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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA
SOUZA
ETEC ENGENHEIRO AGRÔNOMO NARCISO DE MEDEIROS
Curso Técnico em Nível Médio de Turismo Receptivo
Michely Cristina de Oliveira
ANÁLISE DO PERFIL E DA SATISFAÇÃO DOS TURISTAS DE
JACUPIRANGA
Uma contribuição para a identidade de Jacupiranga como
destinação turística
Iguape
2016
2
Michely Cristina de Oliveira
ANÁLISE DO PERFIL E DA SATISFAÇÃO DOS TURISTAS DE
JACUPIRANGA
Uma contribuição para a identidade de Jacupiranga como
destinação turística
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso Técnico, em dezembro de 2016, da
Etec Engenheiro Agrônomo Narciso de
Medeiros, orientado pelo Professor Adalberto
Aparecido da Costa, como requisito parcial
para a obtenção do título de Técnico de Nível
Médio em Turismo Receptivo.
3
AGRADECIMENTOS
A Romualdo M. de Souza, meu companheiro, pelo apoio, paciência e incentivo.
A Robson M. E. de Oliveira, pela consultoria ambiental em amplos aspectos.
A Marba Giotto, pelo companheirismo e dedicação.
A Gian Fernandes Gonçalves, pela excelente consultoria técnica e atenção
sem igual.
Aos turistas que visitaram Jacupiranga no período de dezembro de 2015 a
julho de 2016.
A todos, obrigada de coração.
Michely Cristina de Oliveira
4
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo caracterizar o município de Jacupiranga
(SP) como destino turístico, bem como, avaliar o perfil dos turistas e identificar
sua satisfação no final de 2015 a meio de 2016. A caracterização geohistórica
de Jacupiranga foi realizada pela abordagem metodológica qualitativa, por sua
vez, a abordagem quantitativa foi utilizada no estudo do perfil e da satisfação
dos visitantes, através de aplicação de questionários em 71 turistas. A
pesquisa sobre Jacupiranga demonstrou que a cidade dispõe de diversos
atrativos turísticos naturais, patrimoniais e culturais.
Os resultados mais relevantes em relação ao perfil dos turistas revelaram que o
turista atual de Jacupiranga tem um prévio conhecimento sobre a cidade, seja
por experiência anterior ou por experiência de amigos e parentes. Este turista
vem principalmente do estado de SP, essencialmente do próprio Vale do
Ribeira para visitar a família e desfrutar das modalidades rurais de turismo e
nos parques estaduais. Esses visitantes geralmente entre 15 e 34 anos, e em
sua grande maioria são do sexo feminino. Tem alto grau de escolaridade, em
contrapartida a renda mensal é inferior a dois salários mínimos. Esse turista em
cônjuge e viaja com a família em automóvel próprio e pernoita na cidade. O
maior gasto do turista de Jacupiranga é com alimentação. O turista avalia a
infraestrutura da cidade positivamente em geral, avaliando negativamente
apenas as informações e sinalização turística.
Espera-se que as informações possam contribuir com a elaboração de um
planejamento estratégico, com ênfase na segmentação de mercado e fornecer
subsídios para os empresários e gestores públicos locais no processo de
tomada de decisões em prol do desenvolvimento sustentável regional.
Palavras – chave: Satisfação do Turista; Comportamento do Consumidor; Perfil
do Turista; Jacupiranga e Vale do Ribeira.
5
ABSTRACT
The objective of the present paper is to present the city of Jacupiranga (SP), as
a turistic destination, while studying the profile of the tourists and identifying
your satisfaction at the end of 2015 through the middle of 2016. The geo-
historical documentation of Jacupiranga has been done by the methodological
qualitative-approach, on the other hand, the quantitative-approach was used in
the study of the profile and receptiveness of the visitors, through a poll
answered by 71 potential tourists. The research about Jacupiranga has showed
that the city offers a lot of natural tourist attractions, historical legacy and
cultural legacy as well.
The most relevant results regarding the tourists' profiles revealed that the
current Jacupiranga's tourist has a previous knowledge about the city, either by
beforehand experience or by the experience of third parties, as friends or
relatives. These tourists come mainly from the state of São Paulo, more
specifically from Vale do Ribeira itself, to visit their family and enjoy the rural
modalities of tourism and States Parks. These visitors are often between 15-34
years old, and are mainly female. They are of high level of education, however
their monthly income is inferior than two basic wages. These tourist have
partners, travel in family with their own automobile and spend the night in the
city. The tourist of Jacupiranga spends most of their money in eating. They rate
the city's infrastructure positively, in general, rating as negative only the
informations and tourist signalling.
The hope is that these informations may contribute with the elaboration of a
strategic planning, with its focus on the market segmentation, while providing
subsidies for businessmen and local public managers in the process of making
decisions in favor of sustainable development in the region.
Key-words: Tourist's satisfaction; Costumer's behaviour; Tourist's profile;
Jacupiranga, Vale do Ribeira.
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Espectro mercadorias-serviço............................................................18
Figura 2: Fatores que influenciam o comportamento do turista........................19
Figura 3: Hierarquia das necessidades de Maslow...........................................20
Figura 4: Modelo de processo de compra do turista.........................................21
Figura 5: Percepções de valor e comportamento pós-compra..........................22
Figura 6: Qualidade percebida pelo cliente.......................................................24
Figura 7: Bandeira do município de Jacupiranga..............................................27
Figura 8: Nome científico: penelope pileata.......................................................27
Figura 9: Igreja Matriz e rio que deu origem à cidade.......................................29
Figura 10: Mirante do Guaraú, vista para Jacupiranga......................................31
Figura 11: Cachoeira do Guaraú.......................................................................32
Figura 12: Abastecimento de água de Jacupiranga..........................................32
Figura 13: Saneamento básico de Jacupiranga................................................33
Figura 14: Coleta de lixo de Jacupiranga..........................................................33
Figura 15: Acesso à eletricidade em Jacupiranga.............................................34
Figura 16: Rodovias Sul/SP...............................................................................34
Figura 17: Economia de Jacupiranga................................................................35
Figura 18: Áreas de proteção............................................................................36
Figura 19: Mirante do Guaraú............................................................................37
Figura 20: Vale do Ribeira.................................................................................37
Figura 21: Mata atlântica e mangue 1...............................................................38
Figura 22: Mata atlântica e mangue 2...............................................................38
Figura 23: Mata atlântica e mangue 3...............................................................39
Figura 24: Mata atlântica e mangue 4...............................................................42
Figura 25: Mata atlântica e mangue 5...............................................................43
Figura 26: Parque Estadual do Rio Turvo..........................................................44
Figura 27: Parque Estadual do Rio Turvo..........................................................45
7
Figura 28: Parque Estadual do Rio Turvo.........................................................45
Figura 29: Cartaz de procura se Lamarca.........................................................46
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Principal fonte de informação para a viagem.....................................48
Tabela 2: Visitação em atrativos turísticos........................................................49
Tabela 3: Motivação principal para a viagem....................................................50
Tabela 4: Procedência por estado.....................................................................52
Tabela 5: Procedência por estado.....................................................................52
Tabela 6: Procedência por cidades...................................................................53
Tabela 7: Procedência por cidades...................................................................54
Tabela 8: Faixa etária........................................................................................55
Tabela 9: Sexo..................................................................................................55
Tabela 10: Escolaridade....................................................................................56
Tabela 11: Renda mensal..................................................................................57
Tabela 12: Estado civil.......................................................................................57
Tabela 13: Constituição dos grupos..................................................................58
Tabela 14: Pernoite...........................................................................................58
Tabela 15: Tempo de permanência...................................................................59
Tabela 16: Meios de transportes.......................................................................60
Tabela 17: Gastos..............................................................................................60
Tabela 18: Meios de hospedagens....................................................................61
Tabela 19: Ausência de agência de turismo receptivo......................................62
Tabela 20: Avaliação da limpeza urbana...........................................................63
Tabela 21: Avaliação da iluminação pública......................................................64
Tabela 22: Avaliação do abastecimento de água..............................................64
Tabela 23: Avaliação do gerenciamento de esgotos e resíduos.......................65
Tabela 24: Avaliação da segurança pública......................................................65
Tabela 25: Avaliação do atendimento de saúde................................................66
Tabela 26: Avaliação da conservação de ruas e estradas................................66
Tabela 27: Avaliação da sinalização de trânsito...............................................67
9
Tabela 28: Avaliação do serviço de taxi............................................................67
Tabela 29: Avaliação de serviços de ônibus.....................................................68
Tabela 30: Avaliação de bancos e caixas eletrônicos.......................................68
Tabela 31: Avaliação de telefone e internet......................................................69
Tabela 32: Avaliação da arborização urbana....................................................69
Tabela 33: Avaliação dos serviços de alimentação...........................................70
Tabela 34: Avaliação dos meios de hospedagem.............................................70
Tabela 35: Avaliação dos atrativos turísticos....................................................71
Tabela 36: Avaliação da diversão noturna........................................................71
Tabela 37: Avaliação do artesanato..................................................................72
Tabela 38: Avaliação de gastronomia................................................................72
Tabela 39: Avaliação da rodoviária....................................................................73
Tabela 40: Avaliação das informações turísticas...............................................73
Tabela 41: Avaliação da sinalização turística....................................................74
Tabela 42: Avaliação de guias de turismo.........................................................74
Tabela 43: Avaliação dos preços aplicados em geral........................................75
Tabela 44: Avaliação do site da prefeitura.........................................................75
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................13
1.0. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO MEDOTOLÓGICA.................................15
1.1. Turismo e sustentabilidade.........................................................................15
1.2. Serviços turísticos.......................................................................................17
1.3. Comportamento, necessidades e motivações do turista............................19
1.4. A demanda e a oferta turísticas..................................................................23
1.5. Qualidade nos serviços turísticos...............................................................24
1.6. Metodologia................................................................................................26
2.0. JACUPIRANGA – UMA DESTINAÇÃO TURÍSTICA................................27
2.1. Identificação do Município..........................................................................27
2.2. A lenda do Jacupiranga..............................................................................28
2.3. Evolução histórica e urbanização...............................................................28
2.4. Formas de ocupação..................................................................................30
2.5. Caracterização Física.................................................................................31
2.5.1. Infraestrutura...........................................................................................32
2.5.2. Abastecimento de água...........................................................................32
2.5.3. Saneamento Básico.................................................................................33
2.5.3. Coleta de lixo...........................................................................................33
2.5.5. Eletricidade..............................................................................................34
2.5.6. Transportes..............................................................................................34
2.6. Aspectos Populacionais..............................................................................35
2.7. Áreas de proteção.......................................................................................36
2.7.1. Reservas da Mata Atlântica do Sudeste..................................................36
2.7.2. Mosaico de Unidade de Conservação Jacupiranga................................41
2.7.3. Parque Estadual do Lagamar de Cananéia.............................................42
2.7.4. Parque estadual do Rio Turvo.................................................................44
3.0. TURISTAS DE JACUPIRANGA: PERFIL E SATISFAÇÃO......................47
11
3.1. Análise do perfil..........................................................................................48
3.1.1. Influência..................................................................................................48
3.1.2. Motivação.................................................................................................49
3.1.3. Procedência.............................................................................................52
3.1.4. Idade........................................................................................................54
3.1.5. Sexo.........................................................................................................55
3.1.6. Escolaridade............................................................................................56
3.1.7. Renda mensal..........................................................................................56
3.1.8. Estado civil...............................................................................................57
3.1.9. Constituição dos grupos..........................................................................58
3.1.10. Tempo de permanência.........................................................................58
3.1.11. Meio de transporte.................................................................................59
3.1.12. Gastos....................................................................................................60
3.1.13. Meio de hospedagem............................................................................61
3.1.14. Agencia de viagens................................................................................61
3.2. Satisfação do turista...................................................................................63
3.2.1. Limpeza urbana.......................................................................................63
3.2.2. Iluminação pública...................................................................................63
3.2.3. Abastecimento de água...........................................................................64
3.2.4. Gerenciamento de esgotos e resíduos....................................................65
3.2.5. Segurança pública...................................................................................65
3.2.6. Atendimento em saúde............................................................................66
3.2.7. Conservação de ruas e estradas.............................................................66
3.2.8. Sinalização de trânsito.............................................................................67
3.2.9. Serviço de taxi.........................................................................................67
3.2.10. Serviços de ônibus.................................................................................68
3.2.11. Bancos e caixas eletrônicos..................................................................68
3.2.12. Telefone e internet................................................................................69
3.2.13. Arborização urbana...............................................................................69
12
3.2.14. Serviços de alimentação........................................................................70
3.2.15. Hospedagens........................................................................................70
3.2.16. Atrativos turísticos.................................................................................71
3.2.17. Diversão noturna...................................................................................71
3.2.18. Artesanato.............................................................................................72
3.2.19. Gastronomia..........................................................................................72
3.2.20. Rodoviária..............................................................................................73
3.2.21. Informações turísticas............................................................................73
3.2.22. Sinalização turística...............................................................................74
3.2.23. Guias de turismo....................................................................................74
3.2.24. Preços aplicados....................................................................................74
3.2.25. Site da prefeitura...................................................................................75
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................77
13
INTRODUÇÃO
Ao se desenvolver, o mercado turístico possibilitou a expansão do numero de
deslocamentos, tanto internacionais, quanto regionais. Esse desenvolvimento
se obteve principalmente pela melhora de acesso aos meios de transporte e
pelo avanço das tecnologias de comunicação, visto que a globalização por
meio da internet tornou a divulgação e comercialização de serviços muito mais
rápida e eficiente (BENI, 2003).
Diversos países, inclusive o Brasil, vêm utilizando o turismo como opção para
se desenvolver financeiramente, uma vez que o lazer é inerente a vida humana
e o turismo aparece como solução sustentável para o equilíbrio econômico.
Mas apesar do setor mostrar tanto potencial para empregos e geração de
renda, a participação do país, e principalmente do Vale do Ribeira no turismo
ainda é mínima. Esse fato mostra que existe uma demanda de maiores
investimentos financeiros educacionais e científicos no setor.
O estado de São Paulo abrange muitos segmentos turísticos: de sol e praia, de
eventos, de negócios, ecoturismo, turismo de aventura, rural, gastronômico,
geoturismo, entre outros. O Vale do Ribeira abrange muitas unidades de
conservação municipais, estaduais e até mundiais, tendo potencial para muitas
atividades turísticas em meio à natureza por sua incrível biodiversidade. O
município de Jacupiranga, objeto desse estudo, faz parte deste complexo de
preservação.
Localizada as margens da maior rodovia do país, Jacupiranga está inclusa na
bacia hidrográfica do rio Ribeira de Iguape, único rio do estado de São Paulo
que deságua no oceano atlântico. A população da região consiste da mescla
de índios, europeus e africanos, denominada “caiçara”, rica em história e
cultura, com seus traços marcantes em artesanato e culinária.
A cidade de Jacupiranga está atualmente em um processo inicial de
estruturação de seus produtos turísticos locais, com ênfase no ecoturismo,
turismo rural e suas vertentes. Para obtenção de sucesso neste processo é
necessário que se conheça o potencial turístico e nível da qualidade da
estrutura da cidade, assim como o perfil dos turistas que visitam o destino. Tais
informações contribuirão para a segmentação de mercado e serão a base para
o planejamento de infraestrutura e ações para agregar valor e desenvolver o
destino turístico.
É necessário ressaltar que os serviços turísticos envolvem elementos
intangíveis, por exemplo: bem estar, conforto, acolhimento, simpatia, lazer e
entretenimento. A avaliação contínua da satisfação dos consumidores deve ser
usada como ferramenta de gestão uma vez que possibilita observar a
qualidade dos serviços e produtos oferecidos, de modo que se possa prevenir
futuras ocorrências de problemas e viabilizar a correção de eventuais
dificuldades passiveis de prejudicas a imagem da destinação turística. Com
este enfoque, esse trabalho objetiva contribuir acrescentando novas
informações a ser utilizadas para o planejamento e desenvolvimento do turismo
no município de Jacupiranga e região.
14
Considerando a questão apresentada, esse trabalho procura responder as
seguintes perguntas propostas:
• Quais são as características turísticas de Jacupiranga?
• Qual o perfil dos turistas que vieram à cidade?
• Qual o nível de satisfação desses turistas em relação à qualidade das
informações, serviços e infraestrutura oferecidos?
Objetivos específicos:
• Caracterizar a cidade de Jacupiranga (SP) como destino turístico,
considerando: aspectos geohistóricos, desenvolvimento socioeconômico
e atrativos turísticos;
• Verificar as características de perfil da população pesquisada;
• Comparar o perfil dos diferentes turistas que visitam a região;
• Analisar o grau de satisfação dos entrevistados em relação às
informações, serviços e infraestrutura turísticas de Jacupiranga
15
1.0. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO MEDOTOLÓGICA
1.1. Turismo e sustentabilidade
O turismo surgiu no século XIX, porém somente a partir do século XX, após a
Segunda Guerra Mundial, é que ganhou corpo e notoriedade. O aumento do
poder aquisitivo e tempo de lazer, melhoria dos meios de transporte e
necessidades empresariais contribuíram essencialmente para o seu
desenvolvimento (RUSCHMANN, 1999). Para Goeldner (2002), a atividade
continua exercendo um efeito positivo sobre a sociedade. Ao viajar de um lugar
para outro, visitantes se mesclam socialmente com os membros da
comunidade local, viabilizando a compreensão de novas culturas, e
fomentando melhoras da comunicação global e construindo uma relação de
estima e respeito em ambos os grupos. Sempre foi ampla a busca pelo turismo
internacional, especialmente por razões econômicas, pois tal meio de
deslocamento desempenha grande função nos fluxos comerciais e monetários
entre os povos (OMT, 2001). Gütler (2002) explica que o turismo só passa a ter
importância na economia do país a partir do momento que representa mais de
5% de suas exportações. Pode-se definir a atividade turística a partir de
diferentes olhares e áreas de saber, dada a complexidade das relações entre
os elementos que o formam.
Para a produção deste trabalho, a definição de turismo utilizado como
embasamento teórico foi o destacado pela OMT (2001): “abrange as atividades
de pessoas que viajam e permanecem em locais fora de seu ambiente habitual,
por menos de um ano consecutivo, ou por mais de 24 horas, por razões de
lazer, negócios e outros”. O turismo é tomado por Bahl (2003) como um
fenômeno humano por natureza ligado à expansão da sociedade capitalista e
moldado por essa expansão, tendo sido investigado inicialmente a partir de
seus desdobramentos no campo da economia e, só então pelos seus impactos
e inter-relações geográficos e sócio-culturais. Lage e Milone (2000) ressaltam
que o capitalismo englobou novas formas de vida à sociedade, uma vez que no
sistema econômico o setor produtivo não é focado no autoconsumo direto do
produtor e os bens e serviços são produzidos para serem vendidos no
mercado, originando de um deslocamento do comprador ou do vendedor. Tal
fato instigou a amplificação e a adequação do comportamento humano,
tornando as viagens indispensáveis.
Ruschmann (1999) enfatiza que o turismo não é regalia de alguns poucos
cidadãos privilegiados, sua existência é admitida e fundamenta parte integrante
no estilo de vida para um número cada vez mais crescente de pessoas no
mundo todo. Conforme crescem os filhos, as famílias aumentam suas
atividades de viagem e quando os filhos já crescidos partem de casa, o casal
tonifica o interesse por viagens (GOELDNER, 2002). O turismo sempre
desempenha importante papel no progresso das sociedades, seja nos aspectos
econômicos, nos sociais, ambientais e políticos (LAGE E MILONE, 2000).
Sendo que para o desenvolvimento da atividade turística é essencial que se
estipulem ações de planejamento integrado instigando o desenvolvimento
equilibrado que considerem as particularidades e singularidades das
demandas, visando melhor aproveitamento atual de equipamentos e serviços,
16
bem como a sustentabilidade de recursos naturais e culturais para gerações
futuras (RUSCHMANN, 1999). Miranda e Matos (2002) esclarecem que o
conceito de sustentabilidade está prontamente relacionado à continuação da
qualidade de vida e possibilidades da sociedade ao longo do tempo,
englobando uma perspectiva de longo prazo. Dessa forma, podemos definir
sustentabilidade no turismo como capacidade de maximização e otimização da
distribuição dos benefícios do desenvolvimento econômico, onde os serviços
oferecidos respeitem estabelecidas condições de segurança e possam garantir
a conservação, manutenção, restauração e melhoria dos recursos naturais
(BENI, 2002).
Para a OMT (2003), a idéia de turismo sustentável se relaciona com a
habilidade do destino ser competitivo em comparação a outros mais tenros e
menos conhecidos visando atrair turistas pela primeira vez, garantindo da
mesma forma o retorno daqueles que já conhecem o destino, de continuar com
suas características e peculiaridades culturalmente e de suas atividades
estarem sempre equilibradas com o meio ambiente natural. Esse
desenvolvimento sustentável é influenciado e instigado por fatores como:
pedidos e exigências dos visitantes, base para planejamento do poder
executivo, avaliações de impacto ambiental e criação de auditorias ambientais
regulares. No entanto, há também outras circunstancias que trazem a
resistência à adoção do turismo sustentável, como o imperativo econômico do
setor e dos empresários do turismo que geralmente planejam a curto prazo, e a
constante em alguns países em desenvolvimento de demonstrarem premência
de receber moeda estrangeira e gerar emprego, em detrimento das
particularidades ambientais (COOPER, 2001). Lunas (2000) estudou a gestão
do turismo na cidade de Bonito (MS), com foco na sustentabilidade, via
entrevistas com os maiores atuantes sociais do local e observação da
legislação municipal, bem como levantamento da infra-estrutura física de
turismo. O autor desenvolve uma discussão acerca da sustentabilidade e sua
exeqüibilidade no sistema turístico em termos técnicos, enquanto demonstra
que ao adotar um sistema popular de gestão do turismo em uma região de
encantos e fragilidades naturais é praticável. Destaca também, que a gestão
sustentável colabora para a preservação do meio ambiente enquanto procura
desenvolver a sustentabilidade social, cultural, econômica e espacial.
17
1.2. Serviços turísticos
A sustentabilidade de uma destinação turística está relacionada à forma que o
produto e o serviço turístico é executado no destino (COOPER, 2001). A
definição de produto turístico levantado por Dantas (2002) afirma que é tudo o
que está posto como oferta e que possa satisfazer às necessidades e anseios
de um perfil de mercado específico. Esta definição é ampliada por Kotler (2000)
esclarecendo que produto é toda oferta, que satisfaça anseios ou
necessidades, tal como: bens, serviços, experiências, eventos, pessoas,
lugares, propriedades, organizações, informações e idéias. O autor separa os
produtos em categorias: a) bens duráveis, ou tangíveis e usualmente
consumidos em um espaço de tempo; b) não-duráveis, que são tangíveis e
geralmente utilizados ou poucas vezes e c) serviços, que podem ser
classificados como produtos intangíveis, inseparáveis, invariáveis e perecíveis.
O produto turístico aqui está na classe de bens intangíveis ou serviços, pela
impossibilidade de ser estocado ou transferido fisicamente (KOTLER, 2000).
Lage e Milone (2000) anunciam que o produto turístico é um complexo de bens
e serviços, tecido por hospedagem, alimentação, deslocamento e
entretenimento. Porém, para Beni (2002), o produto turístico é conseqüência da
junção de serviços, recursos naturais e culturais concebido por uma variedade
de empreendimentos, caracterizado por criação e consumo realizados no
mesmo local, uma vez que o consumidor se transporta para o local de
consumo. No entanto, a concepção de produto turístico definido por Vaz (1999)
mostra que o produto turístico é a junção de benefícios que o turista procura
em uma deliberada localização e que é consumido tendo como base uma liga
de serviços e organizações. Lemos (1999) diz que, além do complexo de bens
e serviços, o produto turístico integra o acesso do turista à informação acerca
da região que será visitada, suas particularidades e singularidades quando está
hospedado e se deslocando naquele local. Esta concepção de Lemos (1999) é
de grande valia para essa pesquisa, posto que um indicador de satisfação dos
turistas seja justamente a qualidade da comunicação acerca da destinação
estudada. A idéia proposta por Kotler (2000), citada anteriormente, é a primeira
como diretiva para o estudo, que tenciona analisar o grau de satisfação dos
turistas relacionado à cidade, possibilitando investigar se o produto ofertado no
local corresponde às expectativas, ou seja, se a oferta está satisfazendo um
anseio ou necessidade. O entendimento prévio da idéia de produto turístico é
essencial para a abordagem da concepção de serviço turístico. O serviço é
uma ação intangível, onde uma parte oferta algo para outra parte com interesse
não resultando na posse de nenhum bem material (KOTLER, 2000).
Fitzsimmons (2000) enfatiza a dificuldade de se diferenciar produtos e serviços,
explanando que ao adquirir um produto, este pode estar acoplado a algum
serviço de apoio e que, a adquirir um serviço, adquire-se também mercadorias
em muitas situações. O autor ressalva que é necessário ajustar regularmente a
prestação de serviço para que esta seja tão competente quanto eficaz.
Parasunaman (1995) explana sobre se a origem do benefício essencial de um
produto que ao ser mais tangível do que intangível passa a se considerar
mercadoria. No entanto, se o benefício principal for mais intangível do que
tangível, se tornará um serviço. Para a absorção das diferenças entre produto e
serviço, o autor elaborou um espectro mercadorias-serviço, aqui apresentado
como Figura 1.
18
Figura 1: Espectro mercadorias-serviço
Fonte: Parasunaman (1995).
Já os serviços turísticos são conceituados aqueles dispostos exclusivamente
para o turismo e que advêm diretamente dessa atividade. No entanto, o serviço
turístico ostenta algumas singularidades, podendo ser prestado desprovido
totalmente de infra-estrutura, como é a situação de guias e recreadores ou com
qualquer tipo de infra-estrutura, sendo esta o caso dos serviços de
agenciamento e de hotelaria (BARRETO, 2001). Os serviços turísticos são
compostos por uma junção de serviços da qual o turista necessita para
desfrutar um atrativo turístico. Dessa forma, o complexo de serviços públicos
necessários ao usufruto turístico é outro componente importante (Ignarra,
1999). Tais serviços públicos são geralmente caracterizados por transporte em
geral, serviços bancários, de saúde, de segurança, de comunicação, de
comércio turístico, de informação, de limpeza, de fiscalização, etc. (BARRETO,
2001). Serviço público é todo o serviço que compete ao poder público e são
imperativos à qualidade de vida dos cidadãos e dos empreendimentos
habitacionais ou empresariais que possam vir a ser implantados. Com esse
foco, os serviços públicos ressaltam-se, visto que os turistas não usufruem
exclusivamente desses serviços, ainda que também os necessitem (BENI,
2002). Pode se classificar os serviços turísticos como: serviços públicos
(administração turística, postos de informação, entre outros), serviços
receptivos (atividades hoteleiras e extra-hoteleiras), serviços de transporte
(táxis, ônibus, barcos, navios, trens e aviões), serviços de alimentação
(restaurantes, bares e lanchonetes), e serviços de recreação e entretenimento
(parques temáticos, exposições, casas de jogos, entre outros). A qualidade
desses serviços define a satisfação das motivações, necessidades e
preferências do turista (BENI, 2002).
19
1.3. Comportamento, necessidades e motivações do turista
As escolhas de compra das pessoas são influenciadas por fatores que
compõem o comportamento do consumidor, os quais podem ser: culturais,
sociais, pessoais e psicológicos, conforme descrito na Figura 2 (KOTLER,
2000).
Figura 2: Fatores que influenciam o comportamento do turista
Fonte: Kotler (2000)
Na Figura 2 é possível observar que os quatros fatores que influenciam os
turistas possuem amplas dimensões, assim nessa pesquisa será dada ênfase
aos fatores pessoais e psicológicos relacionados à motivação. Em relação aos
modelos de comportamento do consumidor, os aspectos motivacionais são
considerados como componentes dos fatores psicológicos. Kotler (2000)
explica que algumas necessidades são fisiológicas e outras psicológicas,
relacionando estas últimas à questão da motivação:
A maioria das necessidades psicológicas não é intensa o suficiente para motivar a
pessoa a agir imediatamente sobre elas. Uma necessidade torna se um motivo quando
surge em nível suficiente de intensidade. Um motivo é uma necessidade que está
pressionando suficientemente para levar a pessoa a agir. A satisfação da necessidade
reduz o sentimento de tensão (KOTLER, 2000, p.170).
Os psicólogos têm desenvolvido diferentes teorias sobre a motivação humana.
As três teorias mais conhecidas, elaboradas por Abraham Maslow, Frederic
Herzberg e Sigmund Freud, propõem diferentes considerações em relação à
análise de comportamento do consumidor (KOTLER, 2000).
O conceito de satisfação das necessidades é antigo e permeia a história do
desenvolvimento humano. Pringle e Thompson (2000) observam que, de
acordo com a Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow, elaborada no
início da década de 40, por Abraham Maslow, foi estabelecida uma escala
progressiva de necessidades humanas, começando pelas básicas, relativas às
necessidades fisiológicas, conforme demonstração na Figura 3.
20
Figura 3: Hierarquia das necessidades de Maslow
Fonte: Pringle e Thompson (2000).
Maslow afirmou que, à medida que as necessidades básicas forem sendo
supridas ocorre uma elevação de necessidades:
Novamente, ele (Maslow) formulou a hipótese de que uma vez que uma pessoa
atingisse sua ‘imagem’ de relacionamento com os outros, passaria para um nível
superior de interesses. Estes se relacionam ao grau de auto-estima de uma pessoa por
sentir que ‘pertence’ à sociedade e, além disso, por atingir sua ‘auto-realização’, num
sentido mais espiritual de sentir valorizado (PRINGLE e THOMPSON, 2000, p.26).
Já a Teoria de Motivação de Hezberg, desenvolvida por Frederick Herzberg,
conhecida também como “teoria de dois fatores”, distingue os fatores
insatisfatórios dos satisfatórios, gerando duas implicações: exigência de
esforço extra dos vendedores e/ou prestadores de serviços no sentido de evitar
os fatores que causam insatisfação e exigência da identificação dos principais
fatores de satisfação ou motivação para a compra (KOTLER, 2000). Entretanto,
nem sempre a harmonia existente entre o prestador de serviço e o cliente será
paralelamente influenciada pela empresa, pois a subjetividade da prestação de
serviços está relacionada à experiência, à motivação e às ferramentas
empregadas pelo representante da empresa, aliada às expectativas e ao
comportamento do cliente que, juntos, criam o processo de prestação de
serviço (MORGAN, 1996). Na Teoria da Motivação de Freud, as forças
psicológicas reais que moldam o comportamento de uma pessoa são
contraditórias, de maneira que o ser humano não pode entender
completamente suas próprias motivações. De acordo com Freud, isso acontece
uma vez que há repressão de muitos impulsos no processo de crescimento e
de aceitação das regras sociais (KOTLER, 2000). Churchill e Peter (2000)
propõem outra forma de raciocinar sobre motivações, por meio da satisfação
de necessidades utilitárias (atrelada às funções básicas e aos benefícios
materiais, em que o processo decisório é propenso a racionalidade) ou
hedônicas (relacionado à necessidade de prazer e auto-expressão, nessa
situação o processo de tomada de decisão tende a ser emocional). Assim, o
modelo de compra do consumidor proposto por Churchill e Peter (2000),
estabelece que o processo de compra de produtos ou serviços começa com o
21
reconhecimento de uma necessidade, exemplificado na Figura 4. Esse
reconhecimento de determinada necessidade pode surgir por meio de uma
sensação interna (fome, cansaço, desejo de impressionar) ou por meio de um
estímulo externo (convite, propaganda).
Figura 4:
Figura 4: Modelo de processo de compra do turista
Fonte: Churchill e Peter (2000).
Como mostrado na imagem acima, o procedimento da compra tem influencias
dos aspectos sociais, situacionais (qualidade e satisfação) e marketing,
começando definitivamente quando o turista detecta a necessidade e,
conseqüentemente, procura se informar acerca das destinações turísticas.
A seguir, o turista fará uma analise de suas opções para compra, escolhendo
um pacote completo, roteiros ou adquirindo serviços e produtos
separadamente. O processo somente será completado ao final da avaliação de
compra, que no meio turístico se dá após a visita do turista no destino e após
usufruto de serviços prestados. Esta analise final é claramente qualitativa sobre
a satisfação, segundo Churchill e Peter (2000, p. 151):
Quando os benefícios pesam significativamente mais do que os custos, valor alto é
percebido e os consumidores ficam satisfeitos. Quanto mais satisfeitos ficarem, mais é
provável que se tornem leais à marca e ao vendedor e maior a possibilidade de que o
vendedor estabeleça uma relação de longo prazo com eles. Em outras palavras, a
satisfação do consumidor e o valor recebido por ele influenciam decisões de compras
futuras.
Os autores estabelecem que quando o benefício é menor em relação ao custo
do produto ou serviço, os turistas são propensos a insatisfação. Admitindo que
as necessidades dos turistas não foram supridas ou supridas com alto custo.
Isso tende a levá-los a procura de satisfação de suas necessidades adquirindo
um serviço ou produto diferente, fomentando a migração de destino. Tal
processo de percepção de valor é esclarecido na Figura 5.
22
Figura 5: Percepções de valor e comportamento pós-compra
Fonte: Chrurchill e Peter (2000)
São apresentadas tanto as vantagens obtidas, caso seja percebido alto valor
após a compra de um serviço, quanto às desvantagens, caso o valor percebido
pelo turista seja baixo. Nota-se que no caso do alto valor percebido o turista se
satisfará, desenvolvendo um sentimento de lealdade, facilitando um
relacionamento em longo prazo. No entanto, caso o valor percebido seja baixo,
o turista ficará insatisfeito inicialmente. Posteriormente reconhecerá que sua
necessidade inicial do processo de compra não foi sanada e passará a buscar
dados sobre outros destinos que possam satisfazer suas necessidades.
Convém realçar que esse turista insatisfeito não somente partirá em busca de
informações de outras destinações, como também denegrirá a imagem do
destino visitado, seja por conversas com seus conhecidos, após o retorno de
sua viagem, prejudicando o marketing boca a boca; seja por meios digitais.
Realizaram se muitas pesquisas sobre o comportamento, motivações e
necessidades dos consumidores.
Maya (1999) pesquisou acerca do comportamento do consumidor levantando
dados sobre sua atitude em um shopping Center, focando no ponto de vista do
consumidor e sem seus momentos de lazer.
A pesquisa de Córdova (2002) afirma que pesquisar do mercado é um dos
principais geradores de conhecimento, acrescentando que reconhecer a
pesquisa de marketing é parte central do processo de estabelecimento da
marca. Sua pesquisa objetiva trazer uma nova metodologia a partir de
conhecimentos do individuo que consome para estruturar a identificação de
janelas de mercado, formulações e avaliações de estratégias de marketing. Sá
(1998) analisou o processo de compra dos turistas que veem ao Brasil, seu
perfil e fatores que motivaram suas decisões. A autora salienta que há uma
demanda de trabalho acerca da imagem do país no exterior quando
consideramos que a principal fonte de marketing mais citada pelos
entrevistados ainda é o “boca a boca”.
23
1.4. A demanda e a oferta turísticas
Ao planejar uma viagem o turista foca nas suas preferências e naquilo que lhe
é essencial para a sua viagem ideal. O deslocamento do consumidor para o
destino em suas motivações requerer a prestação de serviços básicos, tais
como hospedagem e alimentação. Para Lemos (1999), a demanda turística
está diretamente relacionada ao número de bens e serviços que o
turista/consumidor inclinado a obter por tal preço, qualidade, período e sito pré
determinados.
Lage e Milone (2000) observam que a demanda turística deve ser interpretada
como o conjunto de bens e serviços turísticos que os consumidores almejam. A
demanda turística pode ser classificada em três grupos distintos: demanda
efetiva (quantidade de pessoas que viajam), demanda não efetiva (quantidade
de pessoas que não viajam por algum motivo) e não demanda (pessoas
adversas às viagens ou que não desejam viajar). A demanda não efetiva é
classificada em dois subgrupos: potencial (viajarão assim que modificarem sua
situação atual) e adiada (não viaja por problemas regionais ou relacionados à
oferta). Essas definições ressaltam o conceito de que os turistas que saem de
seus lares e se deslocam para distintos lugares querem utilizar seus recursos
disponíveis da maneira mais adequada possível e que supram as suas
necessidades (COOPER, 2001). A demanda turística propõe a existência da
oferta turística, e esta consiste em certa quantidade de bens e serviços que os
empreendedores se dispõem a oferecer por um determinado preço, em um
determinado período de tempo (LAGE E MILONE, 2000). Para Beni (2002), a
oferta turística é um conjunto de equipamentos, serviços de alojamento, de
alimentação, de recreação e lazer, de caráter turístico, cultural, social ou de
outros tipos, com a intenção de atrair e assentar numa determinada região,
durante certo período de tempo, um público visitante. A oferta turística é
essencialmente composta por um complexo de elementos: atrativos turísticos,
serviços turísticos, serviços públicos e infra-estrutura básica. Em relação aos
atrativos turísticos há uma espécie de complexidade para sua definição, visto
que a atração de certos fatores varia de turista para turista. Por este ponto de
vista, os atrativos se relacionam diretamente às motivações para viagens dos
consumidores e o resultado de suas avaliações aos elementos que formam o
atrativo. Por outro lado, quanto maiores forem os diferenciais do destino, mais
atrativos este será, uma vez que o turista tende a escolher o que é inovador e
singular, saindo de sua rotina (IGNARRA, 1999). O autor também destaca que
os elementos que compõem o atrativo turístico não teriam muito valor
separadamente, reforçando a importância da união do setor. Dessa forma,
quando se agrupam esses elementos numa oferta turística, é formado o
‘produto turístico’ (CARNEIRO, 2000).
24
1.5. Qualidade nos serviços turísticos
Nos dias de hoje um serviço de qualidade já não é um diferencial: é um fator
determinante para a sobrevivência da destinação turística que deseja crescer
neste mundo globalizado e digital, onde existem cada vez menos barreiras
comerciais. A conectividade atual transformou o mundo, exigindo maior
qualidade e produtividade, em detrimento da competitividade (MELLO E
CAMARGO, 1998). Para um serviço ser considerado de qualidade, este precisa
alcançar certo padrão. As definições que Denton (1990) propôs apontam dois
tipos de qualidade: a de fato e a de percepção. A qualidade de fato vem da
idealização prévia da empresa ou prestador de serviços. Por outro lado, a
qualidade de percepção advém da visão do cliente/turista, que desenvolve o
seu padrão com requisitos e classificações próprias referente ao produto ou
serviço (DENTON, 1990). Silva (1992) associou qualidade de fato e de
percepção ao defender que o correto seja o conceito de qualidade do
empreendedor esteja harmonizado com o conceito do consumidor.
Como surgimento da demanda de agradar e suprir as necessidades do
consumidor desenvolveu se normas técnicas para garantir produção e serviços
de qualidade, como as gerenciadas pela ABNT (associação brasileira de
normas técnicas) e ISSO (Organização Internacional de normatização).
Um das formas de classificar a qualidade de serviços apresentadas pelos
clientes é determinada pela avaliação de cinco requisitos: confiabilidade
(capacidade de prestar o serviço prometido com confiança e exatidão),
responsabilidade (disposição para auxiliar os clientes e fornecer o serviço
prontamente), segurança (conhecimento e cortesias dos funcionários, além de
capacidade de transmitir confiança e confidencialidade), empatia (demonstrar
interesse, atenção personalizada ao cliente) e tangibilidade (aparência das
instalações físicas, equipamentos, pessoal e materiais para comunicação).
Aqui apresentados na figura 6, conforme conceito de Fitzsimmons (2000):
Figura 6: Qualidade percebida pelo cliente
Fonte: Fitzsimmons (2000)
É possível observar pela figura 6 o processo de percepção de qualidade dos
serviços. As necessidades do individuo juntamente com as experiências vividas
25
anteriormente pelo cliente se aliam a propaganda boca a boca para determinar
a expectativa dos clientes. Essa expectativa gerará o formato de avaliação de
qualidade que o cliente fará desde o momento no qual começa a pesquisar o
destino até o momento de retorno de sua viagem.
Há muitas reflexões acerca do tema e pesquisas qualitativas relevantes
fundamentais para se consolidar um destino turístico sustentável. Gerir a
qualidade por meio de normas fortalece a conservação do meio ambiente e
cultura local ao incentivar a compra de produtos regionais e gerir racionalmente
os recursos naturais. Atrair turistas com qualidade diminui dos gastos com
divulgação, uma vez que o marketing indireto é utilizado. Essa gestão
integrada e sistêmica fomenta a melhoria da qualidade de vida na região
turística e nas comunidades locais, visto que os produtos turísticos e
infraestrutura estão voltados para a sustentabilidade.
Em síntese, a qualidade da destinação turística contribui diretamente para o
sucesso desta destinação em longo prazo, resultando também na melhoria da
qualidade de vida da comunidade.
26
1.6. Metodologia
A pesquisa do presente trabalho foi realizada no município de Jacupiranga,
localizada no estado de São Paulo, região Sudeste do Brasil. O estudo
encontra-se dividido em duas etapas. A primeira etapa consiste numa
abordagem metodológica qualitativa, que se busca a caracterização de
Jacupiranga como um destino turístico. E a segunda etapa consiste numa
abordagem metodológica quantitativa e diz respeito à investigação do perfil dos
turistas e seu grau de satisfação.
Quanto à caracterização geohistórica de Jacupiranga convém esclarecer que
foram mínimos os dados científicos publicados encontrados que descrevam
detalhadamente os aspectos históricos relacionados aos atrativos turísticos
patrimoniais e culturais do município. Sendo assim, as informações relativas a
esses atrativos foram obtidas principalmente por meio de pesquisas na internet
e entrevistas com a comunidade.
Na pesquisa quantitativa, foram deixados cartazes com link e código QR
(QRCode) em vários pontos da cidade. Esse cartaz está anexado como
apêndice B. O link e código direcionavam para uma pagina do Google
formulários, onde continha o questionário. O link ficou aberto a partir do dia 1
de dezembro de 2015 até 31 de julho de 2016. Os questionários também foram
aplicados em forma de entrevista no evento gastronômico “Churras Vale Fest”,
no dia 28 de maio de 2016, e durante os dias do evento EXPOJAC, de 23 a 26
de junho de 2016, ambos realizados no Centro de Eventos e Exposições de
Jacupiranga – CEXPEJAC.
Foram recebidas 71 respostas. O critério de inclusão dos turistas na pesquisa
consistiu na verificação do tempo de permanência dos mesmos na cidade, ou
seja, somente foram investigados os visitantes que estavam no município há
pelo menos 24 horas. Outro critério utilizado foi o limite de idade, sendo
recebidas respostas apenas de turistas com 15 anos ou mais. O instrumento
utilizado para a coleta de informações da abordagem quantitativa foi um
questionário, especialmente elaborado para esta pesquisa (Apêndice A), e que
foi dividido em duas partes. Uma referia-se ao perfil dos turistas e a outra parte
buscava saber o nível de satisfação em relação aos diversos aspectos
relacionados à qualidade do turismo no município de Jacupiranga. Os
questionários foram elaborados somente em português.
Na avaliação da satisfação dos turistas, aplicou-se um questionário com vinte e
cinco questões utilizando as classificações “péssimo”, “ruim”, “regular”, “bom” e
“excelente”. Através dos resultados obtidos da análise dessas vinte e cinco
questões, foi possível identificar dois domínios predominantes: a) informações
turísticas e b) serviços e infra-estrutura turísticas.
As pesquisas quantitativas no turismo são extremamente necessárias, haja
vista a pouca utilização dessa abordagem metodológica nos cursos de pós-
graduação dessa área. Os dados estatísticos obtidos podem contribuir com
informações seguras que poderão embasar o planejamento e a tomada de
decisão de empresas públicas e privadas.
27
2.0. JACUPIRANGA – UMA DESTINAÇÃO TURÍSTICA:
2.1. Identificação do Município:
O município foi criado pela Lei Estadual 2.253, de 29 de dezembro de 1927.
Sua instalação ocorreu em 23 de junho de 1928.
Figura 7: Bandeira do município de Jacupiranga. Fonte: Google.
A denominação da cidade remonta a suas origens indígenas, devido à
existência de pássaros jacus da cor vermelha, através da junção dos termos
ya'ku ("jacu") e pyrang (“vermelho”).
Figura 8: Nome científico: penelope pileata. Fonte: Google.
28
2.2. A lenda do Jacupiranga
Era dia de festa na aldeia pelo fim da desova dos peixes. Os índios, todos
jovens, tinham vindo a alguns anos, fugindo de uma doença que atacou a tribo.
Tyu, filho do cacique, já estava crescido e entrou no mato à procura de material
para enfeitar-se. Encontrou uma ave morta e dela retirou penas negras e
vermelhas. Tyu era o mais bonito da festa. Sua fantasia lembrava um pássaro
preto de peito vermelho. Mas nos dias que se seguiram, Tyu ficou estranho e
abatido. Estava doente e nada adiantou para curá-lo. Em pouco tempo o
menino morreu. Respeitado o costume da tribo, o corpo foi enterrado junto com
sua última vestimenta, a fantasia. Tempos depois, a indiazinha Inaiê, que havia
crescido com Tyu, caminhava para visitar o local onde estava enterrado o
corpo, quando foi surpreendida por um forte bater de asas: próximo dali
levantavam vôo muitas aves negras de peito vermelho. Daí em diante, os
índios passaram a ver sempre os pássaros, em grande número, junto ao rio. As
aves começaram a pôr seus ovos nas margens do rio, onde nasciam muitos
filhotinhos. Eram parecidos com jacus, só que tinham o peito vermelho
(piranga), e por isso foram chamados de Jacupiranga. Os índios concluíram
que os pássaros surgiram em agradecimentos à homenagem prestada por Tyu.
E o rio que cortava Botujuru ganhou o nome dos pássaros: Jacupiranga.
2.3. Evolução histórica e urbanização:
O município de Jacupiranga foi criado em território de Iguape/SP, tendo sua
origem remota nos fins do século XVIII, quando alguns dos habitantes da
antiga Vila de Nossa Senhora das Neves, subindo o Rio Ribeira e seguindo
seus afluentes, trataram de examinar e conhecer o Rio Jacupiranga,
navegando-o em grande extensão, tendo oportunidade de descobrir em suas
margens pequenos veios de ouro, que passaram a ser explorados. Isto atraiu
mais aventureiros, aumentando o número de habitantes, mas somente no início
do século XIX, outras pessoas estabeleceram-se nessa região. Ao contrário da
maioria dos municípios da região, fundados no período colonial, Jacupiranga,
não se originou de uma carta de sesmaria, título pela qual a Coroa Portuguesa
concedia a alguns súditos o direito de colonizar e explorar uma área
determinada. A Freguesia de Botujuru ao contrário, foi constituída por terras
devolutas, das quais se apossaram os primeiros povoadores. Em 29 de
dezembro de 1842, a Câmara Municipal da Vila de Iguape remeteu ao Governo
Provincial a Relação dos Terrenos de Sesmarias, contendo as especificações
nela declaradas. Os primeiros habitantes cultivavam as terras, a partir das
margens do rio, e acabaram formando o povoado de Botujuru. 10 No ano de
1805 existiam apenas doze casas, abrigando um total de 63 pessoas. E, 1817,
já eram 37 as moradias e dez anos depois, 54. Contava então Botujuru com
280 habitantes. Uma primeira tentativa para elevar a povoação à categoria de
Freguesia fracassou pelo fato de não existir no local nenhuma capela que
justificasse a elevação. Com a chegada do português Antônio de Souza Pinto
Magalhães Mesquita, em 1870, uma nova tentativa obteve êxito. Pois, a capela
fora construída pelos esforços do então coronel Antônio de Souza Pinto
Magalhães Mesquita, auxiliado pelos capitães Antônio Sant’Anna Ferreira e
Manuel Pinto de Almeida, por Francisco de Lara França, e Hildebrando de
29
Macedo que doou a primeira imagem de Nossa Senhora. A partir de então,
pela Lei Provincial Nº 56, de 5 abril de 1870, foi criado o Distrito de
Jacupiranga, absorvendo o novo nome a antiga denominação de Bairro
Botujuru. Dezoito anos depois, em 1888, com o auxílio do padre Antônio
Domingos Rossi, o português Antônio de Souza Pinto Magalhães Mesquita
construiu uma igreja no local da capela, que até hoje permanece de frente para
a Praça Tenente Coronel Mesquita, nome dado em homenagem ao fundador
do município. A partir daí, a vila permaneceu relativamente estacionária,
continuando como distrito do município de Iguape por mais de meio século.
Nos anos seguintes Jacupiranga teve outro fato relevante na sua história, que
foi o inicio da exploração de minerais, o que trouxe mais pessoas para se
fixarem no município, trazendo o desenvolvimento local. Embora contasse com
terras férteis, o desenvolvimento da região foi bastante lento pela dificuldade de
comunicação e transporte, na época, exclusivamente fluvial. Em 1921, com a
visita de Washington Luís ao Vale do Ribeira, foi decidida a abertura de
estradas entre as cidades de Cananéia, Iguape e Xiririca (atual Eldorado), além
de outras vias interligando as várias povoações. Começa então a marcha de
Jacupiranga em direção ao progresso. Neste período chegou à vila Miguel Abu-
Yagui, comerciante libanês, naturalizado brasileiro. Ele exerceu vários cargos
públicos e tornou-se um dos principais personagens da história de nosso
município. Miguel Abu-Yagui foi também um dos maiores incentivadores da
emancipação da vila. Finalmente a Lei Nº 2.253, de 29 de dezembro de 1927,
elevou o distrito à categoria de município, desmembrando-o de Iguape. O
Decreto de 9 de fevereiro do ano seguinte foi designado o dia 24 do mesmo
mês para as primeiras eleições municipais. A 23 de junho de 1928, instalava-se
o município com a posse do primeiro prefeito eleito, coronel Miguel Abu-Yagui,
e dos membros da primeira Câmara Municipal, composta pelos vereadores
Jorge José de Lima (presidente), Frutuoso Moreira de Lima. Eduardo Brasiliano
de Macedo, Estanislau Cugler e Máximo Zanella.
Figura 9: Igreja Matriz e rio que deu origem à cidade. Foto: Sebha RGT.
30
2.4. Formas de ocupação
A ocupação histórica da região está diretamente ligada aos ciclos do
desenvolvimento do Vale do Ribeira e seus períodos históricos: Período pré-
colonial: A região era habitada inicialmente por povos indígenas, seminômades,
que se dedicavam à caça, pesca e agricultura itinerante de mandioca. Este
período, e formas de ocupação, começaram a sofrer alterações com a chegada
dos portugueses e exploração do ouro no Rio Jacupiranga. Primeiro ciclo de
exploração dos recursos naturais: O “ciclo do ouro” na região de Jacupiranga
incidiu na época o surgimento dos primeiros povoados, núcleos coloniais,
responsável futuramente pelo surgimento da cidade. Com o esgotamento
aurífero, esses povoados passaram a ocupar novas áreas, passando a
sobreviver com a produção de subsistência, criando assim novos “bairros”.
Primeiro ciclo de estagnação econômica: A estagnação econômica de
Jacupiranga se deu principalmente pela dificuldade de comunicação e falta de
infra-estrutura de transportes. Durante muitos anos, a cidade deixou de se
desenvolver, o que impediu a evolução de sua urbanização e impulsou à
ocupação do campo com a produção de subsistência. Característica herdade
até os tempos atuais. Desenvolvimento da teicultura e bananicultura: A região
permaneceu estagnada à margem do desenvolvimento paulista até
aproximadamente 1940, quando a agricultura regional começou a ser
incorporada à economia estadual com a implantação de novas lavouras
comerciais, o chá e a banana, pelos japoneses. A partir de então, a teicultura e
a bananicultura se impuseram como as principais atividades econômicas do
Vale do Ribeira. Em Jacupiranga, foi o cultivo da banana que impulsionou o
desenvolvimento da região, trazendo muitos migrantes para o município. Dessa
forma a ocupação do campo foi responsável pelo desenvolvimento
populacional e conseqüentemente, alguns anos, depois pelo desenvolvimento
comercial da cidade. A partir de 1960, a construção de estradas de asfalto
facilitou o acesso à região com certa contribuição para o desenvolvimento local.
Com a abertura da rodovia Regis Bittencourt (BR-116) no início dos anos 60, a
região recebeu novo impulso ao crescimento econômico, passando pela
redefinição da ocupação espacial e por um processo de valorização de suas
terras. Este fato contribuiu novamente para a criação de novas fazendas de
cultivo de banana, pequenas produções familiares, arredamento de terras e
agroindústria, que atualmente é a responsável pela economia do município.
Atualmente registra-se também a atividade de piscicultura, possuindo 18
unidades em atividade no município. Não são caracterizadas como colônia de
pescadores, pois estas atividades também são concentradas na área rural, em
diferentes localidades. A atividade já é uma alternativa de renda para os
agricultores familiares e recebe incentivo estatal e federal.
31
2.5. Caracterização Física
Situado no estado de São Paulo, Jacupiranga localiza-se a uma latitude
24º41’33’’ sul e a uma longitude 48º00’08’’ oeste, estando a uma altitude média
de 33 metros. Limita-se com os Municípios de Barra do Turvo, Cajati, Eldorado,
Cananéia, Pariquera-Açu e Registro, e está a 180 quilômetros de Curitiba e a
217 km de São Paulo. Possui uma área de 704,190 km2, com clima
subtropical, quente e úmido, e temperatura média anual de 22 °C.
O município possui vegetação típica da Mata Atlântica com relevo formado por
morros e montanhas. O perfil do solo mostra características e espessuras bem
diferenciadas de acordo com cada região do município. Em algumas regiões
existem solos de aspecto essencialmente argiloso de cor avermelhada, em
outros pontos solo de cor escura o que sugere ser rico em matéria orgânica.
Ainda existem também outros tipos de solo de aspecto argiloso, de cor
amarelada ou laranjada muito suscetível à erosão, e também solos de origem
rochosa, com aspecto de granito.
Figura 10: Mirante do Guaraú, vista para Jacupiranga. Foto: Sam Fernandez.
Faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape, é um dos principais
cursos de água desta bacia e é formado pela confluência das águas dos rios
Jacupiranguinha e Guaraú. É um rio meândrico, com aproximadamente 52 km
de extensão, 36 km2 de planície de inundação e deságua na margem direita do
Rio Ribeira de Iguape.
32
Figura 11: Cachoeira do Guaraú. Foto: Prefeitura de Jacupiranga.
2.5.1. Infraestrutura
Os dados a seguir foram retirados do no SIAB (Sistema de Informação da
Atenção Básica) do Ministério da Saúde, e são gerados a partir do trabalho das
equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde, que realizam
o cadastramento das famílias e identificam a situação de saneamento e
moradia.
2.5.2. Abastecimento de água:
Figura 12: Abastecimento de água de Jacupiranga. Fonte: SIAB
33
2.5.3. Saneamento Básico
Figura 13: Saneamento básico de Jacupiranga. Fonte: SIAB
2.5.4 Coleta de lixo:
Figura 14: Coleta de lixo de Jacupiranga. Fonte: SIAB
34
2.5.5. Eletricidade:
Figura 15: Acesso à eletricidade em Jacupiranga. Fonte: SIAB
2.5.6. Transportes:
A cidade é contada pelas rodovias SP193, SP230 e BR116, sendo esta última
responsável pelo maior trafego local, por cortar o país de norte a sul. A rodovia
SP193 dá acesso à rota das cavernas, e a SP 230 ao roteiro lagamar. A cidade
dispõe de frota de taxi e empresas de ônibus intermunicipais e interestaduais.
Figura 16: Rodovias Sul/SP. Fonte: Google.
35
2.6. Aspectos Populacionais:
Etnias e origens: A origem do povo jacupiranguense foi formada através das
comunidades oriundas da mescla da contribuição étnico-cultural dos indígenas,
dos colonizadores portugueses, e em menor grau, dos escravos africanos.
Essas comunidades são denominadas caiçaras. As comunidades Os caiçaras
apresentam uma forma de vida baseada em atividades de agricultura itinerante,
da pequena pesca, do extrativismo vegetal e do artesanato. Um dos
precursores sobre o estudo da cultura caiçara e seu território foi Antônio
Paulino de Almeida que, desde o início do século até a década de 40, publicou
uma série de artigos, que versaram principalmente sobre os aspectos históricos
do litoral sul paulista e de sua retroterra, na Revista do Instituto Histórico e
Geográfico de São Paulo, destaca-se o artigo Memória Histórica de
Jacupiranga (1949).
Figura 17: Economia de Jacupiranga. Fonte: IBGE
36
2.7. Áreas de proteção:
Jacupiranga está num território com diversas áreas de proteção. As reservas e
parques descritos a seguir são as quais o município faz parte.
2.7.1. Reservas da Mata Atlântica do Sudeste
Figura 18: Áreas de proteção. Fonte: Fundação Florestal.
Tombada pelo CONDEPHAAT em 1985 e declarada pela UNESCO como Zona
Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em 1991 e Sítio do
Patrimônio Mundial Natural em 1999, a Reservas da Mata Atlântica do Sudeste
nos estados do Paraná e São Paulo, contêm alguns dos melhores e mais
extensos exemplos de Mata Atlântica no Brasil. As 25 áreas protegidas que
compõem as reservas (cerca de 470.000 hectares) exibem uma riqueza
biológica e história evolutiva das últimas florestas atlânticas restantes. De
montanhas cobertas por florestas densas, até as zonas úmidas, ilhas costeiras
com montanhas isoladas e dunas, a área dispõe de um rico ambiente natural
de grande beleza cênica.
37
Figura 19: Mirante do Guaraú. Foto: Sam Fernandez.
A Mata Atlântica do Sudeste reservas se estendem ao longo de quase 470.000
hectares, o que representa um dos maiores e mais bem preservados domínios
da Mata Atlântica brasileira, que é um dos biomas mais ameaçados do
mundo. As áreas protegidas que constituem a região dispõem de uma grande
riqueza biológica e são uma boa ilustração da evolução dos raros
remanescentes de Mata Atlântica do Sudeste do Brasil. A região, que tem um
grande número de espécies raras e endêmicas, é excepcionalmente variada
com o seu gradiente de altitude que varia de montanhas para o mar, seu
estuário, rios selvagens, ilhas costeiras, inúmeras cachoeiras e fenômenos
cársticos.
Figura 20: Vale do Ribeira. Fonte: Google.
38
Figura 21: Mata atlântica e mangue 1. Fonte: Google.
As reservas fazem parte da Serra do Mar: domínio e estende-se através da
planície costeira adjacente, que inclui o complexo estuarino de Iguape-
Cananéia-Paranaguá. Esta gama de habitats, das Cúpulas das cadeias de
montanhas a vastas extensões de praias desertas, garante a sua grande
diversidade, sendo todos esses ecossistemas e paisagens que expressam a
singularidade da região.
Figura 22: Mata atlântica e mangue 2. Fonte: Arquivo pessoal.
39
Figura 23: Mata atlântica e mangue 3. Fonte: Arquivo pessoal.
A região apresenta uma das uma das maiores áreas contínuas de exuberante
Mata Atlântica brasileira relacionadas com os ecossistemas costeiros. De
montanhas cobertas por florestas densas com uma abundância de orquídeas e
bromélias para as ilhas costeiras e estuários com uma riqueza de vastos
manguezais, o estabelecimento oferece um ambiente natural de grande beleza
com uma enorme biodiversidade terrestre e marinha. Mais de 300 cavernas
(incluindo a Casa de Pedra caverna e Caverna Santana,), as montanhas
escarpadas e paisagens costeiras de tirar o fôlego, contribuir para a estética
excepcional o interesse da região.
Historicamente, a Mata Atlântica evoluiu para um bioma complexo com um
grande número de espécies endêmicas, que compreende cerca de 70% das
espécies de árvores, 85% dos primatas e 39% dos mamíferos. Como o mais
importante corredor ecológico da Mata Atlântica, o local representa a melhor
garantia para a sustentabilidade da evolução contínua do bioma e sua marinha
associados e os ecossistemas costeiros.
A flora e a fauna são extremamente diversificadas e muito ricas. A flora é uma
das mais diversificadas do mundo, e em algumas áreas é possível encontrar
mais de 450 espécies de árvores por hectare. Quanto aos mamíferos, são mais
de número 120 espécies. Entre as espécies emblemáticas são o jaguar,
jaguatirica e o cachorro-vinagre (Speothos venaticus). A propriedade é rica em
primatas, alguns dos quais são altamente ameaçadas, como o muriqui
(Brachyteles arachnoides), maior primata das Américas, e o pequeno "mico
leão de cara preta" (caissara Leontopithecus), registrados apenas em 1990 e
40
endêmicas da região. A avifauna é muito diverso, com 350 espécies
registradas, incluindo o papagaio de cara roxa (Amazona brasiliensis),
classificada vulnerável. O guará (Eudocimus ruber), uma grande ave de
plumagem vermelha brilhante, é um símbolo local.
A área inclui um dos mais extensos e mais bem preservados remanescentes
contínuos de Mata Atlântica, ainda mal afetados pelo processo de
fragmentação, uma das maiores ameaças para o bioma. Felizmente, as
dificuldades de acesso, devido às suas características geográficas associando
montanhas e vales profundos com extensos banhados, contribuir para a sua
conservação. No entanto, é importante continuar a gestão intensiva de modo
que os corredores e as zonas de amortecimento sejam mantidos de maneira
eficaz.
Esta região tem os mais antigos vestígios da colonização do Brasil e está
localizada perto de duas grandes cidades do país, São Paulo e Curitiba. A
presença de povos indígenas e outros grupos tradicionais, como "quilombolas"
(comunidades formadas por descendentes de ex-escravos) e "Caiçaras"
(comunidades costeiras) e seus sistemas de produção tem baixo impacto.
As principais ameaças são habitat fragmentação por estradas, linhas de
energia e urbanização.
41
2.7.2. Mosaico de Unidade de Conservação Jacupiranga
Antes de ser Mosaico de Unidade de Conservação Jacupiranga, esse imenso
território era o Parque Estadual do Jacupiranga (PEJ), criado pelo Decreto de
Lei n° 145, 8 de agosto 1969. Essa unidade de conservação abrangia os
municípios de Barra do Turvo, Cajati, Cananéia, Eldorado, Iporanga e
Jacupiranga, localizados nas regiões do Vale Ribeira e do Litoral Sul.
Apesar da área do PEJ ter sido objeto de diversas iniciativas que buscaram sua
consolidação como área protegida, sofreu incontáveis invasões e
assentamentos irregulares que acabaram por descaracterizar suas divisas. A
solução para esse grave problema socioambiental deu-se com a instituição do
Mosaico de Áreas Protegidas do Jacupiranga, pela Lei Estadual n° 12.810 de
21 de fevereiro de 2008, que levou à ampliação da área de proteção integral e
recategorização das áreas antropizadas.
Três Parques Estaduais, quatro Áreas de Proteção Ambiental, cinco Reservas
de Desenvolvimento Sustentável e duas Reservas Extrativistas compõem o
Mosaico de Jacupiranga. As divisões do Mosaico existem para um melhor
equilíbrio e desenvolvimento entre o homem e o meio ambiente.
O Vale do Ribeira é composto por 23 municípios e detém a maior porção
contínua de Mata Atlântica remanescente do Brasil com formações florestais
únicas em beleza e estado de conservação como manguezais, restingas e
florestas ombrófilas, mista e densa. A história do Vale do Ribeira se inicia nos
primeiros anos da história do Brasil, sendo uma das primeiras a serem
ocupadas por europeus. A região também apresenta uma rica cultura com
diversas comunidades caiçaras, remanescente de quilombos e indígenas. A
região também abriga a maior concentração de cavernas calcárias do Brasil,
com mais de 350 cadastradas e as últimas praias intocadas do Litoral Paulista.
O município tem territórios em dois parques estaduais: Parque Estadual do
Lagamar de Cananéia e o Parque Estadual do Rio Turvo.
42
2.7.3. Parque Estadual do Lagamar de Cananéia
Figura 24: Mata atlântica e mangue 4. Fonte: Arquivo pessoal.
O Parque Estadual do Lagamar de Cananéia (PELC) foi criado em 2008 pela
Lei Estadual no 12.810/2008 que instituiu Mosaico de Unidades de
Conservação do Jacupiranga, juntamente com outras 13 Unidades de
Conservação. Possui uma área total de 40.758,64 ha localizados no litoral sul
do estado de São Paulo entre os municípios de Cananéia e Jacupiranga, a 250
km da capital.
O PELC está inserido na região do Vale do Ribeira e do Complexo Estuarino-
Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, que é considerado um dos maiores
criadouros de espécies marinhas do Atlântico Sul. Integra ainda o Mosaico de
Unidades de Conservação do Lagamar, instituído pela Portaria n° 150/2006 do
Ministério do Meio Ambiente, e foi reconhecido pela UNESCO como Zona
Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e Sítio do Patrimônio Natural
da Humanidade.
43
Figura 25: Mata atlântica e mangue 5. Fonte: Arquivo pessoal.
Por ser uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, o PELC busca
atingir objetivos, como a preservação dos ecossistemas e da diversidade
genética e a pesquisa científica, além das atividades de educação ambiental e
ecoturismo. Pesquisas realizadas no setor sul do parque identificaram a
ocorrência do Mico-Leão-da-Cara-Preta Leontopithecus caissara (Lorini &
Persson, 1990), espécie criticamente em perigo de extinção, endêmica da Mata
Atlântica que ocorre somente na planície costeira do litoral sul de São Paulo e
norte do Paraná, nos municípios de Guaraqueçaba (PR) e Cananéia (SP).
O PELC está inserido na região do Vale do Ribeira e do Complexo Estuarino-
Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, que é considerado um dos maiores
criadouros de espécies marinhas do Atlântico Sul. Integra ainda o Mosaico de
Unidades de Conservação do Lagamar, instituído pela Portaria n° 150/2006 do
Ministério do Meio Ambiente, está inserido na Zona Núcleo da Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica (UNESCO – 1991) que é reconhecida como Sítio do
Patrimônio Natural da Humanidade (UNESCO – 1999).
O PELC foi criado em 2008 pela Lei Estadual n° 12.810 que instituiu Mosaico
de Unidades de Conservação do Jacupiranga, juntamente com outras 13
Unidades de Conservação. Possui uma área total de 40.758,64 hectares
localizados no litoral sul do estado de São Paulo entre os municípios de
Cananéia e Jacupiranga, a 250 km da capital.
44
2.7.4. Parque estadual do Rio Turvo
Antes de se tornar Parque Estadual Rio Turvo (PERT), a unidade estava
situada dentro do Parque Estadual de Jacupiranga, que era considerado um
dos maiores parques do Estado com 150 mil hectares.
Em fevereiro de 2008, o Parque Estadual de Jacupiranga recebeu uma nova
atribuição e foi subdividido em 14 Unidades de Conservação, formando o
Mosaico de Jacupiranga. Uma dessas unidades é o Parque Estadual Rio do
Turvo, criado pela Lei Estadual n°12.810, 21 de fevereiro de 2008 localizados
nos municípios de Barra do Turvo, Cajati e Jacupiranga.
O nome do PERT faz referência a um dos principais afluentes do Rio Ribeira, o
rio é encachoeirado e possui diversas quedas d’água pelo percurso, que
alterna trechos mansos e correntezas. O parque se divide em três núcleos que
são Capelinha, Serra do Cadeado e Cedro.
Figura 26: Parque Estadual do Rio Turvo. Fonte: Google.
O parque possui uma flora com diversas espécies da Mata Atlântica, entre suas
espécies estão a canelas, o palmiteiro, a figueiras, coqueiro-jeriva e araucárias,
além de uma fauna com diversas espécies de invertebrados, anfíbios, répteis,
aves e mamíferos, entre seu bioma possuem espécies ameaçadas de extinção
como papagaio de peito roxo e onça pintada.
45
Figura 27: Parque Estadual do Rio Turvo. Fonte: Google.
Os três núcleos oferecem aos visitantes atividades ecoturísticas, com atrações
como o Mirante do Aleixo, lugar a 1,1 mil metros de altitude que permite
observar a cidade de Cajati e o mar de morros do parque; Cachoeira do Azeite,
situada na nascente do Rio Azeite; a Gruta da Capelinha, onde ficou escondido
o capitão Lamarca na década de 60; a Trilha da Cachoeira e a Trilha das
Andorinhas.
Figura 28: Parque Estadual do Rio Turvo. Fonte: Google.
46
Com 73.893,87 hectares, o PERT mantém uma relação muito forte com as
comunidades locais. Atualmente, residem no entorno do parque vários grupos
de populações tradicionais como quilombolas e caboclos, que viviam na região
antes da criação da unidade. Essas comunidades se juntaram para criação de
sindicatos, associações e cooperativas que criam projetos para promover a
melhoria de vida da comunidade interagindo com a natureza.
Outro grande atrativo histórico que o Núcleo Capelinha possui é a passagem
do Capitão Carlos Lamarca e seus 16 guerrilheiros da Vanguarda Popular
Revolucionária (VRP) em 1969, durante a fuga da perseguição da ditadura
brasileira. A Gruta da Capelinha e a Trilha do Lamarca são atrativos do parque
que aliam história e natureza.
Figura 29: Cartaz de procura-se Lamarca. Fonte: Google.
Em 1999, arqueólogos, geofísicos e biólogos, encontraram a poucos metros do
Centro de Exposição, o esqueleto fossilizado de um homem, com
aproximadamente 9 mil anos. O fóssil do Homem da Capelinha é considerado
o mais antigo registro de ocupação humana dentro do Estado de São Paulo,
posteriormente denominado pelos pesquisadores de “Luzio” (referência a
Luzia, fóssil de esqueleto feminino encontrado em Belo Horizonte que viveu há
mais de 11 mil anos, considerado o mais antigo das Américas). Luzio foi
transferido para o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP em 2000.
A região também se destaca pela grande quantidade de Sambaquis (material
formado de conchas característicos da antiga população do litoral).
Historiadores afirmam que o local onde Luzio (habitante da região há 10 mil
anos) foi encontrado pode ter sido um cemitério, onde os corpos eram cobertos
por uma grande camada de conchas, formando os Sambaquis, atingindo entre
80 centímetros a 1 metro.
47
3.0. TURISTAS DE JACUPIRANGA: PERFIL E SATISFAÇÃO
Para simplificar a apresentação dos dados, os resultados foram divididos em
duas partes: A primeira é a analise do perfil dos entrevistados, no que em
relação a dados demográficos, socioeconômicos, motivos de escolha do
destino e fatores que influenciam esta escolha; A segunda apresenta os
resultados sobre o grau de satisfação.
48
3.1. Análise do perfil
Nessa primeira análise, são apresentados os resultados referentes ao perfil dos
turistas que visitaram Jacupiranga.
3.1.1. Influência
Tabela 1: Principal fonte de informação para a viagem.
Os entrevistados foram questionados acerca dos fatores que influenciaram em
sua decisão de visitar Jacupiranga, tendo a liberdade de escolher mais de um
tópico. Como pode se observar na tabela 1, a maioria dos entrevistados
(65,7%) já conhece a cidade por terem negócios ou parentes e amigos na
região ou simplesmente por estarem a caminho de outros destinos, uma vez
que Jacupiranga é acesso principal para o mais famoso circuito de cavernas no
Brasil ao mesmo tempo que é um dos pouquíssimos acessos ao litoral sul do
estado de São Paulo. A indicação de parentes e amigos aparece em segundo
lugar (43,3%) demonstrando que a comunicação oral entre turistas e
moradores é essencialmente significativo para a divulgação do destino turístico.
49
Temos aqui a uma comprovação de que é fundamental trabalhar para que o
turista tenha uma boa impressão total da cidade se satisfazendo com serviços
e infraestrutura local de forma que transmita informações positivas a respeito
da mesma.
Temos aqui internet (14,9%), jornais (1,5%), TV (1,5%) e rádio (1,5%) tomando
uma boa fatia. Essa comparação indica que os meios de comunicação em
geral ainda são importantes para a divulgação turística, mas a internet
essencialmente é o meio mais assertivo e eficaz, uma vez que engloba
também as experiências de outros turistas, hoje tão essenciais para a decisão
de viajar.
A indicação de agências de viagens aparece como apenas 3%, expondo o fato
de que há apenas uma agencia na cidade, sendo esta apenas emissiva e não
trabalhando com turismo local. Esse resultado aponta que o destino poderia ser
comercializado por agências e operadoras uma vez que tem certo potencial
inexpressivamente explorado, sendo necessário desenvolver estratégias
adequadas para adquirir a preferência dos turistas.
Finalmente, temos outros motivos (4,5%) não especificados pelos
entrevistados.
3.1.2. Motivação
Tabela 2: Visitação em atrativos turísticos.
50
Tabela 3: Motivação principal para a viagem.
Os conceitos de segmentação turística utilizados neste trabalho são as
defendias pelo Ministério do Turismo (2010).
Aos serem questionados sobre as motivações que levaram os turistas a visitar
Jacupiranga, as respostas obtidas com maior freqüência relacionaram-se ao
interesse familiar (43,9%), seguida por turismo gastronômico (28,8%). Mais
uma vez se nota a grande ligação do turismo local com motivações parentais.
O alto resultado acerca de turismo gastronômico se deve a riqueza da cultura
culinária no vale do ribeira em geral e principalmente a metodologia utilizada ao
realizar a pesquisa em festivais gastronômicos.
As demais alternativas foram ecoturismo (19,7%), turismo de aventura (19,7%),
turismo de eventos (18,2%), turismo rural (16,7%), turismo cultural (12,1%),
turismo de negócios (9,1%), esportes (9,1%), turismo de pesca (9,1%),
cavalgada (7,6%), turismo religioso (6,1%), turismo sertanejo (6,1%), turismo
de repouso (6,1%), turismo de campo (6,1%), mototurismo (6,1%), cicloturismo
(6,1%), observação de aves (4,5%), turismo de estudos (3%), turismo de saúde
(1,5%) e outros (3%). Geoturismo, paragliding e turismo de integração social
não foram selecionados nenhuma vez (0%).
51
A possibilidade de marcar mais de uma opção enfatizou características
específicas, já que alguns tipos de turismo podem abranger outros.
Temos aqui um belo complexo de interesses turísticos direcionando
Jacupiranga não só como destinação turística, mas principalmente como ponto
de apoio para outras destinações turísticas próximas, como no caso de turismo
religioso (Iguape/SP) e turismo de saúde (Pariquera/SP). Jacupiranga tem
como forte atrativo turístico sua fauna de flora por estar nas reservas da mata
atlântica do sudeste (tombada como patrimônio da humanidade em 1999), e ter
território no Parque Estadual do Rio Turvo e no Parque Estadual Lagamar de
Cananéia. Essa característica reforça a demanda turística em meios rurais e
matas, principalmente esportivos, que devem ser reforçados em campanhas de
divulgação turística de Jacupiranga.
52
3.1.3. Procedência
Havendo pesquisadores dominando apenas a língua materna, não foi possível
realizar a pesquisa com turistas internacionais. Os resultados expressos na
Figura cacete mostram que os turistas procedentes do Estado de São Paulo
são predominantes representando 58% do total. É possível explicar esse alto
resultado pelo elevado número de população e poder aquisitivo do Estado de
São Paulo. Outro aspecto que possa auxiliar para a essa predominância é a
proximidade geográfica, justificando também a visita de cariocas (Rio de
Janeiro, 11%) e paranaense (Paraná, 11%). Dentre os demais estados
brasileiros, temos Ceará, Santa Catarina, Minas gerais e Pernambuco, cada
um com 5%.
Estado Estado
São Paulo 11
Rio de Janeiro 2
Ceará 1
Santa Catarina 1
Minas Gerais 1
Pernambuco 1
Paraná 2
Tabela 4: Procedência por estado.
Tabela 5: Procedência por estado.
Nos estados de Ceará, Santa Catarina, Minas Gerais e Pernambuco houveram
em cada um apenas uma cidade da qual se originou turistas em Jacupiranga.
Do Rio de Janeiro e do Paraná os turistas vieram de duas respectivas capitais.
Do estado de São Paulo a grande maioria pertence ao próprio Vale do Ribeira,
Estado
São paulo
Rio de Janeiro
Ceará
Santa Catarina
Minas Gerais
Pernambuco
Paraná
53
reforçando as questões tratadas no capítulo acerca de suas motivações sejam
familiares, estando de passagem para outros destinos turísticos ou desfrutando
os atrativos naturais da localidade.
Cidade Cidade
Registro 1
Jacupiranga 6
Cajati 4
São Paulo 7
Curitiba 2
Iguape 2
Itanhaem 1
Recife 1
Pariquera 7
Embu guaçu 1
São Manuel 1
São Vicente 1
Boituva 1
Ilha Comprida 1
Mato Rico 1
Rio de Janeiro 2
Senador Pompeu 1
Afogados da
Ingazeira 1
Canoinhas 1
Iporanga 1
Santos 1
Mariana 1
São Simão 1
Tabela 6: Procedência por cidades.
54
Tabela 7: Procedência por cidades.
3.1.4. Idade
Considerando o perfil naturalmente aventureiro que a biosfera de Jacupiranga
propicia, a idade dos turistas vai ao encontro com do resultado esperado sendo
a maioria jovens: 25 a 34 anos (32,4%) seguido por 15 a 24 anos (25%), por 35
a 44 anos (22,1%) e por 45 a 59 anos (16,2%). 60 anos ou mais são 4,6% dos
turistas.
Cidade
Registro
Jacupiranga
Cajati
São Paulo
Curitiba
Iguape
Itanhaem
Recife
Pariquera
Embu guaçu
São Manuel
São Vicente
Boituva
Ilha Comprida
Mato Rico
Rio de Janeiro
Senador Pompeu
Afogados da Ingazeira
Canoinhas
Iporanga
Santos
Mariana
São Simão
55
Tabela 8: Faixa etária
3.1.5. Sexo
Em relação ao sexo, observou-se que a grande maioria dos turistas, 60,3%, é
do sexo feminino, contra 39,7% masculino. Foi aberta a opção outros, mas não
foi selecionada nenhuma vez.
Tabela 9: Sexo
56
3.1.6. Escolaridade
O grau de escolaridade dos entrevistados é demonstrado na Figura 30, onde
foi possível observar que somando os turistas com nível superior completo
(52,3%) ou não (12,3%), obteve-se um percentual de 64,6%. Os turistas com
ensino médio completo foi de 24,6% e incompleto 6,2%; com ensino
fundamental completo 1,5% e incompleto 3,1%. Comparando esses resultados
nota-se importância da qualidade dos serviços turísticos, a qualificação de
guias turísticos, a divulgação de publicações e produtos com informações
especializadas e com diferencial. Pessoas de nível escolar mais alto
geralmente têm maior poder aquisitivo, podendo viajar várias vezes ao ano,
portanto, apresentam um nível de exigência maior acerca dos serviços
prestados.
Tabela 10: Escolaridade
3.1.7. Renda mensal
Para distribuição da renda dos entrevistados, por faixas de rendimento, utilizou-
se a classificação do IBGE, que considera o salário mínimo vigente como
critério básico. Salário mínimo vigente no inicio da pesquisa: R$ 788,00.
Salário mínimo vigente no final da pesquisa R$ 880,00. Ao classificar o turista
por faixa de renda, temos a maior parte com renda até dois salários mínimos
(46,9%), seguido pelos turistas na faixa entre dois e cinco salários mínimos
(25%). As categorias restantes são acima de 10 salários mínimos (18,8%) e
entre cinco e 10 salários mínimos (9,4%).
57
Aqui, se nota que os turistas de Jacupiranga são pessoas com um menor poder
aquisitivo, o que contrapõe os resultados no tocante a escolaridade.
Geralmente sendo menos exigentes quanto à qualidade de serviços e produtos
adquiridos. Tal situação pode ser resultado do baixo nível de especialização
dos trabalhadores e conseqüentemente a definição de Jacupiranga como
destinação turística ainda crua ou a ser lapidada.
Tabela 11: Renda mensal.
3.1.8. Estado civil
Conforme demonstrado na Figura, há uma boa distribuição de estado civil, com
a maior porcentagem sendo de casados (53%), seguido por solteiros (42,4%) e
por separados/divorciados (4,5%).
Tabela 12: Estado civil
58
3.1.9. Constituição dos grupos
Casais com filhos (27,9%) e grupos familiares (23,5%) lideram os resultados no
que se refere à constituição de grupos. Casais sem filhos somam 17,6%,
seguidos por turistas solitários (14,7%). Temos ainda Colegas em geral
(10,3%), colegas de trabalho (2,9%) e outros (2,9%). Aqui se torna clara a
relação entre a formação de grupos e a motivação da viagem, onde
despontavam viagens familiares e ecoturismo.
Tabela 13: Constituição dos grupos.
3.1.10. Tempo de permanência
Tabela 14: Pernoite
59
Em relação ao tempo de permanência, 75,8% pernoitou na cidade, não ficando
mais que uma semana como mostrado no gráfico a baixo.
Tabela 15: Tempo de permanência.
Estas informações apontam a necessidade ofertas diversificadas de opções de
lazer qualitativas de forma que o turista desfrute sua permanência na cidade
consumindo os produtos e serviços disponíveis.
3.1.11. Meio de transporte
Dentre os meios de transporte utilizados para chegar à cidade, foi possível
observar que os turistas chegaram a Jacupiranga de automóvel próprio (83,8%)
ônibus de linha (5,9%) ou de excursão (4,4%), moto (2,9%), automóvel alugado
(1,5%) e taxi (1,5%) coerente com o fato da maioria dos turistas advém de
locais próximos, como Paraná, Rio de Janeiro, e do próprio estado de São
Paulo. Isto reivindica que os líderes públicos empreendam esforços para
manter as estradas de acesso à cidade em ótimo estado. É também provável
que a maioria tenha preferido o acesso rodoviário em virtude da inexistente
oferta de vôos para a região.
Número de pernoites
1
2
3
4
5
6
60
Tabela 16: Meios de transportes.
3.1.12. Gastos
Em relação aos valores gastos, pode-se observar que grande maioria preferiu
ter gastar com alimentação (64%), ficando em segundo lugar na preferência o
lazer (14%), seguido por hospedagem (8%) e transporte (%8). Compras foram
apenas 6%. Uma das motivações mais citadas pelos turistas foi o turismo
gastronômico correspondendo com os valores gastos em alimentação.
Tabela 17: Gastos.
61
3.1.13. Meio de hospedagem
Residência de amigo foi o meio de hospedagem mais utilizado pelos
entrevistados no município de Jacupiranga, com 39%, seguindo-se pelos
imóveis próprios utilizados por 25,4% dos turistas. Os hotéis acomodaram
16,9% dos visitantes e os demais entrevistados se hospedaram em pousadas
(6,8%), camping (1,7%), imóvel alugado (3,4%). Outros somaram 10,2%. Os
indicativos de procura de hospedagem equivalem aos indicativos de influencia
e motivação para a viagem, sendo os principais motivos e influencias os
amigos e familiares ao mesmo tempo que também providenciam a
hospedagem. Esse dados podem também refletir a baixa ocupação de hotéis,
pousadas e campings, talvez por carecerem de estratégias de marketing para
estimular sua utilização.
Tabela 18: Meios de hospedagens.
3.1.14. Agência de viagens
Quanto à forma de organização da viagem, a maioria dos turistas não utilizou
agências de viagens para organizar seu passeio. As agencias existentes são
de outras cidades, sejam no circuito de cavernas ou no litoral, justificando tão
poucos turistas utilizarem agencia de viagem na sua preparação para a viagem
(3%). Estes dados indicariam que, em razão do reduzido contato dos turistas
com estas organizações, utilizar as agências de viagem para a divulgação
turística de Jacupiranga poderia não ser uma técnica assertiva, podendo se
utilizar os meios de comunicação mais utilizados por estes visitantes. Porém os
resultados apresentados na figura seguinte indicam que a criação de uma
62
agencia de turismo receptivo pode ser muito bem aceita, uma vez que 76,5%
dos entrevistados sentiram falta de tal empreendimento.
Tabela 19: Ausência de agência de turismo receptivo.
63
3.2. Satisfação do turista
Os turistas entrevistados responderam a vinte e cinco questões estruturadas
para classificar o grau de satisfação dos mesmos em relação a informações,
serviços e infra-estrutura turísticas. Os itens e características e serem
avaliados foram: limpeza urbana, iluminação pública, abastecimento de água,
esgoto e resíduos, segurança pública, atendimento de saúde, conservação de
ruas e estradas, sinalização de transito, serviço de taxi, serviços de ônibus,
bancos e caixas e eletrônicos, telefone e internet, arborização urbana,
restaurantes e lanchonetes, hospedagens, atrativos turísticos, diversão
noturna, artesanato, gastronomia, rodoviária, informações turísticas,
sinalizações turísticas, guias de turismo, preços praticados em geral, site da
prefeitura.
3.2.1. Limpeza urbana
Os entrevistados que avaliam a limpeza urbana como regular (32,2%) e bom
(52,5%) somam 84%; com os que escolheram excelente (6,8%) somam se
91,5% de avaliações positivas. Os que avaliam a limpeza urbana
negativamente são apenas 8,5% (péssimo: 3,4%, e ruim: 5,1%). Esse resultado
positivo reflete não somente as políticas públicas, mas também a cultura
asseada dos munícipes.
Tabela 20: Avaliação da limpeza urbana.
3.2.2. Iluminação pública
Apesar de não tão favorável quanto à limpeza pública, a iluminação pública
teve resultados muito positivos. Ao somar as avaliações boas (41,4%),
regulares (32,8%) e excelente (8,6%) teremos 82,8% de avaliações positivas,
64
contra apenas 17,3% de avaliações negativas (péssimo: 5,2%, e ruim: 12,1%).
A iluminação pública era gerenciada pela empresa privada Elektro, porém nos
últimos meses passou a ser gerida pela prefeitura.
Tabela 21: Avaliação da iluminação pública.
3.2.3. Abastecimento de água
Quanto às otimistas avaliações referentes ao abastecimento de água temos
bom com 60,7%, regular em 19,6%, seguido de excelente (14,3%), ruim (3,6%)
e péssimo (1,8%). Sendo o abastecimento de água e gerenciamento de esgoto
realizados por uma empresa privada, a Sabesp.
Tabela 22: Avaliação do abastecimento de água.
65
3.2.4. Gerenciamento de esgotos e resíduos
Os entrevistados que avaliam o gerenciamento de esgotos e resíduos como
regular (25%) e bom (55,4 %) somam 80,4%; com os que escolheram
excelente (10,7%) somam se 91,1% de avaliações positivas. Os que avaliaram
a limpeza urbana como ruim são apenas 8,9%. Não houveram avaliações em
péssimo 0%.
Tabela 23: Avaliação do gerenciamento de esgotos e resíduos.
3.2.5. Segurança pública
A população em geral toma as cidades pequenas como Jacupiranga como
cidades mais seguras por serem mais tranqüilas, esse estigma social
transparece no gráfico abaixo, onde a segurança pública foi avaliada
majoritariamente como boa.
Tabela 24: Avaliação da segurança pública.
66
3.2.6. Atendimento em saúde
Este é um dado um tanto quanto positivo em relação à saúde pública
considerando os cortes dos orçamentos públicos à saúde nos últimos
semestres.
Tabela 25: Avaliação do atendimento de saúde.
3.2.7. Conservação de ruas e estradas
Como o turismo em Jacupiranga se dá principalmente em meios rurais e a
malha viária da cidade é composta essencialmente de estradas rurais, que são
todas sem pavimentação, a avaliação foi muito positiva.
Tabela 26: Avaliação da conservação de ruas e estradas.
67
3.2.8. Sinalização de trânsito
Sendo a sinalização de trânsito precária em todo o município considero a
avaliação dos turistas um tanto quanto otimista nesse quesito.
Tabela 27: Avaliação da sinalização de trânsito.
3.2.9. Serviço de taxi
Os turistas avaliam os serviços de taxi majoritariamente entre regular e bom.
Tabela 28: Avaliação do serviço de taxi.
68
3.2.10. Serviços de ônibus
Tabela 29: Avaliação de serviços de ônibus
3.2.11. Bancos e caixas eletrônicos
Jacupiranga tem um bom número de agencias bancárias, de quatro empresas
diferentes: Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Santander e Bradesco.
Essa diversidade claramente garantiu uma boa avaliação desse tipo de serviço.
Tabela 30: Avaliação de bancos e caixas eletrônicos.
69
3.2.12. Telefone e internet
Mais uma vez a variedade de opções garantiu a boa classificação de um
serviço. Neste caso, as telecomunicações (telefone e internet) tiveram notas
boas e excelentes predominaram. No meio rural há certa dificuldade, mas na
parte urbana da cidade têm-se as opções das operadoras vivo, TIM, claro, e oi.
Tabela 31: Avaliação de telefone e internet.
3.2.13. Arborização urbana
Sendo uma cidade essencialmente rural seria discrepante uma baixa avaliação
da arborização urbana. A avaliação positiva resultou conforme esperada.
Tabela 32: Avaliação da arborização urbana.
70
3.2.14. Serviços de alimentação
Há inúmeros serviços de alimentação, tanto em hotéis quanto em foodtruck. O
desafio para esta pesquisa é a ilegalidade de muitos destes. A avaliação
positiva pode ser tanto pela boa disposição dos serviços, quanto pela
diversidade ou pela qualidade.
Tabela 33: Avaliação dos serviços de alimentação.
3.2.15. Hospedagens
Retomando que os turistas geralmente ficam em suas próprias residências ou
em parentes, houve poucas avaliações dos meios de hospedagem, que em si
foram positivas. É provável que as hospedagens realizem uma boa prestação
de serviços, porém se abstenham do marketing.
Tabela 34: Avaliação dos meios de hospedagem.
71
3.2.16. Atrativos turísticos
A duas opiniões mais registradas foram bom e ruim. Jacupiranga dispõe de
muitos atrativos naturais, sendo essa diversidade que promoveu as avaliações
positivas. Mas por outro lado a qualidade da infraestrutura nestes atrativos
ainda não é adequada.
Tabela 35: Avaliação dos atrativos turísticos.
3.2.17. Diversão noturna
Jacupiranga é uma cidade mais pacata, com limitadas opções na vida noturna.
Há apenas uma danceteria que funciona também como casa de shows,
justificando a opinião negativa dos turistas nesse campo.
Tabela 36: Avaliação da diversão noturna.
72
3.2.18. Artesanato
Houve uma mobilização nos últimos meses em volta do artesanato local. Foi
criada a casa do artesão, que pode ter garantido o acesso e conhecimento
dessa expressão cultural de forma aprazível ao turista.
Tabela 37: Avaliação do artesanato.
3.2.19. Gastronomia
Os esforços referentes para divulgar o artesanato local foram paralelamente
iguais aos que defendem a gastronomia. Há uma feira local semanal para a
divulgação da gastronomia de Jacupiranga.
Tabela 38: Avaliação de gastronomia.
Pesquisa de demanda e satisfação turistica de jacupiranga 2016
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Pesquisa de demanda e satisfação turistica de jacupiranga 2016

  • 1. CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA ETEC ENGENHEIRO AGRÔNOMO NARCISO DE MEDEIROS Curso Técnico em Nível Médio de Turismo Receptivo Michely Cristina de Oliveira ANÁLISE DO PERFIL E DA SATISFAÇÃO DOS TURISTAS DE JACUPIRANGA Uma contribuição para a identidade de Jacupiranga como destinação turística Iguape 2016
  • 2. 2 Michely Cristina de Oliveira ANÁLISE DO PERFIL E DA SATISFAÇÃO DOS TURISTAS DE JACUPIRANGA Uma contribuição para a identidade de Jacupiranga como destinação turística Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Técnico, em dezembro de 2016, da Etec Engenheiro Agrônomo Narciso de Medeiros, orientado pelo Professor Adalberto Aparecido da Costa, como requisito parcial para a obtenção do título de Técnico de Nível Médio em Turismo Receptivo.
  • 3. 3 AGRADECIMENTOS A Romualdo M. de Souza, meu companheiro, pelo apoio, paciência e incentivo. A Robson M. E. de Oliveira, pela consultoria ambiental em amplos aspectos. A Marba Giotto, pelo companheirismo e dedicação. A Gian Fernandes Gonçalves, pela excelente consultoria técnica e atenção sem igual. Aos turistas que visitaram Jacupiranga no período de dezembro de 2015 a julho de 2016. A todos, obrigada de coração. Michely Cristina de Oliveira
  • 4. 4 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo caracterizar o município de Jacupiranga (SP) como destino turístico, bem como, avaliar o perfil dos turistas e identificar sua satisfação no final de 2015 a meio de 2016. A caracterização geohistórica de Jacupiranga foi realizada pela abordagem metodológica qualitativa, por sua vez, a abordagem quantitativa foi utilizada no estudo do perfil e da satisfação dos visitantes, através de aplicação de questionários em 71 turistas. A pesquisa sobre Jacupiranga demonstrou que a cidade dispõe de diversos atrativos turísticos naturais, patrimoniais e culturais. Os resultados mais relevantes em relação ao perfil dos turistas revelaram que o turista atual de Jacupiranga tem um prévio conhecimento sobre a cidade, seja por experiência anterior ou por experiência de amigos e parentes. Este turista vem principalmente do estado de SP, essencialmente do próprio Vale do Ribeira para visitar a família e desfrutar das modalidades rurais de turismo e nos parques estaduais. Esses visitantes geralmente entre 15 e 34 anos, e em sua grande maioria são do sexo feminino. Tem alto grau de escolaridade, em contrapartida a renda mensal é inferior a dois salários mínimos. Esse turista em cônjuge e viaja com a família em automóvel próprio e pernoita na cidade. O maior gasto do turista de Jacupiranga é com alimentação. O turista avalia a infraestrutura da cidade positivamente em geral, avaliando negativamente apenas as informações e sinalização turística. Espera-se que as informações possam contribuir com a elaboração de um planejamento estratégico, com ênfase na segmentação de mercado e fornecer subsídios para os empresários e gestores públicos locais no processo de tomada de decisões em prol do desenvolvimento sustentável regional. Palavras – chave: Satisfação do Turista; Comportamento do Consumidor; Perfil do Turista; Jacupiranga e Vale do Ribeira.
  • 5. 5 ABSTRACT The objective of the present paper is to present the city of Jacupiranga (SP), as a turistic destination, while studying the profile of the tourists and identifying your satisfaction at the end of 2015 through the middle of 2016. The geo- historical documentation of Jacupiranga has been done by the methodological qualitative-approach, on the other hand, the quantitative-approach was used in the study of the profile and receptiveness of the visitors, through a poll answered by 71 potential tourists. The research about Jacupiranga has showed that the city offers a lot of natural tourist attractions, historical legacy and cultural legacy as well. The most relevant results regarding the tourists' profiles revealed that the current Jacupiranga's tourist has a previous knowledge about the city, either by beforehand experience or by the experience of third parties, as friends or relatives. These tourists come mainly from the state of São Paulo, more specifically from Vale do Ribeira itself, to visit their family and enjoy the rural modalities of tourism and States Parks. These visitors are often between 15-34 years old, and are mainly female. They are of high level of education, however their monthly income is inferior than two basic wages. These tourist have partners, travel in family with their own automobile and spend the night in the city. The tourist of Jacupiranga spends most of their money in eating. They rate the city's infrastructure positively, in general, rating as negative only the informations and tourist signalling. The hope is that these informations may contribute with the elaboration of a strategic planning, with its focus on the market segmentation, while providing subsidies for businessmen and local public managers in the process of making decisions in favor of sustainable development in the region. Key-words: Tourist's satisfaction; Costumer's behaviour; Tourist's profile; Jacupiranga, Vale do Ribeira.
  • 6. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Espectro mercadorias-serviço............................................................18 Figura 2: Fatores que influenciam o comportamento do turista........................19 Figura 3: Hierarquia das necessidades de Maslow...........................................20 Figura 4: Modelo de processo de compra do turista.........................................21 Figura 5: Percepções de valor e comportamento pós-compra..........................22 Figura 6: Qualidade percebida pelo cliente.......................................................24 Figura 7: Bandeira do município de Jacupiranga..............................................27 Figura 8: Nome científico: penelope pileata.......................................................27 Figura 9: Igreja Matriz e rio que deu origem à cidade.......................................29 Figura 10: Mirante do Guaraú, vista para Jacupiranga......................................31 Figura 11: Cachoeira do Guaraú.......................................................................32 Figura 12: Abastecimento de água de Jacupiranga..........................................32 Figura 13: Saneamento básico de Jacupiranga................................................33 Figura 14: Coleta de lixo de Jacupiranga..........................................................33 Figura 15: Acesso à eletricidade em Jacupiranga.............................................34 Figura 16: Rodovias Sul/SP...............................................................................34 Figura 17: Economia de Jacupiranga................................................................35 Figura 18: Áreas de proteção............................................................................36 Figura 19: Mirante do Guaraú............................................................................37 Figura 20: Vale do Ribeira.................................................................................37 Figura 21: Mata atlântica e mangue 1...............................................................38 Figura 22: Mata atlântica e mangue 2...............................................................38 Figura 23: Mata atlântica e mangue 3...............................................................39 Figura 24: Mata atlântica e mangue 4...............................................................42 Figura 25: Mata atlântica e mangue 5...............................................................43 Figura 26: Parque Estadual do Rio Turvo..........................................................44 Figura 27: Parque Estadual do Rio Turvo..........................................................45
  • 7. 7 Figura 28: Parque Estadual do Rio Turvo.........................................................45 Figura 29: Cartaz de procura se Lamarca.........................................................46
  • 8. 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Principal fonte de informação para a viagem.....................................48 Tabela 2: Visitação em atrativos turísticos........................................................49 Tabela 3: Motivação principal para a viagem....................................................50 Tabela 4: Procedência por estado.....................................................................52 Tabela 5: Procedência por estado.....................................................................52 Tabela 6: Procedência por cidades...................................................................53 Tabela 7: Procedência por cidades...................................................................54 Tabela 8: Faixa etária........................................................................................55 Tabela 9: Sexo..................................................................................................55 Tabela 10: Escolaridade....................................................................................56 Tabela 11: Renda mensal..................................................................................57 Tabela 12: Estado civil.......................................................................................57 Tabela 13: Constituição dos grupos..................................................................58 Tabela 14: Pernoite...........................................................................................58 Tabela 15: Tempo de permanência...................................................................59 Tabela 16: Meios de transportes.......................................................................60 Tabela 17: Gastos..............................................................................................60 Tabela 18: Meios de hospedagens....................................................................61 Tabela 19: Ausência de agência de turismo receptivo......................................62 Tabela 20: Avaliação da limpeza urbana...........................................................63 Tabela 21: Avaliação da iluminação pública......................................................64 Tabela 22: Avaliação do abastecimento de água..............................................64 Tabela 23: Avaliação do gerenciamento de esgotos e resíduos.......................65 Tabela 24: Avaliação da segurança pública......................................................65 Tabela 25: Avaliação do atendimento de saúde................................................66 Tabela 26: Avaliação da conservação de ruas e estradas................................66 Tabela 27: Avaliação da sinalização de trânsito...............................................67
  • 9. 9 Tabela 28: Avaliação do serviço de taxi............................................................67 Tabela 29: Avaliação de serviços de ônibus.....................................................68 Tabela 30: Avaliação de bancos e caixas eletrônicos.......................................68 Tabela 31: Avaliação de telefone e internet......................................................69 Tabela 32: Avaliação da arborização urbana....................................................69 Tabela 33: Avaliação dos serviços de alimentação...........................................70 Tabela 34: Avaliação dos meios de hospedagem.............................................70 Tabela 35: Avaliação dos atrativos turísticos....................................................71 Tabela 36: Avaliação da diversão noturna........................................................71 Tabela 37: Avaliação do artesanato..................................................................72 Tabela 38: Avaliação de gastronomia................................................................72 Tabela 39: Avaliação da rodoviária....................................................................73 Tabela 40: Avaliação das informações turísticas...............................................73 Tabela 41: Avaliação da sinalização turística....................................................74 Tabela 42: Avaliação de guias de turismo.........................................................74 Tabela 43: Avaliação dos preços aplicados em geral........................................75 Tabela 44: Avaliação do site da prefeitura.........................................................75
  • 10. 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................13 1.0. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO MEDOTOLÓGICA.................................15 1.1. Turismo e sustentabilidade.........................................................................15 1.2. Serviços turísticos.......................................................................................17 1.3. Comportamento, necessidades e motivações do turista............................19 1.4. A demanda e a oferta turísticas..................................................................23 1.5. Qualidade nos serviços turísticos...............................................................24 1.6. Metodologia................................................................................................26 2.0. JACUPIRANGA – UMA DESTINAÇÃO TURÍSTICA................................27 2.1. Identificação do Município..........................................................................27 2.2. A lenda do Jacupiranga..............................................................................28 2.3. Evolução histórica e urbanização...............................................................28 2.4. Formas de ocupação..................................................................................30 2.5. Caracterização Física.................................................................................31 2.5.1. Infraestrutura...........................................................................................32 2.5.2. Abastecimento de água...........................................................................32 2.5.3. Saneamento Básico.................................................................................33 2.5.3. Coleta de lixo...........................................................................................33 2.5.5. Eletricidade..............................................................................................34 2.5.6. Transportes..............................................................................................34 2.6. Aspectos Populacionais..............................................................................35 2.7. Áreas de proteção.......................................................................................36 2.7.1. Reservas da Mata Atlântica do Sudeste..................................................36 2.7.2. Mosaico de Unidade de Conservação Jacupiranga................................41 2.7.3. Parque Estadual do Lagamar de Cananéia.............................................42 2.7.4. Parque estadual do Rio Turvo.................................................................44 3.0. TURISTAS DE JACUPIRANGA: PERFIL E SATISFAÇÃO......................47
  • 11. 11 3.1. Análise do perfil..........................................................................................48 3.1.1. Influência..................................................................................................48 3.1.2. Motivação.................................................................................................49 3.1.3. Procedência.............................................................................................52 3.1.4. Idade........................................................................................................54 3.1.5. Sexo.........................................................................................................55 3.1.6. Escolaridade............................................................................................56 3.1.7. Renda mensal..........................................................................................56 3.1.8. Estado civil...............................................................................................57 3.1.9. Constituição dos grupos..........................................................................58 3.1.10. Tempo de permanência.........................................................................58 3.1.11. Meio de transporte.................................................................................59 3.1.12. Gastos....................................................................................................60 3.1.13. Meio de hospedagem............................................................................61 3.1.14. Agencia de viagens................................................................................61 3.2. Satisfação do turista...................................................................................63 3.2.1. Limpeza urbana.......................................................................................63 3.2.2. Iluminação pública...................................................................................63 3.2.3. Abastecimento de água...........................................................................64 3.2.4. Gerenciamento de esgotos e resíduos....................................................65 3.2.5. Segurança pública...................................................................................65 3.2.6. Atendimento em saúde............................................................................66 3.2.7. Conservação de ruas e estradas.............................................................66 3.2.8. Sinalização de trânsito.............................................................................67 3.2.9. Serviço de taxi.........................................................................................67 3.2.10. Serviços de ônibus.................................................................................68 3.2.11. Bancos e caixas eletrônicos..................................................................68 3.2.12. Telefone e internet................................................................................69 3.2.13. Arborização urbana...............................................................................69
  • 12. 12 3.2.14. Serviços de alimentação........................................................................70 3.2.15. Hospedagens........................................................................................70 3.2.16. Atrativos turísticos.................................................................................71 3.2.17. Diversão noturna...................................................................................71 3.2.18. Artesanato.............................................................................................72 3.2.19. Gastronomia..........................................................................................72 3.2.20. Rodoviária..............................................................................................73 3.2.21. Informações turísticas............................................................................73 3.2.22. Sinalização turística...............................................................................74 3.2.23. Guias de turismo....................................................................................74 3.2.24. Preços aplicados....................................................................................74 3.2.25. Site da prefeitura...................................................................................75 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................76 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................77
  • 13. 13 INTRODUÇÃO Ao se desenvolver, o mercado turístico possibilitou a expansão do numero de deslocamentos, tanto internacionais, quanto regionais. Esse desenvolvimento se obteve principalmente pela melhora de acesso aos meios de transporte e pelo avanço das tecnologias de comunicação, visto que a globalização por meio da internet tornou a divulgação e comercialização de serviços muito mais rápida e eficiente (BENI, 2003). Diversos países, inclusive o Brasil, vêm utilizando o turismo como opção para se desenvolver financeiramente, uma vez que o lazer é inerente a vida humana e o turismo aparece como solução sustentável para o equilíbrio econômico. Mas apesar do setor mostrar tanto potencial para empregos e geração de renda, a participação do país, e principalmente do Vale do Ribeira no turismo ainda é mínima. Esse fato mostra que existe uma demanda de maiores investimentos financeiros educacionais e científicos no setor. O estado de São Paulo abrange muitos segmentos turísticos: de sol e praia, de eventos, de negócios, ecoturismo, turismo de aventura, rural, gastronômico, geoturismo, entre outros. O Vale do Ribeira abrange muitas unidades de conservação municipais, estaduais e até mundiais, tendo potencial para muitas atividades turísticas em meio à natureza por sua incrível biodiversidade. O município de Jacupiranga, objeto desse estudo, faz parte deste complexo de preservação. Localizada as margens da maior rodovia do país, Jacupiranga está inclusa na bacia hidrográfica do rio Ribeira de Iguape, único rio do estado de São Paulo que deságua no oceano atlântico. A população da região consiste da mescla de índios, europeus e africanos, denominada “caiçara”, rica em história e cultura, com seus traços marcantes em artesanato e culinária. A cidade de Jacupiranga está atualmente em um processo inicial de estruturação de seus produtos turísticos locais, com ênfase no ecoturismo, turismo rural e suas vertentes. Para obtenção de sucesso neste processo é necessário que se conheça o potencial turístico e nível da qualidade da estrutura da cidade, assim como o perfil dos turistas que visitam o destino. Tais informações contribuirão para a segmentação de mercado e serão a base para o planejamento de infraestrutura e ações para agregar valor e desenvolver o destino turístico. É necessário ressaltar que os serviços turísticos envolvem elementos intangíveis, por exemplo: bem estar, conforto, acolhimento, simpatia, lazer e entretenimento. A avaliação contínua da satisfação dos consumidores deve ser usada como ferramenta de gestão uma vez que possibilita observar a qualidade dos serviços e produtos oferecidos, de modo que se possa prevenir futuras ocorrências de problemas e viabilizar a correção de eventuais dificuldades passiveis de prejudicas a imagem da destinação turística. Com este enfoque, esse trabalho objetiva contribuir acrescentando novas informações a ser utilizadas para o planejamento e desenvolvimento do turismo no município de Jacupiranga e região.
  • 14. 14 Considerando a questão apresentada, esse trabalho procura responder as seguintes perguntas propostas: • Quais são as características turísticas de Jacupiranga? • Qual o perfil dos turistas que vieram à cidade? • Qual o nível de satisfação desses turistas em relação à qualidade das informações, serviços e infraestrutura oferecidos? Objetivos específicos: • Caracterizar a cidade de Jacupiranga (SP) como destino turístico, considerando: aspectos geohistóricos, desenvolvimento socioeconômico e atrativos turísticos; • Verificar as características de perfil da população pesquisada; • Comparar o perfil dos diferentes turistas que visitam a região; • Analisar o grau de satisfação dos entrevistados em relação às informações, serviços e infraestrutura turísticas de Jacupiranga
  • 15. 15 1.0. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO MEDOTOLÓGICA 1.1. Turismo e sustentabilidade O turismo surgiu no século XIX, porém somente a partir do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, é que ganhou corpo e notoriedade. O aumento do poder aquisitivo e tempo de lazer, melhoria dos meios de transporte e necessidades empresariais contribuíram essencialmente para o seu desenvolvimento (RUSCHMANN, 1999). Para Goeldner (2002), a atividade continua exercendo um efeito positivo sobre a sociedade. Ao viajar de um lugar para outro, visitantes se mesclam socialmente com os membros da comunidade local, viabilizando a compreensão de novas culturas, e fomentando melhoras da comunicação global e construindo uma relação de estima e respeito em ambos os grupos. Sempre foi ampla a busca pelo turismo internacional, especialmente por razões econômicas, pois tal meio de deslocamento desempenha grande função nos fluxos comerciais e monetários entre os povos (OMT, 2001). Gütler (2002) explica que o turismo só passa a ter importância na economia do país a partir do momento que representa mais de 5% de suas exportações. Pode-se definir a atividade turística a partir de diferentes olhares e áreas de saber, dada a complexidade das relações entre os elementos que o formam. Para a produção deste trabalho, a definição de turismo utilizado como embasamento teórico foi o destacado pela OMT (2001): “abrange as atividades de pessoas que viajam e permanecem em locais fora de seu ambiente habitual, por menos de um ano consecutivo, ou por mais de 24 horas, por razões de lazer, negócios e outros”. O turismo é tomado por Bahl (2003) como um fenômeno humano por natureza ligado à expansão da sociedade capitalista e moldado por essa expansão, tendo sido investigado inicialmente a partir de seus desdobramentos no campo da economia e, só então pelos seus impactos e inter-relações geográficos e sócio-culturais. Lage e Milone (2000) ressaltam que o capitalismo englobou novas formas de vida à sociedade, uma vez que no sistema econômico o setor produtivo não é focado no autoconsumo direto do produtor e os bens e serviços são produzidos para serem vendidos no mercado, originando de um deslocamento do comprador ou do vendedor. Tal fato instigou a amplificação e a adequação do comportamento humano, tornando as viagens indispensáveis. Ruschmann (1999) enfatiza que o turismo não é regalia de alguns poucos cidadãos privilegiados, sua existência é admitida e fundamenta parte integrante no estilo de vida para um número cada vez mais crescente de pessoas no mundo todo. Conforme crescem os filhos, as famílias aumentam suas atividades de viagem e quando os filhos já crescidos partem de casa, o casal tonifica o interesse por viagens (GOELDNER, 2002). O turismo sempre desempenha importante papel no progresso das sociedades, seja nos aspectos econômicos, nos sociais, ambientais e políticos (LAGE E MILONE, 2000). Sendo que para o desenvolvimento da atividade turística é essencial que se estipulem ações de planejamento integrado instigando o desenvolvimento equilibrado que considerem as particularidades e singularidades das demandas, visando melhor aproveitamento atual de equipamentos e serviços,
  • 16. 16 bem como a sustentabilidade de recursos naturais e culturais para gerações futuras (RUSCHMANN, 1999). Miranda e Matos (2002) esclarecem que o conceito de sustentabilidade está prontamente relacionado à continuação da qualidade de vida e possibilidades da sociedade ao longo do tempo, englobando uma perspectiva de longo prazo. Dessa forma, podemos definir sustentabilidade no turismo como capacidade de maximização e otimização da distribuição dos benefícios do desenvolvimento econômico, onde os serviços oferecidos respeitem estabelecidas condições de segurança e possam garantir a conservação, manutenção, restauração e melhoria dos recursos naturais (BENI, 2002). Para a OMT (2003), a idéia de turismo sustentável se relaciona com a habilidade do destino ser competitivo em comparação a outros mais tenros e menos conhecidos visando atrair turistas pela primeira vez, garantindo da mesma forma o retorno daqueles que já conhecem o destino, de continuar com suas características e peculiaridades culturalmente e de suas atividades estarem sempre equilibradas com o meio ambiente natural. Esse desenvolvimento sustentável é influenciado e instigado por fatores como: pedidos e exigências dos visitantes, base para planejamento do poder executivo, avaliações de impacto ambiental e criação de auditorias ambientais regulares. No entanto, há também outras circunstancias que trazem a resistência à adoção do turismo sustentável, como o imperativo econômico do setor e dos empresários do turismo que geralmente planejam a curto prazo, e a constante em alguns países em desenvolvimento de demonstrarem premência de receber moeda estrangeira e gerar emprego, em detrimento das particularidades ambientais (COOPER, 2001). Lunas (2000) estudou a gestão do turismo na cidade de Bonito (MS), com foco na sustentabilidade, via entrevistas com os maiores atuantes sociais do local e observação da legislação municipal, bem como levantamento da infra-estrutura física de turismo. O autor desenvolve uma discussão acerca da sustentabilidade e sua exeqüibilidade no sistema turístico em termos técnicos, enquanto demonstra que ao adotar um sistema popular de gestão do turismo em uma região de encantos e fragilidades naturais é praticável. Destaca também, que a gestão sustentável colabora para a preservação do meio ambiente enquanto procura desenvolver a sustentabilidade social, cultural, econômica e espacial.
  • 17. 17 1.2. Serviços turísticos A sustentabilidade de uma destinação turística está relacionada à forma que o produto e o serviço turístico é executado no destino (COOPER, 2001). A definição de produto turístico levantado por Dantas (2002) afirma que é tudo o que está posto como oferta e que possa satisfazer às necessidades e anseios de um perfil de mercado específico. Esta definição é ampliada por Kotler (2000) esclarecendo que produto é toda oferta, que satisfaça anseios ou necessidades, tal como: bens, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e idéias. O autor separa os produtos em categorias: a) bens duráveis, ou tangíveis e usualmente consumidos em um espaço de tempo; b) não-duráveis, que são tangíveis e geralmente utilizados ou poucas vezes e c) serviços, que podem ser classificados como produtos intangíveis, inseparáveis, invariáveis e perecíveis. O produto turístico aqui está na classe de bens intangíveis ou serviços, pela impossibilidade de ser estocado ou transferido fisicamente (KOTLER, 2000). Lage e Milone (2000) anunciam que o produto turístico é um complexo de bens e serviços, tecido por hospedagem, alimentação, deslocamento e entretenimento. Porém, para Beni (2002), o produto turístico é conseqüência da junção de serviços, recursos naturais e culturais concebido por uma variedade de empreendimentos, caracterizado por criação e consumo realizados no mesmo local, uma vez que o consumidor se transporta para o local de consumo. No entanto, a concepção de produto turístico definido por Vaz (1999) mostra que o produto turístico é a junção de benefícios que o turista procura em uma deliberada localização e que é consumido tendo como base uma liga de serviços e organizações. Lemos (1999) diz que, além do complexo de bens e serviços, o produto turístico integra o acesso do turista à informação acerca da região que será visitada, suas particularidades e singularidades quando está hospedado e se deslocando naquele local. Esta concepção de Lemos (1999) é de grande valia para essa pesquisa, posto que um indicador de satisfação dos turistas seja justamente a qualidade da comunicação acerca da destinação estudada. A idéia proposta por Kotler (2000), citada anteriormente, é a primeira como diretiva para o estudo, que tenciona analisar o grau de satisfação dos turistas relacionado à cidade, possibilitando investigar se o produto ofertado no local corresponde às expectativas, ou seja, se a oferta está satisfazendo um anseio ou necessidade. O entendimento prévio da idéia de produto turístico é essencial para a abordagem da concepção de serviço turístico. O serviço é uma ação intangível, onde uma parte oferta algo para outra parte com interesse não resultando na posse de nenhum bem material (KOTLER, 2000). Fitzsimmons (2000) enfatiza a dificuldade de se diferenciar produtos e serviços, explanando que ao adquirir um produto, este pode estar acoplado a algum serviço de apoio e que, a adquirir um serviço, adquire-se também mercadorias em muitas situações. O autor ressalva que é necessário ajustar regularmente a prestação de serviço para que esta seja tão competente quanto eficaz. Parasunaman (1995) explana sobre se a origem do benefício essencial de um produto que ao ser mais tangível do que intangível passa a se considerar mercadoria. No entanto, se o benefício principal for mais intangível do que tangível, se tornará um serviço. Para a absorção das diferenças entre produto e serviço, o autor elaborou um espectro mercadorias-serviço, aqui apresentado como Figura 1.
  • 18. 18 Figura 1: Espectro mercadorias-serviço Fonte: Parasunaman (1995). Já os serviços turísticos são conceituados aqueles dispostos exclusivamente para o turismo e que advêm diretamente dessa atividade. No entanto, o serviço turístico ostenta algumas singularidades, podendo ser prestado desprovido totalmente de infra-estrutura, como é a situação de guias e recreadores ou com qualquer tipo de infra-estrutura, sendo esta o caso dos serviços de agenciamento e de hotelaria (BARRETO, 2001). Os serviços turísticos são compostos por uma junção de serviços da qual o turista necessita para desfrutar um atrativo turístico. Dessa forma, o complexo de serviços públicos necessários ao usufruto turístico é outro componente importante (Ignarra, 1999). Tais serviços públicos são geralmente caracterizados por transporte em geral, serviços bancários, de saúde, de segurança, de comunicação, de comércio turístico, de informação, de limpeza, de fiscalização, etc. (BARRETO, 2001). Serviço público é todo o serviço que compete ao poder público e são imperativos à qualidade de vida dos cidadãos e dos empreendimentos habitacionais ou empresariais que possam vir a ser implantados. Com esse foco, os serviços públicos ressaltam-se, visto que os turistas não usufruem exclusivamente desses serviços, ainda que também os necessitem (BENI, 2002). Pode se classificar os serviços turísticos como: serviços públicos (administração turística, postos de informação, entre outros), serviços receptivos (atividades hoteleiras e extra-hoteleiras), serviços de transporte (táxis, ônibus, barcos, navios, trens e aviões), serviços de alimentação (restaurantes, bares e lanchonetes), e serviços de recreação e entretenimento (parques temáticos, exposições, casas de jogos, entre outros). A qualidade desses serviços define a satisfação das motivações, necessidades e preferências do turista (BENI, 2002).
  • 19. 19 1.3. Comportamento, necessidades e motivações do turista As escolhas de compra das pessoas são influenciadas por fatores que compõem o comportamento do consumidor, os quais podem ser: culturais, sociais, pessoais e psicológicos, conforme descrito na Figura 2 (KOTLER, 2000). Figura 2: Fatores que influenciam o comportamento do turista Fonte: Kotler (2000) Na Figura 2 é possível observar que os quatros fatores que influenciam os turistas possuem amplas dimensões, assim nessa pesquisa será dada ênfase aos fatores pessoais e psicológicos relacionados à motivação. Em relação aos modelos de comportamento do consumidor, os aspectos motivacionais são considerados como componentes dos fatores psicológicos. Kotler (2000) explica que algumas necessidades são fisiológicas e outras psicológicas, relacionando estas últimas à questão da motivação: A maioria das necessidades psicológicas não é intensa o suficiente para motivar a pessoa a agir imediatamente sobre elas. Uma necessidade torna se um motivo quando surge em nível suficiente de intensidade. Um motivo é uma necessidade que está pressionando suficientemente para levar a pessoa a agir. A satisfação da necessidade reduz o sentimento de tensão (KOTLER, 2000, p.170). Os psicólogos têm desenvolvido diferentes teorias sobre a motivação humana. As três teorias mais conhecidas, elaboradas por Abraham Maslow, Frederic Herzberg e Sigmund Freud, propõem diferentes considerações em relação à análise de comportamento do consumidor (KOTLER, 2000). O conceito de satisfação das necessidades é antigo e permeia a história do desenvolvimento humano. Pringle e Thompson (2000) observam que, de acordo com a Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow, elaborada no início da década de 40, por Abraham Maslow, foi estabelecida uma escala progressiva de necessidades humanas, começando pelas básicas, relativas às necessidades fisiológicas, conforme demonstração na Figura 3.
  • 20. 20 Figura 3: Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: Pringle e Thompson (2000). Maslow afirmou que, à medida que as necessidades básicas forem sendo supridas ocorre uma elevação de necessidades: Novamente, ele (Maslow) formulou a hipótese de que uma vez que uma pessoa atingisse sua ‘imagem’ de relacionamento com os outros, passaria para um nível superior de interesses. Estes se relacionam ao grau de auto-estima de uma pessoa por sentir que ‘pertence’ à sociedade e, além disso, por atingir sua ‘auto-realização’, num sentido mais espiritual de sentir valorizado (PRINGLE e THOMPSON, 2000, p.26). Já a Teoria de Motivação de Hezberg, desenvolvida por Frederick Herzberg, conhecida também como “teoria de dois fatores”, distingue os fatores insatisfatórios dos satisfatórios, gerando duas implicações: exigência de esforço extra dos vendedores e/ou prestadores de serviços no sentido de evitar os fatores que causam insatisfação e exigência da identificação dos principais fatores de satisfação ou motivação para a compra (KOTLER, 2000). Entretanto, nem sempre a harmonia existente entre o prestador de serviço e o cliente será paralelamente influenciada pela empresa, pois a subjetividade da prestação de serviços está relacionada à experiência, à motivação e às ferramentas empregadas pelo representante da empresa, aliada às expectativas e ao comportamento do cliente que, juntos, criam o processo de prestação de serviço (MORGAN, 1996). Na Teoria da Motivação de Freud, as forças psicológicas reais que moldam o comportamento de uma pessoa são contraditórias, de maneira que o ser humano não pode entender completamente suas próprias motivações. De acordo com Freud, isso acontece uma vez que há repressão de muitos impulsos no processo de crescimento e de aceitação das regras sociais (KOTLER, 2000). Churchill e Peter (2000) propõem outra forma de raciocinar sobre motivações, por meio da satisfação de necessidades utilitárias (atrelada às funções básicas e aos benefícios materiais, em que o processo decisório é propenso a racionalidade) ou hedônicas (relacionado à necessidade de prazer e auto-expressão, nessa situação o processo de tomada de decisão tende a ser emocional). Assim, o modelo de compra do consumidor proposto por Churchill e Peter (2000), estabelece que o processo de compra de produtos ou serviços começa com o
  • 21. 21 reconhecimento de uma necessidade, exemplificado na Figura 4. Esse reconhecimento de determinada necessidade pode surgir por meio de uma sensação interna (fome, cansaço, desejo de impressionar) ou por meio de um estímulo externo (convite, propaganda). Figura 4: Figura 4: Modelo de processo de compra do turista Fonte: Churchill e Peter (2000). Como mostrado na imagem acima, o procedimento da compra tem influencias dos aspectos sociais, situacionais (qualidade e satisfação) e marketing, começando definitivamente quando o turista detecta a necessidade e, conseqüentemente, procura se informar acerca das destinações turísticas. A seguir, o turista fará uma analise de suas opções para compra, escolhendo um pacote completo, roteiros ou adquirindo serviços e produtos separadamente. O processo somente será completado ao final da avaliação de compra, que no meio turístico se dá após a visita do turista no destino e após usufruto de serviços prestados. Esta analise final é claramente qualitativa sobre a satisfação, segundo Churchill e Peter (2000, p. 151): Quando os benefícios pesam significativamente mais do que os custos, valor alto é percebido e os consumidores ficam satisfeitos. Quanto mais satisfeitos ficarem, mais é provável que se tornem leais à marca e ao vendedor e maior a possibilidade de que o vendedor estabeleça uma relação de longo prazo com eles. Em outras palavras, a satisfação do consumidor e o valor recebido por ele influenciam decisões de compras futuras. Os autores estabelecem que quando o benefício é menor em relação ao custo do produto ou serviço, os turistas são propensos a insatisfação. Admitindo que as necessidades dos turistas não foram supridas ou supridas com alto custo. Isso tende a levá-los a procura de satisfação de suas necessidades adquirindo um serviço ou produto diferente, fomentando a migração de destino. Tal processo de percepção de valor é esclarecido na Figura 5.
  • 22. 22 Figura 5: Percepções de valor e comportamento pós-compra Fonte: Chrurchill e Peter (2000) São apresentadas tanto as vantagens obtidas, caso seja percebido alto valor após a compra de um serviço, quanto às desvantagens, caso o valor percebido pelo turista seja baixo. Nota-se que no caso do alto valor percebido o turista se satisfará, desenvolvendo um sentimento de lealdade, facilitando um relacionamento em longo prazo. No entanto, caso o valor percebido seja baixo, o turista ficará insatisfeito inicialmente. Posteriormente reconhecerá que sua necessidade inicial do processo de compra não foi sanada e passará a buscar dados sobre outros destinos que possam satisfazer suas necessidades. Convém realçar que esse turista insatisfeito não somente partirá em busca de informações de outras destinações, como também denegrirá a imagem do destino visitado, seja por conversas com seus conhecidos, após o retorno de sua viagem, prejudicando o marketing boca a boca; seja por meios digitais. Realizaram se muitas pesquisas sobre o comportamento, motivações e necessidades dos consumidores. Maya (1999) pesquisou acerca do comportamento do consumidor levantando dados sobre sua atitude em um shopping Center, focando no ponto de vista do consumidor e sem seus momentos de lazer. A pesquisa de Córdova (2002) afirma que pesquisar do mercado é um dos principais geradores de conhecimento, acrescentando que reconhecer a pesquisa de marketing é parte central do processo de estabelecimento da marca. Sua pesquisa objetiva trazer uma nova metodologia a partir de conhecimentos do individuo que consome para estruturar a identificação de janelas de mercado, formulações e avaliações de estratégias de marketing. Sá (1998) analisou o processo de compra dos turistas que veem ao Brasil, seu perfil e fatores que motivaram suas decisões. A autora salienta que há uma demanda de trabalho acerca da imagem do país no exterior quando consideramos que a principal fonte de marketing mais citada pelos entrevistados ainda é o “boca a boca”.
  • 23. 23 1.4. A demanda e a oferta turísticas Ao planejar uma viagem o turista foca nas suas preferências e naquilo que lhe é essencial para a sua viagem ideal. O deslocamento do consumidor para o destino em suas motivações requerer a prestação de serviços básicos, tais como hospedagem e alimentação. Para Lemos (1999), a demanda turística está diretamente relacionada ao número de bens e serviços que o turista/consumidor inclinado a obter por tal preço, qualidade, período e sito pré determinados. Lage e Milone (2000) observam que a demanda turística deve ser interpretada como o conjunto de bens e serviços turísticos que os consumidores almejam. A demanda turística pode ser classificada em três grupos distintos: demanda efetiva (quantidade de pessoas que viajam), demanda não efetiva (quantidade de pessoas que não viajam por algum motivo) e não demanda (pessoas adversas às viagens ou que não desejam viajar). A demanda não efetiva é classificada em dois subgrupos: potencial (viajarão assim que modificarem sua situação atual) e adiada (não viaja por problemas regionais ou relacionados à oferta). Essas definições ressaltam o conceito de que os turistas que saem de seus lares e se deslocam para distintos lugares querem utilizar seus recursos disponíveis da maneira mais adequada possível e que supram as suas necessidades (COOPER, 2001). A demanda turística propõe a existência da oferta turística, e esta consiste em certa quantidade de bens e serviços que os empreendedores se dispõem a oferecer por um determinado preço, em um determinado período de tempo (LAGE E MILONE, 2000). Para Beni (2002), a oferta turística é um conjunto de equipamentos, serviços de alojamento, de alimentação, de recreação e lazer, de caráter turístico, cultural, social ou de outros tipos, com a intenção de atrair e assentar numa determinada região, durante certo período de tempo, um público visitante. A oferta turística é essencialmente composta por um complexo de elementos: atrativos turísticos, serviços turísticos, serviços públicos e infra-estrutura básica. Em relação aos atrativos turísticos há uma espécie de complexidade para sua definição, visto que a atração de certos fatores varia de turista para turista. Por este ponto de vista, os atrativos se relacionam diretamente às motivações para viagens dos consumidores e o resultado de suas avaliações aos elementos que formam o atrativo. Por outro lado, quanto maiores forem os diferenciais do destino, mais atrativos este será, uma vez que o turista tende a escolher o que é inovador e singular, saindo de sua rotina (IGNARRA, 1999). O autor também destaca que os elementos que compõem o atrativo turístico não teriam muito valor separadamente, reforçando a importância da união do setor. Dessa forma, quando se agrupam esses elementos numa oferta turística, é formado o ‘produto turístico’ (CARNEIRO, 2000).
  • 24. 24 1.5. Qualidade nos serviços turísticos Nos dias de hoje um serviço de qualidade já não é um diferencial: é um fator determinante para a sobrevivência da destinação turística que deseja crescer neste mundo globalizado e digital, onde existem cada vez menos barreiras comerciais. A conectividade atual transformou o mundo, exigindo maior qualidade e produtividade, em detrimento da competitividade (MELLO E CAMARGO, 1998). Para um serviço ser considerado de qualidade, este precisa alcançar certo padrão. As definições que Denton (1990) propôs apontam dois tipos de qualidade: a de fato e a de percepção. A qualidade de fato vem da idealização prévia da empresa ou prestador de serviços. Por outro lado, a qualidade de percepção advém da visão do cliente/turista, que desenvolve o seu padrão com requisitos e classificações próprias referente ao produto ou serviço (DENTON, 1990). Silva (1992) associou qualidade de fato e de percepção ao defender que o correto seja o conceito de qualidade do empreendedor esteja harmonizado com o conceito do consumidor. Como surgimento da demanda de agradar e suprir as necessidades do consumidor desenvolveu se normas técnicas para garantir produção e serviços de qualidade, como as gerenciadas pela ABNT (associação brasileira de normas técnicas) e ISSO (Organização Internacional de normatização). Um das formas de classificar a qualidade de serviços apresentadas pelos clientes é determinada pela avaliação de cinco requisitos: confiabilidade (capacidade de prestar o serviço prometido com confiança e exatidão), responsabilidade (disposição para auxiliar os clientes e fornecer o serviço prontamente), segurança (conhecimento e cortesias dos funcionários, além de capacidade de transmitir confiança e confidencialidade), empatia (demonstrar interesse, atenção personalizada ao cliente) e tangibilidade (aparência das instalações físicas, equipamentos, pessoal e materiais para comunicação). Aqui apresentados na figura 6, conforme conceito de Fitzsimmons (2000): Figura 6: Qualidade percebida pelo cliente Fonte: Fitzsimmons (2000) É possível observar pela figura 6 o processo de percepção de qualidade dos serviços. As necessidades do individuo juntamente com as experiências vividas
  • 25. 25 anteriormente pelo cliente se aliam a propaganda boca a boca para determinar a expectativa dos clientes. Essa expectativa gerará o formato de avaliação de qualidade que o cliente fará desde o momento no qual começa a pesquisar o destino até o momento de retorno de sua viagem. Há muitas reflexões acerca do tema e pesquisas qualitativas relevantes fundamentais para se consolidar um destino turístico sustentável. Gerir a qualidade por meio de normas fortalece a conservação do meio ambiente e cultura local ao incentivar a compra de produtos regionais e gerir racionalmente os recursos naturais. Atrair turistas com qualidade diminui dos gastos com divulgação, uma vez que o marketing indireto é utilizado. Essa gestão integrada e sistêmica fomenta a melhoria da qualidade de vida na região turística e nas comunidades locais, visto que os produtos turísticos e infraestrutura estão voltados para a sustentabilidade. Em síntese, a qualidade da destinação turística contribui diretamente para o sucesso desta destinação em longo prazo, resultando também na melhoria da qualidade de vida da comunidade.
  • 26. 26 1.6. Metodologia A pesquisa do presente trabalho foi realizada no município de Jacupiranga, localizada no estado de São Paulo, região Sudeste do Brasil. O estudo encontra-se dividido em duas etapas. A primeira etapa consiste numa abordagem metodológica qualitativa, que se busca a caracterização de Jacupiranga como um destino turístico. E a segunda etapa consiste numa abordagem metodológica quantitativa e diz respeito à investigação do perfil dos turistas e seu grau de satisfação. Quanto à caracterização geohistórica de Jacupiranga convém esclarecer que foram mínimos os dados científicos publicados encontrados que descrevam detalhadamente os aspectos históricos relacionados aos atrativos turísticos patrimoniais e culturais do município. Sendo assim, as informações relativas a esses atrativos foram obtidas principalmente por meio de pesquisas na internet e entrevistas com a comunidade. Na pesquisa quantitativa, foram deixados cartazes com link e código QR (QRCode) em vários pontos da cidade. Esse cartaz está anexado como apêndice B. O link e código direcionavam para uma pagina do Google formulários, onde continha o questionário. O link ficou aberto a partir do dia 1 de dezembro de 2015 até 31 de julho de 2016. Os questionários também foram aplicados em forma de entrevista no evento gastronômico “Churras Vale Fest”, no dia 28 de maio de 2016, e durante os dias do evento EXPOJAC, de 23 a 26 de junho de 2016, ambos realizados no Centro de Eventos e Exposições de Jacupiranga – CEXPEJAC. Foram recebidas 71 respostas. O critério de inclusão dos turistas na pesquisa consistiu na verificação do tempo de permanência dos mesmos na cidade, ou seja, somente foram investigados os visitantes que estavam no município há pelo menos 24 horas. Outro critério utilizado foi o limite de idade, sendo recebidas respostas apenas de turistas com 15 anos ou mais. O instrumento utilizado para a coleta de informações da abordagem quantitativa foi um questionário, especialmente elaborado para esta pesquisa (Apêndice A), e que foi dividido em duas partes. Uma referia-se ao perfil dos turistas e a outra parte buscava saber o nível de satisfação em relação aos diversos aspectos relacionados à qualidade do turismo no município de Jacupiranga. Os questionários foram elaborados somente em português. Na avaliação da satisfação dos turistas, aplicou-se um questionário com vinte e cinco questões utilizando as classificações “péssimo”, “ruim”, “regular”, “bom” e “excelente”. Através dos resultados obtidos da análise dessas vinte e cinco questões, foi possível identificar dois domínios predominantes: a) informações turísticas e b) serviços e infra-estrutura turísticas. As pesquisas quantitativas no turismo são extremamente necessárias, haja vista a pouca utilização dessa abordagem metodológica nos cursos de pós- graduação dessa área. Os dados estatísticos obtidos podem contribuir com informações seguras que poderão embasar o planejamento e a tomada de decisão de empresas públicas e privadas.
  • 27. 27 2.0. JACUPIRANGA – UMA DESTINAÇÃO TURÍSTICA: 2.1. Identificação do Município: O município foi criado pela Lei Estadual 2.253, de 29 de dezembro de 1927. Sua instalação ocorreu em 23 de junho de 1928. Figura 7: Bandeira do município de Jacupiranga. Fonte: Google. A denominação da cidade remonta a suas origens indígenas, devido à existência de pássaros jacus da cor vermelha, através da junção dos termos ya'ku ("jacu") e pyrang (“vermelho”). Figura 8: Nome científico: penelope pileata. Fonte: Google.
  • 28. 28 2.2. A lenda do Jacupiranga Era dia de festa na aldeia pelo fim da desova dos peixes. Os índios, todos jovens, tinham vindo a alguns anos, fugindo de uma doença que atacou a tribo. Tyu, filho do cacique, já estava crescido e entrou no mato à procura de material para enfeitar-se. Encontrou uma ave morta e dela retirou penas negras e vermelhas. Tyu era o mais bonito da festa. Sua fantasia lembrava um pássaro preto de peito vermelho. Mas nos dias que se seguiram, Tyu ficou estranho e abatido. Estava doente e nada adiantou para curá-lo. Em pouco tempo o menino morreu. Respeitado o costume da tribo, o corpo foi enterrado junto com sua última vestimenta, a fantasia. Tempos depois, a indiazinha Inaiê, que havia crescido com Tyu, caminhava para visitar o local onde estava enterrado o corpo, quando foi surpreendida por um forte bater de asas: próximo dali levantavam vôo muitas aves negras de peito vermelho. Daí em diante, os índios passaram a ver sempre os pássaros, em grande número, junto ao rio. As aves começaram a pôr seus ovos nas margens do rio, onde nasciam muitos filhotinhos. Eram parecidos com jacus, só que tinham o peito vermelho (piranga), e por isso foram chamados de Jacupiranga. Os índios concluíram que os pássaros surgiram em agradecimentos à homenagem prestada por Tyu. E o rio que cortava Botujuru ganhou o nome dos pássaros: Jacupiranga. 2.3. Evolução histórica e urbanização: O município de Jacupiranga foi criado em território de Iguape/SP, tendo sua origem remota nos fins do século XVIII, quando alguns dos habitantes da antiga Vila de Nossa Senhora das Neves, subindo o Rio Ribeira e seguindo seus afluentes, trataram de examinar e conhecer o Rio Jacupiranga, navegando-o em grande extensão, tendo oportunidade de descobrir em suas margens pequenos veios de ouro, que passaram a ser explorados. Isto atraiu mais aventureiros, aumentando o número de habitantes, mas somente no início do século XIX, outras pessoas estabeleceram-se nessa região. Ao contrário da maioria dos municípios da região, fundados no período colonial, Jacupiranga, não se originou de uma carta de sesmaria, título pela qual a Coroa Portuguesa concedia a alguns súditos o direito de colonizar e explorar uma área determinada. A Freguesia de Botujuru ao contrário, foi constituída por terras devolutas, das quais se apossaram os primeiros povoadores. Em 29 de dezembro de 1842, a Câmara Municipal da Vila de Iguape remeteu ao Governo Provincial a Relação dos Terrenos de Sesmarias, contendo as especificações nela declaradas. Os primeiros habitantes cultivavam as terras, a partir das margens do rio, e acabaram formando o povoado de Botujuru. 10 No ano de 1805 existiam apenas doze casas, abrigando um total de 63 pessoas. E, 1817, já eram 37 as moradias e dez anos depois, 54. Contava então Botujuru com 280 habitantes. Uma primeira tentativa para elevar a povoação à categoria de Freguesia fracassou pelo fato de não existir no local nenhuma capela que justificasse a elevação. Com a chegada do português Antônio de Souza Pinto Magalhães Mesquita, em 1870, uma nova tentativa obteve êxito. Pois, a capela fora construída pelos esforços do então coronel Antônio de Souza Pinto Magalhães Mesquita, auxiliado pelos capitães Antônio Sant’Anna Ferreira e Manuel Pinto de Almeida, por Francisco de Lara França, e Hildebrando de
  • 29. 29 Macedo que doou a primeira imagem de Nossa Senhora. A partir de então, pela Lei Provincial Nº 56, de 5 abril de 1870, foi criado o Distrito de Jacupiranga, absorvendo o novo nome a antiga denominação de Bairro Botujuru. Dezoito anos depois, em 1888, com o auxílio do padre Antônio Domingos Rossi, o português Antônio de Souza Pinto Magalhães Mesquita construiu uma igreja no local da capela, que até hoje permanece de frente para a Praça Tenente Coronel Mesquita, nome dado em homenagem ao fundador do município. A partir daí, a vila permaneceu relativamente estacionária, continuando como distrito do município de Iguape por mais de meio século. Nos anos seguintes Jacupiranga teve outro fato relevante na sua história, que foi o inicio da exploração de minerais, o que trouxe mais pessoas para se fixarem no município, trazendo o desenvolvimento local. Embora contasse com terras férteis, o desenvolvimento da região foi bastante lento pela dificuldade de comunicação e transporte, na época, exclusivamente fluvial. Em 1921, com a visita de Washington Luís ao Vale do Ribeira, foi decidida a abertura de estradas entre as cidades de Cananéia, Iguape e Xiririca (atual Eldorado), além de outras vias interligando as várias povoações. Começa então a marcha de Jacupiranga em direção ao progresso. Neste período chegou à vila Miguel Abu- Yagui, comerciante libanês, naturalizado brasileiro. Ele exerceu vários cargos públicos e tornou-se um dos principais personagens da história de nosso município. Miguel Abu-Yagui foi também um dos maiores incentivadores da emancipação da vila. Finalmente a Lei Nº 2.253, de 29 de dezembro de 1927, elevou o distrito à categoria de município, desmembrando-o de Iguape. O Decreto de 9 de fevereiro do ano seguinte foi designado o dia 24 do mesmo mês para as primeiras eleições municipais. A 23 de junho de 1928, instalava-se o município com a posse do primeiro prefeito eleito, coronel Miguel Abu-Yagui, e dos membros da primeira Câmara Municipal, composta pelos vereadores Jorge José de Lima (presidente), Frutuoso Moreira de Lima. Eduardo Brasiliano de Macedo, Estanislau Cugler e Máximo Zanella. Figura 9: Igreja Matriz e rio que deu origem à cidade. Foto: Sebha RGT.
  • 30. 30 2.4. Formas de ocupação A ocupação histórica da região está diretamente ligada aos ciclos do desenvolvimento do Vale do Ribeira e seus períodos históricos: Período pré- colonial: A região era habitada inicialmente por povos indígenas, seminômades, que se dedicavam à caça, pesca e agricultura itinerante de mandioca. Este período, e formas de ocupação, começaram a sofrer alterações com a chegada dos portugueses e exploração do ouro no Rio Jacupiranga. Primeiro ciclo de exploração dos recursos naturais: O “ciclo do ouro” na região de Jacupiranga incidiu na época o surgimento dos primeiros povoados, núcleos coloniais, responsável futuramente pelo surgimento da cidade. Com o esgotamento aurífero, esses povoados passaram a ocupar novas áreas, passando a sobreviver com a produção de subsistência, criando assim novos “bairros”. Primeiro ciclo de estagnação econômica: A estagnação econômica de Jacupiranga se deu principalmente pela dificuldade de comunicação e falta de infra-estrutura de transportes. Durante muitos anos, a cidade deixou de se desenvolver, o que impediu a evolução de sua urbanização e impulsou à ocupação do campo com a produção de subsistência. Característica herdade até os tempos atuais. Desenvolvimento da teicultura e bananicultura: A região permaneceu estagnada à margem do desenvolvimento paulista até aproximadamente 1940, quando a agricultura regional começou a ser incorporada à economia estadual com a implantação de novas lavouras comerciais, o chá e a banana, pelos japoneses. A partir de então, a teicultura e a bananicultura se impuseram como as principais atividades econômicas do Vale do Ribeira. Em Jacupiranga, foi o cultivo da banana que impulsionou o desenvolvimento da região, trazendo muitos migrantes para o município. Dessa forma a ocupação do campo foi responsável pelo desenvolvimento populacional e conseqüentemente, alguns anos, depois pelo desenvolvimento comercial da cidade. A partir de 1960, a construção de estradas de asfalto facilitou o acesso à região com certa contribuição para o desenvolvimento local. Com a abertura da rodovia Regis Bittencourt (BR-116) no início dos anos 60, a região recebeu novo impulso ao crescimento econômico, passando pela redefinição da ocupação espacial e por um processo de valorização de suas terras. Este fato contribuiu novamente para a criação de novas fazendas de cultivo de banana, pequenas produções familiares, arredamento de terras e agroindústria, que atualmente é a responsável pela economia do município. Atualmente registra-se também a atividade de piscicultura, possuindo 18 unidades em atividade no município. Não são caracterizadas como colônia de pescadores, pois estas atividades também são concentradas na área rural, em diferentes localidades. A atividade já é uma alternativa de renda para os agricultores familiares e recebe incentivo estatal e federal.
  • 31. 31 2.5. Caracterização Física Situado no estado de São Paulo, Jacupiranga localiza-se a uma latitude 24º41’33’’ sul e a uma longitude 48º00’08’’ oeste, estando a uma altitude média de 33 metros. Limita-se com os Municípios de Barra do Turvo, Cajati, Eldorado, Cananéia, Pariquera-Açu e Registro, e está a 180 quilômetros de Curitiba e a 217 km de São Paulo. Possui uma área de 704,190 km2, com clima subtropical, quente e úmido, e temperatura média anual de 22 °C. O município possui vegetação típica da Mata Atlântica com relevo formado por morros e montanhas. O perfil do solo mostra características e espessuras bem diferenciadas de acordo com cada região do município. Em algumas regiões existem solos de aspecto essencialmente argiloso de cor avermelhada, em outros pontos solo de cor escura o que sugere ser rico em matéria orgânica. Ainda existem também outros tipos de solo de aspecto argiloso, de cor amarelada ou laranjada muito suscetível à erosão, e também solos de origem rochosa, com aspecto de granito. Figura 10: Mirante do Guaraú, vista para Jacupiranga. Foto: Sam Fernandez. Faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape, é um dos principais cursos de água desta bacia e é formado pela confluência das águas dos rios Jacupiranguinha e Guaraú. É um rio meândrico, com aproximadamente 52 km de extensão, 36 km2 de planície de inundação e deságua na margem direita do Rio Ribeira de Iguape.
  • 32. 32 Figura 11: Cachoeira do Guaraú. Foto: Prefeitura de Jacupiranga. 2.5.1. Infraestrutura Os dados a seguir foram retirados do no SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica) do Ministério da Saúde, e são gerados a partir do trabalho das equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde, que realizam o cadastramento das famílias e identificam a situação de saneamento e moradia. 2.5.2. Abastecimento de água: Figura 12: Abastecimento de água de Jacupiranga. Fonte: SIAB
  • 33. 33 2.5.3. Saneamento Básico Figura 13: Saneamento básico de Jacupiranga. Fonte: SIAB 2.5.4 Coleta de lixo: Figura 14: Coleta de lixo de Jacupiranga. Fonte: SIAB
  • 34. 34 2.5.5. Eletricidade: Figura 15: Acesso à eletricidade em Jacupiranga. Fonte: SIAB 2.5.6. Transportes: A cidade é contada pelas rodovias SP193, SP230 e BR116, sendo esta última responsável pelo maior trafego local, por cortar o país de norte a sul. A rodovia SP193 dá acesso à rota das cavernas, e a SP 230 ao roteiro lagamar. A cidade dispõe de frota de taxi e empresas de ônibus intermunicipais e interestaduais. Figura 16: Rodovias Sul/SP. Fonte: Google.
  • 35. 35 2.6. Aspectos Populacionais: Etnias e origens: A origem do povo jacupiranguense foi formada através das comunidades oriundas da mescla da contribuição étnico-cultural dos indígenas, dos colonizadores portugueses, e em menor grau, dos escravos africanos. Essas comunidades são denominadas caiçaras. As comunidades Os caiçaras apresentam uma forma de vida baseada em atividades de agricultura itinerante, da pequena pesca, do extrativismo vegetal e do artesanato. Um dos precursores sobre o estudo da cultura caiçara e seu território foi Antônio Paulino de Almeida que, desde o início do século até a década de 40, publicou uma série de artigos, que versaram principalmente sobre os aspectos históricos do litoral sul paulista e de sua retroterra, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, destaca-se o artigo Memória Histórica de Jacupiranga (1949). Figura 17: Economia de Jacupiranga. Fonte: IBGE
  • 36. 36 2.7. Áreas de proteção: Jacupiranga está num território com diversas áreas de proteção. As reservas e parques descritos a seguir são as quais o município faz parte. 2.7.1. Reservas da Mata Atlântica do Sudeste Figura 18: Áreas de proteção. Fonte: Fundação Florestal. Tombada pelo CONDEPHAAT em 1985 e declarada pela UNESCO como Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em 1991 e Sítio do Patrimônio Mundial Natural em 1999, a Reservas da Mata Atlântica do Sudeste nos estados do Paraná e São Paulo, contêm alguns dos melhores e mais extensos exemplos de Mata Atlântica no Brasil. As 25 áreas protegidas que compõem as reservas (cerca de 470.000 hectares) exibem uma riqueza biológica e história evolutiva das últimas florestas atlânticas restantes. De montanhas cobertas por florestas densas, até as zonas úmidas, ilhas costeiras com montanhas isoladas e dunas, a área dispõe de um rico ambiente natural de grande beleza cênica.
  • 37. 37 Figura 19: Mirante do Guaraú. Foto: Sam Fernandez. A Mata Atlântica do Sudeste reservas se estendem ao longo de quase 470.000 hectares, o que representa um dos maiores e mais bem preservados domínios da Mata Atlântica brasileira, que é um dos biomas mais ameaçados do mundo. As áreas protegidas que constituem a região dispõem de uma grande riqueza biológica e são uma boa ilustração da evolução dos raros remanescentes de Mata Atlântica do Sudeste do Brasil. A região, que tem um grande número de espécies raras e endêmicas, é excepcionalmente variada com o seu gradiente de altitude que varia de montanhas para o mar, seu estuário, rios selvagens, ilhas costeiras, inúmeras cachoeiras e fenômenos cársticos. Figura 20: Vale do Ribeira. Fonte: Google.
  • 38. 38 Figura 21: Mata atlântica e mangue 1. Fonte: Google. As reservas fazem parte da Serra do Mar: domínio e estende-se através da planície costeira adjacente, que inclui o complexo estuarino de Iguape- Cananéia-Paranaguá. Esta gama de habitats, das Cúpulas das cadeias de montanhas a vastas extensões de praias desertas, garante a sua grande diversidade, sendo todos esses ecossistemas e paisagens que expressam a singularidade da região. Figura 22: Mata atlântica e mangue 2. Fonte: Arquivo pessoal.
  • 39. 39 Figura 23: Mata atlântica e mangue 3. Fonte: Arquivo pessoal. A região apresenta uma das uma das maiores áreas contínuas de exuberante Mata Atlântica brasileira relacionadas com os ecossistemas costeiros. De montanhas cobertas por florestas densas com uma abundância de orquídeas e bromélias para as ilhas costeiras e estuários com uma riqueza de vastos manguezais, o estabelecimento oferece um ambiente natural de grande beleza com uma enorme biodiversidade terrestre e marinha. Mais de 300 cavernas (incluindo a Casa de Pedra caverna e Caverna Santana,), as montanhas escarpadas e paisagens costeiras de tirar o fôlego, contribuir para a estética excepcional o interesse da região. Historicamente, a Mata Atlântica evoluiu para um bioma complexo com um grande número de espécies endêmicas, que compreende cerca de 70% das espécies de árvores, 85% dos primatas e 39% dos mamíferos. Como o mais importante corredor ecológico da Mata Atlântica, o local representa a melhor garantia para a sustentabilidade da evolução contínua do bioma e sua marinha associados e os ecossistemas costeiros. A flora e a fauna são extremamente diversificadas e muito ricas. A flora é uma das mais diversificadas do mundo, e em algumas áreas é possível encontrar mais de 450 espécies de árvores por hectare. Quanto aos mamíferos, são mais de número 120 espécies. Entre as espécies emblemáticas são o jaguar, jaguatirica e o cachorro-vinagre (Speothos venaticus). A propriedade é rica em primatas, alguns dos quais são altamente ameaçadas, como o muriqui (Brachyteles arachnoides), maior primata das Américas, e o pequeno "mico leão de cara preta" (caissara Leontopithecus), registrados apenas em 1990 e
  • 40. 40 endêmicas da região. A avifauna é muito diverso, com 350 espécies registradas, incluindo o papagaio de cara roxa (Amazona brasiliensis), classificada vulnerável. O guará (Eudocimus ruber), uma grande ave de plumagem vermelha brilhante, é um símbolo local. A área inclui um dos mais extensos e mais bem preservados remanescentes contínuos de Mata Atlântica, ainda mal afetados pelo processo de fragmentação, uma das maiores ameaças para o bioma. Felizmente, as dificuldades de acesso, devido às suas características geográficas associando montanhas e vales profundos com extensos banhados, contribuir para a sua conservação. No entanto, é importante continuar a gestão intensiva de modo que os corredores e as zonas de amortecimento sejam mantidos de maneira eficaz. Esta região tem os mais antigos vestígios da colonização do Brasil e está localizada perto de duas grandes cidades do país, São Paulo e Curitiba. A presença de povos indígenas e outros grupos tradicionais, como "quilombolas" (comunidades formadas por descendentes de ex-escravos) e "Caiçaras" (comunidades costeiras) e seus sistemas de produção tem baixo impacto. As principais ameaças são habitat fragmentação por estradas, linhas de energia e urbanização.
  • 41. 41 2.7.2. Mosaico de Unidade de Conservação Jacupiranga Antes de ser Mosaico de Unidade de Conservação Jacupiranga, esse imenso território era o Parque Estadual do Jacupiranga (PEJ), criado pelo Decreto de Lei n° 145, 8 de agosto 1969. Essa unidade de conservação abrangia os municípios de Barra do Turvo, Cajati, Cananéia, Eldorado, Iporanga e Jacupiranga, localizados nas regiões do Vale Ribeira e do Litoral Sul. Apesar da área do PEJ ter sido objeto de diversas iniciativas que buscaram sua consolidação como área protegida, sofreu incontáveis invasões e assentamentos irregulares que acabaram por descaracterizar suas divisas. A solução para esse grave problema socioambiental deu-se com a instituição do Mosaico de Áreas Protegidas do Jacupiranga, pela Lei Estadual n° 12.810 de 21 de fevereiro de 2008, que levou à ampliação da área de proteção integral e recategorização das áreas antropizadas. Três Parques Estaduais, quatro Áreas de Proteção Ambiental, cinco Reservas de Desenvolvimento Sustentável e duas Reservas Extrativistas compõem o Mosaico de Jacupiranga. As divisões do Mosaico existem para um melhor equilíbrio e desenvolvimento entre o homem e o meio ambiente. O Vale do Ribeira é composto por 23 municípios e detém a maior porção contínua de Mata Atlântica remanescente do Brasil com formações florestais únicas em beleza e estado de conservação como manguezais, restingas e florestas ombrófilas, mista e densa. A história do Vale do Ribeira se inicia nos primeiros anos da história do Brasil, sendo uma das primeiras a serem ocupadas por europeus. A região também apresenta uma rica cultura com diversas comunidades caiçaras, remanescente de quilombos e indígenas. A região também abriga a maior concentração de cavernas calcárias do Brasil, com mais de 350 cadastradas e as últimas praias intocadas do Litoral Paulista. O município tem territórios em dois parques estaduais: Parque Estadual do Lagamar de Cananéia e o Parque Estadual do Rio Turvo.
  • 42. 42 2.7.3. Parque Estadual do Lagamar de Cananéia Figura 24: Mata atlântica e mangue 4. Fonte: Arquivo pessoal. O Parque Estadual do Lagamar de Cananéia (PELC) foi criado em 2008 pela Lei Estadual no 12.810/2008 que instituiu Mosaico de Unidades de Conservação do Jacupiranga, juntamente com outras 13 Unidades de Conservação. Possui uma área total de 40.758,64 ha localizados no litoral sul do estado de São Paulo entre os municípios de Cananéia e Jacupiranga, a 250 km da capital. O PELC está inserido na região do Vale do Ribeira e do Complexo Estuarino- Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, que é considerado um dos maiores criadouros de espécies marinhas do Atlântico Sul. Integra ainda o Mosaico de Unidades de Conservação do Lagamar, instituído pela Portaria n° 150/2006 do Ministério do Meio Ambiente, e foi reconhecido pela UNESCO como Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade.
  • 43. 43 Figura 25: Mata atlântica e mangue 5. Fonte: Arquivo pessoal. Por ser uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, o PELC busca atingir objetivos, como a preservação dos ecossistemas e da diversidade genética e a pesquisa científica, além das atividades de educação ambiental e ecoturismo. Pesquisas realizadas no setor sul do parque identificaram a ocorrência do Mico-Leão-da-Cara-Preta Leontopithecus caissara (Lorini & Persson, 1990), espécie criticamente em perigo de extinção, endêmica da Mata Atlântica que ocorre somente na planície costeira do litoral sul de São Paulo e norte do Paraná, nos municípios de Guaraqueçaba (PR) e Cananéia (SP). O PELC está inserido na região do Vale do Ribeira e do Complexo Estuarino- Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, que é considerado um dos maiores criadouros de espécies marinhas do Atlântico Sul. Integra ainda o Mosaico de Unidades de Conservação do Lagamar, instituído pela Portaria n° 150/2006 do Ministério do Meio Ambiente, está inserido na Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (UNESCO – 1991) que é reconhecida como Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade (UNESCO – 1999). O PELC foi criado em 2008 pela Lei Estadual n° 12.810 que instituiu Mosaico de Unidades de Conservação do Jacupiranga, juntamente com outras 13 Unidades de Conservação. Possui uma área total de 40.758,64 hectares localizados no litoral sul do estado de São Paulo entre os municípios de Cananéia e Jacupiranga, a 250 km da capital.
  • 44. 44 2.7.4. Parque estadual do Rio Turvo Antes de se tornar Parque Estadual Rio Turvo (PERT), a unidade estava situada dentro do Parque Estadual de Jacupiranga, que era considerado um dos maiores parques do Estado com 150 mil hectares. Em fevereiro de 2008, o Parque Estadual de Jacupiranga recebeu uma nova atribuição e foi subdividido em 14 Unidades de Conservação, formando o Mosaico de Jacupiranga. Uma dessas unidades é o Parque Estadual Rio do Turvo, criado pela Lei Estadual n°12.810, 21 de fevereiro de 2008 localizados nos municípios de Barra do Turvo, Cajati e Jacupiranga. O nome do PERT faz referência a um dos principais afluentes do Rio Ribeira, o rio é encachoeirado e possui diversas quedas d’água pelo percurso, que alterna trechos mansos e correntezas. O parque se divide em três núcleos que são Capelinha, Serra do Cadeado e Cedro. Figura 26: Parque Estadual do Rio Turvo. Fonte: Google. O parque possui uma flora com diversas espécies da Mata Atlântica, entre suas espécies estão a canelas, o palmiteiro, a figueiras, coqueiro-jeriva e araucárias, além de uma fauna com diversas espécies de invertebrados, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, entre seu bioma possuem espécies ameaçadas de extinção como papagaio de peito roxo e onça pintada.
  • 45. 45 Figura 27: Parque Estadual do Rio Turvo. Fonte: Google. Os três núcleos oferecem aos visitantes atividades ecoturísticas, com atrações como o Mirante do Aleixo, lugar a 1,1 mil metros de altitude que permite observar a cidade de Cajati e o mar de morros do parque; Cachoeira do Azeite, situada na nascente do Rio Azeite; a Gruta da Capelinha, onde ficou escondido o capitão Lamarca na década de 60; a Trilha da Cachoeira e a Trilha das Andorinhas. Figura 28: Parque Estadual do Rio Turvo. Fonte: Google.
  • 46. 46 Com 73.893,87 hectares, o PERT mantém uma relação muito forte com as comunidades locais. Atualmente, residem no entorno do parque vários grupos de populações tradicionais como quilombolas e caboclos, que viviam na região antes da criação da unidade. Essas comunidades se juntaram para criação de sindicatos, associações e cooperativas que criam projetos para promover a melhoria de vida da comunidade interagindo com a natureza. Outro grande atrativo histórico que o Núcleo Capelinha possui é a passagem do Capitão Carlos Lamarca e seus 16 guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária (VRP) em 1969, durante a fuga da perseguição da ditadura brasileira. A Gruta da Capelinha e a Trilha do Lamarca são atrativos do parque que aliam história e natureza. Figura 29: Cartaz de procura-se Lamarca. Fonte: Google. Em 1999, arqueólogos, geofísicos e biólogos, encontraram a poucos metros do Centro de Exposição, o esqueleto fossilizado de um homem, com aproximadamente 9 mil anos. O fóssil do Homem da Capelinha é considerado o mais antigo registro de ocupação humana dentro do Estado de São Paulo, posteriormente denominado pelos pesquisadores de “Luzio” (referência a Luzia, fóssil de esqueleto feminino encontrado em Belo Horizonte que viveu há mais de 11 mil anos, considerado o mais antigo das Américas). Luzio foi transferido para o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP em 2000. A região também se destaca pela grande quantidade de Sambaquis (material formado de conchas característicos da antiga população do litoral). Historiadores afirmam que o local onde Luzio (habitante da região há 10 mil anos) foi encontrado pode ter sido um cemitério, onde os corpos eram cobertos por uma grande camada de conchas, formando os Sambaquis, atingindo entre 80 centímetros a 1 metro.
  • 47. 47 3.0. TURISTAS DE JACUPIRANGA: PERFIL E SATISFAÇÃO Para simplificar a apresentação dos dados, os resultados foram divididos em duas partes: A primeira é a analise do perfil dos entrevistados, no que em relação a dados demográficos, socioeconômicos, motivos de escolha do destino e fatores que influenciam esta escolha; A segunda apresenta os resultados sobre o grau de satisfação.
  • 48. 48 3.1. Análise do perfil Nessa primeira análise, são apresentados os resultados referentes ao perfil dos turistas que visitaram Jacupiranga. 3.1.1. Influência Tabela 1: Principal fonte de informação para a viagem. Os entrevistados foram questionados acerca dos fatores que influenciaram em sua decisão de visitar Jacupiranga, tendo a liberdade de escolher mais de um tópico. Como pode se observar na tabela 1, a maioria dos entrevistados (65,7%) já conhece a cidade por terem negócios ou parentes e amigos na região ou simplesmente por estarem a caminho de outros destinos, uma vez que Jacupiranga é acesso principal para o mais famoso circuito de cavernas no Brasil ao mesmo tempo que é um dos pouquíssimos acessos ao litoral sul do estado de São Paulo. A indicação de parentes e amigos aparece em segundo lugar (43,3%) demonstrando que a comunicação oral entre turistas e moradores é essencialmente significativo para a divulgação do destino turístico.
  • 49. 49 Temos aqui a uma comprovação de que é fundamental trabalhar para que o turista tenha uma boa impressão total da cidade se satisfazendo com serviços e infraestrutura local de forma que transmita informações positivas a respeito da mesma. Temos aqui internet (14,9%), jornais (1,5%), TV (1,5%) e rádio (1,5%) tomando uma boa fatia. Essa comparação indica que os meios de comunicação em geral ainda são importantes para a divulgação turística, mas a internet essencialmente é o meio mais assertivo e eficaz, uma vez que engloba também as experiências de outros turistas, hoje tão essenciais para a decisão de viajar. A indicação de agências de viagens aparece como apenas 3%, expondo o fato de que há apenas uma agencia na cidade, sendo esta apenas emissiva e não trabalhando com turismo local. Esse resultado aponta que o destino poderia ser comercializado por agências e operadoras uma vez que tem certo potencial inexpressivamente explorado, sendo necessário desenvolver estratégias adequadas para adquirir a preferência dos turistas. Finalmente, temos outros motivos (4,5%) não especificados pelos entrevistados. 3.1.2. Motivação Tabela 2: Visitação em atrativos turísticos.
  • 50. 50 Tabela 3: Motivação principal para a viagem. Os conceitos de segmentação turística utilizados neste trabalho são as defendias pelo Ministério do Turismo (2010). Aos serem questionados sobre as motivações que levaram os turistas a visitar Jacupiranga, as respostas obtidas com maior freqüência relacionaram-se ao interesse familiar (43,9%), seguida por turismo gastronômico (28,8%). Mais uma vez se nota a grande ligação do turismo local com motivações parentais. O alto resultado acerca de turismo gastronômico se deve a riqueza da cultura culinária no vale do ribeira em geral e principalmente a metodologia utilizada ao realizar a pesquisa em festivais gastronômicos. As demais alternativas foram ecoturismo (19,7%), turismo de aventura (19,7%), turismo de eventos (18,2%), turismo rural (16,7%), turismo cultural (12,1%), turismo de negócios (9,1%), esportes (9,1%), turismo de pesca (9,1%), cavalgada (7,6%), turismo religioso (6,1%), turismo sertanejo (6,1%), turismo de repouso (6,1%), turismo de campo (6,1%), mototurismo (6,1%), cicloturismo (6,1%), observação de aves (4,5%), turismo de estudos (3%), turismo de saúde (1,5%) e outros (3%). Geoturismo, paragliding e turismo de integração social não foram selecionados nenhuma vez (0%).
  • 51. 51 A possibilidade de marcar mais de uma opção enfatizou características específicas, já que alguns tipos de turismo podem abranger outros. Temos aqui um belo complexo de interesses turísticos direcionando Jacupiranga não só como destinação turística, mas principalmente como ponto de apoio para outras destinações turísticas próximas, como no caso de turismo religioso (Iguape/SP) e turismo de saúde (Pariquera/SP). Jacupiranga tem como forte atrativo turístico sua fauna de flora por estar nas reservas da mata atlântica do sudeste (tombada como patrimônio da humanidade em 1999), e ter território no Parque Estadual do Rio Turvo e no Parque Estadual Lagamar de Cananéia. Essa característica reforça a demanda turística em meios rurais e matas, principalmente esportivos, que devem ser reforçados em campanhas de divulgação turística de Jacupiranga.
  • 52. 52 3.1.3. Procedência Havendo pesquisadores dominando apenas a língua materna, não foi possível realizar a pesquisa com turistas internacionais. Os resultados expressos na Figura cacete mostram que os turistas procedentes do Estado de São Paulo são predominantes representando 58% do total. É possível explicar esse alto resultado pelo elevado número de população e poder aquisitivo do Estado de São Paulo. Outro aspecto que possa auxiliar para a essa predominância é a proximidade geográfica, justificando também a visita de cariocas (Rio de Janeiro, 11%) e paranaense (Paraná, 11%). Dentre os demais estados brasileiros, temos Ceará, Santa Catarina, Minas gerais e Pernambuco, cada um com 5%. Estado Estado São Paulo 11 Rio de Janeiro 2 Ceará 1 Santa Catarina 1 Minas Gerais 1 Pernambuco 1 Paraná 2 Tabela 4: Procedência por estado. Tabela 5: Procedência por estado. Nos estados de Ceará, Santa Catarina, Minas Gerais e Pernambuco houveram em cada um apenas uma cidade da qual se originou turistas em Jacupiranga. Do Rio de Janeiro e do Paraná os turistas vieram de duas respectivas capitais. Do estado de São Paulo a grande maioria pertence ao próprio Vale do Ribeira, Estado São paulo Rio de Janeiro Ceará Santa Catarina Minas Gerais Pernambuco Paraná
  • 53. 53 reforçando as questões tratadas no capítulo acerca de suas motivações sejam familiares, estando de passagem para outros destinos turísticos ou desfrutando os atrativos naturais da localidade. Cidade Cidade Registro 1 Jacupiranga 6 Cajati 4 São Paulo 7 Curitiba 2 Iguape 2 Itanhaem 1 Recife 1 Pariquera 7 Embu guaçu 1 São Manuel 1 São Vicente 1 Boituva 1 Ilha Comprida 1 Mato Rico 1 Rio de Janeiro 2 Senador Pompeu 1 Afogados da Ingazeira 1 Canoinhas 1 Iporanga 1 Santos 1 Mariana 1 São Simão 1 Tabela 6: Procedência por cidades.
  • 54. 54 Tabela 7: Procedência por cidades. 3.1.4. Idade Considerando o perfil naturalmente aventureiro que a biosfera de Jacupiranga propicia, a idade dos turistas vai ao encontro com do resultado esperado sendo a maioria jovens: 25 a 34 anos (32,4%) seguido por 15 a 24 anos (25%), por 35 a 44 anos (22,1%) e por 45 a 59 anos (16,2%). 60 anos ou mais são 4,6% dos turistas. Cidade Registro Jacupiranga Cajati São Paulo Curitiba Iguape Itanhaem Recife Pariquera Embu guaçu São Manuel São Vicente Boituva Ilha Comprida Mato Rico Rio de Janeiro Senador Pompeu Afogados da Ingazeira Canoinhas Iporanga Santos Mariana São Simão
  • 55. 55 Tabela 8: Faixa etária 3.1.5. Sexo Em relação ao sexo, observou-se que a grande maioria dos turistas, 60,3%, é do sexo feminino, contra 39,7% masculino. Foi aberta a opção outros, mas não foi selecionada nenhuma vez. Tabela 9: Sexo
  • 56. 56 3.1.6. Escolaridade O grau de escolaridade dos entrevistados é demonstrado na Figura 30, onde foi possível observar que somando os turistas com nível superior completo (52,3%) ou não (12,3%), obteve-se um percentual de 64,6%. Os turistas com ensino médio completo foi de 24,6% e incompleto 6,2%; com ensino fundamental completo 1,5% e incompleto 3,1%. Comparando esses resultados nota-se importância da qualidade dos serviços turísticos, a qualificação de guias turísticos, a divulgação de publicações e produtos com informações especializadas e com diferencial. Pessoas de nível escolar mais alto geralmente têm maior poder aquisitivo, podendo viajar várias vezes ao ano, portanto, apresentam um nível de exigência maior acerca dos serviços prestados. Tabela 10: Escolaridade 3.1.7. Renda mensal Para distribuição da renda dos entrevistados, por faixas de rendimento, utilizou- se a classificação do IBGE, que considera o salário mínimo vigente como critério básico. Salário mínimo vigente no inicio da pesquisa: R$ 788,00. Salário mínimo vigente no final da pesquisa R$ 880,00. Ao classificar o turista por faixa de renda, temos a maior parte com renda até dois salários mínimos (46,9%), seguido pelos turistas na faixa entre dois e cinco salários mínimos (25%). As categorias restantes são acima de 10 salários mínimos (18,8%) e entre cinco e 10 salários mínimos (9,4%).
  • 57. 57 Aqui, se nota que os turistas de Jacupiranga são pessoas com um menor poder aquisitivo, o que contrapõe os resultados no tocante a escolaridade. Geralmente sendo menos exigentes quanto à qualidade de serviços e produtos adquiridos. Tal situação pode ser resultado do baixo nível de especialização dos trabalhadores e conseqüentemente a definição de Jacupiranga como destinação turística ainda crua ou a ser lapidada. Tabela 11: Renda mensal. 3.1.8. Estado civil Conforme demonstrado na Figura, há uma boa distribuição de estado civil, com a maior porcentagem sendo de casados (53%), seguido por solteiros (42,4%) e por separados/divorciados (4,5%). Tabela 12: Estado civil
  • 58. 58 3.1.9. Constituição dos grupos Casais com filhos (27,9%) e grupos familiares (23,5%) lideram os resultados no que se refere à constituição de grupos. Casais sem filhos somam 17,6%, seguidos por turistas solitários (14,7%). Temos ainda Colegas em geral (10,3%), colegas de trabalho (2,9%) e outros (2,9%). Aqui se torna clara a relação entre a formação de grupos e a motivação da viagem, onde despontavam viagens familiares e ecoturismo. Tabela 13: Constituição dos grupos. 3.1.10. Tempo de permanência Tabela 14: Pernoite
  • 59. 59 Em relação ao tempo de permanência, 75,8% pernoitou na cidade, não ficando mais que uma semana como mostrado no gráfico a baixo. Tabela 15: Tempo de permanência. Estas informações apontam a necessidade ofertas diversificadas de opções de lazer qualitativas de forma que o turista desfrute sua permanência na cidade consumindo os produtos e serviços disponíveis. 3.1.11. Meio de transporte Dentre os meios de transporte utilizados para chegar à cidade, foi possível observar que os turistas chegaram a Jacupiranga de automóvel próprio (83,8%) ônibus de linha (5,9%) ou de excursão (4,4%), moto (2,9%), automóvel alugado (1,5%) e taxi (1,5%) coerente com o fato da maioria dos turistas advém de locais próximos, como Paraná, Rio de Janeiro, e do próprio estado de São Paulo. Isto reivindica que os líderes públicos empreendam esforços para manter as estradas de acesso à cidade em ótimo estado. É também provável que a maioria tenha preferido o acesso rodoviário em virtude da inexistente oferta de vôos para a região. Número de pernoites 1 2 3 4 5 6
  • 60. 60 Tabela 16: Meios de transportes. 3.1.12. Gastos Em relação aos valores gastos, pode-se observar que grande maioria preferiu ter gastar com alimentação (64%), ficando em segundo lugar na preferência o lazer (14%), seguido por hospedagem (8%) e transporte (%8). Compras foram apenas 6%. Uma das motivações mais citadas pelos turistas foi o turismo gastronômico correspondendo com os valores gastos em alimentação. Tabela 17: Gastos.
  • 61. 61 3.1.13. Meio de hospedagem Residência de amigo foi o meio de hospedagem mais utilizado pelos entrevistados no município de Jacupiranga, com 39%, seguindo-se pelos imóveis próprios utilizados por 25,4% dos turistas. Os hotéis acomodaram 16,9% dos visitantes e os demais entrevistados se hospedaram em pousadas (6,8%), camping (1,7%), imóvel alugado (3,4%). Outros somaram 10,2%. Os indicativos de procura de hospedagem equivalem aos indicativos de influencia e motivação para a viagem, sendo os principais motivos e influencias os amigos e familiares ao mesmo tempo que também providenciam a hospedagem. Esse dados podem também refletir a baixa ocupação de hotéis, pousadas e campings, talvez por carecerem de estratégias de marketing para estimular sua utilização. Tabela 18: Meios de hospedagens. 3.1.14. Agência de viagens Quanto à forma de organização da viagem, a maioria dos turistas não utilizou agências de viagens para organizar seu passeio. As agencias existentes são de outras cidades, sejam no circuito de cavernas ou no litoral, justificando tão poucos turistas utilizarem agencia de viagem na sua preparação para a viagem (3%). Estes dados indicariam que, em razão do reduzido contato dos turistas com estas organizações, utilizar as agências de viagem para a divulgação turística de Jacupiranga poderia não ser uma técnica assertiva, podendo se utilizar os meios de comunicação mais utilizados por estes visitantes. Porém os resultados apresentados na figura seguinte indicam que a criação de uma
  • 62. 62 agencia de turismo receptivo pode ser muito bem aceita, uma vez que 76,5% dos entrevistados sentiram falta de tal empreendimento. Tabela 19: Ausência de agência de turismo receptivo.
  • 63. 63 3.2. Satisfação do turista Os turistas entrevistados responderam a vinte e cinco questões estruturadas para classificar o grau de satisfação dos mesmos em relação a informações, serviços e infra-estrutura turísticas. Os itens e características e serem avaliados foram: limpeza urbana, iluminação pública, abastecimento de água, esgoto e resíduos, segurança pública, atendimento de saúde, conservação de ruas e estradas, sinalização de transito, serviço de taxi, serviços de ônibus, bancos e caixas e eletrônicos, telefone e internet, arborização urbana, restaurantes e lanchonetes, hospedagens, atrativos turísticos, diversão noturna, artesanato, gastronomia, rodoviária, informações turísticas, sinalizações turísticas, guias de turismo, preços praticados em geral, site da prefeitura. 3.2.1. Limpeza urbana Os entrevistados que avaliam a limpeza urbana como regular (32,2%) e bom (52,5%) somam 84%; com os que escolheram excelente (6,8%) somam se 91,5% de avaliações positivas. Os que avaliam a limpeza urbana negativamente são apenas 8,5% (péssimo: 3,4%, e ruim: 5,1%). Esse resultado positivo reflete não somente as políticas públicas, mas também a cultura asseada dos munícipes. Tabela 20: Avaliação da limpeza urbana. 3.2.2. Iluminação pública Apesar de não tão favorável quanto à limpeza pública, a iluminação pública teve resultados muito positivos. Ao somar as avaliações boas (41,4%), regulares (32,8%) e excelente (8,6%) teremos 82,8% de avaliações positivas,
  • 64. 64 contra apenas 17,3% de avaliações negativas (péssimo: 5,2%, e ruim: 12,1%). A iluminação pública era gerenciada pela empresa privada Elektro, porém nos últimos meses passou a ser gerida pela prefeitura. Tabela 21: Avaliação da iluminação pública. 3.2.3. Abastecimento de água Quanto às otimistas avaliações referentes ao abastecimento de água temos bom com 60,7%, regular em 19,6%, seguido de excelente (14,3%), ruim (3,6%) e péssimo (1,8%). Sendo o abastecimento de água e gerenciamento de esgoto realizados por uma empresa privada, a Sabesp. Tabela 22: Avaliação do abastecimento de água.
  • 65. 65 3.2.4. Gerenciamento de esgotos e resíduos Os entrevistados que avaliam o gerenciamento de esgotos e resíduos como regular (25%) e bom (55,4 %) somam 80,4%; com os que escolheram excelente (10,7%) somam se 91,1% de avaliações positivas. Os que avaliaram a limpeza urbana como ruim são apenas 8,9%. Não houveram avaliações em péssimo 0%. Tabela 23: Avaliação do gerenciamento de esgotos e resíduos. 3.2.5. Segurança pública A população em geral toma as cidades pequenas como Jacupiranga como cidades mais seguras por serem mais tranqüilas, esse estigma social transparece no gráfico abaixo, onde a segurança pública foi avaliada majoritariamente como boa. Tabela 24: Avaliação da segurança pública.
  • 66. 66 3.2.6. Atendimento em saúde Este é um dado um tanto quanto positivo em relação à saúde pública considerando os cortes dos orçamentos públicos à saúde nos últimos semestres. Tabela 25: Avaliação do atendimento de saúde. 3.2.7. Conservação de ruas e estradas Como o turismo em Jacupiranga se dá principalmente em meios rurais e a malha viária da cidade é composta essencialmente de estradas rurais, que são todas sem pavimentação, a avaliação foi muito positiva. Tabela 26: Avaliação da conservação de ruas e estradas.
  • 67. 67 3.2.8. Sinalização de trânsito Sendo a sinalização de trânsito precária em todo o município considero a avaliação dos turistas um tanto quanto otimista nesse quesito. Tabela 27: Avaliação da sinalização de trânsito. 3.2.9. Serviço de taxi Os turistas avaliam os serviços de taxi majoritariamente entre regular e bom. Tabela 28: Avaliação do serviço de taxi.
  • 68. 68 3.2.10. Serviços de ônibus Tabela 29: Avaliação de serviços de ônibus 3.2.11. Bancos e caixas eletrônicos Jacupiranga tem um bom número de agencias bancárias, de quatro empresas diferentes: Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Santander e Bradesco. Essa diversidade claramente garantiu uma boa avaliação desse tipo de serviço. Tabela 30: Avaliação de bancos e caixas eletrônicos.
  • 69. 69 3.2.12. Telefone e internet Mais uma vez a variedade de opções garantiu a boa classificação de um serviço. Neste caso, as telecomunicações (telefone e internet) tiveram notas boas e excelentes predominaram. No meio rural há certa dificuldade, mas na parte urbana da cidade têm-se as opções das operadoras vivo, TIM, claro, e oi. Tabela 31: Avaliação de telefone e internet. 3.2.13. Arborização urbana Sendo uma cidade essencialmente rural seria discrepante uma baixa avaliação da arborização urbana. A avaliação positiva resultou conforme esperada. Tabela 32: Avaliação da arborização urbana.
  • 70. 70 3.2.14. Serviços de alimentação Há inúmeros serviços de alimentação, tanto em hotéis quanto em foodtruck. O desafio para esta pesquisa é a ilegalidade de muitos destes. A avaliação positiva pode ser tanto pela boa disposição dos serviços, quanto pela diversidade ou pela qualidade. Tabela 33: Avaliação dos serviços de alimentação. 3.2.15. Hospedagens Retomando que os turistas geralmente ficam em suas próprias residências ou em parentes, houve poucas avaliações dos meios de hospedagem, que em si foram positivas. É provável que as hospedagens realizem uma boa prestação de serviços, porém se abstenham do marketing. Tabela 34: Avaliação dos meios de hospedagem.
  • 71. 71 3.2.16. Atrativos turísticos A duas opiniões mais registradas foram bom e ruim. Jacupiranga dispõe de muitos atrativos naturais, sendo essa diversidade que promoveu as avaliações positivas. Mas por outro lado a qualidade da infraestrutura nestes atrativos ainda não é adequada. Tabela 35: Avaliação dos atrativos turísticos. 3.2.17. Diversão noturna Jacupiranga é uma cidade mais pacata, com limitadas opções na vida noturna. Há apenas uma danceteria que funciona também como casa de shows, justificando a opinião negativa dos turistas nesse campo. Tabela 36: Avaliação da diversão noturna.
  • 72. 72 3.2.18. Artesanato Houve uma mobilização nos últimos meses em volta do artesanato local. Foi criada a casa do artesão, que pode ter garantido o acesso e conhecimento dessa expressão cultural de forma aprazível ao turista. Tabela 37: Avaliação do artesanato. 3.2.19. Gastronomia Os esforços referentes para divulgar o artesanato local foram paralelamente iguais aos que defendem a gastronomia. Há uma feira local semanal para a divulgação da gastronomia de Jacupiranga. Tabela 38: Avaliação de gastronomia.