O documento critica a pressa em batizar pessoas no evangelismo atual, apontando que muitos dos batizados no ano passado na Igreja Jd Nova Itapeva raramente frequentam os cultos. O autor argumenta que os critérios para batizar devem ser mais rigorosos, avaliando os frutos das vidas das pessoas, como manda a Bíblia, ao invés de se basear apenas em emoções durante os cultos de decisão.
1. Miguel Angelo Rodrigues
31/01/2016
POR QUE PRESSA EM
BATIZAR?
Uma crítica ao evangelismo atual
Temos visto nos últimos anos as ações dos evangelistas realizarem muitos
batismos em nossa cidade mas observamos que a fixação desses membros
nas igrejas tem sido pequena. Várias são as observações sobre a forma de
levar essas pessoas a decisão de batizar, análise dos últimos batizados na
Igreja Jd Nova Itapeva e a frequência nos cultos e os frutos dos mesmos
nesse um ano após batizados.
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POR QUE PRESSA EM BATIZAR?
Uma crítica ao evangelismo atual
Estamos em 2016. No ano passado fui secretário do Ministério Pessoal. Não
fizemos muita coisa também. Esse ano assumi como chefe dos diáconos e também
como diretor do Ministério Pessoal. Por razões pessoais desisti do Ministério
Pessoal. Sou também professor da Escola Sabatina desde o ano passado e agora
minha esposa é a Diretora e estou auxiliando-a, principalmente na classe dos
professores. Não é fácil com criança pequena, 6 anos, chegar às 8:00 horas na
igreja para a classe dos professores. Minha esposa está tentando fazer um bom
trabalho.
Ontem vi o Diogo na igreja. A última vez que o vi foi no lançamento da Recolta de
2016. Estava fora da igreja, ali onde fazemos a recepção, e perguntei pra ele se
estava animado em recoltar. Acho que ele não havia entendido direito, achou que
tinha que dar dinheiro pra igreja. Falei pra ele que não era assim, que na escola
sabatina os professores iriam explicar melhor como seria o funcionamento da
recolta nesse ano. Mas ele não apareceu mais até ontem, que o vi na Igreja. O
Diogo havia sido excluído do rol de membros e janeiro de 2016 e rebatizado no
evangelismo, em março de 2016.
Esse é um dos exemplos das 19 pessoas que foram batizadas no evangelismo e
aceitas como membros da nossa igreja. Dessas 19, matriculadas na escola sabatina
de 2016, que minha esposa é diretora, a Dorivânia está na minha unidade, a
unidade 2, mas não está muito frequente. O Gean está matriculado na unidade dos
Juvenis. Veio duas vezes esse ano. A Amanda também está nessa unidade, só faltou
um dia. Deve ser porque a sua mãe é professora do Rol, a Aline, que também foi
batizada no evangelismo. Seu marido o Reginaldo, foi batizado posteriormente, no
ano passado e é professor junto com a esposa. Lembro de ter visto ontem também
a Diori e seu filho Raphael, mas não estão matriculados em nenhuma classe.
De 19 encontramos hoje na igreja 6 pessoas. Até que não está mal, quase um
terço. Principalmente pela Aline, que hoje é professora da Escola Sabatina,
diaconiza e trouxe seu marido no ano passado, que já é diácono também.
Não posso esquecer também, a Fabrícia, que está namorando meu amigo José
Carlos Bicudo e provavelmente estão frequentando a igreja central, mas no sábado
ela não pode ir porque trabalha. Já está disciplinada.
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A Viviane é filha do querido irmão Orandir, e as vezes vai na igreja. Acho que até já
a vi no sábado. O irmão dela foi batizado no final do ano passado o Reginaldo,
rapaz de valor.
Como chefe dos diáconos, vou convidar os meus “liderados” para a partir da
semana que vem visitarmos todos eles, os 19 batizados no evangelismo do ano
passado. Foram feitas algumas visitas assim que foram batizados, mas mesmo eu
sendo secretário do Ministério Pessoal no ano passado não sei de nenhum registro
de visitas. Por isso vamos promover uma visitação agora em fevereiro, quando
completa 1 ano de batismo.
Por que será que tão poucos continuaram na igreja? Gostaria muito de saber.
Acredito que essas pessoas não sabiam ao certo o que estavam fazendo.
Foram confundidas, iludidas quanto ao seu “estado espiritual”, talvez elas não se
arrependeram nem creram de maneira alguma. Podem ter confundido com o
arrependimento e a fé, a emoção do momento da pregação e a pressão que os
evangelistas fazem para ter um grande número de batistmos.
Por que ter essa pressa em batizar? Será que os evangelistas ganham por número
de pessoas batizadas; tem metas a cumprir; batizam uns para incentivar outros?
Quais são os critérios usados pelos pastores para assinar uma ficha batismal?
Jesus nos ensina tomar as ações — o fruto de nossa vida (Mt 7.15-27; Jo 15.8; 2Pe
1.5-12) como sinais de arrependimento. O Novo Testamento nos ensina a
considerarmos a santidade de conduta, o amor pelos outros e a pureza de doutrina
como os indicadores de nosso arrependimento e fé (1Ts 3.12-13; 1Jo 4.8; Gl 1.6-9;
5.22-25; 1Tm 6.3-5). Levantar-se num apelo do pregador não deve ser critério para
reconhecer o verdadeiro arrependimento nas pessoas. Nenhum fruto de salvação,
embora se admita (erroneamente) que ela se arrependeu e creu verdadeiramente,
porque expressou abundância de emoções, veio à frente e fez uma oração sincera.
Então seriam falsas essas conversões? Seria esse o resultado desse tipo de “não
exigir evidências” do arrependimento? Podemos estar enchendo nossas igrejas
com falsos convertidos, cujos pecados trazem dúvidas sobre o testemunho da
igreja local. Esse não é o caminho para construirmos uma igreja saudável — e pode
até obstruir a nossa obra evangelística — tanto dentro como fora da igreja local.
Precisamos compreender que as pessoas podem fazer orações sinceras e vir à
frente, depois do sermão, sem arrependerem-se e crerem em Jesus. Isso tem sido
feito durante dois mil anos. O escritor da Epístola aos Hebreus nos adverte que
muitas pessoas tinham desfrutado de experiências espirituais genuínas e que tais
experiências não eram coisas “pertencentes à salvação” (Hb 6.4-9; cf. 2Pe 1.6-10).
Ele também nos instrui que a fé, a esperança e o amor são critérios mais confiáveis
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(Hb 6.9-12). O fruto de obediência é a única evidência externa que a Bíblia nos
recomenda usar para discernirmos se uma pessoa é ou não convertida (Mt 7.15-27;
Jo 15.8; Tg 2.14-26; 1Jo 2.3).
Seremos mais sábios se acabarmos com práticas evangelísticas ambíguas do que se
continuarmos a confundir as pessoas quanto à natureza da resposta salvadora. É
certo que permitir a ambiguidade pode aumentar o nosso rol de membros. Mas
isso engana as pessoas não-salvas, levando-as a pensar que são salvas — esse é o
mais cruel de todos os embustes. Também enfraquece a pureza de nossas igrejas e
de seu testemunho corporativo, permitindo a aceitação de membros que são
cristãos professos, mas que, mais tarde, revelam não serem cristãos, porque
retornam a estilos de vida que não podem caracterizar um cristão verdadeiramente
convertido.