. Fechei os olhos
36    devorando o frio, que não me atingia, e apreciando a noite minha amiga, aquilo era
      tudo! Puro silencio e beleza.

        Mas, algo fez com que eu abri-se os olhos e prende-se o olhar debaixo de um
      candeeiro de rua. Até que reparei num homem. Devia estar na casa dos 30 anos, de
      cabelo castanho claro e um porte magnífico. Estava encostado ao poste, com as mãos
      nos bolsos e a perna cruzada, numa pose casual. Trazia um casaco de cabedal castanho
      e umas calças de ganga já gastas e…olhava directamente para mim.

       A brisa gelada, trouxe-me o cheiro que logo reconheci. Era ele quem me observara a
      momentos. Era sim! Quando reparou que eu o reconhecera, ele endireitou-se e pareceu
      olhar-me com mais frieza.

        Num impulso saí do quarto a correr. Estava disposta a saber quem era este homem
      que me perseguia! Saltei o lance de escadas que me levava ao corredor, caindo mesmo
      a frente de Claire, com facilidade.

       ― Hey…

        Não lhe deixei acabar a pergunta ou o que se seja que fosse dizer, desatei a correr
      corredor fora, passando pela sala que estava ocupada por Verónica. Abri a porta e, ao
      invés de chamar o elevador abri a porta das escadas de emergência e saltei lá para
      baixo, num total de 15 andares, caindo com agilidade. Abri a porta de emergência e
      corri até a entrada, passando pelo porteiro que ficou a olhar para mim espantando com
      a velocidade...ou será da minha camisa manchada de sangue?

       Virei a esquerda, e segui para a rua de onde tinha vista mas, não vi ninguém. Estava
      deserta. Apenas a neve, e o candeeiro solitário ocupavam aquela zona. Não se via
      polícias, nem casais apaixonados ou jovens embriagados. Nada

       Ele tinha desaparecido outra vez.

        Aproximei-me do candeeiro onde ele esteve e cheirei profundamente. Estava
      impregnado com o seu aroma mas, parecia acabar ali. Seja o que for que usava, tapou-
      lhe o cheiro e não podia segui-lo.

        Olhei em volta tentando ver alguém mas, apenas encontrei a rua deserta e cheia de
      neve. Voltei-me para o candeeiro e vi um papel ali pendurado, tinha sido colado com
      fita cola e por cima dele tinha sido deixado um pedaço de tronco. Cheirei, e reconheci,
      era o pedaço de um carvalho. Abri o pequeno bilhete com força e ao ler o que estava
      ali escrito, fiquei tensa.


     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season

       No papel lia-se: “Eu disse que te encontrava…”



       Para comentar clicar aqui

       (é necessário estar ligado à internet para seguir o url)
37




     theunforgivensouls@hotmail.com                     http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                              Moscow Season


                 EP7 - "Lies and the truth" by Veronica


       Passaram um par de horas desde que tudo aconteceu...

        Ainda estou um pouco confusa. Não tenho nada muito claro e sinto-me como se
38    tivesse-se de mãos e pés atados.

       Decidi ir falar um pouco com a Claire, para ver se as minhas ideias ficavam um
      pouco mais organizadas.

       Claire estava na cozinha. Entrei e sentei-me numa das cadeiras.

       - Claire...

       - Já sei, precisas falar comigo...

       - Que tens? - preguntei desconfiada.

       - Nada, esquece... Parvoíces! - Disse ela num tom mais leve.

       - Preciso saber o que aconteceu. Sabes bem o que temos entre mãos... Sabes bem
      quem sou... - Disse com ar mais sério que o normal.

       - Tu já não és a mesma. Tu mudaste muito neste ultimo século... Não podes...

       - Shiuu! - Exclamei. - Não sabias, que é feio ouvir atrás das portas, Carmen?

       Carmen empurro a porta e entrou.

       - Já passei o tempo para ser politicamente correcta, Verónica.

       Ergui a sobrancelha e virei a cara. Troquei um par de olhar com a Claire e ela
      entendeu que mais tarde continuavamos.

       - Como é que chegaste tão depressa a casa? - Preguntou Carmen a Claire.

       - Vim a pé... - Respondeu-lhe Claire.

       - Hum... Passou-se alguma coisa enquanto estive a caçar?

        Eu e Claire trocamos olhares. Comecei a ficar nervosa. Ou melhor fiquei mais do que
      já estava. Mas Estava Claire para salvar a situação, mostrou um sorriso e respondeu-
      lhe tranquilamente.

       - Não, tudo bem. Tirando a Sheftu que está de mau humor e a Samantha que está
      sempre a chatear…

       Apesar de ter parecido que a vampira não ficou lá muito convencida, eu fiquei mais
      descansada.


     theunforgivensouls@hotmail.com                         http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

       - Bem, vou trocar de roupa… - Disse Carmen e saiu pela porta.

       Aguardamos silencio por uns segundo. Mas...

       - Verónica, ela pode ajudar-te…

       - Não!
39
       - Ela pode descobrir quem anda a telefonar-te e o que te aconteceu! Já que ninguém
      viu…

       - Nem pensar, que vou pedir ajuda aquela miserável! – Disse levantando-me de um
      salto ― Este assunto é meu, e eu vou saber quem é. Ninguém se mete comigo e fica
      assim…

        Sai da cozinha zangada com a situação e com o facto de não poder fazer nada. Fui
      até a sala que por sorte esta vazia e sentei-me num enorme cadeirão que havia junto a
      uma das janelas.

       Ainda me sentia meio débil com tudo o que me tinha passado mas graças a Claire
      estava a recuperar bem.

       Olhei pela janela ainda um pouco zangada mas algo aconteceu. A imagem de
      Moscovo desapareceu e apareceu outra bem diferente.

       Desta vez não via desde fora.

       Na minha frente só conseguia ver uma perna que balanceavam no ar. Eu encontrava-
      me de joelhos e estava com o meu punhal na mão direita. Tinha as mãos cobertas de
      sangue assim como toda a minha vida.

       De repente voltei a ver Moscovo. Até que...

       - Não podemos fazer gastos desnecessários! Temos que manter-nos o mais discretas
      possível…

       Era a voz de Carmen. Mas porque gritava? E com quem? Levantei-me rápidamente e
      corri até ao corredor.

       ― Discretas?! Não sei se reparas mas, estamos numa penthouse num dos melhores
      hotéis do mundo e tu conduzes um Mustang feito por encomenda! Como queres ser
      discreta?!

       Aproximei-me de Carmen e atrás de mim apareceu Claire. Entre aquelas duas
      apareceu também Sheftu.

       - Não quero saber! Vais devolver essa jóia e esta comida horrível.

       Olhei para o chão onde estavam uns sacos virados ao contrário.



     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

       - Não! – O olhar de Samantha era de desafio. ― Lá porque tu não aceitas quem tu és,
      não significa que tenha de fazer o mesmo!

        Senti que Carmen ia aniquilar a Samantha e aproximei-me um pouco mais. Sheftu e
      Claire também sentiram, mas como eu Sheftu simplesmente se aproximou, já Claire e
      também devido há maior confiança com Carmen aproximou-se e agarrou-a pelo
40    ombro tentando impedir que algo passasse.

       Samantha nem se mexeu quando viu Carmen avançar na sua direcçãomas todas nós
      sentimos a panico que sentiu quando a viu tão perto.

       - Carmen, por favor… - Pedia Claire enquanto a empurrava para trás.

       Carmen virando-se de repente deu um pontapé no saco da comida na direcção da
      Samantha. O saco levantou voo e caiu mesmo no vestido roxo que aquela vampira mal
      criada trazia vestido.

       Sheftu sorriu muito levemente, mas eu tive de conter uma forte gargalhada. Todas
      nós nos tinhamos divertido com a cena em que a palhaça era Samantha.

       - Sua cabra! – Gritou Samantha avançando direito a Carmen, quase atropelando
      Claire que estava no seu caminho.

        - Samantha! – A voz de Sheftu fez-se ouvir forte ― Já chega! Vai trocar de roupa, e
      limpa                                  esta                                 porcaria.
      Samantha virou-se para com um ar de ofensa mas, Sheftu era a mais velha, logo uma
      ordem           dela           tinha           que          ser           respeitada.
      -                                                                             Mas…
      As duas trocaram olhares, até que Samantha desapareceu rogando pragas a toda a
      gente.
      - O mesmo vale para ti Carmen, vai mudar de roupa.

       No momento em que Sheftu decidiu, acabou-se por completo o circo.

       Decidi que tinha que dar uma volta. Aquele sitio era uma loucura.

       Chamei o elevador e....

       Despertei 1h depois à por da penhouse. A minha roupa e as minhas mãos estavam
      cobertas de sangue.

       Oh não! Voltava a ver aquela cena. Que foi o que eu fiz?

       Entrei na penhouse. Na sala estava Samantha. Olhou fixamente para mim e deu um
      valente grito.

       - Uhhh! Parece que a bruxinha se ando a divertir....

       Rapidamente apareceram as outras tres que estavam cada uma em seu quarto.


     theunforgivensouls@hotmail.com                     http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

       Todas olham seriamente mas apenas Claire se preocupou.

       - Que aconteceu, Verónica?

       - Não sei Claire! - Disse com um ar assustado. - Juro-te que não sei....

       Nesse momento tocou o meu telemóvel. Ouvi do outro lado.
41
       - Eu avisei-te que nunca me esquecerias...

       Para comentar clicar aqui

       (é necessário estar ligado à internet para seguir o url)




     theunforgivensouls@hotmail.com                     http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season


                   EP8 - "Die Darling Die!" by Sheftu


        Meus pensamentos estavam entregues a todas as habituais lamúrias de sempre.
      Conseguia ser a mais terrível, até para mim. Essa era a única vez que podia ser mais
      leve, mas não!
42

       ― Carmen, por favor… - Ouvia a voz de Claire ao longe... Não acredito, mais uma
      parva duma briga. Carmen se afastou com o pedido, voltando para o seu quarto.

       Então ela não estava o suficientemente contente com o sucedido, rapidamente se
      virou para atirar o saco à cara dela. Uma coisa digna de Óscares! O melhor prémio
      para a ridicularidade humana. Fosse ela humana, pobre vampira. Mas sempre era algo
      bem digno de se ver... Sorri ao pensar nisso, sempre poderia desencadear uma guerra
      entre elas eterna para ver quem se tornava numa vampira de realidade.

       ― Sua cabra! – Gritou Samantha avançando para Carmen, quase atropelando Claire
      que estava no caminho.

        ― Samantha! – Já chegava de parvoíce por hoje, tinha que procurar indícios da
      minha irmã. Samantha parou a poucos metros do seu alvo. ― Já chega! Vai trocar de
      roupa, e limpa esta porcaria.

       Samantha virou-se para mim com um ar de ofensa, ela que não me enervasse muito
      ou talvez fosse a ultima hora dela por aqui. Criancices!

       ― Mas…

       Ela olhou para mim, eu ligeiramente a matei com o meu olhar, que tentasse se opor!
      Até me divertiria.

        ― O mesmo vale para ti Carmen, vai mudar de roupa.- E estava esta estupidez toda
      resolvida. Não tinha tempo nem paciência para isto hoje!

        Talvez este seja o dia em que nunca irei esquecer, sinto isso naquilo que nunca
      realmente esqueci. Tudo isto apenas por uma batida cardíaca que já não ouvia há
      muito tempo… Milénios e milénios de procuras alucinantes, finalmente a hora tinha
      chegado.

       Sempre procurava aquele batimento, que tão diferente era dos restantes, ao longo dos
      milénios que tento encontrá-lo, este ser meio vivo, tentar saber onde poderia estar.
      Assim, também encontrarei aquele que me criou, destruirei cada parte dele sem
      qualquer pudor depois de conseguir a força necessária.

       Tantos anos de procuras, tantos momentos fracassados, perdendo a esperança de os
      encontrar e agora estavam demasiado perto, deixaram que eu os encontrasse… Era




     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

      uma armadilha, sabia bem disso, mas era talvez a única hipótese em que podia enterrar
      todo o passado de uma vez por todas.

       Tudo começava com uma maldita carta, seu cheiro a cemitério já me dizia quem
      seria aquele que ma tinha enviado, apenas o meu Criador poderia estar num local
      desses, era o seu fetiche pessoal, viver no único lugar onde ninguém esperava. Eu
43    devia de ter calculado que ele estaria num lugar como esse, só para ver se me dava
      medo. Ele era ridículo. Ninguém sabia que a carta tinha sido escrita com uma tinta
      especial, a tinta que minha família tinha feito, aquela mesma tinta que tinha acabado
      quando o meu pai tinha morrido, deixando a minha mãe apenas comigo. Era odioso,
      mas a verdade é que meu pai tinha sido morto pelo meu criador, tudo com um
      propósito óbvio: criar a descendência, usando a minha mãe. Estive ao lado da minha
      mãe a todo o momento, vendo a evolução da criança maldita em seu ventre, vendo a
      sua morte por causa dessa criança que lhe consumia as entranhas, eliminando toda e
      qualquer família que tivesse…

       Seres desses eram bem conhecidos no Egipto, eram como a pior maldição que
      poderia existir. Eles iriam descobri-la e matá-la, era a minha única família na altura,
      por isso fugi mal ela nasceu… Deixando o corpo morto da minha mãe para trás,
      deixando toda a minha vida para trás, tudo por manter a única família que tinha viva.
      Simplesmente ridículo!

        Fomos apanhados a meio do deserto por um grupo de nómadas, não conheciam os
      costumes da minha terra, tinha caminhado o mais possível pelo deserto, tentando
      escapar o mais possível ao meu mundo, aquele que ia destruir minha irmã, deixando-
      me totalmente desamparada, prometida a um faraó que nem conhecia e que me iria
      matar também, por ter uma criança maldita na minha família. Era assim que as
      tratavam, aquelas que eram feitas pelo meu criador. Ele gostava de encantar as
      mulheres, nunca lhe escapava alguma. Minha mãe era especial, a única que pôde ter
      um filho daquela coisa.

       Eu detestava ter que recordar cada parte dessa minha última parte da vida, aquele
      grupo nómada queria na verdade algo que eu nunca tinha descoberto, até que vi que
      não eram nómadas, chegando a uma zona com mulheres prisioneiras, fazendo delas
      suas concubinas, sujeitando-as a torturas inimagináveis. Seres cuja maldade foi
      capturada por mim, fazendo agora parte da minha forma de matar. Humanos,
      desprezíveis seres que são um óptimo almoço… E agora estava com fome, mas não
      podia deixar de pensar em tudo isto, tinha que capturar cada detalhe do meu passado
      para arranjar uma forma de o matar, de destruir tudo o que viesse dele…

       ‫ !ال ل ع نة‬Não conseguia deixar de pensar numa solução, não conseguia arranjar
      nenhuma, e minha mente estava perdida pelo cheiro desta carta, procurando a resposta
      que mais procurava, sabendo assim onde iria para o matar. Esse estupor não tinha
      qualquer direito de me invadir a vida, já estava demasiados anos morto, alguém que
      nunca realemente devia de ter existido alguma vez na vida!


     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                        Moscow Season

        Passei alguns dias à procura, não parava quase tempo nenhum, me alimentava o mais
      rápido possível, cada segundo que passava era uma perda de tempo, ele podia tentar
      escapar, eu sabia disso... Mas também sabia que não seria fácil combater contra ele,
      ainda estava sozinha e sem qualquer apoio nesta batalha, não sabia quantos iriam estar
      a seu lado, que pensamento inacreditável. Totalmente o oposto, juntas aqui à busca do
      meu Criador...
44

       Não demorou muito tempo, dois dias bastaram para que nós os encontrássemos,
      como esperava ele tinha iludido a minha irmã, estava completamente iludida por ele.

       - Não te metas entre nós! – Repliquei, alertando a minha irmã, eu não poderia
      defendê-la mais...

        - Vejo que vieste sozinha, tens tido muitas companhias ultimamente, posso cheira-
      las... Tens tido bom proveito? Não as devias de ter trazido hoje? – O meu Criador
      tentava mostrar o máximo de amabilidade possível, simplesmente nojento! Avancei
      contra ele, minha irmã veio para junto de mim e me lançou por terra, eu não acreditava
      que ela me estava a fazer isto! Sua boca se juntou ao meu pescoço, mordendo-o,
      deixando o veneno alterado dela se misturar em meu corpo...

        - Não devias ter tentado atacar o meu amado, meu pai não fez nada de mal –
      sussurrou-me no ouvido, eu já sentia o seu veneno em meu corpo, não sabia o que tudo
      isto iria fazer à minha vida, mas não me importava...

        Eu ouvia alguém a tentar defender-me, talvez me tenha pegado e tentado fugir,
      porque me senti a ser levantada, mas rapidamente caí novamente por terra... Não
      conseguia ver nada, estava num estado de coma, vivendo todas as horas como se
      fossem as últimas... Não sentia muito mais... Estava à mercê de quem ganhasse...

        Sentia alguém a amparar-me, estava cega, sem forças, perdida em toda esta
      situação… Ouvia de longe o eco das vozes que me levavam para algum lugar,
      pareciam aquelas que me seguiam, aquelas que me tentaram ajudar… A minha mente
      estava a ficar mais livre, comecei a sentir um peso enorme sobre os meus
      pensamentos, um peso que aumentava cada vez mais…

        - Aguenta, rapidamente chegaremos a casa e um amigo meu nos ajudará… Tudo se
      resolverá. – Parecia que alguém me sussurrava bem de longe, não sabia bem ao certo
      quem… - Eric, achas que é muito grave? – Ouvia a voz duma mulher, achava eu,
      parecia um sussurro… Estava cansada, sentia-me perdida algures em mim…



       Acordei, meus olhos focaram o local onde estava, parecia ser o meu quarto, parecia
      que nada tinha acontecido, não fosse o meu estado. Não estivesse eu ainda fraca,
      minha mala das rosas vermelhas tinha sido remexida. Talvez quem me tivesse salvado
      pudesse ter sido a mesma pessoa que tinha alterado o meu quarto. Ainda estava um



     theunforgivensouls@hotmail.com                   http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls
                                         Moscow Season

      pouco fraca, toquei no local onde tinha sido mordida, tinha em meu pescoço um lenço,
      cheirava a um perfume que me dava algumas recordações... Era o sangue que tinha
      guardado da minha mãe, e entre outras coisas... Mas que raio? Tentei tirar, mas
      rapidamente colocaram uma mão sobre a minha, uma mão quente...

        Não tinha reparado, estava a observar atentamente o meu quarto, não notei que
45    alguém estava a meu lado. Seu cabelo negro realçava com a sua pele branca, mas seu
      coração batia, parecia alguém da mesma espécie da minha meia-irmã. Tinha um anel,
      com um símbolo que bem conhecia, na sua pedra cor de sangue, tinha uma cruz
      ansata, tal e qual a que tinha no braço. Quem era este homem? Seus olhos azuis
      estavam a tentar observar cada reacção que tinha, procurando alguma razão para me
      travar...

       Tentei levantar-me, sendo novamente travada por esse homem. Quem era ele para
      pensar que iria mandar em mim? Pensei em gritar, mas não servia de nada, sentia os
      corações das bruxas na cozinha, uns sons do quarto de Cármen, que é ao lado do
      meu... A Samanta parecia estar a chegar, talvez com mais compras, aquela vampira
      não podia estar pior! Por mais que estivesse aqui, não iria deixar o gostinho a este
      homem, não iria mover nem um milímetro sequer. Ele acabaria por falhar um segundo,
      e isso seria suficiente para escapar. Que ironia! Permanecer as restantes horas ao lado
      deste homem, Ah! Que raiva.

       Para comentar clicar aqui

       (é necessário estar ligado à internet para seguir o url)




     theunforgivensouls@hotmail.com                    http://theunforgivensouls.blogspot.com
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season
The Unforgiven Souls   Moscow Season

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Contos que elevam a alma
Contos que elevam a almaContos que elevam a alma
Contos que elevam a almaAntonio SSantos
 
1986 – o_manual_prático_do_vampirismo
1986 – o_manual_prático_do_vampirismo1986 – o_manual_prático_do_vampirismo
1986 – o_manual_prático_do_vampirismoDru de Nicola Macchione
 
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última Cena
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última CenaAnálise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última Cena
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última CenaDaniel Caldas
 
Livro virtual 4_a professora Rosane trabalhando abrilmaio
Livro virtual 4_a professora Rosane trabalhando abrilmaioLivro virtual 4_a professora Rosane trabalhando abrilmaio
Livro virtual 4_a professora Rosane trabalhando abrilmaioRosane Ribeiro
 
O reino das vozes que não se calam
O reino das vozes que não se calamO reino das vozes que não se calam
O reino das vozes que não se calamf t
 
Análise de macário, de álvares de azevedo
Análise de macário, de álvares de azevedoAnálise de macário, de álvares de azevedo
Análise de macário, de álvares de azevedoma.no.el.ne.ves
 
Resenha das principais obras de clarice lispector
Resenha das principais obras de clarice lispectorResenha das principais obras de clarice lispector
Resenha das principais obras de clarice lispectorVitor Morais
 
O gato preto
O gato pretoO gato preto
O gato pretobibliomag
 
Aventura Pronta Hardwire para Kuro RPG
Aventura Pronta Hardwire para Kuro RPGAventura Pronta Hardwire para Kuro RPG
Aventura Pronta Hardwire para Kuro RPGfilhosdagehenna
 
Obra literária "O caçador de palavras" de Walcyr Carrasco
Obra literária "O caçador de palavras" de Walcyr CarrascoObra literária "O caçador de palavras" de Walcyr Carrasco
Obra literária "O caçador de palavras" de Walcyr CarrascoIEE Wilcam
 
Carlos drummond de andrade história de dois amores
Carlos drummond de andrade   história de dois amoresCarlos drummond de andrade   história de dois amores
Carlos drummond de andrade história de dois amoresAriovaldo Cunha
 
História de dois amores
História de dois amoresHistória de dois amores
História de dois amoresKarine Serrano
 
O gato preto - Edgar Allan Poe
O gato preto - Edgar Allan PoeO gato preto - Edgar Allan Poe
O gato preto - Edgar Allan PoePriscila Hilária
 

Mais procurados (15)

Contos que elevam a alma
Contos que elevam a almaContos que elevam a alma
Contos que elevam a alma
 
1986 – o_manual_prático_do_vampirismo
1986 – o_manual_prático_do_vampirismo1986 – o_manual_prático_do_vampirismo
1986 – o_manual_prático_do_vampirismo
 
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última Cena
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última CenaAnálise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última Cena
Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última Cena
 
Livro virtual 4_a professora Rosane trabalhando abrilmaio
Livro virtual 4_a professora Rosane trabalhando abrilmaioLivro virtual 4_a professora Rosane trabalhando abrilmaio
Livro virtual 4_a professora Rosane trabalhando abrilmaio
 
O reino das vozes que não se calam
O reino das vozes que não se calamO reino das vozes que não se calam
O reino das vozes que não se calam
 
Análise de macário, de álvares de azevedo
Análise de macário, de álvares de azevedoAnálise de macário, de álvares de azevedo
Análise de macário, de álvares de azevedo
 
Resenha das principais obras de clarice lispector
Resenha das principais obras de clarice lispectorResenha das principais obras de clarice lispector
Resenha das principais obras de clarice lispector
 
O gato preto
O gato pretoO gato preto
O gato preto
 
Aventura Pronta Hardwire para Kuro RPG
Aventura Pronta Hardwire para Kuro RPGAventura Pronta Hardwire para Kuro RPG
Aventura Pronta Hardwire para Kuro RPG
 
Vampiro: a Máscara
Vampiro: a MáscaraVampiro: a Máscara
Vampiro: a Máscara
 
Obra literária "O caçador de palavras" de Walcyr Carrasco
Obra literária "O caçador de palavras" de Walcyr CarrascoObra literária "O caçador de palavras" de Walcyr Carrasco
Obra literária "O caçador de palavras" de Walcyr Carrasco
 
Revista literatas edição 9
Revista literatas   edição 9Revista literatas   edição 9
Revista literatas edição 9
 
Carlos drummond de andrade história de dois amores
Carlos drummond de andrade   história de dois amoresCarlos drummond de andrade   história de dois amores
Carlos drummond de andrade história de dois amores
 
História de dois amores
História de dois amoresHistória de dois amores
História de dois amores
 
O gato preto - Edgar Allan Poe
O gato preto - Edgar Allan PoeO gato preto - Edgar Allan Poe
O gato preto - Edgar Allan Poe
 

Semelhante a The Unforgiven Souls Moscow Season

O mistério de Marie Roget
O mistério de Marie RogetO mistério de Marie Roget
O mistério de Marie Rogetacheiotexto
 
Connie zweig & steve wolf o jogo das sombras (doc)(rev)
Connie zweig & steve wolf   o jogo das sombras (doc)(rev)Connie zweig & steve wolf   o jogo das sombras (doc)(rev)
Connie zweig & steve wolf o jogo das sombras (doc)(rev)Saphira Trilena
 
Lycoris Radiata - Texto original
Lycoris Radiata - Texto originalLycoris Radiata - Texto original
Lycoris Radiata - Texto originalCarla Crespo
 
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"Raquel Alves
 
Resumo do segredo dos girassós livro de adriana matheus
Resumo do segredo dos girassós  livro de adriana matheusResumo do segredo dos girassós  livro de adriana matheus
Resumo do segredo dos girassós livro de adriana matheusAdriana Matheus
 
Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2
Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2
Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2Paulo Garcez
 

Semelhante a The Unforgiven Souls Moscow Season (7)

O mistério de Marie Roget
O mistério de Marie RogetO mistério de Marie Roget
O mistério de Marie Roget
 
Connie zweig & steve wolf o jogo das sombras (doc)(rev)
Connie zweig & steve wolf   o jogo das sombras (doc)(rev)Connie zweig & steve wolf   o jogo das sombras (doc)(rev)
Connie zweig & steve wolf o jogo das sombras (doc)(rev)
 
Lycoris Radiata - Texto original
Lycoris Radiata - Texto originalLycoris Radiata - Texto original
Lycoris Radiata - Texto original
 
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"
Entrevista: Descobrindo os segredos do livro "As mulheres de Poe"
 
Resumo do segredo dos girassós livro de adriana matheus
Resumo do segredo dos girassós  livro de adriana matheusResumo do segredo dos girassós  livro de adriana matheus
Resumo do segredo dos girassós livro de adriana matheus
 
Notas preliminares
Notas preliminaresNotas preliminares
Notas preliminares
 
Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2
Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2
Olhos Verdes Cristalinos - Quotes 2
 

The Unforgiven Souls Moscow Season

  • 1. The Unforgiven Souls The Unforgiven Souls A História A História - The Unforgiven Souls Moscow Season http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 2. The Unforgiven Souls Moscow Season The Unforgiven Souls E-book 2 Este Ebook é uma compilação das postagens do blog “The Unforgiven Souls” da primeira temporada, tendo como extras as versões especiais de personagens que mudarão completamente a forma de verem os mistérios, desvendando alguns e criando outros... Esperemos que gostem, deixem comentários para que saibamos como se sentem, tentamos fazer o melhor! Basicamente, é a história de cinco criaturas - duas bruxas e três vampiras - que vivem em conjunto numa penthouse em Moscovo, até aqui nada de mais se não fosse o facto de se odiarem de morte e de todas terem um passado conturbado, cheio de mistérios e muitos podres, a coisa piora quando eventos do passado voltam para assombra-las; Memórias, pessoas, crimes passionais e muito mais... Para Seguires as postagens clica em em cima no lado esquerdo do pdf... © THE UNFORGIVEN SOULS 2010 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - PROIBIDA A CÓPIA TOTAL E/OU PARCIAL BEM COMO A COMERCIALIZAÇÃO. A HISTÓRIAS CONTIDAS NESTE E-BOOK SÃO PURA FICÇÃO E EM NADA SE ASSEMELHAM À REALIDADE. QUALQUER SEMELHANÇA À REALIDADE É PURA COINCIDÊNCIA. AS IMAGENS PERTENCEM AOS SEUS RESPECTIVOS DONOS, NÃO AS USAR SEM OS DEVIDOS CRÉDITOS. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 3. The Unforgiven Souls Moscow Season Personagens Principais 3 VAMPIRA: CARMEN MONTENEGRO Personagem escrita por Denisse Sousa Cor de cabelo: Ruivo Cor de olhos: Cinzentos Cor favorita: Vermelho Defeitos: Orgulhosa e às vezes irónica Enquanto humana: Era caçadora de Vampiros Fraqueza: O seu passado e o seu lado humano Marca: Flor-de-Lis Melhor Característica: Coragem Objecto: Duas Desert Eagle 50 Em prateado com as iniciais: CM País de Origem: Espanha Época: Sec. XV A imagem da Carmen pertence a Victoria Francés theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 4. The Unforgiven Souls Moscow Season 4 BRUXA: VERONICA RUSSO Personagem escrita por Lúcia Quintas Cor de cabelo: Preto azulado Cor de olhos: Castanhos Cor favorita: Azul Defeitos: Manipuladora Enquanto humana: Era uma Mulher Submissa e Maltratada Fraqueza: Recordações Marca: Três Lágrimas Melhores Características: Misteriosa, Imortal e Vingativa Objecto: Faca de Prata País de Origem: Itália Época: Sec. XVI A imagem da Veronica pertence a Victoria Francés theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 5. The Unforgiven Souls Moscow Season 5 BRUXA: CLAIRE HARRIS Personagem escrita por Mónica Ferreira Cor de cabelo: Ruivo Escuro Cor de olhos: Castanhos Esverdeados Cor favorita: Preto Defeitos: Teimosa Enquanto humana: Era uma Jovem Ingénua Fraqueza: Sentimentos Marca: Pentagrama no Pulso Melhor Característica: Determinação Objecto: Livro das Sombras País de Origem: Desconhecido Época: Sec. XVI A imagem da Claire pertence a Victoria Francés theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 6. The Unforgiven Souls Moscow Season 6 VAMPIRA: SHEFTU NUBIA Personagem escrita por Sofia Duarte Cor de cabelo: Loiro Cor de olhos: Azuis Cor favorita: Vermelho Defeitos: Manipuladora e Diabólica Enquanto humana: Prometida ao Faraó Snofru Fraqueza: Pessoas Dominadoras Marca: Cruz Ansata Melhores Características: Bela e Erudita Objecto: Rosa Vermelha País de Origem: Egipto Época: 2615 a.C. A imagem da Sheftu pertence a Deligaris theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 7. The Unforgiven Souls Moscow Season 7 VAMPIRA: SAMANTHA SAINT Personagem escrita por Andreia Correia Cor de cabelo: Castanho-escuro Cor de olhos: Castanhos Cor favorita: Roxo Defeitos: Snobe e Materialista Enquanto humana: Não se Recorda do que Foi Fraqueza: Homens Bonitos Marca: Escorpião Melhores Características: Sedutora e Sensual Objecto: Pentagrama País de Origem: Grécia Época: Sec. XVIII A imagem da Samantha pertence a Victoria Francés theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 8. The Unforgiven Souls Moscow Season EP1 - "Old Habits Die Hard" by Carmen É uma armadilha! Cheira a armadilha! Só pode ser… O meu sexto sentido berrava na minha cabeça, enquanto entrava pela casa 8 abandonada. Pé ante pé em cima daquele soalho velho e irritante. Ali estava eu, com a minha pistola em punho, com todos os meus sentidos em alerta máximo. O instinto de uma caçadora nunca se engana mas, naquele momento era ignorava-o por completo: 1º erro. É uma armadilha! Ignorei novamente, só via o meu objectivo: caçar aquele sugador de sangue. Caça-lo e junta-lo a minha enorme lista de mortes, afinal era caçadora por alguma razão, certo? Movimento do lado esquerdo e viro-me com a minha estaca de madeira apontada a escuridão. Os segundos passam e passam lentamente e o meu coração quase que salta do peito… ― Carmen... – Chamou-me uma voz masculina e sensual na escuridão. – Carmen… Virei-me para o local de onde veio o som mas, não vi nada. ― Mostra-te, presas! – Ordenei, a minha voz ecoou pela casota velha. Novamente silencio, mortal. Não podia deixa-lo escapar, percorrera o país a procura daquele vampiro e estava disposto a junta-lo a minha colecção. Senti uma aragem atrás de mim e virei-me. ― Boas…- A minha frente estava um belo homem, de cabelos compridos pretos e grandes olhos vermelhos. Cara pálida, estranhamente pálida mas, com os lábios vermelhos. Fiquei sem ar ao confrontar-me com a sua beleza, naquele momento eu soube que a minha vida humana, chegara ao fim… Abri os olhos, despertando da minha memória. Precisei de uns segundos para recompor-me. Todas as noites era assolada pela recordação da minha transformação, não sei porquê; Talvez por serem a minha última lembrança enquanto ser humana, daí revivê-la todas as noites… Dei por mim em frente ao computador. ― Outra vez, em volta do computador… - Disse uma voz feminina. Virei a cabeça e vi Verónica.. – Por favor, não me digas que andas a procura de mais “casos” para passar aos teus colegas caçadores. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 9. The Unforgiven Souls Moscow Season Ali estava ela, Verónica uma das nossas bruxas de companhia. Estava encostada a porta atirando a sua faca ao ar. ― O que queres?! – Perguntei sem paciência para atura-la. ― Devias mesmo deixar essa vida para trás. Não é o que tu és e, não é saudável… 9 Não mo dizia num tom de amizade mas, sim prepotência como se soubesse que essa era a minha maior falha. Não somos propriamente amiguinhas e queridas, apenas companheiras de viagem. Nenhuma de nós aguenta e nem pode ficar no mesmo sítio mais do que um mês. Primeiro, porque o aumento da mortalidade masculina entre os 20 e os 40 anos aumenta drasticamente, Segundo, quem é que aguenta ficar um mês no mesmo sítio? Verónica deu uns passos na minha direcção. Rodei a cadeira na sua direcção, estava a ponto de ataca-la. ― Vives no passado, Carmen. O tempo de caçadora já lá vai... ― Eu sou caçadora, sempre fui e vou ser. Verónica sorriu ironicamente. ― Correcção: Tu não és caçadora, és uma vampira! ― Isso não significa que tenho de parar de fazer o meu trabalho! – O meu tom era de ordem. Verónica voltou a meter-se direita. ― Tudo bem, presas. – Voltou-se para a porta. – Não sei porquê, mas, simplesmente adoras sofrer! Exclamou sorridente e saiu do quarto deixando-me sozinha. Voltei-me para o computador e vi o caso a minha frente, assim que tivesse oportunidade iria investiga- lo. Levantei-me e dirigi-me a janela do meu quarto. Podia ver toda a cidade de Moscovo coberta pela neve. Algo digno de se ver. No céu estava uma bela lua cheia, inspirei fundo, estava uma óptima noite para caçar. Espreguicei-me, estalando os ossos dos braços, das costas e das pernas. Aproximei- me da janela, ficando ao lado de Verónica, do nosso quarto de hotel via-se a cidade toda, coberta sob um manto de neve. Conseguia ouvir o batimento cardíaco de cada pessoa que andava na rua. A minha sede aumentava. Peguei no meu casaco, nas chaves do carro e saí do quarto trancando-o a chave. Havia demasiada coisa ali dentro e não queria que andassem a coscuvilhar. Estávamos no quarto na penthouse do melhor hotel na cidade. Éramos ricas o suficiente para tal. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 10. The Unforgiven Souls Moscow Season Não gostávamos de ostentar mas, isso não significa que temos que tínhamos que viver mal. Entrei no carro e guiei sem parar, não sabia para onde ia nem o porquê mas, quando 10 tenho sede deixo-me levar pelo instinto. Não sinto o carro nem vejo a estrada, parece que vou em transe até chegar onde quero. E, neste caso, cheguei a um bar, parei uns segundos a entrada, tentando analisar mais ou menos o local e sorri. Assim que entrei no bar, foi a loucura total. Conseguia ouvir os batimentos de todos os homens presentes, como escolher? Mas, logo encontrei. O homem era alto, forte, com penetrantes olhos verdes e cabelo preto. Tinha um tom de pele moreno e via-se que p raticava desporto. ― Boa noite. – Disse-lhe sorridente. ― Boas. – Respondeu-me tambem. Olhei para o seu pescoço e conseguia ver a veia a pulsar-lhe do pescoço. Conseguia ouvir o seu coração suculento de sangue, o correr do sangue nas veias…apetecível. ― Posso convidar-te para um jogo? Ele sorriu-me, estava a ponderar se devia ou não aceitar. ― Não sei. ― Tens medo de perder? ― Não, eu sou um cavalheiro, não quero magoar os teus sentimentos ao derrotar- te…iria sentir-me mal. ― Não te preocupes com os meus sentimentos… Tinha-o agarrado, eu sabia. Conseguia sentir a sua luta pessoal. ― Tudo bem… Apanhado! Lancei o isco e ele comeu-o com gosto. Depois do jogo, que eu perdi de propósito, deixei-o beber umas quantas cervejas. Não bebi com ele mas, não deixei embriagar-se, afinal, o sangue não saberia muito bem se estivesse podre de bêbado. Daí a leva-lo para a sua carrinha Chevrolet a cair aos pedaços, foi fácil. Disse que queria boleia para casa, estava muito longe, e juntei uma carinha de cãozinho abandonado a mistura. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 11. The Unforgiven Souls Moscow Season Levei-o por caminhos desertos e longe de tudo. ― Pára aqui…- Pedi gentilmente. O homem parou o carro junto a berma da estrada e eu virei-me para ele. – Podes começar a correr… Ele riu-se. 11 ― Porquê? Eu sorri tambem mas, não por muito tempo. Mostrei-lhe as minhas presas e os meus olhos brancos, a sua reacção foi impagável. Ficou branco que nem cal, largou um berro como se fosse uma menina assustada e saiu a correr. Dei-lhe um avanço de uns bons metros, uma das vantagens de ser vampira: A velocidade. Saí do carro lentamente e ajeitei a roupa. Conseguia vê-lo a correr e seguiu-o sem muito esforço. Em pouco tempo estava mesmo atrás dele, estiquei a perna, ele tropeçou e estatelou-se no chão. Virei-o com o pé e sentei-me em cima dele. Ignorei os pedidos de misericórdia e de piedade, aprendera a não deixar que me afectassem. Agarrei-o pelo pescoço e mordi-lhe com toda a força. Senti o seu sangue na minha boca, na minha língua: Quente, cheio de adrenalina e medo. Sabia muito tempo e deixou-me com vontade de repetir, pena que o ser humano não tinha muito sangue. Suguei-o até não haver mais o que sugar, deixei-o cair inerte, sem vida no chão. E suspirei…já sabia o que vinha a seguir. A culpa! Levantei-me e observei o corpo do jovem morto e fui assolada pela culpa. ― A culpa é horrível… Virei-me e vi uma jovem junto a uma árvore. Trazia um vestido ruivo e era muito bonita. ― Claire…O que fazes aqui?! Ainda estava em modo de caça, as minhas roupas estavam sujas de sangue e ainda tinha as minhas presas de fora. ― Estava a passear e ouvi-te a caçar. Quando és tu, os homens gritam… ― A sério?! Que engraçado… Ignorei-a e observei o corpo. A culpa, era tão forte. Eu sou um monstro! ― Carmen, porquê que te torturas? – Senti Claire aproximar-se. – Não vale a pena, aceita quem és. Deixa o teu passado de fora… Voltei-me para Claire, interrompendo o seu movimento. ― Deixa-me em paz, se não queres ficar sem pescoço! theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 12. The Unforgiven Souls Moscow Season Claire sorriu. ― Não tenho medo de ti…- Ela meteu as mãos atrás das costas. – E sei que não me farias mal, tu não és assim. Revirei os olhos, não suportava aquela bruxinha amiga de tudo e todos. Sempre 12 aprendi que nunca ninguém é bom e simpático, só por ser. Tem sempre algo por detrás e a Claire…ela…era um enigma. Parecia saber sempre mais do que mostrava. Peguei no corpo do homem, tinha de dar-lhe um fim decente. ― Não! – Claire estava a minha frente. – Deixa que eu faço isso. ― Não sabes como se… ― Nem tudo tem que ser pelo fogo e pelo sal, Carmen. – A bruxa estendeu os braços. – Eu sei uma maneira melhor de deixar a alma dele em paz. Deixei o corpo cair no chão pesadamente e virei as costas a bruxa. ― Como queiras. – Parei de repente e voltei-me. – Queres que te espere? Claire estava debruçada sobre o corpo, com um livro nas mãos. Olhou para mim e sorriu. ― Não. Podes ir, Carmen. Não demoro. A medida que caminhava, fui-me deixando consumir pela culpa. Era verdade, eu era um monstro. Uma sugadora de sangue reles. Eu que ganhava a vida a matar criaturas deste tipo, tinha-me tornado numa delas e, mesmo com décadas de experiencia, continuava a não aceitar-me como tal. Encostei-me a uma árvore senti-me cansada. Não fisicamente mas, psicologicamente. Limpei a boca e ergui os olhos, foi então que eu vi. Nas sombras, ao longe um vulto olhava para mim. Não consegui dizer nada, nem fazer nada, apenas limitei-me a olhar para ele. Era humano, conseguia sentir o seu coração bater, estava ansioso e talvez assustado. E o cheiro, era-me familiar. Muito familiar. Mas, da onde? Com um piscar de olhos aquele vulto desapareceu. Olhei em volta tentando encontra- lo mas, não o via. Será que tinha sido imaginação minha? Quem era aquele vulto e…porquê que a sua presença incomodara-me tanto? Pior, porquê que me era tão familiar? Para comentar clicar aqui (é necessário estar ligado à internet para seguir o url) theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 13. The Unforgiven Souls Moscow Season EP2 - "We All Have A Weakness" by Veronica Russo Entrei sigilosamente no quarto de Cármen. 13 ― Outra vez, de volta do computador… – Disse bem alto. Cármen virou a cabeça e olhou para mim – Por favor, não me digas que andas a procura de mais “casos” para passar aos teus colegas caçadores. Ali estava, sentada como um cãozinho à espera que lhe abrissem a porta para poder entrar em casa. Estava encostada a porta atirando a minha faca ao ar. ― O que queres?! – Perguntou de forma "educada". ― Devias mesmo deixar essa vida para trás. Não é o que tu és e não é saudável… Sinceramente não o dizia para o seu bem. Dizia-lhe porque adorava meter o dedo na ferida. Dei uns passos na sua direcção. Rodou a cadeira. Estava com cara de poucos amigos. Mas isso passava-me ao lado. ― Vives no passado, Carmen. O tempo de caçadora já lá vai... ― Eu sou caçadora, sempre fui e vou ser. Sorri ironicamente. ― Correcção: Tu não és caçadora, és uma vampira! ― Isso não significa que tenho de parar de fazer o meu trabalho! – Disse com uma voz mais forte. ― Tudo bem, presas. – Voltei-me para a porta. – Não sei porquê, mas, simplesmente adoras sofrer! Exclamei sorridente e sai do quarto. Depois de falar com Carmen vesti o casaco e sai da penthouse. Precisava mesmo sair dali durante um par de horas. Aquela vampira com mania que era caçadora cansava- me a paciência. Comecei a caminhar, sem destino, já era tarde e o pessoal que havia pelas ruas eram jovens que saíam das discotecas. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 14. The Unforgiven Souls Moscow Season De repente os meus olhos ficaram cravados num casal. Ele gritava imenso e empurrava-a, enquanto que ela só pedia desculpa e chorava como uma madalena arrependida. 14 Começaram a suar-me as mãos e a tremerem-me as pernas, passados uns segundos deixei de ver por completo aquele casal e apareceu uma imagem a minha frente. Vi- me a mim mesma de joelhos, chorava imenso e tinha a cara cheia de sangue. À minha frente estava um rapaz que olhava fixamente para mim com uma cara muito séria. Sem dizer uma palavra agarrou-me por um braço e levantou-me, parecia que eu sabia o que me ia fazer e comecei a gritar. Fiquei cega outra vez e outra imagem apareceu. Dessa imagem já tinha mais noção do tempo em que tinha acontecido. Desta vez quem estava de pé era eu e era eu que olhava fixamente. No chão estava o corpo sem vida daquele jovem que anteriormente me tinha agarrado pelo braço. Eu simplesmente olhava para ele. Desta vez não chorava. Lembro-me que não senti qualquer tipo de tristeza ao vê-lo ali, morto diante do meu nariz. De súbito a imagem desapareceu e voltei a ver o casal que discutia. Foi então que me viram e começaram a andar pela rua. Não pensei muito e fui atrás deles. No final da rua havia um enorme caminho com árvores dos dois lados. Olhei para os todos os lados da rua para ver por onde haviam ido, mas aquele sítio escuro estava completamente vazio. Senti uma má sensação. - Isto não é normal. - Disse em voz baixa. Baixei-me lentamente, tirei a minha faca da bota direita e ocultei-a entre a manga do casaco. Não podia empunhá-la sem mais, podia ser falso alarme. Levantei-me e comecei a caminhar lentamente. O meu instinto detectava algo. Mas o quê? Depois de avançar um par de metros vi a rapariga no chão por detrás de uma das árvores. Corri sem pensar que podia ser uma armadilha. Sem dúvida era humana, podia senti-lo. Estava inconsciente. Tinha sangue na cara, parecia que tinha o nariz partido. Voltei a ficar cega, mas desta vez de raiva. - Onde estás, cobarde! - Gritei sem pensar. - Onde estás? Que se passa, só gostas das que choram? theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 15. The Unforgiven Souls Moscow Season Olhei à minha volta. Estava muito escuro. Tinha uma certa dificuldade em ver bem a larga distância. Caminhei alguns metros mas nem sinal dele. Até que, uns segundos depois, senti uma dor imensa nas costas. Virei-me e ali estava ele, diante de mim com uma navalha na mão. Senti-me desvanecer. Cai ao chão mas sem saber muito bem como voltei a 15 estar completamente lúcida. Dei-lhe um pontapé com todas as minhas forças e ele caiu sem saber muito bem como. Era humano, consegui senti-lo. Levantei-me com dificuldades e tirei a faca que continuava oculta na manga. Ele continuava estendido no chão agarrado a barriga. Revirei os olhos e entrei numa espécie de transe. Ele começou a contorcer-se no chão mas desta vez não por culpa das minhas botas. Sem mais, deu um grito de dor mas sem explicação calou-se de repente. Sai do transe e olhei para ele. Ali estava ele, no chão, sem vida. Tinha-lhe roubado a única coisa que lhe pertencia realmente: A sua triste alma. Estava bem guardada no punho da minha faca. De ali só para a minha caixa das recordações. Senti-me desvanecer outra vez. Cai novamente ao chão já quase sem forças. Depois de uns segundos e antes de perder os consegui ligar a Claire. - Ajuda-me! - Disse. - Verónica? Onde estás? Verónica? Verónica? Despertei lentamente. Doía-me imenso o corpo. Olhei à minha volta. Não sei bem quanto tempo estive inconsciente mas suponho que um par de horas. Junto á porta, encostada a parede estava Samantha. Que estava aquela coisa a fazer no meu quarto? - Que fazes tu aqui? - Preguei de maus modos. - Queria ver se morrias! - Disse com ar de gozo. - Não morro tão facilmente, ignorante. Sou imortal! - Alguma forma deve haver para acabar contigo. Nesse momento entrou Claire e Sheftu. Olhei com um olhar ameaçador para Samantha mas ela deixou escapar um pequeno sorriso. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 16. The Unforgiven Souls Moscow Season - Como estás? - Perguntou Claire. - Dói-me imenso o corpo mas para desgraça de muita gente vou sobreviver! - E lancei outro olhar a Samantha. Voltei a olhar para Claire, que não entendia nada do que se passava. - Como me encontraste, Claire? 16 - Não fui eu... Foi ela! - Disse apontado para Sheftu. - Como me encontraste? - Pelo bater do teu coração! Os batimentos são como as impressões digitais... não existem duas iguais... - E porque me ajudaste? - Não o fiz por ti… Por mim podias... - Não te atrevas! - Interveio Claire. De repente toca o meu telemóvel. Com muita dificuldade para me mexer consegui alcançá-lo e atendi. - Sei quem és! E sei o que fazes! - Exclamou uma voz do outro lado. - Quem és tu? Quem és tu? Para comentar clicar aqui (é necessário estar ligado à internet para seguir o url) theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 17. The Unforgiven Souls Moscow Season EP3 – “Classical Beauty” by Claire Harris Sentada no parapeito da minha janela, olhava para o exterior. Sentia o vento a bater- me na cara levemente. Dentro do quarto ouvia-se uma melodia. Um pequeno rádio tocava música clássica. “Um violino” pensei. Mas, de repente, a minha atenção foi 17 puxada para outra coisa. A discussão no quarto ao lado. ― Vives no passado, Carmen. O tempo de caçadora já lá vai... – disse uma voz, que conheci como sendo a minha querida Verónica. ― Eu sou caçadora, sempre fui e vou ser. – Outra voz retorquiu. “Carmen” – pensei – “Estas duas e as suas discussões…”. Voltei a por a minha atenção no vento que soprava lá fora e na bela vista que tinha a minha frente. Sempre fui uma amante da beleza. Das Artes. Da Natureza. A certa altura vi alguém sair pela porta da frente. Era a Carmen. “Para onde iria ela?” Pensei. Levantei-me rapidamente e vesti-me, já que ainda me encontrava de camisa de noite. Sai pela porta das traseiras e tentei segui-la. Ela foi de carro e eu a pé, mas o meu instinto não falhava. Não com elas. Viver com elas na mesma casa deu-me a oportunidade de conhecê-las. Posso, aliás, dizer que as conheço melhor do que elas mesmas. Ficar sentada a observá-las, noites a fim, enquanto falam, discutem, planeiam… dá uma ideia boa de como elas são. Como reagem, como actuam. Gestos valem mais que palavras. O corpo não nos engana. As palavras por outro lado… Segui-a e fui parar a um bar. Fiquei a olhar pela janela, somente, enquanto ela entrava e avaliava as pessoas no interior. Fiquei ali bastante tempo a observá-la e a notar as suas acções. Após umas bebidas e uns jogos ela foi com um homem para uma carrinha Chevrolet já bastante em mau estado. Segui-a uma vez mais, desta vez o meu instinto dizia que a minha ajuda seria necessária ali. É engraçado. Sou a mais silenciosa do grupo. Mantenho-me sempre calada, no meu quarto a ouvir música clássica ou no sofá a observá-las enquanto leio um bom livro, mas no final… Ouvi um grito. “Já começou” Pensei. Fiquei atenta enquanto vi o mesmo homem de antes a correr pelo parque. A Carmen saiu do carro, ajeitou-se e em poucos segundos apanhou-o. Matou-o. Os olhos dela. Culpa. Um dos piores sentimentos… e um dos poucos que o vampiro sente. - A Culpa é horrível… - disse-lhe calmamente. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 18. The Unforgiven Souls Moscow Season ― Claire…O que fazes aqui?! – Respondeu-me espantada com a minha presença. Mal ela sabia que a acompanhava desde o inicio da noite. ― Estava a passear e ouvi-te a caçar. Quando és tu, os homens gritam… ― A sério?! Que engraçado… - disse, sem prestar real atenção às minhas palavras. 18 Olhou para o corpo moribundo por baixo dos seus pés e, mais uma vez, aquele olhar. ― Carmen, porquê que te torturas? – Aproximei-me dela. Não sou fã da proximidade, mas neste caso achei necessário. Também porque no final quem ficaria com aquele homem, a tratar dele, seria eu – Não vale a pena, aceita quem és. Deixa o teu passado de fora… ― Deixa-me em paz, se não queres ficar sem pescoço! – Gritou. ― Não tenho medo de ti…- Disse-lhe. Será que ela ainda não entendeu que não sinto medo? Medo… – E sei que não me farias mal, tu não és assim. Ela pegou no corpo do homem, mas impedi-a de fazer muito mais. ― Não! – Disse – Deixa que eu faço isso. ― Não sabes como se… ― Nem tudo tem que ser pelo fogo e pelo sal, Carmen. – Respondi serenamente – Eu sei uma maneira melhor de deixar a alma dele em paz. Deixou o corpo cair e virou-me as costas. ― Como queiras. – Respondeu, com um tom insatisfeito – Queres que te espere? Debrucei-me sobre o corpo e tirei o meu livro do saco que me acompanhava. ― Não. Podes ir, Carmen. Não demoro. – Respondi. Ela começou a afastar-se e eu fiz o que tinha a fazer. Típica cerimónia que a minha avó me ensinara séculos antes. Depois de terminada deixei o corpo do homem ali e telefonei para a polícia para que fossem buscar o corpo. Já não havia perigo e o homem merecia um funeral decente. Sai do parque e olhei para as horas. Estava na altura de ir para casa. “Casa” pensei “Como se a penthouse de um hotel fosse uma casa…” revirei os olhos. Após uns longos minutos de caminho o meu telefone tocou. Vi o nº da Verónica no ecrã e atendi calmamente. - Verónica... - Ajuda-me! – Respondeu o outro lado. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 19. The Unforgiven Souls Moscow Season - Verónica? Onde estás? Verónica? Verónica? – Gritei, preocupada. O telefone desligou-se. Comecei a correr com todas as minhas forças para casa. Assim que cheguei comecei a chamar pela Sheftu. - Sheftu! Sheftu! – Gritei – Onde raio estás? 19 - Estou aqui. Calma. Nunca te vi assim tão… – disse, mas não a deixei acabar. - Preciso da tua ajuda, agora. Não há tempo para conversas fúteis. Vem. – Contei-lhe o sucedido. - E porque razão vou ajudá-la? - Sheftu perguntou. - Porque eu te peço. E isso basta. – Respondi, severamente. Aí a Sheftu obedeceu e fez o que costuma fazer. Ela sabia o que fazia. Dois milénios de vida tinham de servir para algo, foi o que ela sempre disse. Através dos batimentos cardíacos da Verónica ela conseguiu encontrá-la. Foi complicado de início. Os batimentos soavam fracos. Por mais estranho que parece, a Verónica estava lá em casa. No quarto dela. Entrei a correr pelo quarto e deparei-me com a Samantha à porta, mas ignorei-a. Corri para o pé da Verónica: - Como estás? - Dói-me imenso o corpo mas para desgraça de muita gente vou sobreviver! – Respondeu-me e olhou de forma ameaçadora para a Samantha. Não entendi o que se passou ali, mas decidi deixar para depois as perguntas. - Como me encontraste, Claire? - Não fui eu... Foi ela. – Respondi, apontando para Sheftu. - Como me encontraste? – Questionou Verónica, ainda fraca. - Pelo bater do teu coração. Os batimentos são como as impressões digitais... não existem duas iguais... – Sheftu disse calmamente. – E porque me ajudaste? – Perguntou. - Não o fiz por ti… Por mim podias... – Foi a resposta de Sheftu mas foi interrompida pela minha voz. - Não te atrevas! – Intervim. Neste momento o telefone da Verónica tocou. Ela atendeu e após desligar a chamada ficou com um ar assustado. - Vamos, temos de tratar de ti. – Ignorei o facto da chamada telefónica e apenas levantei-a levando-a até a cozinha. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 20. The Unforgiven Souls Moscow Season - Senta-te – ordenei. Fui até ao armário e tirei umas quantas ervas. Fiz um chá para ela acalmar-se. - Toma. Bebe. Relaxa e depois contas-me o sucedido. – Entreguei-lhe a caneca cheia. Ela deu um golo e olhou de lado para a Sheftu. Entendendo o seu gesto, virei-me para a Sheftu e disse – Sheftu, querida, faz-me um favor. Vai a esta loja – escrevi o nome 20 no papel e entreguei-o – e traz-me Alecrim, sim? Preciso dele para os vossos chás e infelizmente ele acabou. Obrigada. Depois de lhe pedir isto, ela pegou nas chaves de casa e saiu. - Agora – olhei para Verónica – conta-me. - Bem… Então foi assim… – ela respondeu. Fiquei a ouvi-la contar a sua história e o sucedido. Tivemos uma longa conversa até chegar a hora do jantar. - Alguém tem fome? – Ouviu-se uma voz na entrada. Samantha tinha entrado com uns sacos nas mãos – Quem gosta de comida chinesa? – Sorriu. - Dispenso. Obrigada. Vou para o meu quarto se não se importam, mas boa refeição. – Disse enquanto me ausentei. Entrei para o meu quarto, liguei a aparelhagem e voltei para o parapeito da minha janela. A cidade encontrava-se agora toda iluminada com as luzes. Olhei para o exterior, acompanhada por uma bela melodia composta por um piano e um doce violino. - O Mundo… oh belo Mundo e as tuas catástrofes. – Murmurei – Quem diria que eu, uma simples camponesa, viveria para ficar a viver numa penthouse de um dos melhores hóteis da cidade de Moscovo… O meu telefone tocou. Peguei e olhei para o visor “Daniel”. Atendi calmamente. - Boa Noite. – Disse. - Boa Noite meu Anjo – A outra voz disse. - Anjo? Não estamos simpáticos hoje? – Disse acompanhada por uma gargalhada. “Também ninguém diria que viveria até estar longe dele. Mas vivi. E continuarei a viver. Enquanto tiver a minha missão. Enquanto ela não terminar. Irei viver” – Pensei enquanto falava ao telefone com o Daniel, acompanhada uma vez mais pelo belo som clássico e a bela vista de uma cidade de beleza escondida. Para comentar clicar aqui (é necessário estar ligado à internet para seguir o url) theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 21. The Unforgiven Souls Moscow Season EP4 - “Before and After” by Sheftu Observava a minha colecção de rosas vermelhas, recordando cada momento que elas me faziam lembrar pelo seu aroma, apesar de milénios nunca perdiam o seu 21 maravilhoso cheiro, muitas vezes ficava nesta sala a deambular até que me desse fome, mergulhada em momentos e pistas para o que procurava… - Sheftu! Sheftu! – Ouvi alguém gritar de algures – Onde raio estás? – Agora que ouvia mais de perto sabia que era Claire, mas que raio queria ela agora? Estava sempre tão bem no seu silêncio habitual… Decidi ir ao seu encontro para ver qual seria toda esta azáfama que vinha dos seus batimentos cardíacos. - Estou aqui. Calma. Nunca te vi assim tão… - Preciso da tua ajuda, agora. Não há tempo para conversas fúteis. Vem. – Interrompeu-me, contando-me tudo o que tinha acontecido com Verónica. Como se eu tivesse muito haver com o assunto… - E porque razão vou ajudá-la? – Pensei em dizer algo pior, para que me deixasse em paz, mas nem sempre quero criar guerras nesta nossa penthouse. - Porque eu te peço. E isso basta. – Ripostou Claire, decididamente ela não me ia deixar em paz enquanto não a ajudasse… Pois bem, então teria de a ajudar para que ela me ajudasse a calar a sua boca pelos próximos tempos... E seus batimentos voltarão ao normal, estava mais descansada pois sabia que eu sabia bem como encontra-la. Seus batimentos eram demasiado fracos, mal os conseguiria ouvir, caso ela não estivesse no seu próprio quarto. Típico e ridículo. Claire correu para junto dela, ignorando a Samantha à porta, bem que a Samantha podia ter dito que Verónica estava no seu quarto, assim poupava-me muitas chatices. - Como estás? – Questionou Claire, extremamente preocupada. - Dói-me imenso o corpo mas para desgraça de muita gente vou sobreviver! – Comunicou o seu lindo estado e fitou de forma ameaçadora a Samantha. Como era obvio, não podiam com a cara uma da outra. Mais valia ir-me embora, nada fazia aqui… - Como me encontraste, Claire? – Pronto, esta seria bonita de ver quando soubesse que eu, a maldade do universo para qualquer humano, a tinha ajudado… - Não fui eu... Foi ela. – Apontou para mim. A expressão de Verónica valia a pena de todo este momento, a sua confusão era fenomenal. - Como me encontraste? – Questionou Verónica, ainda fraca. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 22. The Unforgiven Souls Moscow Season - Pelo bater do teu coração. Os batimentos são como as impressões digitais... não existem duas iguais... – Referi calmamente. – E porque me ajudaste? – Perguntou com uma enorme vontade de responder a toda essa confusão. 22 - Não o fiz por ti… Por mim podias... – Estava calmamente a explicar-lhe que a importância da vida dela era tão grande como um grão de pó. - Não te atrevas! – Mais uma vez Claire exaltou-se, isto está a tornar-se animado. O telefone de Verónica tocou, fazendo-a atender. Enquanto se ouvia a voz de alguém, parecia de um homem, a expressão dela mudou drasticamente. Estes dois mil anos servem sempre para muita coisa, e a audição requintada é uma das mais interessantes. - Vamos, temos de tratar de ti. – Claire pegou na fraca e levou-a para a cozinha, decidi segui-las. - Senta-te – Ordenou-lhe, indo preparar um chá com umas ervas que foi buscar a um armário. - Toma. Bebe. Relaxa e depois contas-me o sucedido. – A sua expressão de desconfiança olhava vivamente para mim, estava a mais, sabia disso. – Sheftu, querida, faz-me um favor. Vai a esta loja – escreveu o nome no papel e entregou-me – e traz-me Alecrim, sim? Preciso dele para os vossos chás e infelizmente ele acabou. Obrigada. Eu nem abri a boca, precisava urgentemente de petiscar alguma coisa, estava farta de estar nesta casa de loucos… Mal tivesse o alecrim nas mãos, entregava-lhe para ir então tratar do meu petisco. O chá era para comadres, pouco necessitava dele com toda esta idade que me caia em cima… Agora os petiscos… Depois de ter encontrado Claire ainda a conversar com Verónica, bem mais recuperada, seus batimentos cardíacos quase que tomavam a sua força natural, deixei em cima da mesa da sala com um bilhetinho e fui-me. Chegava agora a hora de procurar o meu alimento, para que pudesse me divertir um pouco, para que pudesse deixar um pouco da minha beleza brotar daqueles olhos o terror brutal. Era sempre uma maravilha estes meus momentos em que saia daquela casa, longe daquelas supostas vampiras e bruxas… Não sei ainda a razão de me ter juntado aquele covil de miseráveis, acho que queria ter sempre alguém com conhecimentos destas áreas para que pudesse encontrar aquele que procuro. E nada melhor do que um par de bruxas e outro de vampiras jovens para me ajudarem a travar o mal com um mal melhor… theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 23. The Unforgiven Souls Moscow Season Na verdade, podia ter sido uma dócil criatura antes de ser raptada, uma mulher com o único objectivo de agradar o faraó, o povo e os restantes deuses do nosso mundo. Com o tempo toda essa parvoíce evaporou. Apenas algumas marcas do que era ficaram, por vezes uma ou outra melancolia se abate sobre mim, ficando presa ao ser humano que já fui, ao sofrimento que cheguei a viver… Mas tudo ficaria sentenciado quando encontrasse aquele carrasco, o vampiro que me transformou. Não iria deixar que a sua 23 morte permanecesse por muito tempo neste planeta, não me importava se era o meu salvador ou não, o que importava era que tudo ficasse como devia. Mas tudo isto me dava uma fome enorme de injustiça e terror, por isso chegava a hora de apanhar a minha vítima e tratar de lhe mostrar o inferno na terra. Escolhia sempre a minha refeição pelo seu batimento cardíaco, pelo cheiro que seu sangue me trazia, geralmente AB negativo, um cálice dos infernais deuses, loucos por resistir e permanecer a aguentar todas as tribulações que eu lhes impunha. Um bom brinquedo de caça… Facilmente captava todos aqueles que desejasse, bastava apenas que os escolhesse, pois o ser humano deseja a sua destruição, se aproxima de tudo o que é vil e negro, adora e sente-se bem ao entrar em tudo o que é misteriosamente negro. Minha cruz marcada na pele, prendendo-me ao meu antigo mundo, para aqueles que me aproximava simbolizava algo que de nada tem a ver com o que realmente é… Apesar de este símbolo ainda não existir na minha época, sempre vivi bem de perto a minha terra, tentando sempre me aproximar o máximo possível para que visse como o meu povo ia evoluindo. Até que fiz seu reinado cair, juntamente com aqueles que queriam o poder dos faraós. Tudo aquilo que a minha cruz dita, a minha vida depois da minha morte, a vida que tiro a toda a hora dos vis humanos, em que todo este símbolo era significado da virilidade dos homens, que a toda a hora vou destruindo, homens que se sentem acima das mulheres, odioso e nojento costume que sempre criaram raízes profundas em minhas vítimas. É a virilidade que sempre tiro dos homens, fazendo-os gemer e pedir clemência, virando pior que ratos, vendo em suas últimas horas a grandiosidade daquelas que sempre foram abaixo deles. Homens de nada servem senão alimento, se não tenham já feito alguma mulher brotar de si mais um ser para este mundo cada vez mais desprezível, tal como eu gosto que seja… Era já uma marca minha a forma como usava aqueles que me serviam de jantar, não sabia porquê, mas gostava de apanhar a minha presa logo pela meia-noite, deixando-a gemer de dor até que sentisse fome, adorava vê-los a me pedirem clemência, humilhando-se pela suposta vida que têm. Deixava-os numa zona deserta, para que pudessem tentar salvar as suas vidas (tantas e tantas as vezes) correndo para puderem escapar de mim, ficando assim com mais um osso partido, com o cuidado de não derramar muito sangue. As pulsações aceleradas aromatizavam o sangue que depois bebia aos poucos enquanto a minha presa me observava aterrorizada. O terror em seus olhos era um perfeito momento excitante, onde a minha caça se elevava a outro patamar… Sentia o suave deslizar de seu sangue em meu corpo, aquecendo a pouco e pouco, voltando para o meu doce mundo do Egipto, ficando theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 24. The Unforgiven Souls Moscow Season entregue a uma vontade louca de sentir novamente aquela areia sobre os meus pés, bebendo o meu cálice eterno. Utopia da luz que não verei, de tudo o que me obrigaram a deixar, raptando-me, mantendo escrava a prometida ao Faraó. Depois a morte veio e a destruição entrou em mim, fazendo-me quem sou, destruindo todas aquelas vidas que me escravizaram. Ficando eu escrava às noites eternas, perdendo o dia em que tudo ficaria bem, a morte já veio, deixando-me aqui. Agora é a minha vez, o mal 24 percorre todo o meu corpo, já que o ser se foi à muito… Mas não era qualquer pessoa que tinha o direito de sofrer em minhas mãos, tinha escolhas bastante selectivas, principalmente aqueles homens que eram corajosos ou destemidos, adorava levar as suas dores ao limite, vendo-os a tentarem a escapar com determinação e total agonia. Também me divertia com psicólogos, quando me apetecia ver a evolução desses seres medíocres, tentando arrebatar-me com as suas terapias totalmente ridículas, nesses fazia questão de ir mais lentamente, para que pudesse divertir-me com as suas conclusões, com as suas terapias, sempre sem acreditarem realmente no que eu era até que mostrasse a minha prova, muitas vezes ainda inacreditável para eles. Julgavam-se dominadores das mentes humanas, ridicularizavam-se a cada momento em que abriam a boca. Pequenos, inúteis e curiosos alimentos… Como uma boa coleccionadora, uso rosas brancas para colocar um pouco do néctar que me vai alimentando dia-a-dia, para que a rosa já vermelha, com seu sangue bem guardado, se junte às restantes que vou guardando na minha sala das perturbações. Normalmente levo o meu alimento lá, para que se inicie a grande caçada… Simplesmente divertido e alegremente contagiante. A hora de voltar à minha suposta casa era sempre um pouco chata, estavam todas aquelas que me davam jeito, absolutamente sem graça e sem vontade para participarem em meus momentos de diversão. Ainda me lembro quando ainda tentava juntar as restantes vampiras para uma caça animadora… - E que vocês pensam de uma caça para nos animar um bocado? – Nenhuma praticamente tinha dado muita importância ao que eu tinha dito, nada de interesse, nada de maldades, nada de nada. - Nem te atrevas a fazer-me essa pergunta de novo. – Ouvia sua voz sobre os dentes bem cerrados, praticamente com vergonha do que é, sentindo-se culpada pelo par de presas que tinha recebido. Absolutamente ridículo! - Eu não penso fazer um desses teus esquemas, joguinhos de terror com comida não é saudável. – A única que podia até se tornar uma vampira de renome, com presas dignas da sua espécie, nega-se perante os momentos em que podemos nos divertir um pouco. - Tudo bem, pelo menos tentei! Pronto, continuem assim. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 25. The Unforgiven Souls Moscow Season E lá vou eu sempre fazer o meu momento com toda a minha personagem, totalmente aterrorizadora e solitária. Também assim a presa é mais fácil de apanhar, uma mulher bela e solitária faz o instinto de um homem querer tornar-se um herói! O que é óptimo, depois de vê-lo como uma menina a suplicar pela salvação… 25 Era estranho, mas pareciam estar todas à minha espera… As suas expressões eram de estranhar, nunca as tinha visto deste jeito… Estaria algo a acontecer? - Temos de falar. – A seriedade de Claire era alarmante, a elegância de Samanta permanecia intacta até neste momento de pura pressão. Apenas os corações das bruxas batiam descompassadamente, se tivessem vida as restantes, também poderiam bater dessa forma… Mas agora não era momento para as fazer esperar… - Sim, já estou aqui. Qual será então esse tema de tanta tensão? – Até a minha própria voz adquiria um certo tom de seriedade, seria uma longa conversa, era o que temia… - Comecemos então. – Abriu a sessão da conversa, o tom de Verónica não me alegrava nem um pouco… Mas alegrava-me a ideia de terem encontrado alguma pista sobre o meu passado, que pudesse finalmente matar aquele estupor. Essa era uma ideia que não lhes agradava nem um pouco… Não que tivessem alguma coisa a ver com o assunto. Para comentar clicar aqui (é necessário estar ligado à internet para seguir o url) theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 26. The Unforgiven Souls Moscow Season EP5 - "How Was That Guy" - By Samantha Já estou farta de ouvir aquelas duas a discutir por uma matar e achar que é horrível, um ser desprezível só porque era caçadora na sua vida humana. E a outra ainda a provoca chamando-a de monstro… Ridículo. 26 Só gostava de saber porque raio apenas eu não me lembro de quem era na outra vida. Seria assim tão incompleta? Não sei quem fui, quem me transformou. Se eu o queria ou não esta… Amostra de vida. Bom, não me posso totalmente queixa, tenho o que o que qualquer comum mortal deseja. Beleza, uma espécie de saúde, riqueza e homens. Os homens, hum, esses caem-me aos pés. Idiotas e patéticos, tão superficiais. Basta lhes dar um arzinho do que eles desejam e até lambem o chão que eu piso. – Riu para si mesma ao ter essa ideia, ao se recordar. Verónica que passava, olhou-a com desdém. E a resposta que obteve foi “Mete-te na tua morte!”. Sempre a meterem-se nos meus assuntos. Ou sou eu que estou a ficar impaciente e implicante? Desde que Ele apareceu na minha vida, que simplesmente não me sai da mente. Tamanha beleza, tanto deslumbrante e esplendor, tão… Estupidamente caótico. Nunca tinha encontrado ninguém assim. Não!!! Mas porquê? Se eu posso ter qualquer um que seja, porém só Ele me põem em êxtase. O vampiro mais estonteante que eu alguma vez tenha visto. Meu irrepreensível Louis Olive Russian. Foi naquela noite, a 13 de Maio de 1987 que o conheci, por puro acaso. Andava a caçar e parei num bar chamado Dixon, onde se faziam as típicas matines. Estava a procura da minha presa, afinal tinha que escolher bem. Já tinha tudo mais que visto e ao fim de 3 copos de whisky, achei que ali não tinha nada de interessante. Foi então que ele apareceu, vindo do nada. Fiquei extasiada a olhar para tamanho ser. Seu cabelo cor de ouro, o perfeito sorriso, a pele doce, delicada e intocável. O corpo de uma tal elegância que poderia desnortear os corações mais fracos… Isto, se eu tivesse coração. Sua face impecável, como a de um anjo. Um anjo negro. Era petrificante e ele notou o meu interesse de imediato. Enquanto se aproximava percebi que não se tratava de um humano mas sim de um outro igual a mim. Como não tinha percebido logo? theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 27. The Unforgiven Souls Moscow Season Também ele deve ter logo notado o mesmo. Sentou-se numa mesa afastado de mim porém, olhava-me tão fixamente como se seus olhos cor de mel me fossem absorver a qualquer momento. Não me contive, fui ao encontro do estranho, queria saber porque me deixava tão intrigada. Não era a primeira vez que encontrava outros como eu. 27 Aproximei-me e fiz sinal para saber se me podia sentar na sua mesa, ele anuiu e eu sentei-me a sua frente. Ficámos muito tempo a olhar um para o outro sem dizer uma palavra. Apenas a olhar cada um com o seu copo. Muitos olhos se colocaram em nós… - Se não vais falar porque vieste para aqui? – Olhou-me como se me estivesse a tentar avaliar. Demorei alguns minutos a responder. - Não sei bem. A tua presença, - hesitei até encontrar a palavra certa - Intrigaste-me. A propósito sou Samantha Saint. - Prazer – Sorriu para mim – Louis Russian. Porque te intrigo? Nunca tinhas encontrado nenhum… Hum… - Baixou o seu tom de voz ainda mais – Vampiro? - Sorriu com um ar irónico. - Sim já como é óbvio, não tenho culpa de tu seres extremamente desejável. Se fosses humano não te deixaria escapar por nada. Soltou uma gargalhada surpreendentemente perfeita antes de me dizer, - Posso dizer o mesmo. Num sussurro disse: - Dançamos? É que já está tudo a olhar para nós… Convém passarmos despercebidos. Lançou-me um olhar tão profundo que não fui capaz de dizer que não. Agarrou-me na cintura e prendeu-me de tal forma que quase fiquei sem fôlego. Sua mão tocou a minha face e dançamos. Dançamos durante horas, ou pelo menos foi o que me pareceu. Esse foi o melhor dia da minha eternidade… theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 28. The Unforgiven Souls Moscow Season Maldita confusão daquelas duas, perturbaram os meus pensamentos, e como eles podem ser tão agradáveis, mas finalmente elas acabaram. Como é realmente insuportável viver com quatro mulheres? Acho que as posso chamar assim. 28 É melhor chamar aquelas duas para caçar, I NEED A FUCKING CAR! Depois de a Verónica ter tido um acesso de raiva e ter destruiu o meu maravilhoso, o meu Mercedes SLK 220. Para a próxima mato-a, disso ela pode ter a certeza! Mas logo para meu azar ela tinha que ficar naquele estado… Só mesmo comigo. - Carmen, alguma de vocês vai caçar? Sabem bem que não posso ir a pé, dá demasiado nas vistas pelo modo como eu o faço e… Cairia um pouco mal – Sorri num tom amargo. -Não sei bem se será uma boa ideia… Carmen parece mal disposta, duvido que ela te empreste o dela… - Por isso mesmo é que estou a pedir boleia e não o carro! - Pois, tens que perguntar, acho… Interrompia a meio da frase. – Olha, esquece OK? Eu vou a pé! Farta de aturar as vossas birras! Deprimente. Agora toda esta conversa que tenho de contar vai se brilhante! Sheftu e o passado dela. Então e eu? Em que é que fico? Para comentar clicar aqui (é necessário estar ligado à internet para seguir o url) theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 29. The Unforgiven Souls Moscow Season EP6 - "I Feel You" by Carmen Passado o choque inicial de o ver a minha frente, tentei ataca-lo com a minha estaca de madeira mas, ele fora mais rápido e atirou-a para longe. A seguir, segurou-me pelo pescoço e elevou-me a uns vinte centímetros do chão, para que ficasse da mesma 29 altura que ele. ― Isso não foi bonito, Carmenzita! – Disse o meu Criador, com aquela voz suave e sensual com o seu sotaque francês escondido debaixo do seu espanhol. ― Aiii esse olhar…que ódio me tens. Os teus olhos deitam faíscas. Fascinante! De facto devia estar mesmo com um ar de ódio na cara, só me apetecia espetar uma estaca no local onde este idiota tivera um coração. ― Eu odeio vampiros! ― Oh eu sei…- Deixou-me cair ao chão com força, para depois voltar a levantar-me e agarrar-me pelo pescoço. ― Eu noto pelo teu fio… Ao pescoço eu tinha um fio que ele tocou. Tinha pequenas bolas com um símbolo diferente gravado, contava para cada vampiro que já tinha morto. Ao todo eram 24 bolas de prata. ― Vais ser o próximo! – Ameacei. ― A minha jóia da coroa. Uma bela bola vermelha mesmo no meio, símbolo do teu sangue… Ele aproximou a sua cara da minha, conseguia sentir o seu nariz frio contra a minha pele e a sua boca próxima da minha. Com força arrancou o fio do meu pescoço e segurou-o com a mão direita, observou as bolinhas de prata e suspirou. ― Meus irmãos…- Lamentou. Atirou o fio para longe e olhou para mim. Agora eu tinha medo. Sem o meu fio, o meu pescoço estava a descoberto e ele podia aproveitar- se. Comecei a sentir o pânico a crescer-me no peito e ele tambem sentiu. Abriu os seus olhos de um azul estupidamente cativante. ― Fascinante, como passou de uma fúria mortal para…medo. Medo? Não, um terror absurdo! ― Não tenho medo de ti, presas! Ainda cuspi para a sua cara mostrando não ter medo, mesmo que o batimento do meu coração me denunciasse por completo. Estava aterrorizada mas, não disposta a morrer sem dar luta. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 30. The Unforgiven Souls Moscow Season Ele limpou o cuspo da cara, e empurrou-me contra a parede com toda a força, depois fui levantada no ar e atirada através da sala. Embati na outra parede, para depois cair no chão com força. Senti a dor a alastrar-se pelas costas, pela barriga e pela cabeça. Ele virou-se para mim com aquele porte elegante e sorriu mostrando uma dentadura branquíssima com as presas de fora. 30 ― Vais sentir medo, Carmenzita. Muito medo! Mas que raio! Porquê que eu teimava em viajar para o passado quando o passado nada ajudava! Dei comigo em frente a porta do hotel, sem me lembrar de como cheguei até ali. Sei, que viera a conduzir isso, é certo mas, parece que todo o caminho fora feito num estado de inconsciência enquanto eu recordava o passado. Deixei cair a cabeça no volante, estava cansada daquilo, daqueles flashbacks dolorosos que só me faziam sentir vergonha por não ter lutado mais… Passei os dedos pela minha flor-de-lis. Havia derretido as minhas 24 bolas de prata, sinais da minha conquista, e tinha-lhes dado uma nova forma. Uma flor-de-lis que levava sempre ao pescoço, era uma maneira de manter quem eu era. Bateram no vidro e eu assustei-me um jovem apareceu do lado de fora do carro, com um sorriso. Abriu-me a porta e eu saí, entregando-lhe a chave, sem grandes conversas. Parei a porta do hotel apreciando a neve que caía como uma chuva de esferovite, estendi a mão e deixei uns flocos caírem-me na palma. Adorava a neve, em Madrid não nevava, por isso adorava ir a Moscovo, já lá tinha passado imenso tempo enquanto vampira nómada então me fartava daquela neve. Atravessei a porta giratória, cumprimentando o porteiro e as meninas ao balcão, sempre muito simpáticas e bonitas. Passei por alguns socialites que partilharam o seu olhar de desprezo pela minha pessoa, olharam-me de soslaio. Ser mais jovem e mais rica do que eles era uma ofensa. Principalmente, para as mulheres, que viam os olhares dos maridos sempre que uma de nós passava. Inveja, um sentimento mesmo muito feio. Carreguei no botão para chamar o elevador e lá, esperei. ― Menina Montenegro! – Reconheci logo a voz sem ter de virar-me. Quem mais senão o Concierge do hotel. ― Menina Montenegro! O homem era chato, irritante e sempre a tentar agradar. Já tinha passado pela cabeça de todas arrancar-lhe o coração mas, daria muito trabalho. Não me virei sequer, continuei a observar a porta de elevador, que parecia ser mais interessante… theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 31. The Unforgiven Souls Moscow Season Faltavam três andares para o elevador chegar. ― Menina Montenegro! – Ouvi os seus passos aproximarem-se e ficou ao meu lado, com o seu perfume enjoativo. ― Boa noite, como está? ― Bem… 31 ― E as suas irmãs? Faltavam dois andares. Sim, ao olho humano nós éramos irmãs. Irmãs! Três eram estupidamente pálidas e frias, enquanto as outras duas pareciam ser de outro mundo, pela maneira estranha como se movimentavam. Sim, irmãs! Sem contar com a diferença física; uma loira, outra morena, uma ruiva, uma de olhos azuis, outra de olhos pretos. Sim, Irmãs! ― Estão todas óptimas. Faltava apenas um andar. ― Menina Montenegro…- Estava a farta-me daquela voz. ― Posso perguntar-lhe uma coisa? Raios, o elevador parara mesmo no ultimo andar! ― Sim, Sr. Dubois? ― Porque não deixa a nossa equipa de limpeza entrar na penthouse? Temos a melhor equipa de limpeza, todas as nossas empregadas são óptimas funcionárias! E a equipa e manutenção do hotel é cinco estrelas! Se tem medo que alguma coisa seja roubada, pode deixa-las no cofre enquanto é efectuada a limpeza… O som mais maravilhoso invadiu os meus ouvidos. O elevador tinha chegado e as portas estavam abertas a espera para me levarem daquela conversa idiota. ― Não, Sr. Dubois. – Disse interrompendo-o. Entrei no compartimento. ― Acredite, não precisamos de funcionários de limpeza lá em cima… ― Porquê? Porque da última vez, a Samantha matou um belo rapaz que limpava as janelas e a Sheftu queria brincar aos aperitivos com o homem que vinha arranjar o ar condicionado. ― Porque não! A porta fechou-se e eu subi. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 32. The Unforgiven Souls Moscow Season Assim que o elevador parou na penthouse, entrei em pleno ambiente tenso, conseguia distinguir as vozes de Verónica e de Claire em conversa sussurrada. O assunto parecia mortalmente sério. Fiquei parada junto a porta a ver se conseguia ver alguma coisa mas, elas não bruxas a toa! 32 ― Não sabias, que é feio ouvir atrás das portas, Carmen? – Perguntou Verónica com toda a sua pose e circunstância. Empurrei a porta e entrei. ― Já passei o tempo para ser politicamente correcta, Verónica. Verónica ergueu a sobrancelha e virou-me a cara, trocou olhares com Claire. Ás vezes parecia-me que as duas tinham uma espécie de poder, em que podiam falar por pensamento…era estranho! ― Como é que chegaste a casa tão depressa? – Perguntou olhando para Claire, enquanto tirava o casaco e metia as chaves em cima da mesa. ― Vim a pé… ― Hum…- Disse eu. Porquê que tinha a impressão que se tinha passado mais do que uma simples noite? ― Passou-se alguma coisa enquanto estive a caçar? As duas trocaram olhares e aí eu vi, Verónica mexeu-se demais, parecia nervosa com alguma coisa e Claire, fez o que pode para parecer normal, mostrando-me um sorriso. ― Não, tudo bem. Tirando a Sheftu que está de mau humor e a Samantha que está sempre a chatear… O meu sentido de caçadora, dizia que havia ali qualquer coisa mas, não forcei. Olhei para a minha camisa branca suja de sangue, tinha de mudar de roupa. ― Bem, vou trocar de roupa… Elas não pareceram minimamente preocupadas com o facto de me ausentar, pelo contrário, ainda nem tinha chegado a meio do corredor quando ouvi Verónica e Claire a sussurrar. ― Verónica, ela pode ajudar-te… ― Não! ― Ela pode descobrir quem anda a telefonar-te e o que te aconteceu! Já que ninguém viu… ― Nem pensar, que vou pedir ajuda aquela miserável! – Pela sombra vi que estava de pé. ― Este assunto é meu, e eu vou saber quem é. Ninguém se mete comigo e fica assim… theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 33. The Unforgiven Souls Moscow Season Sorri para mim mesma, tinha de admitir: Verónica era impossível as vezes mas, tinha espírito guerreiro e era lutadora, talvez ao seu passado. 33 Subi as escadas que davam para o meu quarto; Tinha costado os olhos da cara encontrar uma penthouse grande o suficiente para todas nós, mas, assim que vimos esta todas concordamos. O meu quarto ficava algures lá em cima, mesmo ao fim do corredor. Tinha sido ainda mais caro, decorar o quarto de acordo com o gosto de cada uma, queríamos que fosse o mais parecido com um lar possível. Entrei no meu quarto ás escuras e acendi a luz. O meu quarto estava todo decorado em tom vermelho, com uma grande cama de casal, uma secretária com um computador, um enorme guarda fato – sim, todas tínhamos uma extensão enorme de roupas e sapatos. Não é por sermos vampiras que deixamos de ser mulheres! – e casa de banho, podia dizer-se que era o mais pequeno, o maior quarto e o mais afastado ficara para Samantha, ninguém queria ouvir o que ela fazia com as suas “visitas” Sentei-me na minha cama, tirei o meu casaco e atirei-me para cima da cadeira. Peguei no cabelo e enrolei-o numa cebola, subitamente, lembrei-me daquele vulto enquanto caçava. Precisava de me concentrar se queria saber quem me seguia. Ainda me lembrava da silhueta daquela sombra atrás da árvore; Era um homem, isso era certo, e parecia ser forte e musculado. Como tinha o raio de um capuz na cabeça, não pude ver a cara mas, apenas um pouco dos seus lábios rosados. Parecia ser forte e tinha as pernas um bocado arqueadas. As suas mãos estavam dentro dos bolsos, enquanto olhava para mim, como se tentasse esconder-se o máximo possível, então ele sabia que eu o conhecia… Mas, o que mais picava debaixo da minha pele era aquele cheiro. Com tantos anos de experiência, o meu olfacto tinha-se tornado muito apurado, assim como a minha memória olfactiva. Eu conhecia aquele cheiro mas, da onde?! Fechei os olhos e recordei a mistura de aromas que senti, ao ver aquela sombra: Carvalho, terra molhada, madeira, cabedal… Meti as mãos em volta do nariz, como se tentasse conservar o aroma e novamente, aquela sensação de que conhecia aquilo e que o nome estava mesmo debaixo da minha língua. ― Quem és? Num momento, breve mas de grande impacto, viajei para uma floresta, a minha frente estava uma pequena casa de madeira, eu olhava fixamente para aquela casa e sentia um turbilhão de emoções. Queria algo daquela casa… theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 34. The Unforgiven Souls Moscow Season A memória desvaneceu-se rapidamente, e abri os olhos. Estava de novo no meu quarto. ― Raios! Num momento de irritação, levantei-me e derrubei a cadeira. Detestava aquela 34 sensação. Saí do quarto praticamente a voar, irritada comigo mesma, por não me lembrar. Desci as escadas e ao virar, para a sala tropecei nuns sacos de comida, fiquei com as calças sujas de um molho cor de laranja. ― Mas que…Que porcaria é esta!? O molho tinha um cheiro horrível, ou era simplesmente a minha adversão a comida que falava. ― É comida chinesa! – Exclamou Samantha ao fundo corredor com um ar super natural. ― Quis comprar. ― Para quem? Nós não comemos! ― A Claire e a Verónica comem! ― Mas não comem comida chinesa, Samantha! – Abri o saco e o cheiro enjoou-me. Aquilo era horrível! Mas, reconheci algumas iguarias caras, muito caras! Larguei o saco e observei o pescoço de Samantha onde brilhava um colar muito caro ― Onde compraste isso? Ela afagou as pedras ao pescoço. ― Numa joalharia aqui perto. É lindo, não é? ― E caro! – Passei por cima do saco de papel. – Não podemos fazer gastos desnecessários! Temos que manter-nos o mais discretas possível… ― Discretas?! Não sei se reparas mas, estamos numa penthouse num dos melhores hotéis do mundo e tu conduzes um Mustang feito por encomenda! Como queres ser discreta?! Ouvi passos atrás de mim e reconheci o cheiro de Verónica e Claire, sempre juntas. No cimo das escadas, entre nós as duas, apareceu Sheftu com um brilho nos olhos. ― Não quero saber! Vais devolver essa jóia e esta comida horrível. ― Não! – O olhar de Samantha era de desafio. ― Lá porque tu não aceitas quem tu és, não significa que tenha de fazer o mesmo! theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 35. The Unforgiven Souls Moscow Season Quase voei na sua direcção de Samantha. Estava mesmo perto, só algo preenchia o espaço e era Claire que me agarrava os ombros. Vi Sheftu a descer uns degraus tambem e senti Verónica mais perto, as duas prontas a intervir caso acontecesse o pior. Samantha não tinha arredado o pé, quando me viu a avançar mas vi, um laivo de susto quando me viu tão perto, tão rápido. Se eu a atacasse, por ser mais velha e mais 35 forte, tê-la-ia magoado muito seriamente, senão morto. Sentia as mãos de Claire a empurrarem-me para trás ― Carmen, por favor… Não sei porquê, talvez fosse aquela coisa…aquela sensação esquisita de ser Claire a pedir que me afastasse, que acabei por faze-lo. Recuei alguns passos mas, Verónica e Sheftu mantinham-se por perto. Ia voltar para o quarto, quando chutei o saco de comida chinesa na direcção de Samantha, sujando-lhe o vestido roxo que trazia. Sheftu sorriu muito levemente, senti Verónica a conter uma gargalhada e, também me pareceu ver um laivo de divertimento nos olhos de Claire. ― Sua cabra! – Gritou Samantha avançando para mim, quase atropelando Claire que estava no seu caminho. ― Samantha! – A voz de Sheftu fez-se ouvir forte e Samantha parou. ― Já chega! Vai trocar de roupa, e limpa esta porcaria. Samantha virou-se para com um ar de ofensa mas, Sheftu era a mais velha, logo uma ordem dela tinha que ser respeitada. ― Mas… As duas trocaram olhares, até que Samantha desapareceu rogando pragas a toda a gente. ― O mesmo vale para ti Carmen, vai mudar de roupa. – Olhou para a minha camisa branca manchada de sangue, para depois voltar a subir as escadas, pouco tempo depois a sua porta bateu. Verónica e Claire, ambas olharam para mim surpresas, mas logo retiraram-se para o seu mundinho em silêncio e fiquei no corredor, até subir outra vez. Dirigi-me para a minha janela, abri os vidros e meti a cabeça de fora. Passei os olhos pela cidade de Moscovo coberta pela neve e agora, quase deserta a medida que a noite se arrastava. De vez em quando passava um ou outro carro, ou uma pessoa. Adorava Moscovo, simplesmente adorava. A escolha dos nossos itinerários, estava ao cabo de Verónica e Claire, elas com os seus poderes, levavam-nos por ai. O que era bom! Admito, elas têm bom gosto para escolher locais perfeitos mas, Moscovo…não sei…era algo que simplesmente, fascinava na cidade. Uma cidade na qual nunca tinha theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 36. The Unforgiven Souls Moscow Season posto os pés até ter sido vampira, no entanto, a adoração era tanta que levava a crer que numa outra vida, tinha andado por aqui. Passeei olhar pelas ruas, vi um casal apaixonado a andar de mãos dadas. Um grupo de jovens a sair para a noite. Passou um carro com música aos altos berros. Guardas policiais a fazer as suas rondas com passo lento e olhar atento. Fechei os olhos 36 devorando o frio, que não me atingia, e apreciando a noite minha amiga, aquilo era tudo! Puro silencio e beleza. Mas, algo fez com que eu abri-se os olhos e prende-se o olhar debaixo de um candeeiro de rua. Até que reparei num homem. Devia estar na casa dos 30 anos, de cabelo castanho claro e um porte magnífico. Estava encostado ao poste, com as mãos nos bolsos e a perna cruzada, numa pose casual. Trazia um casaco de cabedal castanho e umas calças de ganga já gastas e…olhava directamente para mim. A brisa gelada, trouxe-me o cheiro que logo reconheci. Era ele quem me observara a momentos. Era sim! Quando reparou que eu o reconhecera, ele endireitou-se e pareceu olhar-me com mais frieza. Num impulso saí do quarto a correr. Estava disposta a saber quem era este homem que me perseguia! Saltei o lance de escadas que me levava ao corredor, caindo mesmo a frente de Claire, com facilidade. ― Hey… Não lhe deixei acabar a pergunta ou o que se seja que fosse dizer, desatei a correr corredor fora, passando pela sala que estava ocupada por Verónica. Abri a porta e, ao invés de chamar o elevador abri a porta das escadas de emergência e saltei lá para baixo, num total de 15 andares, caindo com agilidade. Abri a porta de emergência e corri até a entrada, passando pelo porteiro que ficou a olhar para mim espantando com a velocidade...ou será da minha camisa manchada de sangue? Virei a esquerda, e segui para a rua de onde tinha vista mas, não vi ninguém. Estava deserta. Apenas a neve, e o candeeiro solitário ocupavam aquela zona. Não se via polícias, nem casais apaixonados ou jovens embriagados. Nada Ele tinha desaparecido outra vez. Aproximei-me do candeeiro onde ele esteve e cheirei profundamente. Estava impregnado com o seu aroma mas, parecia acabar ali. Seja o que for que usava, tapou- lhe o cheiro e não podia segui-lo. Olhei em volta tentando ver alguém mas, apenas encontrei a rua deserta e cheia de neve. Voltei-me para o candeeiro e vi um papel ali pendurado, tinha sido colado com fita cola e por cima dele tinha sido deixado um pedaço de tronco. Cheirei, e reconheci, era o pedaço de um carvalho. Abri o pequeno bilhete com força e ao ler o que estava ali escrito, fiquei tensa. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 37. The Unforgiven Souls Moscow Season No papel lia-se: “Eu disse que te encontrava…” Para comentar clicar aqui (é necessário estar ligado à internet para seguir o url) 37 theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 38. The Unforgiven Souls Moscow Season EP7 - "Lies and the truth" by Veronica Passaram um par de horas desde que tudo aconteceu... Ainda estou um pouco confusa. Não tenho nada muito claro e sinto-me como se 38 tivesse-se de mãos e pés atados. Decidi ir falar um pouco com a Claire, para ver se as minhas ideias ficavam um pouco mais organizadas. Claire estava na cozinha. Entrei e sentei-me numa das cadeiras. - Claire... - Já sei, precisas falar comigo... - Que tens? - preguntei desconfiada. - Nada, esquece... Parvoíces! - Disse ela num tom mais leve. - Preciso saber o que aconteceu. Sabes bem o que temos entre mãos... Sabes bem quem sou... - Disse com ar mais sério que o normal. - Tu já não és a mesma. Tu mudaste muito neste ultimo século... Não podes... - Shiuu! - Exclamei. - Não sabias, que é feio ouvir atrás das portas, Carmen? Carmen empurro a porta e entrou. - Já passei o tempo para ser politicamente correcta, Verónica. Ergui a sobrancelha e virei a cara. Troquei um par de olhar com a Claire e ela entendeu que mais tarde continuavamos. - Como é que chegaste tão depressa a casa? - Preguntou Carmen a Claire. - Vim a pé... - Respondeu-lhe Claire. - Hum... Passou-se alguma coisa enquanto estive a caçar? Eu e Claire trocamos olhares. Comecei a ficar nervosa. Ou melhor fiquei mais do que já estava. Mas Estava Claire para salvar a situação, mostrou um sorriso e respondeu- lhe tranquilamente. - Não, tudo bem. Tirando a Sheftu que está de mau humor e a Samantha que está sempre a chatear… Apesar de ter parecido que a vampira não ficou lá muito convencida, eu fiquei mais descansada. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 39. The Unforgiven Souls Moscow Season - Bem, vou trocar de roupa… - Disse Carmen e saiu pela porta. Aguardamos silencio por uns segundo. Mas... - Verónica, ela pode ajudar-te… - Não! 39 - Ela pode descobrir quem anda a telefonar-te e o que te aconteceu! Já que ninguém viu… - Nem pensar, que vou pedir ajuda aquela miserável! – Disse levantando-me de um salto ― Este assunto é meu, e eu vou saber quem é. Ninguém se mete comigo e fica assim… Sai da cozinha zangada com a situação e com o facto de não poder fazer nada. Fui até a sala que por sorte esta vazia e sentei-me num enorme cadeirão que havia junto a uma das janelas. Ainda me sentia meio débil com tudo o que me tinha passado mas graças a Claire estava a recuperar bem. Olhei pela janela ainda um pouco zangada mas algo aconteceu. A imagem de Moscovo desapareceu e apareceu outra bem diferente. Desta vez não via desde fora. Na minha frente só conseguia ver uma perna que balanceavam no ar. Eu encontrava- me de joelhos e estava com o meu punhal na mão direita. Tinha as mãos cobertas de sangue assim como toda a minha vida. De repente voltei a ver Moscovo. Até que... - Não podemos fazer gastos desnecessários! Temos que manter-nos o mais discretas possível… Era a voz de Carmen. Mas porque gritava? E com quem? Levantei-me rápidamente e corri até ao corredor. ― Discretas?! Não sei se reparas mas, estamos numa penthouse num dos melhores hotéis do mundo e tu conduzes um Mustang feito por encomenda! Como queres ser discreta?! Aproximei-me de Carmen e atrás de mim apareceu Claire. Entre aquelas duas apareceu também Sheftu. - Não quero saber! Vais devolver essa jóia e esta comida horrível. Olhei para o chão onde estavam uns sacos virados ao contrário. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 40. The Unforgiven Souls Moscow Season - Não! – O olhar de Samantha era de desafio. ― Lá porque tu não aceitas quem tu és, não significa que tenha de fazer o mesmo! Senti que Carmen ia aniquilar a Samantha e aproximei-me um pouco mais. Sheftu e Claire também sentiram, mas como eu Sheftu simplesmente se aproximou, já Claire e também devido há maior confiança com Carmen aproximou-se e agarrou-a pelo 40 ombro tentando impedir que algo passasse. Samantha nem se mexeu quando viu Carmen avançar na sua direcçãomas todas nós sentimos a panico que sentiu quando a viu tão perto. - Carmen, por favor… - Pedia Claire enquanto a empurrava para trás. Carmen virando-se de repente deu um pontapé no saco da comida na direcção da Samantha. O saco levantou voo e caiu mesmo no vestido roxo que aquela vampira mal criada trazia vestido. Sheftu sorriu muito levemente, mas eu tive de conter uma forte gargalhada. Todas nós nos tinhamos divertido com a cena em que a palhaça era Samantha. - Sua cabra! – Gritou Samantha avançando direito a Carmen, quase atropelando Claire que estava no seu caminho. - Samantha! – A voz de Sheftu fez-se ouvir forte ― Já chega! Vai trocar de roupa, e limpa esta porcaria. Samantha virou-se para com um ar de ofensa mas, Sheftu era a mais velha, logo uma ordem dela tinha que ser respeitada. - Mas… As duas trocaram olhares, até que Samantha desapareceu rogando pragas a toda a gente. - O mesmo vale para ti Carmen, vai mudar de roupa. No momento em que Sheftu decidiu, acabou-se por completo o circo. Decidi que tinha que dar uma volta. Aquele sitio era uma loucura. Chamei o elevador e.... Despertei 1h depois à por da penhouse. A minha roupa e as minhas mãos estavam cobertas de sangue. Oh não! Voltava a ver aquela cena. Que foi o que eu fiz? Entrei na penhouse. Na sala estava Samantha. Olhou fixamente para mim e deu um valente grito. - Uhhh! Parece que a bruxinha se ando a divertir.... Rapidamente apareceram as outras tres que estavam cada uma em seu quarto. theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 41. The Unforgiven Souls Moscow Season Todas olham seriamente mas apenas Claire se preocupou. - Que aconteceu, Verónica? - Não sei Claire! - Disse com um ar assustado. - Juro-te que não sei.... Nesse momento tocou o meu telemóvel. Ouvi do outro lado. 41 - Eu avisei-te que nunca me esquecerias... Para comentar clicar aqui (é necessário estar ligado à internet para seguir o url) theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 42. The Unforgiven Souls Moscow Season EP8 - "Die Darling Die!" by Sheftu Meus pensamentos estavam entregues a todas as habituais lamúrias de sempre. Conseguia ser a mais terrível, até para mim. Essa era a única vez que podia ser mais leve, mas não! 42 ― Carmen, por favor… - Ouvia a voz de Claire ao longe... Não acredito, mais uma parva duma briga. Carmen se afastou com o pedido, voltando para o seu quarto. Então ela não estava o suficientemente contente com o sucedido, rapidamente se virou para atirar o saco à cara dela. Uma coisa digna de Óscares! O melhor prémio para a ridicularidade humana. Fosse ela humana, pobre vampira. Mas sempre era algo bem digno de se ver... Sorri ao pensar nisso, sempre poderia desencadear uma guerra entre elas eterna para ver quem se tornava numa vampira de realidade. ― Sua cabra! – Gritou Samantha avançando para Carmen, quase atropelando Claire que estava no caminho. ― Samantha! – Já chegava de parvoíce por hoje, tinha que procurar indícios da minha irmã. Samantha parou a poucos metros do seu alvo. ― Já chega! Vai trocar de roupa, e limpa esta porcaria. Samantha virou-se para mim com um ar de ofensa, ela que não me enervasse muito ou talvez fosse a ultima hora dela por aqui. Criancices! ― Mas… Ela olhou para mim, eu ligeiramente a matei com o meu olhar, que tentasse se opor! Até me divertiria. ― O mesmo vale para ti Carmen, vai mudar de roupa.- E estava esta estupidez toda resolvida. Não tinha tempo nem paciência para isto hoje! Talvez este seja o dia em que nunca irei esquecer, sinto isso naquilo que nunca realmente esqueci. Tudo isto apenas por uma batida cardíaca que já não ouvia há muito tempo… Milénios e milénios de procuras alucinantes, finalmente a hora tinha chegado. Sempre procurava aquele batimento, que tão diferente era dos restantes, ao longo dos milénios que tento encontrá-lo, este ser meio vivo, tentar saber onde poderia estar. Assim, também encontrarei aquele que me criou, destruirei cada parte dele sem qualquer pudor depois de conseguir a força necessária. Tantos anos de procuras, tantos momentos fracassados, perdendo a esperança de os encontrar e agora estavam demasiado perto, deixaram que eu os encontrasse… Era theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 43. The Unforgiven Souls Moscow Season uma armadilha, sabia bem disso, mas era talvez a única hipótese em que podia enterrar todo o passado de uma vez por todas. Tudo começava com uma maldita carta, seu cheiro a cemitério já me dizia quem seria aquele que ma tinha enviado, apenas o meu Criador poderia estar num local desses, era o seu fetiche pessoal, viver no único lugar onde ninguém esperava. Eu 43 devia de ter calculado que ele estaria num lugar como esse, só para ver se me dava medo. Ele era ridículo. Ninguém sabia que a carta tinha sido escrita com uma tinta especial, a tinta que minha família tinha feito, aquela mesma tinta que tinha acabado quando o meu pai tinha morrido, deixando a minha mãe apenas comigo. Era odioso, mas a verdade é que meu pai tinha sido morto pelo meu criador, tudo com um propósito óbvio: criar a descendência, usando a minha mãe. Estive ao lado da minha mãe a todo o momento, vendo a evolução da criança maldita em seu ventre, vendo a sua morte por causa dessa criança que lhe consumia as entranhas, eliminando toda e qualquer família que tivesse… Seres desses eram bem conhecidos no Egipto, eram como a pior maldição que poderia existir. Eles iriam descobri-la e matá-la, era a minha única família na altura, por isso fugi mal ela nasceu… Deixando o corpo morto da minha mãe para trás, deixando toda a minha vida para trás, tudo por manter a única família que tinha viva. Simplesmente ridículo! Fomos apanhados a meio do deserto por um grupo de nómadas, não conheciam os costumes da minha terra, tinha caminhado o mais possível pelo deserto, tentando escapar o mais possível ao meu mundo, aquele que ia destruir minha irmã, deixando- me totalmente desamparada, prometida a um faraó que nem conhecia e que me iria matar também, por ter uma criança maldita na minha família. Era assim que as tratavam, aquelas que eram feitas pelo meu criador. Ele gostava de encantar as mulheres, nunca lhe escapava alguma. Minha mãe era especial, a única que pôde ter um filho daquela coisa. Eu detestava ter que recordar cada parte dessa minha última parte da vida, aquele grupo nómada queria na verdade algo que eu nunca tinha descoberto, até que vi que não eram nómadas, chegando a uma zona com mulheres prisioneiras, fazendo delas suas concubinas, sujeitando-as a torturas inimagináveis. Seres cuja maldade foi capturada por mim, fazendo agora parte da minha forma de matar. Humanos, desprezíveis seres que são um óptimo almoço… E agora estava com fome, mas não podia deixar de pensar em tudo isto, tinha que capturar cada detalhe do meu passado para arranjar uma forma de o matar, de destruir tudo o que viesse dele… ‫ !ال ل ع نة‬Não conseguia deixar de pensar numa solução, não conseguia arranjar nenhuma, e minha mente estava perdida pelo cheiro desta carta, procurando a resposta que mais procurava, sabendo assim onde iria para o matar. Esse estupor não tinha qualquer direito de me invadir a vida, já estava demasiados anos morto, alguém que nunca realemente devia de ter existido alguma vez na vida! theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 44. The Unforgiven Souls Moscow Season Passei alguns dias à procura, não parava quase tempo nenhum, me alimentava o mais rápido possível, cada segundo que passava era uma perda de tempo, ele podia tentar escapar, eu sabia disso... Mas também sabia que não seria fácil combater contra ele, ainda estava sozinha e sem qualquer apoio nesta batalha, não sabia quantos iriam estar a seu lado, que pensamento inacreditável. Totalmente o oposto, juntas aqui à busca do meu Criador... 44 Não demorou muito tempo, dois dias bastaram para que nós os encontrássemos, como esperava ele tinha iludido a minha irmã, estava completamente iludida por ele. - Não te metas entre nós! – Repliquei, alertando a minha irmã, eu não poderia defendê-la mais... - Vejo que vieste sozinha, tens tido muitas companhias ultimamente, posso cheira- las... Tens tido bom proveito? Não as devias de ter trazido hoje? – O meu Criador tentava mostrar o máximo de amabilidade possível, simplesmente nojento! Avancei contra ele, minha irmã veio para junto de mim e me lançou por terra, eu não acreditava que ela me estava a fazer isto! Sua boca se juntou ao meu pescoço, mordendo-o, deixando o veneno alterado dela se misturar em meu corpo... - Não devias ter tentado atacar o meu amado, meu pai não fez nada de mal – sussurrou-me no ouvido, eu já sentia o seu veneno em meu corpo, não sabia o que tudo isto iria fazer à minha vida, mas não me importava... Eu ouvia alguém a tentar defender-me, talvez me tenha pegado e tentado fugir, porque me senti a ser levantada, mas rapidamente caí novamente por terra... Não conseguia ver nada, estava num estado de coma, vivendo todas as horas como se fossem as últimas... Não sentia muito mais... Estava à mercê de quem ganhasse... Sentia alguém a amparar-me, estava cega, sem forças, perdida em toda esta situação… Ouvia de longe o eco das vozes que me levavam para algum lugar, pareciam aquelas que me seguiam, aquelas que me tentaram ajudar… A minha mente estava a ficar mais livre, comecei a sentir um peso enorme sobre os meus pensamentos, um peso que aumentava cada vez mais… - Aguenta, rapidamente chegaremos a casa e um amigo meu nos ajudará… Tudo se resolverá. – Parecia que alguém me sussurrava bem de longe, não sabia bem ao certo quem… - Eric, achas que é muito grave? – Ouvia a voz duma mulher, achava eu, parecia um sussurro… Estava cansada, sentia-me perdida algures em mim… Acordei, meus olhos focaram o local onde estava, parecia ser o meu quarto, parecia que nada tinha acontecido, não fosse o meu estado. Não estivesse eu ainda fraca, minha mala das rosas vermelhas tinha sido remexida. Talvez quem me tivesse salvado pudesse ter sido a mesma pessoa que tinha alterado o meu quarto. Ainda estava um theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com
  • 45. The Unforgiven Souls Moscow Season pouco fraca, toquei no local onde tinha sido mordida, tinha em meu pescoço um lenço, cheirava a um perfume que me dava algumas recordações... Era o sangue que tinha guardado da minha mãe, e entre outras coisas... Mas que raio? Tentei tirar, mas rapidamente colocaram uma mão sobre a minha, uma mão quente... Não tinha reparado, estava a observar atentamente o meu quarto, não notei que 45 alguém estava a meu lado. Seu cabelo negro realçava com a sua pele branca, mas seu coração batia, parecia alguém da mesma espécie da minha meia-irmã. Tinha um anel, com um símbolo que bem conhecia, na sua pedra cor de sangue, tinha uma cruz ansata, tal e qual a que tinha no braço. Quem era este homem? Seus olhos azuis estavam a tentar observar cada reacção que tinha, procurando alguma razão para me travar... Tentei levantar-me, sendo novamente travada por esse homem. Quem era ele para pensar que iria mandar em mim? Pensei em gritar, mas não servia de nada, sentia os corações das bruxas na cozinha, uns sons do quarto de Cármen, que é ao lado do meu... A Samanta parecia estar a chegar, talvez com mais compras, aquela vampira não podia estar pior! Por mais que estivesse aqui, não iria deixar o gostinho a este homem, não iria mover nem um milímetro sequer. Ele acabaria por falhar um segundo, e isso seria suficiente para escapar. Que ironia! Permanecer as restantes horas ao lado deste homem, Ah! Que raiva. Para comentar clicar aqui (é necessário estar ligado à internet para seguir o url) theunforgivensouls@hotmail.com http://theunforgivensouls.blogspot.com