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Lei de Hooke Generalizada
PROF. ALEXANDRE A. CURY
DEPARTAMENTO DE MECÂNICA APLICADA E COMPUTACIONAL
Lei de Hooke Generalizada
2
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Nos tópicos anteriores, estudamos os conceitos e as aplicações relacionados aos estados de tensão e de deformação
(uniaxial, plano e triaxial).
Entretanto, estes conceitos não são “autossuficientes”. Em outras palavras, não existe tensão sem que haja deformação e
vice-versa.
Assim, neste tópico iremos tratar das relações entre estas grandezas e, mais importante, o que as relaciona.
Consideremos, como exemplo, a seguinte situação:
“Dados dois corpos-de-prova perfeitamente homogêneos e de mesmas dimensões: um de aço e outro de borracha. Ambos
são submetidos a uma mesma carga axial P.”
1) Ambos estão sujeitos às mesmas tensões?
2) Ambos estão sujeitos às mesmas deformações?
A resposta à primeira pergunta é sim, mas à segunda, não. Por quê?
Introdução
Lei de Hooke Generalizada
3
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Fica claro que uma certa propriedade dos materiais desempenha um papel fundamental para a resposta à segunda
pergunta.
Esta propriedade é a rigidez, a qual é frequentemente representada pelos módulos de elasticidade do material.
Precisamos, portanto, “mapear” como um material se comporta, em termos de deformações, quando sujeitos a
diferentes estados de tensão.
Consideremos, inicialmente, uma barra de material homogêneo, isotrópico, de seção circular, sujeita a um
carregamento axial:
Carga uniaxial
Lei de Hooke Generalizada
4
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Definindo-se o eixo longitudinal da barra como “x” e, os transversais como “y” e “z”, podemos utilizar a Lei de Hooke
para calcular as deformações devidas ao estado de tensão existente.
x










=
0
0
0
0
0
0
0
0
xx


~
~
O tensor de tensão para um ponto qualquer no interior da barra é:
As deformações devidas a esta tensão, são dadas por:
E
E
E
xx
zz
xx
yy
xx
xx







 −
=
−
=
= ,
,
onde E é o Módulo de Elasticidade Longitudinal e n é o coeficiente
de Poisson material.
Carga uniaxial
Lei de Hooke Generalizada
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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
De forma similar, caso definíssemos o eixo longitudinal da barra como “y” e, os transversais como “x” e “z”, teríamos
a seguinte situação:
y










=
0
0
0
0
0
0
0
0
yy


~
~
O tensor de tensão para um ponto qualquer no interior da barra é:
As deformações devidas a esta tensão, são dadas por:
E
E
E
yy
zz
yy
yy
yy
xx







 −
=
=
−
= ,
,
onde E é o Módulo de Elasticidade Longitudinal e n é o coeficiente
de Poisson material.
Carga uniaxial
6
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Por fim, caso definíssemos o eixo longitudinal da barra como “z” e, os transversais como “x” e “y”, teríamos a
seguinte situação:
z










=
zz


0
0
0
0
0
0
0
0
~
~
O tensor de tensão para um ponto qualquer no interior da barra é:
As deformações devidas a esta tensão, são dadas por:
E
E
E
zz
zz
zz
yy
zz
xx







 =
−
=
−
= ,
,
onde E é o Módulo de Elasticidade Longitudinal e n é o coeficiente
de Poisson material.
Lei de Hooke Generalizada
Carga uniaxial
Lei de Hooke Generalizada
7
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Agrupando as situações anteriores, pode-se montar a seguinte tabela:
Deformações
Tensão xx yy zz
xx
yy
zz
E
xx

E
xx


−
E
xx


−
E
yy


−
E
yy

E
yy


−
E
zz


−
E
zz


−
E
zz

Combinação de cargas uniaxiais
Lei de Hooke Generalizada
8
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Considerando-se a atuação simultânea de σx, σy e σz e aplicando-se o princípio da superposição dos efeitos, tem-se:
 
)
(
1
zz
yy
xx
zz
yy
xx
xx
E
E
E
E









 +
−
=
−
−
=
 
)
(
1
zz
xx
yy
zz
yy
xx
yy
E
E
E
E









 +
−
=
−
+
−
=
 
)
(
1
yy
xx
zz
zz
yy
xx
zz
E
E
E
E









 +
−
=
+
−
−
=
Combinação de cargas uniaxiais
9
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Para as tensões cisalhantes, tem-se:
G
xy
xy

 =
G
xz
xz

 =
G
yz
yz

 =
onde G é o Módulo de Elasticidade Transversal e pode ser escrito como:
)
1
(
2 n
+
=
E
G
Relações no cisalhamento
Lei de Hooke Generalizada
10
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Considerando-se o que foi discutido até o momento, destaca-se algumas observações importantes:
• Um estado uniaxial de tensão gera um estado triaxial de deformação;
• Quanto maior a rigidez do material (maior E), menores as deformações, para um mesmo nível de tensão;
• O efeito Poisson se caracteriza pelo sinal negativo nas deformações que ocorrem nas direções transversais à
direção da solicitação;
• Para materiais comumente utilizados na Engenharia Civil e Mecânica, o coeficiente de Poisson possui valores
entre 0,2 e 0,4. Existem materiais especiais, entretanto, que admitem até mesmo valores negativos.
Lei de Hooke Generalizada
Observações:
Lei de Hooke Generalizada
11
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Agrupando-se todas as relações obtidas anteriormente, temos a chamada Lei de Hooke Generalizada, dada por:
Estas relações se aplicam a materiais homogêneos e isotrópicos, isto é, que possuem as mesmas propriedades físicas
e mecânicas em todas as direções.
Assume-se, também, que as tensões de cisalhamento não afetam as deformações lineares (e vice-versa).
Estados Triaxiais:
Lei de Hooke Generalizada
12
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Inversamente, pode-se escrever:
IMPORTANTE: nas duas relações apresentadas, utiliza-se as distorções angulares (xy, xz, yz) e não as componentes
cisalhantes do tensor de deformação (xy, xz, yz).
Lembrando que a relação entre essas grandezas é dada por:
Matriz constitutiva do material
2

 =
Estados Triaxiais:
Lei de Hooke Generalizada
13
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Em problemas relacionados à leituras de deformação (strain-gages), é muito comum assumir que os pontos em questão
estejam sujeitos a um Estado Plano de Tensão. Nesses casos, a Lei de Hooke é reescrita como:
Estado Plano:
Estado Plano de Deformação
14
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Exemplo 2 (continuação):
Para o estado de deformação obtido na letra a), calcule as tensões σxx, σyy, xy no entorno deste ponto. Dados: E = 2,1 GPa e
ν = 0,3.
Utilizando a Lei de Hooke e assumindo-se que o ponto está sujeito a um estado plano de tensões, temos:
Substituindo-se os valores de E (em MPa) e de ν e lembrando que xy = 2xy = 0,0057736, tem-se:
Estado Plano de Deformação
15
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Exemplo 3:
Sabendo-se que o prisma mostrado abaixo está sujeito a um estado de tensões conforme indicado na figura abaixo,
determine o novo valor do comprimento que liga os pontos P e Q. Dados: E = 2,1 GPa e ν = 0,4.
Estado Plano de Deformação
16
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Se considerarmos a direção de AC como sendo coincidente ao eixo x, o estado de tensão (plano) nos pontos do
prisma serão dados por:
Onde:
Estado Plano de Deformação
17
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Estado Plano de Deformação
18
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Estado Plano de Deformação
19
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Resolvendo, vem:
Lei de Hooke Generalizada
20
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Deformação Volumétrica:
Seja um paralelepípedo de arestas dx, dy e dz retirado no entorno de um ponto de uma estrutura:
Após a atuação de um carregamento, o paralelepípedo se deforma e assume as seguintes dimensões:
)
1
(
'
'
xx
xx dx
dx
dx
dx
dx
dx
x

 +
=

−
=

=
)
1
(
'
'
yy
yy dy
dy
dy
dy
dy
dy
y

 +
=

−
=

=
)
1
(
'
'
zz
zz dz
dz
dz
dz
dz
dz
z

 +
=

−
=

=
)
1
( xx
dx 
+
)
1
( zz
dz 
+
)
1
( yy
dy 
+
Lei de Hooke Generalizada
21
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Deformação Volumétrica:
Os volumes inicial e final do paralelepípedo são dados por V0 = dxdydz e V1 = dx’dy’dz’, respectivamente.
A deformação volumétrica, por definição, é dada por:
Substituindo-se as grandezas encontradas anteriormente na expressão acima, vem:
Simplificando numerador e denominador, tem-se:
Eliminando-se os termos de ordem superior, resulta em:
Lei de Hooke Generalizada
22
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Deformação Volumétrica:
A deformação volumétrica pode ser escrita, também, em termos de tensão. Utilizando a Lei de Hooke Generalizada, vem:
xx
 yy
 zz

Simplificando a expressão, vem:
Constata-se, portanto, que, para tensores com tr(σ) = 0, não existem variações de volume no entorno do ponto, mas
apenas mudança de forma (lembre-se da definição do tensor desviador).
23
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
Referências:
Esses slides foram preparados usando como base:
1) Beer, Johnston – Mecânica dos Materiais – 6ª ed.
2) Toledo, Bastos, Cury - Apostila de Resistência dos Materiais, UFJF.
Lei de Hooke Generalizada

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  • 1. Lei de Hooke Generalizada PROF. ALEXANDRE A. CURY DEPARTAMENTO DE MECÂNICA APLICADA E COMPUTACIONAL
  • 2. Lei de Hooke Generalizada 2 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Nos tópicos anteriores, estudamos os conceitos e as aplicações relacionados aos estados de tensão e de deformação (uniaxial, plano e triaxial). Entretanto, estes conceitos não são “autossuficientes”. Em outras palavras, não existe tensão sem que haja deformação e vice-versa. Assim, neste tópico iremos tratar das relações entre estas grandezas e, mais importante, o que as relaciona. Consideremos, como exemplo, a seguinte situação: “Dados dois corpos-de-prova perfeitamente homogêneos e de mesmas dimensões: um de aço e outro de borracha. Ambos são submetidos a uma mesma carga axial P.” 1) Ambos estão sujeitos às mesmas tensões? 2) Ambos estão sujeitos às mesmas deformações? A resposta à primeira pergunta é sim, mas à segunda, não. Por quê? Introdução
  • 3. Lei de Hooke Generalizada 3 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Fica claro que uma certa propriedade dos materiais desempenha um papel fundamental para a resposta à segunda pergunta. Esta propriedade é a rigidez, a qual é frequentemente representada pelos módulos de elasticidade do material. Precisamos, portanto, “mapear” como um material se comporta, em termos de deformações, quando sujeitos a diferentes estados de tensão. Consideremos, inicialmente, uma barra de material homogêneo, isotrópico, de seção circular, sujeita a um carregamento axial: Carga uniaxial
  • 4. Lei de Hooke Generalizada 4 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Definindo-se o eixo longitudinal da barra como “x” e, os transversais como “y” e “z”, podemos utilizar a Lei de Hooke para calcular as deformações devidas ao estado de tensão existente. x           = 0 0 0 0 0 0 0 0 xx   ~ ~ O tensor de tensão para um ponto qualquer no interior da barra é: As deformações devidas a esta tensão, são dadas por: E E E xx zz xx yy xx xx         − = − = = , , onde E é o Módulo de Elasticidade Longitudinal e n é o coeficiente de Poisson material. Carga uniaxial
  • 5. Lei de Hooke Generalizada 5 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF De forma similar, caso definíssemos o eixo longitudinal da barra como “y” e, os transversais como “x” e “z”, teríamos a seguinte situação: y           = 0 0 0 0 0 0 0 0 yy   ~ ~ O tensor de tensão para um ponto qualquer no interior da barra é: As deformações devidas a esta tensão, são dadas por: E E E yy zz yy yy yy xx         − = = − = , , onde E é o Módulo de Elasticidade Longitudinal e n é o coeficiente de Poisson material. Carga uniaxial
  • 6. 6 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Por fim, caso definíssemos o eixo longitudinal da barra como “z” e, os transversais como “x” e “y”, teríamos a seguinte situação: z           = zz   0 0 0 0 0 0 0 0 ~ ~ O tensor de tensão para um ponto qualquer no interior da barra é: As deformações devidas a esta tensão, são dadas por: E E E zz zz zz yy zz xx         = − = − = , , onde E é o Módulo de Elasticidade Longitudinal e n é o coeficiente de Poisson material. Lei de Hooke Generalizada Carga uniaxial
  • 7. Lei de Hooke Generalizada 7 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Agrupando as situações anteriores, pode-se montar a seguinte tabela: Deformações Tensão xx yy zz xx yy zz E xx  E xx   − E xx   − E yy   − E yy  E yy   − E zz   − E zz   − E zz  Combinação de cargas uniaxiais
  • 8. Lei de Hooke Generalizada 8 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Considerando-se a atuação simultânea de σx, σy e σz e aplicando-se o princípio da superposição dos efeitos, tem-se:   ) ( 1 zz yy xx zz yy xx xx E E E E           + − = − − =   ) ( 1 zz xx yy zz yy xx yy E E E E           + − = − + − =   ) ( 1 yy xx zz zz yy xx zz E E E E           + − = + − − = Combinação de cargas uniaxiais
  • 9. 9 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Para as tensões cisalhantes, tem-se: G xy xy   = G xz xz   = G yz yz   = onde G é o Módulo de Elasticidade Transversal e pode ser escrito como: ) 1 ( 2 n + = E G Relações no cisalhamento Lei de Hooke Generalizada
  • 10. 10 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Considerando-se o que foi discutido até o momento, destaca-se algumas observações importantes: • Um estado uniaxial de tensão gera um estado triaxial de deformação; • Quanto maior a rigidez do material (maior E), menores as deformações, para um mesmo nível de tensão; • O efeito Poisson se caracteriza pelo sinal negativo nas deformações que ocorrem nas direções transversais à direção da solicitação; • Para materiais comumente utilizados na Engenharia Civil e Mecânica, o coeficiente de Poisson possui valores entre 0,2 e 0,4. Existem materiais especiais, entretanto, que admitem até mesmo valores negativos. Lei de Hooke Generalizada Observações:
  • 11. Lei de Hooke Generalizada 11 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Agrupando-se todas as relações obtidas anteriormente, temos a chamada Lei de Hooke Generalizada, dada por: Estas relações se aplicam a materiais homogêneos e isotrópicos, isto é, que possuem as mesmas propriedades físicas e mecânicas em todas as direções. Assume-se, também, que as tensões de cisalhamento não afetam as deformações lineares (e vice-versa). Estados Triaxiais:
  • 12. Lei de Hooke Generalizada 12 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Inversamente, pode-se escrever: IMPORTANTE: nas duas relações apresentadas, utiliza-se as distorções angulares (xy, xz, yz) e não as componentes cisalhantes do tensor de deformação (xy, xz, yz). Lembrando que a relação entre essas grandezas é dada por: Matriz constitutiva do material 2   = Estados Triaxiais:
  • 13. Lei de Hooke Generalizada 13 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Em problemas relacionados à leituras de deformação (strain-gages), é muito comum assumir que os pontos em questão estejam sujeitos a um Estado Plano de Tensão. Nesses casos, a Lei de Hooke é reescrita como: Estado Plano:
  • 14. Estado Plano de Deformação 14 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Exemplo 2 (continuação): Para o estado de deformação obtido na letra a), calcule as tensões σxx, σyy, xy no entorno deste ponto. Dados: E = 2,1 GPa e ν = 0,3. Utilizando a Lei de Hooke e assumindo-se que o ponto está sujeito a um estado plano de tensões, temos: Substituindo-se os valores de E (em MPa) e de ν e lembrando que xy = 2xy = 0,0057736, tem-se:
  • 15. Estado Plano de Deformação 15 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Exemplo 3: Sabendo-se que o prisma mostrado abaixo está sujeito a um estado de tensões conforme indicado na figura abaixo, determine o novo valor do comprimento que liga os pontos P e Q. Dados: E = 2,1 GPa e ν = 0,4.
  • 16. Estado Plano de Deformação 16 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Se considerarmos a direção de AC como sendo coincidente ao eixo x, o estado de tensão (plano) nos pontos do prisma serão dados por: Onde:
  • 17. Estado Plano de Deformação 17 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
  • 18. Estado Plano de Deformação 18 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF
  • 19. Estado Plano de Deformação 19 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Resolvendo, vem:
  • 20. Lei de Hooke Generalizada 20 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Deformação Volumétrica: Seja um paralelepípedo de arestas dx, dy e dz retirado no entorno de um ponto de uma estrutura: Após a atuação de um carregamento, o paralelepípedo se deforma e assume as seguintes dimensões: ) 1 ( ' ' xx xx dx dx dx dx dx dx x   + =  − =  = ) 1 ( ' ' yy yy dy dy dy dy dy dy y   + =  − =  = ) 1 ( ' ' zz zz dz dz dz dz dz dz z   + =  − =  = ) 1 ( xx dx  + ) 1 ( zz dz  + ) 1 ( yy dy  +
  • 21. Lei de Hooke Generalizada 21 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Deformação Volumétrica: Os volumes inicial e final do paralelepípedo são dados por V0 = dxdydz e V1 = dx’dy’dz’, respectivamente. A deformação volumétrica, por definição, é dada por: Substituindo-se as grandezas encontradas anteriormente na expressão acima, vem: Simplificando numerador e denominador, tem-se: Eliminando-se os termos de ordem superior, resulta em:
  • 22. Lei de Hooke Generalizada 22 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Deformação Volumétrica: A deformação volumétrica pode ser escrita, também, em termos de tensão. Utilizando a Lei de Hooke Generalizada, vem: xx  yy  zz  Simplificando a expressão, vem: Constata-se, portanto, que, para tensores com tr(σ) = 0, não existem variações de volume no entorno do ponto, mas apenas mudança de forma (lembre-se da definição do tensor desviador).
  • 23. 23 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 - PROF. ALEXANDRE CURY - MAC/UFJF Referências: Esses slides foram preparados usando como base: 1) Beer, Johnston – Mecânica dos Materiais – 6ª ed. 2) Toledo, Bastos, Cury - Apostila de Resistência dos Materiais, UFJF. Lei de Hooke Generalizada