O crescimento do PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2014 foi de apenas 0,2%, impactado pela inflação, endividamento das famílias, queda do consumo e da indústria, falta de investimentos e competitividade. Apesar da alta de 3,6% na agropecuária, houve perda geral de produtividade no setor no período, com exceção de arroz e algodão. A taxa de poupança atingiu o menor nível desde 2000, indicando problemas para investimentos que freiam o crescimento econômico.
Acompanhamento Conjuntural - Economia Brasileira - Outubro 2011
Entenda por que o crescimento do brasil não deslancha
1. Entenda por que o crescimento
do Brasil não deslancha
Famílias endividadas, falta de investimentos e de
competitividade emperram a economia
2.
3. PIB varia 0,2% e chega a R$ 1,204
trilhão no 1º trimestre de 2014
• RIO - O baixo crescimento do país nos três primeiros meses de
2014 — alta de 0,2% em relação ao último trimestre do ano
passado e de 1,9% em relação ao mesmo período de 2013,
segundo o IBGE — é um resultado claramente impactado pela
inflação, avalia Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de
Negócios. O professor responde a seis questões para ajudar a
entender o resultado do PIB trimestral.
ftp://ftp.ibge.gov.br/Contas_Nacionais/Contas_Nacionais_Trimestrais/
Fasciculo_Indicadores_IBGE/pib-vol-val_201401caderno.pdf
4. Consumo das famílias
• Dado do IBGE: O consumo das famílias, na comparação
com o trimestre anterior, caiu 0,1%, o primeiro recuo
desde o terceiro trimestre de 2011. O setor representa
62,6% da demanda nacional.
• Motivo:
– Esse é o melhor exemplo de que o modelo de crescimento
se esgotou. Com a inflação em alta e os juros subindo, as
famílias tiveram mais dificuldades para honrar suas dívidas
e comprar os itens básicos, em um ambiente com menos
aumento real de salários. Assim, houve menos espaço para
o consumo. Até então, o consumo das famílias era o motor
do crescimento.
5. A indústria cai
• Dado do IBGE: A indústria cai há três trimestres
consecutivos (na comparação com o trimestre anterior)
e ampliou sua redução: de 0,1% no terceiro trimestre
de 2013 para 0,2% no quarto trimestre de 2013 e 0,8%
nos três primeiros meses de 2014.
• Motivo:
– Falta de investimento e de competitividade. Muitos dizem
que o problema é o câmbio, mas não é só isso. O Brasil
perdeu espaço, os produtos brasileiros são caros, e, nesse
setor, a concorrência internacional é direta. O principal
causador é a falta de investimentos e de produtividade.
6. A agropecuária cresceu 3,6%
• Dado do IBGE: A agropecuária cresceu 3,6% no trimestre na
comparação com o trimestre anterior, mas o IBGE indica
que houve perda geral de produtividade no primeiro
trimestre do ano em comparação com igual período de
2013, quando o setor apresentou alta de 2,8%. Segundo o
instituto, apenas arroz e algodão apresentaram alta na
produtividade.
• Motivo:
– Este foi um problema pontual, talvez muito afetado pela seca. O
setor da agropecuária é muito produtivo no Brasil, não sofre dos
problemas da indústria. Como o setor depende muito do clima,
variações são pontuais, e, mesmo assim, o setor cresceu mais
que a média da economia.
7. A taxa da poupança
• Dado do IBGE: A taxa da poupança chegou a 17,7% do
PIB, contra 18,2% há um ano. É a pior desde o ano
2000.
• Motivo:
– Essa é a raiz de todo o problema: a falta de investimento
está freando a economia do Brasil. E por que o
investimento não cresce? Por não sermos competitivos,
termos problemas sérios de burocracia, ineficiência e falta
de um ambiente de negócios amigável. O governo, em vez
de investir, apenas gasta muito e atrapalha ao mudar as
regras do jogo, gerando problemas como os que vemos no
setor elétrico. Os juros altos e a inflação também afastam
os investimentos.
8. A construção civil apresentou
retração
• Dado do IBGE: No trimestre, a construção civil
apresentou retração de 2,3% sobre o último trimestre
de 2013.
• Motivo:
– Esgotamento do modelo. O país passou por uma grande
expansão da construção civil nos últimos anos, mas as
famílias estão sobrecarregadas. Há menos espaço para
crescer.