1) O documento apresenta os resultados iniciais de uma pesquisa sobre o uso de entulho reciclado em argamassas, variando a composição do entulho e os traços de dosagem. Foram avaliadas a trabalhabilidade e propriedades de 28 argamassas com sete tipos de entulho reciclado.
2) Os objetivos da pesquisa foram avaliar a trabalhabilidade, consistência, retenção de água, densidade e teor de ar de argamassas com entulho reciclado e diferentes traços de dosagem.
3)
3. (1) Eng. Civil. Mestrando do Departamento de Engenharia de Construção Civil, da Escola
Politécnica, da Universidade de São Paulo, PCC-USP. Av. Prof. Almeida Prado, Trav.
2, nº 83, Cid. Universitária. S. Paulo-SP. CEP 05508-900 . E-mail miranda@pcc.usp.br
(2) Enga Civil. Prof ª Doutora do PCC-USP. E-mail smsselmo@pcc.usp.br
5(6802
A reciclagem do entulho de construção em argamassas é uma das alternativas para
amenizar o problema ambiental, nos centros urbanos. Mas, pode haver um largo espectro de
desempenho dos revestimentos de paredes, com ocorrências de pulverulência ou fissuração,
pelas variações na composição e no teor do entulho, entre outras causas. Este artigo
apresenta a primeira fase de uma pesquisa que analisará a influência da composição e do
teor do entulho, em revestimentos de argamassa, por procedimentos racionais de dosagem,
adaptáveis a usinas de reciclagem. Foram usadas sete composições de entulho reciclado, em
argamassas de traços 1:6, 1:7, 1:9 e 1:10 (cimento, agregado total, em massa seca), sendo o
entulho e a areia prefixados pelo critério de “finos total plastificantes 75 µm”. Vinte e
oito argamassas foram avaliadas quanto à trabalhabilidade, por dois pedreiros do SENAI, e
depois as de traços 1:7 e 1:10 foram caracterizadas quanto a consumo de materiais e custo,
consistência, densidade de massa, teor de ar e retenção de água. Nos traços estudados, foi
possível adotar teores fixos para a relação água/materiais secos e a porcentagem de finos
total, sem prejuízos expressivos de trabalhabilidade, ainda que a composição e o teor de
entulho influenciem as propriedades analisadas.
',),8/'$'(6 ( 3(563(7,9$6 12 862 '2 (178/+2 5(,/$'2
No Brasil, o entulho de construção representa de 60% a 68% da massa total dos resíduos
sólidos urbanos (PINTO, 1997). Em vista disto, o entulho reciclado apresenta-se como uma
alternativa para reduzir, tanto os custos da administração municipal como da degradação
ambiental, nas cidades de médio e grande porte.
Todavia, a principal ênfase comercial, na reciclagem desse entulho, até agora, foi a
instalação de máquinas argamasseiras, em canteiros de obras e que possam já triturar os
seus próprios resíduos, sendo esta aplicação um contraponto com as metas, hoje
generalizadas, de redução de desperdícios e melhoria da qualidade, pela construção civil.
Considera-se, pois, que as grandes perspectivas para a reciclagem de entulho de construção
estejam na instalação de centrais de reciclagem, que possam produzir argamassas,
concretos e pré-fabricados, em volumes compatíveis à velocidade de geração de entulho
pelas grandes cidades, e com um nível mínimo de controle tecnológico, para garantir o
desempenho dos materiais e componentes ali produzidos.
No tocante ao uso de entulho reciclado em argamassas, do que trata este trabalho, verifica-
se que os estudos nacionais são restritos a PINTO (1986), HAMASSAKI HW DO (1996),
4. SILVA HW DO (1997), LEVY (1997) e artigos relacionados. Em todos, as pesquisas limitam-
se a argamassas com entulho, em traços empíricos ditados pela prática ou pelo fabricante
do equipamento de moagem envolvido, sem fundamento tecnológico de dosagem.
Nas obras de edificações, entretanto, é possível constatar um largo espectro de desempenho
dessas argamassas, principalmente, quando aplicadas como revestimento, sendo bastante
variada a sua performance quanto à fissuração e pulverulência superficial, o que
possivelmente decorre, entre outras causas, da impossibilidade de um melhor controle de
dosagem e da variabilidade da composição do entulho. Também as variações do entulho
reciclado quanto à composição mineralógica, composição granulométrica, forma das
partículas e teor de proporcionamento, podem causar reflexos em propriedades importantes
das argamassas e no desempenho de revestimentos.
Assim, este trabalho refere-se à primeira fase de uma pesquisa que tem por fim analisar o
desempenho de revestimentos de argamassas com entulho reciclado, variando-se a
composição do entulho e os traços, por procedimentos racionais de dosagem.
2%-(7,926 '2 75$%$/+2
Os objetivos deste trabalho foram avaliar a trabalhabilidade e propriedades relacionadas,
tais como consistência, retenção de água, densidade de massa e teor de ar aprisionado, e
ainda o custo por metro cúbico, de argamassas preparadas com cimento, areia de rio e sete
diferentes composições de entulhos reciclados, sendo os entulhos preparados e os traços
prefixados por procedimentos racionais de dosagem, a seguir explicados.
(678'2 (;3(5,0(17$/
0DWHULDLV XWLOL]DGRV
Os materiais básicos utilizados na pesquisa foram cimento CP II E-32 e areia fina de rio,
como agregado miúdo principal. As suas características constam no Anexo. A escolha de
areia fina decorre das exigências da pesquisa, de prosseguimento deste trabalho.
As sete composições de entulho estudadas, utilizadas como parte do total de agregado
miúdo e com a função principal de DGLomR SODVWLILFDQWH, constam na Tabela 1. Os materiais
constituintes originaram-se da moagem a seco de blocos cerâmicos, de blocos de concreto e
de argamassa de cimento, cal e areia (traço 1 : 2 : 9 em volume, agregado úmido), em
moinho ANVI 500, durante 20min e com corte em peneira ABNT 4,8 mm, resultando com
as características físicas que constam no Anexo.
Tabela 1 Composições de entulho utilizadas na pesquisa.
Tipo e nº Materiais constituintes, % em massa seca
de
identificação Bloco cerâmico Argamassa Bloco de concreto
T1 75 25 0
T2 55 45 0
T3 35 65 0
T4 0 100 0
5. T5 0 65 35
T6 0 45 55
T7 0 25 75
0HWRGRORJLD
ULWpULR GH GRVDJHP GRV HQWXOKRV QDV DUJDPDVVDV
Neste trabalho, o critério de dosagem dos entulhos nas argamassas adotou a proposta de
LAHUERTA MONTERDE (1984), pela qual o WHRU GH ILQRV WRWDO LQIHULRU D µP, em
argamassas anidras, pode ser considerado como parâmetro de controle da sua plasticidade
no estado fresco, através dos seguintes limites1, em massa seca: abaixo de 15%, as
argamassas são consideradas magras; na faixa de 15 % a 25 %, médias e acima de 25 %,
gordas.
A fração de ILQRV WRWDO, também chamada de ILQRV WRWDO SODVWLILFDQWHV, inclui a contribuição
de todos os materiais da argamassa, isto é, do cimento, do agregado miúdo principal (em
geral, areia de rio) e das DGLo}HV SODVWLILFDQWHV (materiais DJORPHUDQWHV ou LQHUWHV que
tenham a função principal de contribuir para a coesão e plasticidade das argamassas, no
caso, os entulhos reciclados). Isto eqüivale a afirmar que todos os materiais com dimensão
de partícula inferior a 75 µm podem contribuir para a plasticidade das argamassas,
independente de serem aglomerante, adição plastificante ou agregado miúdo.
SELMO (1989) comprovou a adequação desta variável para controle da trabalhabilidade de
argamassas, tanto as mistas de cimento e cal, quanto as de cimento e saibro e indicou a
necessidade da sua avaliação como parâmetro de controle da retração potencial das
argamassas. Isto foi feito por SELMO BÜCHER (1990), que mostraram que tal variável
pode ser adequada para controle da retração potencial de argamassas, principalmente
quando se visa investigar o efeito de acréscimos de um mesmo tipo de adição plastificante.
Estudos e propostas de dosagem de argamassas, que se seguiram, p. ex. de ARAÚJO
(1995) e de LARA HW DO (1995), evidenciaram a possibilidade de utilização deste
parâmetro, inclusive, com a determinação prática do teor mínimo de adição plastificante,
necessário à obtenção de trabalhabilidade, que é possível avaliar com boa repetibilidade,
para um mesmo oficial pedreiro, e cujas diretrizes constam em SELMO (1997).
No presente trabalho, visando-se melhor comparar a influência das diferentes composições
de entulho, aplicou-se o princípio de dosagem explicado, mas preestabelecendo um teor de
finos total constante e igual a 19 %, para todas as argamassas anidras, e na seqüência da
pesquisa, outros valores maiores serão testados. Admite-se que possa haver variações em
torno de 19 + 2 %, conforme o método de caracterização da granulometria do entulho e
ainda porque o cimento foi considerado como 100 % passante na peneira ABNT 75 µm.
(VWXGR SUiWLFR LQLFLDO GH WUDEDOKDELOLGDGH H DSOLFDomR
O estudo prático inicial de trabalhabilidade foi similar à metodologia de SELMO (1997) e
realizado para os traços 1:6, 1:7, 1:9 e 1:10 (cimento, agregado total, em massa de materiais
1
LAHUERTA MONTERDE (1984) propõem a redução de 5 % nos limites, para
argamassas com aditivos reguladores de trabalhabilidade.
6. secos), com o critério de dosagem dos entulhos explicado no item 3.2.1, e visou confirmar a
adequação do valor de finos total preestabelecido e avaliar a dosagem de água, nas
argamassas, em função da trabalhabilidade ótima para aplicação como revestimento.
Todas as argamassas estudadas foram compostas de cimento : entulho : areia fina de rio. O
entulho entrou como parte do agregado total no traço e com isso há um aumento na relação
entulho/areia à medida que aumenta o teor de agregado total no traço, já que isto causa
diminuição da contribuição do cimento, na parcela de ILQRV WRWDO SODVWLILFDQWHV.
O estudo de trabalhabilidade foi realizado com dois pedreiros experientes, funcionários do
SENAI, em diferentes dias, e que seguiram o seguinte procedimento padronizado, para
todas as argamassas: adição de água às misturas anidras (previamente dosadas) e
homogeneização mecânica simultânea, até atingirem a consistência adequada; análise
visual da retenção de água e plasticidade, seguida de aplicação sobre alvenaria de blocos de
concreto, em áreas de 30 cm x 30 cm e espessura de 1 a 3 cm, para avaliação da facilidade
de lançamento, adesão ao substrato e de desempenamento dos revestimentos, em tempo
ótimo definido pela experiência de cada pedreiro. Os resultados estão discutidos no item 4.
DUDFWHUL]DomR FRPSOHPHQWDU GDV DUJDPDVVDV IUHVFDV
Numa segunda etapa foram analisadas em laboratório apenas os traços 1:7 e 1:10, com as
mesmas composições de entulho definidas na Tabela 1 e com critério de dosagem de água,
definido pelo estudo prático (item 3.2.2) e a ser adiante explicado. As propriedades das
argamassas determinadas foram o índice de consistência (NBR 7215/81), a retenção de
água (NBR 13277/95), a densidade de massa aparente e o teor de ar (NBR 13278/95).
$35(6(17$d2 ( $1È/,6( '26 5(68/7$'26
As Figuras 1 e 2 ilustram os resultados do estudo de trabalhabilidade, descrito no item
3.2.2. Pela Figura 1, observa-se a variação da relação água/materiais secos (H), média dos
valores individuais de cada pedreiro. Pela Figura 2, verifica-se a excelente correlação da
relação água/cimento média (DF) com a proporção de agregado total (P), nos traços em
massa seca, já tendo isto sido observado por SELMO (1989) e em pesquisas anteriores do
PCC-USP. Através da reta de regressão, da Figura 2, obteve-se um valor teórico calculado
de DF, para cada traço em massa. Pela fórmula clássica de “H = DF / (1+P)”, calculou-se
valores muito próximos a 24%, para todas as composições de entulho estudadas. Este valor
foi adotado para a caracterização dos traços 1:7 e 1:10, feita na seqüência do trabalho.
Através do estudo prático de trabalhabilidade, pôde-se observar que, em geral, todas as
argamassas com entulho consumiram uma quantidade de água superior à normalmente
consumida por argamassas mistas, principalmente aquelas com elevado teor de bloco
cerâmico. Todas foram aprovadas pelos pedreiros a nível de retenção de água, plasticidade
e facilidade de aplicação. As argamassas com a composição do Tipo 1 foram consideradas
mais ásperas do que as demais, e aquelas com a composição Tipo 4, as mais plástica. Todas
aderiram bem ao substrato até a espessura de 2,5 cm. Com relação ao tempo de
desempenamento, este variou entre 25 e 30 min, para as argamassas dos tipos T3 a T7, e,
para as demais, entre 15 e 20 min. Nenhuma argamassa aplicada apresentou problema de
descolamento, pulverulência ou fissuração até o sétimo dia de idade e isto deverá ser
confirmado em estudos subseqüentes para idades mais avançadas.
7. 26,0
5HODomR iJXDPDWHULDLV VHFRV
25,5 Tipo 1
25,0 Tipo 2
24,5 Tipo 3
+
8. 24,0 Tipo 4
23,5 Tipo 5
23,0 Tipo 6
22,5 Tipo 7
22,0
6 7 9 10
3URSRUomR DJUHJDGR WRWDOFLPHQWR HP
PDVVD
9. Figura 1:Resultados médios de “H”, obtidos no estudo prático de trabalhabilidade,
conduzido conforme item 3.2.2, com dois pedreiros experientes, funcionários do SENAI.
2,80
5HODomR iJXDFLPHQWR HP PDVVD
10. 2,60
y = 0,2267x + 0,3456 Tipo 1
2
2,40 R = 0,9645 Tipo 2
Tipo 3
2,20
Tipo 4
2,00 Tipo 5
Reta de de
Linha
tendência
regressão Tipo 6
1,80
Tipo 7
1,60
6 7 8 9 10
3URSRUomR DJUHJDGR WRWDOFLPHQWR
HP PDVVD
11. Figura 2 – Variações da relação água/cimento (DF), pelo estudo prático de trabalhabilidade,
conduzido com dois pedreiros do SENAI, com valores de “H” ilustrados na Figura 1.
12. Tabela 2 - Consumo de materiais e custo relativo das argamassas com entulho, em relação à
argamassa mista 1 : 2 : 9, ao valor de R$ 82,70 por metro cúbico.
7LSR GH LPHQWR ÈJXD $UHLD (QWXOKR XVWR XVWR
7UDoR
FRPSRVLomR NJP
18. 7 192 368 1,2 102 62,97 76
7 192 368 1,2 102 62,90 76
7 191 367 1,2 101 62,76 76
7 190 364 1,2 99 62,35 75
7 192 369 1,2 105 63,10 76
7 192 369 1,2 107 62,99 76
7 193 371 1,2 110 63,22 76
7 135 357 1,1 250 51,02 62
7 135 356 1,1 248 50,92 62
7 135 356 1,1 247 50,97 62
7 135 355 1,1 244 50,88 61
7 136 359 1,1 257 51,12 62
7 137 361 1,1 265 51,24 62
7 137 362 1,1 272 51,16 62
Os consumos de materiais e o custo relativo do m3 das argamassas constam na Tabela 2, a
partir dos dados relacionados na Tabela 3. Para o mesmo traço em massa e com as sete
composições de entulho estudadas, as diferenças de custo e de consumo de cimento por m3
das argamassas podem ser consideradas insignificantes. Mas, há economia de 25 a 40% no
custo total de materiais, se comparado o custo destas argamassas em relação ao da
argamassa mista 1:2:9. Obviamente, os dados da Tabela 2 e da Tabela 3 são apenas
ilustrativos, pois não incluem os custos operacionais efetivos, para a reciclagem do entulho.
A diferença no consumo de entulho nas argamassas, ocorreu para as composições a base de
bloco de concreto moído (9 a 25 kg a mais, por m3, do que com os entulhos a base de
blocos cerâmicos). Isto explica-se, pois foi fixado o teor de ILQRV WRWDO 75 µm, em 19%, e
o entulho com menor quantidade desses finos resultou adicionado em maior quantidade.
Tabela 3 - Valores utilizados para cálculo do m3 das argamassas
Material Cimento Cal Areia Bl. Cerâmico Argamassa Bl. Concreto
Preço (R$/kg) 0,14 0,11 - 0 0 0
Preço (R$/m3) - - 30,00 0 0 0
M. unitária
1100 700 1340 - - -
(kg/m3)
Inchamento - - 1,30 - - -
Como consta na Figura 3, por haver pouco entulho no traço 1:7, foi baixa a sua influência
no índice de consistência das argamassas, que resultou praticamente constante, no intervalo
de 277 ± 10 mm. Já no traço 1:10, observou-se uma nítida influência dos entulhos nesta
19. propriedade, sendo que as argamassas perderam consistência à medida que substituiu-se o
entulho de bloco cerâmico por entulho de argamassa e este, pelo entulho de bloco de
concreto. Mas, considerou-se que todas as argamassas resultaram de dentro de limites
aceitáveis de trabalhabilidade, e, em princípio, pode ser factível adotar um valor fixo da
relação água/materiais secos, precisando-se ainda pesquisar a manutenção da consistência.
ËQGLFH GH FRQVLVWrQFLD PP
21. Figura 3 - Índice de consistência das argamassas pela NBR 7215/81 e com relação
água/materiais secos constante e igual a 24%, em massa.
A retenção de água, ilustrada na Figura 4, não sofreu variação significativa para o traço 1:7,
devido ao baixo consumo de entulho. Já no traço 1:10 observa-se nitidamente a redução da
retenção de água à medida que o bloco cerâmico foi substituído pela argamassa e um
aumento à medida que esta foi substituída pelo bloco de concreto. O bloco cerâmico moído
mostrou-se um excelente retentor de água, capaz de fazer com que o traço 1:10 apresente
resultados maiores que os do traço 1:7, nas composições onde seu teor é elevado (T1 e T2).
91
5HWHQomR GH iJXD
23. Figura 4 - Retenção de água das argamassas pela NBR 13277/95.
24. Como ilustra a Figura 5, em ambos os traços 1:7 e 1:10, a densidade de massa das
argamassas decresceu conforme substituiu-se o entulho de bloco cerâmico ou de bloco de
concreto pelo de argamassa moída. A maior densidade foi encontrada para a composição de
maior teor de entulho de bloco de concreto, mas, ainda assim, aquém dos valores
normalmente obtidos para argamassas mistas comuns. Como esperado, as densidades
caíram do traço 1:7 para 1:10. Os teores de ar (Figura 6) calculados para o traço 1:10 são
elevados quando comparados aos valores usuais medidos em argamassas mistas.
1920
'HQVLGDGH GH PDVVD NJP
28. Figura 6 – Teor de ar calculado para as argamassas pela NBR 13278/95.
29. 21/86®(6
Para os materiais e composições de entulho utilizados, e com o teor de finos total
plastificantes prefixado em 19%, foi possível obter trabalhabilidade das argamassas com os
traços, em massa, variando entre 1:6 e 1:10. Todos resultaram com boa aceitação pelos
pedreiros, quanto à plasticidade, adesão ao substrato e desempenamento.
Também pôde-se adotar um teor fixo de 24% para a relação água/materiais secos, para os
traços 1:7 e 1:10, sem prejuízo significativo da trabalhabilidade. Embora, tenha sido
possível apontar diferenças de consistência, de retenção de água e de densidade de massa,
causadas pela natureza do entulho e pelo seu teor nas misturas.
O aumento do teor de bloco cerâmico na composição do entulho resultou na necessidade de
maior consumo de água para que se mantivesse a mesma trabalhabilidade. Ao contrário, o
aumento do teor de bloco de concreto ou argamassa moída resultou em menor consumo de
água. Este fato pode ser explicado pelo bloco cerâmico possuir um maior teor de partículas
finas (Figura A.1). Outra justificativa pode estar relacionada à maior absorção de água
deste tipo de entulho, que será caracterizada na seqüência do trabalho.
As argamassas que continham maiores teores de bloco de concreto destacaram-se por um
ligeiro aumento no consumo de entulho, mas para um custo praticamente constante e igual
ao das argamassas com as outras quatro composições de entulho estudadas.
Sem a inclusão de custos operacionais da reciclagem do entulho, as argamassas, de traço 1:
7 a 1:10 e com as composições estudadas, apresentaram custo em torno de 60 a 75 % do
custo da argamassa mista 1:2:9 (volume, areia úmida). Assim, acredita-se que os principais
benefícios possam mesmo advir dos reflexos ambientais e sociais, pela redução do volume
de lixo urbano, caso as usinas de reciclagem possam evoluir do ponto de vista técnico e
econômico.
5()(5Ç1,$6 %,%/,2*5È),$6
ARAÚJO, G.A. Contribuição ao estudo das propriedades de argamassas com saibro da
região de Maceió (AL) para revestimentos. Porto Alegre, 1995. Dissertação (Mestrado).
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
HAMASSAKI, L.T.; SBRIGHI NETO, C.; FLORINDO, M. C. Uso do entulho como
agregado para argamassas de alvenaria. In: RECICLAGEM E REUTILIZAÇÃO DE
RESÍDUOS COMO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL, São Paulo, 1996. Anais.
São Paulo, ANTAC, 1996. p. 107-115.
LARA, D., NASCIMENTO, O.; MACEDO, A., GALLO, G., PEREIRA, L., POTY, E.
Dosagem das argamassas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS
ARGAMASSAS, 1., Goiânia, 1995. Anais. Goiânia, ANTAC, 1995. p. 63-72.
LAHUERTA, J.V., MONTERDE, G.J.C. Estudio teórico y experimental sobre los
morteros para muros resistentes de fábrica de ladrilho para la actualización de la Norma
Básica MV 201-1972; 1.parte: Memoria del estudio. Materiales de Construccion,
Madrid, 34 (196) : 3-41, 1984.
30. LEVY, Salomon Mony. Reciclagem do entulho de construção civil, para utilização como
agregado de argamassas e concretos São Paulo, 1997. 145p. Dissertação (Mestrado) -
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
PINTO, T.P.P. Utilização de resíduos de construção. Estudo do uso em argamassas. São
Carlos, 1986, 137 p. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo.
PINTO, T.P.P. Resultados da gestão diferenciada. Téchne, n.31, nov./dez., p.31-34, 1997.
SELMO, S.M.S. Dosagem de argamassas de cimento Portland e cal para revestimentos
externos de fachadas dos edifícios. São Paulo, 1989. 187p. Dissertação (Mestrado) -
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
SELMO, S.M.S, BÜCHER, H.R.E. O saibro na formulação de argamassas de assentamento
e revestimento: contribuição ao estabelecimento de critérios para dosagem. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIMENTO, 2., São Paulo, 1990. Anais. São Paulo,
ABCP, 1990. v. 2, p. 477-96.
SELMO, S.M.S. Metodologia para dosagem de argamassas pelo teor de finos plastificantes
75 µm. São Paulo, ABCP, 1997. (Apostila do IV Laboratório do Curso Intensivo de
Argamassas de Assentamento e Revestimento – CIARE).
SILVA, A.S.R., SILVA Fº, A.F., AZEVEDO, M.T., MATTOS, E.G. Argamassa inorgânica
com o emprego de entulho reciclado. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA
DAS ARGAMASSAS, 2., Salvador, 1997. Anais. Salvador, ANTAC, 1997. p. 203-07.
$*5$'(,0(1726
À FAPESP, pelo apoio financeiro principal, à ANVI, fornecedora do equipamento de
moagem dos entulhos e à Escola SENAI Orlando Laviero Ferraiuolo, em S. Paulo/SP, na
pessoa do Eng. Luiz Henrique Piovezan e dos oficiais pedreiros participantes do trabalho.
31. $1(;2 $5$7(5,=$d2 )Ë6,$ ( 48Ë0,$ '26 0$7(5,$,6
Tabela A.1 - Composição química do cimento CP II-E (%)
3) 6L2 $O2 )H2 D2 0J2 62 1D2 .2 6 5, D2 , 2
4,78 21,24 4,99 2,71 57,91 3,99 2,08 0,02 0,72 0,08 1,11 0,72 3,98
Tabela A.2 - Características físicas e mecânicas do cimento CP II-E.
Pó Pasta Argamassa
Finura (%) Consistência normal (g/g) Resistência aos 3 dias 20,5
3,6 25,42
(NBR 11579) (NBR 11580) (MPa) (NBR 7215)
Área específica Expansibilidade à quente
341 0
(m2/kg) (NBR 7224) (mm) (NBR 11582)
Massa específica Tempo de início de pega Resistência aos 7 dias
3060 6,4 27,0
(kg/m3) (NBR 6474) (h) (NBR 11581) (MPa) (NBR 7215)
Tabela A.3 - Características dos entulhos básicos moídos e da areia de rio
Propriedade Método Bl. cerâmico Argamassa Bl. concreto Areia
Dimensão. máx. característ. NBR 7217/87 2,4 4,8 4,8 0,6
Módulo de finura NBR 7217/87 1,65 1,54 1,88 1,08
Materiais pulverulentos (%) NBR 7219/87 38 (1) 37 (1) 34 (1) 5
3
Massa unitária (kg/m ) NBR 7251/82 1270 1320 1530 1340
Massa específica (kg/m3) NBR 9776/87 2770 (1) 2780 (1) 2700 (1) 2580
(2)
Sais solúveis (%) NBR 9917/87 0,7 - - -
Obs.: (1)
Para os entulhos, os materiais pulverulentos (finos 75 µm) foram calculados por
granulometria a laser, e a massa específica foi feita pela NBR 6508/84;
(2)
O valor de sais solúveis deve ser confirmado na seqüência da pesquisa.