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CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL: MULTIMÍDIA
RODOLFO HARDT NOGUEIRA
GRAFITE MARAJOARA COMO MÍDIAALTERNATIVA EM BELÉM
Artigo apresentado ao Curso de Comunicação
Social: Multimídia para obtenção do grau de
Bacharel em Comunicação Social Multimídia
Orientado por: M.Sc. Lorena Bischoff Trescastro
BELÉM
2010
CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL: MULTIMÍDIA
RODOLFO HARDT NOGUEIRA
GRAFITE MARAJOARA COMO MÍDIAALTERNATIVA EM BELÉM
Artigo apresentado ao Curso de Comunicação
Social: Multimídia para obtenção do grau de
Bacharel em Comunicação Social Multimídia
Orientado por: M.Sc. Lorena Bischoff Trescastro
BELÉM
2010
CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL: MULTIMÍDIA
RODOLFO HARDT NOGUEIRA
GRAFITE MARAJOARA COMO MÍDIAALTERNATIVA EM BELÉM
Este artigo foi julgado adequado para obtenção do Grau de Bacharel em Comunicação Social: com
Habilitação em Multimídia e aprovado na sua forma final pelo Instituto de Estudos Superiores da
Amazônia.
Data: _______/______/______
Nota: ________________
__________________________________________________
Profª.M.Sc. Lorena Bischoff Trescastro
Orientadora - IESAM
__________________________________________________
Prof. Esp. Acilon Baptista Cavalcante
Avaliador - IESAM
_________________________________________________
Prof ª. Esp. Bárbara Freire
Avaliador - IESAM
BELÉM
2010
1
Grafite marajoara como mídia alternativa em Belém
Rodolfo Hardt Nogueira1
Lorena Biscoff Trescastro2
Curso: Comunicação Social, com habilitação em Multimídia, do Instituto de Estudos Superiores da Amazônia –
IESAM, Avenida Governador José Malcher, 1148 – CEP: 66055-260 Nazaré – Belém-PA
Resumo: O grafite, como intervenção urbana, vem ganhando espaço na medida em que contribui para a
qualidade visual do cenário urbano, em grandes cidades, como Nova York e São Paulo. Este trabalho tem por
objetivo apresentar propostas de grafite na cidade de Belém com traço marajoara, próprio da cultura amazônica,
como forma de preservação e divulgação da cultura local. Para tanto foram feitas pesquisa bibliográfica, em
livros e artigos, pesquisa de campo, mediante aplicação de questionários e instalações em espaços públicos e
privado de ampla circulação em Belém, com traços marajoara. Com a análise dos dados da pesquisa, constatou-
se a viabilidade da execução de técnicas de grafite com arte marajoara na cidade de Belém.
Palavras-chave:Grafite. Arte Marajoara. Intervenção Urbana. Comunicação. Cultura.
Abstract: The graffiti as urban intervention, has gained importance as it contributes to the visual quality of the
urban scene in big cities like New York and Sao Paulo. This paper aims to present proposals for graffiti in the
city of Bethlehem with stroke marajoara Amazon's own culture as a means of preservation and dissemination of
local culture. Therefore, we done literature, books and articles, field research, through questionnaires and
installations in public spaces and private wide circulation in Bethlehem, with traces marajoara. With the analysis
of survey data, we found the feasibility of the implementation techniques of graffiti art with the city of
Bethlehem marajoara.
Keywords:Grafite. Art Marajoara. Urban Intervention. Communication. Culture.
1 INTRODUÇÃO
As pessoas que vivem em centros urbanos se tornam alvo de fortes apelos visuais que
atraem sua atenção, seja de forma positiva ou negativa. Percebe-se que, ao transitar pelas ruas
da cidade, depara-se com outdoors, busdoors, cartazes em muros e postes, pichações, além do
objeto de estudo deste trabalho, o grafite.
Segundo Gitahy (1999), grafite é o nome dado às palavras e aos desenhos pintados nos
muros das cidades que é utilizado para transmitir uma mensagem com grande apelo visual
e/ou artístico. Essa manifestação surgiu através das pinturas rupestres, os materiais utilizados
eram terras de diferentes tonalidades, sucos de plantas, ossos fossilizados ou calcinados,
misturados com água e gordura de animais.
Por muitas vezes o grafite deixou de ser considerado como arte por fugir dos padrões de
uma “obra”, se comparado com as obras de Picasso, Miró, Van Gogh, entre outros, passando a
ser considerado muitas vezes como arte de subúrbio, quando não como vandalismo, sendo
1
Graduando do Curso: Comunicação Social, com habilitação em Multimídia. Endereço eletrônico:
rhnogueira@gmail.com
2
Mestre em Letras pela Universidade Federal do Pará. Endereço eletrônico: trescastro@prof.iesam-
pa.edu.br
2
relacionado à pichação. Por utilizarem o mesmo ambiente e o mesmo material, surgem alguns
equívocos entre a pichação e o grafite.
Atualmente, o grafite já é praticado por artistas plásticos e designers, geralmente em
grandes grupos. O grafite urbano utiliza spray ou rolo de pintura, usando os mesmos suportes
da pichação (muros, postes, viadutos, pontes), mas existem entre eles diferenças conceituais e
estéticas. Os grafites são coloridos, bem elaborados com contorno e preenchimento com
personagens e representação plástica da imagem. Feitos com autorização prévia, já são
compreendidos como manifestação artística, ganhando espaço inclusive em galerias de arte e
museus. Ao contrário da pichação que, utiliza diversas ilustrações e cores, possuindo função
ideológica, feita sem autorização, mas também decorativa.
Segundo Gitahy (1999), uma das diferenças entre o grafite e a pichação é que o
primeiro advém das artes plásticas e o segundo da escrita, ou seja, o grafite privilegia a
imagem; a pichação, a palavra e/ou a letra. Embora ambos tenham surgido com o mesmo
propósito - como forma de intervenção e transgressão urbana, é possível diferenciá-los pelo
conteúdo e desenvolvimento das mensagens.
Para Ramos (2008, p. 46), “a pichação é um protografite, que parte de um processo mais
anárquico de criação, onde o que importa é transgredir e até agredir; marcar a presença,
provocar”. Já o grafite tem foco no uso da imagem como meio de comunicação com grande
apelo visual e grande carga artística. Ramos (2008, p. 50) afirma que “a linguagem do grafite
fica mais próxima a um protesto „branco‟, pois não tenciona agredir nem o urbano e nem seus
habitantes, mas tão somente chamar a atenção, tanto para descasos da cultura, quanto para um
melhor aproveitamento desses espaços”.
Para Gitahy (1999, p. 17-8), as características da linguagem do grafite são de dois tipos:
estéticas e conceituais.
As estéticas detêm se caracterizam pela: expressão plástica figurativa e abstrata;
utilização do traço e/ou da massa para definição de formas; natureza gráfica e pictórica;
utilização, basicamente, de imagens do inconsciente coletivo, produzindo releituras de
imagens já editadas e/ou criações do próprio artista; repetição de um mesmo original por meio
de uma matriz (máscara), característica herdada da pop art; repetição de um mesmo estilo
quando feito à mão livre.
O grafite vai do subversivo, espontâneo, gratuito, efêmero discutindo e denunciando
valores sociais, políticos econômicos com muito humor e ironia. O espaço urbano é
apropriado a fim de discutir, recriar e imprimir a interferência humana na arquitetura da
3
metrópole.
Assim, democratiza e desburocratiza a arte, aproximando-a do homem, sem distinção de
raça ou de credo, produzindo em espaço aberto sua galeria humana, mesmo porque os espaços
fechados dos museus e afins são quase sempre inacessíveis.
Desta forma, tanto o grafite quanto a pichação vão disputando espaços para a sua
inclusão, que vão registrando, com signos e símbolos, a história de um povo. Esta história se
insere no cenário da cidade, dizendo a esta mesma cidade coisas suas que ela própria tenta
esconder. Nas palavras de Ramos (2008, p. 43), “o espaço visual da cidade se altera, ganha
uma outra dimensão pela ação de grupos ou indivíduos que por ali passam e imprimem sua
marca. O muro vira mural[...]suporte para manifestações de todo e qualquer cidadão”.
Como o grafite trata-se de uma expressão artística realmente urbana, pretende-se
agregar na sua veia artística, um lado de preservação cultural, podendo ser utilizado como
mídia alternativa para a preservação e divulgação da cultura amazônica, apresentando de
forma diferente e interagindo com seu ambiente de aplicação, para isso optou-se pela arte
marajoara.
O interesse sobre o objeto de estudo grafite surgiu a partir da necessidade de uma
inovação no aspecto visual dos centros urbanos, e um apelo para a divulgação e preservação
da cultura regional. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo apresentar propostas de
grafite na cidade de Belém com traço marajoara, próprio da cultura amazônica, como forma
de preservação e divulgação da cultura local.
2 JUSTIFICATIVA TEÓRICA
O tema torna-se importante por apresentar o grafite como mídia alternativa, mutável e
adaptável ao seu meio ou cenário, fazendo não somente uma conexão com a arte e a
comunicação urbana contemporânea, como também pode apoiar, desenvolver e aprimorar
uma arte regional como forma de mídia que já teve seu auge antes do advento das grandes
gráficas e desenvolvimento de peças impressas e digitais.
O grafite vem sendo explorado como elemento para melhorar a imagem e aparência da
cidade. Principalmente se tratando do mercado de Belém, que por falta de artistas guiados por
ética e respeito ao espaço público, ganhou a infâmia, através das pichações por ser um meio
de expressão que compartilha alguns materiais, se tratando de qualidade e poder de persuasão.
Para Kobra (2010), o desenho é a característica que predomina no grafite e o que o
diferencia da pichação. É uma outra forma de expressão. No próprio grafite também é
4
possível encontrar várias vertentes, inclusive a marginal, onde as pessoas têm a mesma
intenção da pichação e pintam de forma ilegal os muros.
Cada vez mais, o grafite caminha para fora da marginalização, ainda que não possa abrir
mão deste, uma vez que ele nasceu de um misto de inconformidade e contravenção, mas a
parte exclusa destes elementos pode facilmente ser descartada, deixando-o como um veículo
de mídia alternativa.
É possível observar suas origens quando o desenho e a forma eram o meio mais
elementar de comunicação, tornando-se adaptável, pois é possível utilizar quase qualquer tipo
de espaço para nela, ou a partir dela, elaborar uma peça, por requerer baixo investimento em
pessoal e pouca ou nenhuma tecnologia necessária, dando ainda mais oportunidades para a
elaboração de trabalhos de cunho social, dado ao movimento de aproximação que gera entre a
sociedade formal e os mais variados tipos de agrupamentos urbanos.
O grafite pode ser utilizado de forma a transmitir uma mensagem de modo mais
sofisticado possível, se assim ele for elaborado, atingindo um público tipo A ou B sem deixar
de provocar reações de todos os outros tipos de público devido ao seu caráter urbano e de
execução lúdica. Este processo abre um leque de opções para sua utilização na forma de
mídia, como para base de inspiração e vertente, tornando-o uma mídia contemporânea, pois se
liga facilmente a qualquer tipo de mídia tradicional, como também abre caminho para novas
maneiras de pensar.
2.1HISTÓRIA DO GRAFITE
Segundo Ramos (2008, p. 13), a palavra grafite tem sua origem no italiano, tratando-se
do plural da expressão graffito que designa a inscrição ou desenhos desde a Antiguidade,
riscados em paredes e rochas com o material que tivessem a mão. A expressão graffito, no
singular, é utilizada para designar a técnica utilizada nas inscrições; já no plural, refere-se aos
desenhos inscritos.
Gitahy (1999, p. 11) afirma que “aquelas pinturas rupestres são os primeiros exemplos
de grafite que encontramos na história da arte”, pois representavam animais, caçadores e
determinados símbolos do seu cotidiano. Mais tarde, segundo historiadores, essa prática de
registrar o cotidiano através de imagens se repete na Grécia e Pompéia.
Segundo Ramos (2008) o grafite, da forma como é conhecido hoje, tem sua origem em
Paris, por volta de 1968 em conexão às revoltas estudantis e esquerdistas devido ao Pós-
Guerra. Porém, além de frases de ordem e protesto, havia palavras de amor ou com
5
características de humor. A partir deste momento, as pessoas despertaram para um antigo
modo de registrar mensagens de forma livre, anônima e que tenha um grande apelo visual
dentro do ambiente urbano.
Figura 01: Grafite das décadas de 60/70
Fonte: http://www.ideariumperpetuo.com/grafite.htm
Como se vê na figura 1, o grafite é spray art (pichação de signos); em seguida, é stencil
art - o artista utiliza um cartão com formas recortadas que, ao receber o jato de spray, só
deixa vazar a tinta pelos orifícios determinados. A primeira operação valoriza o desenho; a
segunda, a cor.
De acordo com Canevacci (1993, p. 37) para que haja a decodificação da mensagem é
necessário que haja “sempre um lado criativo, um critério subjetivo. Ela é interpretada
segundo a formação particular do pesquisador, sua biografia intelectual e política, seus gostos
e emoções, ou segundo o acaso. A tradução da mensagem urbana é sempre uma traição”. Isso
se dá devido a forma que a mensagem é empregada, seja por meio de palavras ou siglas, seja
por meio de desenhos. No caso dos desenhos, a decifração da mensagem, para a sociedade em
geral, é mais subjetiva, tendo uma representatividade maior dentro do grupo. Já através da
escrita, os simbolismos do grupo só são reconhecidos por aqueles que o conhecem, pois
possuem traços quase que indecifráveis para um leigo de tais símbolos.
O estilo de grafite americano começou em 1980, no Brasil, junto com o movimento hip-
hop. Segundo (GITAHY, 1999, p.36)
o grafite nasceu nos bairros “negros” de Nova York, como o Brooklin e o Queens,
nos anos 60, juntamente com o movimento de conscientização e orgulho negro.
Incentivado por movimentos sociais da época, como os Panteras Negras, e também
pelo líder popular Martin Luther King, celebravam o engrandecimento da cultura
negra de origem africana, através das danças, músicas, literaturas e outras formas de
expressão artística.
Segundo Gitahy (1999), de sua origem até os anos 70 e 80, o grafite foi sendo usado
como ferramenta de protesto por um lado, e principalmente como ferramenta de
autoafirmação, uma vez que seu caráter social de protesto contra o desrespeito às massas foi
6
sendo cada vez mais desvalorizado, dado o aquecimento da economia mundial dos anos 80,
como se as pessoas que protestavam fossem se acomodando com a situação. É claro que o
grafite nunca perdeu sua característica de contravenção e mantém até os dias de hoje uma de
suas características mais marcantes: a elaboração e concepção longe de olhares predatórios
dos elementos das leis sociais.
Conforme Gitahy (1999), artistas consagrados, como Os Gêmeos, Chivitz, Titi-freak e
muitos outros, são altamente celebrados. Suas mostras, conforme indicaram as figuras 2, 3 e
4, correm as galerias mais conceituadas e são lotadas tanto por jovens grafiteiros de rua
quanto por estudiosos de design, até mesmo por críticos de arte. Sua atuação recebe destaque
na indústria têxtil e de calçados, aonde suas ideias são materializadas na forma de peças que
estão entre as mais procuradas do mundo da moda contemporânea, principalmente voltada aos
jovens.
Figura 02: Chivitz embaixo de ponte
Fonte: http://www.fotolog.com/chivitz_nuc
Figura 03: Os Gêmeos nas ruas de São Paulo e na estação do Metrô.
Fonte: http://theurbanearth.files.wordpress.com/2008/07/
7
Figura 04: Titi Freak em Exposição e nas ruas de São Paulo.
Fonte: http://www.tfreak.com/
Conforme Gitahy (1999), em Nova York, além de impressos nos muros da periferia, a
técnica do grafite passa a ser utilizada em ônibus, caminhões e trens do metrô. Nesse
momento, a polícia interfere a fim de combater essa prática, prendendo alguns dos autores, ao
mesmo tempo os mesmos artistas são convidados por grandes museus e galerias de arte ao
redor do mundo para exporem suas obras.
Em 1975, ocorreu a primeira exposição do grafite no Artist‟Space em Nova York, com
apresentação de Peter Schejeldahl. Após essa exposição, o grafite passa a ganhar mais
notoriedade a partir da mostra New York/New Wave, em 1981, organizada por Diego Cortez
em um dos principais espaços de vanguarda de Nova York, o PS1. Em seguida, Keith Haring
e Jean- Michel Basquiat saem dos metrôs, principais “galerias” de suas obras e participam da
Documenta de Kassel, conseguindo grande visibilidade no meio artístico, tendo relações de
amizade com artistas da pop art como Andy Warhol.
Segundo Gitahy (1999) Basquiat, vide figura 5, iniciou sua carreira grafitando paredes e
muros de Nova York, chamando a atenção pelo alto nível de suas obras, principalmente, por
utilizar símbolos de várias culturas e obras famosas. Porém, suas obras possuíam bastante
influência de ícones da cultura americana, principalmente do contexto político e social.
Figura 05: Obras de Jean-Michel Basquiat
Fonte: http://basquiat.no.sapo.pt/galeria.html
8
Para Góes (2007) no Brasil, o grafite surge por volta de 1976, nos muros da cidade de
São Paulo com a inscrição cão fila, que desencadeou uma grande curiosidade sobre o autor e
o significado daquela frase. Após o significado ser desvendado (uma nova raça de cachorro
que surgia), a cidade recebe muitas outras mensagens e, com isso, surgiram grupos e
parcerias, fazendo com que as imagens dominassem a cidade. A partir desse momento, a
cultura do grafite foi difundida para outras capitais, tornando os muros como suporte para
uma arte marginalizada, mas que conquista seus espectadores por onde é que estejam.
Segundo Ramos (2008) no Brasil, um dos precursores do grafite foi Rui Amaral, que já
grafita as ruas de São Paulo desde os anos 80. Ele possui um personagem bastante conhecido,
que já foi incorporado à capital paulista, chamado Bicudo, e pode ser visto em vários pontos
de São Paulo. Além deste personagem, o artista já pintou painéis em túneis e na Avenida
Paulista e periodicamente faz manutenção das imagens, como se vê na figura 6.
Figura 06: Painel na Avenida Paulista
Fonte: Pesquisa de campo, 2010
Figura 07: Telefone Público de Rui Amaral
Fonte: http:://www.artbr.com.br/ruiamaral/pinturas.html
9
Na cidade de Belém, o movimento do grafite começou a surgir e crescer a partir do final
do ano de 2004, mas somente no ano de 2007 começou a ser espalhado pela cidade, passando
por diversos preconceitos, até mesmo dos próprios pixadores, que acabavam destruindo as
artes feitas nos muros, por não serem a favor da grafite. Para os pixadores de qualquer
localidade, os “picos” – pontos, mais altos dão respeito tanto para seu pixador como para sua
gangue. Já o grafite, não têm. O grupo pioneiro em grafite na cidade de Belém foi o Cosp
Tinta Crew.
Aos poucos o grafite vêm dominando as cidades metropolitanas, conforme figura 8,
deixando-as com um visual muito melhor do que com pichações. Muitos eventos vêm
ocorrendo na cidade de Belém para divulgar e incentivar o grafite. Ao contrário da pichação,
os grupos de grafiteiros se unem para incentivar ainda mais esta arte.
Figura 08: Trav. Timbó, entre Av. Almirante Barroso e João Paulo II. Evento: Grafite ou Morte / 2010.
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Com o projeto do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em parceria
com a Secretaria de Estado de Cultura e Governo do Pará, o artista plástico Eduardo Kobra
veio a Belém e preparou dois grandes postais que representam a volta ao passado. A
intervenção artística fez parte do projeto de aniversário da capital e reproduziu cenas da Belle
Époque belenense, que resgatam um pouco da glória do passado da cidade, deixando o espaço
urbano mais bonito e, claro, melhorando a autoestima da população.
Com o olhar de alguém que vêm de fora, o Ver-O-Peso me chamou muita atenção.
No começo do século passado, as ruas e avenidas no Brasil tendiam a ser muito
parecidas, não importa o local. Mas o mercado é um lugar único, muito democrático,
pois todos podem ver minha obra, tanto os que estão passando de ônibus quanto os
que passam nos seus carros luxuosos. (KOBRA, apud LA-ROCQUE 2010, p.114)
10
De acordo com dados da pesquisa, Kobra esteve pela primeira vez na capital paraense
durante a XIII Feira Pan-Amazônica do Livro, quando trabalhou em cinco painéis, sendo que
o maior mostra os barqueiros e os cais do porto no Mercado do Ver-o-Peso, obra que hoje
embeleza a fachada lateral do Hangar e serviu de inspiração para a nova ação,
estrategicamente colocada na esquina da Avenida Portugal com a Bollevard Castilho França,
com uma vista privilegiada para o mercado e a baía.
A área, que antes servia de depósito para os vendedores de peixe, ainda recebeu uma
pracinha construída especialmente para apreciar a paisagem e a pintura, que retrata pessoas
transitando pelas lojas da antiga Rua João Alfredo, com o bondinho ao fundo e uma grande
sensação de tridimensionalidade.
Figura 09: Eduardo Kobra sendo entrevistado pela ORM em frente ao seu mural no Hangar Centro de
Convenções
Fonte: http://www.flickr.com/photos/studiokobra/
Figura 10: Av. Portugal com Bollevard Castilho França
Fonte: http://www.flickr.com/photos/studiokobra/
Além do Ver-o-Peso, outro muro em outro ponto da cidade, na esquina da Avenida José
Malcher com a Travessa Castelo Branco, também recebeu um trabalho de Kobra, dessa vez
com uma ação colaborativa com a participação de grafiteiros locais.
11
2.2 O ESPAÇO URBANO COMO SUPORTE PARA O GRAFITE
O espaço urbano pode ser resumido como uma área de industrialização e
comercialização de produtos, onde juntamente com a aglomeração de pessoas de diferentes
regiões, raças e credos transforma esse espaço em produção e utilização de novos códigos.
Com isso, a cidade deixa de ser um simples lugar de produção e trocas como também, torna-
se área de conflitos ideológicos e culturais. De acordo com Ramos (2008, p. 31), “a cidade é,
assim, um sistema semiótico de produção e consumo de códigos; emite e recebe mensagens”.
Esse espaço urbano caracteriza-se pelos seus traços arquitetônicos onde seus muros
limitam e demarcam territórios, integrando uns e excluindo outros e define suas
características sociais (dentro/fora, elite/marginal, proibido/permitido, certo/errado). Com
relação a isso, Ramos (2008, p. 33) afirma que “a produção de linguagem urbana revela, em
seus múltiplos códigos, as tensões, marginalizações, disputas e reivindicações dos seus
habitantes, porque o que se escreve e prescreve em seus muros é obra dos cidadãos, e não
imposição das instâncias institucionalizadas”.
Pode-se encarar o grafite como uma maneira simbólica de “derrubar esses muros” e
quebrar as barreiras entre o proibido e o permitido. Com isso, notam-se facilmente grafites
emoldurados nos muros dos grandes centros urbanos pelo mundo todo. Isso se dá a partir do
momento que o artista sente a necessidade de dialogar com o restante da sociedade acerca de
questões a serem discutidas a fim de inseri-lo no contexto desta.
O grafite apropria-se do espaço urbano a fim de discutir, recriar e imprimir a
interferência humana na arquitetura da cidade (GITAHY, 1999, p. 18), produzindo em espaço
aberto sua galeria urbana, pois os espaços fechados de museus e afins são quase sempre
inacessíveis.
O grafite reutiliza o espaço urbano acompanhando o crescimento deste, se apropriando
de espaços e utilizando-os como suporte para suas mensagens e, através da linguagem dos
muros, comunicar a todos o que desejar. Devido à versatilidade do grafite, o universo urbano
proporciona diversos suportes para esse diálogo aberto com a cidade, utilizando, além de
muros, portões, postes, viadutos, calçadas, passarelas, trens, entre outros, espalhando-se por
onde quer que seja, independente do formato e da região, contato que exerça sua real função,
a comunicação em massa.
Devido a maleabilidade do grafite, é possível utilizá-lo em suportes diversos, como os
citados acima, porém, existe uma certa classificação, como o grafite móvel, empregado em
12
suportes móveis e com a mensagem disseminada com grande rotatividade, como em
caminhões, ônibus e trens; o grafite misto, que possui tempo determinado para renovação,
como tapumes de obras e painéis móveis; assim como o grafite estático, mais comum,
aplicado em suportes não móveis como muros, postes, pontes e túneis.
Como se nota, o grafite é aplicado em locais de grande fluxo de pessoas e visibilidade,
além disso, percebe-se que, atualmente, espaços comerciais e particulares já o adotam, a fim
de renovar o ambiente, através da aplicação no suporte a ser utilizado para a produção e
exibição da obra em execução. Assim, as metrópoles, labirintos de imagens desde sua
constituição, ganham as cores e as formas das intervenções urbanas juvenis. As imagens
proliferam, invadem todos os espaços, povoam as paisagens urbanas. As relações estéticas
necessitam de participação imaginária, para que a magia da apropriação aconteça, para que a
imagem, por exemplo, faça sentido, emocione, envolva, acione a memória, transporte as
pessoas no tempo e no espaço, e os faça sentir os poderes vitais transformados em planos,
formas, cores, texturas e tipografias.
2.3 INTERVENÇÃO URBANA
A intervenção urbana trata-se das manifestações artísticas localizadas nas grandes
cidades que tem como característica o inusitado por obter mensagens críticas de cunho
ideológico, político e/ou social. Geralmente são apresentadas por meio de esculturas, grafite,
cartazes, encenações de teatro ao ar livre, entre outras.
A intervenção urbana é definida como um tipo de arte vanguardista e contemporânea
que se difere das demais por não se limitar a padrões estéticos específicos. Geralmente são
formados por grupos e coletivos que usam e apresentam suas obras em locais públicos. Diante
disso, é necessário que o interventor faça uso de simbolismos e expressões que não sejam
restritos apenas ao seu grupo, e que seja de fácil assimilação ao público externo a ele, para
que a mensagem seja compreendida como deve.
Segundo Linhares Júnior (2006, p. 50), intervenção é antipublicidade pois não
escancara sua presença a todos, mas atinge com mais intensidade o exposto, tratando-se de
obras mais artísticas do que comerciais.
O trabalho do interventor, apesar de ser evidenciado na cor, ultrapassa a imagem e
chega a ser, para muitos de seus adeptos, um novo conceito estético. Para estes
jovens, hoje toda experiência urbana implica ruptura, distância. Tentativa de
articulação de um espaço fragmentado, através das intransponíveis barreiras entre
suas partes. Intervalos que se produzem no interior da própria cidade.
13
Dentro da cidade, existem espaços esquecidos pelo poder público e pela sociedade e
cabe a esses artistas vanguardistas utilizar esses espaços cinzas como moldura para suas
obras. A intenção do interventor é desenvolver um senso crítico na comunidade através do
impacto que as obras proporcionam, intensificando a percepção do cidadão comum e, a partir
da intervenção do artista, o meio urbano alterado e reconstruído.
Considerando isso, Pallamim (2002, p. 106) acredita que a arte urbana contemporânea é
carregada de informações sobre os problemas do cotidiano urbano, incitando o
questionamento sobre significações e sobre a caracterização dos espaços da cidade, sobre as
imagens e sobre as representações dominantes.
A arte urbana busca imprimir ações culturais fruídas, que incitem a participação e
produção cultural, para que, através das intervenções no espaço urbano, possamos melhor
conformar o conjunto de elementos representativos da cultura local a fim de facilitar a
apropriação espacial.
2.4 ARTE MARAJOARA
Segundo Schaan (2007) a cultura marajoara começou a ser estudada desde o final do
século XIX, quando naturalistas e outros viajantes tomaram conhecimento da fantástica
cerâmica que era encontrada enterrada em grandes aterros artificiais. A cerâmica marajoara foi
descoberta em 1871 quando dois pesquisadores visitavam a Ilha de Marajó, Charles Frederick
Hartt e Domingos Soares Ferreira Penna.
De acordo com Schaan (2007) os Marajoaras produziam cerâmicas simples, para
cozinhar e preparar alimentos, e também uma cerâmica mais decorada e elaborada para servir
alimentos e bebidas em festas, eles produziam toda uma variedade de objetos rituais tais como
banquinhos para os pajés e chefes, estatuetas usadas em tiruais de cura, pingentes, tortuais de
fuso, ornamentos para lábios e orelhas, assim como frascos e uma espécie de concha com um
canudo para ingestão de drogas alucinógenas.
A arte Marajoara era sem dúvida uma arte religiosa e sagrada, no sentido em que
buscava transmitir idéias transcendentes ou cosmológicas, realizando a ponte entre o mundo
dos vivos e o sobrenatural. Os objetos produzidos para festas e rituais eram decorados com
desenhos geométricos, linhas sinuosas, círculos e espirais combinados de maneira
harmoniosa, impressionando pela simplicidade e força comunicativa.
14
Figura 11: Exemplos de cerâmicas marajoara
Fonte: http://rupestreweb.tripod.com/schaan.html
Essas civilizações foram responsáveis pela produção de muitas peças de cerâmica as
quais se transformaram em acervo o qual se encontra em museus espalhados pelo Brasil
também como em diversos países da América e da Europa.
Herdeiro dos estilos cerâmicos das culturas marajoara e tapajônica, o povo paraense tem
uma predileção ao motivo decorativo marajoara. Essa apropriação pode ser percebida pela
produção crescente de artesanato de Icoaraci, distrito próximo à cidade de Belém,
reconhecido, tanto no Brasil como no exterior, como pólo de referência na reprodução de
peças com inspiração em motivos da cultura Marajoara, além de Icoaraci, existem mais dois
importantes pólos de produção de cerâmica artesanal representados pelos municípios de
Santarém e Ponta de Pedras.
Composta de vários objetos classificados por formas e técnicas decorativas, a coleção
destaca-se pelos vasos, estatuetas, pratos, tangas, inaladores, urnas, bancos, tigelas, vasilhas,
entre outras. Como mostra a figura 12, as técnicas decorativas usadas são a pintura, incisão,
excisão e modelagem.
Figura 12: Urna funerária decorada com apliques modelados e linhas incisas sobre engobo branco, com retoque
vermelho. Peça do acervo do Museu Nacional, aquarela de Manoel Pastana, acervo do Museu do Forte, Belém
Fonte: http://revistas.ucg.br/index.php/habitus/article/viewFile/380/316
Para Gallo (2005) a cerâmica Marajoara é considerada uma das mais bonitas e
sofisticadas das Américas. Seus desenhos labirínticos e repetitivos podem ser entendidos
como uma linguagem iconográfica, que comunicava sobre a ordem das coisas, das relações
15
entre humanos e animais e sobre papéis sociais, gênero e status.
A cerâmica marajoara é geralmente caracterizada pelo uso de pintura vermelha ou preta
sobre fundo branco. A decoração da Cerâmica Marajoara era feita com traços gráficos
simétricos e harmoniosos, em baixo e alto relevo, entalhes, aplicações e outras técnicas.
Os artesãos usam o barro colhido nas margens dos igarapés da região, modelam, à mão
ou em tornos-de-pé, réplicas, peças utilitárias e decorativas, queimam em rústicos fornos a
lenha, decoram com engobes, e usam a técnica de brunir.
Não só pela sua exuberância estética, mas também pela importância que representa para
o conhecimento da história de populações amazônicas antigas, a cerâmica marajoara está
associada à cultura do povo paraense. Isto pode ser verificado por meio dos impressos de
divulgação do Estado do Pará, calçamentos e ônibus da cidade de Belém que usam
reproduções de desenhos marajoaras, os quais remetem a esse passado.
2.5 CERÂMICA MARAJOARA
Para Gallo (2005) estudiosos confirmam ser, realmente, a cerâmica a mais antiga das
indústrias. Ela nasceu no momento em que o homem começou a utilizar-se do barro
endurecido pelo fogo. A cerâmica passou a substituir a pedra trabalhada, a madeira e mesmo
as vasilhas (utensílios domésticos) feitas de frutos como o coco ou a casca de certas
cucurbitácias (porongas, cabaças e catutos).
As primeiras cerâmicas que se tem notícia são da Pré-História: vasos de barro, sem asa,
que tinham cor de argila natural ou eram enegrecidas por óxidos de ferro.
Segundo Schaan (1996) uma das características mais marcantes da cerâmica marajoara
é o convívio, em um mesmo objeto, de representações naturalistas e representações
eometrizantes, estas últimas chamadas usualmente de grafismos. Geralmente quando
aparecem no entorno de uma representação naturalista, os grafismos tendem a ser
interpretados como enchimento do campo visual, ou seja, algo que se coloca para preencher
os espaços entre as representações a que se dá destaque. Os grafismos não eram simplesmente
figuras aleatórias, mas que eles, também, representavam os mesmos personagens naturalistas.
Alguns grafismos são semelhantes aos utilizados por outras sociedades ameríndias e,
além disso, alguns deles correspondem aos padrões e formas que se formam na retina do olho
quando o indivíduo está em transe alucinógeno, ou seja, quando está “vendo” em realidade os
fosfenos. Alguns dos animais mais frequentemente representados não são animais dóceis ou
16
que fazem parte da dieta, mas justamente animais venenosos e temidos, como cobras, jacarés
e escorpiões. Isso nos leva a associar esses tipos de representações com estórias mitológicas.
Lévi-Strauss (1975) chamou a atenção para o fato de que os animais que povoam as
estórias mitológicas não são aqueles “bons para comer”, mas os que são “bons para pensar”.
Conclui-se que os animais representados na iconografia marajoara são justamente aqueles
mais provavelmente relacionados à história cultural do grupo, cuja representação os ajuda a
memorizar e reviver essa história em ocasiões festivas e ritualísticas.
Estudando a cerâmica marajoara, como uma forma de comunicação visual de
significados socialmente compartilhados, depara-se com a representação recorrente de cobras
(em vários estilos) sobre os objetos. Vide figura 13.
Figura 13: Unidades Mínimas de Significado
Fonte: http://www.marajoara.com/Linguagem_Iconografica_Diss_Completa.pdf
Quando os primeiros exploradores, no século XIX, escavaram os sítios arqueológicos na
área da ilha de Marajó, depararam-se com verdadeiros cemitérios: eram grandes urnas
funerárias que continham ossos e objetos cerâmicos e líticos diversos. Essas urnas se
diferenciavam entre si pela exuberância da decoração. Havia urnas de estilos decorativos
diferentes e havia urnas sem nenhum tipo de decoração. Como se sabe que as sociedades
humanas tendem a reproduzir no contexto funerário as relações sociais que mantinham em
vida, concluiu-se que aquela era uma sociedade hierárquica, que tratava de maneira
diferenciada seus membros até depois da morte (PENNA, 1877; NETTO, 1885). No entanto,
no decorrer dos estudos arqueológicos no Marajó, pesquisadores descobriram que não havia
apenas cemitérios, mas outros tesos onde a cerâmica decorada e os sepultamentos eram
praticamente ausentes; logo esses foram entendidos como locais de habitação (MEGGERS;
CLIFFORD, 1957). Mais tarde, Roosevelt (1992), ao escavar dois desses tesos-cemitérios
17
(Teso dos Bichos e Guajará), descobriu que continham também estruturas habitacionais; por
isso, entendeu que aqueles eram os locais de moradia da elite, que sepultava seus
antepassados no mesmo local em que moravam, como forma de manter sua relação com
aqueles que eram os donos do lugar e assim garantir e justificar sua posição social
diferenciada. Estudando um grupo de sepultamentos no teso Belém, no rio Camutins, várias
urnas funerárias que mostravam padrões iconográficos muito semelhantes, indicando tratar-se
de objetos pertencentes a pessoas de uma mesma linhagem ou família (SCHAAN, 1996).
Nesse sentido, pode entender a decoração das urnas funerárias como sinal de uma identidade
social, elas trazem a figura humana em destaque, mas sempre associada com animais como a
cobra, o escorpião, o urubu-rei, o jacaré ou o lagarto, entre outros.
Como se vê, o estudo da iconografia permite entender, funcionamento da sociedade e
perceber coerência nessa arte indígena, ao ligá-la às outras informações que se tem sobre a
sociedade.
3 METODOLOGIA
A ideia surgiu para atender a necessidade de divulgar e incentivar a cultura regional
amazônica, por isso, pensou-se em desenvolver um produto em pontos turísticos da cidade,
escolas e muros na cidade de Belém. Realizou-se, inicialmente, uma pesquisa teórica sobre o
assunto abordado e sobre o resultado do produto. Foram utilizadas fontes bibliográficas, tais
como: livros e websites de conteúdo com abordagens sobre o grafite e arte marajoara, a
intervenção urbana, as mídias alternativas para haver uma sustentação teórica.
Para medir a taxa de aceitação e de conhecimento prévio que a população de Belém
possui sobre o grafite e suas vertentes. Posteriormente, a pesquisa de campo foi realizada nos
bairros da Batista Campos e Comércio e agência de publicidade, com questionário de 12
perguntas, sendo onze perguntas fechadas e uma aberta, para conhecer melhor o público-alvo
e saber se o produto final era viável.
No decorrer da pesquisa, surgiu a ideia de se valorizar traços marajoaras, com as cores
principais utilizadas na cultura marajoara. Em virtude disso, foram feitos desenhos / traços
para serem escolhidos através de estudos realizados de acordo com o livro Motivos
Ornamentais da Cerâmica Marajoara – Modelos para o artesanato de hoje, por fim foi feita a
escolha dos locais para aplicação do produto.
Ainda, foram feitas entrevistas com profissionais do grafite e integrantes de coletivos de
intervenção urbana de Belém a fim de definir a visão de cada um sobre a possibilidade da
18
utilização do objeto de estudo como ferramenta para conscientização cultural.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi desenvolvida uma pesquisa de campo, em Belém, mediante aplicação de um
questionário com 12 questões, conforme anexo, nas ruas, agências de comunicação e em
residência de pessoas conhecidas, envolvendo 122 entrevistados, com o objetivo de traçar o
perfil do público e sua receptividade em relação à intervenção urbana com grafite interativa.
Feita a sistematização e análise dos dados obtidos na pesquisa, seguem resultados.
Gráfico 1 - Distribuição de frequência por sexo
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
Dentre os entrevistados o maior índice é do sexo masculino, com 53%, e o menor é o
feminino, com 47%. Isso demonstra uma distribuição equilibrada entre os entrevistados
quanto ao gênero, com diferença de 6%, marcando a predominância do sexo masculino.
Gráfico 2 - Distribuição de frequência por ocupação
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
A ocupação que apresenta maior índice, dentre os entrevistados, é outros (porteiros,
19
faxineiras, grafiteiros, garis, funcionários públicos) com 41%. Logo em seguida, aparecem
autônomos com 30% e estudantes com 25%. Já as categorias empresários e dona de casa
correspondem a 2 %.
Gráfico 3 - Distribuição de frequência por idade
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
Quanto à faixa etária, o público da pesquisa é bastante diversificado. A faixa etária que
apresenta maior índice é a de 26 a 30 anos com 28% e a menor é a de 41 a 45 e 31 a 35 anos,
ambos com 2%. Isso demonstra que a maioria dos praticantes nesta faixa etária está ligada
com arte. Isso tem relevância já que se está estudando sobre preservação da cultura e da arte.
Gráfico 4 - Distribuição de frequência sobre o que é o grafite
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
Dentre os entrevistados, 77% afirmam saber o que é grafite, já os 23% restantes
manifestam desconhecer o assunto. Por grafite entende-se o nome dado às palavras e
desenhos pintados nos muros das cidades e utilizado para transmitir uma mensagem com
grande apelo visual e/ou artístico. Ele surgiu através das pinturas rupestres, nessa época os
materiais utilizados eram terra de diferentes tonalidades, sucos de plantas, ossos fossilizados
20
ou calcinados, misturados com água e gordura de animais.
Gráfico 5 - Distribuição de frequência por conscientização cultural sobre utilização do grafite como uma
linguagem jovem
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
Consciência cultural é a base da comunicação e envolve a capacidade de se afastar de
nós mesmos tornando-se consciente dos valores culturais, crenças e percepções. Dentre os
pesquisados, 76% concordam com a utilização do grafite como ferramenta para
conscientização cultural. Os outros 24% não concordam.
Gráfico 6 - Distribuição de frequência sobre a mudança da visibilidade da cidade através do grafite
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
Dentre os pesquisados, 79% concordam com a utilização do grafite para mudar a
visibilidade da cidade. Os outros 21% não concordam. Para Benjamin apud Oliveira (2009),
“a legibilidade das imagens da cidade compõe um caminho interessante para a realização de
radiografias da modernidade”.
21
Gráfico 7 - Distribuição de frequência sobre conhecimento do que vem a ser a arte marajoara
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
Dentre os pesquisados, 79% sabem o que é arte marajoara, 14% já ouviu falar em arte
marajoara. Os outros 7% não sabem e nunca ouviram falar em arte marajoara. De acordo com
SCHAAN (2007). A cultura marajoara começou a ser estudada desde o final do século XIX,
quando naturalistas e outros viajantes tomaram conhecimento da fantástica cerâmica que era
encontrada enterrada em grandes aterros artificiais. Os marajoaras produziam cerâmicas
simples, para cozinhar e preparar alimentos, e também uma cerâmica mais decorada e
elaborada para servir alimentos e bebidas em festas. Eles produziam toda uma variedade de
objetos rituais, tais como banquinhos para os pajés e chefes, estatuetas usadas em tiruais de
cura, pingentes, tortuais de fuso, ornamentos para lábios e orelhas, assim como frascos e uma
espécie de concha com um canudo para ingestão de drogas alucinógenas. A arte marajoara era
sem dúvida uma arte religiosa e sagrada, no sentido em que buscava transmitir ideias
transcendentes ou cosmológicas, realizando a ponte entre o mundo dos vivos e o sobrenatural.
Gráfico 8 - Distribuição de frequência por aceitação do grafite na cidade de Belém
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
22
Dentre os pesquisados, 80% concordam que o grafite pode ser aceito na cidade de. Os
outros 20% não concordam. Entre os motivos de aceitação do grafite na cidade de Belém está
o item de embelezamento da cidade, diminuição da criminalidade / sujeiras por todos os
muros, ter oficinas para fazer educação deste tipo de arte humana. O lado que não aceita o
grafite, são dados colhidos de pessoas com mais idade, e acham que isso pode danificar
patrimônios, sujar a cidade e trazer mais criminalidade.
Gráfico 9 - Distribuição de frequência pelo conhecimento do que é da intervenção urbana
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
Dentre os pesquisados, 48% não sabem o que é intervenção urbana, 30% sabem. Os
outros 22% não conhecem, não sabe o que é. Convém explicar que intervenção urbana é o
termo utilizado para designar movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais
realizadas em espaços públicos. Existem intervenções urbanas de vários portes, indo desde
pequenas inserções através de adesivos (stickers) até grandes instalações artísticas.
Gráfico 10 - Distribuição de frequência por pessoas que façam intervenção urbana
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
23
Intervenção urbana é o termo utilizado para designar movimentos artísticos
relacionados às intervenções visuais realizadas em espaços públicos. Existem intervenções
urbanas de vários portes, indo desde pequenas inserções através de adesivos (stickers) até
grandes instalações artísticas. Dentre os pesquisados, 58% não conhecem pessoal que façam
intervenção urbana, 23% não sabem o que é intervenção urbana, 18% conhecem alguém, 1%
fazem, já fizeram ou não opinaram.
Gráfico 11 - Distribuição de frequência pela utilização do grafite
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
Dentre os pesquisados, 37% concordam que o grafite pode ser usado para melhoria
estética da cidade, 34% concordam que o grafite pode ser usado como forma de arte, 18%
acham que o grafite é utilizado para rebeldia e vandalismo, 9% para ser utilizado como
consciência ambiental. Os outros 2% opinaram por Outros (preservação cultural).
Gráfico 12 - Distribuição de frequência do grafite nos vários locais da cidade de Belém
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
A maioria dos entrevistados, num total de 70%, visualiza o grafite em muros, 11% vêem
o grafite em escolas, 8% vêem em faixas de publicidade, 4% vêem em camisetas, 3% em
24
quadros, 2% em outros lugares (pontos turísticos, calçadas, bares e restaurantes), apenas 1%
vê em ônibus e adesivos. Isso demonstra uma tendência das pessoas a associarem a arte do
grafite aos muros. Uma das contribuições desta pesquisa é justamente ampliar este conceito,
mostrando outros espaços da cidade, além de muros, como suporte para o grafite.
Gráfico 13 - Distribuição de frequência por aplicação de grafite em outros locais da cidade
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
Dentre os pesquisados, 27% acham que o grafite deve ser usado em escolas, 23% em
caixas de orelhões, 22% outros (pontos turísticos, bares, restaurantes), 10% opinaram por ser
em calçadas e lata de lixo, os outros 8% opinaram por ser em contêiner de entulho. O grafite é
um estilo de vida diferente, cada artista tem seu estilo de desenhar, escrever e pintar, em
determinados locais, ao invés de manter o padrão, poderia ter uma intervenção na parede, por
exemplo, ou algum detalhe que trouxesse um traço artístico diferente. Pode-se ver através da
pesquisa que o item outros está entre o terceiro mais indicado, e nele estão inclusos bares,
pontos turísticos, restaurantes, lojas, etc. Locais onde se pode incluir criação com grafite.
Gráfico 14 - Distribuição de frequência em relação a visão pública sobre os grupos de grafiteiros
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
25
Dentre os pesquisados, 35% concordam que o grafite pode ser usado para embelezar
uma cidade, rua ou qualquer outro local, 32% não opinou, 19% usado para educar crianças e
afastar da criminalidade. 14% que o grafite é usado para protesto. Muitas das pessoas acham
que grafite é uma arte, outras nem tanto. Embora se tenha certo preconceito com esse estilo de
arte, muitos acham que é uma forma de se expressar e fazer protestos contra governo e
sociedade, com a pichação ocorre isso, além de deixar a cidade com uma aparência horrível,
como a pichação faz. Outras pessoas concordam que o grafite é uma obra de arte e acham que
pode embelezar muito mais a cidade toda pintada do que deixar a cidade toda pichada.
Conforme os dados, pode-se perceber que o público-alvo detém conhecimento sobre
grafite porque tiveram elementos para opinar a respeito de características e/ou exemplos de
locais para o desenvolvimento do produto. Percebeu-se, também, que o grafite é uma arte
bastante conhecida, pois a maioria sabe do que se trata, e aceitam o grafite como expressão
comunicativa na cidade. O dado novo do estudo é focar a arte marajoara em intervenção
urbana para contribuir na estética da cidade com elementos que valorizam a cultura
amazônica.
5 PRODUTO FINAL: INTERVENÇÃO URBANA EM BELÉM
Após reunião com o artista urbano (grafiteiro), de codinome DIME, discutiu-se sobre as
ideias a serem utilizadas, a forma como seriam aplicadas, as técnicas de grafite e os locais que
possivelmente atrairiam a atenção do público, despertando sua curiosidade. Chegou-se a
conclusão de que a intenção do projeto seria de transformar a arte marajoara em grafite
urbano, preservando a identidade artística e cultural da região, e divulgando a arte regional.
Foi decidido que a intenção do projeto seria levar o grafite a ser considerado como arte,
utilizando a arte marajoara, para preservar a parte artística e cultural da região.
Além das vias públicas (Av. João Paulo II com Av. Dr Freitas) que podem ser
consideradas galerias em céu aberto, o projeto foi aplicado na decoração de dois bares de
Belém (Bocaiuva Café e Bar do Gio), galeria de arte (traços urbanos do Marajó) realizado no
SESC – DOCA, como decoração residencial na casa do poeta Luiz Carlos França, fachada de
residência nas ruas (Castelo Branco, Almirante Barroso, Mariz e Barros), 130 metros na
Fundação Curro Velho e no Laboratório Nacional Agropecuário LANAGRO – PARÁ.
Na figura 14, que se vê o grafite realizado na Av. João Paulo II com Av. Dr. Freitas, em
26
um quiosque de tacacá localizado na praça Celso Sarubi. O material utilizado para pintura foi
rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura e duas latas de tintas, sendo elas preta e
vermelha, cores que predominante na arte marajoara. A parede do quiosque já era da cor
branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se
o rolo de tinta com as cores preta e vermelha para finalização. A intervenção urbana teve
duração de 45 minutos para finalização do produto.
Figura 14: Av. João Paulo II com Av. Dr. Freitas.
Fonte: DIME
O grafite realizado na Av. Almirante Barroso, entre Timbó e Mariz e Barros, pode ser
visualizado na Figura 15. O material utilizado para pintura foi rolo de fita gomada grossa,
rolo para pintura, uma lata de tinta, na cor azul, duas latas de spray, nas cores preta e
vermelha. A cor da parede era da tonalidade branca, foi necessário o uso da fita gomada para
realizar os traçados retos na pintura e decorações, usou-se o rolo de tinta com a cor azul para
pintura em volta, e no centro foi realizado o trabalho marajoara com latas de spray. A
intervenção teve duração de 2 horas para finalização do produto.
Figura 15: Localizado na Avenida Almirante Barroso.
Fonte: DIME
O grafite realizado na Travessa Quintino Bocaiuva, entre Av. Braz de Aguiar e Rua
Gentil Bittencourt, pode ser visualizado na Figura 16. O material utilizado para pintura foi
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rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura, uma lata de tinta, na cor azul, duas latas de
spray, sendo elas: preta e vermelha. A cor da parede era da tonalidade branca, foi necessário o
uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura e decorações, usou-se o rolo de
tinta com a cor azul para pintura em volta, e no centro foi realizado o trabalho marajoara com
latas de spray. A intervenção teve duração de 2horas para finalização do produto.
Figura 16: Localizado na Travessa Quintino Bocaiuva.
Fonte: DIME
O grafite realizado na Av. Almirante Barroso, edifício do Laboratório Nacional
Agropecuário (LANAGRO - PARÁ), pode ser visualizado na Figura 17. O material utilizado
para pintura foi: rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura e duas latas de tintas, sendo
elas: vermelha e marrom, quadro para decoração, lata de spray na cor vermelha. A parede era
da cor branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura,
usou-se o rolo de tinta com as cores vermelha e marrom para as pinturas na laterais, o quadro
para ficar centralizado no meio da pintura, a lata de spray para fazer a pintura do quadro junto
da fita gomada, e detalhe realizado com spray vermelho. A intervenção teve duração de uma
hora para finalização do produto.
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Figura 17: Av. Almirante Barroso, prédio LANAGRO – PARÁ.
Fonte: Rodolfo Nogueira
O grafite realizado na Av. Almirante Barroso, esquina com a Travessa Vileta, na entrada
de um residencial, pode ser visualizado na Figura 18. O material utilizado para pintura foi:
rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura e tres latas de tintas, sendo elas: vermelha, bege
e preta, lata de spray na cor vermelha. A parede era da cor branca, foi necessário o uso da fita
gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se o rolo de tinta com as cores
vermelha, bege e preta para a pintura, a lata de spray para fazer o detalhe com spray
vermelho. A intervenção teve duração de 2 horas para finalização do produto.
Figura 18: Av. Almirante Barroso esquina com Vileta.
Fonte: DIME
O grafite realizado na Travessa Mariz e Barros, entre Av. Almirante Barroso e Av. João
Paulo II, pode ser visualizado na Figura 19. O material utilizado para pintura foi: rolo de fita
gomada grossa, rolo para pintura e quatro latas de tintas, sendo elas: vermelha, preta, marrom,
bege e marrom. A parede era da cor branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar
os traçados retos na pintura, usou-se o rolo de tinta com a cor preta para a pintura na laterais,
29
as cores vermelha, marrom e bege foram utilizadas para fazer detalhes. Teve duração de 40
minutos para finalização do produto.
Figura 19: Travessa Mariz e Barros, entre avenida Almirante Barroso e avenida João Paulo II.
Fonte: Rodolfo Nogueira
O grafite realizado na residência do escritor e poeta Luiz Carlos França, situada no
bairro da Cidade Velha, pode ser visualizado na Figura 20. O material utilizado para pintura
foi: rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura, um quadro para decoração, uma lata de
spray na cor vermelha e uma lata de tinta na cor preta. A parede era da cor branca, foi
necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se o rolo de
tinta com a cor preta para a pintura da base, a cor vermelha para fazer detalhes, e o quadro
para finalização com detalhes feitos utilizando fita gomada e spray vermelho. Teve duração de
30 minutos para finalização do produto.
Figura 20: Residência do escritor e poeta Luiz Carlos França, situada no bairro da Cidade Velha.
Fonte: DIME
O grafite realizado na fachada de residência na Travessa Castelo Branco, pode ser
visualizado na Figura 21. O material utilizado para pintura foi: rolo de fita gomada grossa,
duas latas de spray nas cores vermelha e açaí, um quadro para decoração. A parede era da cor
30
branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se
as latas de spray para pintar os traçados, e o quadro para decoração com detalhes feitos
utilizando fita gomada e spray vermelho. Teve duração de 25 minutos para finalização do
produto.
Figura 21: Fachada de residência Travessa Castelo Branco.
Fonte: DIME
O grafite realizado na Fundação Curro Velho, localizado na Rua Prof. Nelson Ribeiro,
287, bairro Telégrafo, pode ser visualizado na Figura 22. O material utilizado para pintura foi:
4 rolos de fita gomada grossa, três latas de tinta, sendo elas: duas preta e uma vermelha, uma
lata de spray vermelha para detalhes. A parede era da cor branca, foi necessário o uso da fita
gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se as latas de tinta para fazer o
traçado, e a lata de spray vermelha para fazer detalhes para finalização. Parede da fundação
com 130 metros. Teve duração de 2 dias para finalização do produto.
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Figura 22: Fundação Curro Velho
Fonte: DIME
O grafite realizado no Bar Bocaiuva, localizado na Travessa Quintino Bocaiuva, bairro
do Reduto, pode ser visualizado na Figura 23. O material utilizado para pintura foi: 3 rolos de
fita gomada grossa, duas latas de tinta, sendo elas: marrom e uma vermelha, uma lata de spray
vermelha para detalhes e dois quadros para decoração. A parede era da cor branca, foi
necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se as tintas
para fazer o traçado, e a lata de spray vermelha para fazer detalhes nos quadros para
finalização. Teve duração de 2 horas para finalização do produto.
Figura 23: Bar Bocaiuva, localizado na Travessa Quintino Bocaiuva, bairro do Reduto.
Fonte: DIME
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O grafite realizado no Bar do Gio, localizado na Av. Braz de Aguiar, entre Travessa
Quintino Bocaiuva e Generalissimo Deodoro, pode ser visualizado na Figura 24. O material
utilizado para pintura foi: 2 rolos de fita gomada grossa, três latas de tinta, sendo elas: preta,
marrom e vermelha, uma lata de spray vermelha para detalhes e um quadros para decoração.
A parede era da cor bege, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos
na pintura, usou-se as tintas para fazer o traçado, e a lata de spray vermelha para fazer
detalhes nos quadros para finalização. Teve duração de 2 dias para finalização do produto.
Figura 24: Bar do Gio, localizado na Av. Braz de Aguiar, entre Travessa Quintino
Bocaiuva e Generalissimo Deodoro.
Fonte: Rodolfo Nogueira
O grafite realizado no SESC – DOCA, localizado na Av. Visconde de Souza Franco, em
uma galeria de arte cujo tema foi: Traços Urbanos do Marajó, pode ser visualizado na Figura
25. O material utilizado para pintura foi: 5 rolos de fita gomada grossa, 8 latas de tinta, sendo
elas: preta, marrom, bege e vermelha, uma lata de spray vermelha para detalhes, 9 quadros, 14
vasos para decoração, e 3 sacos de 1kg de serragen. A parede era da cor branca, foi necessário
o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se as tintas para fazer os
diversos traçados, a lata de spray vermelha para fazer detalhes nos quadros para finalização,
os 3 sacos e os 14 vasos para compor o ambiente com temas marajoaras, a serragem tinha
traços marajoaras. Teve duração de 4 dias para finalização do produto. A exposição durou um
mês, com aproximadamente 250 visitações. A exposição foi divulgada em sites de conteúdo
cultural e jornais regionais.
Após exposição realizada, foram feitos convites para trabalhos em ambientes variados,
como citado anteriormente, vide figuras 17, 19, 21, 23 e 24.
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Figura 25: SESC – DOCA, localizado na Av. Visconde de Souza Franco, em uma galeria de arte cujo tema
foi: Traços Urbanos do Marajó.
Fonte: Rodolfo Nogueira
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho é apresentar propostas de grafite na cidade de Belém com
traço marajoara, próprio da cultura amazônica, como forma de preservação e divulgação da
cultura local, promovendo-a através da fusão da arte urbana (grafite) e a cultura regional (arte
marajoara).
Acredita-se que o objetivo deste projeto foi alcançado tendo em vista a repercussão da
exposição das obras nos locais citados anteriormente e, com isso, foram feitos convites para a
aplicação do trabalho em diversos ambientes, ultrapassando as barreiras da arte urbana,
levando-a para dentro de residências e ambientes mais sofisticados.
Arte e cultura, todo ser humano possui, porém, é necessário que seja estimulado a
desenvolver, divulgar e conhecer novas formas de expressão. Com a mudança decorrente do
surgimento de novas formas de arte, e a renovação das “raízes”, a identidade original acaba
por ser esquecida, pois muitas características novas foram incorporadas a sua essência.
Após análise das pesquisas, busca-se um reconhecimento do grafite enquanto arte, bem
como elevá-lo a um patamar diferente de como este é visto pelas pessoas desinformadas: uma
arte marginal.
O estudo possibilitou a aprendizagem da importância da preservação cultural, mostrar e
ensinar algumas características marajoaras que não são muito divulgadas. Pretende-se fazer
com que as pessoas se interessem um pouco mais com a cultura e a arte, dentro da
comunicação. Todos os profissionais da área de comunicação precisam ter uma base de arte
para desenvolver e ter alguma idéia em mente. Com isso, espera-se que o presente trabalho
possa ser divulgado e ser usado como referência em pontos turísticos locais e em cidades.
Os muros, as paredes e os postes da cidade enchem os olhos com as mensagens gráficas
dos grafites, pichações e stickers. Na concorrência com os anúncios publicitários e políticos,
com as arquiteturas, com as organizações urbanísticas e sinalizações de toda espécie. Esse
tipo de prática vai ganhando as grandes cidades na medida em que as culturas juvenis vão se
destacando na esfera cultural, social, econômica e política. O ambiente urbano pode ser lido,
pois há um complexo sistema de práticas, e um sofisticado universo imaginário inscrito em
suas superfícies. As marcas juvenis que cobrem as cidades trazem, em suas formas, a
convergência de linguagens e a estética da diversidade que as caracterizam. A intervenção
gráfica nas ruas é, também, uma forma de luta e de debate ideológico, um formato atual de
contracultura, que privilegia a consciência, a expressão e a denúncia.
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Sabe-se que, entre grafite e pichação, existem distinções significativas em relação à
intenção do produtor, às técnicas empregadas, ao local de sua aplicação e mesmo em relação
ao prestígio perante a sociedade: no geral, o grafite (e atualmente também o sticker) tem sido
tratado como arte urbana, enquanto a pichação é vista como vandalismo e sujeira.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela força, por me amparar nas horas que mais
precisei, por me abençoar e iluminar a conseguir tudo e passar pelas dificuldades de cada
etapa.
A todas as pessoas que colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste
trabalho.
Agradeço principalmente a meus pais. Minha mãe, Elisete Hardt Nogueira, pela força,
dedicação, pela preocupação de não dormir e chegar tarde em casa. Por me apoiar em tudo o
que eu fiz e faço. Ao meu pai, Mauricio Borges dos Reis Nogueira, pelas idéias, sugestões,
bate-boca sobre o tema, pelo apoio e pelo incentivo em todas as atividades realizadas por
mim. Ao meu irmão, Rodrigo Hardt Nogueira, formado em publicidade que ajudou em
algumas ideias, aturando meus dias de estresse e brigas.
À minha namorada, Jéssica Castilho Guimarães, pelo apoio, por ser compreensiva, pois
muitas vezes estive ausente, estudando, trabalhando, sem poder dar a atenção que lhe é
merecida, por tolerar meu estresse, me dando colo quando precisei e ajuda quando pedi.
Pelo amor de todas as pessoas acima citadas.
À professora e orientadora, Lorena Trescastro, que ajudou nas dificuldades de montar
um artigo e a enfrentar outras que passei no decorrer do trabalho de conclusão de curso, as
dicas de como manter tudo organizado, e o retorno rápido dos questionamentos. Professora,
sua orientação foi fundamental para a conclusão do trabalho.
36
REFERÊNCIAS
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<http:://www.artbr.com.br/ruiamaral/pinturas.html>. Acesso em: 10 ago 2010.
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<http://theurbanearth.files.wordpress.com/2008/07/>. Acesso em: 20 jun 2010.
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37
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SCHAAN, Denise P., A linguagem Iconográfica da cerâmica marajoara. P.232. Disponível
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15 jul 2010.
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histórica da Ilha de Marajó, Brasil (400-1300 AD). Coleção Arqueologia, v. 3. Porto Alegre,
EDIPUC/RS, 1997.
SCHAAN, Denise Pahl. A arte da cerâmica marajoara: Encontros entre o passado e o
presente. Habitus, Goiânia, v.5, n.1, p99-117. Jan/ Jun.2007.
YOKOTA, Hamilton. New Art for a New Era. Disponível em: < http://www.tfreak.com/>.
Acesso em: 20 jun 2010.
38
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TCC - GRAFITE MARAJOARA COMO MÍDIA ALTERNATIVA EM BELÉM

  • 1. CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL: MULTIMÍDIA RODOLFO HARDT NOGUEIRA GRAFITE MARAJOARA COMO MÍDIAALTERNATIVA EM BELÉM Artigo apresentado ao Curso de Comunicação Social: Multimídia para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social Multimídia Orientado por: M.Sc. Lorena Bischoff Trescastro BELÉM 2010
  • 2. CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL: MULTIMÍDIA RODOLFO HARDT NOGUEIRA GRAFITE MARAJOARA COMO MÍDIAALTERNATIVA EM BELÉM Artigo apresentado ao Curso de Comunicação Social: Multimídia para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social Multimídia Orientado por: M.Sc. Lorena Bischoff Trescastro BELÉM 2010
  • 3. CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL: MULTIMÍDIA RODOLFO HARDT NOGUEIRA GRAFITE MARAJOARA COMO MÍDIAALTERNATIVA EM BELÉM Este artigo foi julgado adequado para obtenção do Grau de Bacharel em Comunicação Social: com Habilitação em Multimídia e aprovado na sua forma final pelo Instituto de Estudos Superiores da Amazônia. Data: _______/______/______ Nota: ________________ __________________________________________________ Profª.M.Sc. Lorena Bischoff Trescastro Orientadora - IESAM __________________________________________________ Prof. Esp. Acilon Baptista Cavalcante Avaliador - IESAM _________________________________________________ Prof ª. Esp. Bárbara Freire Avaliador - IESAM BELÉM 2010
  • 4. 1 Grafite marajoara como mídia alternativa em Belém Rodolfo Hardt Nogueira1 Lorena Biscoff Trescastro2 Curso: Comunicação Social, com habilitação em Multimídia, do Instituto de Estudos Superiores da Amazônia – IESAM, Avenida Governador José Malcher, 1148 – CEP: 66055-260 Nazaré – Belém-PA Resumo: O grafite, como intervenção urbana, vem ganhando espaço na medida em que contribui para a qualidade visual do cenário urbano, em grandes cidades, como Nova York e São Paulo. Este trabalho tem por objetivo apresentar propostas de grafite na cidade de Belém com traço marajoara, próprio da cultura amazônica, como forma de preservação e divulgação da cultura local. Para tanto foram feitas pesquisa bibliográfica, em livros e artigos, pesquisa de campo, mediante aplicação de questionários e instalações em espaços públicos e privado de ampla circulação em Belém, com traços marajoara. Com a análise dos dados da pesquisa, constatou- se a viabilidade da execução de técnicas de grafite com arte marajoara na cidade de Belém. Palavras-chave:Grafite. Arte Marajoara. Intervenção Urbana. Comunicação. Cultura. Abstract: The graffiti as urban intervention, has gained importance as it contributes to the visual quality of the urban scene in big cities like New York and Sao Paulo. This paper aims to present proposals for graffiti in the city of Bethlehem with stroke marajoara Amazon's own culture as a means of preservation and dissemination of local culture. Therefore, we done literature, books and articles, field research, through questionnaires and installations in public spaces and private wide circulation in Bethlehem, with traces marajoara. With the analysis of survey data, we found the feasibility of the implementation techniques of graffiti art with the city of Bethlehem marajoara. Keywords:Grafite. Art Marajoara. Urban Intervention. Communication. Culture. 1 INTRODUÇÃO As pessoas que vivem em centros urbanos se tornam alvo de fortes apelos visuais que atraem sua atenção, seja de forma positiva ou negativa. Percebe-se que, ao transitar pelas ruas da cidade, depara-se com outdoors, busdoors, cartazes em muros e postes, pichações, além do objeto de estudo deste trabalho, o grafite. Segundo Gitahy (1999), grafite é o nome dado às palavras e aos desenhos pintados nos muros das cidades que é utilizado para transmitir uma mensagem com grande apelo visual e/ou artístico. Essa manifestação surgiu através das pinturas rupestres, os materiais utilizados eram terras de diferentes tonalidades, sucos de plantas, ossos fossilizados ou calcinados, misturados com água e gordura de animais. Por muitas vezes o grafite deixou de ser considerado como arte por fugir dos padrões de uma “obra”, se comparado com as obras de Picasso, Miró, Van Gogh, entre outros, passando a ser considerado muitas vezes como arte de subúrbio, quando não como vandalismo, sendo 1 Graduando do Curso: Comunicação Social, com habilitação em Multimídia. Endereço eletrônico: rhnogueira@gmail.com 2 Mestre em Letras pela Universidade Federal do Pará. Endereço eletrônico: trescastro@prof.iesam- pa.edu.br
  • 5. 2 relacionado à pichação. Por utilizarem o mesmo ambiente e o mesmo material, surgem alguns equívocos entre a pichação e o grafite. Atualmente, o grafite já é praticado por artistas plásticos e designers, geralmente em grandes grupos. O grafite urbano utiliza spray ou rolo de pintura, usando os mesmos suportes da pichação (muros, postes, viadutos, pontes), mas existem entre eles diferenças conceituais e estéticas. Os grafites são coloridos, bem elaborados com contorno e preenchimento com personagens e representação plástica da imagem. Feitos com autorização prévia, já são compreendidos como manifestação artística, ganhando espaço inclusive em galerias de arte e museus. Ao contrário da pichação que, utiliza diversas ilustrações e cores, possuindo função ideológica, feita sem autorização, mas também decorativa. Segundo Gitahy (1999), uma das diferenças entre o grafite e a pichação é que o primeiro advém das artes plásticas e o segundo da escrita, ou seja, o grafite privilegia a imagem; a pichação, a palavra e/ou a letra. Embora ambos tenham surgido com o mesmo propósito - como forma de intervenção e transgressão urbana, é possível diferenciá-los pelo conteúdo e desenvolvimento das mensagens. Para Ramos (2008, p. 46), “a pichação é um protografite, que parte de um processo mais anárquico de criação, onde o que importa é transgredir e até agredir; marcar a presença, provocar”. Já o grafite tem foco no uso da imagem como meio de comunicação com grande apelo visual e grande carga artística. Ramos (2008, p. 50) afirma que “a linguagem do grafite fica mais próxima a um protesto „branco‟, pois não tenciona agredir nem o urbano e nem seus habitantes, mas tão somente chamar a atenção, tanto para descasos da cultura, quanto para um melhor aproveitamento desses espaços”. Para Gitahy (1999, p. 17-8), as características da linguagem do grafite são de dois tipos: estéticas e conceituais. As estéticas detêm se caracterizam pela: expressão plástica figurativa e abstrata; utilização do traço e/ou da massa para definição de formas; natureza gráfica e pictórica; utilização, basicamente, de imagens do inconsciente coletivo, produzindo releituras de imagens já editadas e/ou criações do próprio artista; repetição de um mesmo original por meio de uma matriz (máscara), característica herdada da pop art; repetição de um mesmo estilo quando feito à mão livre. O grafite vai do subversivo, espontâneo, gratuito, efêmero discutindo e denunciando valores sociais, políticos econômicos com muito humor e ironia. O espaço urbano é apropriado a fim de discutir, recriar e imprimir a interferência humana na arquitetura da
  • 6. 3 metrópole. Assim, democratiza e desburocratiza a arte, aproximando-a do homem, sem distinção de raça ou de credo, produzindo em espaço aberto sua galeria humana, mesmo porque os espaços fechados dos museus e afins são quase sempre inacessíveis. Desta forma, tanto o grafite quanto a pichação vão disputando espaços para a sua inclusão, que vão registrando, com signos e símbolos, a história de um povo. Esta história se insere no cenário da cidade, dizendo a esta mesma cidade coisas suas que ela própria tenta esconder. Nas palavras de Ramos (2008, p. 43), “o espaço visual da cidade se altera, ganha uma outra dimensão pela ação de grupos ou indivíduos que por ali passam e imprimem sua marca. O muro vira mural[...]suporte para manifestações de todo e qualquer cidadão”. Como o grafite trata-se de uma expressão artística realmente urbana, pretende-se agregar na sua veia artística, um lado de preservação cultural, podendo ser utilizado como mídia alternativa para a preservação e divulgação da cultura amazônica, apresentando de forma diferente e interagindo com seu ambiente de aplicação, para isso optou-se pela arte marajoara. O interesse sobre o objeto de estudo grafite surgiu a partir da necessidade de uma inovação no aspecto visual dos centros urbanos, e um apelo para a divulgação e preservação da cultura regional. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo apresentar propostas de grafite na cidade de Belém com traço marajoara, próprio da cultura amazônica, como forma de preservação e divulgação da cultura local. 2 JUSTIFICATIVA TEÓRICA O tema torna-se importante por apresentar o grafite como mídia alternativa, mutável e adaptável ao seu meio ou cenário, fazendo não somente uma conexão com a arte e a comunicação urbana contemporânea, como também pode apoiar, desenvolver e aprimorar uma arte regional como forma de mídia que já teve seu auge antes do advento das grandes gráficas e desenvolvimento de peças impressas e digitais. O grafite vem sendo explorado como elemento para melhorar a imagem e aparência da cidade. Principalmente se tratando do mercado de Belém, que por falta de artistas guiados por ética e respeito ao espaço público, ganhou a infâmia, através das pichações por ser um meio de expressão que compartilha alguns materiais, se tratando de qualidade e poder de persuasão. Para Kobra (2010), o desenho é a característica que predomina no grafite e o que o diferencia da pichação. É uma outra forma de expressão. No próprio grafite também é
  • 7. 4 possível encontrar várias vertentes, inclusive a marginal, onde as pessoas têm a mesma intenção da pichação e pintam de forma ilegal os muros. Cada vez mais, o grafite caminha para fora da marginalização, ainda que não possa abrir mão deste, uma vez que ele nasceu de um misto de inconformidade e contravenção, mas a parte exclusa destes elementos pode facilmente ser descartada, deixando-o como um veículo de mídia alternativa. É possível observar suas origens quando o desenho e a forma eram o meio mais elementar de comunicação, tornando-se adaptável, pois é possível utilizar quase qualquer tipo de espaço para nela, ou a partir dela, elaborar uma peça, por requerer baixo investimento em pessoal e pouca ou nenhuma tecnologia necessária, dando ainda mais oportunidades para a elaboração de trabalhos de cunho social, dado ao movimento de aproximação que gera entre a sociedade formal e os mais variados tipos de agrupamentos urbanos. O grafite pode ser utilizado de forma a transmitir uma mensagem de modo mais sofisticado possível, se assim ele for elaborado, atingindo um público tipo A ou B sem deixar de provocar reações de todos os outros tipos de público devido ao seu caráter urbano e de execução lúdica. Este processo abre um leque de opções para sua utilização na forma de mídia, como para base de inspiração e vertente, tornando-o uma mídia contemporânea, pois se liga facilmente a qualquer tipo de mídia tradicional, como também abre caminho para novas maneiras de pensar. 2.1HISTÓRIA DO GRAFITE Segundo Ramos (2008, p. 13), a palavra grafite tem sua origem no italiano, tratando-se do plural da expressão graffito que designa a inscrição ou desenhos desde a Antiguidade, riscados em paredes e rochas com o material que tivessem a mão. A expressão graffito, no singular, é utilizada para designar a técnica utilizada nas inscrições; já no plural, refere-se aos desenhos inscritos. Gitahy (1999, p. 11) afirma que “aquelas pinturas rupestres são os primeiros exemplos de grafite que encontramos na história da arte”, pois representavam animais, caçadores e determinados símbolos do seu cotidiano. Mais tarde, segundo historiadores, essa prática de registrar o cotidiano através de imagens se repete na Grécia e Pompéia. Segundo Ramos (2008) o grafite, da forma como é conhecido hoje, tem sua origem em Paris, por volta de 1968 em conexão às revoltas estudantis e esquerdistas devido ao Pós- Guerra. Porém, além de frases de ordem e protesto, havia palavras de amor ou com
  • 8. 5 características de humor. A partir deste momento, as pessoas despertaram para um antigo modo de registrar mensagens de forma livre, anônima e que tenha um grande apelo visual dentro do ambiente urbano. Figura 01: Grafite das décadas de 60/70 Fonte: http://www.ideariumperpetuo.com/grafite.htm Como se vê na figura 1, o grafite é spray art (pichação de signos); em seguida, é stencil art - o artista utiliza um cartão com formas recortadas que, ao receber o jato de spray, só deixa vazar a tinta pelos orifícios determinados. A primeira operação valoriza o desenho; a segunda, a cor. De acordo com Canevacci (1993, p. 37) para que haja a decodificação da mensagem é necessário que haja “sempre um lado criativo, um critério subjetivo. Ela é interpretada segundo a formação particular do pesquisador, sua biografia intelectual e política, seus gostos e emoções, ou segundo o acaso. A tradução da mensagem urbana é sempre uma traição”. Isso se dá devido a forma que a mensagem é empregada, seja por meio de palavras ou siglas, seja por meio de desenhos. No caso dos desenhos, a decifração da mensagem, para a sociedade em geral, é mais subjetiva, tendo uma representatividade maior dentro do grupo. Já através da escrita, os simbolismos do grupo só são reconhecidos por aqueles que o conhecem, pois possuem traços quase que indecifráveis para um leigo de tais símbolos. O estilo de grafite americano começou em 1980, no Brasil, junto com o movimento hip- hop. Segundo (GITAHY, 1999, p.36) o grafite nasceu nos bairros “negros” de Nova York, como o Brooklin e o Queens, nos anos 60, juntamente com o movimento de conscientização e orgulho negro. Incentivado por movimentos sociais da época, como os Panteras Negras, e também pelo líder popular Martin Luther King, celebravam o engrandecimento da cultura negra de origem africana, através das danças, músicas, literaturas e outras formas de expressão artística. Segundo Gitahy (1999), de sua origem até os anos 70 e 80, o grafite foi sendo usado como ferramenta de protesto por um lado, e principalmente como ferramenta de autoafirmação, uma vez que seu caráter social de protesto contra o desrespeito às massas foi
  • 9. 6 sendo cada vez mais desvalorizado, dado o aquecimento da economia mundial dos anos 80, como se as pessoas que protestavam fossem se acomodando com a situação. É claro que o grafite nunca perdeu sua característica de contravenção e mantém até os dias de hoje uma de suas características mais marcantes: a elaboração e concepção longe de olhares predatórios dos elementos das leis sociais. Conforme Gitahy (1999), artistas consagrados, como Os Gêmeos, Chivitz, Titi-freak e muitos outros, são altamente celebrados. Suas mostras, conforme indicaram as figuras 2, 3 e 4, correm as galerias mais conceituadas e são lotadas tanto por jovens grafiteiros de rua quanto por estudiosos de design, até mesmo por críticos de arte. Sua atuação recebe destaque na indústria têxtil e de calçados, aonde suas ideias são materializadas na forma de peças que estão entre as mais procuradas do mundo da moda contemporânea, principalmente voltada aos jovens. Figura 02: Chivitz embaixo de ponte Fonte: http://www.fotolog.com/chivitz_nuc Figura 03: Os Gêmeos nas ruas de São Paulo e na estação do Metrô. Fonte: http://theurbanearth.files.wordpress.com/2008/07/
  • 10. 7 Figura 04: Titi Freak em Exposição e nas ruas de São Paulo. Fonte: http://www.tfreak.com/ Conforme Gitahy (1999), em Nova York, além de impressos nos muros da periferia, a técnica do grafite passa a ser utilizada em ônibus, caminhões e trens do metrô. Nesse momento, a polícia interfere a fim de combater essa prática, prendendo alguns dos autores, ao mesmo tempo os mesmos artistas são convidados por grandes museus e galerias de arte ao redor do mundo para exporem suas obras. Em 1975, ocorreu a primeira exposição do grafite no Artist‟Space em Nova York, com apresentação de Peter Schejeldahl. Após essa exposição, o grafite passa a ganhar mais notoriedade a partir da mostra New York/New Wave, em 1981, organizada por Diego Cortez em um dos principais espaços de vanguarda de Nova York, o PS1. Em seguida, Keith Haring e Jean- Michel Basquiat saem dos metrôs, principais “galerias” de suas obras e participam da Documenta de Kassel, conseguindo grande visibilidade no meio artístico, tendo relações de amizade com artistas da pop art como Andy Warhol. Segundo Gitahy (1999) Basquiat, vide figura 5, iniciou sua carreira grafitando paredes e muros de Nova York, chamando a atenção pelo alto nível de suas obras, principalmente, por utilizar símbolos de várias culturas e obras famosas. Porém, suas obras possuíam bastante influência de ícones da cultura americana, principalmente do contexto político e social. Figura 05: Obras de Jean-Michel Basquiat Fonte: http://basquiat.no.sapo.pt/galeria.html
  • 11. 8 Para Góes (2007) no Brasil, o grafite surge por volta de 1976, nos muros da cidade de São Paulo com a inscrição cão fila, que desencadeou uma grande curiosidade sobre o autor e o significado daquela frase. Após o significado ser desvendado (uma nova raça de cachorro que surgia), a cidade recebe muitas outras mensagens e, com isso, surgiram grupos e parcerias, fazendo com que as imagens dominassem a cidade. A partir desse momento, a cultura do grafite foi difundida para outras capitais, tornando os muros como suporte para uma arte marginalizada, mas que conquista seus espectadores por onde é que estejam. Segundo Ramos (2008) no Brasil, um dos precursores do grafite foi Rui Amaral, que já grafita as ruas de São Paulo desde os anos 80. Ele possui um personagem bastante conhecido, que já foi incorporado à capital paulista, chamado Bicudo, e pode ser visto em vários pontos de São Paulo. Além deste personagem, o artista já pintou painéis em túneis e na Avenida Paulista e periodicamente faz manutenção das imagens, como se vê na figura 6. Figura 06: Painel na Avenida Paulista Fonte: Pesquisa de campo, 2010 Figura 07: Telefone Público de Rui Amaral Fonte: http:://www.artbr.com.br/ruiamaral/pinturas.html
  • 12. 9 Na cidade de Belém, o movimento do grafite começou a surgir e crescer a partir do final do ano de 2004, mas somente no ano de 2007 começou a ser espalhado pela cidade, passando por diversos preconceitos, até mesmo dos próprios pixadores, que acabavam destruindo as artes feitas nos muros, por não serem a favor da grafite. Para os pixadores de qualquer localidade, os “picos” – pontos, mais altos dão respeito tanto para seu pixador como para sua gangue. Já o grafite, não têm. O grupo pioneiro em grafite na cidade de Belém foi o Cosp Tinta Crew. Aos poucos o grafite vêm dominando as cidades metropolitanas, conforme figura 8, deixando-as com um visual muito melhor do que com pichações. Muitos eventos vêm ocorrendo na cidade de Belém para divulgar e incentivar o grafite. Ao contrário da pichação, os grupos de grafiteiros se unem para incentivar ainda mais esta arte. Figura 08: Trav. Timbó, entre Av. Almirante Barroso e João Paulo II. Evento: Grafite ou Morte / 2010. Fonte: Pesquisa de campo, 2010. Com o projeto do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Governo do Pará, o artista plástico Eduardo Kobra veio a Belém e preparou dois grandes postais que representam a volta ao passado. A intervenção artística fez parte do projeto de aniversário da capital e reproduziu cenas da Belle Époque belenense, que resgatam um pouco da glória do passado da cidade, deixando o espaço urbano mais bonito e, claro, melhorando a autoestima da população. Com o olhar de alguém que vêm de fora, o Ver-O-Peso me chamou muita atenção. No começo do século passado, as ruas e avenidas no Brasil tendiam a ser muito parecidas, não importa o local. Mas o mercado é um lugar único, muito democrático, pois todos podem ver minha obra, tanto os que estão passando de ônibus quanto os que passam nos seus carros luxuosos. (KOBRA, apud LA-ROCQUE 2010, p.114)
  • 13. 10 De acordo com dados da pesquisa, Kobra esteve pela primeira vez na capital paraense durante a XIII Feira Pan-Amazônica do Livro, quando trabalhou em cinco painéis, sendo que o maior mostra os barqueiros e os cais do porto no Mercado do Ver-o-Peso, obra que hoje embeleza a fachada lateral do Hangar e serviu de inspiração para a nova ação, estrategicamente colocada na esquina da Avenida Portugal com a Bollevard Castilho França, com uma vista privilegiada para o mercado e a baía. A área, que antes servia de depósito para os vendedores de peixe, ainda recebeu uma pracinha construída especialmente para apreciar a paisagem e a pintura, que retrata pessoas transitando pelas lojas da antiga Rua João Alfredo, com o bondinho ao fundo e uma grande sensação de tridimensionalidade. Figura 09: Eduardo Kobra sendo entrevistado pela ORM em frente ao seu mural no Hangar Centro de Convenções Fonte: http://www.flickr.com/photos/studiokobra/ Figura 10: Av. Portugal com Bollevard Castilho França Fonte: http://www.flickr.com/photos/studiokobra/ Além do Ver-o-Peso, outro muro em outro ponto da cidade, na esquina da Avenida José Malcher com a Travessa Castelo Branco, também recebeu um trabalho de Kobra, dessa vez com uma ação colaborativa com a participação de grafiteiros locais.
  • 14. 11 2.2 O ESPAÇO URBANO COMO SUPORTE PARA O GRAFITE O espaço urbano pode ser resumido como uma área de industrialização e comercialização de produtos, onde juntamente com a aglomeração de pessoas de diferentes regiões, raças e credos transforma esse espaço em produção e utilização de novos códigos. Com isso, a cidade deixa de ser um simples lugar de produção e trocas como também, torna- se área de conflitos ideológicos e culturais. De acordo com Ramos (2008, p. 31), “a cidade é, assim, um sistema semiótico de produção e consumo de códigos; emite e recebe mensagens”. Esse espaço urbano caracteriza-se pelos seus traços arquitetônicos onde seus muros limitam e demarcam territórios, integrando uns e excluindo outros e define suas características sociais (dentro/fora, elite/marginal, proibido/permitido, certo/errado). Com relação a isso, Ramos (2008, p. 33) afirma que “a produção de linguagem urbana revela, em seus múltiplos códigos, as tensões, marginalizações, disputas e reivindicações dos seus habitantes, porque o que se escreve e prescreve em seus muros é obra dos cidadãos, e não imposição das instâncias institucionalizadas”. Pode-se encarar o grafite como uma maneira simbólica de “derrubar esses muros” e quebrar as barreiras entre o proibido e o permitido. Com isso, notam-se facilmente grafites emoldurados nos muros dos grandes centros urbanos pelo mundo todo. Isso se dá a partir do momento que o artista sente a necessidade de dialogar com o restante da sociedade acerca de questões a serem discutidas a fim de inseri-lo no contexto desta. O grafite apropria-se do espaço urbano a fim de discutir, recriar e imprimir a interferência humana na arquitetura da cidade (GITAHY, 1999, p. 18), produzindo em espaço aberto sua galeria urbana, pois os espaços fechados de museus e afins são quase sempre inacessíveis. O grafite reutiliza o espaço urbano acompanhando o crescimento deste, se apropriando de espaços e utilizando-os como suporte para suas mensagens e, através da linguagem dos muros, comunicar a todos o que desejar. Devido à versatilidade do grafite, o universo urbano proporciona diversos suportes para esse diálogo aberto com a cidade, utilizando, além de muros, portões, postes, viadutos, calçadas, passarelas, trens, entre outros, espalhando-se por onde quer que seja, independente do formato e da região, contato que exerça sua real função, a comunicação em massa. Devido a maleabilidade do grafite, é possível utilizá-lo em suportes diversos, como os citados acima, porém, existe uma certa classificação, como o grafite móvel, empregado em
  • 15. 12 suportes móveis e com a mensagem disseminada com grande rotatividade, como em caminhões, ônibus e trens; o grafite misto, que possui tempo determinado para renovação, como tapumes de obras e painéis móveis; assim como o grafite estático, mais comum, aplicado em suportes não móveis como muros, postes, pontes e túneis. Como se nota, o grafite é aplicado em locais de grande fluxo de pessoas e visibilidade, além disso, percebe-se que, atualmente, espaços comerciais e particulares já o adotam, a fim de renovar o ambiente, através da aplicação no suporte a ser utilizado para a produção e exibição da obra em execução. Assim, as metrópoles, labirintos de imagens desde sua constituição, ganham as cores e as formas das intervenções urbanas juvenis. As imagens proliferam, invadem todos os espaços, povoam as paisagens urbanas. As relações estéticas necessitam de participação imaginária, para que a magia da apropriação aconteça, para que a imagem, por exemplo, faça sentido, emocione, envolva, acione a memória, transporte as pessoas no tempo e no espaço, e os faça sentir os poderes vitais transformados em planos, formas, cores, texturas e tipografias. 2.3 INTERVENÇÃO URBANA A intervenção urbana trata-se das manifestações artísticas localizadas nas grandes cidades que tem como característica o inusitado por obter mensagens críticas de cunho ideológico, político e/ou social. Geralmente são apresentadas por meio de esculturas, grafite, cartazes, encenações de teatro ao ar livre, entre outras. A intervenção urbana é definida como um tipo de arte vanguardista e contemporânea que se difere das demais por não se limitar a padrões estéticos específicos. Geralmente são formados por grupos e coletivos que usam e apresentam suas obras em locais públicos. Diante disso, é necessário que o interventor faça uso de simbolismos e expressões que não sejam restritos apenas ao seu grupo, e que seja de fácil assimilação ao público externo a ele, para que a mensagem seja compreendida como deve. Segundo Linhares Júnior (2006, p. 50), intervenção é antipublicidade pois não escancara sua presença a todos, mas atinge com mais intensidade o exposto, tratando-se de obras mais artísticas do que comerciais. O trabalho do interventor, apesar de ser evidenciado na cor, ultrapassa a imagem e chega a ser, para muitos de seus adeptos, um novo conceito estético. Para estes jovens, hoje toda experiência urbana implica ruptura, distância. Tentativa de articulação de um espaço fragmentado, através das intransponíveis barreiras entre suas partes. Intervalos que se produzem no interior da própria cidade.
  • 16. 13 Dentro da cidade, existem espaços esquecidos pelo poder público e pela sociedade e cabe a esses artistas vanguardistas utilizar esses espaços cinzas como moldura para suas obras. A intenção do interventor é desenvolver um senso crítico na comunidade através do impacto que as obras proporcionam, intensificando a percepção do cidadão comum e, a partir da intervenção do artista, o meio urbano alterado e reconstruído. Considerando isso, Pallamim (2002, p. 106) acredita que a arte urbana contemporânea é carregada de informações sobre os problemas do cotidiano urbano, incitando o questionamento sobre significações e sobre a caracterização dos espaços da cidade, sobre as imagens e sobre as representações dominantes. A arte urbana busca imprimir ações culturais fruídas, que incitem a participação e produção cultural, para que, através das intervenções no espaço urbano, possamos melhor conformar o conjunto de elementos representativos da cultura local a fim de facilitar a apropriação espacial. 2.4 ARTE MARAJOARA Segundo Schaan (2007) a cultura marajoara começou a ser estudada desde o final do século XIX, quando naturalistas e outros viajantes tomaram conhecimento da fantástica cerâmica que era encontrada enterrada em grandes aterros artificiais. A cerâmica marajoara foi descoberta em 1871 quando dois pesquisadores visitavam a Ilha de Marajó, Charles Frederick Hartt e Domingos Soares Ferreira Penna. De acordo com Schaan (2007) os Marajoaras produziam cerâmicas simples, para cozinhar e preparar alimentos, e também uma cerâmica mais decorada e elaborada para servir alimentos e bebidas em festas, eles produziam toda uma variedade de objetos rituais tais como banquinhos para os pajés e chefes, estatuetas usadas em tiruais de cura, pingentes, tortuais de fuso, ornamentos para lábios e orelhas, assim como frascos e uma espécie de concha com um canudo para ingestão de drogas alucinógenas. A arte Marajoara era sem dúvida uma arte religiosa e sagrada, no sentido em que buscava transmitir idéias transcendentes ou cosmológicas, realizando a ponte entre o mundo dos vivos e o sobrenatural. Os objetos produzidos para festas e rituais eram decorados com desenhos geométricos, linhas sinuosas, círculos e espirais combinados de maneira harmoniosa, impressionando pela simplicidade e força comunicativa.
  • 17. 14 Figura 11: Exemplos de cerâmicas marajoara Fonte: http://rupestreweb.tripod.com/schaan.html Essas civilizações foram responsáveis pela produção de muitas peças de cerâmica as quais se transformaram em acervo o qual se encontra em museus espalhados pelo Brasil também como em diversos países da América e da Europa. Herdeiro dos estilos cerâmicos das culturas marajoara e tapajônica, o povo paraense tem uma predileção ao motivo decorativo marajoara. Essa apropriação pode ser percebida pela produção crescente de artesanato de Icoaraci, distrito próximo à cidade de Belém, reconhecido, tanto no Brasil como no exterior, como pólo de referência na reprodução de peças com inspiração em motivos da cultura Marajoara, além de Icoaraci, existem mais dois importantes pólos de produção de cerâmica artesanal representados pelos municípios de Santarém e Ponta de Pedras. Composta de vários objetos classificados por formas e técnicas decorativas, a coleção destaca-se pelos vasos, estatuetas, pratos, tangas, inaladores, urnas, bancos, tigelas, vasilhas, entre outras. Como mostra a figura 12, as técnicas decorativas usadas são a pintura, incisão, excisão e modelagem. Figura 12: Urna funerária decorada com apliques modelados e linhas incisas sobre engobo branco, com retoque vermelho. Peça do acervo do Museu Nacional, aquarela de Manoel Pastana, acervo do Museu do Forte, Belém Fonte: http://revistas.ucg.br/index.php/habitus/article/viewFile/380/316 Para Gallo (2005) a cerâmica Marajoara é considerada uma das mais bonitas e sofisticadas das Américas. Seus desenhos labirínticos e repetitivos podem ser entendidos como uma linguagem iconográfica, que comunicava sobre a ordem das coisas, das relações
  • 18. 15 entre humanos e animais e sobre papéis sociais, gênero e status. A cerâmica marajoara é geralmente caracterizada pelo uso de pintura vermelha ou preta sobre fundo branco. A decoração da Cerâmica Marajoara era feita com traços gráficos simétricos e harmoniosos, em baixo e alto relevo, entalhes, aplicações e outras técnicas. Os artesãos usam o barro colhido nas margens dos igarapés da região, modelam, à mão ou em tornos-de-pé, réplicas, peças utilitárias e decorativas, queimam em rústicos fornos a lenha, decoram com engobes, e usam a técnica de brunir. Não só pela sua exuberância estética, mas também pela importância que representa para o conhecimento da história de populações amazônicas antigas, a cerâmica marajoara está associada à cultura do povo paraense. Isto pode ser verificado por meio dos impressos de divulgação do Estado do Pará, calçamentos e ônibus da cidade de Belém que usam reproduções de desenhos marajoaras, os quais remetem a esse passado. 2.5 CERÂMICA MARAJOARA Para Gallo (2005) estudiosos confirmam ser, realmente, a cerâmica a mais antiga das indústrias. Ela nasceu no momento em que o homem começou a utilizar-se do barro endurecido pelo fogo. A cerâmica passou a substituir a pedra trabalhada, a madeira e mesmo as vasilhas (utensílios domésticos) feitas de frutos como o coco ou a casca de certas cucurbitácias (porongas, cabaças e catutos). As primeiras cerâmicas que se tem notícia são da Pré-História: vasos de barro, sem asa, que tinham cor de argila natural ou eram enegrecidas por óxidos de ferro. Segundo Schaan (1996) uma das características mais marcantes da cerâmica marajoara é o convívio, em um mesmo objeto, de representações naturalistas e representações eometrizantes, estas últimas chamadas usualmente de grafismos. Geralmente quando aparecem no entorno de uma representação naturalista, os grafismos tendem a ser interpretados como enchimento do campo visual, ou seja, algo que se coloca para preencher os espaços entre as representações a que se dá destaque. Os grafismos não eram simplesmente figuras aleatórias, mas que eles, também, representavam os mesmos personagens naturalistas. Alguns grafismos são semelhantes aos utilizados por outras sociedades ameríndias e, além disso, alguns deles correspondem aos padrões e formas que se formam na retina do olho quando o indivíduo está em transe alucinógeno, ou seja, quando está “vendo” em realidade os fosfenos. Alguns dos animais mais frequentemente representados não são animais dóceis ou
  • 19. 16 que fazem parte da dieta, mas justamente animais venenosos e temidos, como cobras, jacarés e escorpiões. Isso nos leva a associar esses tipos de representações com estórias mitológicas. Lévi-Strauss (1975) chamou a atenção para o fato de que os animais que povoam as estórias mitológicas não são aqueles “bons para comer”, mas os que são “bons para pensar”. Conclui-se que os animais representados na iconografia marajoara são justamente aqueles mais provavelmente relacionados à história cultural do grupo, cuja representação os ajuda a memorizar e reviver essa história em ocasiões festivas e ritualísticas. Estudando a cerâmica marajoara, como uma forma de comunicação visual de significados socialmente compartilhados, depara-se com a representação recorrente de cobras (em vários estilos) sobre os objetos. Vide figura 13. Figura 13: Unidades Mínimas de Significado Fonte: http://www.marajoara.com/Linguagem_Iconografica_Diss_Completa.pdf Quando os primeiros exploradores, no século XIX, escavaram os sítios arqueológicos na área da ilha de Marajó, depararam-se com verdadeiros cemitérios: eram grandes urnas funerárias que continham ossos e objetos cerâmicos e líticos diversos. Essas urnas se diferenciavam entre si pela exuberância da decoração. Havia urnas de estilos decorativos diferentes e havia urnas sem nenhum tipo de decoração. Como se sabe que as sociedades humanas tendem a reproduzir no contexto funerário as relações sociais que mantinham em vida, concluiu-se que aquela era uma sociedade hierárquica, que tratava de maneira diferenciada seus membros até depois da morte (PENNA, 1877; NETTO, 1885). No entanto, no decorrer dos estudos arqueológicos no Marajó, pesquisadores descobriram que não havia apenas cemitérios, mas outros tesos onde a cerâmica decorada e os sepultamentos eram praticamente ausentes; logo esses foram entendidos como locais de habitação (MEGGERS; CLIFFORD, 1957). Mais tarde, Roosevelt (1992), ao escavar dois desses tesos-cemitérios
  • 20. 17 (Teso dos Bichos e Guajará), descobriu que continham também estruturas habitacionais; por isso, entendeu que aqueles eram os locais de moradia da elite, que sepultava seus antepassados no mesmo local em que moravam, como forma de manter sua relação com aqueles que eram os donos do lugar e assim garantir e justificar sua posição social diferenciada. Estudando um grupo de sepultamentos no teso Belém, no rio Camutins, várias urnas funerárias que mostravam padrões iconográficos muito semelhantes, indicando tratar-se de objetos pertencentes a pessoas de uma mesma linhagem ou família (SCHAAN, 1996). Nesse sentido, pode entender a decoração das urnas funerárias como sinal de uma identidade social, elas trazem a figura humana em destaque, mas sempre associada com animais como a cobra, o escorpião, o urubu-rei, o jacaré ou o lagarto, entre outros. Como se vê, o estudo da iconografia permite entender, funcionamento da sociedade e perceber coerência nessa arte indígena, ao ligá-la às outras informações que se tem sobre a sociedade. 3 METODOLOGIA A ideia surgiu para atender a necessidade de divulgar e incentivar a cultura regional amazônica, por isso, pensou-se em desenvolver um produto em pontos turísticos da cidade, escolas e muros na cidade de Belém. Realizou-se, inicialmente, uma pesquisa teórica sobre o assunto abordado e sobre o resultado do produto. Foram utilizadas fontes bibliográficas, tais como: livros e websites de conteúdo com abordagens sobre o grafite e arte marajoara, a intervenção urbana, as mídias alternativas para haver uma sustentação teórica. Para medir a taxa de aceitação e de conhecimento prévio que a população de Belém possui sobre o grafite e suas vertentes. Posteriormente, a pesquisa de campo foi realizada nos bairros da Batista Campos e Comércio e agência de publicidade, com questionário de 12 perguntas, sendo onze perguntas fechadas e uma aberta, para conhecer melhor o público-alvo e saber se o produto final era viável. No decorrer da pesquisa, surgiu a ideia de se valorizar traços marajoaras, com as cores principais utilizadas na cultura marajoara. Em virtude disso, foram feitos desenhos / traços para serem escolhidos através de estudos realizados de acordo com o livro Motivos Ornamentais da Cerâmica Marajoara – Modelos para o artesanato de hoje, por fim foi feita a escolha dos locais para aplicação do produto. Ainda, foram feitas entrevistas com profissionais do grafite e integrantes de coletivos de intervenção urbana de Belém a fim de definir a visão de cada um sobre a possibilidade da
  • 21. 18 utilização do objeto de estudo como ferramenta para conscientização cultural. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi desenvolvida uma pesquisa de campo, em Belém, mediante aplicação de um questionário com 12 questões, conforme anexo, nas ruas, agências de comunicação e em residência de pessoas conhecidas, envolvendo 122 entrevistados, com o objetivo de traçar o perfil do público e sua receptividade em relação à intervenção urbana com grafite interativa. Feita a sistematização e análise dos dados obtidos na pesquisa, seguem resultados. Gráfico 1 - Distribuição de frequência por sexo Fonte: Dados da pesquisa, 2010. Dentre os entrevistados o maior índice é do sexo masculino, com 53%, e o menor é o feminino, com 47%. Isso demonstra uma distribuição equilibrada entre os entrevistados quanto ao gênero, com diferença de 6%, marcando a predominância do sexo masculino. Gráfico 2 - Distribuição de frequência por ocupação Fonte: Dados da pesquisa, 2010. A ocupação que apresenta maior índice, dentre os entrevistados, é outros (porteiros,
  • 22. 19 faxineiras, grafiteiros, garis, funcionários públicos) com 41%. Logo em seguida, aparecem autônomos com 30% e estudantes com 25%. Já as categorias empresários e dona de casa correspondem a 2 %. Gráfico 3 - Distribuição de frequência por idade Fonte: Dados da pesquisa, 2010. Quanto à faixa etária, o público da pesquisa é bastante diversificado. A faixa etária que apresenta maior índice é a de 26 a 30 anos com 28% e a menor é a de 41 a 45 e 31 a 35 anos, ambos com 2%. Isso demonstra que a maioria dos praticantes nesta faixa etária está ligada com arte. Isso tem relevância já que se está estudando sobre preservação da cultura e da arte. Gráfico 4 - Distribuição de frequência sobre o que é o grafite Fonte: Dados da pesquisa, 2010. Dentre os entrevistados, 77% afirmam saber o que é grafite, já os 23% restantes manifestam desconhecer o assunto. Por grafite entende-se o nome dado às palavras e desenhos pintados nos muros das cidades e utilizado para transmitir uma mensagem com grande apelo visual e/ou artístico. Ele surgiu através das pinturas rupestres, nessa época os materiais utilizados eram terra de diferentes tonalidades, sucos de plantas, ossos fossilizados
  • 23. 20 ou calcinados, misturados com água e gordura de animais. Gráfico 5 - Distribuição de frequência por conscientização cultural sobre utilização do grafite como uma linguagem jovem Fonte: Dados da pesquisa, 2010. Consciência cultural é a base da comunicação e envolve a capacidade de se afastar de nós mesmos tornando-se consciente dos valores culturais, crenças e percepções. Dentre os pesquisados, 76% concordam com a utilização do grafite como ferramenta para conscientização cultural. Os outros 24% não concordam. Gráfico 6 - Distribuição de frequência sobre a mudança da visibilidade da cidade através do grafite Fonte: Dados da pesquisa, 2010. Dentre os pesquisados, 79% concordam com a utilização do grafite para mudar a visibilidade da cidade. Os outros 21% não concordam. Para Benjamin apud Oliveira (2009), “a legibilidade das imagens da cidade compõe um caminho interessante para a realização de radiografias da modernidade”.
  • 24. 21 Gráfico 7 - Distribuição de frequência sobre conhecimento do que vem a ser a arte marajoara Fonte: Dados da pesquisa, 2010. Dentre os pesquisados, 79% sabem o que é arte marajoara, 14% já ouviu falar em arte marajoara. Os outros 7% não sabem e nunca ouviram falar em arte marajoara. De acordo com SCHAAN (2007). A cultura marajoara começou a ser estudada desde o final do século XIX, quando naturalistas e outros viajantes tomaram conhecimento da fantástica cerâmica que era encontrada enterrada em grandes aterros artificiais. Os marajoaras produziam cerâmicas simples, para cozinhar e preparar alimentos, e também uma cerâmica mais decorada e elaborada para servir alimentos e bebidas em festas. Eles produziam toda uma variedade de objetos rituais, tais como banquinhos para os pajés e chefes, estatuetas usadas em tiruais de cura, pingentes, tortuais de fuso, ornamentos para lábios e orelhas, assim como frascos e uma espécie de concha com um canudo para ingestão de drogas alucinógenas. A arte marajoara era sem dúvida uma arte religiosa e sagrada, no sentido em que buscava transmitir ideias transcendentes ou cosmológicas, realizando a ponte entre o mundo dos vivos e o sobrenatural. Gráfico 8 - Distribuição de frequência por aceitação do grafite na cidade de Belém Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
  • 25. 22 Dentre os pesquisados, 80% concordam que o grafite pode ser aceito na cidade de. Os outros 20% não concordam. Entre os motivos de aceitação do grafite na cidade de Belém está o item de embelezamento da cidade, diminuição da criminalidade / sujeiras por todos os muros, ter oficinas para fazer educação deste tipo de arte humana. O lado que não aceita o grafite, são dados colhidos de pessoas com mais idade, e acham que isso pode danificar patrimônios, sujar a cidade e trazer mais criminalidade. Gráfico 9 - Distribuição de frequência pelo conhecimento do que é da intervenção urbana Fonte: Dados da pesquisa, 2010. Dentre os pesquisados, 48% não sabem o que é intervenção urbana, 30% sabem. Os outros 22% não conhecem, não sabe o que é. Convém explicar que intervenção urbana é o termo utilizado para designar movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais realizadas em espaços públicos. Existem intervenções urbanas de vários portes, indo desde pequenas inserções através de adesivos (stickers) até grandes instalações artísticas. Gráfico 10 - Distribuição de frequência por pessoas que façam intervenção urbana Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
  • 26. 23 Intervenção urbana é o termo utilizado para designar movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais realizadas em espaços públicos. Existem intervenções urbanas de vários portes, indo desde pequenas inserções através de adesivos (stickers) até grandes instalações artísticas. Dentre os pesquisados, 58% não conhecem pessoal que façam intervenção urbana, 23% não sabem o que é intervenção urbana, 18% conhecem alguém, 1% fazem, já fizeram ou não opinaram. Gráfico 11 - Distribuição de frequência pela utilização do grafite Fonte: Dados da pesquisa, 2010. Dentre os pesquisados, 37% concordam que o grafite pode ser usado para melhoria estética da cidade, 34% concordam que o grafite pode ser usado como forma de arte, 18% acham que o grafite é utilizado para rebeldia e vandalismo, 9% para ser utilizado como consciência ambiental. Os outros 2% opinaram por Outros (preservação cultural). Gráfico 12 - Distribuição de frequência do grafite nos vários locais da cidade de Belém Fonte: Dados da pesquisa, 2010. A maioria dos entrevistados, num total de 70%, visualiza o grafite em muros, 11% vêem o grafite em escolas, 8% vêem em faixas de publicidade, 4% vêem em camisetas, 3% em
  • 27. 24 quadros, 2% em outros lugares (pontos turísticos, calçadas, bares e restaurantes), apenas 1% vê em ônibus e adesivos. Isso demonstra uma tendência das pessoas a associarem a arte do grafite aos muros. Uma das contribuições desta pesquisa é justamente ampliar este conceito, mostrando outros espaços da cidade, além de muros, como suporte para o grafite. Gráfico 13 - Distribuição de frequência por aplicação de grafite em outros locais da cidade Fonte: Dados da pesquisa, 2010. Dentre os pesquisados, 27% acham que o grafite deve ser usado em escolas, 23% em caixas de orelhões, 22% outros (pontos turísticos, bares, restaurantes), 10% opinaram por ser em calçadas e lata de lixo, os outros 8% opinaram por ser em contêiner de entulho. O grafite é um estilo de vida diferente, cada artista tem seu estilo de desenhar, escrever e pintar, em determinados locais, ao invés de manter o padrão, poderia ter uma intervenção na parede, por exemplo, ou algum detalhe que trouxesse um traço artístico diferente. Pode-se ver através da pesquisa que o item outros está entre o terceiro mais indicado, e nele estão inclusos bares, pontos turísticos, restaurantes, lojas, etc. Locais onde se pode incluir criação com grafite. Gráfico 14 - Distribuição de frequência em relação a visão pública sobre os grupos de grafiteiros Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
  • 28. 25 Dentre os pesquisados, 35% concordam que o grafite pode ser usado para embelezar uma cidade, rua ou qualquer outro local, 32% não opinou, 19% usado para educar crianças e afastar da criminalidade. 14% que o grafite é usado para protesto. Muitas das pessoas acham que grafite é uma arte, outras nem tanto. Embora se tenha certo preconceito com esse estilo de arte, muitos acham que é uma forma de se expressar e fazer protestos contra governo e sociedade, com a pichação ocorre isso, além de deixar a cidade com uma aparência horrível, como a pichação faz. Outras pessoas concordam que o grafite é uma obra de arte e acham que pode embelezar muito mais a cidade toda pintada do que deixar a cidade toda pichada. Conforme os dados, pode-se perceber que o público-alvo detém conhecimento sobre grafite porque tiveram elementos para opinar a respeito de características e/ou exemplos de locais para o desenvolvimento do produto. Percebeu-se, também, que o grafite é uma arte bastante conhecida, pois a maioria sabe do que se trata, e aceitam o grafite como expressão comunicativa na cidade. O dado novo do estudo é focar a arte marajoara em intervenção urbana para contribuir na estética da cidade com elementos que valorizam a cultura amazônica. 5 PRODUTO FINAL: INTERVENÇÃO URBANA EM BELÉM Após reunião com o artista urbano (grafiteiro), de codinome DIME, discutiu-se sobre as ideias a serem utilizadas, a forma como seriam aplicadas, as técnicas de grafite e os locais que possivelmente atrairiam a atenção do público, despertando sua curiosidade. Chegou-se a conclusão de que a intenção do projeto seria de transformar a arte marajoara em grafite urbano, preservando a identidade artística e cultural da região, e divulgando a arte regional. Foi decidido que a intenção do projeto seria levar o grafite a ser considerado como arte, utilizando a arte marajoara, para preservar a parte artística e cultural da região. Além das vias públicas (Av. João Paulo II com Av. Dr Freitas) que podem ser consideradas galerias em céu aberto, o projeto foi aplicado na decoração de dois bares de Belém (Bocaiuva Café e Bar do Gio), galeria de arte (traços urbanos do Marajó) realizado no SESC – DOCA, como decoração residencial na casa do poeta Luiz Carlos França, fachada de residência nas ruas (Castelo Branco, Almirante Barroso, Mariz e Barros), 130 metros na Fundação Curro Velho e no Laboratório Nacional Agropecuário LANAGRO – PARÁ. Na figura 14, que se vê o grafite realizado na Av. João Paulo II com Av. Dr. Freitas, em
  • 29. 26 um quiosque de tacacá localizado na praça Celso Sarubi. O material utilizado para pintura foi rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura e duas latas de tintas, sendo elas preta e vermelha, cores que predominante na arte marajoara. A parede do quiosque já era da cor branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se o rolo de tinta com as cores preta e vermelha para finalização. A intervenção urbana teve duração de 45 minutos para finalização do produto. Figura 14: Av. João Paulo II com Av. Dr. Freitas. Fonte: DIME O grafite realizado na Av. Almirante Barroso, entre Timbó e Mariz e Barros, pode ser visualizado na Figura 15. O material utilizado para pintura foi rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura, uma lata de tinta, na cor azul, duas latas de spray, nas cores preta e vermelha. A cor da parede era da tonalidade branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura e decorações, usou-se o rolo de tinta com a cor azul para pintura em volta, e no centro foi realizado o trabalho marajoara com latas de spray. A intervenção teve duração de 2 horas para finalização do produto. Figura 15: Localizado na Avenida Almirante Barroso. Fonte: DIME O grafite realizado na Travessa Quintino Bocaiuva, entre Av. Braz de Aguiar e Rua Gentil Bittencourt, pode ser visualizado na Figura 16. O material utilizado para pintura foi
  • 30. 27 rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura, uma lata de tinta, na cor azul, duas latas de spray, sendo elas: preta e vermelha. A cor da parede era da tonalidade branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura e decorações, usou-se o rolo de tinta com a cor azul para pintura em volta, e no centro foi realizado o trabalho marajoara com latas de spray. A intervenção teve duração de 2horas para finalização do produto. Figura 16: Localizado na Travessa Quintino Bocaiuva. Fonte: DIME O grafite realizado na Av. Almirante Barroso, edifício do Laboratório Nacional Agropecuário (LANAGRO - PARÁ), pode ser visualizado na Figura 17. O material utilizado para pintura foi: rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura e duas latas de tintas, sendo elas: vermelha e marrom, quadro para decoração, lata de spray na cor vermelha. A parede era da cor branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se o rolo de tinta com as cores vermelha e marrom para as pinturas na laterais, o quadro para ficar centralizado no meio da pintura, a lata de spray para fazer a pintura do quadro junto da fita gomada, e detalhe realizado com spray vermelho. A intervenção teve duração de uma hora para finalização do produto.
  • 31. 28 Figura 17: Av. Almirante Barroso, prédio LANAGRO – PARÁ. Fonte: Rodolfo Nogueira O grafite realizado na Av. Almirante Barroso, esquina com a Travessa Vileta, na entrada de um residencial, pode ser visualizado na Figura 18. O material utilizado para pintura foi: rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura e tres latas de tintas, sendo elas: vermelha, bege e preta, lata de spray na cor vermelha. A parede era da cor branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se o rolo de tinta com as cores vermelha, bege e preta para a pintura, a lata de spray para fazer o detalhe com spray vermelho. A intervenção teve duração de 2 horas para finalização do produto. Figura 18: Av. Almirante Barroso esquina com Vileta. Fonte: DIME O grafite realizado na Travessa Mariz e Barros, entre Av. Almirante Barroso e Av. João Paulo II, pode ser visualizado na Figura 19. O material utilizado para pintura foi: rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura e quatro latas de tintas, sendo elas: vermelha, preta, marrom, bege e marrom. A parede era da cor branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se o rolo de tinta com a cor preta para a pintura na laterais,
  • 32. 29 as cores vermelha, marrom e bege foram utilizadas para fazer detalhes. Teve duração de 40 minutos para finalização do produto. Figura 19: Travessa Mariz e Barros, entre avenida Almirante Barroso e avenida João Paulo II. Fonte: Rodolfo Nogueira O grafite realizado na residência do escritor e poeta Luiz Carlos França, situada no bairro da Cidade Velha, pode ser visualizado na Figura 20. O material utilizado para pintura foi: rolo de fita gomada grossa, rolo para pintura, um quadro para decoração, uma lata de spray na cor vermelha e uma lata de tinta na cor preta. A parede era da cor branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se o rolo de tinta com a cor preta para a pintura da base, a cor vermelha para fazer detalhes, e o quadro para finalização com detalhes feitos utilizando fita gomada e spray vermelho. Teve duração de 30 minutos para finalização do produto. Figura 20: Residência do escritor e poeta Luiz Carlos França, situada no bairro da Cidade Velha. Fonte: DIME O grafite realizado na fachada de residência na Travessa Castelo Branco, pode ser visualizado na Figura 21. O material utilizado para pintura foi: rolo de fita gomada grossa, duas latas de spray nas cores vermelha e açaí, um quadro para decoração. A parede era da cor
  • 33. 30 branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se as latas de spray para pintar os traçados, e o quadro para decoração com detalhes feitos utilizando fita gomada e spray vermelho. Teve duração de 25 minutos para finalização do produto. Figura 21: Fachada de residência Travessa Castelo Branco. Fonte: DIME O grafite realizado na Fundação Curro Velho, localizado na Rua Prof. Nelson Ribeiro, 287, bairro Telégrafo, pode ser visualizado na Figura 22. O material utilizado para pintura foi: 4 rolos de fita gomada grossa, três latas de tinta, sendo elas: duas preta e uma vermelha, uma lata de spray vermelha para detalhes. A parede era da cor branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se as latas de tinta para fazer o traçado, e a lata de spray vermelha para fazer detalhes para finalização. Parede da fundação com 130 metros. Teve duração de 2 dias para finalização do produto.
  • 34. 31 Figura 22: Fundação Curro Velho Fonte: DIME O grafite realizado no Bar Bocaiuva, localizado na Travessa Quintino Bocaiuva, bairro do Reduto, pode ser visualizado na Figura 23. O material utilizado para pintura foi: 3 rolos de fita gomada grossa, duas latas de tinta, sendo elas: marrom e uma vermelha, uma lata de spray vermelha para detalhes e dois quadros para decoração. A parede era da cor branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se as tintas para fazer o traçado, e a lata de spray vermelha para fazer detalhes nos quadros para finalização. Teve duração de 2 horas para finalização do produto. Figura 23: Bar Bocaiuva, localizado na Travessa Quintino Bocaiuva, bairro do Reduto. Fonte: DIME
  • 35. 32 O grafite realizado no Bar do Gio, localizado na Av. Braz de Aguiar, entre Travessa Quintino Bocaiuva e Generalissimo Deodoro, pode ser visualizado na Figura 24. O material utilizado para pintura foi: 2 rolos de fita gomada grossa, três latas de tinta, sendo elas: preta, marrom e vermelha, uma lata de spray vermelha para detalhes e um quadros para decoração. A parede era da cor bege, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se as tintas para fazer o traçado, e a lata de spray vermelha para fazer detalhes nos quadros para finalização. Teve duração de 2 dias para finalização do produto. Figura 24: Bar do Gio, localizado na Av. Braz de Aguiar, entre Travessa Quintino Bocaiuva e Generalissimo Deodoro. Fonte: Rodolfo Nogueira O grafite realizado no SESC – DOCA, localizado na Av. Visconde de Souza Franco, em uma galeria de arte cujo tema foi: Traços Urbanos do Marajó, pode ser visualizado na Figura 25. O material utilizado para pintura foi: 5 rolos de fita gomada grossa, 8 latas de tinta, sendo elas: preta, marrom, bege e vermelha, uma lata de spray vermelha para detalhes, 9 quadros, 14 vasos para decoração, e 3 sacos de 1kg de serragen. A parede era da cor branca, foi necessário o uso da fita gomada para realizar os traçados retos na pintura, usou-se as tintas para fazer os diversos traçados, a lata de spray vermelha para fazer detalhes nos quadros para finalização, os 3 sacos e os 14 vasos para compor o ambiente com temas marajoaras, a serragem tinha traços marajoaras. Teve duração de 4 dias para finalização do produto. A exposição durou um mês, com aproximadamente 250 visitações. A exposição foi divulgada em sites de conteúdo cultural e jornais regionais. Após exposição realizada, foram feitos convites para trabalhos em ambientes variados, como citado anteriormente, vide figuras 17, 19, 21, 23 e 24.
  • 36. 33 Figura 25: SESC – DOCA, localizado na Av. Visconde de Souza Franco, em uma galeria de arte cujo tema foi: Traços Urbanos do Marajó. Fonte: Rodolfo Nogueira
  • 37. 34 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalho é apresentar propostas de grafite na cidade de Belém com traço marajoara, próprio da cultura amazônica, como forma de preservação e divulgação da cultura local, promovendo-a através da fusão da arte urbana (grafite) e a cultura regional (arte marajoara). Acredita-se que o objetivo deste projeto foi alcançado tendo em vista a repercussão da exposição das obras nos locais citados anteriormente e, com isso, foram feitos convites para a aplicação do trabalho em diversos ambientes, ultrapassando as barreiras da arte urbana, levando-a para dentro de residências e ambientes mais sofisticados. Arte e cultura, todo ser humano possui, porém, é necessário que seja estimulado a desenvolver, divulgar e conhecer novas formas de expressão. Com a mudança decorrente do surgimento de novas formas de arte, e a renovação das “raízes”, a identidade original acaba por ser esquecida, pois muitas características novas foram incorporadas a sua essência. Após análise das pesquisas, busca-se um reconhecimento do grafite enquanto arte, bem como elevá-lo a um patamar diferente de como este é visto pelas pessoas desinformadas: uma arte marginal. O estudo possibilitou a aprendizagem da importância da preservação cultural, mostrar e ensinar algumas características marajoaras que não são muito divulgadas. Pretende-se fazer com que as pessoas se interessem um pouco mais com a cultura e a arte, dentro da comunicação. Todos os profissionais da área de comunicação precisam ter uma base de arte para desenvolver e ter alguma idéia em mente. Com isso, espera-se que o presente trabalho possa ser divulgado e ser usado como referência em pontos turísticos locais e em cidades. Os muros, as paredes e os postes da cidade enchem os olhos com as mensagens gráficas dos grafites, pichações e stickers. Na concorrência com os anúncios publicitários e políticos, com as arquiteturas, com as organizações urbanísticas e sinalizações de toda espécie. Esse tipo de prática vai ganhando as grandes cidades na medida em que as culturas juvenis vão se destacando na esfera cultural, social, econômica e política. O ambiente urbano pode ser lido, pois há um complexo sistema de práticas, e um sofisticado universo imaginário inscrito em suas superfícies. As marcas juvenis que cobrem as cidades trazem, em suas formas, a convergência de linguagens e a estética da diversidade que as caracterizam. A intervenção gráfica nas ruas é, também, uma forma de luta e de debate ideológico, um formato atual de contracultura, que privilegia a consciência, a expressão e a denúncia.
  • 38. 35 Sabe-se que, entre grafite e pichação, existem distinções significativas em relação à intenção do produtor, às técnicas empregadas, ao local de sua aplicação e mesmo em relação ao prestígio perante a sociedade: no geral, o grafite (e atualmente também o sticker) tem sido tratado como arte urbana, enquanto a pichação é vista como vandalismo e sujeira. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela força, por me amparar nas horas que mais precisei, por me abençoar e iluminar a conseguir tudo e passar pelas dificuldades de cada etapa. A todas as pessoas que colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho. Agradeço principalmente a meus pais. Minha mãe, Elisete Hardt Nogueira, pela força, dedicação, pela preocupação de não dormir e chegar tarde em casa. Por me apoiar em tudo o que eu fiz e faço. Ao meu pai, Mauricio Borges dos Reis Nogueira, pelas idéias, sugestões, bate-boca sobre o tema, pelo apoio e pelo incentivo em todas as atividades realizadas por mim. Ao meu irmão, Rodrigo Hardt Nogueira, formado em publicidade que ajudou em algumas ideias, aturando meus dias de estresse e brigas. À minha namorada, Jéssica Castilho Guimarães, pelo apoio, por ser compreensiva, pois muitas vezes estive ausente, estudando, trabalhando, sem poder dar a atenção que lhe é merecida, por tolerar meu estresse, me dando colo quando precisei e ajuda quando pedi. Pelo amor de todas as pessoas acima citadas. À professora e orientadora, Lorena Trescastro, que ajudou nas dificuldades de montar um artigo e a enfrentar outras que passei no decorrer do trabalho de conclusão de curso, as dicas de como manter tudo organizado, e o retorno rápido dos questionamentos. Professora, sua orientação foi fundamental para a conclusão do trabalho.
  • 39. 36 REFERÊNCIAS AMARAL, Rui. Paulista 450 anos. Disponível em: <http:://www.artbr.com.br/ruiamaral/pinturas.html>. Acesso em: 10 ago 2010. ARAUJO, J . R. As cores do protesto. Disponível em: <http://www.ideariumperpetuo.com/grafite.htm>. Acesso em: 20 jun 2010. BASQUIAT, Jean-Miche. Basquiat: Vida e Obra. Disponível em: <http://basquiat.no.sapo.pt/galeria.html>. Acesso em: 10 ago 2010. CANEVACCI, Massimo. A Cidade Polifônica. São Paulo: Studio Nobel, 1993. CHIVITZ. Neurose Urbana Crew. Disponível em: <http://www.fotolog.com/chivitz_nuc>. Acesso em: 20 jun 2010. GALLO, Giovanni. Motivos Ornamentais da Cerâmica Marajoara: Modelos para o artesanato de hoje. Cachoeira do Arari – PA: Museu do Marajó, 2005. GITAHY, Celso. O que é graffiti São Paulo: Brasiliense. 1999. GÓES, Renato. Graffiti passado à limpo. Folha Universitária - Jornal da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN), n. 356, p. 10-11, 05-11 nov. 2007. JORGE, U.G. Jorge U.G. | Images | Serch Results. Disponível em: <http://theurbanearth.files.wordpress.com/2008/07/>. Acesso em: 20 jun 2010. KOBRA, Eduardo. Galeria de Eduardo Kobra: Muralista. Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/studiokobra/>. Acesso em: 18 out 2010. KOBRA, Eduardo. Das ruas para as Galerias. In: LA- ROCQUE, Tyara de. revista Leal Moreira Living. Belém: n.24, ano 6. S.d. p.44-48, 2010. Lévi-Strauss, C. Antropologia Estrutural 2. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1975. MEGGERS, Betty J.; CLIFFORD, Evans. Uma interpretação das culturas da Ilha de Marajó. Belém: Instituto de Antropologia e Etnologia do Pará, 1957. Netto, L. Investigações sobre a Arqueologia Brasileira. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, 1885. OLIVEIRA, R. C. A. . Grafite e pichação em São Paulo e Bogotá: imagens e imaginários juvenis. In: Elaine Caramella; Fábio Sadao Nakagawa; Daniela Kutschat; Fernando Fogliano. (Org.). Mídias: multiplicação e convergências. São Paulo: Editora Senas São Paulo, 2009, v. , p. 505-520. PALLAMIN, Vera M. (org.) Cidade e cultura: esfera pública e transformação urbana. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.
  • 40. 37 PENNA, D. S. F. Apontamentos sobre os ceramios do Pará. In.: Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro. p. 47-66. v.2. Rio de Janeiro, 1877. RAMOS, Célia Maria Antonacci. Grafite, pichação & cia. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2008. ROOSEVELT, A.C. Arqueologia da Amazônia. In: CUNHA, M. C. da. (org.) História dos Índios do Brasil. São Paulo: Ed. da Universidade São Paulo, 1992. SCHAAN, Denise P., Iconografia Marajoara: Uma abordagem estructural. Disponível em: <http://rupestreweb.tripod.com/schaan.html>. Acesso em: 20 set 2010. SCHAAN, Denise P., A arte da cerâmica marajoara: encontros entre o passado e o presente. Disponível em: <http://revistas.ucg.br/index.php/habitus/article/viewFile/380/316>. Acesso em: 20 set 2010. SCHAAN, Denise P., A linguagem Iconográfica da cerâmica marajoara. P.232. Disponível em: <http://www.marajoara.com/Linguagem_Iconografica_Diss_Completa.pdf/>. Acesso em: 15 jul 2010. SCHAAN, Denise Pahl. A linguagem iconográfica da cerâmica marajoara. Dissertação, PUC/RS, 1996. ___________. A Linguagem Iconográfica da Cerâmica Marajoara: um estudo da arte pre- histórica da Ilha de Marajó, Brasil (400-1300 AD). Coleção Arqueologia, v. 3. Porto Alegre, EDIPUC/RS, 1997. SCHAAN, Denise Pahl. A arte da cerâmica marajoara: Encontros entre o passado e o presente. Habitus, Goiânia, v.5, n.1, p99-117. Jan/ Jun.2007. YOKOTA, Hamilton. New Art for a New Era. Disponível em: < http://www.tfreak.com/>. Acesso em: 20 jun 2010.