O engenheiro de produção de uma indústria tem um trabalho mais previsível, enquanto o engenheiro de uma obra civil enfrenta desafios em gerenciar a produção em ambientes dinâmicos e com variáveis imprevisíveis. Na indústria, a linha de produção é fixa e os insumos são fornecidos de forma consistente no local de trabalho. Já na construção civil, a linha de produção muda constantemente e os insumos precisam ser transportados entre locais com risco de perdas. Planejar a produção diária é mais
1. Quem tem o trabalho mais difícil, o engenheiro de planejamento
de uma obra ou engenheiro de produção de uma indústria?
O conhecimento de ambos tem que ser igual. Ambos têm que entender de produtividade, de
como os serviços serão executados, de movimentação de material, de equipamentos de
transporte e produção, de consumo de energia, segurança no trabalho e meio ambiente.
Vejamos então: em uma fábrica a linha de produção anda e o operário fica parado em seu local
de trabalho esperando a próxima peça para produzir. O produto vai andando em sua linha de
montagem e continua sendo montado por outros trabalhadores mais à frente, até chegar à sua
conclusão. Na construção civil não, a linha de montagem é parada e quem anda é o trabalhador.
O que ele produziu fica parado esperando que um outro operário venha ao local para dar
continuidade aos seus serviços e ele vai para outro lugar produzir a mesma coisa.
Na indústria os insumos são colocados ao lado do trabalhador sempre no mesmo local e em
quantidades sempre certas de produção e não se perde quase nada. Na construção civil o
insumo é descarregado e levado para um local de estoque provisório, para depois ser levado
para seu local de aplicação, cada vez diferente. É transportado sem o devido cuidado sendo
normal a quebra de várias peças, gerando perdas e muito entulho a ser retirado.
O engenheiro de produção de uma indústria sabe dizer quantas peças para uma determinada
montagem ele precisa produzir por dia para equilibrar sua produção. Na construção civil,
pouquíssimos engenheiros de produção saberão dizer o quanto eles terão que produzir por dia.
Quem faz um cronograma de uma obra com serviços repetitivos nos andares ou em setores,
tem que entender em detalhes, de como os serviços terão que ser realizados, seus prazos,
estoques, as sequências executivas possíveis, as folgas entre os serviços, já que as sequências
executivas não têm as mesmas durações e um serviço mais curto posterior a um mais longo gera
folga na sequência da rede. É necessário calcular segundas frentes nos serviços longos para
mitigar tempos de parada e espera e isso só se consegue com uma boa rede PERT/CPM.
Na indústria o produto é despachado quando fica pronto. Na construção o produto fica e quem
é despachado é a fábrica, tendo se que se montar outra em um novo local, buscando novos
trabalhadores e fornecedores que atendam às novas demandas do que se tem para construir.
Afinal, quem tem o serviço mais complicado?